Prévia do material em texto
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS -A primeira ideia a respeito dos Juizados Especiais surgiu no Estado do Rio Grande do Sul em 1982, a partir dos conselhos de conciliação e arbitragem. -OBJETIVO: de resolver os conflitos de menor distorção social e de baixa complexidade. -Foi editada a Lei n.º 7.244/84, que disciplinava os Juizados de Pequenas Causas - cuja competência era de processar e julgar as causas de reduzido valor econômico, em que o limite era de vinte salários mínimos. Tal lei não disciplina e nem previa o funcionamento de Juizados Especiais Criminais. -Posteriormente, com a promulgação da constituição de 1988, foi prevista a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, conforme texto abaixo: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I -juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. (BRASIL, 1988).“ https://www.aurum.com.br/blog/recursos-no-novo-cpc/ -Em atenção ao comando inserto na constituição, se editou a Lei 9099/95, que atualmente prevê o funcionamento dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais na esfera Estadual. - Os Juizados Especiais são Órgãos do Poder Judiciário - tem papel relevante na sociedade, principalmente quando se espera uma prestação jurisdicional com rapidez e praticidade. -Portanto, a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais é uma resposta à sociedade que enxerga a Justiça Estatal como burocrática e como última opção para se solucionar os litígios. - Possuem a finalidade de processar e julgar questões de menor complexidade. DA LEI 9.099/95 - Instituiu os Juizados especiais Cíveis e Criminais na esfera Estadual. Acesso à Justiça de uma forma “desburocratizada”. -É um instrumento normativo que institui e disciplina o funcionamento dos Juizados Cíveis e Criminais na esfera Estadual da Justiça brasileira. -Princípios que regem os Juizados Especiais: Oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade. Princípios da Lei 9099/95 De acordo com o art. 2º da lei 9.099/95, são os seguintes princípios que orientam o trâmite processual na esfera dos Juizados Especiais: oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade. Tais princípios devem ser observados com o objetivo de que se alcance a conciliação ou a transação. Princípio da oralidade A aplicação do princípio da oralidade deve orientar o trâmite dos processos nos Juizados Especiais, sob pena de a finalidade da lei 9.099/95 não ser alcançada no que diz respeito à rápida prestação jurisdicional. Não significa que o processo será oral na sua integralidade, mas que apenas os atos essenciais serão documentados de forma resumida, sendo que os demais poderão ser gravados, prevalecendo, portanto, a oralidade. A Constituição Federal traz previsão a respeito do referido princípio: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I – Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;(…).” O §3º do art. 13 da lei 9.099 corrobora a previsão Constitucional do referido princípio: § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.” Princípios da simplicidade e informalidade Os princípios da simplicidade e informalidade se adequam às causas de menor complexidade que devem tramitar nos Juizados Especiais, bem como a forma como determinados atos processuais devem ser praticados. Por exemplo, a citação será pessoal. Caso o requerido não seja encontrado, não será admitida a citação por edital. Nesse caso, o Juiz remeterá as peças necessárias ao Juízo comum, conforme dita o art. 66, § único, lei 9.099/95. Também, caso surja a necessidade da prática de ato processual em outra comarca, o Juiz pode se valer de qualquer meio hábil de comunicação para tanto. É importante esclarecer que, em face da natureza das demandas, não é cabível a produção de prova pericial no âmbito dos Juizados Especiais, sob pena de afronta aos referidos princípios. Princípios da celeridade e economia processual O princípio da celeridade tem previsão Constitucional, Art. 5º., LXXVIII. Tal princípio corresponde à maior expectativa do jurisdicionado no que se refere a uma prestação jurisdicional rápida e eficiente. É importante dizer que a celeridade esperada no trâmite processual não pode prejudicar a segurança jurídica. É necessário que a decisão Judicial no âmbito dos Juizados seja a mais justa possível, com presteza suficiente para atender aos fins sociais e a preservação do bem comum, como dita o art. 6 da Lei 9099/95. O princípio da economia processual tem o objetivo de que o trâmite processual nos Juizados Especiais seja eficaz com o mínimo de atos processuais praticados. Está totalmente interligado com o princípio da celeridade. No princípio da economia processual espera-se o máximo de rendimento com o mínimo de gasto possível. Por exemplo: na sentença, dispensa-se a confecção de relatório, como previsto no art. 38, caput, Lei 9099/95. -Processos são conduzidos com a maior brevidade possível. A) COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS CÍVEIS: - ART. 3º, § 2º da Lei 9099/95: Art. 3º. O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: https://www.aurum.com.br/blog/seguranca-juridica/ - Assim, têm competência para conciliar, processar e julgar as causas cíveis de menor complexidade. A princípio, para que a causa seja submetida ao Juizado Cível, o seu valor econômico não pode ultrapassar 40 salários mínimos. É importante que sejam observados os requisitos dos incisos do art. 3º, bem como o §2º do referido artigo, que menciona os demais requisitos para que a causa seja processada no Juizado Cível, levando-se em consideração a natureza da matéria em questão. Art.3(…) § 2º Ficam EXCLUÍDAS da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial B) DAS PARTES NOS JUIZADOS ESPECIAIS - quem pode e quem não pode propor demandas nos referidos Juizados: -Nem todas as pessoas físicas e jurídicas podem ser partes na esfera cível dos Juizados. Por isso, há um rol taxativo previsto nos artigos 8º, §1º, I a IV da Lei 9099/95: Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: I – as pessoas físicas capazes; II – as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; III – (...) C) COMO OCORREM ASAUDIÊNCIAS NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS? -Em primeiro lugar, nos Juizados Cíveis é marcada uma audiência de conciliação, que poderá ser dirigida pelo Juiz Togado, leigo ou por conciliador. -Se não ocorrer solução para o litígio, será designada uma audiência de instrução e julgamento, por meio da qual se ouvirão as partes, colherão as provas e, em seguida, a sentença será proferida como previsto no art. 28. Meios tecnológicos em audiência A principal inovação na Lei 9099/95 é a possibilidade de se realizar audiências por meio de dispositivos tecnológicos que sejam capazes de transmitir imagem e voz em tempo real. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12126.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12126.htm#art2 https://www.aurum.com.br/blog/audiencia-de-conciliacao/ https://www.aurum.com.br/blog/audiencia-de-conciliacao/ https://www.aurum.com.br/blog/audiencia-de-instrucao-e-julgamento/ A novidade Legislativa foi incluída pela Lei 13.994/2020, cujo projeto foi de autoria do saudoso Jurista e Deputado Federal Luiz Flávio Gomes: § 2º do Art.22: É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo Juizado mediante o emprego dos recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, devendo o resultado da tentativa de conciliação ser reduzido a escrito com os anexos pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020). Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se a participar da tentativa de conciliação não presencial, o Juiz togado proferirá sentença.” Na prática, vários Tribunais têm utilizado a chamada de vídeo pelo WhatsApp para realizar as audiências de conciliação no período de pandemia. Por exemplo, a Comarca de Campos Belos – GO, tem realizado audiências de conciliação a partir do WhatsApp. D) Prazos da Lei 9099/95 -De início os prazos nos Juizados Especiais eram contados de forma contínua, ou seja, eram computados os sábados, domingos e feriados. -A partir da lei 13.728/18 foi acrescentado o artigo 12-A na Lei 9.099/95, dispondo sobre a contagem de prazos nos Juizados Especiais: Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13994.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13994.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13994.htm#art1 processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis. Portanto, com o advento da lei 13.728/18, os prazos na Lei dos Juizados Especiais Cíveis passaram a ser contados apenas em dias úteis, conforme dispõe o Código de Processo Civil. E) DA ATUAÇÃO DO ADVOGADO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS -É possível o jus postulandi no Juizado Cível: Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, PODENDO ser assistidas por advogado; -A despeito da essencialidade da atuação do Advogado nas demandas que figuram nos Juizados Especiais, a própria Lei 9099/95 informa que, a depender da natureza da causa, o Juiz deve advertir a parte da importância de se estar assistida por advogado, segundo o art. 9º, §2º. Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. https://www.aurum.com.br/blog/lei-dos-juizados-especiais/ https://www.aurum.com.br/blog/lei-dos-juizados-especiais/ § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar. § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais. § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício. (Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009) Das despesas É importante ressaltar que, para a parte ter acesso ao Juizado Especial, não necessita arcar com custas processuais iniciais, como normalmente é exigido dos jurisdicionados em outros órgãos da Justiça brasileira. Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.” Somente em caso de interposição de recursos é que se deverá arcar com o preparo recursal, caso o interessado não esteja acobertado com os benefícios da Justiça Gratuita. Pedido contraposto A pessoa que é demandada na esfera dos Juizados Especiais, especificamente na esfera cível, ao apresentar a contestação pode formular pedidos contra o autor da demanda sem que haja a necessidade de protocolar uma ação autônoma. É o que a doutrina denomina de pedido contraposto. Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.” É interessante esclarecer que, conforme o artigo acima narra, no pedido contraposto não cabem fatos novos a serem colacionados pelo réu, este deve se valer dos mesmos fatos narrados na inicial que constituem a lide. Quais os principais recursos da Lei 9099/95? Diferentemente da Justiça Comum, em que recursos para a segunda instância são apreciados pelo tribunal de Justiça competente, os recursos nos Juizados Especiais são interpostos para a turma Recursal que funciona como uma https://www.aurum.com.br/blog/contestacao/ https://www.aurum.com.br/blog/recursos-no-novo-cpc/ segunda instância. Desse modo, quando é prolatada sentença na esfera do Juizado Especial, por exemplo, o recurso é apreciado e julgado pela Turma Recursal competente. É importante dizer, ainda, que a decisão da turma Recursal não é cabível recurso para o Superior Tribunal de Justiça, como ocorre diante das decisões dos Tribunais de Justiça. Assim, diante de uma decisão de Turma Recursal, é possível que seja interposto Recurso Extraordinário no Supremo Tribunal Federal, caso haja questão constitucional em discussão, questão essa que vá além dos interesses privados das partes. Recursos nos Juizados Cíveis Na esfera cível dos Juizados, são cabíveis os recursos: ▪ Recurso inominado da sentença prolatada; ▪ Embargos de declaração da sentença ou do acórdão, conforme os arts. 41 e 48. Como dito, é cabível ainda recurso extraordinário em face de decisão proferida por Turma Recursal no âmbito dos Juizados Especiais. https://www.aurum.com.br/blog/recurso-inominado/