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MATERIAL COMPLEMENTAR - ARTIGOS MENCIONADOS EM SALA DE AULA Teoria Geral do Processo • P. do Devido Processo Legal ou P. da Legalidade: ART. 5º, LIV, CF/88 - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; • P. do acesso à justiça ou P. da Inafastabilidade da Jurisdição: ART. 5º, XXXV, CF/88 - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; • P. do acesso à justiça ou P. da Inafastabilidade da Jurisdição: ART 3º, CAPUT, CPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. • P. do Contraditório e da Ampla Defesa: ART. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Vou estudar • P. do Contraditório e da Ampla Defesa: Art. 9º, CPC: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. • Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: • I - à tutela provisória de urgência; • II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; • III - à decisão prevista no art. 701 . • P. da Não-Surpresa: Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. • P. da Duração Razoável do processo: ART. 5º, LXXVIII, CF/88 - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. • P. da Duração Razoável do processo: Art. 4º, CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. • P. da Isonomia: ART. 5º, CAPUT, CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: • I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; • P. da Isonomia: Art. 7º, CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. • P. do Juiz Natural: ART. 5º, LIII, CF/88 - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; e ART. 5º, XXXVII, CF/88 - não haverá juízo ou tribunal de exceção; • P. da Publicidade: ART. 5º, LX, CF/88 - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; • P. da Motivação das Decisões Judiciais: ART. 90, X, CF/88:X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; • P. da Publicidade: Art. 11, CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. • Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. • P. da Publicidade: Art. 189, CPC. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: • I - em que o exija o interesse público ou social; • II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; • III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; • IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. • P. da Motivação das decisões judiciais: ART. 489, § 1º, CPC: Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: • I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; • II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; • III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; • IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; • V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; • VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) § 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. § 2º Estão excluídos da regra do caput : I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ; V - o julgamento de embargos de declaração; VI - o julgamento de agravo interno; VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais. § 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência. § 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista. § 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que: I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução; II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II . https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art4 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art932 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1040 A JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA • Se a jurisdição é uma manifestação do poder do Estado, é evidente que ela assumirá objetivos distintos conforme o tipo de Estado e sua finalidade essencial. Em outras palavras, a jurisdição refletirá fins sociais, políticos e propriamente jurídicos, de acordo com a natureza do Estado cujo poder ela expressa. • Considerando que o Estado brasileiro está constitucionalmente comprometido com a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais, bem como com a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação (art. 3.º da Constituição Federal), os fins da jurisdiçãodevem necessariamente refletir tais princípios. Assim, ao aplicar uma norma ou ao fazê-la produzir efeitos concretos, a jurisdição reafirma o direito material, o qual, por sua vez, deve estar em consonância com as normas constitucionais que revelam os fundamentos e preocupações básicas do Estado. • Para exercer a função jurisdicional, o Estado precisa de uma estrutura composta por múltiplos juízes, juízos e tribunais, especialmente em um país com a extensão territorial do Brasil. Para que a justiça possa ser organizada e efetivamente exercida, torna-se necessário agrupar e classificar os inúmeros litígios concretos, com base em elementos comuns – seja em razão da matéria, da natureza dos processos ou das pessoas envolvidas. A função jurisdicional, portanto, é organizada segundo esses critérios, que definem a distribuição das competências. A JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA • No Brasil, a Constituição Federal estabelece as diversas "justiças", ou seja, os ramos do Poder Judiciário compostos por órgãos responsáveis por determinados tipos de litígios. Assim, fala-se em Justiça do Trabalho (arts. 111 a 116), Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121), Justiça Militar (arts. 122 a 124), Justiça Federal (arts. 106 a 110) e Justiça Estadual (arts. 125 e 126). A competência de cada uma dessas justiças é, em regra, delimitada por critérios constitucionais. Por exclusão, o que não se enquadra nas competências das justiças especializadas – do Trabalho, Eleitoral e Militar – é atribuído à Justiça Comum. E, ainda dentro da Justiça Comum, aquilo que não for da competência da Justiça Federal (arts. 108 e 109) será da competência da Justiça Estadual. • A Constituição Federal, após tratar das justiças especializadas e da Justiça Federal, determina em seu art. 125, caput, que “os Estados organizarão sua Justiça”, observados os princípios nela estabelecidos. A partir disso, surgem outros conjuntos normativos – as Constituições Estaduais e as leis de organização judiciária dos Estados – que estruturam as Justiças Estaduais, definindo a distribuição interna de competências e estabelecendo o desenho institucional desses órgãos. A JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA • A Constituição também prevê a existência do Supremo Tribunal Federal (arts. 101 a 103) e do Superior Tribunal de Justiça (arts. 104 e 105). As competências dessas Cortes estão disciplinadas, respectivamente, nos artigos 102 e 105 da Constituição. Quando a Constituição atribui a esses tribunais competências originárias, retira determinadas causas da apreciação de todas as demais justiças. Por essa razão, tais tribunais são considerados órgãos de superposição, pois não integram nenhuma das justiças especializadas ou comuns, assumindo papel próprio e independente dentro da estrutura do Poder Judiciário. • Competência e jurisdição não são a mesma coisa. • A jurisdição é o poder do Estado de resolver conflitos. É como se o Estado dissesse: "eu posso julgar e decidir esse problema". Esse poder é exercido pelos juízes, que representam o Estado quando aplicam a lei em um caso concreto. • A competência, por outro lado, é a parte da jurisdição que cada juiz ou tribunal pode exercer. Em outras palavras, é a regra que diz qual juiz pode julgar qual tipo de caso. Por exemplo, um juiz do trabalho só pode julgar causas trabalhistas, e não causas criminais ou de família. Ele tem o poder de julgar (jurisdição), mas só pode usar esse poder nos casos que a lei diz que ele pode (competência). A JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA • Parte da doutrina processualista afirma que a competência é a “medida” da jurisdição, mas, para outros autores, isso pode confundir. Não é como se o juiz tivesse “mais ou menos” jurisdição, como se fosse uma quantidade. O que existe são limites definidos pela lei, que dizem quem pode julgar o quê. • Por isso, é melhor entender a competência como a autorização legal para o juiz usar o poder de julgar em um caso específico. Se ele julga algo fora da sua competência, a decisão pode ser anulada, porque ele não tinha permissão para atuar naquele caso. QUADRO-RESUMO • O artigo 92 da Constituição Federal de 1988 define quais são os órgãos que integram o Poder Judiciário no Brasil. Ou seja, ele lista e organiza os componentes formais do Judiciário, desde os tribunais superiores até os juízes de primeira instância. • Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios OS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO OS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO Sobre a independência e autonomia do Poder Judiciário: independência política e jurídica dos juízes • Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais Sobre a independência e autonomia do Poder Judiciário: • Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 • Entendida a diferença entre jurisdição (o poder de julgar) e competência (a autorização legal para julgar certos casos), e compreendida a estrutura do Poder Judiciário, que é independente e autônomo, é importante também saber diferenciar dois conceitos que costumam causar confusão: foro e juízo. • O foro é a divisão territorial da Justiça. Ele indica o lugar geográfico onde a ação deve ser proposta. Por exemplo: quando se diz que o foro competente é o da cidade de Belo Horizonte, isso quer dizer que o processo deve tramitar na comarca de Belo Horizonte. O foro, portanto, tem a ver com território. FORO X JUÍZO • Já o juízo é o órgão judicial específico que vai julgar aquele processo dentro do foro indicado. É o cartório e a vara onde o processo será distribuído. Por exemplo: no foro de Belo Horizonte, pode haver várias varas cíveis – Juízo da 1ª Vara Cível, da 2ª Vara Cível, e assim por diante. FORO X JUÍZO A busca do “juízo competente” deve seguir os seguintes passos, na perspectiva constitucional: (a) trata-se de caso a ser julgado pela justiçabrasileira?; (b) se positiva a resposta, aquele caso é reservado originariamente para algum Tribunal Superior?; (c) trata-se de caso afeto a um órgão jurisdicional “especial”?; (d) a competência é do Tribunal Regional Federal?; (e) a competência é da justiça federal?; (f) com a resposta negativa à última questão, ainda é o caso de verificar se a Constituição do Estado prevê alguma regra de competência diferenciada para seu Tribunal de Justiça ou, em se tratando de caso relacionado à justiça do Distrito Federal e Territórios, se a competência é originária do respectivo Tribunal de Justiça; e (g) não havendo nenhuma regra constitucional, a competência é da justiça estadual de primeira instância? COMO SE DEFINE O JUÍZO COMPETENTE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL? Logo, para apurar onde determinada demanda deve ocorrer, será indispensável consultar: ■ a Constituição Federal, para verificar se não se trata de competência originária dos Tribunais Superiores, bem como para identificar se a competência é de alguma das justiças especiais, da Justiça Federal comum ou da Justiça Estadual comum; ■ a lei federal (em regra, o CPC ou eventual legislação específica, para determinadas ações), para apurar o foro competente; ■ a lei estadual de organização judiciária, quando for necessário, dentro de determinado foro, apurar qual o juízo competente. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA • Existem questões que podem ser examinadas pela Justiça brasileira – para as quais ela possui jurisdição – e outras que, em regra, não podem, por não dizerem respeito ao nosso ordenamento. Compete às leis estabelecer o que está no âmbito da nossa jurisdição e o que está fora dela. Não há um organismo multinacional ou universal que defina o que cada país pode ou não julgar. Assim, cabe à legislação de cada Estado estabelecer os limites de sua jurisdição. • Há questões que não convém serem julgadas aqui, seja por não apresentarem relação com o Brasil, seja porque, ainda que o julgamento ocorresse, não haveria meios de impor o cumprimento da decisão. • O Código de Processo Civil enumera as causas que estão sob jurisdição nacional, ou seja, que podem ser julgadas pela Justiça brasileira. Ao fazê-lo, permite-se, por exclusão, identificar aquelas que não o estão. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA • São três os artigos do Código de Processo Civil que tratam da jurisdição nacional e enumeram as ações que podem ser propostas no Brasil: os artigos 21, 22 e 23. Os dois primeiros indicam as hipóteses de jurisdição nacional concorrente, enquanto o terceiro trata da jurisdição exclusiva. • Jurisdição Concorrente – (Artigos 21 e 22 do CPC/2015) Esses dispositivos elencam as hipóteses em que a lei atribui competência à Justiça brasileira, sem excluir a possibilidade de que a mesma matéria seja apreciada pela Justiça estrangeira. Ou seja, trata- se de ações que, se propostas no Brasil, poderão ser conhecidas e julgadas. Contudo, também se admite que a Justiça estrangeira profira decisão sobre o mesmo assunto, a qual poderá produzir efeitos no Brasil desde que seja homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA • Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I. o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,estiver domiciliado no Brasil; II. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III. o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. • Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA • O inciso I do art. 21 mencionado no slide anterior é autoexplicativo na sua redação, mas é bom lembrar o seguinte: ainda que a ação tenha vários réus, sendo um deles domiciliado no Brasil, pode a ação ser proposta em território nacional. • Na hipótese do inciso II do mesmo artigo, a jurisdição será da autoridade brasileira, ainda que o réu seja estrangeiro e esteja domiciliado no exterior. Trata-se de hipótese relevante para o direito contratual, por exemplo. • Quanto ao inciso III, observa-se que é uma hipótese de grande relevância para as questões de responsabilidade civil. Se um estrangeiro, que tem domicílio no exterior, vem passar alguns dias no Brasil e aqui pratica um ato ilícito, do qual resultam danos, a ação indenizatória poderá ser processada e julgada no Brasil. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. A QUESTÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA Qual a diferença entre as hipóteses previstas no art. 23 do CPC e as dos artigos 21 e 22, que tratam da jurisdição concorrente? É que, vindo à homologação uma decisão estrangeira, o Superior Tribunal de Justiça poderá concedê-la, preenchidos os requisitos, nas hipóteses dos arts. 21 e 22. Mas jamais poderá fazê-lo em relação às do art. 23, porque só a justiça brasileira está autorizada a julgar ações sobre tais assuntos. Uma decisão estrangeira que verse sobre qualquer deles estará fadada a ser permanentemente ineficaz no Brasil, já que nunca poderá ser homologada. COMPETÊNCIA CONCORRENTE X COMPETÊNCIA EXCLUSIVA A QUESTÃO DA LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL • Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. • Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. • O art. 24 do CPC (acima transcrito) trata de uma questão muito importante no Direito Internacional Privado processual: a possibilidade de coexistência de processos sobre a mesma causa em países diferentes, especialmente entre o Brasil e tribunais estrangeiros. • Em outras palavras... A QUESTÃO DA LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL • Caput do art. 24 – Processos simultâneos no Brasil e no exterior “A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas (...).” Significado: Se uma ação já estiver tramitando no exterior, isso não impede que uma ação sobre o mesmo assunto seja ajuizada no Brasil. Ou seja, não há litispendência internacional automática no Brasil. • 🔍 Litispendência, no processo civil brasileiro, ocorre quando há a mesma ação, com as mesmas partes, causa de pedir e pedido tramitando em dois juízos – mas isso só vale entre juízos brasileiros. O fato de haver uma ação igual no exterior não trava o andamento do processo no Brasil. Exceção: • Tratados e acordos internacionais em vigor no Brasil podem prever o contrário. Ex: tratados de cooperação judiciária entre países, que determinemsuspensão da ação no Brasil enquanto tramita o processo no país estrangeiro. A QUESTÃO DA LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL • Parágrafo único do art. 24 – Homologação de sentença estrangeira “A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.” • Significado: mesmo que já exista um processo sobre o mesmo assunto tramitando no Brasil, a sentença estrangeira pode ser homologada no STJ (Superior Tribunal de Justiça), se for necessária para produzir efeitos aqui. Ou seja, o Brasil não exige exclusividade de jurisdição para reconhecer uma sentença vinda de fora. Aplicação prática: Imagine que uma pessoa divorciada no exterior deseje que essa sentença produza efeitos no Brasil (ex: para alterar o estado civil no registro civil brasileiro). Mesmo que exista aqui uma ação de divórcio ainda tramitando, o STJ pode homologar a sentença estrangeira para produzir seus efeitos. ENTENDIDO ATÉ AQUI? NORMAS GERAIS SOBRE COMPETÊNCIA NO PROCESSO CIVIL • O sistema jurídico brasileiro define a competência por meio de três fundamentos centrais: juiz natural, perpetuação da competência e competência sobre a própria competência. Esses pilares orientam toda a aplicação das regras específicas previstas no CPC. • Regra da aplicação do Princípio do Juiz Natural • Como já visto em princípios, o juiz natural é a garantia de imparcialidade e legalidade na escolha do juízo competente. Isso significa que o juiz que julgar um caso deve ser previamente definido por critérios abstratos, legais e anteriores ao conflito, conforme previsto na Constituição (art. 5º, XXXVII e LIII). • A lei deve fixar, de maneira geral e antecipada, os critérios de competência. Assim, é vedado instituir juízos de exceção ou “escolher” o juiz após o surgimento da demanda. O art. 16 e o art. 42 do CPC reforçam esse princípio ao estabelecer que a jurisdição será exercida pelos juízes dentro dos limites legais. • Embora a regra seja de rigidez e previsão legal, o CPC admite certa flexibilidade em nome da eficiência e da isonomia, como nas hipóteses de cooperação judiciária (art. 69, §§ 2º e 3º - matéria do 4º período) ou reunião de processos para evitar decisões contraditórias (art. 55, § 3º). No entanto, essa flexibilização nunca pode comprometer a imparcialidade do juiz. NORMAS GERAIS SOBRE COMPETÊNCIA NO PROCESSO CIVIL • Regra da Perpetuação da Competência – Perpetuatio Jurisdiciones • Segundo essa regra, a competência do juízo é fixada no momento do ajuizamento da ação, conforme disposto no art. 43 do CPC. Ou seja, uma vez proposta a demanda e distribuída ao juízo competente, eventuais mudanças posteriores nos fatos ou na lei, em regra, não alteram essa competência. Exemplos de mudanças irrelevantes incluem: mudança de domicílio das partes, alteração no valor da causa, modificação dos limites territoriais. • Contudo, há exceções: Quando o órgão jurisdicional for extinto, a causa deve ser redistribuída. Quando houver modificação de competência absoluta (geralmente de matéria ou função), ocorre a chamada incompetência superveniente. NORMAS GERAIS SOBRE COMPETÊNCIA NO PROCESSO CIVIL • Nas hipóteses mencionadas nos slides anteriores, o juiz deve reconhecer de ofício a nova competência e encaminhar os autos ao juízo competente. Os atos já praticados continuam válidos, mas decisões posteriores à incompetência são nulas. • Também são exceções (estas abaixo não são objeto dos nossos estudos): Federalização da causa por violação de direitos humanos (art. 109, § 5º, CF), Atos concertados entre juízes cooperantes (art. 69, IV), Incidente de assunção de competência (art. 947) ou de resolução de demandas repetitivas (art. 976 e seguintes). NORMAS GERAIS SOBRE COMPETÊNCIA NO PROCESSO CIVIL • Regra da Competência sobre a Própria Competência • Essa regra estabelece que todo juiz tem o poder de decidir, em um primeiro momento, se é ou não competente para julgar a causa – é o princípio conhecido como Kompetenz-Kompetenz. • Esse poder decorre do fato de que a competência é um dos pressupostos processuais básicos. O juiz analisa essa questão preliminarmente, mas sua decisão não vincula outros juízos que venham a apreciar a mesma matéria. Em caso de divergência entre juízes sobre quem deve julgar a causa, recorre-se ao conflito de competência, incidente processual específico para solucionar essa disputa. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA • A competência define qual órgão jurisdicional é responsável por julgar determinada causa. No processo civil brasileiro, a definição da competência ocorre a partir de critérios legais, que podem ser absolutos ou relativos. 1. Critério Objetivo (Ratione Materiae) Refere-se à natureza da causa, ou seja, o assunto tratado no processo. Exemplo: ações trabalhistas → Justiça do Trabalho. Ações familiarista Justiça Comum, Vara das Famílias 2. Valor da Causa (Ratione Valoris) Leva em conta o montante econômico envolvido. Exemplo: Juizado Especial Cível → causas até 40 salários mínimos. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA 3. Critério Territorial (Ratione Loci) Considera o local da demanda, geralmente o domicílio do réu ou o lugar do fato. Exemplo: ação cível proposta no foro do réu. 4. Critério Funcional e abrange Pessoa Refere-se à função exercida pelo órgão jurisdicional: julgamento em 1ª instância, recurso, execução, etc. O critério em razão da pessoa, considera quem estará vinculado na ação. Exemplo: juiz de 1º grau julga a ação, tribunal julga a apelação. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • Como já vimos, competência é o limite dentro do qual cada órgão do Poder Judiciário pode exercer a jurisdição. Define quem julga o quê, onde, e em que fase do processo. • No sistema processual brasileiro, a competência não se limita apenas aos critérios que determinam quem julga o quê, mas também envolve dois regimes jurídicos distintos: o da competência absoluta e o da competência relativa. • Esses regimes definem o grau de rigidez das regras de competência, de acordo com o interesse protegido — seja o da organização da justiça ou o das partes envolvidas no litígio. O Código de Processo Civil admite quatro (cinco) critérios principais de fixação da competência: matéria, função (e pessoa), valor da causa e território. • No entanto, eles não se comportam todos da mesma forma. Dois desses critérios — o material e o funcional (e pessoa) (FM)— geram competência absoluta. Os demais — valor da causa e território (TV) —, via de regra, originam competência relativa. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • A competência absoluta é aquela fixada no interesse da administração da justiça, ou seja, visa à correta estruturação e organização do Poder Judiciário. Por essa razão, ela é considerada cogente, ou seja, não pode ser modificada pelas partes, nem mesmo por convenção contratual. • Ela decorre, principalmente: Da matéria (ex: ações trabalhistas → Justiça do Trabalho), Da função jurisdicional (ex: juiz de 1º grau julga o mérito; tribunal julga o recurso) e Da pessoa. • Embora a regra seja de rigidez, o próprio CPC admite exceções. • Há situações em que a competência territorial — geralmente relativa — torna-se absoluta. É o caso das ações possessórias e outras que envolvam direitos reais sobre imóveis, quando a lei exige que a ação seja ajuizada no foro da situação da coisa (art. 47, §§ 1º e 2º do CPC). Nesses casos, a competência territorial se comporta como se fosse funcional, exigindo que o juiz da situação do imóvel atue, dada a melhor eficiência que se espera do julgamento no local do bem. Por fim, vale destacar que a incompetência absoluta pode ser reconhecida a qualquer tempo e grau de jurisdição, inclusive na preliminar de contestação ou de ofício pelo juiz, e que sua violação pode gerar nulidade absoluta do processo. • A sentença proferida por juiz absolutamente incompetente é considerada vício grave, inclusive autorizando a ação rescisória, conforme art.966, II, do CPC. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • A competência relativa, por sua vez, é fixada em benefício das partes, com o objetivo de facilitar o acesso à justiça. • Por isso, pode ser modificada por convenção — é o que se chama de foro de eleição — ou por falta de impugnação no momento processual adequado, caso em que ocorre a chamada prorrogação da competência. • São critérios que, em regra, geram competência relativa: Valor da causa, que pode justificar, por exemplo, a escolha de um juizado especial (embora esse caso específico represente uma exceção, pois a competência do JEF é absoluta); Território, normalmente definido pelo domicílio do réu ou pelo local do fato, mas disponível às partes. • O foro de eleição, contudo, deve obedecer a certos requisitos: deve constar de instrumento escrito, relacionar-se com o negócio jurídico e ter pertinência com o domicílio de uma das partes ou com o local da obrigação. Fora disso, a cláusula pode ser considerada abusiva e, nesses casos, ser declarada nula de ofício pelo juiz, principalmente em contratos de consumo (art. 63, §§ 3º a 5º). COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • A diferença entre os regimes de competência também se revela no modo como a incompetência deve ser alegada e nas consequências processuais da sua violação: • A incompetência absoluta pode ser reconhecida a qualquer tempo, inclusive em preliminar de contestação ou de ofício, e sua alegação não se sujeita à preclusão. Se reconhecida, o processo deve ser remetido ao juízo competente, e os atos anteriores podem ser validados ou não, conforme decisão do novo juízo (art. 64, § 4º). • A incompetência relativa, ao contrário, deve ser alegada pela parte interessada, em preliminar de contestação (art. 64), sob pena de preclusão. Caso não o faça, o juiz inicialmente incompetente passa a ser considerado competente para o caso — o que se chama de prorrogação da competência (art. 65). • Essa prorrogação pode ocorrer de forma expressa (via acordo entre as partes) ou tácita (por inércia do réu), e também se verifica em situações de vis attractiva, como nos casos de falência e recuperação judicial, em que o juízo universal atrai outras demandas conexas à massa falida. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • Como já mencionado, a violação à competência absoluta gera nulidade processual, e os atos decisórios podem ser rescindidos por ação rescisória. Já a violação à competência relativa não gera, por si só, nulidade. Se não houver alegação oportuna, a decisão produzida pelo juiz relativamente incompetente é considerada válida e eficaz. • Em qualquer caso, reconhecida a incompetência, os autos devem ser encaminhados ao juízo competente, mesmo que o processo tramite por meio digital. Se o novo juízo não contar com sistema eletrônico, os autos devem ser impressos e encaminhados fisicamente (art. 12, § 2º da Lei 11.419/2006). COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA DA INCOMPETÊNCIA E DO CONFLITO DE COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA • Como já mencionado, a violação à competência absoluta gera nulidade processual, e os atos decisórios podem ser rescindidos por ação rescisória. Já a violação à competência relativa não gera, por si só, nulidade. Se não houver alegação oportuna, a decisão produzida pelo juiz relativamente incompetente é considerada válida e eficaz. • Em qualquer caso, reconhecida a incompetência, os autos devem ser encaminhados ao juízo competente, mesmo que o processo tramite por meio digital. Se o novo juízo não contar com sistema eletrônico, os autos devem ser impressos e encaminhados fisicamente (art. 12, § 2º da Lei 11.419/2006). ENTENDIDO ATÉ AQUI? COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL • Considerando tudo que vimos, vamos ao estudo das regras da competência em relação à Justiça Federal. Como já visto, caso seja competência da justiça brasileira, mas não seja casos de competência dos Tribunais Superiores e das Justiças Especiais, passa-se a pensar que a competência deve ser da Justiça COMUM (Federal ou Estadual), lembram? • Pois bem. Ao identificar que uma demanda deve ser proposta na Justiça Comum Federal, analisa-se a competência originária do TRF e, não sendo, passa-se a justiça federal de primeira instância. JUSTIÇA FEDERAL DE SEGUNDA INSTÂNCIA: • A competência dos Tribunais Regionais Federais (TRFs) está prevista no art. 108 da Constituição Federal. Compete-lhes, originariamente, julgar: Ações rescisórias de seus próprios julgados ou das decisões proferidas por juízes federais da respectiva região; Mandados de segurança e habeas data impetrados contra atos do próprio tribunal ou de juiz federal; Habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal da região; Conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao tribunal (art. 108, I, alíneas b, c, d e e da CF). • Em grau recursal, cabe aos TRFs o julgamento das causas decididas por juízes federais e por juízes estaduais no exercício da jurisdição federal, dentro da área de sua competência territorial. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL • Não sendo hipótese de competência originária da segunda instância, vejamos que o art. 109 da CF enumera, em onze incisos, quais as causas, de natureza civil e criminal, que devem ser julgadas pela Justiça Federal em primeira instância. As hipóteses estão fundadas na qualidade das pessoas que participam do processo ou na matéria nele discutida, razão pela qual é sempre absoluta. No nosso caso, focaremos no art. 109, I da CF/88 por se tratar da competência cível. • São da competência da Justiça Federal as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes. Conquanto o texto não o diga expressamente, as fundações públicas federais também se incluem no rol, mas não as sociedades de economia mista federais. • Por exemplo: as ações que envolvem o Banco do Brasil (Súmula 508 do STF) ou a Petrobras, sociedades de economia mista, correm na Justiça Estadual. • São de competência da Justiça Federal as ações ajuizadas em face do Banco Central (autarquia), INPI (autarquia) e Caixa Econômica Federal (empresa pública). A participação de qualquer dos entes indicados no art. 109, na condição de partes ou de intervenientes (assistentes simples ou litisconsorciais, oponentes, denunciados ou chamados ao processo), desloca a competência. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL • Veja: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; • O artigo acima fundamente a exposição feita no slide anterior, mas aborda algumas exceções. Atentemo-nos a isso: afasta-se a competência da justiça federal nas causas envolvendo recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente do trabalho, bem como nas causas sujeitas à justiça eleitoral ou do trabalho. • As ações envolvendo acidente de trabalho, a que alude o art. 109, são as ajuizadas pela vítima em face do INSS, para postular os benefícios a que faz jus, segundo as leis acidentárias. Não se trata, portanto, de ações indenizatórias ajuizadas pela vítima em face de seu patrão, em caso de culpa ou dolo, porque essas, desde a edição da Emenda Constitucional n. 45/2004, são de competência da justiça do trabalho. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL • O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) é uma autarquia federal. Nessas circunstâncias, todas as ações que tivessem a sua participação, segundo a regra geral do art. 109, I, da CF, seriam de competência da Justiça Federal. E efetivamente o são, com exceção daquelas que têm por fundamento um acidente de trabalho. Estas, chamadas acidentárias, devem ser processadas e julgadas pela justiça comum estadual, apesar de terem, no polo passivo, autarquia federal. • POSICIONAMENTO DO STF: Súmula 235: É competente para a ação deacidente de trabalho a Justiça Cível comum, inclusive em segunda instância, ainda que seja parte autarquia seguradora. • As demais ações, que não as acidentárias, envolvendo o INSS são de competência da Justiça Federal. • Nem todas as comarcas têm Justiça Federal instalada. Como fica a situação do segurado, que tem direito de propor a ação previdenciária no foro de seu domicílio, se este não for provido de vara federal? De acordo com a CF, enquanto não instalada na Comarca a Justiça Federal, tais ações serão processadas e julgadas pela Justiça Estadual. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL • A QUEM COMPETE DECIDIR SE HÁ OU NÃO INTERESSE DA UNIÃO E ENTIDADES FEDERAIS? • O Superior Tribunal de Justiça, examinando a questão, editou a Súmula 150: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas”. A súmula uniformizou o entendimento de que cabe à Justiça Federal decidir se há ou não interesse da União e demais entidades federais, quando solicitarem o seu ingresso em processo que corre pela Justiça Estadual. Nada restará a esta senão determinar a remessa dos autos àquela, na qual então se decidirá se a intervenção é legítima ou não. Caso o juiz federal decida que não, os autos tornarão à Justiça Estadual. • Contudo, na prática, o Superior Tribunal de Justiça, em várias decisões, tem entendido que, apesar do teor da Súmula 150, o juiz estadual pode indeferir o ingresso da União, se o seu pedido não vier acompanhado de uma fundamentação juridicamente razoável. Nesse sentido, o acórdão publicado em STJ 103/285, que julgou o Recurso Especial 114.359/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar: “A Súmula 150/STJ não impede que o juiz estadual afaste a alegação de interesse da União, quando sem fundamentação razoável, do ponto de vista jurídico, ou por absoluta impossibilidade física, como tem sido reconhecido, em casos tais, na instância ordinária”. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL • Depois de verificarmos se a competência é das justiças especiais ou da justiça comum federal, resta apurar, NA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL, qual é o foro competente. Para tanto, é preciso consultar o CPC e eventuais leis especiais que possam ter regras de competência específicas. • As principais regras de competência de foro formuladas no CPC estão nos arts. 46 a 53. • A regra geral é a prevista no art. 46, caput, do CPC. Os arts. 48, 49 e 50 constituem apenas explicitações dessa norma geral, que institui o foro comum. • Já os arts. 47, 51, parágrafo único, 52, parágrafo único, e 53 constituem exceções, os chamados foros especiais. • A seguir vamos ver os mapas mentais e quadros resumos sobre os artigos da Lei. ENTENDIDO ATÉ AQUI? • Caput do art. 47: "Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa." • Regra geral: Sempre que a ação for fundada em um direito real sobre imóvel (ex: propriedade, usufruto, uso, habitação, servidão etc.), o processo deve ser ajuizado no foro onde o imóvel está localizado. • § 1º – Exceção à regra do caput: "O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova." O legislador flexibiliza a regra do caput para determinadas ações fundadas em direito real sobre imóveis, mas somente se a ação não envolver: • Propriedade • Vizinhança • Servidão • Divisão e demarcação de terras • Nunciação de obra nova O §1º do art. 47 do CPC permite ao autor escolher outro foro (domicílio do réu ou foro de eleição) em certas ações reais sobre imóveis, desde que não envolvam aquelas cinco matérias expressamente excluídas. Considerações do art. 47 - CPC • Exemplos de ações reais sobre imóveis que admitem a escolha de foro: • 1. Ação de extinção de usufruto • 2. Ação de cancelamento de cláusula de inalienabilidade • 3. Ação de reconhecimento de direito de uso ou habitação • 4. Ação para extinção de fideicomisso (em certas situações) • 5. Ação de constituição ou cancelamento de hipoteca legal (discutida como real em alguns contextos) • 6. Ação de instituição de superfície (direito real sobre o solo para construção Essas ações são fundadas em direito real sobre imóvel, mas não se enquadram nas exceções do §1º. Por isso, é possível a escolha de foro, sendo a competência relativa. • Art. 47, § 2º – Reforço para ações possessórias imobiliárias: "A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta." • Aqui, o legislador retoma a ideia do caput, mas agora tratando especificamente das ações possessórias sobre imóveis (ex: manutenção, reintegração, interdito proibitório). Considerações do art. 47 - CPC Ação Real sobre Imóvel Matéria tratada Aplica-se o §1º (possível escolha de foro)? Ação de constituição ou extinção de usufruto Usufruto (direito real) ✅ Sim Ação de reconhecimento/extinção de uso ou habitação Uso ou habitação (direitos reais) ✅ Sim Ação de extinção de cláusula de inalienabilidade Direito real restritivo ✅ Sim Ação de constituição de superfície Direito de superfície ✅ Sim Ação de extinção de fideicomisso Direito sucessório com repercussão real ✅ Sim (em alguns casos) Ação para cancelamento de hipoteca legal Garantia real ✅ Sim (quando não envolver discussão de propriedade) Ação reivindicatória Propriedade ❌ Não Ação de imissão na posse Propriedade (efetivação do domínio) ❌ Não Ação de manutenção ou reintegração de posse Possessória Imobiliária ❌ Não (regra do §2º) Ação de nunciação de obra nova Obra que ameaça direito real ❌ Não Ação de demarcação ou divisão de terras Delimitação de propriedade ❌ Não Ação de constituição ou extinção de servidão Servidão predial ❌ Não Ação de obrigação de fazer ligada à construção em imóvel Pode depender da matéria ⚠️ Depende: se envolver obra nova, não se aplica Ação para reconhecimento de concessão de uso especial urbano Direito real originado por posse qualificada ✅ Sim (se não versar sobre propriedade ou posse) Considerações do art. 47 - CPC • A regra principal é que o foro competente para os procedimentos e ações relacionados à sucessão (ex: inventário, partilha, anulação de partilha, ações contra o espólio) é o domicílio do falecido no Brasil, mesmo que ele tenha morrido no exterior. • Quando o falecido não tinha domicílio certo no Brasil, a lei traz regras subsidiárias de fixação da competência, em ordem de preferência: Considerações do art. 48 - CPC Situação Foro Competente Fundamento Legal O falecido tinha domicílio no Brasil Foro do domicílio do falecido Art. 48, caput O falecido não tinha domicílio certo, mas deixou bens imóveis Foro da situação dos imóveis Art. 48, parágrafo único, I O falecido deixou imóveis em comarcas diferentes Qualquer foro onde houver imóvel Art. 48, parágrafo único, II Não há bens imóveis, apenas móveis Foro do local de qualquer bem Art. 48, parágrafo único, III O artigo estabelece que, quando uma pessoa está ausente (isto é, desaparecida, sem deixar notícias, e presumivelmente viva), e for ré em uma ação, esta deve ser proposta no foro de seu último domicílio conhecido. Além disso, esse mesmo foro será competente para os seguintes procedimentos: •Arrecadação de bens do ausente (fase inicial da curadoria), •Inventário e partilha (caso se presuma a morte do ausente), •Cumprimento de disposições testamentárias, se houver testamento deixado pelo ausente. Considerações do art. 49 - CPC Quando uma pessoa incapaz (como um menor de idade ou alguém interditado) for ré em uma ação, esta deverá ser proposta no foro de domicílio de quem legalmente a representa ou assiste. Isso visa proteger o interesse do incapaz, evitando que ele (ou sua família) tenha que se defender em lugar distante ou sem estrutura adequada. Considerações do art. 50 - CPC Quem é o representante ou assistente? • Para menores: os pais (se ambos têmo poder familiar) ou o tutor. • Para interditados: o curador nomeado judicialmente. • Para menores relativamente incapazes (ex: entre 16 e 18 anos): os pais ou quem o assiste judicialmente. • Quando a União move uma ação contra alguém (ou seja, é autora), a regra é que a causa deve ser proposta no domicílio do réu, como acontece com qualquer outro autor. • No parágrafo único do art. 51 do CPC, o legislador amplia as opções do autor particular que pretende processar a União. Considerações do art. 51 - CPC • O autor pode escolher entre quatro foros: Domicílio do autor; Local do ato ou fato que originou a demanda; Local da situação da coisa (se envolver bem imóvel, por exemplo) ou Distrito Federal. Essa multiplicidade de opções busca facilitar o acesso à justiça e evitar o desequilíbrio entre o cidadão e a União. Considerações do art. 51 - CPC Situação Foro Competente Base Legal União é autora Domicílio do réu Art. 51, caput União é ré Qualquer dos seguintes: ✔ Domicílio do autor ✔ Local do ato/fato ✔ Local da coisa ✔ Distrito Federal Art. 51, parágrafo único • Se o Estado (como Minas Gerais, São Paulo, etc.) ou o Distrito Federal ajuizar uma ação contra alguém, esta deve ser proposta no domicílio do réu, como acontece com qualquer pessoa natural ou jurídica. • Quando o particular move ação contra o Estado ou o DF, ele tem quatro opções de foro para ajuizá-la: Domicílio do autor; Local do ato ou fato que gerou a ação (ex: onde o ato administrativo ocorreu); Local da situação da coisa (se envolver imóvel, por exemplo) Capital do Estado ou do Distrito Federal. Considerações do art. 52 - CPC Considerações do art. 52 - CPC Situação Foro Competente Base Legal Estado ou DF é autor Domicílio do réu Art. 52, caput Estado ou DF é réu Qualquer dos seguintes: ✔ Domicílio do autor ✔ Local do ato/fato ✔ Local da coisa ✔ Capital do Estado ou do DF Art. 52, parágrafo único OBS: O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento da ADI 5492, considerou essa regra inconstitucional, restringindo a competência territorial aos limites do respectivo ente federativo. Isso significa que ações contra um estado ou o Distrito Federal devem ser propostas dentro de seus próprios territórios. Para responder as questões de concurso, observe sempre o comando. Considerações sobre a ADI 5494 • A decisão da ADI 5494 não afeta o art. 51 do CPC, porque a União é um ente da federação com atuação nacional; ela atua em todo o território brasileiro, por meio de órgãos federais, autarquias e repartições e não se aplica à União a mesma lógica do princípio da territorialidade federativa invocado para os Estados e o DF. Portanto, o art. 51 permanece válido e aplicável integralmente, permitindo que a União seja processada em qualquer comarca do país, conforme o parágrafo único: Ente Público Regra Atual Pode ser processado fora de seu território? União Art. 51, inteiramente válido ✅ Sim – Tem competência nacional Estado/DF Art. 52, inconstitucional (conforme ADI 5494) ❌ Não – Somente dentro do território do ente federado Considerações sobre o art. 53 • Ações de família (divórcio, separação, união estável, etc.) Situação Foro Competente Há filho incapaz Domicílio do guardião Não há filho incapaz Último domicílio do casal Nenhuma das partes mora no domicílio conjugal antigo Domicílio do réu Há violência doméstica Domicílio da vítima (Lei Maria da Penha – art. 53, I, "d") • Ação de alimentos Quem está pedindo alimentos (alimentando) Foro Competente Qualquer situação Domicílio do alimentando (quem pede) Considerações sobre o art. 53 • Do lugar: Situação Foro Competente Pessoa jurídica como ré Sede da empresa Obrigação contraída por agência ou filial Local da agência ou sucursal Ré é sociedade ou associação sem personalidade jurídica Onde exerce suas atividades Cumprimento de obrigação Onde a obrigação deve ser satisfeita Ré é serventia extrajudicial (cartório) Sede da serventia Ação envolvendo idoso Domicílio do idoso Situação Foro Competente Reparação de dano civil (em geral) Local do fato Réu é gestor ou administrador de negócios alheios Local do ato/fato • Ação relacionada a ato ou fato jurídico: Considerações sobre o art. 53 • De acidentes de veículos e delitos: Situação Foro Competente Consumidor propõe ação Foro do domicílio do autor • Ação de direito do consumidor: Situação Foro Competente Dano por acidente de trânsito (carro, moto, avião etc.) ou delito Domicílio do autor ou local do fato Quadro-resumo de competência interna Quadro-resumo de competência interna ENTENDIDO ATÉ AQUI?