Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

COMPLICAÇÕES 
CRÔNICAS DO DIABETES 
MELLITUS
Profa. Dra. Beatriz Hallal Jorge Lara
Disciplina de Endocrinologia
PATOGÊNESE DAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS
Doença Renal do Diabetes (DRD)
• Diabetes é a causa mais comum de doença renal crônica (DRC)
• Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de 2023: 32% dos 
casos de DRC em diálise, no Brasil, são pessoas com diabetes.
• Afeta 60% dos hipertensos com DM2.
• Em geral, a DRD ocorre em 20-40% dos pacientes com DM.
• Tradicionalmente, diagnosticada com base na persistência da 
elevação da albuminúria e no subsequente declínio da TFGe 
(fenótipo clássico).
• Em 2007, o Kidney Disease Outcomes Quality Initiative 
(KDOQI) propôs usar a expressão doença renal do diabetes 
(DRD) no lugar de nefropatia diabética (ND) para ampliar o 
espectro das formas de doença renal no DM, acrescentando o 
fenótipo não-albuminúrico, ao clássico albuminúrico
Doença Renal do Diabetes (DRD)
• Fenótipos da DRD:
• 1. Regressão da albuminúria (geralmente se associa às 
intervenções reno protetoras; prognóstico favorável); 
• 2. Rápido declínio da TFGe (>4 ml/min/1.73 m2/ano), 
prognóstico ruim, associação com hipertensão;
• 3. DRD sem albuminúria (maior frequência em mulheres, com 
hipertensão e tabagismo e ausência de retinopatia).
Doença Renal do Diabetes (DRD)
Doença Renal do Diabetes (DRD)
•  É RECOMENDADO que o primeiro rastreamento seja feito com 
amostra de urina aleatória para determinação da Razão 
Albumina Creatinina (RAC) e determinação da taxa de filtração 
glomerular estimada (TFGe) - CKD-EPI. 
• O rastreamento deve ser feito logo ao diagnóstico no DM2, e aos 
5 anos do diagnóstico de DM1, e repetido, 1 a 4 vezes ao ano.
Doença Renal do Diabetes (DRD)
Neuropatia Diabética (ND)
• Conceitos:
• Neuropatia diábetica: presença de sintomas ou sinais de disfunção 
dos nervos, de forma difusa ou focal, em pessoas com DM, após a 
exclusão de outras causas. 
• Neuropatia periférica diabética (NPD): forma mais comum de ND, 
refere-se à doença como uma “lesão difusa, simétrica, distal e 
progressiva das fibras sensitivo-motoras e autonômicas, causadas 
pela hiperglicemia crônica e por fatores de risco cardiovasculares”.
Neuropatia diabética (ND)
• Complicação crônica mais prevalente, subdiagnosticada e 
subtratada do diabetes mellitus (DM).
• NPD é uma complicação precoce, polimórfica; pelo menos, 
metade dos indivíduos permanece assintomática por muitos 
anos, enquanto a outra metade manifesta-se com dor 
neuropática aguda ou crônica (menos ou mais de 3 meses de 
evolução, respectivamente), reconhecida como neuropatia 
periférica diabética dolorosa (NPDD).
• A prevalência da NPD na população geral é de 49%,4 variando 
entre 12% nos indivíduos com pré-DM, até 90% nas pessoas 
com DM, candidatas a transplante renal.5
• Até 25% das pessoas com DM tem NPDD - dor neuropática na 
área corpórea afetada pela neuropatia, que piora com repouso, 
durante o sono, e melhora com atividade física.
Neuropatia diabética (ND)
https://diretriz.diabetes.org.br/prevencao-diagnostico-e-tratamento-da-neuropatia-periferica-diabetica/#ref4
https://diretriz.diabetes.org.br/prevencao-diagnostico-e-tratamento-da-neuropatia-periferica-diabetica/#ref5
• Pesquisa da NPD: no momento do diagnóstico de DM2 e cinco 
anos após o diagnóstico de DM1. 
• Pacientes cujo rastreamento foi negativo devem ser reavaliados 
anualmente.
• Avaliar as fibras nervosas finas, (mais precocemente 
acometidas, incluindo sensibilidade térmica, dolorosa e função 
sudomotora) e fibras nervosas grossas (reflexos tendíneos, 
sensibilidade vibratória, tátil e de posição). 
Investigação NPD:
• O diagnóstico da NPD é de exclusão, e as neuropatias não 
diabéticas associadas à deficiência de vitamina B12, etilismo, 
hipotiroidismo, síndrome do túnel do carpo, excesso de 
vitamina B6 ou drogas, substâncias neurotóxicas e metais 
pesados devem ser consideradas, pois podem ocorrer 
concomitantemente nos indivíduos diabéticos.
Investigação NPD:
• Sintomas e sinais sensitivos
• Sintomas sensitivos positivos (resposta excessiva a um estímulo ou 
espontaneamente), como parestesias e dor. 
• Sensações de dormência, formigamento, desequilíbrio e quedas, 
choques, picadas e principalmente queimação. Distribuem-se nas 
extremidades dos MMII, podendo evoluir para os MMSS e 
caracteristicamente os pacientes relatam piora noturna.
• Geralmente são sintomas brandos, porém podem ser intensos e 
incapacitantes. 
• Sintomas sensitivos negativos (resposta reduzida a um 
determinado estímulo) são aqueles referidos como perda da 
sensibilidade no segmento envolvido.
• Sinais e sintomas da neuropatia autonômica: 
• Disfunção autonômica cardiovascular: hipotensão ortostática, 
arritmias, isquemia miocárdica silenciosa, labilidade pressórica e 
intolerância ao exercício.
• Sistema gastrointestinal: náusea, saciedade precoce, vômitos, 
alternância entre diarreia e constipação e, em casos mais graves, 
hipotensão e síncope pós-prandial.
• Disfunção erétil pode ser a primeira manifestação da doença 
autonômica, mas pode ser associada à aterosclerose da artéria 
pudenda interna. Apresenta grande impacto psicossocial, 
levando à importante redução da qualidade de vida38.
• Sinais e sintomas da neuropatia autonômica: 
• Cistopatia diabética compreende complicações urinárias, decorrentes 
de alterações na musculatura lisa do detrusor e disfunção urotelial; 
disúria, polaciúria, noctúria, urgência urinária e esvaziamento vesical 
incompleto. 
• Infecção do trato urinário de repetição.
• Disfunção sudomotora: alterações tróficas das extremidades, como 
artropatia de Charcot, úlceras e amputações de MMII. 
• Alterações da coloração e temperatura distal dos MMII, somadas à 
perda de pêlos, intolerância ao calor, ressecamento da pele, redução 
da sudorese e mal perfurante plantar.
� Avaliação sensibilidade tátil, dolorosa, térmica e vibratória.
� Pesquisa reflexos tendinosos.
� Medida PA deitada e ostostática: ver se há hipotensão 
postural - queda PAS >20 mmHg 1 min após ficar em pé.
� FC em repouso: se >100 bpm, disautonomia CV.
Avaliação clínica:
Tratamento NPD - três princípios:
• 1) Tratamento de base (que interfere na história natural da 
doença). 
• Controle glicêmico
• Controle dos fatores de risco cardiovasculares, como controle da 
hipertensão arterial, da albuminúria, dos lípides, do peso, etilismo e 
tabagismo.
• 2) Tratamento restaurador (ou fisiopatológico) que visa restaurar 
a função neural e a funcionalidade do paciente, se possível.
• fisioterapia (exercícios específicos)
• ácido alfa-lipóico
• se necessário, reposição de vitamina D e B-12 (dosar antes).
Tratamento NPD - três princípios:
• 3) Tratamento sintomático (que pode ser farmacológico ou não 
farmacológico), para o controle da dor neuropática.
• 3.1 Drogas de primeira linha com eficácia estabelecida e bom 
equilíbrio entre risco-benefício:
• antidepressivos tricíclicos (ADT) (imipramina, nortriptilina e amitriptilina);
• antidepressivos duais (ADD) (duloxetina e venlafaxina)
• anticonvulsivantes (AC) (gabapentina).   
• 3.2 Drogas de segunda linha, com eficácia, mas com desproporção 
entre risco e custo benefício:
• Pregabalina
• Associação de um antidepressivo e uma anticonvulsivante.
• 3.3 Terapia de terceira linha com eficácia possível ou provável:
• Estimulação da medula espinhal (EME)
• Acupuntura (ou eletroacupuntura)
• Terapia tópica.                 
Tratamento sintomático - 
continuação
• Tratamento da dor neuropática
• Em relação às drogas de primeira linha, deve-se sempre iniciar 
com doses baixas e titulando lentamente (a cada 4 ou 8 semanas) 
até as doses máximas toleradas, antes de se julgar pela ineficácia.
• As contraindicações absolutas ao uso de antidepressivos 
tricíclicos (ADT) são: infarto e isquemia do miocárdio, bloqueio AV 
(2° ou 3° grau), demência, glaucoma, disautonomia e distúrbio 
bipolar. É recomendado realizar um ECG nos indivíduosacima de 
50 anos, antes de iniciar um ADT.
Medidas preventivas de lesões nos pés dos diabéticos: 
Retinopatia Diabética (RD)
• Complicação microvascular comum e específica do 
diabetes mellitus (DM).1 
• Um estudo com 1.644 pessoas com DM tipo 1 (DM1) e mau 
controle glicêmico (HbA1c média de 9%) encontrou prevalência 
de 35,7% de RD, 12% de quadros graves e 2,7% de EMD.
• A prevalência de RD em uma amostra de 824 pessoas com DM2 
na população brasileira foi de 37,3%.
https://diretriz.diabetes.org.br/manejo-da-retinopatia-diabetica/#ref1
https://diretriz.diabetes.org.br/

Mais conteúdos dessa disciplina