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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Teoria Constitucional do Processo 
 
Professor Gustavo Belucci 
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 6 e 7 – TEORIA DA AÇÃO. 
EMENTA: Teoria da ação 1: Dominar os conceitos de 
jurisdição, ação e processo. Desenvolver raciocínio 
jurídico-processual da base do processo civil 
contemporâneo. Apreender o conceito de ação e sua 
classificação. Teoria da ação 2: Apreender o conceito de 
ação e dos seus elementos identificadores. Compreender 
os institutos da litispendência e da coisa julgada. 
Compreender a regra da congruência e a sentença extra, 
ultra e citra petita. 
 
Introdução e antecedentes históricos1. 
Uma vez estudada a jurisdição (aulas 4 e 5), passa-se à continuidade do estudo 
do tripé da teoria geral do processo (jurisdição, AÇÃO e processo). 
O direito de ação, consagrado no ordenamento jurídico pátrio, como direito de 
acesso à justiça para a defesa de direitos individuais violados, foi ampliado, pela 
CF/88, à via preventiva, para englobar até mesmo a ameaça, conforme se vislumbra no 
artigo 5º, inciso XXXV. 
Para Eduardo Couture, por exemplo, a ação seria uma espécie do gênero “direito 
de petição”. Defende tal posição com base na própria origem, eminentemente, privada 
 
1 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467
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do direito de petição, que nada mais seria do que o direito de comparecer perante a 
autoridade. 
 
Cioso de que até meados do século XVIII não existia clara distinção entre os 
poderes do Estado, o direito de petição (“Right of petition”) era exercido tanto perante o 
rei, como diante da Câmara dos Lordes, que também funcionava como um tribunal real. 
Expressão de tal assertiva era o “Bill of Rights”, de 1689. 
 
1. Conceito. 
A ação é doutrinariamente concebida como um “direito público abstrato de 
requerer a tutela jurisdicional do Estado”. 
Assim, ação “é o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade 
jurisdicional num caso concreto” (Moacyr Amaral Santos. Primeiras Linhas de Direito 
Processual Civil. v1. 1999, p. 159). 
• ATENÇÃO: ação não tem nome2. O direito de ação é definido pela 
doutrina como sendo “autônomo” e “abstrato”, ressaltando 
ser “conquista definitiva da ciência processual o reconhecimento da 
autonomia do direito de ação, a qual se desprende por completo do 
direito subjetivo material” (CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; 
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria 
geral do Processo. 26ª Edição. Malheiros. São Paulo: 2010, p. 271-
278). Exemplo: “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, 
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E 
LUCROS CESSANTES”. Muito embora no cotidiano forense seja 
comum a designação e nomenclatura de ações, não é tecnicamente 
correto nomeá-las. Atualmente, a prática faz o mais complexo 
(inventando nomes para as ações), enquanto a processualística busca 
a simplificação para a garantia da eficiência na oferta da tutela 
jurisdicional. Inadmissível imaginar que magistrados determinam o 
aditamento de uma inicial para constar o nome da ação correto, 
simplesmente para distinguir cobrança de indenização, ou obrigação 
de entrega de coisa e obrigação de dar, ou coisas semelhantes. 
 
2 Mais informações em: http://www.darlanbarroso.com.br/site/nomes-das-acoes-no-processo-civil/ 
http://www.darlanbarroso.com.br/site/nomes-das-acoes-no-processo-civil/
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2. Teorias do direito de ação. 
Existem diversas teorias explicativas sobre o conceito de “ação”, estando entre as 
mais importantes: 
a) Teoria civilista da ação (ou imanentista): hoje já superada, exerceu grande 
influência sobre o direito processual até meados do século XIX. Por esta teoria, a ação 
se congeminava no próprio direito material depois de violado. A ação era o mesmo 
direito em atitude de defesa (época em que o processo civil era tomado como mero 
“apêndice” do Direito Civil). Entretanto, acabou-se por assentar na doutrina a existência 
de uma distinção entre direito material e o direito de ação, passando este a dizer respeito 
à noção de direito à prestação jurisdicional. 
• Principais difusores: Clóvis Beviláqua e Friedrich Karl Von Savigny. 
b) Teoria da ação como emanação dos direitos da personalidade, do jurista 
alemão Köhler: a ação não é uma emanação da pretensão procedente, pois, se esta é 
ou não fundada, há de resolver-se na sentença. Também não se trata de um direito 
público de acionar, mas sim uma emanação dos direitos de personalidade, porém 
apenas na medida em que o são os demais atos jurídicos. O direito de acionar é um 
direito individual, assim como o ato de comerciar ou de andar. Tal teoria foi severamente 
rebatida, por conceber a ação processual como uma mera faculdade ou manifestação 
psicológica do particular, enquanto atividade anímica. 
c) Teoria concreta da ação: teve o mérito de ter sido a primeira a advogar a tese da 
autonomia do direito de ação, como elemento dissociado do direito material. Enquanto 
que, num direito material de crédito, o sujeito passivo de tal relação jurídica é o devedor, 
o Estado o será, de relação à ação, já que este é quem tem o dever de prestar a tutela 
jurisdicional. Neste mesmo exemplo, quanto ao direito material, a prestação devida é 
outra e se consubstancia numa obrigação de dar, fazer ou não fazer. Contudo, tal teoria 
pecou por condicionar a existência do direito de ação à existência do direito material, 
pelo qual a ação apenas existiria caso o resultado final do processo fosse favorável ao 
autor, algo que enfraqueceu tal concepção, que restou por ser abandonada. 
d) Teoria abstrata da ação (1877 a 1880): a teoria abstrata da ação (ou teoria do direito 
abstrato de agir), devida ao alemão Heinrich Degenkolb e ao húngaro Alexander Plósz, 
pela qual o direito de ação seria, pura e simplesmente, o direito de provocar a atuação 
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do Estado-juiz. Seria a ação o direito de se obter um provimento jurisdicional, qualquer 
que seja seu teor, enquanto direito inerente à personalidade, sendo certo que todos têm 
o direito de provocar o Poder Judiciário, a fim de que este exerça seu munus 
constitucionalmente previsto. É, logo, direito público subjetivo, sendo, ainda, abstrato e 
autônomo. 
e) Teoria eclética da ação: teoria atualmente predominante no Brasil, gestada pelo 
italiano Enrico Tullio Liebman, que viveu durante anos no Brasil, na década de 1940. 
Por tal teoria, também de natureza abstrata, existiria uma categoria estranha ao mérito 
da causa - as condições da ação - que serviriam como requisitos de existência do direito 
de ação. De acordo com Liebman, o direito de ação só existirá, se o autor preencher 
tais "condições", pena de ocorrer o fenômeno da "carência de ação", com o processo 
sendo julgado extinto, sem julgamento de mérito. Como passar dos anos, tal teoria 
sofreu algumas alterações, aonde as condições da ação deixaram de ser requisitos de 
existência para se tornar requisitos do legítimo exercício do direito de ação. Alexandre 
Freitas Câmara construiu uma formulação ecletista própria sobre a "ação", que, ao invés 
de ser um direito subjetivo, seria um poder jurídico, já que entre seu titular e o Estado 
inexiste conflito de interesses, marca registrada dos direitos subjetivos. Adotando-se a 
posição majoritária da doutrina brasileira, é de se crer a ação como um direito, e não 
como um poder, até em respeito à nomenclatura adotada em nossa Constituição 
Federal, em seu art. 5°, XXXV. 
 
3. Direito de ação e CPC/15 e as condições da ação3. 
O novo sistema processual brasileiro implementado pela Lei 13.105/15 trouxe 
consigo importantes mudanças na antiga discussão doutrinária sobre a utilidade das 
"condições da ação". Partindo da premissa que na vigência do CPC de 1973 havia 
acirrada discussão sobre a existência e utilidade das "condições da ação", importa-nos 
definir citado instituto, que nas palavras de Cassio Scarpinella Bueno são "as condições 
mínimas para que alguém possa provocar a função jurisdicional." 
Na concepção do CPC de 1973 as "condições da ação" são requisitos 
processuais, quais sejam: a) legitimidade (a pertinência subjetiva da ação, ou seja, 
qualidade expressa em lei que autoriza o sujeito-autor a invocar a tutela jurisdicional. 
 
3 Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-
O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes e também em: 
https://www.conjur.com.br/2015-nov-30/otavio-fonseca-cpc-quebra-paradigma-condicoes-acao 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes
https://www.conjur.com.br/2015-nov-30/otavio-fonseca-cpc-quebra-paradigma-condicoes-acao
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Nessa lógica, será réu aquele contra qual o autor pretender algo); b) interesse de agir 
(representado no trinômio: necessidade: traduz-se na ideia de que somente o processo 
é o meio hábil à obtenção do bem da vida almejado pela parte; utilidade: significa que o 
processo deve propiciar, ao menos em tese, algum proveito ao demandante; 
adequação: por ele, entende-se que a parte deve escolher a via processual adequada 
aos fins que almeja) e; c) possibilidade jurídica do pedido, imprescindíveis para o 
regular trâmite processual e eventual julgamento do mérito. Insta dizer que constatado 
pelo juiz a ausência de qualquer uma das condições da ação, teremos a carência da 
ação, nos termos do art. 267, VI, CPC/73. 
Do contexto acima exposto, questionou-se por muitos anos se ao analisar as 
"condições da ação" o Estado-Juiz rompia o plano da validade para analisar 
propriamente a existência, ou seja, o direito material lesionado ou o próprio mérito da 
ação. Ocorre que diante de tamanha polêmica apresentada, o Código de Processo 
Civil de 2015 extinguiu, como categoria, as condições da ação. Portanto, o instituto 
foi extinto, mas seus requisitos permaneceram intactos. Levando-se em conta que o 
magistrado, ainda, realiza dois juízos (de admissibilidade e mérito), o novo CPC separou 
os requisitos das condições da ação alocando-os em pressupostos processuais 
(relativos ao juízo de admissibilidade da ação) e como questão de mérito. 
Verifica-se, portanto, que o interesse de agir e a legitimidade passaram a ser 
tratados como pressupostos processuais, nos termos do artigo 17, do CPC/154, de tal 
forma que constatando o juiz, ao receber a inicial, a ausência do interesse de agir ou 
legitimidade, indeferirá a petição inicial, consoante artigo 330, incisos II e III, do CPC/155. 
No que tange a possibilidade jurídica do pedido, esse requisito passou a integrar 
a questão de mérito. Isto porquê quando o juiz analisa o interesse de alguém em romper 
a inércia do judiciário, por certo esse verdadeiramente avalia a pertinência e legalidade 
do pedido, ou seja, o direito material e o mérito, nos termos do artigo 487 do CPC/156. 
 
3. Classificação do direito de ação. 
 
4 Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 
5 Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: (...) II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor 
carecer de interesse processual (...). 
6 Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou 
na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a 
transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
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Sob o prisma da jurisdição civil, segundo Humberto Theodoro Junior, se a ação 
consiste na aspiração a determinado provimento jurisdicional, a classificação de real 
relevância para a sistemática cientifica do direito processual civil deve ser a que leva 
em conta a espécie e natureza de tutela que se pretende do órgão jurisdicional. Nessa 
ordem de ideias, temos: a) ação de cognição; b) ação de execução; c) ação 
cautelar. Veja-se cada uma delas: 
a) ação de conhecimento (ou cognição): se provoca a tutela jurisdicional para que o 
Estado-juiz declare qual das partes tem ou não tem razão. Pede-se que ele profira uma 
sentença, na qual dirá se a razão está com o autor ou não, e se ele tem o não o direito 
ao provimento jurisdicional postulado. Ação de conhecimento pode ser desdobrada em: 
a) Constitutiva: essa espécie de ação, além de declarar direitos das partes, “cria, 
modifica ou extingue um estado de direito ou relação jurídica material. Relaciona-se aos 
chamados direitos potestativos. A ação constitutiva é a demanda que tem o objetivo de 
certificar e efetivar direitos potestativos. Direito potestativo é o poder jurídico conferido 
a alguém de alterar, criar ou extinguir situações jurídicas. Exemplo: dissolução de 
casamento; b) Condenatória: é aquela que não busca apenas a declaração do direito 
subjetivo, como também impor uma sentença que obrigue o réu a fazer ou deixar de 
fazer algo em favor do autor da ação. c) Declaratória ou meramente declaratória: esta 
deseja averiguar a certeza da existência ou inexistência da relação jurídica. A ação 
meramente declaratória é aquela que tem o objetivo de certificar a existência ou 
inexistência de uma situação jurídica. A doutrina e a jurisprudência também admitem a 
ação meramente declaratória de modo de ser da relação jurídica. É demanda de mera 
certificação. As ações de prestação e as ações constitutivas são também ações de 
certificação, mas as meramente declaratórias têm apenas esse objetivo. Exemplo: Tício 
convive há dez anos com Mévia. Não pretende obter a condenação de Mévia, constituir 
nova relação jurídica nem desconstituir a relação jurídica existente. Ele quer apenas 
declarar judicialmente a união estável. A ação declaratória é a indicada. 
b) ação de execução: visa nesse tipo de ação, forçar o cumprimento de uma pretensão, 
gerando um processo de execução forçada. É a ação de provimento jurisdicional 
eminentemente satisfativo do direito do credor, decorrente da inevitabilidade da 
jurisdição. Visa, através de atos coativos incidentes sobre o patrimônio ou, por vezes, 
sobre a própria pessoa do devedor, um resultado equivalente ao do adimplemento da 
obrigação que se deveria ter realizado. Tem cabimento sempre que o credor esteja 
munido de um título executivo, o qual pode ser uma sentença de cunho condenatório(judicial) ou documentos que tragam consigo presunção legal de liquidez e certeza da 
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obrigação inadimplida (extrajudicial). Ressalte-se que somente a parte munida de título 
executivo pode apresentar-se em juízo como credor da outra e fazer uso da execução. 
c) Cautelares/tutelas provisórias (artigo 300 e seguintes do CPC): justificam-se 
quando, em razão do tempo necessário para se realizarem todos os trâmites 
processuais, há risco do provimento jurisdicional ser ineficaz, ou quando não há 
necessidade de esperar o fim do processo, diante das evidências. Podem ser: Tutelas 
de urgência: são concedidas sempre que um direito é altamente provável e corre risco 
de não ser devidamente provido ao final do processo. Tutela antecipada: aplica-se 
quando a intenção é satisfazer antecipadamente o direito pretendido pelo autor. Tutela 
cautelar: aplica-se quando se objetiva assegurar a integridade do direito pretendido pelo 
autor. Tutela de evidência: independente de risco de ineficácia material do resultado do 
processo, pode ser requerida quando o réu abusar do direito de defesa ou usar de 
métodos para protelar o fim do processo. 
As classificações da ação penal no direito processual penal levam em 
consideração o critério objetivo, ou seja, considera-se o sujeito que a promove. Desse 
modo as ações penais classificam se em pública e de iniciativa privada. Logo, a ação 
será pública quando acionada pelo Ministério Público e de iniciativa privada quando 
acionada pela parte prejudicada (estas questões serão aprofundadas na disciplina 
processo penal). Assim, sob o prisma da jurisdição penal, tem-se: 
a) ação penal de inciativa pública: na ação penal pública, embora a titularidade da 
ação seja sempre do Ministério Público, haverá casos que o parquet promoverá a ação 
independente da manifestação da vontade das partes (incondicionada), e haverá 
situações em que os próprios dispositivos legais condicionaram o exercício da ação 
penal “à representação do ofendido” ou “à requisição do Ministério da Justiça” 
(condicionada). A regra é ser incondicionada a ação pública. A condicionada representa 
exceção: a) da ação penal de iniciativa pública condicionada: quando o Ministério 
Público depender da representação do ofendido ou de quem o represente legalmente, 
ou ainda do Ministério da Justiça para propor a ação, estaremos diante de uma ação 
penal de iniciativa pública condicionada. Exemplo: o ofendido foi agredido com um soco 
e teve lesões leves, somente ele poderá levar adiante um termo circunstanciado, e terá 
que representar criminalmente contra o autor da agressão (condicionado à vontade da 
vítima); b) da ação penal de iniciativa pública incondicionada: ocorre quando a ação é 
promovida pelo Ministério público sem que haja necessidade da manifestação do 
ofendido ou de quem o represente legalmente, ou ainda do Ministério da Justiça. “No 
silêncio da lei, a ação penal pública será incondicionada”. Exemplo: Súmula 608 STF: 
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“No crime de estupro, praticado mediante violência real, ação penal é pública e 
incondicionada”. 
b) ação pública de iniciativa privada: nessas ações a própria lei resguarda a iniciativa 
da propositura da ação a um particular. A ação penal é pública, porém iniciada pelo 
particular. O Estado entrega ao particular o direito de perseguir em juízo aquilo que lhe 
é devido (jus accusationis), porém o direito de punir (jus puniendi) pertence-lhe 
exclusivamente. Subdividem-se em três espécies: ações privadas exclusivas, 
personalíssima e subsidiária da pública, logo: a) Ação privada exclusiva: esta deve ser 
pleiteada pelo ofendido ou por quem legalmente o represente para a persecução de 
determinados crimes, cuja apuração e julgamento ficam sujeitos, por expressa 
determinação legal, à exclusiva iniciativa do ofendido; b) ação privada personalíssima: 
é aquela que somente poderá ser promovida pelo ofendido, neste caso, se a parte 
ofendida vier a falecer, ocorrerá à extinção da punibilidade da parte ofensora. Exemplo: 
o crime de adultério; c) ação privada subsidiária da pública: quando o Ministério Público 
deixar de propor uma ação no prazo da lei, o ofendido ou o seu representante poderão 
ajuíza-la subsidiariamente. Logo este tipo de ação só ocorrerá se o Ministério Público 
não cumprir sua função, não oferecendo a denúncia no prazo legal. 
 Sob o prisma da jurisdição do trabalho, tem-se (o aprofundamento destas 
questões é das disciplinas direito do trabalho e processo do trabalho): 
a) ações individuais ou reclamação trabalhista: nas ações individuais é analisada 
apenas a relação entre empregado e empregador, portanto a sentença terá validade 
apenas entre ambos. Trata-se, portanto de pretensões não-penais, englobadas pelo 
denominado processo civil em sentido amplo, podendo o sujeito da pretensão ser tanto 
o empregado como o empregador. No direito processual trabalhista as ações 
individuais, do mesmo modo, são distribuídas segundo o tipo de provimento jurisdicional 
solicitado pelo autor. Logo, são divididas em: ações individuais de conhecimento 
(condenatórias, cominatórias, constitutivas e declaratórias), de execução (a titulo judicial 
e extrajudicial) e finalmente em cautelares. 
b) ações coletivas ou dissídios coletivos: ocorrem quando busca a tutela dos 
interesses gerais e abstratos dos trabalhadores. Não existem ações coletivas de 
natureza condenatória. Os dissídios coletivos são, portanto, ações destinadas a defesa 
de interesses gerais e abstratos da categoria, profissional ou econômica, que tem por 
objeto, via de regra, a criação de novas normas ou condições de trabalho mais benéficas 
que as previstas em lei. A possibilidade de a Justiça do Trabalho criar normas coletivas 
de trabalho e chamada de “Poder Normativo. 
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4. Elementos da ação. 
Os elementos da ação podem ser objetivos ou subjetivos. 
Eles serão responsáveis para a individualização de cada ação. Esses elementos 
têm como finalidade, além da individualização da ação, evitar decisões contraditórias 
sobre a mesma lide. São três: 
a) Partes: as partes de um processo é autor e réu. São eles que participam na relação 
jurídica processual. A relação processual é triangular. Nessa relação as partes levam 
ao juiz as petições e esse toma as decisões. As partes, em cada processo, podem ser 
somente um sujeito, ou podem ser vários. Quando é mais de um ocorre o litisconsórcio, 
ou seja, pluralidade de partes. 
b) Causa de pedir: a causa de pedir é constituída dos fatos que deram origem a lide, 
juntamente com os fundamentos jurídicos que demostram a violação do direito, 
justificando a pretensão do autor perante o juiz. Nesse tema é aplicado a Teoria da 
Substanciação, que divide a causa de pedir em duas, que são: Causa de Pedir Remota 
ou Fática: essa será a descrição do fato que deu origem a lide; Causa de Pedir Próxima 
ou Jurídica: é o próprio direito. Após a descrição fática e feita aplicação do direito, a 
retirada da norma do abstrato para o concreto, substanciando o pedido do autor. Nesse 
caso, teoricamente, é necessário somente a discrição das consequências jurídicas que 
a causa de pedir remota provocou, não sendo necessário os dispositivos legais que 
fundamentam o direito, tendo vista o princípio do iura novit curia (O Juiz conhece o 
direito). 
OBS: a teoria da substanciação da causa de pedir foi adotada pelo direito processual 
brasileiro, ela exige que os fatos e os fundamentos jurídicos como elementos da causa 
de pedir. Essa teoria, pressupõem que magistrado conhece o direitoe o que é 
importante é uma discrição fática correta, tendo em vista, que o juiz irá decidir sobre o 
direito posto. Assim sendo, a fundamentação legal apresentada pelo autor não vincula 
o juiz, que poderá tomar a decisão através de sua livre convicção jurídica sobre o caso 
apresentado pelo autor. 
 
c) Pedido: o pedido é o objeto da ação, consiste na pretensão do autor, que é levada 
ao Estado-Juiz e esse presta uma tutela jurisdicional sobre essa pretensão. 
Doutrinariamente o pedido é divido em dois: Pedido Imediato: é o desejo do autor de ter 
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uma tutela jurisdicional. Pretensão dirigida para o próprio Estado-Juiz, retirando-o da 
inércia e forçando uma providência jurisdicional. Pedido Mediato: É o objeto da ação 
propriamente dito, o desejo do autor contra o réu, o desejo de submissão do réu a 
pretensão jurídico levada ao judiciário, ou seja, o desejo sobre o bem jurídico pretendido. 
 
5. Litispendência e coisa julgada (parágrafos do artigo 337, do CPC). 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) § 
1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz 
ação anteriormente ajuizada. §2º Uma ação é idêntica a outra quando 
possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. 
§3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. 
§4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por 
decisão transitada em julgado. 
Tanto no Processo Penal quanto no Processo Civil a definição de litispendência 
é a mesma. Ocorre quando há um litígio pendente de julgamento por um juiz. A exceção 
de litispendência impede a duplicação da ação, ou seja, não poderá ser intentada ação 
com as mesmas partes e sobre o mesmo fato. Assim, por meio da exceção de 
litispendência evita-se o "bis in idem". 
Também leciona Humberto Theodoro Júnior: “Não se tolera, em direito 
processual, que uma mesma lide seja objeto de mais de um processo simultaneamente 
(…) Demonstrada, pois, a ocorrência de litispendência ou de coisa julgada (isto é, 
verificada a identidade de partes; de objeto e de causa petendi) entre dois processos, o 
segundo deverá ser extinto, sem apreciação do mérito”. (Curso de Direito Processual 
Civil, Rio de Janeiro: Forense, vol. I, 38 ed., 2002, p. 281). 
A coisa julgada está relacionada com a sentença judicial, sendo a mesma 
irrecorrível, ou seja, não admite mais a interposição de qualquer recurso, tornado esta, 
assim, imutável. A imutabilidade apenas se refere à possibilidade do juízo competente, 
a pedido da parte interessada, dar novo provimento judicial. Tem como objetivo dar 
segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo. 
A origem da coisa julgada é atribuída ao direito romano, a chamada "res 
judicata". A justificativa de tal instituto à época é muito semelhante à justificativa atual: 
pacificação social e segurança jurídica. 
Uma das finalidades da coisa julgada é imprimir segurança aos julgados, 
evitando que litígios idênticos sejam novamente ajuizados, o que geraria desordem e 
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discussões infindáveis. A coisa julgada é uma garantia constitucional e encontra amparo 
no artigo 5º inciso XXXVI da Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida 
também como Carta Magna, a saber: “A Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
A coisa julgada pode ser material ou formal: 
a) Coisa julgada material: denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna 
imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 
A coisa julgada material é aquela que advém de uma sentença de mérito, como nas 
hipóteses estabelecidas pelo diploma processual civil nos casos em que juiz decide com 
resolução do mérito, quando acolhe ou rejeita o pedido do autor, o réu reconhece a 
procedência do pedido; quando as partes transigirem, quando o juiz pronuncia 
a decadência ou a prescrição, e quando o autor renuncia ao direito sobre que se funda 
a ação. O principal efeito de uma decisão de mérito é a “impossibilidade” da reforma do 
provimento judicial, seja no mesmo processo ou em outro. Verifica-se assim que não se 
pode submeter à mesma demanda ao judiciário, diferentemente da coisa julgada formal. 
Se o autor promove uma ação de reparação de danos, ou outra de qualquer natureza, 
em face do réu, e o juiz julga improcedente o pedido do autor, que não recorre, tal 
decisão é um exemplo de ocorrência da coisa julgada material. 
b) Coisa julgada formal - é a impossibilidade de modificação da sentença no mesmo 
processo, como consequência da preclusão dos recursos. Depois de formada a coisa 
julgada, o juiz não pode mais modificar sua decisão, ainda que se convença de posição 
contrária a que tinha anteriormente adotado. Só tem eficácia dentro do processo em que 
surgiu e, por isso, não impede que o tema volte a ser agitado em nova relação 
processual. É o que se denomina Princípio da inalterabilidade do julgamento. Todas as 
sentenças fazem coisa julgada formal, mesmo que não tenham decidido à disputa 
existente entre as partes. A coisa julgada formal é aquela que advém de uma sentença 
terminativa, como nas hipóteses em que o processo será extinto pelo juiz, quando 
indeferir a petição inicial, quando o processo ficar parado por negligência das partes, 
quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a 
causa, quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de 
desenvolvimento válido e regular do processo, quando o juiz acolher a alegação de 
perempção, litispendência ou de coisa julgada, quando não concorrer qualquer das 
condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse 
processual, pela convenção de arbitragem, quando o autor desistir da ação, quando a 
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/prescricao-e-decadencia.htm
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Teoria Constitucional do Processo 
 
Professor Gustavo Belucci 
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ação for considerada intransmissível por disposição legal, quando ocorrer confusão 
entre autor e réu. 
 
6. Regra da congruência e a sentença extra, ultra e citra petita. 
A regra da congruência ou adstrição refere-se à necessidade de o magistrado 
decidir a lide dentro dos limites objetivados pelas partes, não podendo proferir sentença 
de forma extra, ultra ou infra petita. 
Esse princípio está previsto no art. 492 do CPC, nos seguintes termos: 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da 
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em 
objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão 
deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. 
 Conforme classificado pela doutrina, tem-se: 
a) decisão extra petita: é aquela proferida fora dos pedidos ou autor, ou seja, que 
concede algo além do rol postulado; 
b) decisão ultra petita: é aquela que aprecia o pedido e lhe atribui uma extensão maior 
do que a pretendida pela parte; 
c) decisão infra petita, também conhecida como citra petita: deixa de apreciar 
pedido formulado pelo autor. 
 
Complemento: 
Artigo: https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-
processual-civil-no-mundo-e-no-brasil 
https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-processual-civil-no-mundo-e-no-brasil
https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-processual-civil-no-mundo-e-no-brasil

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