O Direito Internacional do Trabalho como Paradigma Normativo _ Jusbrasil

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19 de Novembro de 2024
O Direito Internacional do Trabalho
como Paradigma Normativo
A influência das convenções e recomendações da
Organização Internacional do Trabalho na legislação
trabalhista dos países que adotam suas diretrizes.
Publicado por Antonio Vital De Moraes Júnior mês passado
O DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO COMO
PARADIGMA NORMATIVO
A influência das convenções e recomendações da Orga-
nização Internacional do Trabalho na legislação traba-
lhista dos países que adotam suas diretrizes.
Antonio Vital de Moraes Júnior [1]
RESUMO
A importância do trabalho para o indivíduo repercute além da
sobrevivência, a dignidade humana auferida pelo trabalho sedi-
menta contornos sociais que balizam toda sociedade. O presente
estudo tem como objetivo demonstrar a importante influência
do Direito Internacional do Trabalho, ressaltando sua finalidade
no compromisso pela proteção do trabalhador através de pa-
drões internacionais mínimos que garantam a sua dignidade e
seu bem-estar, para o desenvolvimento da legislação trabalhista
dos Estados-membros da Organização Internacional do Traba-
lho (OIT). O tema é assim apresentado o Direito Internacional
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SAIBA
MAIS
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do Trabalho como Paradigma Normativo e a influência das Con-
venções e das Recomendações da OIT na legislação trabalhista
dos Países que adotam suas diretrizes. Para tal fim, foram reali-
zados procedimentos metodológicos do tipo exploratório e des-
critivo, fundamentados por pesquisas bibliográficas e realizadas
análises por meio do método indutivo. Como resultado, ficou
evidenciada a influência do Direito Internacional do Trabalho
através das Convenções e das Recomendações da Organização
Internacional do Trabalho na legislação trabalhista dos Esta-
dos-membros. A grande importância no recebimento das dire-
trizes do Direito Internacional do Trabalho para a atualização
do Direito do Trabalho interno dos Estados está no compro-
misso social lastreado pelo respeito aos direitos fundamentais
dos indivíduos, condição basilar para o alcance da justiça social.
Palavras-chave: Direito Internacional do Trabalho; Organiza-
ção Internacional do Trabalho; Convenções; Recomendações;
Estados-membros.
ABSTRACT
The importance of work for the individual has repercussions
beyond survival, the human dignity gained through work esta-
blishes social contours that guide the entire society. The present
study aims to demonstrate the important influence of Internati-
onal Labor Law, highlighting its purpose in the commitment to
protect workers through minimum international standards that
guarantee their dignity and well-being, for the development of
labor legislation in the United States. members of the Internati-
onal Labor Organization (ILO). The theme is presented as Inter-
national Labor Law as a Normative Paradigm and the influence
of ILO Conventions and Recommendations on the labor legisla-
tion of the Countries that adopt its guidelines. To this end,
exploratory and descriptive methodological procedures were
carried out, based on bibliographical research and analyzes car-
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ried out using the inductive method. As a result, the influence of
International Labor Law through the Conventions and Recom-
mendations of the International Labor Organization on the la-
bor legislation of the Member States became evident. The great
importance of receiving the guidelines of International Labor
Law for updating the internal Labor Law of States lies in the so-
cial commitment based on respect for the fundamental rights of
individuals, a basic condition for achieving social justice.
Keywords: International Labor Law; International Labor Or-
ganization; Conventions; Recommendations; Member states.
1 Introdução
O presente trabalho aborda a importante influência do Direito
Internacional do Trabalho (DIT), o qual é um ramo do Direito
Internacional, cujo principal escopo é promover a necessária
proteção da dignidade e dos direitos dos trabalhadores em to-
dos os países, suas normas servem como paradigma para elabo-
ração das leis trabalhistas internas dos países que adotam as di-
retrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Atual-
mente 187 países adotam as diretrizes da OIT e são considera-
dos Estados-membros.
A abrangência do Direito Internacional do Trabalho (DIT) é
considerada ampla, não se resumindo apenas as condições de
trabalho ou questões previdenciárias, seu objetivo para garantir
a melhor condição de vida para o trabalhador reverbera, em es-
pecial, sobre questões de cunho social. Os padrões trabalhistas
mínimos, estabelecidos como normas, fomentam o combate ao
trabalho forçado, ao tráfico de pessoas, a exploração de crianças
e adolescentes entre outras várias práticas abomináveis que
desprezam a dignidade humana.
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Para alcançar sua finalidade o Direito Internacional do Traba-
lho (DIT) conta com a produção normativa da Organização In-
ternacional do Trabalho (OIT) através das Convenções e das Re-
comendações. Através destes instrumentos normativos interna-
cionais as legislações trabalhistas internas dos Estados-mem-
bros são influenciadas pelos princípios e pelas normas apresen-
tadas, corroborando a vocação universal do Direito Internacio-
nal do Trabalho. As normas internacionais do trabalho são cria-
das com a finalidade protetiva, logo devem aplicar o Direito ge-
rado e o propagar até mesmo além dos Estados-membros, al-
cançando os territórios dos Estados que com estes pactuam.
(Husek, 2015)
Os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo foram
do tipo exploratório e descritivo, fundamentados por pesquisas
bibliográficas e realizadas análises por meio do método indu-
tivo. A pesquisa foi desenvolvida em três partes, sendo o desen-
volvimento conceitual do Direito Internacional do Trabalho
apresentado na primeira parte, a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), a sua finalidade e estrutura foram explanadas
na segunda parte e na terceira parte se discorreu sobre a produ-
ção normativa da OIT através das Convenções e
Recomendações.
Nas considerações finais restou evidenciar a importante in-
fluência do Direito Internacional do Trabalho (DIT) na produ-
ção normativa interna dos Estados-membros que compõem a
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
2 O Direito Internacional do Trabalho (DIT)
A defesa do trabalhador é fundamentada pelo respeito a sua
dignidade humana, logo as normas trabalhistas devem ser reco-
nhecidas pela sociedade através desse lastro protetivo. Para a
construção de uma sociedade mais justa e socialmente inclu-
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siva, em uma perspectiva global ou local, se faz necessária a
transformação dos valores em todos os níveis das relações
existentes.
Os registros históricos sobre as formas de trabalho no mundo,
como as péssimas condições direcionadas aos trabalhadores, fo-
ram as molas propulsoras para o surgimento do Direito do Tra-
balho. A desigualdade social, resultado de uma economia cons-
truída pela exploração do mais poderoso sobre o mais vulnerá-
vel, fomentou a intervenção do Estado com a formalização das
normas trabalhistas.
O Direito Internacional do Trabalho (DIT) é constituído por
princípios e normas protetivas para todos trabalhadores que po-
dem ser os nacionais dos Estados, os estrangeiros, os apátridas
ou os refugiados. A expressão Direito Internacional do Trabalho
está sendo progressivamente utilizada para refletir a aproxima-
ção entre as regras de proteção trabalhistas e a regras de prote-
ção dos Direitos Humanos, no âmbito do Direito Internacional
Público(Sussekind 2000).
2. 1 A Organização Internacional do Trabalho (OIT)
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em
1919, através do Tratado de Versailles, resultado da crescente
necessidade pela proteção aos trabalhadores. No início a OIT fa-
zia parte da Liga das Nações, a qual financiava suas atividades,
e que era constituída por todos Estados-membros. Desde sua
origem a OIT defende que a justiça social é a base para uma paz
universal permanente (Portela, 2017).
A OIT é uma agência especializada da Organização das Nações
Unidas (ONU), integrante do Sistema das Nações Unidas que
representa um conjunto de organizações internacionais que co-Você tem acesso somente às funcionalidades gratuitas. Assine para uso ilimitado
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mungam de propósitos comuns e trabalham em cooperação na
promoção da dignidade humana e da justiça social.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem natureza de
Pessoa Jurídica de Direito Público Internacional, com caráter
permanente, sua personalidade jurídica é própria, é composta
por países chamados Estados-membros, os quais se comprome-
tem a observar e acatar as normas constitucionais da entidade e
as provenientes das Convenções, que tenham formalizado ade-
são (Sussekind, 2000).
A OIT possui uma estrutura básica composta pela Conferência
Internacional do Trabalho, pelo Conselho de Administração e
pela Repartição Internacional do Trabalho. A Conferência Inter-
nacional do Trabalho e o Conselho de Administração possuem
composição tripartite formada por representantes do Governo,
dos empregadores e dos trabalhadores.
Entre as comissões que existem na OIT evidenciam-se as de
controle como a Comissão de Peritos na Aplicação das Conven-
ções e Recomendações Internacionais do Trabalho, a qual como
órgão técnico-jurídico examina os relatórios enviados pelos Es-
tados para a Repartição Internacional do Trabalho, e as Comis-
sões de investigação e conciliação e de liberdade sindical, que
tratam da liberdade sindical e negociação coletiva.
2.2 As Normas de Direito Internacional do Trabalho.
As Normas Jurídicas Internacionais que tratam do Direito do
Trabalho são encontradas em tratados que são firmados entre
dois ou mais Estados. A produção normativa da Organização In-
ternacional do Trabalho (OIT) tem como principais instrumen-
tos as Convenções e as Recomendações, que formam o chamado
Código Internacional do Trabalho (Portela, 2017).Você tem acesso somente às funcionalidades gratuitas. Assine para uso ilimitado
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A atividade de elaboração de nomas internacionais pela OIT é
uma ação privilegiada para a promoção da justiça social. Devido
a sua finalidade em alcançar a mais ampla aceitação possível, se
torna mais propícia sua aplicação pelos Estados-membros.
(Barzotto, 2007).
2.2.1 Convenções e Recomendações da OIT
Com a finalidade de proteger os trabalhadores e garantir o res-
peito a dignidade humana nas relações trabalhistas, a OIT dis-
põe de instrumentos, em especial as Convenções e as Recomen-
dações. As Convenções aprovadas e ratificadas pelos Estados-
membros são obrigatórias, enquanto que as Recomendações são
indicativas.
As Convenções são espécies de tratados internacionais. Para
Francisco Rezek (2000, p.14) “o tratado internacional é um
acordo formal concluído entre sujeitos de direito internacional
público, destinado a produzir efeitos jurídicos”. As Convenções
da OIT são tratados multilaterais abertos, pois não são destina-
das a um Estado especificamente, restando possível à ratifica-
ção ou adesão dos Estados-membros.
A Conferência Internacional do Trabalho (CIT), órgão estrutural
da OIT, é o foro onde são produzidas as Convenções. O tripar-
tismo formado pelos representantes dos governos e dos empre-
gadores e dos trabalhadores na sua produção “é a característica
mais original do processo normativo da OIT” (Barzotto, 2017,
p.17).
As Convenções devem ser aprovadas por dois terços dos votos
dos delegados presentes na Conferência Internacional do Traba-
lho (CTI), como resultado estabelecem normas para regulamen-
tar as relações trabalhista e suas questões conexas.Você tem acesso somente às funcionalidades gratuitas. Assine para uso ilimitado
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As Convenções aprovadas seguem para ratificação das autorida-
des competentes nos Estados-Membros, o prazo será de doze
meses e excepcionalmente dezoito meses após o encerramento
da sessão da CTI. Com o encaminhamento da declaração de ra-
tificação pelo Estado-membro para o Diretor-Geral da Reparti-
ção Internacional do Trabalho (RIT), órgão estrutural da OIT,
terá início o processo de internalização das Convenções nos Es-
tados aderentes.
A não ratificação da Convenção da OIT pela autoridade compe-
tente do Estado-membro desonera-o da obrigação pelo seu
cumprimento. Entretanto, o Estado-membro deverá informar
ao Diretor-Geral da RIT, nos períodos definidos pelo Conselho
de Administração que é órgão estrutural da OIT, sobre o trata-
mento legislativo adotado sobre o tema da Convenção e se apli-
cará parcialmente pontos da Convenção através de leis ou meios
administrativos.
As Convenções da OIT são classificadas conforme a natureza de
suas normas, podem ser: “autoaplicáveis, de princípios e pro-
mocionais” (Portela, 2017, p. 483). As Convenções autoaplicá-
veis são incorporadas a ordem jurídica trabalhista interna dos
Estados sem a necessidade de regulamentação; as Convenções
de princípios são as que apresentam diretrizes para produção
normativa dos Estados aplicáveis a as Convenções promocionais
são as que estabelecem para os Estados os objetivos para médio
e longo prazo.
A Recomendação, como instrumento de produção normativa da
OIT, apresenta aos Estados-membros a possibilidade de adota-
rem as medidas discutidas e definidas como mais adequadas
para o alcance da justiça social, através de suas próprias normas
internas.
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As Recomendações são medidas, regulamentações ou normas
facultativas que podem ser adotadas pelos Estados-membros
em seus ordenamentos internos. Apesar da natureza não vincu-
lante, as Recomendações impõem aos Estados que as adotam a
obrigação de submeter o seu conteúdo à autoridade nacional
competente para legislar sobre o tema, no prazo estipulado de
doze meses e excepcionalmente de dezoito meses.
Os assuntos tratados pelas Recomendações em regra decorrem
de temas controvertidos ou para resolver as lacunas nos casos
em que o Direito Comparado não tenha alcançado solução. A
Recomendação é ainda utilizada para regulamentar a aplicação
de princípios gerais encontrados nas Convenções. São conside-
radas fontes materiais de direito, servindo como diretrizes para
elaboração das fontes jurídicas formais dos Estados-membros
(Portela, 2017).
3 Considerações Finais
O presente estudo tem como objetivo evidenciar a importante
influência do Direito Internacional do Trabalho (DIT) na produ-
ção normativa dos Estados-membros que compõem a Organiza-
ção Internacional do Trabalho (OIT). Foram abordadas concei-
tualmente a abrangência e as finalidades do DIT, as quais de-
monstram o prioritário compromisso em promover a proteção
do trabalhador, através da definição de padrões mínimos que
garantam a sua dignidade e promovam o bem-estar social, com
aplicabilidade internacional e em qualquer relação trabalhista,
estando o trabalhador em seu Estado como nacional ou fora
dele. Outrossim, a criação da OIT e a sua natureza enquanto
Pessoa Jurídica de Direito Público Internacional foram pontos
abordados para a melhor compreensão dos principais instru-
mentos normativos do Direito Internacional do Trabalho.
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As normas internacionais apresentadas pelo Direito Internacio-
nal do Trabalho (DIT), produzidas no âmbito da Organização
Internacional doTrabalho (OIT) através das Convenções e das
Recomendações, servem de paradigmas e objetivos que influen-
ciam a legislação trabalhista interna dos Estados-membros. O
processo de elaboração, aprovação e os diferentes graus de co-
gência na aplicação destes instrumentos foram esclarecidos. A
grande importância no recebimento das diretrizes do Direito In-
ternacional do Trabalho para a atualização do Direito do Traba-
lho interno dos Estados está no compromisso social lastreado
pelo respeito aos direitos fundamentais dos indivíduos, condi-
ção basilar para o alcance da justiça social.
4 Referências Bibliográficas
Barzotto, L. C. (2007). Direitos Humanos e Trabalhadores Ativi-
dade Normativa da Organização Internacional do Trabalho e os
Limites do Direito Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Li-
vraria do Advogado.
Husek, C. R. (2015). Curso básico de Direito Internacional pú-
blico e privado do trabalho (3a ed.). São Paulo: LTr.
Portela, P. H. G. (2017). Direito Internacional Público e Pri-
vado: Incluindo Noções de Direitos Humanos e Direito Comuni-
tário (9a ed.). Salvador: JusPODIVM.
Sussekind, A. (2000). Direito Internacional do Trabalho (3a
ed.). São Paulo: LTr.
Rezek, F. (2000). Direito Internacional Público (8a ed.). São
Paulo: Saraiva.
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1. Servidor Público. Mestrando em Estudos Jurídicos com Ên-
fase em Direito Internacional pela Must University. Especi-
alista em Ciências Criminais pela Universidade Federal de
Pernambuco. Especialista em Metodologia do Ensino da Fi-
losofia pela Universidade Gama Filho. Especialista em Teo-
ria e Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Cató-
lica de Minas Gerais. Especialista em Direito Público Con-
temporâneo pela Faculdade São Vicente. MBA em Adminis-
tração e Gestão Pública pelo Centro Universitário Maurício
de Nassau. Graduado em Licenciatura em Filosofia e Ba-
charelado em Direito pela Universidade Católica de Per-
nambuco. ↑
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-direito-internacional-do-trabalho-como-
paradigma-normativo/2766058886
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