Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DA COMARCA CRIMINAL DE ALVORADA/ RS 
RÉU PRESO
PROCESSO Nº 5008842-73.2024.8.21.0003
ENDREL WILLIAM SOBRINHO DIAS, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no § 3º, do art. 403, do Código de Processo Penal, tempestivamente, APRESENTAR suas: ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA MEMORIAL, de acordo com as razões fáticas e jurídicas a seguir narradas: 
I - DOS FATOS 
O indiciado foi preso em flagrante, pela prática, em tese, do delito, em tese, dos crimes de ROUBO DE VEÍCULO e CORRUPÇÃO DE MENOR, cometidos no dia 18/03/2024, às 22h20min, na R. 25, 60, Bairro Maria Regina, Alvorada/RS Trata-se de Inquérito Policial instaurado sob o nº 414/2024/100421/A, a partir da Ocorrência Policial nº 2405/2024/100425. 
Após monitoramento o acusado segundo a polícia ENDRIEL, foi visto entrando na residência localizada na rua das azaleias n°60 em Alvorada/RS, no momento que foi feita abordagem, foi agredido não sendo encontrado nada em sua posse, só depois trouxeram o carro e disse para ele assumir. 
Dessa forma, a autoridade policial representou pela prisão preventiva dos acusados. Após sua apresentação em audiência de custódia foi decretada a prisão preventiva, de forma que o acusado está preso desde então. 
O acusado nega totalmente os fatos, e trabalhador primário, possui residência fixa. 
A denúncia foi recebida em 23/04/2024 (evento 04). Citado, o acusado apresentou resposta à acusação (evento 12).  
No decorrer da instrução, o Ministério Público desistiu da oitiva da testemunha Diego, foram ouvidas as testemunhas (evento 71) e interrogado o réu.  
Encerrada a instrução, vieram os autos para oferecimento de memoriais. 
II- DO MERÍTO 
Há de se demonstrar, no presente feito que os motivos alegados pela acusação não se sustentam, como será a seguir demonstrado.
O único indício apresentado que levou ao réu foi o depoimento da vítima, que fora ouvido em fase de inquérito policial, e em juízo, que ali descreveu o ocorrido e realizou o reconhecimento. Porém, não realizou o mesmo em juízo, já que não quis depor na frente do acusado, diga-se de passagem que é direito dele.
Portanto, o depoimento apresenta contradições em razão do nervoso do assalto, bem como outros envolvidos não sabendo precisar que foi o acusado o autor das agressões, ficando claro que houve, mais não apontou ENDREL como autor da violência praticada.
Bem como, da data do fato e da audiência se passaram 8 meses, não tendo como lembrar corretamente como tudo ocorreu, nem apontar o acusado como o agressor. 
Ressalta-se que as provas constantes dos autos não são cabais para ensejar uma condenação do acusado. Isto porque, não há nos autos provas concretas que de fato demonstrem que o acusado é autor do delito que lhe é imputado. Ademais o acusado e primário possui um filho menor do qual e exclusivamente sustentado pelo pai (endrel).
Estabelece o Art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal que “o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça (…) não existir prova suficiente para a condenação”.
Trata-se, consoante cediço, da positivação dos princípios do “in dubio pro reo” e do “favor rei”, segundo os quais em caso de dúvida deve sempre prevalecer o interesse do acusado. Ressalte-se, como consignado por TOURINHO FILHO, que, na verdade, a absolvição por falta de provas não se traduz num favor, mas numa consequência natural da ausência de prova da narrativa acusatória.
Com efeito, a vítima narrou a dinâmica dos fatos, demonstrando a materialidade do delito. Porém, tal reconhecimento é frágil e inconsistente, não apontou o autor como a agressor, afastando assim a majorante quanto a violência.
Portanto, em face da precariedade de provas e fundamentos, deve ser reconhecida a incerteza da autoria e deve ser aplicado o Princípio In Dubio pro Reo, ou seja, na dúvida deve-se beneficiar o réu. Uma vez que não há quaisquer indícios que se sustentem acerca da autoria do suposto réu, devendo ser proferida sentença absolutória por falta de provas, conforme artigo 386, II, V e VII, do Código de Processo Penal.
Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, há de se reconhecer que a pena deve restar no mínimo legal, já que não há qualquer razão de agravantes e causas de aumento de pena. A folha de antecedentes criminais juntada aos autos, demonstra que o suposto réu não tem qualquer condenação transitada em julgado, motivo pelo qual não deve haver nenhuma imposição de sanção, conforme súmula 444, do STJ. Além de, conforme depoimento dada vitima, não ter sido empregada qualquer tipo de violência contra ela pelo acusado.
Passa-se a análise destes: o Requerente é primário, logo não há risco à ordem pública se posto em liberdade. 
Da mesma forma, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, caso venha a recorrer da sentença tampouco, traga risco à ordem econômica. Portanto, não há risco à aplicação da lei penal e, destarte, não há fundamento que sustente a manutenção do cárcere. 
DOS PEDIDOS: 
Diante de todo o exposto,, requer seja reconhecida a falta de provas e seja decidido pela absolvição por falta de provas, conforme artigo 386, incisos II, V e VII, do Código de Processo Penal.
Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que seja a pena cominada no mínimo legal, de acordo com o artigo 59, do Código Penal, pois todas as circunstâncias judiciais do artigo 59, do CP, são favoráveis ao acusado;
Aplicação do regime inicial de cumprimento no aberto, nos termos do art 33, § 2º, alénea c, do CP, ou semiaberto levando em consideração e fazendo a detração dos dias que esteve no cárcere que são 8 meses em reclusão.
Seja concedido o direito de o acusado recorrer em liberdade, já que caso condenado será fixado regime diverso do qual o agente está sendo submetido, com imediata expedição de alvará de soltura;
Nestes termos, pede e espera deferimento. 
Cleci de Fátima Monteiro Terres 
OAB 127.596 
Alvorada, 18 de novembro de 2024
ROL DE TESTEMUNHAS:
KETLIN VITÓRIA LIMA DA SILVA, residente e domiciliada na Rua das Azazaleia n° 60 Bairro Maria Regina, Alvorada/RS, celular 51 9943371820
FRANCIELE VALEJO MATEUS, domiciliada na Rua das Azazaleia n° 60 Bairro Maria Regina, Alvorada/RS, celular 51 9980417759
Alvorada, 15 de maio de 2024

Mais conteúdos dessa disciplina