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Peça 2 - Eixo III - Módulo 2 -

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXX/XX
Processo nº XXX
DENIVAL SOARES, já qualificado nos autos em epígrafe, vêm respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve, inconformado com a r. sentença proferida por esse Juízo as fls. XX, INTERPOR RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I, CPP.
Ante o exposto, requer seja recebido e processado o presente recurso, com o devido encaminhamento do presente ao Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, com as inclusas razões abaixo acostadas.
Termos em que pede deferimento.
Local, 13 de Outubro de 2021.
Advogado(a)
OAB/XX XXX.XXX
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX
COLENDA CÂMARA
DOUTA PROCURADORIA
Apelante: Denival Soares
Apelado: Justiça Pública
Autos nº XXX
DENIVAL SOARES, não se conformando com a sentença proferida no processo de nº XXX, pela __ Vara Criminal da Comarca de XXX/XX, em que pese o notório saber jurídico do MM. Juiz a quo, a reforma da r. sentença é medida que se impõe, motivo pelo qual vem respeitosamente apresentar as razões do presente RECURSO DE APELAÇÃO, conforme passa a expor:
I – DA ADMISSIBILIDADE
O presente recurso é cabível vez que investe contra sentença condenatória prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal.
Além disso, o presente recurso é tempestivo, vez que o prazo para Apelação, conforme a legislação processual vigente, é de 5 (cinco) dias, contados a partir da data da intimação da sentença que se deu somente no dia 05 de outubro de 2021. Portanto, tempestivo o presente recurso.
II – DOS FATOS
Consta do inquérito policial nº XXX que no dia 21 de junho de 2019, às 22h, Carlos fora vítima de homicídio, perpetrada por arma de fogo. A partir do boletim de ocorrência foram tomadas providências para que fosse apurada a autoria do crime de homicídio, bem como a motivação.  
 Por disque-denúncia (anônima), foi apontado como possível autor do delito um indivíduo com a alcunha de “Bigode” e que tais fatos teriam ocorrido por conta de uma dívida de drogas. Diante de informações colhidas nos autos de Inquérito Policial, pessoas comentavam no bairro que Bigode, traficante da região, seria o apelante, o qual teve sua prisão em flagrante decretada.  
 Diante desses fatos o réu Denival Soares foi denunciado como incurso nas sanções do artigo 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal, pois, segundo o laudo cadavérico, a vítima teria sido vitimada com 4 disparos que atingiram suas costas.  
 
Durante a instrução processual, foi ouvido o policial que presidiu as investigações o qual afirmou que havia comentários na vila que o autor dos disparos teria sido o traficante conhecido por Bigode, e que acredita que o apelante seja essa pessoa. Também fora ouvida a testemunha arrolada pela defesa, Celi Silvestre a qual informou que é namorada de Denival e que na noite dos fatos ambos estavam juntos em sua casa, esta informou ainda que Denival não é traficante. Ao final da instrução o réu foi interrogado e afirmou que não é conhecido por bigode, que nunca utilizou bigode em sua vida, que não é traficante e que na noite dos fatos estava com sua namorada Celi.  
 Apresentadas as alegações finais pelo representante do Ministério Público, este pugnou pela pronúncia do apelante pelo crime de homicídio qualificado, nos termos da denúncia. Também foram apresentadas as alegações pela Douta Defesa requerendo a absolvição sumária do acusado, tendo em vista a ausência de provas da autoria.  
 Sobreveio a decisão de pronúncia em face do réu Denival Soares pelo delito de homicídio qualificado, conforme artigo 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal.  
 Levado a julgamento perante o Tribunal do Júri, durante a instrução processual fora novamente ouvido o policial que presidiu as investigações, sendo que este informou que o autor dos disparos que teriam vitimado Carlos fora apontado como sendo o traficante conhecido como “Bigode”, e que por meio de denúncias anônimas, colhidas durante o inquérito apenas, chegou a um endereço onde estava residindo o acusado Denival Soares, informou ainda que nas denúncias anônimas não houve menção ao nome de Denival, mas apenas a indicação do endereço onde o suposto traficante residia.  
 Ainda, no plenário do júri, fora arrolada a testemunha Celi Silvestre, porém a mesma não compareceu ao julgamento e não havia notícias do retorno do mandado que objetivava sua intimação para o ato, sendo que a defesa insistiu na oitiva de tal testemunha, porém o juiz presidente negou o pedido da defesa, e determinou o prosseguimento do julgamento.   
 Por fim, fora realizado o interrogatório do acusado, o qual negou os fatos, disse novamente que estava com Celi, sua namorada, na noite de 21 de junho de 2019, informou que nunca ouviu falar da pessoa de Carlos, disse que não é conhecido por “Bigode”, que nunca utilizou bigode, que não é traficante, que passou a residir naquele endereço a menos de um ano, e ao final disse que dá para encher uma cadeira de “Bigode”, que não podem acusá-lo sem provas.  
 Encerrada a instrução, abriram-se os debates orais, sendo que o Ministério Público pugnou pela condenação do acusado nas penas do crime de homicídio qualificado e a defesa pugnou pela absolvição, tendo em vista a ausência de provas da autoria.  
 
Ao final dos debates, os jurados foram convidados a votar, tendo decidido que o acusado seria culpado pelas acusações que pesavam contra si. Assim, o juiz togado proferiu sentença condenando-o nas penas do artigo 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal, fixando como pena final o total de 21 (vinte e um) anos de reclusão em regime fechado.  
 Na dosimetria da pena o juiz aumentou a pena base em 6 anos, pois considerou a circunstância judicial do motivo do crime como sendo torpe, por ter sido decorrente de uma dívida de drogas, bem como aumentou pelos maus antecedentes, tendo em vista que o acusado possui uma condenação anterior pelo delito de furto, cujo trânsito em julgado ocorreu em 21/07/2019. Tendo em vista ainda essa mesma condenação por furto, o magistrado considerou a agravante da reincidência, para aumentar a pena em mais 3 anos.  
III – DO DIREITO
III. I – DA AUSÊNCIA DE AUTORIA E PROVA DA MATERIALIDE DO DELITO
O Direito Penal brasileiro adotou a teoria tripartite do crime, segundo a qual, o delito apenas resta configurado quando o ato praticado é ilícito (ilicitude), existe sua tipificação legal (tipicidade), e implica culpabilidade de quem o praticou (culpabilidade).
Ainda, para que a condenação seja legal, é necessário que haja a comprovação da materialidade do delito e de sua autoria, o que não é o caso do presente.
Observado a conduta relatada na denúncia, vê-se que o acusado foi equivocadamente pré-julgado, pois não existem provas suficientes nos autos que atestem que o réu, pois o assassino da vítima possuía o apelido de “bigode”, sendo um traficante da região e teria matado a vítima por dívida de drogas. O acusado desconhecia a vítima, não é traficante e nunca teve o apelido de “bigode”. Além disso, na noite do crime, o acusado estava na casa de sua namorada, conforme reforçado durante oitiva das testemunhas na AIJ.
Durante a instrução processual, foi ouvido o policial que presidiu as investigações o qual afirmou que havia comentários na vila que o autor dos disparos teria sido o traficante conhecido por Bigode, e que acredita que Denival Soares seja essa pessoa, ou seja, nenhuma prova concreta, apenas suposições baseadas em achismos.
Neste sentido, ainda, o entendimento jurisprudencial:
Por mais idôneo que seja o policial, por mais honesto e correto, se participou da diligência, servindo de testemunha, no fundo está procurando legitimar sua própria conduta, o que juridicamente não é admissível. A legitimidade de tais depoimentos surge, pois, com a corroboração por testemunhas estranhas aos quadros policiais. (negrito nosso).
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se manifestou pela insubsistência da testemunha do ouvi dizer, devido afragilidade das informações prestadas:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. PROVAS. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. I – Em se tratando de crime afeto à competência do Tribunal do Júri, o julgamento pelo Tribunal Popular só pode deixar de ocorrer, provada a materialidade do delito, caso se verifique ser despropositada a acusação, porquanto aqui vigora o princípio in dubio pro societate. II – Não obstante esse entendimento sedimentado nos Tribunais Superiores, cabe à primeira fase do procedimento relativo aos crimes da competência do Tribunal do Júri denominada iudicium accusationis, afastar da apreciação do Conselho de Sentença acusações manifestamente infundadas, destituídas, portanto, de qualquer lastro probatório mínimo. III- Na espécie, consta em desfavor do paciente tão somente um testemunho prestado em sede inquisitorial, que, com supedâneo no “ouvi dizer”, atribui a prática do crime ao paciente que, frise-se, ora alguma foi submetido a reconhecimento formal. Não bastasse isso, a referida testemunha já faleceu assim como quem havia lhe relatado os fatos. Assim, resta evidente não remanescer qualquer possibilidade de repetição destes indícios colhidos no inquérito em juízo por ocasião de realização do iudicium causae. IV – Este o quadro, tem-se que a manifesta ausência de indícios impõe o restabelecimento da decisão de primeiro grau que impronunciou o paciente. Ordem concedida. (HC 106.550/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 27/11/2008, DJe 23/03/2009)
Como se vê, é indispensável prova robusta que dê existência do delito e seu autor, pois a livre convicção do julgador deve ser fundamentada em dados objetivos indiscutíveis. Ou seja, a sentença não pode ser mantida diante de um frágil acervo probatório, vez que, neste caso, inexiste justa causa para a condenação do denunciado.
Assim, em que pese a sentença desclassificatória do douto Juízo a quo, na dúvida quanto a autoria e materialidade do crime, o denunciado/apelante deve ser ABSOLVIDO, em atenção ao princípio do in dubio pro réu, que rege o Direito Penal brasileiro, pois, frise-se, não existem provas cabais e suficientes de que as substâncias encontradas no local são de propriedade e uso do denunciado:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS - INSUFICIÊNCIA DE PROVAS QUANTO A AUTORIA DO ILÍCITO IMPUTADO AO AGENTE - ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA - RECURSO NÃO PROVIDO. - É necessária prova escorreita e segura da existência e da autoria do fato delituoso para que a presunção de inocência que milita em favor do acusado seja elidida; isso porque uma condenação baseada apenas em conjecturas e ilações feriria de morte a Dignidade do homem, princípio matriz de nossa Constituição. - Não havendo provas cabais de que o acusado era o proprietário do material ilícito (drogas) apreendido, sobretudo quando os próprios policiais confirmam que a droga foi apreendida em um lote vago, sem que o agente tenha sio visto no referido local, torna-se necessária a manutenção da decisão absolutória em relação ao recorrido. (TJMG - Apelação Criminal 1.0290.14.008952-2/001, Relator (a): Des.(a) Cássio Salomé, 7ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 03/04/2019, publicação da sumula em 12/04/2019) (grifou-se)
Mediante o alegado, o denunciado/apelante deve ser ABSOLVIDO da prática do delito tipificado no art. 121, §2º, IV do CPP, pela falta de provas cabais e suficientes que sustentem sua condenação, a despeito do que prevê o inciso VII do art. 386 do Código de Processo Penal (CPP).
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, a fim de:
ABSOLVER o apelante da prática do delito tipificado no art. 121, §2º, IV do CPP, pela falta de provas cabais e suficientes que sustentem sua condenação, a despeito do que prevê o inciso VII do art. 386 do CPP.
Termos em que pede deferimento.
Termos em que pede deferimento.
Local, 13 de Outubro de 2021.
Advogado(a)
OAB/XX XXX.XXX

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