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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Teoria Constitucional do Processo 
 
Professor Gustavo Belucci 
1 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material 
suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado 
com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui 
pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é 
elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das 
aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respectivas obras. 
 
Aula 2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE PROCESSO. 
EMENTA: Compreender os princípios processuais previstos na 
Constituição Federal: devido processo legal, acesso a justiça, 
contraditório, duração razoável do processo, isonomia, 
imparcialidade do juiz, duplo grau de jurisdição, publicidade dos 
atos processuais, motivação das decisões. Examinar os 
princípios constitucionais a partir de exemplos. 
1. Introdução1. 
O constitucionalismo moderno é o ponto de partida para várias reflexões no âmbito do 
direito. A correta concepção do estado constitucional e da constituição consubstancia num 
fator essencial para a investigação de todo e qualquer fenômeno jurídico. O Direito 
Processual, por sua vez, tem suas linhas fundamentais traçadas pelo Direito Constitucional. 
A Constituição Federal determina os institutos característicos do desenvolvimento do 
processo, fixa a estrutura dos órgãos jurisdicionais, garantindo a distribuição da justiça, 
estabelece regras como os princípios constitucionais processuais e assegura a todos 
o acesso à Justiça. Não foi por acaso que as Constituições sempre inseriram em seus 
contextos regras processuais. 
 Antônio Carlos Araújo Cintra2 coloca que ao reconhecer no processo o instrumento 
público de realização de justiça, a Constituição abre a possibilidade de vê-lo transformado em 
garantia de liberdade pelo exercício da tutela jurisdicional através dos procedimentos legais. 
 
1 Mais informações, bem como evolução histórica do processo ao longo das Constituições pode ser verificado aqui: 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-constitucionalizacao-do-processo-civil,48242.html 
2 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do 
processo. São Paulo, SP: Malheiros, 1999, p. 78. 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-constitucionalizacao-do-processo-civil,48242.html
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É exatamente através da Constituição que o processualista terá um 
entendimento completo do fenômeno processo e de seus princípios. Hoje, acentua-se a 
ligação entre processo e Constituição no estudo concreto dos institutos processuais, não mais 
colhidos na esfera fechada do processo, mas no sistema unitário do ordenamento jurídico: é 
esse o caminho, foi dito com muita autoridade, que transformará o processo de simples 
instrumento de justiça, em garantia de liberdade. 
Nesse cenário, é preciso expor qual é o modelo de direito processual imposto pela 
Constituição (devido processo legal e seus corolários), bem como apresentar as regras sobre 
competência legislativa em matéria de direito processual e a organização judiciária 
constitucionalmente imposta. O Direito Processual Constitucional é geral; aplica-se a 
qualquer espécie de processo e, nessa condição, convém seja de logo apresentado em uma 
disciplina com finalidade propedêutica3. 
A propósito, como ponto de partida, pode-se ressaltar a relação indissociável de 
Constituição e processo no artigo 1º, do CPC: 
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos 
na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se 
as disposições deste Código. 
 
2. Princípios constitucionais do processo em espécie. 
a) Igualdade/isonomia (artigo 5º, inciso I, da CF). 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. 
Previsão no CPC: “Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres 
e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. 
 O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, representa 
o símbolo da democracia, pois indica um tratamento justo para os cidadãos. A igualdade, de 
 
3 Disponível em: http://www.frediedidier.com.br/wp-content/uploads/2012/06/O-ensino-da-Teoria-Geral-do-
Processo.pdf 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.frediedidier.com.br/wp-content/uploads/2012/06/O-ensino-da-Teoria-Geral-do-Processo.pdf
http://www.frediedidier.com.br/wp-content/uploads/2012/06/O-ensino-da-Teoria-Geral-do-Processo.pdf
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acordo com a Constituição Federal, possui duas vertentes: Igualdade Material: tipo de 
igualdade, em que todos os seres humanos recebem um tratamento igual ou desigual, de 
acordo com a situação. Quando as situações são iguais, deve ser dado um tratamento igual, 
mas quando as situações são diferentes é importante que haja um tratamento diferenciado. 
Igualdade Formal: é aquela presente na Constituição Federal e que trata da igualdade perante 
a lei. De acordo com o artigo 5º, isso quer dizer que homens, mulheres e todos os cidadãos 
brasileiros são iguais conforme a legislação. 
Esse princípio pode ser usado para limitar o legislador (não será possível criar outras 
leis que violem o princípio da igualdade), limitar o intérprete da lei (consiste na aplicação da 
lei de acordo com o princípio), limitar o indivíduo (que não poderá apresentar condutas 
contrárias a igualdade, ou seja, realizar atos preconceituosos, racistas ou discriminatórios). 
 
b) Inafastabilidade da jurisdição (artigo 5º, inciso XXXV, da CF). 
(...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
Previsão no CPC: “Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre 
que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros 
métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, 
advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial”. 
Primariamente, trata-se, em poucas palavras, da possibilidade de provocar a prestação 
jurisdicional para garantir a tutela de direitos; “é um direito fundamental formal que carece de 
densificação através de outros direitos fundamentais materiais” (CANOTILHO, 2003, p. 496). 
Ou seja, consiste em um veículo para concretização dos direitos materiais. 
Contudo, atualmente, o direito à inafastabilidade do Poder Judiciário não mais se 
resume a provocar o aparato jurisdicional. Além disso, passou a ser entendido também como 
o direito à tutela jurisdicional efetiva - complexo de direitos, deveres e ônus que estende 
durante todo o processo, concebido como instrumento para proteção do direito material, como 
afirma Marinoni4. 
 
4 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 5. ed, rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 
2011. 
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Teoria Constitucional do Processoformada pelos candidatos mais votados em eleição com participação de toda a carreira. 
Seu principal órgão para tomada de decisões internas é o Conselho Superior da 
 
22 Mais informações em: http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/ 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm
http://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/regulamentogeral.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm#art5lxxiv
http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/
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Defensoria Pública, formado por 5 membros natos e 8 membros eleitos diretamente 
pelos Defensores. Para ser Defensor Público do Estado é necessário ser bacharel em 
Direito e aprovado em concurso público específico para atuar em todas as áreas de 
atribuição da Defensoria. 
Legislação pertinente: artigos 13423 e 135, da CF, Lei Complementar 80/9424; b) 
Histórico25: Em nosso País, as origens mais remotas da Defensoria Pública estão nas 
Ordenações Filipinas, que vigoram, no Brasil, até finais de 1916, por força da Lei de 2º 
de outubro de 1823. De fato, no Livro III, Título 84, § 10, aquelas ordenações 
prescreviam, aos dizeres da época, o que, hoje, denominamos afirmação de pobreza: 
"§ 10 – Em sendo o agravante tão pobre que jure não ter bens móveis, nem de rais, 
nem por onde pague o agravo, e dizendo na audiência uma vez o Pater Noster pela 
alma Del Rey Don Diniz, ser-lhe-á havido, como se pagasse os novecentos réis, 
contanto que tire de tudo certidão dentro do tempo, em que havia de pagar o agravo". 
Um salto no tempo vai nos fazer passar por variadas e assistemáticas iniciativas legais 
que tinham por objetivo garantir aos pobres o acesso à Justiça, e nos levar ao Instituto 
da Ordem dos Advogados Brasileiros, no ano de 1870, ocasião em que Nabuco de 
Araújo, então Presidente do Instituto, deu decisivo impulso à causa da Justiça para os 
Pobres. Criou-se, então, a praxe de alguns membros do Instituto dar consultas jurídicas 
às pessoas pobres e defendê-las em Juízo. Nesse particular, o Instituto da Ordem dos 
Advogados Brasileiros parece haver-se inspirado na experiência da antiga Atenas, 
onde, anualmente, 10 advogados eram nomeados para defender os pobres diante dos 
tribunais cíveis e criminais. Esta iniciativa não se mostrou suficiente. Nabuco de Araújo 
verberava e, de seu veemente discurso, extraímos este pequeno trecho: "Se não se 
pode tudo, faz-se o que é possível. No estado atual da nossa legislação, e atendendo 
às despesas que uma demanda custa, pode-se dizer, sem medo de errar, que a 
igualdade perante a lei não é não uma palavra vã. Que importa ter direito, se não é 
possível mantê-lo? Se um outro pode vir privar-nos dele? Que importa ter uma 
reclamação justa, se não podemos apresentá-la e segui-la por falta de dinheiro? A lei é, 
pois, para quem tem dinheiro, para quem pode suportar as despesas das demandas". 
A CF/88 dispôs acerca da Defensoria, como função essencial à Justiça. Em tempos 
atuais, até o ano de 2007 a Defensoria Pública não detinha legitimidade para propor 
 
23 Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação 
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos 
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º 
desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 
24 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp80.htm 
25 Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/14699/defensoria-publica-uma-breve-historia 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm#art5lxxiv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm#art5lxxiv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc80.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp80.htm
https://jus.com.br/artigos/14699/defensoria-publica-uma-breve-historia
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ação coletiva, quadro que mudou com a edição da lei 11.448/2007, que inseriu a 
defensoria no rol dos legitimados extraordinários do artigo 5º da Lei da Ação Civil 
Pública26. 
 
• Complemento: 1) Sites das instituições mencionados no corpo do roteiro – há 
histórico e informações relevantes; 2) http://mazzilli.com.br/ - artigos, informações 
e textos do autor; 3) Manual de atuação funcional MPSP: 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/banco_imagens/flash/ManualAtu
acao/ManualAtuacao.html 
 
 
26 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 
11.448, de 2007). I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). II - a Defensoria 
Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). 
http://mazzilli.com.br/
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/banco_imagens/flash/ManualAtuacao/ManualAtuacao.html
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/banco_imagens/flash/ManualAtuacao/ManualAtuacao.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11448.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11448.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11448.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11448.htm#art2
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Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 6 e 7 – TEORIA DA AÇÃO. 
EMENTA: Teoria da ação 1: Dominar os conceitos de 
jurisdição, ação e processo. Desenvolver raciocínio 
jurídico-processual da base do processo civil 
contemporâneo. Apreender o conceito de ação e sua 
classificação. Teoria da ação 2: Apreender o conceito de 
ação e dos seus elementos identificadores. Compreender 
os institutos da litispendência e da coisa julgada. 
Compreender a regra da congruência e a sentença extra, 
ultra e citra petita. 
 
Introdução e antecedentes históricos1. 
Uma vez estudada a jurisdição (aulas 4 e 5), passa-se à continuidade do estudo 
do tripé da teoria geral do processo (jurisdição, AÇÃO e processo). 
O direito de ação, consagrado no ordenamento jurídico pátrio, como direito de 
acesso à justiça para a defesa de direitos individuais violados, foi ampliado, pela 
CF/88, à via preventiva, para englobar até mesmo a ameaça, conforme se vislumbra no 
artigo 5º, inciso XXXV. 
Para Eduardo Couture, por exemplo, a ação seria uma espécie do gênero “direito 
de petição”. Defende tal posição com base na própria origem, eminentemente, privada 
 
1 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6467
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do direito de petição, que nada mais seria do que o direito de comparecer perante aautoridade. 
 
Cioso de que até meados do século XVIII não existia clara distinção entre os 
poderes do Estado, o direito de petição (“Right of petition”) era exercido tanto perante o 
rei, como diante da Câmara dos Lordes, que também funcionava como um tribunal real. 
Expressão de tal assertiva era o “Bill of Rights”, de 1689. 
 
1. Conceito. 
A ação é doutrinariamente concebida como um “direito público abstrato de 
requerer a tutela jurisdicional do Estado”. 
Assim, ação “é o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade 
jurisdicional num caso concreto” (Moacyr Amaral Santos. Primeiras Linhas de Direito 
Processual Civil. v1. 1999, p. 159). 
• ATENÇÃO: ação não tem nome2. O direito de ação é definido pela 
doutrina como sendo “autônomo” e “abstrato”, ressaltando 
ser “conquista definitiva da ciência processual o reconhecimento da 
autonomia do direito de ação, a qual se desprende por completo do 
direito subjetivo material” (CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; 
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria 
geral do Processo. 26ª Edição. Malheiros. São Paulo: 2010, p. 271-
278). Exemplo: “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, 
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E 
LUCROS CESSANTES”. Muito embora no cotidiano forense seja 
comum a designação e nomenclatura de ações, não é tecnicamente 
correto nomeá-las. Atualmente, a prática faz o mais complexo 
(inventando nomes para as ações), enquanto a processualística busca 
a simplificação para a garantia da eficiência na oferta da tutela 
jurisdicional. Inadmissível imaginar que magistrados determinam o 
aditamento de uma inicial para constar o nome da ação correto, 
simplesmente para distinguir cobrança de indenização, ou obrigação 
de entrega de coisa e obrigação de dar, ou coisas semelhantes. 
 
2 Mais informações em: http://www.darlanbarroso.com.br/site/nomes-das-acoes-no-processo-civil/ 
http://www.darlanbarroso.com.br/site/nomes-das-acoes-no-processo-civil/
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2. Teorias do direito de ação. 
Existem diversas teorias explicativas sobre o conceito de “ação”, estando entre as 
mais importantes: 
a) Teoria civilista da ação (ou imanentista): hoje já superada, exerceu grande 
influência sobre o direito processual até meados do século XIX. Por esta teoria, a ação 
se congeminava no próprio direito material depois de violado. A ação era o mesmo 
direito em atitude de defesa (época em que o processo civil era tomado como mero 
“apêndice” do Direito Civil). Entretanto, acabou-se por assentar na doutrina a existência 
de uma distinção entre direito material e o direito de ação, passando este a dizer respeito 
à noção de direito à prestação jurisdicional. 
• Principais difusores: Clóvis Beviláqua e Friedrich Karl Von Savigny. 
b) Teoria da ação como emanação dos direitos da personalidade, do jurista 
alemão Köhler: a ação não é uma emanação da pretensão procedente, pois, se esta é 
ou não fundada, há de resolver-se na sentença. Também não se trata de um direito 
público de acionar, mas sim uma emanação dos direitos de personalidade, porém 
apenas na medida em que o são os demais atos jurídicos. O direito de acionar é um 
direito individual, assim como o ato de comerciar ou de andar. Tal teoria foi severamente 
rebatida, por conceber a ação processual como uma mera faculdade ou manifestação 
psicológica do particular, enquanto atividade anímica. 
c) Teoria concreta da ação: teve o mérito de ter sido a primeira a advogar a tese da 
autonomia do direito de ação, como elemento dissociado do direito material. Enquanto 
que, num direito material de crédito, o sujeito passivo de tal relação jurídica é o devedor, 
o Estado o será, de relação à ação, já que este é quem tem o dever de prestar a tutela 
jurisdicional. Neste mesmo exemplo, quanto ao direito material, a prestação devida é 
outra e se consubstancia numa obrigação de dar, fazer ou não fazer. Contudo, tal teoria 
pecou por condicionar a existência do direito de ação à existência do direito material, 
pelo qual a ação apenas existiria caso o resultado final do processo fosse favorável ao 
autor, algo que enfraqueceu tal concepção, que restou por ser abandonada. 
d) Teoria abstrata da ação (1877 a 1880): a teoria abstrata da ação (ou teoria do direito 
abstrato de agir), devida ao alemão Heinrich Degenkolb e ao húngaro Alexander Plósz, 
pela qual o direito de ação seria, pura e simplesmente, o direito de provocar a atuação 
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do Estado-juiz. Seria a ação o direito de se obter um provimento jurisdicional, qualquer 
que seja seu teor, enquanto direito inerente à personalidade, sendo certo que todos têm 
o direito de provocar o Poder Judiciário, a fim de que este exerça seu munus 
constitucionalmente previsto. É, logo, direito público subjetivo, sendo, ainda, abstrato e 
autônomo. 
e) Teoria eclética da ação: teoria atualmente predominante no Brasil, gestada pelo 
italiano Enrico Tullio Liebman, que viveu durante anos no Brasil, na década de 1940. 
Por tal teoria, também de natureza abstrata, existiria uma categoria estranha ao mérito 
da causa - as condições da ação - que serviriam como requisitos de existência do direito 
de ação. De acordo com Liebman, o direito de ação só existirá, se o autor preencher 
tais "condições", pena de ocorrer o fenômeno da "carência de ação", com o processo 
sendo julgado extinto, sem julgamento de mérito. Com o passar dos anos, tal teoria 
sofreu algumas alterações, aonde as condições da ação deixaram de ser requisitos de 
existência para se tornar requisitos do legítimo exercício do direito de ação. Alexandre 
Freitas Câmara construiu uma formulação ecletista própria sobre a "ação", que, ao invés 
de ser um direito subjetivo, seria um poder jurídico, já que entre seu titular e o Estado 
inexiste conflito de interesses, marca registrada dos direitos subjetivos. Adotando-se a 
posição majoritária da doutrina brasileira, é de se crer a ação como um direito, e não 
como um poder, até em respeito à nomenclatura adotada em nossa Constituição 
Federal, em seu art. 5°, XXXV. 
 
3. Direito de ação e CPC/15 e as condições da ação3. 
O novo sistema processual brasileiro implementado pela Lei 13.105/15 trouxe 
consigo importantes mudanças na antiga discussão doutrinária sobre a utilidade das 
"condições da ação". Partindo da premissa que na vigência do CPC de 1973 havia 
acirrada discussão sobre a existência e utilidade das "condições da ação", importa-nos 
definir citado instituto, que nas palavras de Cassio Scarpinella Bueno são "as condições 
mínimas para que alguém possa provocar a função jurisdicional." 
Na concepção do CPC de 1973 as "condições da ação" são requisitos 
processuais, quais sejam: a) legitimidade (a pertinência subjetiva da ação, ou seja, 
qualidade expressa em lei que autoriza o sujeito-autor a invocar a tutela jurisdicional. 
 
3 Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-
O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes e também em: 
https://www.conjur.com.br/2015-nov-30/otavio-fonseca-cpc-quebra-paradigma-condicoes-acao 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI240249,91041-O+Novo+CPC+e+as+Inovacoes+no+Instituto+das+Condicoes+das+Acoes
https://www.conjur.com.br/2015-nov-30/otavio-fonseca-cpc-quebra-paradigma-condicoes-acao
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Nessa lógica, será réu aquele contra qual o autor pretender algo); b) interesse de agir 
(representado no trinômio: necessidade: traduz-se na ideiade que somente o processo 
é o meio hábil à obtenção do bem da vida almejado pela parte; utilidade: significa que o 
processo deve propiciar, ao menos em tese, algum proveito ao demandante; 
adequação: por ele, entende-se que a parte deve escolher a via processual adequada 
aos fins que almeja) e; c) possibilidade jurídica do pedido, imprescindíveis para o 
regular trâmite processual e eventual julgamento do mérito. Insta dizer que constatado 
pelo juiz a ausência de qualquer uma das condições da ação, teremos a carência da 
ação, nos termos do art. 267, VI, CPC/73. 
Do contexto acima exposto, questionou-se por muitos anos se ao analisar as 
"condições da ação" o Estado-Juiz rompia o plano da validade para analisar 
propriamente a existência, ou seja, o direito material lesionado ou o próprio mérito da 
ação. Ocorre que diante de tamanha polêmica apresentada, o Código de Processo 
Civil de 2015 extinguiu, como categoria, as condições da ação. Portanto, o instituto 
foi extinto, mas seus requisitos permaneceram intactos. Levando-se em conta que o 
magistrado, ainda, realiza dois juízos (de admissibilidade e mérito), o novo CPC separou 
os requisitos das condições da ação alocando-os em pressupostos processuais 
(relativos ao juízo de admissibilidade da ação) e como questão de mérito. 
Verifica-se, portanto, que o interesse de agir e a legitimidade passaram a ser 
tratados como pressupostos processuais, nos termos do artigo 17, do CPC/154, de tal 
forma que constatando o juiz, ao receber a inicial, a ausência do interesse de agir ou 
legitimidade, indeferirá a petição inicial, consoante artigo 330, incisos II e III, do CPC/155. 
No que tange a possibilidade jurídica do pedido, esse requisito passou a integrar 
a questão de mérito. Isto porquê quando o juiz analisa o interesse de alguém em romper 
a inércia do judiciário, por certo esse verdadeiramente avalia a pertinência e legalidade 
do pedido, ou seja, o direito material e o mérito, nos termos do artigo 487 do CPC/156. 
 
3. Classificação do direito de ação. 
 
4 Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 
5 Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: (...) II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor 
carecer de interesse processual (...). 
6 Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou 
na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a 
transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
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Sob o prisma da jurisdição civil, segundo Humberto Theodoro Junior, se a ação 
consiste na aspiração a determinado provimento jurisdicional, a classificação de real 
relevância para a sistemática cientifica do direito processual civil deve ser a que leva 
em conta a espécie e natureza de tutela que se pretende do órgão jurisdicional. Nessa 
ordem de ideias, temos: a) ação de cognição; b) ação de execução; c) ação 
cautelar. Veja-se cada uma delas: 
a) ação de conhecimento (ou cognição): se provoca a tutela jurisdicional para que o 
Estado-juiz declare qual das partes tem ou não tem razão. Pede-se que ele profira uma 
sentença, na qual dirá se a razão está com o autor ou não, e se ele tem o não o direito 
ao provimento jurisdicional postulado. Ação de conhecimento pode ser desdobrada em: 
a) Constitutiva: essa espécie de ação, além de declarar direitos das partes, “cria, 
modifica ou extingue um estado de direito ou relação jurídica material. Relaciona-se aos 
chamados direitos potestativos. A ação constitutiva é a demanda que tem o objetivo de 
certificar e efetivar direitos potestativos. Direito potestativo é o poder jurídico conferido 
a alguém de alterar, criar ou extinguir situações jurídicas. Exemplo: dissolução de 
casamento; b) Condenatória: é aquela que não busca apenas a declaração do direito 
subjetivo, como também impor uma sentença que obrigue o réu a fazer ou deixar de 
fazer algo em favor do autor da ação. c) Declaratória ou meramente declaratória: esta 
deseja averiguar a certeza da existência ou inexistência da relação jurídica. A ação 
meramente declaratória é aquela que tem o objetivo de certificar a existência ou 
inexistência de uma situação jurídica. A doutrina e a jurisprudência também admitem a 
ação meramente declaratória de modo de ser da relação jurídica. É demanda de mera 
certificação. As ações de prestação e as ações constitutivas são também ações de 
certificação, mas as meramente declaratórias têm apenas esse objetivo. Exemplo: Tício 
convive há dez anos com Mévia. Não pretende obter a condenação de Mévia, constituir 
nova relação jurídica nem desconstituir a relação jurídica existente. Ele quer apenas 
declarar judicialmente a união estável. A ação declaratória é a indicada. 
b) ação de execução: visa nesse tipo de ação, forçar o cumprimento de uma pretensão, 
gerando um processo de execução forçada. É a ação de provimento jurisdicional 
eminentemente satisfativo do direito do credor, decorrente da inevitabilidade da 
jurisdição. Visa, através de atos coativos incidentes sobre o patrimônio ou, por vezes, 
sobre a própria pessoa do devedor, um resultado equivalente ao do adimplemento da 
obrigação que se deveria ter realizado. Tem cabimento sempre que o credor esteja 
munido de um título executivo, o qual pode ser uma sentença de cunho condenatório 
(judicial) ou documentos que tragam consigo presunção legal de liquidez e certeza da 
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obrigação inadimplida (extrajudicial). Ressalte-se que somente a parte munida de título 
executivo pode apresentar-se em juízo como credor da outra e fazer uso da execução. 
c) Cautelares/tutelas provisórias (artigo 300 e seguintes do CPC): justificam-se 
quando, em razão do tempo necessário para se realizarem todos os trâmites 
processuais, há risco do provimento jurisdicional ser ineficaz, ou quando não há 
necessidade de esperar o fim do processo, diante das evidências. Podem ser: Tutelas 
de urgência: são concedidas sempre que um direito é altamente provável e corre risco 
de não ser devidamente provido ao final do processo. Tutela antecipada: aplica-se 
quando a intenção é satisfazer antecipadamente o direito pretendido pelo autor. Tutela 
cautelar: aplica-se quando se objetiva assegurar a integridade do direito pretendido pelo 
autor. Tutela de evidência: independente de risco de ineficácia material do resultado do 
processo, pode ser requerida quando o réu abusar do direito de defesa ou usar de 
métodos para protelar o fim do processo. 
As classificações da ação penal no direito processual penal levam em 
consideração o critério objetivo, ou seja, considera-se o sujeito que a promove. Desse 
modo as ações penais classificam se em pública e de iniciativa privada. Logo, a ação 
será pública quando acionada pelo Ministério Público e de iniciativa privada quando 
acionada pela parte prejudicada (estas questões serão aprofundadas na disciplina 
processo penal). Assim, sob o prisma da jurisdição penal, tem-se: 
a) ação penal de inciativa pública: na ação penal pública, embora a titularidade da 
ação seja sempre do Ministério Público, haverá casos que o parquet promoverá a ação 
independente da manifestação da vontade das partes (incondicionada), e haverá 
situações em que os próprios dispositivos legais condicionaram o exercício da ação 
penal “à representação do ofendido” ou “à requisição do Ministério da Justiça” 
(condicionada). A regra é ser incondicionada a ação pública. A condicionada representa 
exceção: a) da ação penal de iniciativapública condicionada: quando o Ministério 
Público depender da representação do ofendido ou de quem o represente legalmente, 
ou ainda do Ministério da Justiça para propor a ação, estaremos diante de uma ação 
penal de iniciativa pública condicionada. Exemplo: o ofendido foi agredido com um soco 
e teve lesões leves, somente ele poderá levar adiante um termo circunstanciado, e terá 
que representar criminalmente contra o autor da agressão (condicionado à vontade da 
vítima); b) da ação penal de iniciativa pública incondicionada: ocorre quando a ação é 
promovida pelo Ministério público sem que haja necessidade da manifestação do 
ofendido ou de quem o represente legalmente, ou ainda do Ministério da Justiça. “No 
silêncio da lei, a ação penal pública será incondicionada”. Exemplo: Súmula 608 STF: 
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“No crime de estupro, praticado mediante violência real, ação penal é pública e 
incondicionada”. 
b) ação pública de iniciativa privada: nessas ações a própria lei resguarda a iniciativa 
da propositura da ação a um particular. A ação penal é pública, porém iniciada pelo 
particular. O Estado entrega ao particular o direito de perseguir em juízo aquilo que lhe 
é devido (jus accusationis), porém o direito de punir (jus puniendi) pertence-lhe 
exclusivamente. Subdividem-se em três espécies: ações privadas exclusivas, 
personalíssima e subsidiária da pública, logo: a) Ação privada exclusiva: esta deve ser 
pleiteada pelo ofendido ou por quem legalmente o represente para a persecução de 
determinados crimes, cuja apuração e julgamento ficam sujeitos, por expressa 
determinação legal, à exclusiva iniciativa do ofendido; b) ação privada personalíssima: 
é aquela que somente poderá ser promovida pelo ofendido, neste caso, se a parte 
ofendida vier a falecer, ocorrerá à extinção da punibilidade da parte ofensora. Exemplo: 
o crime de adultério; c) ação privada subsidiária da pública: quando o Ministério Público 
deixar de propor uma ação no prazo da lei, o ofendido ou o seu representante poderão 
ajuíza-la subsidiariamente. Logo este tipo de ação só ocorrerá se o Ministério Público 
não cumprir sua função, não oferecendo a denúncia no prazo legal. 
 Sob o prisma da jurisdição do trabalho, tem-se (o aprofundamento destas 
questões é das disciplinas direito do trabalho e processo do trabalho): 
a) ações individuais ou reclamação trabalhista: nas ações individuais é analisada 
apenas a relação entre empregado e empregador, portanto a sentença terá validade 
apenas entre ambos. Trata-se, portanto de pretensões não-penais, englobadas pelo 
denominado processo civil em sentido amplo, podendo o sujeito da pretensão ser tanto 
o empregado como o empregador. No direito processual trabalhista as ações 
individuais, do mesmo modo, são distribuídas segundo o tipo de provimento jurisdicional 
solicitado pelo autor. Logo, são divididas em: ações individuais de conhecimento 
(condenatórias, cominatórias, constitutivas e declaratórias), de execução (a titulo judicial 
e extrajudicial) e finalmente em cautelares. 
b) ações coletivas ou dissídios coletivos: ocorrem quando busca a tutela dos 
interesses gerais e abstratos dos trabalhadores. Não existem ações coletivas de 
natureza condenatória. Os dissídios coletivos são, portanto, ações destinadas a defesa 
de interesses gerais e abstratos da categoria, profissional ou econômica, que tem por 
objeto, via de regra, a criação de novas normas ou condições de trabalho mais benéficas 
que as previstas em lei. A possibilidade de a Justiça do Trabalho criar normas coletivas 
de trabalho e chamada de “Poder Normativo. 
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4. Elementos da ação. 
Os elementos da ação podem ser objetivos ou subjetivos. 
Eles serão responsáveis para a individualização de cada ação. Esses elementos 
têm como finalidade, além da individualização da ação, evitar decisões contraditórias 
sobre a mesma lide. São três: 
a) Partes: as partes de um processo é autor e réu. São eles que participam na relação 
jurídica processual. A relação processual é triangular. Nessa relação as partes levam 
ao juiz as petições e esse toma as decisões. As partes, em cada processo, podem ser 
somente um sujeito, ou podem ser vários. Quando é mais de um ocorre o litisconsórcio, 
ou seja, pluralidade de partes. 
b) Causa de pedir: a causa de pedir é constituída dos fatos que deram origem a lide, 
juntamente com os fundamentos jurídicos que demostram a violação do direito, 
justificando a pretensão do autor perante o juiz. Nesse tema é aplicado a Teoria da 
Substanciação, que divide a causa de pedir em duas, que são: Causa de Pedir Remota 
ou Fática: essa será a descrição do fato que deu origem a lide; Causa de Pedir Próxima 
ou Jurídica: é o próprio direito. Após a descrição fática e feita aplicação do direito, a 
retirada da norma do abstrato para o concreto, substanciando o pedido do autor. Nesse 
caso, teoricamente, é necessário somente a discrição das consequências jurídicas que 
a causa de pedir remota provocou, não sendo necessário os dispositivos legais que 
fundamentam o direito, tendo vista o princípio do iura novit curia (O Juiz conhece o 
direito). 
OBS: a teoria da substanciação da causa de pedir foi adotada pelo direito processual 
brasileiro, ela exige que os fatos e os fundamentos jurídicos como elementos da causa 
de pedir. Essa teoria, pressupõem que magistrado conhece o direito e o que é 
importante é uma discrição fática correta, tendo em vista, que o juiz irá decidir sobre o 
direito posto. Assim sendo, a fundamentação legal apresentada pelo autor não vincula 
o juiz, que poderá tomar a decisão através de sua livre convicção jurídica sobre o caso 
apresentado pelo autor. 
 
c) Pedido: o pedido é o objeto da ação, consiste na pretensão do autor, que é levada 
ao Estado-Juiz e esse presta uma tutela jurisdicional sobre essa pretensão. 
Doutrinariamente o pedido é divido em dois: Pedido Imediato: é o desejo do autor de ter 
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uma tutela jurisdicional. Pretensão dirigida para o próprio Estado-Juiz, retirando-o da 
inércia e forçando uma providência jurisdicional. Pedido Mediato: É o objeto da ação 
propriamente dito, o desejo do autor contra o réu, o desejo de submissão do réu a 
pretensão jurídico levada ao judiciário, ou seja, o desejo sobre o bem jurídico pretendido. 
 
5. Litispendência e coisa julgada (parágrafos do artigo 337, do CPC). 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) § 
1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz 
ação anteriormente ajuizada. §2º Uma ação é idêntica a outra quando 
possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. 
§3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. 
§4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por 
decisão transitada em julgado. 
Tanto no Processo Penal quanto no Processo Civil a definição de litispendência 
é a mesma. Ocorre quando há um litígio pendente de julgamento por um juiz. A exceção 
de litispendência impede a duplicação da ação, ou seja, não poderá ser intentada ação 
com as mesmas partes e sobre o mesmo fato. Assim, por meio da exceção de 
litispendência evita-se o "bis in idem". 
Também leciona Humberto Theodoro Júnior: “Não se tolera, em direito 
processual, que uma mesma lide seja objeto de mais de um processo simultaneamente 
(…) Demonstrada, pois, a ocorrência de litispendência ou de coisa julgada (isto é, 
verificada a identidade de partes; de objeto e de causa petendi) entre dois processos, o 
segundo deverá ser extinto, sem apreciaçãodo mérito”. (Curso de Direito Processual 
Civil, Rio de Janeiro: Forense, vol. I, 38 ed., 2002, p. 281). 
A coisa julgada está relacionada com a sentença judicial, sendo a mesma 
irrecorrível, ou seja, não admite mais a interposição de qualquer recurso, tornado esta, 
assim, imutável. A imutabilidade apenas se refere à possibilidade do juízo competente, 
a pedido da parte interessada, dar novo provimento judicial. Tem como objetivo dar 
segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo. 
A origem da coisa julgada é atribuída ao direito romano, a chamada "res 
judicata". A justificativa de tal instituto à época é muito semelhante à justificativa atual: 
pacificação social e segurança jurídica. 
Uma das finalidades da coisa julgada é imprimir segurança aos julgados, 
evitando que litígios idênticos sejam novamente ajuizados, o que geraria desordem e 
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discussões infindáveis. A coisa julgada é uma garantia constitucional e encontra amparo 
no artigo 5º inciso XXXVI da Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida 
também como Carta Magna, a saber: “A Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
A coisa julgada pode ser material ou formal: 
a) Coisa julgada material: denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna 
imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 
A coisa julgada material é aquela que advém de uma sentença de mérito, como nas 
hipóteses estabelecidas pelo diploma processual civil nos casos em que juiz decide com 
resolução do mérito, quando acolhe ou rejeita o pedido do autor, o réu reconhece a 
procedência do pedido; quando as partes transigirem, quando o juiz pronuncia 
a decadência ou a prescrição, e quando o autor renuncia ao direito sobre que se funda 
a ação. O principal efeito de uma decisão de mérito é a “impossibilidade” da reforma do 
provimento judicial, seja no mesmo processo ou em outro. Verifica-se assim que não se 
pode submeter à mesma demanda ao judiciário, diferentemente da coisa julgada formal. 
Se o autor promove uma ação de reparação de danos, ou outra de qualquer natureza, 
em face do réu, e o juiz julga improcedente o pedido do autor, que não recorre, tal 
decisão é um exemplo de ocorrência da coisa julgada material. 
b) Coisa julgada formal - é a impossibilidade de modificação da sentença no mesmo 
processo, como consequência da preclusão dos recursos. Depois de formada a coisa 
julgada, o juiz não pode mais modificar sua decisão, ainda que se convença de posição 
contrária a que tinha anteriormente adotado. Só tem eficácia dentro do processo em que 
surgiu e, por isso, não impede que o tema volte a ser agitado em nova relação 
processual. É o que se denomina Princípio da inalterabilidade do julgamento. Todas as 
sentenças fazem coisa julgada formal, mesmo que não tenham decidido à disputa 
existente entre as partes. A coisa julgada formal é aquela que advém de uma sentença 
terminativa, como nas hipóteses em que o processo será extinto pelo juiz, quando 
indeferir a petição inicial, quando o processo ficar parado por negligência das partes, 
quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a 
causa, quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de 
desenvolvimento válido e regular do processo, quando o juiz acolher a alegação de 
perempção, litispendência ou de coisa julgada, quando não concorrer qualquer das 
condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse 
processual, pela convenção de arbitragem, quando o autor desistir da ação, quando a 
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/prescricao-e-decadencia.htm
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ação for considerada intransmissível por disposição legal, quando ocorrer confusão 
entre autor e réu. 
 
6. Regra da congruência e a sentença extra, ultra e citra petita. 
A regra da congruência ou adstrição refere-se à necessidade de o magistrado 
decidir a lide dentro dos limites objetivados pelas partes, não podendo proferir sentença 
de forma extra, ultra ou infra petita. 
Esse princípio está previsto no art. 492 do CPC, nos seguintes termos: 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da 
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em 
objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão 
deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. 
 Conforme classificado pela doutrina, tem-se: 
a) decisão extra petita: é aquela proferida fora dos pedidos ou autor, ou seja, que 
concede algo além do rol postulado; 
b) decisão ultra petita: é aquela que aprecia o pedido e lhe atribui uma extensão maior 
do que a pretendida pela parte; 
c) decisão infra petita, também conhecida como citra petita: deixa de apreciar 
pedido formulado pelo autor. 
 
Complemento: 
Artigo: https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-
processual-civil-no-mundo-e-no-brasil 
https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-processual-civil-no-mundo-e-no-brasil
https://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito-processual-civil-no-mundo-e-no-brasil
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 8 e 9 – PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. 
EMENTA: Compreender o conceito de processo. 
Compreender a evolução do conceito de processo. 
Relacionar o atual conceito de processo com os conceitos 
de ação e jurisdição. Compreender as espécies de 
pressupostos de desenvolvimento válido e regular do 
processo, tanto na teoria como a partir de casos práticos. 
 
Introdução. 
Os pressupostos processuais são requisitos necessários para que o processo 
atinja seu intento, compondo condições imprescindíveis para que o processo 
exista e desenvolva-se de forma válida e regular. 
Evitam, assim, o acometimento de vícios graves, constituindo um filtro capaz de 
reter postulações formalmente inviáveis1. 
A concepção dos pressupostos processuais tem origem na obra de Oskar Von 
Bülow, que lhes deu autonomia. Sua obra serviu para elevar o direito processual a uma 
posição de destaque, afastando-o dos domínios do direito material. 
Esta autonomia do processo em relação ao direito material, que foi abordada em 
aulas passadas, pode assim ser sintetizada, na doutrina de Araújo Cintra: 
 
 
 
1 Mais informações em: http://www.agu.gov.br/page/download/index/id/523907 
http://www.agu.gov.br/page/download/index/id/523907
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Direito material Direito processual 
O corpo de normas que disciplinam as 
relações jurídicas referentes a bens e 
utilidades da vida. 
Exemplos: direito civil, penal, 
administrativo, comercial, tributário, 
trabalhista etc. 
Complexo de normas e princípios que regem 
tal método de trabalho, ou seja, o exercício 
conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz, 
da ação pelo demandante e da defesapelo 
demandado. 
Exemplos: direito processual civil, direito 
processual penal, direito processual do 
trabalho, direito processual penal militar etc. 
 
Inicia-se aqui, portanto, o estudo do último pilar do tripé processual – ação, 
jurisdição e processo. 
E nesse momento, a título de introdução, é necessário novamente verificar a figura 
(colocada na aula 1), que nos dá a dimensão deste tripé processual: a jurisdição 
representa o poder estatal de solucionar conflitos; a ação é o veículo que aciona a 
jurisdição e possibilita a solução do conflito e o processo é o instrumento pelo qual se 
concederá a efetiva tutela do direito material invocado. 
 
 
1. Conceito de processo e distinções. 
Antes de se estudar os pressupostos processuais em espécie, necessário tratar 
do conceito de processo. 
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Processo significa, etimologicamente, “marcha avante”, “caminhada” (do latim 
procedere, que significa seguir adiante), razão pela qual foi ele confundido durante muito 
tempo com a simples sucessão de atos processuais (procedimento). 
ATENÇÃO: é muito comum a confusão entre processo, feito, procedimento, autos e 
ação. Tendo em vista que “processo”, “feito”, “procedimento”, “autos”, “ação”, 
aparecem muitas vezes desviados de sua precisa acepção, é importante conhecer o 
significado preciso de cada termo. Veja abaixo a distinção. 
 Para importantes doutrinadores, processo é: “a atuação da vontade da lei às lides 
ocorrentes, por meio dos órgãos jurisdicionais. Dito de outra forma, a finalidade do 
processo é obter a composição da lide, ou litígio. Compor a lide é resolvê-la conforme o 
direito objetivo fazendo atuar a vontade da lei” – Moacyr Amaral Santos; ou ainda “é o 
instrumento com o qual a jurisdição atua. É necessário o cumprimento de uma série de 
atos preparatórios, que se sucedem ordenadamente, a fim de proporcionar ao julgador 
o necessário conhecimento da situação de direito material sobre a qual incidirá o 
provimento. Essa série de atos constitui o processo, que se concebe como uma unidade 
em vista de uma finalidade, que dirige todo o seu desenvolvimento e cujo alcance é sua 
normal conclusão” – José Roberto Santos Bedaque. 
 Como se pode verificar, processo não é sinônimo de procedimento. O 
procedimento é o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve e termina o 
processo. É a manifestação extrínseca deste, a sua realidade fenomenológica 
perceptível. A noção de procedimento é puramente formal, não passando da 
coordenação de atos que se sucedem. Conclui-se, portanto, que o procedimento é o 
meio pelo qual a lei estampa os atos e fórmulas da ordem legal do processo 
 E também, processo não é sinônimo de “autos”. Os autos são a materialidade 
dos documentos em que se corporificam os atos do procedimento. Assim, o correto é 
dizer autos do processo que a ação faz surgir. 
 
2. Natureza jurídica do processo – teoria do processo como relação jurídica. 
 A teoria do processo como relação jurídica é a que conta com o maior número de 
adeptos. 
A relação processual é absolutamente distinta da relação jurídica substancial; uma 
coisa é a relação substancial, a res in iudicium deducta, entre as partes, e que constitui 
o objeto de ação, na qual o juiz não tem interesse; outra coisa é a relação processual, 
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estabelecida para servir àquela, e em cujo desenvolvimento e validade o juiz é tanto ou 
mais interessado do que as partes. 
A relação processual é complexa, uma vez que não compreende um único direito 
ou uma única obrigação, mas um conjunto de direitos e deveres, poderes e ônus, 
coordenados para um mesmo fim. Além disso, a relação processual é dinâmica, no 
sentido que se realiza em atos sucessivos. A relação processual é una, pois permanece 
a mesma do princípio ao fim, ainda que possam ocorrer modificações subjetivas (quanto 
às partes e ao juiz) e até mesmo modificações objetivas (quanto ao pedido). 
A doutrina confere à relação processual o caráter de relação de direito público, 
levando em consideração que os direitos e deveres processuais que se realizam no 
processo visam ao exercício da função jurisdicional, que é função do Estado. 
Assim, a figura do Estado, por ser órgão jurisdicional, aparece sobranceira na 
relação processual, certo que esta não se estabelece como as relações de direito 
privado, fora da intervenção do juiz, mas diante do juiz e com a sua necessária 
cooperação. 
 
3. Pressupostos processuais em espécie. 
“Pressuposto” deriva de “pre” (o que vem adiante, do latim prae, diante) e 
“suposto” (particípio de “supor”, de supponere, pôr debaixo, aproximar, dar por 
verdadeiro), ou seja, o que já se reputa existente. 
Segundo Fredie Didier Jr., pressupostos processuais são: todos os elementos de 
existência; requisitos de validade e; condições de eficácia do procedimento. 
Para Teresa Arruda Alvim Wambier são elementos cuja presença é 
imprescindível para a existência e para a validade da relação processual e, de outra 
parte, cuja inexistência é imperativa para que a relação processual exista validamente, 
nos casos dos pressupostos processuais negativos. 
Confira-se cada um deles. 
A) Pressupostos processuais de existência (autor, jurisdição e réu). 
Os pressupostos processuais de existência são aqueles essenciais à formação da 
relação jurídica processual, cuja ausência importa na inexistência desta, e, 
consequentemente, o processo jamais chega a existir. Daí podem ser arguidos a 
qualquer tempo. Podemos enumerar como pressupostos processuais de existência a 
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demanda, a jurisdição e a citação. A demanda apresenta-se como pressuposto 
processual de existência do processo, pois, como o juiz não age de ofício, é 
imprescindível o ato de alguém, que a ele se dirige, pedindo a tutela jurisdicional. Em 
tempos passados não se procedia desta forma, sobretudo no processo penal, quando 
os denominados processos inquisitórios podiam ser iniciados de ofício pelo juiz, sem 
provocação de quem quer que fosse. A palavra demanda está tomada aqui “no sentido 
de pedido, de pretensão sempre em uma forma escrita, que é a petição inicial”. 
• OBS: para questão de nomenclatura (que pode variar dependendo do autor 
adotado): os pressupostos de existência subdividem-se em subjetivos e em 
objetivos. Os subjetivos representam um órgão jurisdicional e a capacidade de ser 
parte (aptidão de ser sujeito processual). O pressuposto processual de existência 
objetivo é a própria demanda (ato que instaura um processo, ato de provocação). 
 
B) Pressupostos processuais de validade POSITIVOS (petição inicial apta, 
competência do juízo, imparcialidade do juiz e legitimidade). 
Uma vez iniciado o processo, para que se desenvolva regularmente, é necessário 
que estejam presentes outros elementos, denominados pressupostos processuais de 
validade. 
Tais pressupostos referem-se às partes, ao juiz e à demanda. O desenvolvimento 
regular do processo, até o provimento final do juiz, depende do atendimento a 
determinadas regras procedimentais, cuja não observância poderá até pôr fim à relação. 
Os pressupostos processuais de validade da relação jurídica processual podem 
ser positivos ou negativos. Os pressupostos positivos (ou intrínsecos) devem estar 
presentes na relação jurídica processual, são eles: capacidade de ser parte, capacidade 
para estar em juízo, capacidade postulatória, petição inicial regular, citação válida, 
competência do juízo, e imparcialidade do juízo. 
 
B1) Pressupostos processuais de validade NEGATIVOS (litispendência e coisa 
julgada).Já os pressupostos negativos (ou extrínsecos) constituem aquelas circunstâncias 
que não podem estar presentes em uma dada relação processual. Assim, para que a 
relação jurídica processual seja válida, os pressupostos negativos devem estar 
ausentes, e consistem eles em litispendência, coisa julgada, perempção e compromisso 
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arbitral. Vistos especificamente nas aulas 6 e 7. Litispendência e coisa julgada não 
podem estar configurados no processo sob pena de levar a segunda demanda à 
extinção sem resolução de mérito. 
• OBS: para questão de nomenclatura: os pressupostos processuais de 
validade subjetivos dizem respeito ao juiz (sua competência e imparcialidade) e 
às partes (que devem ter capacidade processual e capacidade postulatória). Já 
os pressupostos processuais de validade objetivos podem ser intrínsecos ou 
extrínsecos. Os intrínsecos são os pressupostos que devem ser vistos dentro do 
processo, como o adequado desenrolar dos atos processuais. Os extrínsecos, 
também chamados de negativos, são pressupostos que não devem estar 
presentes. Em outras palavras, para que o processo seja válido, não podem 
ocorrer, como a coisa julgada, por exemplo. 
 
Complemento: lembrando novamente! Links para questões (enviado por e-mail): 
 
1) Uma série de questões de concursos e exame de ordem pode ser 
localizada em diversos sites, como por 
exemplo: https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-
concurso/disciplina/direito-processual-civil. 
 
2) Exames anteriores da OAB - http://oab.fgv.br/, escolher a seccional e 
consultar; 
 
3) Provas anteriores do Ministério Público 
- http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/interna/concursos, 
escolher o concurso e consultar as provas. 
 
4) Provas anteriores para Juiz do 
Trabalho: http://www.trtsp.jus.br/legislacao/21-
institucional/concursos/magistrados/148-provas-da-magistratura 
 
5) Diversas provas podem ser encontradas em sites específicos - exemplo: 
Juiz TJ/RJ: https://www.qconcursos.com/questoes-de-
concursos/provas/vunesp-2016-tj-rj-juiz-substituto 
https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/disciplina/direito-processual-civil
https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/disciplina/direito-processual-civil
http://oab.fgv.br/
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/interna/concursos
http://www.trtsp.jus.br/legislacao/21-institucional/concursos/magistrados/148-provas-da-magistratura
http://www.trtsp.jus.br/legislacao/21-institucional/concursos/magistrados/148-provas-da-magistratura
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/vunesp-2016-tj-rj-juiz-substituto
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/vunesp-2016-tj-rj-juiz-substituto
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aula 10 – COMPETÊNCIA. 
EMENTA: Conhecer as regras de definição da 
competência do juízo. Compreender as regras referentes 
à competência absoluta e relativa e as formas de 
modificação da competência relativa. Conhecer as regras 
de definição da competência do juízo. Compreender as 
regras referentes à competência absoluta e relativa e as 
formas de modificação da competência relativa. 
 
Introdução. 
 A competência é estabelecida em lei e determina os limites do poder de julgar. 
Consiste na limitação do exercício da jurisdição atribuída a cada órgão ou grupo de 
órgãos jurisdicional – é a medida da jurisdição. 
 Nesse sentido, confira-se a disposição do CPC, no artigo 42: “As causas cíveis 
serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às 
partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei”. 
 É “incompetente” o juiz que não tem o poder de julgar atribuído por lei e, em 
caso de julgamento, seus atos poderão ser declarados nulos, assim, se um juiz assume 
uma vara criminal, não poderá julgar ações de divórcio, pois a competência a ele 
atribuída não abrange as ações de família, por exemplo. 
 A competência, no processo civil, é trazida nos artigos 42 a 66, do Código de 
Processo Civil e no processo penal, nos artigos 69 a 91, do Código de Processo Penal. 
 
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1. Regras (ou critérios) para definição de competência. 
 Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência 
são: a) o da soberania nacional; b) o da hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais 
(critério funcional); c) o da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no 
litígio (critério objetivo), e; d) os dos limites territoriais que cada órgão judicial exerce a 
atividade jurisdicional (critério territorial). 
 A regra geral para definição da competência está no artigo 43, do CPC, que 
dispõe: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da 
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito 
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a 
competência absoluta” – trata-se da chamada competência por distribuição (critério 
territorial). 
 A competência, na forma do artigo 44, do CPC, obedecerá aos limites 
estabelecidos na Constituição Federal (foro por prerrogativa de função, por exemplo – 
determinadas autoridades somente podem ser julgadas por determinados órgãos do 
Poder Judiciário, como é o caso do julgamento dos deputados federais pelo STF em 
caso de crimes comuns – artigo 53, §1º, da CF1) e será determinada pelas regras 
previstas no CPC/lei especial, pelas normas de organização judiciária (lei estadual2) 
e pelas constituições dos Estados3. 
 Contudo, para se determinar o juízo competente, uma análise pormenorizada 
deve ser desenvolvida além da regra geral. Vejamos cada um deles. 
 
1.1. Competência internacional (critério da soberania nacional). 
 Como é sabido, a jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por consequência 
natural, deve ser exercida dentro do seu território. Entretanto, a necessidade de 
 
1 Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, 
palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 1º Os Deputados e 
Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 2º Desde a expedição do diploma, 
os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. 
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo 
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
35, de 2001) (...) 
2 Em São Paulo, a organização judiciária é disciplinada pelo Decreto Lei 158/69 – disponível em: 
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html 
3 A constituição do Estado de São Paulo pode ser consultada aqui: 
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument
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convivência entre os Estados, independentes e soberanos, fez nascer regras que levam 
um Estado a acatar, dentro de certos limites estabelecidos em tratados internacionais, 
as decisões proferidas por juízes de outros Estados. 
 Diante dessa realidade, o legislador nacional definiu casos em que a 
competência é exclusiva do Poder Judiciário brasileiro, e casos em que a 
competência é concorrente/cumulativa, sendo que a decisão proferida no estrangeiro 
pode vir a gerar efeitos dentro do nosso território, após ser homologada pelo STJ. 
 A competência será exclusiva, na forma do artigo 23, do CPC: “Compete à 
autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações 
relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder 
à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no 
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de 
união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional”. 
 A competência será concorrente/cumulativa, na forma dos artigos 21 e 22, do 
CPC: “Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I 
- o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil 
tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado 
no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada 
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 
22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de 
alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver 
vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou 
obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando 
o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou 
tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional”. 
• Atenção: a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz 
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça 
da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em 
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. A 
pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de 
sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil (artigo 
24, do CPC). 
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• Atente-se também: não compete à autoridade judiciária brasileira o 
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro 
exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação, 
salvo as causas de competência exclusiva da jurisdição nacional. 
 
1.2. Competência funcional (critério funcional). 
 Divide-se a atividade jurisdicional entre órgãos que devam atuar dentro do 
mesmo processo. 
 Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade 
de determinados atos se realizarem perante órgãos diversos; é o caso da carta 
precatória para citação ou intimação e oitiva de testemunha que esteja domiciliada em 
comarca diversa daquela em que tramita o processo, para a realização de penhora de 
bem situado em comarca diversa. 
 Essa competência é alterada também de acordo com o grau de jurisdição. 
Normalmente se desloca a competência para um órgão de segundo grau, um tribunal, 
para reapreciar processo decidido em primeira instancia por meio de recurso. 
 
1.3. Critério objetivo. 
O critério objetivo engloba: 
a) Competência em razão da pessoa (partes): a fixação da competência tendo em 
conta as partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar a determinação da 
competência originaria dos tribunais, para ações em que a Fazenda Pública for parte 
etc.; 
b) Competência em razão da matéria (ratione materiae): causa de pedir; considera-
se, ao fixar a competência, a natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo 
fato jurídico que lhe dá ensejo, por exemplo: para conhecer de uma ação de separação, 
será competente um dos juízes das Varas da Família e Sucessões, quando os houver 
na Comarca; 
c) Competência em razão do valor da causa (pedido): serve para delimitar, entre 
outras hipóteses, competência de varas distritais, ou, quando houver organizado, dos 
Tribunais de Alçada. 
 
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1.4. Competência territorial (critério territorial). 
É o critério que se apega à circunscrição geográfica. É o critério de foro que se 
encontra no CPC, nos artigos 46 a 53, confira-se: 
OBS: foro é a comarca onde a demanda deve ser proposta, isto é, a competência 
territorial para o ajuizamento da ação. A comarca corresponde ao território em que o 
juiz de primeiro grau irá exercer sua jurisdição e pode abranger um ou mais municípios, 
dependendo do número de habitantes e de eleitores, do movimento forense e da 
extensão territorial dos municípios do estado, entre outros aspectos. Cada comarca, 
portanto, pode contar com vários juízes ou apenas um, que terá, no caso, todas as 
competências destinadas ao órgão de primeiro grau4. 
Caso Local/foro Artigo do CPC e regras 
específicas 
Direito pessoal ou real sobre 
bens móveis 
Foro do domicílio do réu Art. 46. A ação fundada em 
direito pessoal ou em direito 
real sobre bens móveis será 
proposta, em regra, no foro 
de domicílio do réu. § 
1o Tendo mais de um 
domicílio, o réu será 
demandado no foro de 
qualquer deles. § 2o Sendo 
incerto ou desconhecido o 
domicílio do réu, ele poderá 
ser demandado onde for 
encontrado ou no foro de 
domicílio do autor. § 
3o Quando o réu não tiver 
domicílio ou residência no 
Brasil, a ação será proposta 
no foro de domicílio do autor, 
e, se este também residir fora 
do Brasil, a ação será 
proposta em qualquer foro. § 
4o Havendo 2 (dois) ou mais 
réus com diferentes 
domicílios, serão 
demandados no foro de 
qualquer deles, à escolha do 
autor. § 5o A execução fiscal 
será proposta no foro de 
domicílio do réu, no de sua 
residência ou no do lugar 
onde for encontrado. 
Direito real sobre imóveis Foro de situação da coisa Art. 47. Para as ações 
fundadas em direito real 
sobre imóveis é competente o 
foro de situação da coisa. § 
 
4 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-
entrancia-e-instancia 
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-entrancia-e-instancia
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-entrancia-e-instanciaCentro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
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1o O autor pode optar pelo 
foro de domicílio do réu ou 
pelo foro de eleição se o 
litígio não recair sobre 
direito de propriedade, 
vizinhança, servidão, 
divisão e demarcação de 
terras e de nunciação de 
obra nova. § 2o A ação 
possessória imobiliária 
será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo 
tem competência absoluta. 
Inventário, partilha, 
arrecadação, cumprimento 
de disposições de última 
vontade, impugnação ou 
anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for 
réu 
Foro de domicílio do autor da 
herança 
Art. 48. O foro de domicílio 
do autor da herança, no 
Brasil, é o competente para o 
inventário, a partilha, a 
arrecadação, o cumprimento 
de disposições de última 
vontade, a impugnação ou 
anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for 
réu, ainda que o óbito tenha 
ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor 
da herança não possuía 
domicílio certo, é 
competente: I - o foro de 
situação dos bens imóveis; II 
- havendo bens imóveis em 
foros diferentes, qualquer 
destes; III - não havendo 
bens imóveis, o foro do local 
de qualquer dos bens do 
espólio. 
Réu ausente Foro de seu último domicílio, 
também competente para a 
arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias 
Art. 49. A ação em que o 
ausente for réu será 
proposta no foro de seu 
último domicílio, também 
competente para a 
arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias. 
Réu incapaz Foro de domicílio de seu 
representante ou assistente 
Art. 50. A ação em que o 
incapaz for réu será 
proposta no foro de domicílio 
de seu representante ou 
assistente. 
Quando a União ou Estado 
forem autores 
Foro de domicílio do réu Art. 51. É competente o foro 
de domicílio do réu para as 
causas em que seja autora a 
União. Parágrafo único. Se a 
União for a demandada, a 
ação poderá ser proposta no 
foro de domicílio do autor, no 
de ocorrência do ato ou fato 
que originou a demanda, no 
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de situação da coisa ou no 
Distrito Federal. Art. 52. É 
competente o foro de 
domicílio do réu para as 
causas em que seja autor 
Estado ou o Distrito 
Federal. Parágrafo único. Se 
Estado ou o Distrito Federal 
for o demandado, a ação 
poderá ser proposta no foro 
de domicílio do autor, no de 
ocorrência do ato ou fato que 
originou a demanda, no de 
situação da coisa ou na 
capital do respectivo ente 
federado. 
Para a ação de divórcio, 
separação, anulação de 
casamento e reconhecimento 
ou dissolução de união 
estável 
Foros: a) de domicílio do 
guardião de filho incapaz; b) 
do último domicílio do casal, 
caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se 
nenhuma das partes residir 
no antigo domicílio do casal. 
Art. 53. É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, 
separação, anulação de 
casamento e reconhecimento 
ou dissolução de união 
estável: a) de domicílio do 
guardião de filho incapaz; b) 
do último domicílio do casal, 
caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se 
nenhuma das partes residir 
no antigo domicílio do casal; 
Ação em que se pedem 
alimentos 
Foro do domicílio ou 
residência do alimentando 
Art. 53 (...) II - de domicílio ou 
residência do alimentando, 
para a ação em que se 
pedem alimentos; 
Ré pessoa jurídica Foro do local da sede; onde 
se acha agência ou sucursal, 
quanto às obrigações que a 
pessoa jurídica contraiu; 
onde exerce suas atividades, 
para a ação em que for ré 
sociedade ou associação 
sem personalidade jurídica. 
Art. 53, inciso III, alíneas “a”, 
“b” e “c”. 
Ação que visa o cumprimento 
de obrigações 
Onde a obrigação deve ser 
satisfeita 
Art. 53, inciso III, alínea “d”. 
Direitos previstos no Estatuto 
do Idoso – Lei nº 
10.741/20035. 
Foro do local da residência do 
idoso 
Art. 53, inciso III, alínea “e”. 
Ação de reparação de dano 
por ato praticado em razão do 
ofício notarial 
Foro da sede da serventia Art. 53, inciso III, alínea “f”. 
Ação para reparação de 
danos 
Foro do local do ato ou fato Art. 53, inciso IV. 
Ação de reparação de dano 
sofrido em razão de delito ou 
acidente de veículos, 
inclusive aeronaves 
Foro do domicílio do autor ou 
local do fato 
Art. 53, inciso V. 
 
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
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• Conclusão para fixação de competência (etapas): 
Do ponto de vista didático, a fixação da competência observará o seguinte passo a 
passo, sintetizando as colocações acima: 
1º) A competência é internacional ou interna? 
2º) Se interna, a competência é exclusiva ou concorrente? 
3º) Se interna, a competência é da Justiça comum ou especial? 
4º) Se da Justiça comum, a competência é federal ou estadual? 
5º) Verificação da competência territorial e; 
6º) Verificação da Vara6. 
 
2. Classificação de competência. 
Vide tabela: 
COMPETÊNCIA DE FORO 
(TERRITORIAL). 
Foro é a unidade territorial sobre a qual 
se exerce o poder jurisdicional. Primeiro, 
verifica-se qual é o foro competente, de 
acordo com as regras do CPC. 
COMPETÊNCIA DO JUÍZO. 
Após a verificação do foro competente, o 
próximo passo é verificar qual é o juízo 
competente, segundo as leis de 
organização judiciária. 
 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. 
Pode ser atribuída ao juízo singular (é a 
regra) ou ao tribunal (excepcional, como 
nos casos de ação rescisória, mandado 
de segurança contra ato judicial etc.). 
COMPETÊNCIA DERIVADA OU 
RECURSAL. 
Normalmente é atribuída a um tribunal. 
Caso de juízo singular com competência 
recursal: os embargos infringentes de 
alçada são julgados pelo mesmo juízo 
 
6 As varas representam a área de atuação definida de cada juiz. 
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9 
 
prolator da sentença (art. 34 da Lei 
6.830/80). 
COMPETÊNCIA RELATIVA. 
1) É fixada para atender 
preponderantemente ao interesse 
particular. 
2) Deve ser arguida pelo réu na 
contestação, sob pena de preclusão e 
prorrogação do juízo (art. 657). Pode ser 
alegada pelo MP nas causas de sua 
atuação (art. 65, parágrafo único). O 
assistente simples não pode alegar 
incompetência relativa em favor do 
assistido (aplicação do art. 122). 
3) Súmula 33 do STJ: a incompetência 
relativa não pode ser conhecida de ofício. 
4) Pode ser modificada pelo foro de 
eleição (art. 63) ou pela simples não 
alegação. Pode ser alterada por conexão 
ou continência. 
5) Mudança superveniente é irrelevante 
(aplicação da perpetuatio jurisdicionis). 
Exemplos: territorial (regra geral) e em 
razão do valor da causa (quando ficar 
aquém do limite estabelecido por lei). 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 
1) É fixada para atender 
preponderantemente ao interesse 
público. 
2) Pode ser alegada a qualquer tempo, 
por qualquer das partes. Se a decisão 
transitar em julgado, cabe ação rescisória 
para desconstituí-la (art. 966, II). 
3) Deve ser declarada de ofício (art. 64, 
§1º). Não pode ser alterada por vontade 
das partes8. 
4) Não pode ser alterada por conexão ou 
continência. 
5) Mudança superveniente impõe o 
deslocamento da causa para outro juízo 
(excepciona a perpetuatio jurisdicionis). 
Exemplos: em razão da matéria; em 
razão da pessoa; funcional; territorial (em 
alguns casos – vide no caso de ação civil 
pública – artigo 2º, da Lei nº 7.347/859); 
em razão do valor da causa (quando 
extrapolar os limitesestabelecidos pelo 
legislador). 
 
7 Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de 
contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas 
causas em que atuar. 
8 Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 
1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada 
de ofício. § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de 
incompetência. § 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo 
competente. § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão 
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
9 Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá 
competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a 
jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir 
ou o mesmo objeto. 
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3. Competência absoluta (conforme distinção feita na tabela acima). 
A competência absoluta jamais pode ser modificada, pois é determinada de 
acordo com o interesse público, assim não é plausível de mudança pelas circunstâncias 
processuais ou vontade das partes. A competência absoluta é assim considerada 
quando fixada em razão da matéria (ratione materiae, em razão da natureza da ação, 
exemplo: ação civil, ação penal etc.), da pessoa (ratione personae, em razão das partes 
do processo) ou por critério funcional (em razão da atividade ou função do órgão 
julgador, por exemplo: competência para julgamento de recurso), em alguns casos o 
valor da causa bem como a territorialidade podem ser consideradas competência 
absoluta, mas a isso se trata como exceção. 
A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício, e a qualquer momento do 
processo ela pode ser alegada, tanto pelas partes quanto pelo próprio juiz. Se houver 
vício no processo referente à competência absoluta, isso acarreta em uma nulidade 
absoluta do processo. Mesmo depois de trânsito em julgado, se no prazo de dois anos 
for identificada a incompetência absoluta é possível desconstituí-la em ação rescisória. 
Reconhecida a incompetência absoluta os atos já praticados tornam-se nulos, e o 
processo é enviado ao juiz deveras competente. A regra de competência absoluta não 
é passível de alteração por continência ou conexão. 
 
4. Competência relativa (conforme distinção feita na tabela acima). 
A competência relativa, diz respeito ao interesse privado, ela é fixada de acordo 
com critérios em razão do valor da causa (Juizados Especiais Estaduais, Federais e da 
Fazenda Pública, que tem um teto previsto para o valor das ações) em razão da 
territorialidade (de acordo com a circunscrição territorial judiciária, foro comum: domicilio 
do acusado) 
Diferente da incompetência absoluta, a relativa só pode ser requerida pelo réu, no 
prazo da resposta sobre a penalidade de preclusão. Assim, o juiz não pode reconhecê-
la de oficio, mas o Ministério Público pode alegá-la em benefício de réu incapaz. 
A arguição de incompetência relativa deve ser feita por exceção instrumental, que 
deve ser ajuizada em peça apartada da contestação. Porém o Superior Tribunal de 
Justiça, tem entendido que essa pode acontecer também na contestação. 
Depois de reconhecida a incompetência relativa, remete-se os autos aos juízes 
competentes, porém não há anulação dos atos já praticados, ou seja opera efeitos ex-
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nunc. A regra de competência relativa pode ser modificada também por conexão e 
continência. 
 
5. Modificação da competência10 (artigos 54 a 63, do CPC). 
Segundo a regra do artigo 54, do CPC, a modificação da competência se dará por 
conexão ou continência: “Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela 
conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção”. 
• Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o 
pedido ou a causa de pedir (artigo 55, do CPC). 
• Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver 
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, 
por ser mais amplo, abrange o das demais (artigo 56, do CPC). 
OBS: prevenção (artigos 58 e 59, do CPC): significa a fixação da competência, num 
dado juízo, através de ato concreto: “Art. 59. O registro ou a distribuição da petição 
inicial torna prevento o juízo”. É, portanto, um critério de confirmação e manutenção da 
competência do juiz que conheceu a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua 
jurisdição e excluindo possíveis competências concorrentes de outros juízos. 
5.1. Foro de eleição: nas ações que envolvem direitos subjetivos de caráter patrimonial 
e disponível, onde impera a liberdade contratual privada, as partes contratantes podem 
fixar diversas regras jurídicas para reger a relação contratual, inclusive alterando as 
disposições ordinárias da legislação. O contrato, nesse âmbito, faz lei entre as partes e 
permite a modificação de alguns critérios processuais, dentre eles, a competência 
relativa, concernente à territorialidade. Trata-se da regra do artigo 63, do CPC: 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor 
e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de 
direitos e obrigações. § 1o A eleição de foro só produz efeito quando 
constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado 
negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e 
sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição 
de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que 
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
 
10 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4854 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4854
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4854
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§4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de 
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
6. Conflito de competência (artigo 66, do CPC). 
 Não se faz incomum, na prática, que dois ou mais juízes se deem por competentes 
para um mesmo processo, ou, ao contrário, se entendam incompetentes para apreciar 
a causa. 
 O conflito de competência, portanto, pode ser positivo ou negativo. Será 
positivo quando ambos os juízes assinalarem sua competência para o feito e, negativo, 
quando a controvérsia versar sobre a afirmação de incompetência por parte de ambos. 
 O conflito de competência será encaminhado ao Presidente do Tribunal 
hierarquicamente superior aos magistrados conflitantes, que julgará o conflito, decidindo 
qual o juiz competente para a causa e pronunciar-se-á, igualmente, sobre a validade 
dos atos até então praticados pelo juiz incompetente (artigos 951 e seguintes do CPC). 
Art. 66. Há conflito de competência quando: 
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo 
um ao outro a competência; 
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião 
ou separação de processos. 
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada 
deveráProfessor Gustavo Belucci 
4 
Há também, nesta temática, quem diferencie os conceitos de acesso ao Judiciário, 
acesso à Jurisdição, e acesso à Justiça, nos seguintes termos: Cláusula do acesso à justiça: 
insere o indivíduo em uma sociedade em que ele pode ter acesso a proteger os seus direitos. 
Proteção dos direitos subjetivos e, caso precise, mediante a atuação/intervenção do Estado. 
Trata-se do conceito mais amplo. Acesso à jurisdição (direito fundamental à tutela jurídica 
efetiva) – direito ao devido processo, a que a tutela jurisdicional seja efetiva, que o processo 
seja equânime, em prazo razoável, com o cumprimento da decisão. Conceito ligado ao 
processo justo e às garantias processuais, fenômeno endoprocessual. Acesso ao judiciário 
– acesso ao Poder Judiciário; criação de órgãos jurisdicionais, aproximar a população, justiça 
itinerante. 
 
c) Juiz natural (promotor natural) 
 “ (...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...) LIII - ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade competente”. 
O princípio do juiz natural preleciona a utilização de regras objetivas de competência 
jurisdicional para garantir independência e a imparcialidade do órgão julgador. 
Trata-se, portanto, de um juiz previamente encarregado, na forma da lei, como 
competente para o julgamento de determinada lide, o que impede, entre outras coisas, o 
abuso de poder. Como consequência, não se admite a escolha específica nem a exclusão de 
um magistrado de determinado caso. 
Com base nesse entendimento, uma vara de família – que, entre outros assuntos, cuida 
de divórcios e guarda de filhos - não pode analisar uma ação criminal (latrocínio, por 
exemplo). No caso de haver mais de uma vara ou turma especializadas no mesmo tema, os 
processos são distribuídos aos magistrados por meio de sorteio, novamente para garantir a 
imparcialidade das decisões.5 
 
d) Devido processo legal – “due process of law” (artigo 5º, inciso LIV, da CF)6. 
(...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
 
5 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85865-cnj-servico-principio-do-juiz-natural 
6 Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/22857/principio-do-devido-processo-legal 
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85865-cnj-servico-principio-do-juiz-natural
https://jus.com.br/artigos/22857/principio-do-devido-processo-legal
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5 
É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas 
previstas em lei e todas as garantias constitucionais. Se no processo não forem observadas 
as regras básicas, ele se tornará nulo. 
Segundo José Afonso da Silva, o princípio do devido processo legal combinado com o 
direito de acesso à justiça (artigo 5º, XXXV), o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV), 
fecha o ciclo das garantias processuais. Assim, garante-se o processo, com as formas 
instrumentais adequadas, de forma que a prestação jurisdicional, quando entregue pelo 
Estado, dê a cada um, o que é seu. Inegavelmente, o contraditório, a ampla defesa e o direito 
de acesso à justiça (princípio da inafastabilidade da jurisdição) são inerentes ao devido 
processo legal. De fato, representam corolários da aplicação deste princípio. Contudo, a 
materialização do devido processo legal vai mais além, isto é, se dá de forma ainda mais 
abrangente, como se pode notar com alguns exemplos: o tratamento paritário conferido às 
partes envolvidas no processo (art. 5º, I, CPC); a publicidade do processo (art. 5º, LX, CF); a 
proibição da produção de provas ilícitas (art. 5º, LVI); a imparcialidade do julgador, bem como 
a garantia do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII); a motivação das decisões (art. 93, IX); a 
duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII), etc. Todos esses princípios e garantias 
solidificam o devido processo legal, ou seja, formam um processo legalmente estabelecido. 
 
e) Contraditório e ampla defesa (artigo 5º, inciso LV) e do duplo grau de jurisdição (“meios e 
recursos a ela inerentes”)7. 
(...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Previsão no CPC: “Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I à tutela provisória 
de urgência; II às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III à 
decisão prevista no art. 701. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, 
com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de 
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. 
Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio do contraditório, que é inerente ao 
direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega 
alguma coisa, há de ser ouvida também a outra, dando-se-lhe oportunidade de resposta. Ele 
 
7 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10512&revista_caderno=26 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art311ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art701
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10512&revista_caderno=26
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10512&revista_caderno=26
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supõe o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de 
reação. Exige: 1- notificação dos atos processuais à parte interessada; 2- possibilidade de 
exame das provas constantes do processo; 3- direito de assistir à inquirição de testemunhas; 
4- direito de apresentar defesa escrita. 
A ampla defesa consubstancia-se no direito das partes de oferecer argumentos em seu 
favor e de demonstrá-los, nos limites legais em que isso for possível. Existe, portanto, uma 
conexão do princípio da ampla defesa com os princípios da igualdade e do contraditório. O 
princípio da ampla defesa não supõe uma infinidade de atos no que concerne à produção da 
defesa a bel prazer, sem limites determinados ou mesmo a qualquer tempo ou a qualquer 
hora, mas, ao contrário, que a defesa necessária se produza pelos meios e elementos totais 
de alegações e de provas no tempo processual que será devidamente oportunizado pela lei. 
Sob enfoque penal, o princípio da ampla defesa figura como uma garantia com destinatário 
certo, qual seja, o acusado. E a defesa pode ser subdividida em: defesa técnica (defesa 
processual ou específica), exercida por profissional habilitado; e autodefesa (defesa material 
ou genérica) exercida pelo próprio imputado. 
• Atenção com o duplo grau de jurisdição: o princípio do duplo grau de jurisdição nos 
revela a possibilidade de revisão, mediante o recurso cabível, das causas já julgadas 
pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância). Dessa forma, esse princípio nos 
garante a possibilidade de revisão por uma instância superior. A raiz desse princípio 
encontra-se na própria história do homem que insatisfeito com o resultado busca sempre 
rever uma decisão ou seja, pede uma segunda opinião. De forma geral, os princípios 
ficam a critério das partes, para serem examinados por uma instância superior, ad 
quem, em razão de não concordar com a decisão da instância inferior. Não é expresso 
na CF. 
• Quadro esquemático de organização judiciária no Brasil (vide artigos 92 a 126, da CF): 
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Teoriasuscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. 
 
OBSERVAÇÃO. 
1) Competência federal (artigo 109, da CF): toda vez que se configurarem as 
situações descritas no artigo 109, da CF, a competência será da Justiça federal: 
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada 
ou residente no País; 
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III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse 
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e 
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, 
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento 
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça 
Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, 
após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas”. 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 11 e 12 – SUJEITOS DO PROCESSO. 
EMENTA: Identificar os sujeitos do processo e os direitos e 
deveres das partes, dos procuradores e do juiz. Conceituar 
parte. Diferenciar capacidade de ser parte e capacidade 
processual. Entender a diferença entre representação e 
assistência. Definir as modalidades de curador. Entender 
sucessão das partes e dos procuradores. Analisar a pluralidade 
de partes: litisconsórcio. Analisar intervenção de terceiros. 
 
1. Sujeitos do processo. 
 Cintra, Grinover e Dinamarco, lecionam que sendo um instrumento para a 
resolução imparcial dos conflitos que se verificam na vida social, o processo apresenta, 
necessariamente, pelo menos três sujeitos: o autor e o réu, nos polos contrastantes 
da relação processual, como sujeitos parciais; e, como sujeito imparcial, o juiz, 
representando o interesse coletivo orientado para a justa resolução do litígio. Vejamos 
cada uma destas partes. 
 
2. Direitos e deveres das partes, dos procuradores e do juiz. 
 Conceito de parte1: o conceito de parte é em verdade conceito eminentemente 
processual, além de ser técnico. Não é nada fácil, porém, a determinação do conceito 
de parte, mesmo que no campo processual. Parte revela-se como conceito ambíguo e 
 
1 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7153 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7153
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por vezes polissêmico, uma vez que pode significar ao mesmo tempo, a porção ou 
quinhão integrante de um todo maior, e também pode indicar aquele que participa, 
tomando parte de relação jurídica processual. A ideia matriz é a de litígio como conflito 
de interesses tal como vem descrito na petição inicial, que sendo tal conflito uma 
unidade processual, algo inteiro e completo, onde os sujeitos em conflito serão uma 
porção deste, na medida em que, pelo antagonismo em que os mesmos se encontram 
em relação à controvérsia, sua própria posição de contraste afinal define o conflito. 
Parte será, portanto, toda a pessoa física ou jurídica com envolvimento numa 
demanda, diante do juiz fazendo um elo trilateral juiz-autor-réu. Como supracitado, 
o conceito de parte é ligado intimamente ao conceito de jurisdição, uma vez que o 
conceito de parte é eminentemente processual devendo cada parte colaborar com a 
justiça. As partes, formadas por demandante (autor) e demandado (réu), podem ser 
chamadas de exequente e executado nas ações de execução, de promovente e 
promovido nas ações de demarcação de terras, de reivindicante e reivindicado nas 
ações reivindicatórias, de querelante e querelado nas ações penais privadas, de 
reclamante e reclamado nas ações trabalhistas, enfim, dependendo da natureza da 
ação há um nome técnico usado para determinar as partes. Além disso, deve estar em 
claro que uma das partes – o autor – ao acionar a máquina estatal para intervir num 
determinado conflito, não quer de maneira alguma dizer que o Estado fará a vontade do 
demandante, uma vez que o Estado-juiz foi apenas acionado e, a partir disso, torna-se 
um ser imparcial e cego para as diferenças entre as partes, podendo inclusive a decisão 
judiciária ser contra o esperado do próprio autor da demanda, uma vez que o que está 
em jogo é a justiça e não o desejo de quem demanda. 
 
2.1. Deveres das partes (artigos 77 a 79, do CPC). 
São deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer 
forma participem do processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que 
são destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou à defesa do direito; 
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IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória 
ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o 
endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando 
essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou 
definitiva; 
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
• Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas 
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato 
atentatórioà dignidade da justiça. 
• A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade 
da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais 
cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, 
de acordo com a gravidade da conduta. 
• Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será 
inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da 
decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal. 
• Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista poderá ser 
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. 
• Advogados públicos ou privados e membros da Defensoria Pública e do 
Ministério Público terão eventual responsabilidade disciplinar a ser apurada pelo 
respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. 
• Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o 
restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos 
autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da multa 
• O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em 
seu lugar. 
Também é vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do 
Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do 
processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados. Quando 
expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz 
advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a 
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palavra. De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões 
ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de 
certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte 
interessada. 
OBS: segundo o Novo CPC, também não se deve esquecer: 
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral 
do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-
se de acordo com a boa-fé. 
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se 
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
 
2.2. Consequências da violação dos deveres das partes e a litigância de má-fé 
(artigos 80 e 81, do CPC). 
Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou 
interveniente (artigo 79, do CPC). 
Considera-se litigante de má-fé aquele que (artigo 80, do CPC): 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato 
incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
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De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, 
que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido 
da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com 
os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 
• Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um 
na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que 
se coligaram para lesar a parte contrária. 
• Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada 
em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. 
• O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-
lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. 
 
2.3. Deveres, direitos, sucessão e responsabilidade dos procuradores (artigos 103 
a 111, do CPC). 
 A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem 
dos Advogados do Brasil. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver 
habilitação legal. 
• Necessidade de procuração para o advogado (artigos 104 e 105, do CPC): O 
advogado não será admitido a postular em juízo SEM PROCURAÇÃO, salvo 
para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato 
considerado urgente. O advogado deverá, independentemente de caução, exibir 
a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por 
despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente 
àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e 
por perdas e danos. 
• A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, 
exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, 
desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, 
firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que 
devem constar de cláusula específica. 
• A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. A procuração 
deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos 
Advogados do Brasil e endereço completo. Se o outorgado integrar sociedade de 
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advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de 
registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. Salvo 
disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a 
procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do 
processo, inclusive para o cumprimento de sentença. 
 O advogado tem direito a (artigo 107, do CPC) - ver também o artigo 7º, do 
Estatuto da OAB2: 
I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem 
procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de 
tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, 
salvo na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado 
constituído terá acesso aos autos; 
II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo 
prazo de 5 (cinco) dias; 
III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre 
que neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em 
lei. 
• Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento próprio. 
• Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão retirar os autos 
somente em conjunto ou mediante prévio ajuste, por petição nos autos. É lícito ao 
procurador retirar os autos para obtenção de cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6 
(seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da continuidade do 
prazo. 
• O procurador perderá no mesmo processo o direito de retirar os autos se não 
devolver os autos tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz. 
 
2.3.1. Sucessão das partes e dos procuradores (artigos 108 a 112, do CPC). 
 Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio 
ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o. 
 
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm
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 A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no mesmo 
ato, outro que assuma o patrocínio da causa. Não sendo constituído novo procurador 
no prazo de 15 (quinze) dias, observar-se-á o disposto no art. 763. 
 O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma 
prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este 
nomeie sucessor. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a 
representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo. Dispensa-se a 
comunicação quando a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte 
continuar representada por outro, apesar da renúncia. 
 
2.4. Deveres, poderes e responsabilidade do juiz (artigos 139 a 143, do CPC). 
No primeiro grau de jurisdição, os órgãos judiciários civis são monocráticos ou 
singulares, isto é, formados apenas por um juiz. Nos graus superiores (instâncias 
recursais), os juízos são coletivos ou colegiados, formando tribunais, compostos de 
vários juízes, que, às vezes, recebem denominações especiais como as de 
desembargador ou ministro. A Constituição de 1988 criou, outrossim, a figura do Juiz de 
Paz, que deve ser eleito pelo voto popular, com competência definida por lei ordinária, 
para o procedimento de habilitação e celebração do casamento, e para exercer 
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional. 
O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela duração razoável do processo; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e 
indeferir postulações meramente protelatórias; 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, 
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
 
3 Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz 
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. § 1o Descumprida a 
determinação, caso o processo esteja na instância originária: I - o processo será extinto, se a providência 
couber ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; II - o terceiro será considerado 
revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. § 2o Descumprida a determinação 
em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: I - não 
conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II - determinará o desentranhamento das 
contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com 
auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios 
de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir 
maior efetividade à tutela do direito (somente pode ser determinada antes 
de encerrado o prazo regular); 
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força 
policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; 
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, 
para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena 
de confesso; 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento 
de outros vícios processuais; 
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar 
o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros 
legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 
1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o 
caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. 
• O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do 
ordenamento jurídico e só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (artigo 
140). 
• O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado 
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte 
(artigo 141). 
• Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do 
processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá 
decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades 
da litigância de má-fé (artigo 142). 
• O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no 
exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou 
retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a 
requerimento da parte (somente serão verificadas depois que a parte requerer ao 
juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 
10 dias) – artigo 143. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7347orig.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7347orig.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art82
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3. Capacidade para ser parte x capacidade processual x capacidade postulatória. 
 A capacidade de ser parte é a aptidão para figurar como parte em um dos polos 
da relação processual. Pode ser parte todo aquele que tiver capacidade de direito 
(artigos 1º e 2º do Código Civil4). 
 Já a capacidade processual é a aptidão para agir em juízo. Toda pessoa que se 
acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo, conforme reza 
o artigo 70 do Código de Processo Civil5. 
 A capacidade postulatória, por sua vez, é a capacidade (capacidade técnica-
formal - inscrição na OAB) conferida pela lei aos advogados para praticar atos 
processuais em juízo, sob pena de nulidade do processo, de acordo com os artigos 1º 
e 3º da Lei 8.906/94. As pessoas não advogadas precisam, portanto, integrar a sua 
incapacidade postulatória, nomeando um representante judicial: o advogado. Nos 
termos do artigo 133 da CF, o advogado é indispensável à administração da justiça. 
Assim, para postular em juízo é imprescindível que a parte tenha a habilitação de 
advogado, ou seja, que ostente o título de bacharel em Direito e encontre-se inscrito na 
OAB. 
OBS1: Curador especial – artigo 72, do CPC: o juiz nomeará curador especial 
ao: I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem 
com os daquele, enquanto durar a incapacidade; II - réu preso revel, bem como 
ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído 
advogado. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos 
da lei. 
OBS 2: Necessidade de consentimento do cônjuge – artigo 73, do CPC: o 
cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre 
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta 
de bens. Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que 
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os 
cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um 
dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a 
 
4 Art. 1o Todapessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2o A personalidade civil da pessoa 
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
5 Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. 
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. 
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constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. 
Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é 
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. Aplica-
se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. O 
consentimento pode ser suprido judicialmente quando for negado por um dos 
cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. A falta de 
consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. 
OBS3: Demais representações – artigo 75, do CPC: serão representados em 
juízo, ativa e passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, 
diretamente ou mediante órgão vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por 
seus procuradores; III - o Município, por seu prefeito ou procurador; IV - a 
autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado 
designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou 
vacante, por seu curador; VII - o espólio, pelo inventariante; VIII - a pessoa jurídica, 
por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa 
designação, por seus diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e 
outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber 
a administração de seus bens; X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, 
representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou 
instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. 
 
5. Litisconsórcio (artigos 113 a 118, do CPC) – breve noção. 
A doutrina é pacífica em conceituar o litisconsórcio como pluralidade de sujeitos 
em um ou nos dois polos da relação jurídica processual que se reúnem para litigar em 
conjunto. 
Segundo o artigo 113, do CPC, “duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo 
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão 
de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão 
pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum 
de fato ou de direito”. 
É irrelevante a postura no processo dos sujeitos que litigam no mesmo polo, sendo 
admissível até que sejam adversários entre si na demanda judicial. 
 
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5.1. Classificação do litisconsórcio. 
1) Quanto à posição das partes: o litisconsórcio pode ser ativo, passivo ou misto. 
Ativo quando a pluralidade for de autores; passivo quando a pluralidade for de réus; e 
misto quando a pluralidade for de autores e réus. 
2) Quanto ao momento de sua formação: o litisconsórcio pode ser inicial ou 
incidental (ulterior). Inicial quando sua formação é pleiteada na petição inicial. Várias 
pessoas envolvidas em acidente de veículos, em conjunto, ingressam com ação de 
reparação de danos contra o ofensor (litisconsórcio ativo inicial). 
3) Quanto à sua formação: o litisconsórcio pode ser necessário ou facultativo. O 
litisconsórcio necessário decorre de imposição legal (como na ação de usucapião) ou 
da natureza da relação jurídica (como em uma ação de anulação de casamento). Nesta 
hipótese, impõe-se a presença de todos os litisconsortes. A ausência de algum deles 
resulta na falta de legitimidade dos que estiverem presentes e na extinção do processo 
sem resolução de mérito. O Litisconsórcio facultativo é aquele que se forma em função 
da vontade de quem propõe a demanda. Neste caso, a formação do litisconsórcio não 
é obrigatória. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de 
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando 
este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da 
sentença. 
4) Quanto ao regime de tratamento dos litisconsortes: pode se falar 
em litisconsórcio unitário e litisconsórcio simples. No litisconsórcio unitário a situação 
jurídica litigiosa deverá receber disciplina uniforme, ou seja, a decisão da lide não 
poderá uma para uma para uma parte e outra para a outra. No litisconsórcio simples, os 
litisconsortes serão tratados como partes distintas, o destino de cada um é independente 
do destino dos demais. 
Regras gerais do CPC: 
• Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou 
quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da 
sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. 
• Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação 
jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os 
litisconsortes. 
• Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a 
parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, 
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caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas 
os poderão beneficiar. 
• Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do 
processo, e todos devem ser intimados dos respectivos atos. 
 
6. Intervenção de terceiros (breve noção). 
 É um instituto que permite o ingresso de um terceiro na relação jurídica existente 
entre o autor e o réu. 
 O terceiro, estranho à relação jurídica, ao ingressar em um dos polos estabelece 
uma nova relação jurídica, independente e autônoma da relação jurídica original. 
 
6.1. Classificação. 
 A intervenção de terceiros pode ser classificada como adesiva ou principal e 
espontânea ou provocada. 
a) Intervenção adesiva (ad coadjuvandan): o terceiro ingressa na relação jurídica e 
assume a posição de auxiliar da parte. 
b) Intervenção principal: o terceiro ingressa na relação jurídica e exerce o direito de 
ação. 
c) Intervenção espontânea: o ingresso do terceiro na relação jurídica entre o autor e 
réu ocorre de forma voluntária. É forma voluntária a modalidade de assistência. 
d) Intervenção provocada: o ingresso do terceiro na relação jurídica entre o autor e 
réu ocorre de forma não espontânea, ou seja, imposta, provocada pelo autor ou pelo 
réu. São formas provocadas as modalidades denunciação da lide e chamamento ao 
processo. 
 
6.2. Modalidades de intervenção. 
 São 5 as modalidades: assistência, chamamento ao processo, denunciação da 
lide, intervenção do “amicus curiae” e incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica. 
a) Assistência (art. 119 a 124, CPC): é uma modalidade de intervenção de terceiros 
que se apresenta de forma voluntária (espontânea) que permite ao terceiro formular 
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pedido de ingresso na relação jurídica processual que inicialmente era composta por 
autor e réu. A assistência poder ser simples ou litisconsorcial. Na assistência simples o 
assistente intervém no auxílio da parte contra a outra em função do interesse jurídico 
que tem na vitória ou na derrota da outra parte. O papel do assistente é o de auxiliar a 
parte assistida em defesa do direito da mesma. O assistente simples, também chamado 
de adesivo, atua coadjuvandoa atividade processual do assistido em conformidade com 
os interesses deste e isto se dá porque ele não pode ser parte e, portanto, ingressa no 
processo como assistente. A atuação do assistente é vinculada a atuação da parte. 
Assistência litisconsorcial: o assistente atua como se ele fosse um verdadeiro 
litisconsorte do assistido. Diferente do assistente simples que não pode ser parte, o 
assistente litisconsorcial poderia sê-lo, porém entra na relação jurídica processual como 
assistente litisconsorcial. Deve haver uma relação jurídica entre o interveniente e o 
adversário do assistido. Toda vez que a sentença influir na relação jurídica existente 
entre o assistido e o adversário do assistido tem o litisconsorte da parte principal. 
b) Chamamento ao processo (art. 130, CPC): é uma das modalidades de intervenção 
de terceiro qualificada como forma coacta, cuja provocação é exclusiva do réu. A 
finalidade desta modalidade é ampliar o objeto do processo trazendo para a causa os 
demais obrigados solidariamente responsáveis com o réu e atribuir ao réu-chamante 
título executivo judicial contra os réu-chamados. É um mecanismo que introduz na 
relação jurídica processual original a figura do devedor ou do fiador para que cada um 
responda total ou parcialmente a prestação exigida no processo. O chamamento ao 
processo é admissível em três situações: para trazer ao processo o devedor principal 
quando o fiador for réu; para trazer ao processo os outros fiadores quando na ação 
tenha sido citado apenas um dos fiadores; para trazer ao processo os demais devedores 
solidários, quando a ação foi proposta apenas em face de um ou alguns dos devedores 
principais da dívida comum. 
c) Denunciação da lide (art. 125 a 129, CPC): é uma das modalidades de intervenção 
de terceiros qualificada como forma provocada e cuja provocação se dá pelas partes, 
ou seja, ou pelo autor ou pelo réu. A denunciação da lide visa garantir a recomposição 
das perdas, caso sobrevenha a derrota, portanto nessa modalidade tem-se previsto o 
direito de regresso. Sendo feita a denunciação da lide duas ações tramitarão 
simultaneamente. Uma será a principal movida pelo autor em face do réu e a outra 
eventual movida pelo litisdenunciante em face do litisdenunciado e só será apreciada a 
segunda ação se o julgamento da principal for desfavorável ao denunciante. A 
denunciação da lide é admissível em três situações: pode ocorrer nas ações relativas a 
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coisas alienadas para que o adquirente possa exercer o direito de evicção; para trazer 
ao processo aquele que estiver obrigado, por lei ou contrato, a indenizar, em ação 
regressiva, o prejuízo estabelecido na demanda. 
d) Amicus curiae (art. 138): o amicus curiae é terceiro desinteressado na vitória de 
uma das partes. Sua intervenção serve para trazer subsídios aos julgados para que 
possa julgar adequadamente. Tem lugar, sobretudo nas causas que tenham relevância 
social (ADIN/ADC/ADPF, por exemplo). Requisitos: Matéria relevante ou específica, 
com repercussão social. Decisão de admissão é irrecorrível e pode ser tomada de ofício. 
O Amicus curiae pode ser pessoa natural ou pessoa jurídica. 
Quanto aos poderes que podem ser exercidos pelo amicus curiae, tem-se que cabe ao 
magistrado que admitir sua intervenção delimitar tais poderes. 
e) Incidente de desconsideração de personalidade jurídica (arts. 133 a 137): a 
desconsideração da personalidade jurídica imputa aos sócios ou administradores a 
responsabilidade pelo ato ilícito praticado pela empresa – art. 50, C.C. O incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica não poderá ser instaurado de ofício, como 
já previa o art. 50 do CC – O CPC/15 elimina risco trazido pela interpretação do art. 28 
do CDC (possibilidade da desconsideração ex officio). O pedido pode ser realizado 
pela parte ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo – art. 133, 
caput. Há 2 oportunidades para se requerer: a) juntamente à petição inicial; b) como 
incidente processual, por petição autônoma, sendo esta protocolada no curso da ação. 
 
Complemento: 
1) Artigos: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI271931,41046-
Os+sujeitos+do+processo+no+novo+CPC 
 
 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI271931,41046-Os+sujeitos+do+processo+no+novo+CPC
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI271931,41046-Os+sujeitos+do+processo+no+novo+CPC
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 13, 14 e 15 – ATOS PROCESSUAIS, PRONUNCIAMENTOS JUDICIAIS E 
PRAZOS. 
EMENTA: Compreender as espécies de atos processuais e suas 
classificações. Compreender o tempo e o lugar dos atos 
processuais. Identificar as formas de comunicação dos atos 
processuais. Reconhecer os atos processuais do juiz. Identificar 
os casos de suspeição e impedimento dos Magistrados. Contar 
adequadamente os prazos processuais. Compreender o regime 
de preclusão temporal, consumativa e lógica. 
 
1. Ato processual. 
 É uma espécie do gênero ato jurídico realizado pelos sujeitos do processo e 
auxiliares da justiça, em série (conexidade), de forma a manter a conexão e 
interdependência entre si. 
 É dotado de solenidade e realizado com o intuito de pôr fim à relação 
jurídico-processual inicialmente estabelecida (obtenção de uma sentença). 
 Pode ser classificado como: 
a) atos das partes: basicamente realizam três tipos de atos processuais: 
os postulatórios, os dispositivos e os instrutórios – artigo 200, do CPC1; 
 
1 Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem 
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A 
desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial. Art. 201. As partes poderão exigir 
recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório. Art. 202. É vedado 
lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as 
escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo. 
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b) atos do juiz ou pronunciamentos judiciais: sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos – artigos 203 a 205 do CPC2; 
c) atos dos auxiliares da justiça: realizam atos no processo que não 
podem ser olvidados, como, por exemplo, o termo de vista, o termo de 
conclusão, certidões e laudos, como o pericial – artigos 206 a 211, do CPC3. 
 
2. Formas de comunicação dos atos processuais4. 
 Os atos processuais serão cumpridos ou comunicados por ordem judicial e, além 
de outros meios, como diligência de oficial de justiça, correio ou meio eletrônico, 
poderão ser praticados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos 
limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judiciária (art. 236 
e §1º, CPC). 
 As cartas podem ser de quatro espécies: de ordem, rogatória, precatória e arbitral 
(art. 237, CPC). 
 
2 Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 
1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais,sentença é o pronunciamento por 
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, 
bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza 
decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz 
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como 
a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e 
revistos pelo juiz quando necessário. Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. 
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e assinados 
pelos juízes. § 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os 
documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. § 2o A assinatura dos juízes, em todos 
os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. § 3o Os despachos, as decisões 
interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça 
Eletrônico. 
3 Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, 
mencionando o juízo, a natureza do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e a data de 
seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos volumes em formação. Art. 207. O escrivão ou o 
chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos. Parágrafo único. À parte, ao 
procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é facultado 
rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervierem. Art. 208. Os termos de juntada, vista, 
conclusão e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de 
secretaria. Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem, 
todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secretaria 
certificará a ocorrência. § 1o Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos 
eletrônicos, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de 
modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, 
que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados 
das partes. § 2o Na hipótese do § 1o, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas 
oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e 
ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão. Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia 
ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Art. 211. Não se admitem nos atos e termos 
processuais espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou 
rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas. 
4 Mais informações em: http://genjuridico.com.br/2016/10/26/comunicacao-dos-atos-processuais/ 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487
http://genjuridico.com.br/2016/10/26/comunicacao-dos-atos-processuais/
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 Carta de ordem é aquela expedida por um tribunal para ser cumprida por juiz a 
ele vinculado, caso o ato tenha que ser praticado fora dos limites territoriais da sede do 
tribunal ou, se, por conveniência, o tribunal julgar por bem ordenar que o ato seja 
praticado em juízo de primeiro grau. Carta rogatória é aquela dirigida a autoridade 
judiciária estrangeira para fins de cooperação jurídica internacional. Carta precatória, 
por sua vez, é aquela em que a diligência nela requisitada tem de ser cumprida por 
órgão jurisdicional de competência territorial diversa. 
 A comunicação dos atos, no processo, se dá através da citação e da intimação. 
A) CITAÇÃO (artigo 238, do CPC5): é o ato pelo qual se convoca a juízo o réu, o 
executado ou o interessado, para integrar a relação processual (art. 238, CPC). Como 
se pode ver, não se trata mais do ato pelo qual se chama o réu a juízo para se defender, 
querendo, como se passava no CPC/73. Em razão de o novo CPC instituir um sistema 
multiportas de solução de litígios, no qual se privilegia a autocomposiçao dos litígios, o 
réu é citado para comparecer à audiência de conciliação e mediação. A citação é ato 
indispensável à validade do processo (art. 239, CPC6), até porque, sem ela, não se 
completa a relação processual. Somente nas hipóteses de indeferimento da petição 
inicial, com ou sem resolução do mérito, é que a citação não influirá na validade do 
processo. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta de 
citação ou convalida a citação irregular (art. 239, § 1º, CPC). Se o réu ou o executado 
comparecem e se defendem, o processo prossegue normalmente, uma vez que o 
comparecimento pressupõe ausência de prejuízo. Se eles comparecem e arguem a 
nulidade da citação, sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data do 
comparecimento, fluindo, a partir daí o prazo para a prática do ato processual 
subsequente, seja o comparecimento à audiência de conciliação ou mediação ou a 
apresentação da contestação ou dos embargos à execução. 
• Modalidades de citação: as citações podem ser classificadas em reais ou fictas. 
A) Citação real: é a citação recebida pessoalmente pelo réu ou por seu 
 
5 Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a 
relação processual. 
6 Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as 
hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1o O comparecimento 
espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o 
prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. § 2o Rejeitada a alegação de 
nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito 
terá seguimento. 
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representante legal ou por procurador autorizado. A citação real pode ocorrer pelo 
correio, por oficial de justiça e por meio eletrônico. 
a) Pelo correio (art. 247 e 248, CPC7 - regra geral): é faculdade legal 
concedida ao autor, pois ele pode requerer de outra forma, podendo ser feita 
para qualquer comarca do País, salvo em cinco situações: nas ações de 
estado; quando o réu for incapaz; quando o réu for pessoa de direito público; 
nos processos de execução; quando o local em que reside o réu não tenha 
entrega domiciliar de correspondência. 
Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, principalmente que 
o autor deverá justificar outra modalidade de citação. 
b) Por oficial de justiça (art. 249 a 251 CPC8): a citação por oficial de 
justiça será feita quando a citação pelo correio for frustrada e nas hipóteses 
ressalvadas no art. 247, CPC. A citação será feita por mandado, contendo 
requisitos específicos, conforme disposto no art. 249, CPC. O oficial de 
justiça deverá procurar o réu e ao encontrá-lo lerá o mandado, entregando-
lhe a contrafé e obtendo a assinatura do citando. Em caso de recusa da 
assinatura ou do próprio recebimento do mandado incumbe ao oficial de 
justiça certificar o ocorrido. 
 
7 Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto: I - nas ações de estado, 
observado o disposto no art. 695,§ 3o; I - quando o citando for incapaz; III - quando o citando for pessoa 
de direito público; IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de 
correspondência; V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. Art. 248. Deferida a 
citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do 
despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. § 1o A 
carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o 
recibo. § 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de 
gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de 
correspondências. § 3o Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 
250. § 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do 
mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, 
poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da 
correspondência está ausente. 
8 Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em 
lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir 
conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da 
citação, com todas as especificações constantes da petição nicial, bem como a menção do prazo para 
contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de 
descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, 
acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a 
menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da 
decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração 
de que o subscreve por ordem do juiz. Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o 
encontrar, citá-lo: I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - portando por fé se recebeu ou 
recusou a contrafé; III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando não a apôs no mandado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art695%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art250
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art250
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Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, principalmente que 
quando for o caso, haverá a intimação para o comparecimento na audiência de 
conciliação ou de mediação. 
c) Por meio eletrônico: essa forma de citação consta na Lei 11.419/06 que 
prevê a possibilidade de citação por meio eletrônico. Para sua validade o 
citando deve ter acesso total aos autos e deve encontrar-se cadastrado 
perante o órgão em que a ação tramita. 
Observar que o CPC 2015, possibilitada no inciso V, do artigo 246, a citação por meio 
eletrônico. 
B) Citação ficta: a citação ficta ou presumida é assim denominada, por não haver certeza 
de que o réu tenha tido conhecimento dela. Estabelece-se a presunção do 
conhecimento da existência da ação. A lei admite esta forma de citação para que, diante 
da impossibilidade da citação real, não haja perecimento do direito que o autor pretende. 
A citação ficta pode ocorrer por edital e por hora certa: 
a) Por hora certa (art. 252 a 254, do CPC9): ocorrerá quando o oficial de 
justiça tiver sua citação (por mandado) frustrada. Se por duas vezes (no 
CPC/73 eram três vezes) o oficial de justiça houver procurado o réu e não o 
encontrar e suspeitar da ocultação deverá intimar qualquer pessoa da 
família ou na ausência, um vizinho, informando o dia e hora em que voltará 
para efetuar a citação. Se no dia designado o citando estiver ausente o 
oficial de justiça certificará a ocorrência, dando por feita a citação, deixando 
a contrafé com os vizinhos ou familiares. Finda a citação por hora certa o 
 
9 Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou 
residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, 
em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que 
designar. Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será 
válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de 
correspondência. Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo 
despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. § 1o Se o 
citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por 
feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. § 
2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido 
intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o 
mandado. § 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da 
família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. § 4o O oficial de justiça fará constar do 
mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia. Art. 254. Feita a citação 
com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 
10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência 
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
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réu receberá carta ou telegrama enviado pelo escrivão, para conhecimento 
das ocorrências; 
b) Por edital (art. 256 a 259, CPC10): a citação será por edital quando o réu 
for desconhecido ou incerto, ou quando o local em que se encontra o réu é 
ignorado, inacessível ou incerto. Será também por edital se a lei assim 
definir, como ocorre, por exemplo, em ações de usucapião. O país que se 
recusar a cumprir carta rogatória será considerado inacessível para efeito 
de citação por edital. Os requisitos para citação por edital estão dispostos 
no art. 257, CPC e um exemplar da publicação do edital e seu anúncio 
deverão constar dos autos. 
Observar as pequenas modificações realizadas pelo CPC 2015, bem como a 
introdução do artigo 259, sem correspondente no CPC 73, que aumenta a 
possibilidade de citação por edital. 
• Hipóteses para não realização da citação (artigos 244 e 245, do CPC): o 
artigo 244, do CPC traz as hipóteses em que não será feita a citação, salvo para 
evitar perecimento do direito: a) se o citando estiver assistindo ato religioso; b) ao 
cônjuge, companheiro ou parente do morto, consanguíneo ou afim em linha reta 
ou colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; c) 
aos noivos nos três primeiros dias do casamento e; d) aos doentes enquanto 
estiverem em estado grave. Já o art. 245 do CPC trata da impossibilidade de 
realizar a citação quando o oficial de justiça verificar que o réu é demente ou 
encontra-se impossibilitado de recebê-la. Nessa situação deverá o oficial de 
 
10 Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando ignorado, 
incertoou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. § 
1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta 
rogatória. § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será 
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. § 3o O réu será considerado 
em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição 
pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de 
serviços públicos. Art. 257. São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor ou a certidão do 
oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; II - a publicação do edital na rede mundial 
de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, 
que deve ser certificada nos autos; III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 
60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - a 
advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. Parágrafo único. O juiz poderá 
determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros 
meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias. Art. 258. A parte 
que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para 
sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo. Parágrafo único. A multa reverterá 
em benefício do citando. Art. 259. Serão publicados editais: I - na ação de usucapião de imóvel; II - na 
ação de recuperação ou substituição de título ao portador; III - em qualquer ação em que seja necessária, 
por determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos ou 
desconhecidos. 
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justiça certificar a ocorrência e o juiz nomeará um médico para examinar o citando. 
Reconhecida pelo médico a impossibilidade do citando receber a citação, o juiz 
nomeará um curador. A nomeação do curador restringe-se a causa. A citação será 
então feita na pessoa do curador. 
• Efeitos da citação (art. 240, CPC): a citação válida gera efeitos processuais e 
materiais, sendo que os efeitos materiais se efetivam mesmo que a citação tenha 
sido ordenada por juiz incompetente. 
Os efeitos processuais da citação válida são: tornar prevento o juízo, induzir a 
litispendência e tornar litigiosa a coisa (objeto que está sendo discutido): 
a) Tornar prevento o juízo: significa fixar a competência de um juiz dentre 
todos os juízes que seriam competentes nas ações distribuídas em 
separado; 
b) Litispendência: existindo uma ação em andamento tem-se o impedimento 
de existir outra ação idêntica. Caso haja mais de uma ação idêntica em 
andamento há litispendência, de modo que a segunda demanda deverá ser 
extinta sem resolução do mérito; 
c) Tornar litigiosa a coisa: significa que o bem, o objeto da demanda vincula-
se ao processo até sua decisão final. 
Os efeitos materiais são: constituição do devedor em mora, ressalvado os artigos 397 
e 398 do Código Civil que tratam, respectivamente, do inadimplemento da obrigação e 
das obrigações provenientes de ato ilícito e a interrupção da prescrição: 
a) Constituir o devedor em mora: significa que o devedor se encontra em 
situação de descumprimento de uma obrigação. 
b) Interrupção da prescrição: o juiz, ao receber a petição inicial, ordena a 
citação do réu e cabe ao autor tomar tal providência em prazo de 10 dias. 
Ocorre que o prazo podia ser prorrogado por até 90 dias, no CPC de 73, 
mas se o autor não conseguir realizar a citação dentro desse prazo não será 
interrompida a prescrição. A interrupção da prescrição somente ocorrerá 
quando a citação válida ocorrer. 
ATENÇÃO: SÚMULA 106, do STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu 
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não 
justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência. 
 
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INTIMAÇÃO (artigo 269, do CPC): é o ato pelo qual se dá ciência a alguém 
dos atos e termos do processo (art. 269, CPC). Ela será realizada 
preferencialmente por meio eletrônico, observada as prescrições da Lei nº 
11.419/2006. As intimações do Ministério Público e da Defensoria Pública 
serão realizadas também por meio eletrônico. Para tanto, essas entidades 
devem manter cadastro atualizado junto aos sistemas de processo em autos 
eletrônicos. A mesma regra se aplica às intimações da União, do Estado, do 
Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e 
fundações de direito público. Quanto a estes, tanto as intimações como as 
citações serão realizadas perante o órgão de Advocacia Pública 
responsável pela representação judicial. Como o juiz é responsável por 
dirigir o processo, poderá determinar, de ofício, as intimações em processos 
pendentes, salvo disposição legal em sentido contrário (art. 271, CPC). 
Consideram-se feitas a intimações pela publicação dos atos no órgão oficial 
(art. 272, CPC/2015), mas onde não houver órgão (jornal) oficial ou 
conveniado, incumbidos de publicar os atos do Judiciário, as intimações 
serão feitas aos advogados das partes, pessoalmente (se domiciliados na 
sede do juízo) ou por carta registrada (se domiciliados fora do juízo). 
 
3. Tempo dos atos processuais (artigos 212 a 216, do CPC). 
 A regra geral que rege o tempo dos atos processuais vem disposta nos artigos 
212 a 216, do CPC – “os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) 
às 20 (vinte) horas”. Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, 
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. 
 Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras 
poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou 
dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, 
inciso XI, da Constituição Federal: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. 
 Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não 
eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário de funcionamento do fórum ou 
tribunal, conforme o disposto na lei de organização judiciária local. 
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 A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo. O horário vigente no juízo perante o qual 
o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo. 
 Durante as férias forenses e nos feriados (são feriados, para efeito forense, os 
sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense) não se praticarão 
atos processuais, excetuando-se: I - os atos previstos no art. 212, § 2o; II - a tutela de 
urgência. 
 Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se 
suspendem pela superveniência delas: “I - os procedimentos de jurisdição voluntária e 
os necessários à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo 
adiamento; II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor 
e curador; III - os processos que a lei determinar”. 
 
4. Lugardos atos processuais (artigo 217, do CPC). 
 Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou, 
excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, 
da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. 
 
5. Pronunciamentos judiciais – atos processuais do juiz (artigos 203 a 205, do 
CPC). 
 Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
OBS: Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. 
• Conceitos trazidos no CPC (parágrafos do artigo 203): a) sentença: é o 
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos artigos 485 e 
487 (com ou sem julgamento de mérito11), põe fim à fase cognitiva do 
 
11 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado 
durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que 
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de 
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a 
existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou 
de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o 
juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte 
da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos 
neste Código (...) Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido 
formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de 
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procedimento comum, bem como extingue a execução; b) decisão 
interlocutória: é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que 
não se enquadre no conceito de sentença; c) despachos: todos os demais 
pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento 
da parte e; d) atos meramente ordinatórios: como a juntada e a vista 
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo 
servidor e revistos pelo juiz quando necessário. 
 Segundo o Conselho Nacional de Justiça12: 
Sentença – de acordo com o CPC, a sentença é o pronunciamento por meio do qual 
o juiz “põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a 
execução”. Isso significa que, por meio da sentença, o juiz decide a questão trazida 
ao seu conhecimento, pondo fim ao processo na primeira instância. A sentença pode 
ser dada com ou sem julgamento do mérito, ou seja, acolhendo ou não a causa 
levantada pela parte. Caso exista recurso ao tribunal, os desembargadores podem 
proferir um acórdão. Tanto a sentença quanto o acórdão marcam o fim do processo, 
ao menos na instância em que se encontra. 
Decisões interlocutórias – as decisões são atos pelos quais o juiz resolve questões 
que surgem durante o processo, mas não são o julgamento dele por meio de 
sentença. Essas questões que precisam ser decididas no curso do processo são 
denominadas de questões incidentes ou questões incidentais. São exemplos de 
decisões interlocutórias a nomeação de determinado profissional como perito, 
aceitação ou não de um parecer e intimação ou não de certa testemunha indicada 
pelas partes no curso do processo. 
Despachos – o CPC define como despachos todos os demais pronunciamentos do 
juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Isso quer dizer que, 
nos despachos, o objetivo não é solucionar o processo, mas determinar medidas 
necessárias para o julgamento da ação em curso. Tratam-se, portanto, de meras 
movimentações administrativas – por exemplo, a citação de um réu, designação de 
 
decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na 
ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão 
reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. 
12 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-sentenca-
decisao-e-despacho 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332%C2%A71
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-sentenca-decisao-e-despacho
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-sentenca-decisao-e-despacho
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audiência, determinação de intimação as partes e determinação de juntada de 
documentos, entre outros. 
 Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados 
e assinados pelos juízes. 
 Quando os pronunciamentos forem proferidos oralmente, o servidor os 
documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. 
 A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita 
eletronicamente, na forma da lei. 
 Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa 
dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico. 
 
5.1. Causas de suspeição e impedimentos do juiz (artigos 144 a 148, do CPC). 
 O impedimento é trazido no artigo 144 e impedimento tem caráter objetivo, 
enquanto que a suspeição tem relação com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do 
juiz é um dos pressupostos processuais subjetivos do processo. No impedimento há 
presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade do juiz em determinado processo 
por ele analisado, enquanto na suspeição há apenas presunção relativa (juris tantum)13. 
 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, 
funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como 
testemunha; 
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou 
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer 
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro 
grau, inclusive (o impedimento só se verifica quando o defensor público, o 
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes 
do início da atividade judicante do juiz; também se verifica no caso de 
mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus 
 
13 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=103393 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=103393
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quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, 
mesmo que não intervenha diretamente no processo); 
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, 
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro 
grau, inclusive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa 
jurídica parte no processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer 
das partes; 
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação 
de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu 
cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linhareta ou 
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por 
advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 
ATENÇÃO: É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar 
impedimento do juiz. 
 A suspeição é trazida no artigo 145, do CPC e o juiz será considerado suspeito 
por sua parcialidade quando for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes, 
receber presente antes ou depois de iniciado o processo, aconselhar alguma das partes 
sobre a causa, entre outros. 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes 
ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca 
do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do 
litígio; 
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge 
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, 
inclusive; 
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
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13 
 
• Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade 
de declarar suas razões. 
• Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por 
quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique 
manifesta aceitação do arguido. 
• As causas de suspeição e impedimento também se aplicam a membros do 
Ministério Público. 
 
5.2. Processamento das exceções de impedimento e suspeição (artigo 146 e 
seguintes, do CPC). 
 1º passo: no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará 
o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na 
qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se 
fundar a alegação e com rol de testemunhas. A parte interessada deverá arguir o 
impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na 
primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. 
 2º passo: se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o 
juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, 
determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 dias, apresentará 
suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, 
ordenando a remessa do incidente ao tribunal. O juiz mandará processar o incidente em 
separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) 
dias e facultando a produção de prova, quando necessária. 
 3º passo: distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo 
que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; 
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do 
incidente. Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando 
este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao 
substituto legal. 
 4º passo: 1) no caso de improcedência: Verificando que a alegação de 
impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. 2) no caso de 
procedência: acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta 
suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto 
legal, podendo o juiz recorrer da decisão. Reconhecido o impedimento ou a suspeição, 
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o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. O tribunal 
decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de 
impedimento ou de suspeição. 
OBS: aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do 
Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do 
processo. 
 
6. Prazos processuais (artigos 218 a 232, do CPC). 
 As regras gerais sobre os prazos são apontadas no artigo 218, do CPC: 
Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. 
 
Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à 
complexidade do ato. 
 
Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a 
comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. 
 
Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias 
o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. 
 
Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. 
 
6.1. Contagem dos prazos processuais (artigos 219, 224 e 225, do CPC). 
 Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão 
somente os dias úteis. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos 
processuais. 
ATENÇÃO: Uma importante peculiaridade do Novo CPC é a previsão 
de que a contagem de prazos em dias úteis aplica-se apenas aos 
“prazos processuais” (Novo CPC, art. 219, § único), excluindo, assim, 
os prazos de natureza material, que continuam a ser 
contabilizados em dias corridos. O que deve ser destacado é que 
nem sempre é uma tarefa fácil caracterizar um prazo como processual 
ou material, surgindo assim uma margem de discussão sobre a 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894816/artigo-219-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894812/par%C3%A1grafo-1-artigo-219-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
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15 
 
qualificação de determinados prazos. Como exemplo, é possível 
apontar que já existe divergência a respeito do prazo para interposição 
de mandado de segurança repressivo. Para alguns juristas, trata-se 
de um prazo processual, mas outra corrente, o prazo é material. 
 Na contagem de prazos em minutos, horas, meses ou anos14 – exemplo: 
suspensão do processo na execução – artigo 921, §2º15, os prazos serão contados de 
forma corrida (e não em dias úteis). 
 Os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do 
vencimento. Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o 
primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for 
encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da 
comunicação eletrônica. 
Considera se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da 
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. 
 A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. 
 A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, 
desde que o faça de maneira expressa. 
ATENÇÃO 2: A respeito da nova forma de se contar os prazos, a 
doutrina já debate sobre o alcance da nova previsão. Apenas os dias 
úteis seriam contados também nos âmbitos da Justiça Eleitoral, da 
Justiça do Trabalho, dos Juizados Especiais, ou esse entendimento 
seria afastado em nome da celeridade desses ramos especializados 
do Judiciário? E como ficariam os prazos do processo penal e dos 
processos administrativos? O art. 15 do Novo CPC dispõe que, na 
ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativos, as suas disposições serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente. Não há, entretanto, certezas sobre a 
 
14 Os prazos legais têm previsão em minutos (como o de 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos, para 
alegações orais – art. 364 do novo CPC), em horas (porConstitucional do Processo 
 
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7 
 
f) Inadmissibilidade da prova ilícita (artigo 5º, inciso LVI). 
(...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
Os dois clássicos sistemas sobre a prova ilícita (ou seja: obtida por meio ilícito) são: 
(a) o da admissibilidade (male captum, bene retentum) e (b) o da inadmissibilidade. Até 
meados da década de 70 vigorava o primeiro no Brasil; a partir daí passou a prosperar na 
jurisprudência do STF sobretudo o segundo, que acabou sendo acolhido pela CF de 1988 
(art. 5º, inc. LVI). Inadmissibilidade significa que a prova ilícita não pode ser juntada aos autos. 
E se juntada? É ineficaz e deve ser desentranhada. E se a sentença nela se baseou? É nula. 
As provas ilícitas, bem como todas aquelas delas derivadas, são constitucionalmente 
inadmissíveis, devendo, pois, serem desentranhadas do processo, não tendo, porém, o 
condão de anulá-lo, permanecendo válidas as demais provas lícitas e autônomas delas não 
decorrentes (teoria dos frutos da árvore envenenada). Corroborando este entendimento, 
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Ada Pellegrini Grinover aduz que: a posição mais sensível às garantias da pessoa humana e, 
consequentemente, mais intransigentes com os princípios e normas constitucionais, é a que 
professa a transmissão da ilicitude da obtenção da prova às provas derivadas, que são, assim, 
igualmente banidas do processo. 
 
g) Publicidade e fundamentação das decisões judiciais (artigo 5º, inciso LX e artigo 93, IX, da 
CF). 
(...) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os 
seguintes princípios: (...) IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o 
interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e 
a seus advogados, ou somente a estes. 
Previsão no CPC: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos 
casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus 
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. (...) Art. 140. O juiz não se 
exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. 
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. 
 
h) Princípio da Celeridade ou Princípio da Brevidade: (artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF). 
(...) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Previsão no CPC: Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução 
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 5º Aquele que de qualquer forma 
participa do processo deve comportar se de acordo com a boa-fé. Art. 6º Todos os sujeitos 
do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de 
mérito justa e efetiva. 
Esse princípio já se encontrava assegurado nas normas infraconstitucionais, sendo 
previsto inclusive punições processuais no caso de apresentarem recursos meramente 
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protelatórios, dentre outras possibilidades. Com a Emenda Constitucional nº 45, o art. 5º., 
LXXVIII passou também a referir-se a essa garantia. 
OBS: para se ter ideia do tempo de duração de um processo, bem como número atual de 
processos em curso no país, produtividade do Poder Judiciário, verifique-se o relatório 
“Justiça em Números”, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e disponível em: 
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros. 
 
3. Outros princípios relacionados na Constituição. 
Além disso, também se pode relacionar no artigo 8º, do CPC: 
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins 
sociais e às exigências do bem comum, resguardando e 
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a 
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a 
eficiência. 
Pela redação do dispositivo, tem-se: a) dignidade da pessoa humana: fundamento do 
Estado Democrático de Direito – artigo 1º, inciso III, da CF8; b) proporcionalidade (sem 
previsão expressa, mas contida na intepretação do artigo 37, caput, combinado com o artigo 
5º, inciso II, todos da CF); c) razoabilidade (também sem previsão expressa, mas contida na 
intepretação do artigo 37, caput, combinado com o artigo 5º, inciso II, todos da CF); d) 
legalidade (artigo 5º, inciso II, da CF9); e) publicidade (verificado acima) e; f) eficiência: que 
se abstrai da redação do artigo 37, da Constituição Federal, onde se relacionam os princípios 
que regem a Administração Pública10 (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência, cujas iniciais formam a palavra “limpe”) – critérios que o juiz atenderá ao aplicar o 
ordenamento jurídico. 
 
• Material complementar: 
 
8 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa 
humana (...). 
9 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei. 
10 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: (...). 
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros
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10 
1) Constituição interpretada pelo STF: neste link é possível consultar a Constituição 
interpretada pelo STF gratuitamente – servirá para todo o curso de direito: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/constituicao.asp 
2) Leitura do Livro: Princípios de Processo na Constituição Federal – Nelson Nery 
Jr.: JÚNIOR, Nelson Nery. Princípios de Processo na Constituição Federal. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 12ª Edição, 2016. 
3) Artigo sobre princípios constitucionais do processo no site do STF: 
http://www.stj.jus.br/internet_docs/ministros/Discursos/0001114/Princ%EDpios%20e%20Gar
antias%20Constitucionais%20do%20Processo.doc. 
 
 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material 
suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado 
com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui 
pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é 
elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das 
aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respectivas obras. 
 
AULA 3 – PRINCÍPIOS DE PROCESSO NO CPC/15. 
EMENTA: Compreender os princípios previstos no Código de 
Processo Civil: dispositivo, oralidade, persuasão racional, boa-
fé, cooperação etc. 
Introdução. 
Além do estudo dos princípios processuais contidos na Constituição Federal,exemplo, no mínimo de 48 horas de antecedência 
para as intimações – art. 218, § 2º, CPC), em dias (ex: 15 dias para a emenda da petição inicial – art. 321), 
em meses (como o prazo de 2 meses para promover a citação em chamamento ao processo de pessoa 
residente em outro lugar ou em local incerto – parágrafo único do art. 131) e em anos (ex: 2 anos para 
propor a ação rescisória – art. 975). 
15 Art. 921. Suspende-se a execução: (...) § 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja 
localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos 
autos. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896429/artigo-15-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
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16 
 
abrangência da nova forma de contagem de prazos. O assunto é 
tratado com extrema cautela pela comunidade jurídica, que 
aguarda os primeiros posicionamentos da jurisprudência. Alguns 
Juizados especiais, por exemplo, refutam a aplicação do prazo em 
dias úteis. 
 
6.1.1. Termo inicial dos prazos processuais. 
Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: 
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação 
ou a intimação for pelo correio; 
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou 
a intimação for por oficial de justiça; 
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por 
ato do escrivão ou do chefe de secretaria; 
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação 
ou a intimação for por edital; 
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao 
término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação 
for eletrônica; 
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo 
esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, 
quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; 
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça 
impresso ou eletrônico; 
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos 
autos, em carga, do cartório ou da secretaria. 
 Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar 
corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI. 
 Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. 
 Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de 
qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art232
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dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à 
data em que se der a comunicação. 
 
6.2. Suspensão dos atos processuais. 
 Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de 
dezembro e 20 de janeiro. 
 Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os 
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os 
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto acima. 
 Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de 
julgamento. 
 Também suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da 
parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do artigo 313, do CPC16, devendo o prazo 
ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. 
 Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz 
poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses. Havendo calamidade pública, o limite 
previsto no caput para prorrogação de prazos poderá ser excedido. 
 Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes. 
 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato 
processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à 
parte provar que não o realizou por justa causa. Considera-se justa causa o evento 
alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. 
Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. 
 
6.3. Prazos previstos no CPC (artigos 226 e 228, do CPC). 
 
16 Art. 313. Suspende-se o processo: I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer 
das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; II - pela convenção das partes; III - pela 
arguição de impedimento ou de suspeição; IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas 
repetitivas; V - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração 
de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo 
pendente; b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa 
prova, requisitada a outro juízo; I - por motivo de força maior; VII - quando se discutir em juízo questão 
decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo; VIII - nos demais 
casos que este Código regula. IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando advogada responsável 
pelo processo constituir a única patrona da causa; X - quando o advogado responsável pelo processo 
constituir o único patrono da causa e tornar-se pai. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art313
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 O juiz proferirá: 
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; 
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; 
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. 
 Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, 
por igual tempo, os prazos a que está submetido. 
 Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e 
executar os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que: I - 
houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei; II - tiver ciência 
da ordem, quando determinada pelo juiz. Nos processos em autos eletrônicos, a juntada 
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá de forma automática, 
independentemente de ato de serventuário da justiça. 
 
6.4. Prazo em dobro (artigos 229 do CPC). 
 Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia 
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em 
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. NÃO SE APLICA O 
PRAZO EM DOBRO EM AUTOS ELETRÔNICOS. 
 Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é 
oferecida defesa por apenas um deles. 
 Também terão prazo em dobro: a) o Ministério Público: “Art. 180. O Ministério 
Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir 
de sua intimação pessoal”; b) a Defensoria Pública: “Art. 186. A Defensoria Pública 
gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais”; e c) a 
Advocacia Pública: “Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e 
suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro 
para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da 
intimação pessoal”. 
 
6.5. Classificação dos prazos processuais. 
Os prazos são classificados quanto à fonte em legais, judiciais ou convencionais. 
Há ainda a classificação em próprios e impróprios e dilatóriose peremptórios. 
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a) Prazos legais: são os prazos especificados em lei; 
b) Prazos judiciais: são os prazos fixados pelo juiz. O juiz poderá fixar 
prazos sempre que a lei for omissa (art. 218, CPC); 
c) Prazos convencionais: são os prazos definidos entre as partes, em 
comum acordo. 
d) Prazos próprios: são os prazos estabelecidos para as partes. O não 
cumprimento do ato no lapso temporal estabelecido acarreta a perda do 
direito de praticá-lo (preclusão), independente de declaração judicial (art. 
223, CPC); 
e) Prazos impróprios: são os prazos estabelecidos para os auxiliares de 
justiça e para o juiz. O não cumprimento dos atos não afeta a relação 
jurídica, mas pode gerar sanções administrativas; 
f) Prazos dilatórios: são os prazos que permitem prorrogação ou redução 
por vontade das partes, mas para isso as partes devem requerer antes do 
vencimento do prazo, apresentando razões legítimas para a alteração (art. 
181, CPC); 
g) Prazos peremptórios: são os prazos que não admitem alterações. 
 
7. Preclusão. 
 Segundo Talamini e Wambier, "a preclusão é fenômeno exclusivamente 
processual, vinculado a ideia de que, passo a passo, os atos processuais vão 
acontecendo subsequentemente no processo, realizando o modelo procedimental que 
se tenha adotado em cada caso". 
 A doutrina define a preclusão através de três modalidades, cuja distinção se faz 
útil nos processos diariamente. Se trata da preclusão lógica, consumativa e temporal. 
 A preclusão lógica se dá pela prática de outro ato, incompatível com aquele que 
se poderia praticar. É o caso que, muitos advogados equivocadamente, comentem ao 
fazer levantamento de alvarás de condenações judiciais sem qualquer ressalva ou 
impugnação quanto ao valor levantado, se presumindo que há preclusão quanto à 
discussão dos valores depositados em juízo, sem a prática simultânea do ato 
impugnatório. 
 A preclusão consumativa se dá pela própria noção de prosseguimento dos 
autos, na definição clássica dos motivos da preclusão processual, ou seja, quando há a 
prática de um ato. Ou seja, não se pode repetir atos processuais. Por exemplo, não se 
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pode interpor recursos de agravo de instrumento com igual mérito (um no começo e 
outro mais a frente do prazo). Haveria aqui uma discussão quanto a possibilidade de 
interpor recurso de apelação cível e posteriormente apresentar recurso adesivo no prazo 
de contrarrazões. Entretanto, deve-se notar que os recursos devem ter mérito diverso 
(e complementar), além de possuírem trato legal diferenciado. 
 Por fim, a preclusão mais corriqueira: a temporal. Pelo transcurso do prazo sem 
a prática do ato, e está ligada a necessidade do andamento do processo. É a que mais 
tem sido relativizada no código de processo civil, em casos de litigância com entes 
públicos, por exemplo, em que eventual declaração da preclusão pode prejudicar a 
própria celeridade, havendo interesse em "renovar" o prazo processual à fazenda 
pública ou autarquia federal (que hoje, lembrando, possui apenas prazo dobrado para 
todos os atos processuais). 
 Para o juiz, costumeiramente se refere na doutrina pela existência da 
preclusão pro judicato, e que por vezes passa sem percepção aos olhos do advogado. 
O fato é que o juiz, uma vez que tenha praticado um ato decisório, não pode ficar 
modificando ou novamente decidindo nos autos, sem que exista qualquer erro material, 
por decisão do legislador e bom andamento dos autos. Era o que previa o antigo CPC 
no artigo 471 e no artigo 505 do Novo Código de Processo Civil: “Art. 505. Nenhum juiz 
decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I - se, 
tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de 
fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na 
sentença; II - nos demais casos prescritos em lei”.é 
indispensável que se bem conheçam os princípios previstos no Código de Processo Civil. 
É fato que os princípios processuais são inferiores, qualitativamente, do que os 
princípios constitucionais mas, na medida em que auxiliam na própria interpretação e 
aplicação das normas de processo civil, seu estudo merece atenção11. 
 
11 Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI187837,61044-
Os+principios+processuais+no+Codigo+de+Processo+Civil+projetado 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/constituicao.asp
http://www.stj.jus.br/internet_docs/ministros/Discursos/0001114/Princ%EDpios%20e%20Garantias%20Constitucionais%20do%20Processo.doc
http://www.stj.jus.br/internet_docs/ministros/Discursos/0001114/Princ%EDpios%20e%20Garantias%20Constitucionais%20do%20Processo.doc
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI187837,61044-Os+principios+processuais+no+Codigo+de+Processo+Civil+projetado
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI187837,61044-Os+principios+processuais+no+Codigo+de+Processo+Civil+projetado
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11 
Enfatizando a necessidade do estudo destes princípios, o professor Eduardo Couture, 
leciona que "o sistema legal é, pois, um sistema de princípios que constituem uma espécie 
de esqueleto, a estrutura rígida e interna da obra, seu arcabouço lógico, sobre o qual se 
ordenam os detalhes da composição. A lei processual é a lei que determina as minúcias por 
meio das quais se realiza a justiça. Toda lei processual, todo texto particular que regula 
um tramite do processo é, em primeiro lugar, o desenvolvimento de um princípio 
processual; esse princípio é em si mesmo, um partido adotado, uma escolha entre vários 
postulados análogos feito pelo legislador para assegurar a realização da justiça, enunciada 
pela Constituição". 
 
1. Princípios processuais em espécie. 
Confiram-se os princípios em espécie: 
a) Dispositivo: 
O princípio dispositivo informa a condução do processo pelo juiz, bem como a própria 
atuação das partes. Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição, preconiza 
que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. 
Nesse sentido, o artigo 2º, do CPC, coloca que: “o processo começa por iniciativa da 
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. 
Nas lições de Fredie Didier, a inércia se restringe apenas à iniciativa do processo, pois 
uma vez provocada a Jurisdição, ou seja, uma vez ajuizada a demanda, haverá o impulso 
oficial para o andamento do processo. 
 
b) Oralidade: 
A oralidade corresponde um direito fundamental determinado pelo diálogo processual, 
ou seja, pela comunicação entre as partes. 
A oralidade abrange outros subprincípios, listados por Chiovenda: a) o predomínio (e 
não a exclusividade) da palavra como meio de expressão, admitindo-se o uso da escritura na 
preparação e na documentação; não basta a oitiva das partes e testemunhas, seguida por 
debates orais em audiência, para caracterizar um processo como oral, mas sim quando forem 
orais todos os atos que demandam a valoração de uma declaração; de outra parte, a prática 
de atos escritos não é incompatível com a oralidade, pois a escrita é usada para perpetuar o 
pensamento e possui dupla função. 
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c) Cooperação (artigo 6º, do CPC12): 
A doutrina brasileira importou do Direito europeu o princípio da cooperação (ou da 
colaboração), segundo o qual o processo seria o produto da atividade cooperativa triangular 
(entre o juiz e as partes). A moderna concepção processual (no sentido de que o processo é 
um meio de interesse público na busca da justa aplicação do ordenamento jurídico no caso 
concreto) exige um juiz ativo no centro da controvérsia e a participação ativa das partes, por 
meio da efetivação do caráter isonômico entre os sujeitos do processo. Trata-se, como já dito, 
de uma evolução do princípio do contraditório. 
O dever de cooperação estaria voltado eminentemente para o magistrado, de modo a 
orientar sua atuação como agente colaborador do processo, inclusive como participante ativo 
do contraditório, não mais se limitando a mero fiscal de regras. Não pode existir mais o juiz 
apático, que aguarda manifestações das partes para atuar (“ignorante institucionalizado”). 
Entretanto, não somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, célere e adequada. 
O novo direito processual defende a necessidade de uma “democracia participativa” no 
processo, com o consequente exercício mais ativo da cidadania, inclusive de natureza 
processual13. 
 
d) Persuasão racional: 
O juiz deve formar livremente seu convencimento na análise de provas, ressalte-se que 
em razão do devido processo legal, as decisões têm que ser norteada toda e qualquer 
conduta, onde o Juiz tem que se ater as provas nos autos, podendo em alguns casos ter a 
possibilidade, de provas emprestadas e provas supervenientes. 
O sistema Brasileiro adotou o Sistema da Persuasão Racional do juiz, sendo claro que 
o convencimento do magistrado é livre, porém, não é ilimitado, tem que se respaldar nas 
provas descritas nos autos processuais. 
Exemplos no CPC: 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, 
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará 
na decisão as razões da formação de seu convencimento. 
 
12 Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão 
de mérito justa e efetiva. 
13 Mais informações em: https://elpidiodonizetti.jusbrasil.com.br/artigos/121940196/principio-da-cooperacao-ou-
da-colaboracao-arts-5-e-10-do-projeto-do-novo-cpc 
https://elpidiodonizetti.jusbrasil.com.br/artigos/121940196/principio-da-cooperacao-ou-da-colaboracao-arts-5-e-10-do-projeto-do-novo-cpc
https://elpidiodonizetti.jusbrasil.com.br/artigos/121940196/principio-da-cooperacao-ou-da-colaboracao-arts-5-e-10-do-projeto-do-novo-cpc
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Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o 
disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o 
levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões 
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito. 
 
e) Princípio da boa-fé e lealdade processual (artigo 5º, do CPC14): 
As partes têm o dever de se conduzir com ética e lealdade, cabendo ao juiz reprimir 
qualquer ato atentatório à dignidade da justiça. O desrespeito ao dever de lealdade processual 
se traduz em ilícito processual (compreendendo o dolo e a fraude processual), ao qual 
correspondem sanções processuais. 
 
ATENÇÃO: Outros princípios também podem ser relacionados, de acordo com a 
doutrina adotada pelo aluno. 
 
• Leitura complementar: FREIRE. Rodrigo da Cunha Lima. CUNHA. Maurício Ferreira. 
Novo Código de Processo Civil para concursos. Salvador. JusPodium. 7ª Ed - Páginas 
37 a 66. 
 
14 Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art371
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A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidadede divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aulas 4 e 5 - JURISDIÇÃO 
EMENTA: Jurisdição 1: Entender a função jurisdicional, 
bem como a divisão do Poder Judiciário. Dominar o 
conceito de jurisdição. Compreender os equivalentes 
jurisdicionais. Compreender a classificação da jurisdição 
em relação ao objeto, especialização e à matéria. 
Jurisdição 2: Entender a função jurisdicional, bem como a 
divisão do Poder Judiciário, com seus diferentes órgãos 
jurisdicionais. Dominar o conceito de jurisdição. 
Compreender as diferentes funções essenciais à justiça. 
 
Introdução1. 
O direito está intimamente ligado ao conceito de sociedade, bem como essa ao 
conceito de direito. 
Essa correlação se manifesta justamente na função exercida pelo direito na 
sociedade, qual seja, a função ordenadora, agindo a ordem jurídica como vetor de 
organização social, materializando-se na coordenação dos interesses antagônicos 
manifestados pelos seus membros, harmonizando as relações sociais intersubjetivas, 
de modo que essa ordem atue como forma de controle social. 
Entretanto, a superação dos conflitos sociais intersubjetivos nem sempre se deu 
pela imposição da ordem jurídica, mediante uma atuação estatal soberana justa, 
 
1 Mais informações em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,jurisdicao-consideracoes-acerca-do-seu-
conceito-caracteristicas-principios-inerentes-e-especies,49465.html 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,jurisdicao-consideracoes-acerca-do-seu-conceito-caracteristicas-principios-inerentes-e-especies,49465.html
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,jurisdicao-consideracoes-acerca-do-seu-conceito-caracteristicas-principios-inerentes-e-especies,49465.html
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provocada pela parte insatisfeita, seja pela resistência de outrem, seja pelo veto jurídico 
à resolução voluntária da insatisfação. 
É nesse trilhar que surge o processo, que posteriormente nos veio dar o sentido 
de jurisdição. 
 
1. Conceito. 
Segundo Chiovenda, jurisdição é a função do Estado que tem por escopo a 
atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos 
públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a 
existência da vontade da lei, já no torná-la, praticamente, efetiva. 
A teoria de Chiovenda sobre a jurisdição parte da premissa de que a lei, norma 
abstrata e genérica, regula todas as situações que eventualmente ocorram em concreto, 
devendo o Estado, no exercício da jurisdição, limitar-se à atuação da vontade concreta, 
declarando direitos preexistentes e atuando na prática os comandos da lei, 
caracterizando-se, assim, pelo seu caráter substitutivo. 
OBS: Lembrando as características da jurisdição (aula 1): 
a) substitutividade: o juiz, ao decidir, substitui a vontade dos conflitantes pela dele 
(Chiovenda). Não é exclusividade da jurisdição. O Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (CADE), por exemplo, julga conflitos de concorrência entre as empresas, 
tendo função substitutiva, mas não é jurisdição porque não tem a característica de 
substitutividade da jurisdição; 
b) exclusividade: aptidão para a coisa julgada material. Somente a atividade 
jurisdicional tem a capacidade de tornar-se indiscutível. Única função do Estado que 
pode ser definitiva; 
c) imparcialidade: terceiro que é estranho ao conflito. Não pode ser interessado 
no resultado do processo; 
d) monopólio do Estado: só o Estado pode exercer a jurisdição. Estado é que julga 
e que diz quem pode julgar. Não precisa ser um órgão estatal julgando. Por esse motivo, 
a arbitragem é jurisdição, porque foi o Estado que disse quem julga; 
e) inércia: a jurisdição age por provocação, sem a qual não ocorre o seu exercício. 
Está praticamente restrita à instauração do processo, porque, depois de instaurado, o 
processo deve seguir por impulso oficial e; 
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f) unidade: a jurisdição é una, mas o poder pode ser dividido em pedaços, que 
recebem o nome de competência. 
 
1.1. Princípios da jurisdição. 
Em síntese, como princípios relacionados à jurisdição, tem-se: 
a) princípio da investidura: a jurisdição somente é exercida por quem tenha sido 
regularmente e legitimamente investido na autoridade de juiz, em regra por concurso 
público – conforme artigo 93, inciso I, da CF2; 
OBS: a) o artigo 95, caput, da CF, indica as garantias de que gozam os juízes: 
vitaliciedade, inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público e 
irredutibilidade de subsídio; b) O artigo 95, parágrafo único, da CF, indica as 
vedações aos juízes: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou 
função, salvo uma de magistério; receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou 
participação em processo; dedicar-se à atividade político-partidária, receber, a 
qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades 
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a 
advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos 
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
OBS2: para mais informações sobre as garantias e vedações dos juízes, bem 
como organização do Poder Judiciário consultar a Lei Orgânica da Magistratura 
Nacional – Lei Complementar 35/793 e sobre o Ministério Público, a Lei nº 
8.625/934 – Lei Orgânica Nacional do MP. 
b) princípio da aderência ao território: os magistrados somente têm autoridade nos 
limites territoriais do Estado; 
OBS: exceção – artigo 255, do CPC: “nas comarcas contíguas de fácil 
comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de 
justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, 
penhoras e quaisquer outros atos executivos”. 
 
2 Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de 
juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos 
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos 
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação. 
3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm 
4 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8625.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8625.htm
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c) princípio da indelegabilidade: é vedado ao juiz, que exerce atividade pública, 
delegar as suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro Poder estatal; 
d) princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos jurisdicionais, 
sendo emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma, 
independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem os 
resultados do processo (posição de sujeição/submissão); 
e) princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade: conforme visto na aula 2; 
f) princípio do juiz natural: conforme visto na aula 2; 
g) princípio da inércia: conforme visto na aula 2. 
 
2. Equivalentes jurisdicionais. 
São técnicas de solução de conflito que não são jurisdicionais. Equivalem à 
jurisdição porque servem para resolver conflitos. São eles: 
a) AUTOTUTELA: em regra, é proibida, porque nos remete ao tempo da barbárie, já 
que um dos conflitantes impõe a solução do conflito ao outro. Excepcionalmente, é 
permitida como, por exemplo, na legítima defesa, no desforço incontinenti nas açõespossessórias, etc. 
b) AUTOCOMPOSIÇÃO: as partes conflitantes chegam à solução do conflito, sem 
imposição de uma vontade sobre a outra, podendo ocorrer extrajudicialmente ou em 
juízo. É chamada pelos americanos de alternative dispute resolution. Há três espécies 
de autocomposição: 
b.1) transação: forma mais tradicional, na qual a solução é dada pelas partes, 
sendo que cada uma delas faz concessões recíprocas; 
b.2) renúncia: não há concessões recíprocas, mas apenas unilateral, por parte 
do autor que abdica de sua pretensão. Exemplo: artigo 999, do CPC: “A renúncia 
ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte”. 
b.3) reconhecimento da procedência do pedido: também não se vislumbram 
concessões recíprocas, mas apenas unilateral, por parte do réu que reconhece a 
razão do autor. Exemplo: artigo 487, inciso III, alínea “a”, do CPC: “haverá 
resolução de mérito quando o juiz homologar: o reconhecimento da procedência 
do pedido formulado na ação ou na reconvenção”; 
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c) MEDIAÇÃO5: há intervenção de um terceiro que se põe no conflito para auxiliar as 
partes a chegarem à autocomposição. Ressalte-se que o mediador não decide, apenas 
estimula a autocomposição. 
OBS: para mais informações sobre a mediação, consultar a Lei nº 13.140/20156. 
Em suma: a mediação será orientada pelos seguintes princípios: I - imparcialidade 
do mediador; II - isonomia entre as partes; III - oralidade; IV - informalidade; V - 
autonomia da vontade das partes; VI - busca do consenso; VII - 
confidencialidade; VIII - boa-fé. O mediador será designado pelo tribunal ou 
escolhido pelas partes. 
DIFERENÇAS entre conciliador e mediador: na mediação, visa-se recuperar o 
diálogo entre as partes. Por isso mesmo, são elas que decidem. As técnicas de 
abordagem do mediador tentam primeiramente restaurar o diálogo para que 
posteriormente o conflito em si possa ser tratado. Só depois pode se chegar à 
solução. Na mediação não é necessária interferência, ambas partes chegam a um 
acordo sozinhas, se mantém autoras de suas próprias soluções. Conflitos 
familiares e de vizinhança, por exemplo, muitas vezes são resolvidos apenas com 
o estabelecimento da comunicação respeitosa entre os envolvidos. A conciliação 
pode ser mais indicada quando há uma identificação evidente do problema, 
quando este problema é verdadeiramente a razão do conflito - não é a falta de 
comunicação que impede o resultado positivo. Diferentemente do mediador, o 
conciliador tem a prerrogativa de sugerir uma solução. Essa polarização pede uma 
intervenção do conciliador no sentido de um acordo justo para ambas as partes e 
no estabelecimento de como esse acordo será cumprido. Causas trabalhistas 
costumam ser um objeto onde a conciliação atua com eficiência. 
d) ARBITRAGEM: é o equivalente jurisdicional mais polêmico no que tange à sua 
natureza. Fredie Didier Jr., por exemplo, entende que a arbitragem é jurisdição privada 
e não equivalente jurisdicional. Já, Luiz Guilherme Marinoni entende que a arbitragem 
não é jurisdição porque não é estatal. Nela tem-se um terceiro que decide e impõe sua 
decisão. No Direito Brasileiro, a decisão arbitral, em regra, não pode ser discutida no 
Poder Judiciário, nem precisa de homologação para ser exigida. 
 
5 Mais informações em: http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao-portal-da-
conciliacao/perguntas-frequentes/conciliador-e-mediador 
6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13140.htm 
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao-portal-da-conciliacao/perguntas-frequentes/conciliador-e-mediador
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao-portal-da-conciliacao/perguntas-frequentes/conciliador-e-mediador
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13140.htm
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OBS: para mais informações sobre a arbitragem, consultar a Lei nº 9.307/967. Em 
suma: a) as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para 
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis (artigo 1º); b) pode ser 
árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes (artigo 13); c) 
antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário 
para a concessão de medida cautelar ou de urgência (artigo 22-A); d) a sentença 
arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido 
convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, 
contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro (artigo 23); e) a 
decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito (artigo 24) 
etc. 
2.1. Justiça multiportas e CPC/15. 
 Segundo Fredie Didier Jr.8: o Direito Processual passa por uma transformação 
paradigmática. A Justiça Multiportas é a expressão de uma nova arquitetura para a 
tutela dos direitos. Em vez de uma só porta que permite o acesso de todos e a 
qualquer tempo, sem distinções subjetivas, objetivas ou teleológicas, a Justiça 
passa a apresentar muitas alternativas de acesso, diversas portas, diversas 
justiças, para uma só finalidade. A segurança de que os meios alternativos somente 
serão válidos enquanto forem também, ao mesmo tempo, constitucionalmente 
adequados. A Justiça adequada do modelo multiportas atende as situações jurídicas 
disponíveis e indisponíveis, individuais e coletivas, entre partes públicas e privadas, 
sendo um marco diferencial na história do acesso à justiça. Há, contudo, uma grande 
diferença em relação ao modelo anterior, claramente interventivo e autocentrado. Não 
se trata de esperar do Poder Judiciário uma segurança que intervenha a cada momento 
e a tudo corrija, de uma segurança centralizadora, da qual claramente este modelo abre 
mão. Trata-se de uma segurança que garante o devido processo legal, mesmo para 
além de suas portas, que assegura que direitos fundamentais serão preservados em 
sua fundamentalidade e que não se pode falar de justiça consensual ou 
heterocomposição onde o equilíbrio das partes não seja adequadamente dimensionado, 
onde os direitos não tenham tutela constitucionalmente adequada. O novo Código de 
Processo Civil tem como pilar o princípio e o dever de estímulo a solução consensual 
dos litígios. A Justiça Multiportas, aparece no CPC através de seus institutos mais 
conhecidos, a conciliação, a mediação e a arbitragem, mencionados em diversas 
 
7 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm 
8 Disponível em: https://www.conjur.com.br/loja/item/colecao-grandes-temas-cpc-v9-justica-multiportas 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm
https://www.conjur.com.br/loja/item/colecao-grandes-temas-cpc-v9-justica-multiportas
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passagens, deixando clara a sua intenção de incentivar uma nova postura de todos 
aqueles envolvidos com a tutela dos direitos, inclusive os próprios consumidores da 
justiça, dos quais é exigida a cooperação, como na audiência obrigatória de conciliação 
e mediação, prevista no Art. 334. A potencialidade de se resolver um conflito por outras 
formas que não à judicial estatal traz muito mais benefícios do que problemas. E o mais 
importante deles consiste na adequação que os mecanismos não adversariais e 
extraestatais podem proporcionar à solução da controvérsia, resultando, acima de tudo, 
na satisfação do jurisdicionado e na restauração da convivência social entre os 
envolvidos no conflito, tendo ainda como efeitos reflexos, entre outros, a diminuição dos 
recursos, a facilitação da execução,muitas vezes com adimplemento espontâneo, e 
execução imediata das medidas adotadas, e a possibilidade de diminuição de 
demandas judiciais com o advento de uma cultura de pacificação a ser fomentada na 
sociedade, atingindo empresas, o Estado e o cidadão. Assim, os operadores do direito 
devem se desarmar e abraçar essa nova realidade jurídica. 
• Exemplos no CPC: 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É 
permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, 
a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos 
de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, 
defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial. 
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, 
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo 
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a 
autocomposição. 
 
3. Classificação da jurisdição. 
A jurisdição possui duas grandes espécies: a contenciosa e a voluntária. 
A jurisdição voluntária é atividade resultante de negócio jurídico que se exige 
um ato do Estado, para que o negócio se realize ou complete. Acrescenta que, como 
função, ela tem natureza administrativa, do ponto de vista material, e é ato judiciário, do 
ponto de vista subjetivo ou orgânico; em relação às suas finalidades, é função preventiva 
e também constitutiva. 
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Na jurisdição voluntária não há lide, mas somente administração pública de 
interesses privados. É uma das funções do Estado, confiada ao Poder Judiciário, em 
virtude da idoneidade, responsabilidade e independência dos juízes perante a 
sociedade, visando evitar litígios futuros, ou irregularidades e deficiências na formação 
do ato ou negócio jurídico. 
A propósito, Marinoni leciona que jurisdição voluntária não é jurisdição, posto 
que exerce atividade administrativa, ou seja, a administração pública dos interesses 
privados. Ensina ainda que esta não objetiva uma lide, o Estado-Juiz não substitui as 
partes, mas insere-se com estas e que a jurisdição voluntária não visa a constituição de 
uma situação jurídica nova ou a atuação da vontade concreta do direito. 
• Exemplos de jurisdição voluntária: separação consensual, testamentos, herança, 
coisa vaga etc. 
 
A doutrina tem apresentado a jurisdição contenciosa segundo uma 
classificação ou divisão assim delimitada: jurisdição comum e jurisdição especial. 
A jurisdição comum divide-se em civil e penal: 
Jurisdição Penal: atribuída aos juízos responsáveis pela 
dicção do direito material pena. Exemplo: Ao determinar a 
aplicação de uma pena para delito de homicídio, o juiz 
atuou com jurisdição penal (artigo 1º, do Código de 
Processo Penal9) e; 
Jurisdição Civil (artigo 13, do CPC10): esta seria 
atribuída aos juízos responsáveis pela dicção do direito 
material civil. Exemplo: Ação de alimentos, o juiz terá 
 
9 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os 
tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente 
da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos 
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 
100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal 
especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Parágrafo único. Aplicar-
se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os 
regulam não dispuserem de modo diverso. 
10 Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições 
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. 
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atuado com jurisdição civil. Inclui-se na civil as demandas 
de natureza comercial, previdenciária e administrativa. 
A jurisdição especial trata-se daquela atribuída aos juízes do trabalho, eleitorais 
e militares, que tratam de legislação especial. Destas, a jurisdição trabalhista é 
exclusivamente federal, pertencente à Justiça Federal. 
A jurisdição comum possui âmbito de atuação nas esferas federal, estadual e 
distrital. 
 
3.1. Organização judiciária – órgãos jurisdicionais – artigos 92 e seguintes da CF 
e Lei Complementar 35/79 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional11. 
 Segundo o artigo 16, do CPC, “a jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos 
tribunais em todo o território nacional”. 
OBS: para o Estado de São Paulo, também verificar a lei de organização judiciária – 
Decreto Lei 158/196912. 
 Vejamos como se dá a organização judiciária no Estado brasileiro, de acordo 
com as regras e classificação da jurisdição: 
1) Divisão entre justiça estadual e federal: 
 
 
 
11 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm 
12 Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-
28.10.1969.html 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html
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2) Quadro geral do Poder Judiciário – as diferentes funções essenciais à Justiça: 
 
4. Limites da jurisdição – artigos 21 a 24, do CPC. 
4.1) Competência da autoridade judiciária brasileira em matéria civil: segue-se a 
regra dos artigos 21 e 22, do CPC, sendo que compete à autoridade judiciária brasileira 
processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver 
domiciliado no Brasil (considera-se domiciliada no Brasil a 
pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou 
sucursal); 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
IV - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou 
residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais 
como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou 
obtenção de benefícios econômicos; 
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V - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor 
tiver domicílio ou residência no Brasil; 
VI - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem 
à jurisdição nacional. 
E também compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer 
outra (artigo 23): 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação 
de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união 
estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que 
o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora 
do território nacional. 
 Em matéria penal, as questões referentes à jurisdição e competência são 
previstas no Código de Processo Penal – vide artigo 1º (que serão estudadasoportunamente na disciplina Processo Penal). 
OBS: para questões referentes à cooperação internacional em matéria processual - 
ver os artigos 26 a 41, do CPC (que serão estudadas oportunamente na disciplina 
Processo Civil). 
 
5. Funções essenciais à Justiça. 
Segundo o disposto nos artigos 127 e seguintes da Constituição Federal, são 
relacionadas as seguintes funções essenciais à Justiça: 
a) Ministério Público13 – artigos 127 a 130-A, da CF: é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, 
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Embora não 
seja um Poder de Estado, o MP alcançou na CF/88, as mesmas garantias de Poder. 
Seu posicionamento constitucional, suas autonomias, funções, atribuições e vedações, 
 
13 Para mais informações: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/home_interna 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/home/home_interna
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a independência funcional de seus membros, todos estes fatores colocam-no como 
instituição essencial ao Estado. 
Legislação pertinente: artigos 127 a 130, da CF – situado no capítulo referente às 
funções essenciais da justiça; Lei orgânica do MP (8.625/9314); Lei complementar 
Estadual 734/9315 (para São Paulo). 
Princípios: a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, incluindo-se 
aqui a autonomia funcional e administrativa (artigo 127, caput e §1º, da CF16 e artigo 1º, 
Parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). 
• Autonomia funcional, administrativa e financeira (artigos 3º e 4º, da Lei nº 
8.625/9317). 
Funções institucionais (artigo 129, da CF): “I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos 
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a 
ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e 
 
14 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8625.htm 
15 Disponível em: http://www.al.sp.gov.br/norma/?id=14474 
16 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, 
podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos 
e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política 
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. 
17 Art. 3º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional, administrativa e financeira, cabendo-lhe, 
especialmente: I - praticar atos próprios de gestão; II - praticar atos e decidir sobre a situação funcional e 
administrativa do pessoal, ativo e inativo, da carreira e dos serviços auxiliares, organizados em quadros 
próprios; III - elaborar suas folhas de pagamento e expedir os competentes demonstrativos; IV - adquirir 
bens e contratar serviços, efetuando a respectiva contabilização; V - propor ao Poder Legislativo a criação 
e a extinção de cargos, bem como a fixação e o reajuste dos vencimentos de seus membros; VI - propor 
ao Poder Legislativo a criação e a extinção dos cargos de seus serviços auxiliares, bem como a fixação e 
o reajuste dos vencimentos de seus servidores; VII - prover os cargos iniciais da carreira e dos serviços 
auxiliares, bem como nos casos de remoção, promoção e demais formas de provimento derivado; VIII - 
editar atos de aposentadoria, exoneração e outros que importem em vacância de cargos e carreira e dos 
serviços auxiliares, bem como os de disponibilidade de membros do Ministério Público e de seus servidores; 
IX - organizar suas secretarias e os serviços auxiliares das Procuradorias e Promotorias de Justiça; X - 
compor os seus órgãos de administração; XI - elaborar seus regimentos internos; XII - exercer outras 
competências dela decorrentes. Parágrafo único As decisões do Ministério Público fundadas em sua 
autonomia funcional, administrativa e financeira, obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e 
executoriedade imediata, ressalvada a competência constitucional do Poder Judiciário e do Tribunal de 
Contas. Art. 4º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos 
na Lei de Diretrizes Orçamentárias, encaminhando-a diretamente ao Governador do Estado, que a 
submeterá ao Poder Legislativo. § 1º Os recursos correspondentes às suas dotações orçamentárias 
próprias e globais, compreendidos os créditos suplementares e especiais, ser-lhe-ão entregues até o dia 
vinte de cada mês, sem vinculação a qualquer tipo de despesa. § 2º A fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial do Ministério Público, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação de dotações e recursos próprios e renúncia de receitas, será exercida pelo Poder 
Legislativo, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno estabelecido na Lei Orgânica. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8625.htm
http://www.al.sp.gov.br/norma/?id=14474
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de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade 
ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos 
nesta Constituição (intentada pelo Procurador Geral da República em âmbito federal e 
pelo Procurador Geral de Justiça em âmbito estadual); V - defender judicialmente os 
direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos 
procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e 
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o 
controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no 
artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - 
exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua 
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de 
entidades públicas”. 
História e origem do MP18: controverte-se a doutrina sobre as origens do MP. Para 
alguns essas origens estariam na antiguidade, ou seja, há 4 mil anos, no magiaí, antigo 
funcionário real no Egito antigo; para outros, na Grécia antiga; há entendimento, ainda, 
de que houve figuras precursoras do MP na Roma Clássica (advocatus fisci, censores 
etc.). O mais comum é indicar-se que o MP moderno ter origem nos procuradores do 
Rei da França, ou mais especificamente, na Ordenança de 1302, de Felipe IV. O termo 
Parquet, de origem francesa significa o assoalho das salas de audiência, sobre o qual 
os membros tinham assento. No Brasil: origem do direito lusitano. A CF de 1824 aludia 
ao Procurador da Coroa e Soberania Nacional, incumbindo-o da acusação dos crimes. 
Foi somente com Campos Salles, Ministro da Justiça no Governo Provisório da 
República, que o MP começou a ser tratado como instituição (1890), motivo pelo qual 
este é tido como patrono do MP. Com a CF de 1934, institucionalizou-se definitivamente 
o MP e a CF de 1946 inseriu o MP em capítulo próprio. A CF de 1967 colocou o MP no 
capítulo do Poder Judiciário, situação eu durou pouco, e com a CF de 1969, o MPfoi 
inserido no Poder Executivo. O CPC de 1973 apresentou alguns aprimoramentos na 
competência, mas ainda assim não representou tratamento condigno. Na década de 80 
algumas soluções viera: LC 40/81 – Lei Orgânica Nacional do MP; LACP, que criou o 
inquérito civil e por fim a CF/88 que iniciou novo ciclo de independência ao MP. 
Organização do MP: Ministério Público da União (que abrange o MP Federal, o MP do 
Trabalho, o MP Militar e o MP do DF – artigo 128, inciso I, da CF) e Ministério Público 
 
18 Para uma história completa do MP, conferir: MAZZILI, Hugo Nigro. Ministério Público. 4ª Edição. São 
Paulo: Malheiros, 2015 e também: http://www.mpu.mp.br/navegacao/institucional/historico 
http://www.mpu.mp.br/navegacao/institucional/historico
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dos Estados (artigo 128, inciso II, da CF). Além disso, na forma do artigo 130, também 
há membro do MP atuando junto aos Tribunais de Contas. O Procurador Geral de 
Justiça é o chefe do MP Estadual (artigos 9 a 11 e 29, da Lei nº 8.625/93), cujos 
membros são os Promotores de Justiça em 1º grau e os Procuradores de Justiça em 2º 
grau. O Procurador Geral da República19 é o chefe do Ministério Público Federal e 
exerce as funções do Ministério Público junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), no 
Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo também o Procurador-Geral Eleitoral. O PGR 
deve sempre ser ouvido em todos os processos. No STF, o PGR é legitimado a propor 
ações diretas de inconstitucionalidade, representação para intervenção federal nos 
estados e no DF, além de propor ações penais públicas e cíveis. No STJ, o PGR pode 
propor representação pela federalização de casos de crimes contra os direitos humanos 
e ação penal. O PGR é quem designa os subprocuradores-gerais da República para 
exercer, por delegação, funções junto aos diferentes órgãos jurisdicionais do STF e do 
STJ (artigo 128, §1º, da CF), cujos membros são os Procuradores da República. 
 
Garantias do MP: artigo 128, parágrafo 5º, inciso I, da CF: a) vitaliciedade: após dois 
anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada 
em julgado; b) inamovibilidade: salvo por motivo de interesse público, mediante 
decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa e; c) irredutibilidade de 
subsídio: fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 
150, II, 153, III, 153, § 2º, I. 
 
19 Mais informações em: http://www.mpf.mp.br/ 
http://www.mpf.mp.br/
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Vedações do MP: artigo 128, parágrafo 5º, inciso II, da CF: a) receber, a qualquer título 
e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a 
advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que 
em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer 
atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as 
exceções previstas em lei. § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto 
no art. 95, parágrafo único, V. 
• MP e EC 45/200420: atribuiu algumas garantias aos membros do MP similares à 
Magistratura. 
 
b) Advocacia Pública – artigos 131 e 132, da CF21. 
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente 
ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e 
extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que 
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de 
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. 1º A 
Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, 
de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos 
maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação 
ilibada. § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição 
de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas 
e títulos. § 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a 
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda 
Nacional, observado o disposto em lei. Art. 132. Os Procuradores dos 
Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o 
ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a 
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas 
fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das 
respectivas unidades federadas. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Aos procuradores 
referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de 
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os 
 
20 Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/7441/a-emenda-constitucional-n-45-e-as-implicacoes-
no-ambito-do-ministerio-publico 
21 Mais informações em: https://www.conjur.com.br/2016-ago-18/interesse-publico-advocacia-publica-
funcao-essencial-justica 
https://jus.com.br/artigos/7441/a-emenda-constitucional-n-45-e-as-implicacoes-no-ambito-do-ministerio-publico
https://jus.com.br/artigos/7441/a-emenda-constitucional-n-45-e-as-implicacoes-no-ambito-do-ministerio-publico
https://www.conjur.com.br/2016-ago-18/interesse-publico-advocacia-publica-funcao-essencial-justica
https://www.conjur.com.br/2016-ago-18/interesse-publico-advocacia-publica-funcao-essencial-justica
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órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). 
 
c) Advocacia – artigo 133, da CF. 
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo 
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos 
limites da lei. 
Sobre a advocacia, ver também o Estatuto da Ordem dos Advogados do 
Brasil – Lei nº 8.909/84 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm e o 
Regulamento Geral do Estatuto da OAB: 
http://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/regulamentogeral.pdf – ambos são 
objeto do Exame de Ordem. É indispensável o conhecimento do seu respectivo 
conteúdo. 
 
d) Defensoria Pública22 – artigos 134 e 135, da CF: é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e 
instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a 
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, 
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na 
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal (“o Estado prestará 
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”). 
A Defensoria Pública, apesar de ser instituição estadual, não é vinculada ao governo. 
Sua autonomia é prevista pela Constituição Federal e é uma garantia para que os 
Defensores Públicos possam representar os direitos da população sem qualquer tipo de 
constrangimento. Internamente, cada Defensor possui independência funcional para 
seguir livremente sua convicção em cada caso em que atua. Atualmente, há 719 
Defensores Públicos no Estado de São Paulo, que trabalham em 65 unidades 
espalhadas por 43 cidades. Processos de parte dos municípios que integram as 
mesmas comarcas também são atendidos, nas áreas de execução penal e de medidas 
socioeducativas. A administração superior da instituição é conduzida pelo Defensor 
Público-Geral do Estado – nomeado pelo Governador a partir de uma lista tríplice

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