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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Teoria Constitucional do Processo 
 
Professor Gustavo Belucci 
1 
 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respectivas obras. 
 
Aula 10 – COMPETÊNCIA. 
EMENTA: Conhecer as regras de definição da 
competência do juízo. Compreender as regras referentes 
à competência absoluta e relativa e as formas de 
modificação da competência relativa. Conhecer as regras 
de definição da competência do juízo. Compreender as 
regras referentes à competência absoluta e relativa e as 
formas de modificação da competência relativa. 
 
Introdução. 
 A competência é estabelecida em lei e determina os limites do poder de julgar. 
Consiste na limitação do exercício da jurisdição atribuída a cada órgão ou grupo de 
órgãos jurisdicional – é a medida da jurisdição. 
 Nesse sentido, confira-se a disposição do CPC, no artigo 42: “As causas cíveis 
serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às 
partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei”. 
 É “incompetente” o juiz que não tem o poder de julgar atribuído por lei e, em 
caso de julgamento, seus atos poderão ser declarados nulos, assim, se um juiz assume 
uma vara criminal, não poderá julgar ações de divórcio, pois a competência a ele 
atribuída não abrange as ações de família, por exemplo. 
 A competência, no processo civil, é trazida nos artigos 42 a 66, do Código de 
Processo Civil e no processo penal, nos artigos 69 a 91, do Código de Processo Penal. 
 
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Teoria Constitucional do Processo 
 
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1. Regras (ou critérios) para definição de competência. 
 Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência 
são: a) o da soberania nacional; b) o da hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais 
(critério funcional); c) o da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no 
litígio (critério objetivo), e; d) os dos limites territoriais que cada órgão judicial exerce a 
atividade jurisdicional (critério territorial). 
 A regra geral para definição da competência está no artigo 43, do CPC, que 
dispõe: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da 
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito 
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a 
competência absoluta” – trata-se da chamada competência por distribuição (critério 
territorial). 
 A competência, na forma do artigo 44, do CPC, obedecerá aos limites 
estabelecidos na Constituição Federal (foro por prerrogativa de função, por exemplo – 
determinadas autoridades somente podem ser julgadas por determinados órgãos do 
Poder Judiciário, como é o caso do julgamento dos deputados federais pelo STF em 
caso de crimes comuns – artigo 53, §1º, da CF1) e será determinada pelas regras 
previstas no CPC/lei especial, pelas normas de organização judiciária (lei estadual2) 
e pelas constituições dos Estados3. 
 Contudo, para se determinar o juízo competente, uma análise pormenorizada 
deve ser desenvolvida além da regra geral. Vejamos cada um deles. 
 
1.1. Competência internacional (critério da soberania nacional). 
 Como é sabido, a jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por consequência 
natural, deve ser exercida dentro do seu território. Entretanto, a necessidade de 
 
1 Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, 
palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 1º Os Deputados e 
Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 2º Desde a expedição do diploma, 
os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. 
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo 
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
35, de 2001) (...) 
2 Em São Paulo, a organização judiciária é disciplinada pelo Decreto Lei 158/69 – disponível em: 
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html 
3 A constituição do Estado de São Paulo pode ser consultada aqui: 
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e25766
58b1c52903256d63004f305a?OpenDocument 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument
http://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/a2dc3f553380ee0f83256cfb00501463/46e2576658b1c52903256d63004f305a?OpenDocument
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convivência entre os Estados, independentes e soberanos, fez nascer regras que levam 
um Estado a acatar, dentro de certos limites estabelecidos em tratados internacionais, 
as decisões proferidas por juízes de outros Estados. 
 Diante dessa realidade, o legislador nacional definiu casos em que a 
competência é exclusiva do Poder Judiciário brasileiro, e casos em que a 
competência é concorrente/cumulativa, sendo que a decisão proferida no estrangeiro 
pode vir a gerar efeitos dentro do nosso território, após ser homologada pelo STJ. 
 A competência será exclusiva, na forma do artigo 23, do CPC: “Compete à 
autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações 
relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder 
à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no 
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de 
união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional”. 
 A competência será concorrente/cumulativa, na forma dos artigos 21 e 22, do 
CPC: “Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I 
- o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil 
tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado 
no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada 
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 
22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de 
alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver 
vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou 
obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo,quando 
o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou 
tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional”. 
• Atenção: a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz 
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça 
da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em 
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. A 
pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de 
sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil (artigo 
24, do CPC). 
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• Atente-se também: não compete à autoridade judiciária brasileira o 
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro 
exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação, 
salvo as causas de competência exclusiva da jurisdição nacional. 
 
1.2. Competência funcional (critério funcional). 
 Divide-se a atividade jurisdicional entre órgãos que devam atuar dentro do 
mesmo processo. 
 Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade 
de determinados atos se realizarem perante órgãos diversos; é o caso da carta 
precatória para citação ou intimação e oitiva de testemunha que esteja domiciliada em 
comarca diversa daquela em que tramita o processo, para a realização de penhora de 
bem situado em comarca diversa. 
 Essa competência é alterada também de acordo com o grau de jurisdição. 
Normalmente se desloca a competência para um órgão de segundo grau, um tribunal, 
para reapreciar processo decidido em primeira instancia por meio de recurso. 
 
1.3. Critério objetivo. 
O critério objetivo engloba: 
a) Competência em razão da pessoa (partes): a fixação da competência tendo em 
conta as partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar a determinação da 
competência originaria dos tribunais, para ações em que a Fazenda Pública for parte 
etc.; 
b) Competência em razão da matéria (ratione materiae): causa de pedir; considera-
se, ao fixar a competência, a natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo 
fato jurídico que lhe dá ensejo, por exemplo: para conhecer de uma ação de separação, 
será competente um dos juízes das Varas da Família e Sucessões, quando os houver 
na Comarca; 
c) Competência em razão do valor da causa (pedido): serve para delimitar, entre 
outras hipóteses, competência de varas distritais, ou, quando houver organizado, dos 
Tribunais de Alçada. 
 
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1.4. Competência territorial (critério territorial). 
É o critério que se apega à circunscrição geográfica. É o critério de foro que se 
encontra no CPC, nos artigos 46 a 53, confira-se: 
OBS: foro é a comarca onde a demanda deve ser proposta, isto é, a competência 
territorial para o ajuizamento da ação. A comarca corresponde ao território em que o 
juiz de primeiro grau irá exercer sua jurisdição e pode abranger um ou mais municípios, 
dependendo do número de habitantes e de eleitores, do movimento forense e da 
extensão territorial dos municípios do estado, entre outros aspectos. Cada comarca, 
portanto, pode contar com vários juízes ou apenas um, que terá, no caso, todas as 
competências destinadas ao órgão de primeiro grau4. 
Caso Local/foro Artigo do CPC e regras 
específicas 
Direito pessoal ou real sobre 
bens móveis 
Foro do domicílio do réu Art. 46. A ação fundada em 
direito pessoal ou em direito 
real sobre bens móveis será 
proposta, em regra, no foro 
de domicílio do réu. § 
1o Tendo mais de um 
domicílio, o réu será 
demandado no foro de 
qualquer deles. § 2o Sendo 
incerto ou desconhecido o 
domicílio do réu, ele poderá 
ser demandado onde for 
encontrado ou no foro de 
domicílio do autor. § 
3o Quando o réu não tiver 
domicílio ou residência no 
Brasil, a ação será proposta 
no foro de domicílio do autor, 
e, se este também residir fora 
do Brasil, a ação será 
proposta em qualquer foro. § 
4o Havendo 2 (dois) ou mais 
réus com diferentes 
domicílios, serão 
demandados no foro de 
qualquer deles, à escolha do 
autor. § 5o A execução fiscal 
será proposta no foro de 
domicílio do réu, no de sua 
residência ou no do lugar 
onde for encontrado. 
Direito real sobre imóveis Foro de situação da coisa Art. 47. Para as ações 
fundadas em direito real 
sobre imóveis é competente o 
foro de situação da coisa. § 
 
4 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-
entrancia-e-instancia 
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-entrancia-e-instancia
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/82385-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-comarca-vara-entrancia-e-instancia
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1o O autor pode optar pelo 
foro de domicílio do réu ou 
pelo foro de eleição se o 
litígio não recair sobre 
direito de propriedade, 
vizinhança, servidão, 
divisão e demarcação de 
terras e de nunciação de 
obra nova. § 2o A ação 
possessória imobiliária 
será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo 
tem competência absoluta. 
Inventário, partilha, 
arrecadação, cumprimento 
de disposições de última 
vontade, impugnação ou 
anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for 
réu 
Foro de domicílio do autor da 
herança 
Art. 48. O foro de domicílio 
do autor da herança, no 
Brasil, é o competente para o 
inventário, a partilha, a 
arrecadação, o cumprimento 
de disposições de última 
vontade, a impugnação ou 
anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for 
réu, ainda que o óbito tenha 
ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor 
da herança não possuía 
domicílio certo, é 
competente: I - o foro de 
situação dos bens imóveis; II 
- havendo bens imóveis em 
foros diferentes, qualquer 
destes; III - não havendo 
bens imóveis, o foro do local 
de qualquer dos bens do 
espólio. 
Réu ausente Foro de seu último domicílio, 
também competente para a 
arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias 
Art. 49. A ação em que o 
ausente for réu será 
proposta no foro de seu 
último domicílio, também 
competente para a 
arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de 
disposições testamentárias. 
Réu incapaz Foro de domicílio de seu 
representante ou assistente 
Art. 50. A ação em que o 
incapaz for réu será 
proposta no foro de domicílio 
de seu representante ou 
assistente. 
Quando a União ou Estado 
forem autores 
Foro de domicílio do réu Art. 51. É competente o foro 
de domicílio do réu para as 
causas em que seja autora a 
União. Parágrafo único. Se a 
União for a demandada, a 
ação poderá ser proposta no 
foro de domicílio do autor, no 
de ocorrência do ato ou fato 
que originou a demanda, no 
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de situação da coisa ou no 
Distrito Federal. Art. 52. É 
competente o foro de 
domicílio do réu para as 
causas em que seja autor 
Estado ou o Distrito 
Federal. Parágrafo único. Se 
Estado ou o Distrito Federal 
for o demandado, a ação 
poderá ser proposta no foro 
de domicílio do autor, no de 
ocorrência do ato ou fato que 
originou a demanda, no de 
situação da coisa ou na 
capital do respectivo ente 
federado. 
Para a ação de divórcio, 
separação, anulação de 
casamento e reconhecimento 
ou dissolução de união 
estável 
Foros: a) de domicílio do 
guardião de filho incapaz; b) 
do último domicílio do casal,caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se 
nenhuma das partes residir 
no antigo domicílio do casal. 
Art. 53. É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, 
separação, anulação de 
casamento e reconhecimento 
ou dissolução de união 
estável: a) de domicílio do 
guardião de filho incapaz; b) 
do último domicílio do casal, 
caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se 
nenhuma das partes residir 
no antigo domicílio do casal; 
Ação em que se pedem 
alimentos 
Foro do domicílio ou 
residência do alimentando 
Art. 53 (...) II - de domicílio ou 
residência do alimentando, 
para a ação em que se 
pedem alimentos; 
Ré pessoa jurídica Foro do local da sede; onde 
se acha agência ou sucursal, 
quanto às obrigações que a 
pessoa jurídica contraiu; 
onde exerce suas atividades, 
para a ação em que for ré 
sociedade ou associação 
sem personalidade jurídica. 
Art. 53, inciso III, alíneas “a”, 
“b” e “c”. 
Ação que visa o cumprimento 
de obrigações 
Onde a obrigação deve ser 
satisfeita 
Art. 53, inciso III, alínea “d”. 
Direitos previstos no Estatuto 
do Idoso – Lei nº 
10.741/20035. 
Foro do local da residência do 
idoso 
Art. 53, inciso III, alínea “e”. 
Ação de reparação de dano 
por ato praticado em razão do 
ofício notarial 
Foro da sede da serventia Art. 53, inciso III, alínea “f”. 
Ação para reparação de 
danos 
Foro do local do ato ou fato Art. 53, inciso IV. 
Ação de reparação de dano 
sofrido em razão de delito ou 
acidente de veículos, 
inclusive aeronaves 
Foro do domicílio do autor ou 
local do fato 
Art. 53, inciso V. 
 
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
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• Conclusão para fixação de competência (etapas): 
Do ponto de vista didático, a fixação da competência observará o seguinte passo a 
passo, sintetizando as colocações acima: 
1º) A competência é internacional ou interna? 
2º) Se interna, a competência é exclusiva ou concorrente? 
3º) Se interna, a competência é da Justiça comum ou especial? 
4º) Se da Justiça comum, a competência é federal ou estadual? 
5º) Verificação da competência territorial e; 
6º) Verificação da Vara6. 
 
2. Classificação de competência. 
Vide tabela: 
COMPETÊNCIA DE FORO 
(TERRITORIAL). 
Foro é a unidade territorial sobre a qual 
se exerce o poder jurisdicional. Primeiro, 
verifica-se qual é o foro competente, de 
acordo com as regras do CPC. 
COMPETÊNCIA DO JUÍZO. 
Após a verificação do foro competente, o 
próximo passo é verificar qual é o juízo 
competente, segundo as leis de 
organização judiciária. 
 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. 
Pode ser atribuída ao juízo singular (é a 
regra) ou ao tribunal (excepcional, como 
nos casos de ação rescisória, mandado 
de segurança contra ato judicial etc.). 
COMPETÊNCIA DERIVADA OU 
RECURSAL. 
Normalmente é atribuída a um tribunal. 
Caso de juízo singular com competência 
recursal: os embargos infringentes de 
alçada são julgados pelo mesmo juízo 
 
6 As varas representam a área de atuação definida de cada juiz. 
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prolator da sentença (art. 34 da Lei 
6.830/80). 
COMPETÊNCIA RELATIVA. 
1) É fixada para atender 
preponderantemente ao interesse 
particular. 
2) Deve ser arguida pelo réu na 
contestação, sob pena de preclusão e 
prorrogação do juízo (art. 657). Pode ser 
alegada pelo MP nas causas de sua 
atuação (art. 65, parágrafo único). O 
assistente simples não pode alegar 
incompetência relativa em favor do 
assistido (aplicação do art. 122). 
3) Súmula 33 do STJ: a incompetência 
relativa não pode ser conhecida de ofício. 
4) Pode ser modificada pelo foro de 
eleição (art. 63) ou pela simples não 
alegação. Pode ser alterada por conexão 
ou continência. 
5) Mudança superveniente é irrelevante 
(aplicação da perpetuatio jurisdicionis). 
Exemplos: territorial (regra geral) e em 
razão do valor da causa (quando ficar 
aquém do limite estabelecido por lei). 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 
1) É fixada para atender 
preponderantemente ao interesse 
público. 
2) Pode ser alegada a qualquer tempo, 
por qualquer das partes. Se a decisão 
transitar em julgado, cabe ação rescisória 
para desconstituí-la (art. 966, II). 
3) Deve ser declarada de ofício (art. 64, 
§1º). Não pode ser alterada por vontade 
das partes8. 
4) Não pode ser alterada por conexão ou 
continência. 
5) Mudança superveniente impõe o 
deslocamento da causa para outro juízo 
(excepciona a perpetuatio jurisdicionis). 
Exemplos: em razão da matéria; em 
razão da pessoa; funcional; territorial (em 
alguns casos – vide no caso de ação civil 
pública – artigo 2º, da Lei nº 7.347/859); 
em razão do valor da causa (quando 
extrapolar os limites estabelecidos pelo 
legislador). 
 
7 Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de 
contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas 
causas em que atuar. 
8 Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 
1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada 
de ofício. § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de 
incompetência. § 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo 
competente. § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão 
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
9 Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá 
competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a 
jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir 
ou o mesmo objeto. 
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3. Competência absoluta (conforme distinção feita na tabela acima). 
A competência absoluta jamais pode ser modificada, pois é determinada de 
acordo com o interesse público, assim não é plausível de mudança pelas circunstâncias 
processuais ou vontade das partes. A competência absoluta é assim considerada 
quando fixada em razão da matéria (ratione materiae, em razão da natureza da ação, 
exemplo: ação civil, ação penal etc.), da pessoa (ratione personae, em razão das partes 
do processo) ou por critério funcional (em razão da atividade ou função do órgão 
julgador, por exemplo: competência para julgamento de recurso), em alguns casos o 
valor da causa bem como a territorialidade podem ser consideradas competência 
absoluta, mas a isso se trata como exceção. 
A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício, e a qualquer momento do 
processo ela pode ser alegada, tanto pelas partes quanto pelo próprio juiz. Se houver 
vício no processo referente à competência absoluta, isso acarreta em uma nulidade 
absoluta do processo. Mesmo depois de trânsito em julgado, se no prazo de dois anos 
for identificada a incompetência absoluta é possível desconstituí-la em ação rescisória. 
Reconhecida a incompetência absoluta os atos já praticados tornam-se nulos, e o 
processo é enviado ao juiz deveras competente. A regra de competência absoluta não 
é passível de alteração por continência ou conexão. 
 
4. Competência relativa (conforme distinção feita na tabela acima). 
A competência relativa, diz respeito ao interesse privado, ela é fixada de acordo 
com critériosem razão do valor da causa (Juizados Especiais Estaduais, Federais e da 
Fazenda Pública, que tem um teto previsto para o valor das ações) em razão da 
territorialidade (de acordo com a circunscrição territorial judiciária, foro comum: domicilio 
do acusado) 
Diferente da incompetência absoluta, a relativa só pode ser requerida pelo réu, no 
prazo da resposta sobre a penalidade de preclusão. Assim, o juiz não pode reconhecê-
la de oficio, mas o Ministério Público pode alegá-la em benefício de réu incapaz. 
A arguição de incompetência relativa deve ser feita por exceção instrumental, que 
deve ser ajuizada em peça apartada da contestação. Porém o Superior Tribunal de 
Justiça, tem entendido que essa pode acontecer também na contestação. 
Depois de reconhecida a incompetência relativa, remete-se os autos aos juízes 
competentes, porém não há anulação dos atos já praticados, ou seja opera efeitos ex-
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nunc. A regra de competência relativa pode ser modificada também por conexão e 
continência. 
 
5. Modificação da competência10 (artigos 54 a 63, do CPC). 
Segundo a regra do artigo 54, do CPC, a modificação da competência se dará por 
conexão ou continência: “Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela 
conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção”. 
• Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o 
pedido ou a causa de pedir (artigo 55, do CPC). 
• Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver 
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, 
por ser mais amplo, abrange o das demais (artigo 56, do CPC). 
OBS: prevenção (artigos 58 e 59, do CPC): significa a fixação da competência, num 
dado juízo, através de ato concreto: “Art. 59. O registro ou a distribuição da petição 
inicial torna prevento o juízo”. É, portanto, um critério de confirmação e manutenção da 
competência do juiz que conheceu a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua 
jurisdição e excluindo possíveis competências concorrentes de outros juízos. 
5.1. Foro de eleição: nas ações que envolvem direitos subjetivos de caráter patrimonial 
e disponível, onde impera a liberdade contratual privada, as partes contratantes podem 
fixar diversas regras jurídicas para reger a relação contratual, inclusive alterando as 
disposições ordinárias da legislação. O contrato, nesse âmbito, faz lei entre as partes e 
permite a modificação de alguns critérios processuais, dentre eles, a competência 
relativa, concernente à territorialidade. Trata-se da regra do artigo 63, do CPC: 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor 
e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de 
direitos e obrigações. § 1o A eleição de foro só produz efeito quando 
constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado 
negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e 
sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição 
de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que 
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
 
10 Mais informações em: http://www.ambito-
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§4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de 
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
6. Conflito de competência (artigo 66, do CPC). 
 Não se faz incomum, na prática, que dois ou mais juízes se deem por competentes 
para um mesmo processo, ou, ao contrário, se entendam incompetentes para apreciar 
a causa. 
 O conflito de competência, portanto, pode ser positivo ou negativo. Será 
positivo quando ambos os juízes assinalarem sua competência para o feito e, negativo, 
quando a controvérsia versar sobre a afirmação de incompetência por parte de ambos. 
 O conflito de competência será encaminhado ao Presidente do Tribunal 
hierarquicamente superior aos magistrados conflitantes, que julgará o conflito, decidindo 
qual o juiz competente para a causa e pronunciar-se-á, igualmente, sobre a validade 
dos atos até então praticados pelo juiz incompetente (artigos 951 e seguintes do CPC). 
Art. 66. Há conflito de competência quando: 
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo 
um ao outro a competência; 
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião 
ou separação de processos. 
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada 
deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. 
 
OBSERVAÇÃO. 
1) Competência federal (artigo 109, da CF): toda vez que se configurarem as 
situações descritas no artigo 109, da CF, a competência será da Justiça federal: 
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada 
ou residente no País; 
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III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse 
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e 
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, 
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento 
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça 
Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, 
após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas”. 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
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