Prévia do material em texto
Abordagens Humanistas na Psicologia As abordagens humanistas surgiram como uma "terceira força" na psicologia, contrastando com o determinismo da psicanálise e o reducionismo do behaviorismo. Desenvolvidas na metade do século XX, essas abordagens colocam o ser humano no centro de sua própria existência, enfatizando sua capacidade de crescimento, liberdade e autorrealização. 1. Contexto Histórico · Desenvolvidas entre as décadas de 1940 e 1950, em resposta às limitações percebidas nas abordagens psicanalítica e comportamental. · Inspiradas em correntes filosóficas existencialistas e fenomenológicas, que valorizam a experiência subjetiva e a liberdade de escolha. · Principais influências: · Filosofia de Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger e Edmund Husserl. · Críticas ao reducionismo científico e mecanicista, promovendo uma visão holística do ser humano. 2. Princípios Fundamentais · Valorização do Ser Humano: Acredita-se na capacidade inata do indivíduo para o crescimento, a autorrealização e a busca de um propósito. · Experiência Subjetiva: Cada pessoa é única, e sua experiência pessoal deve ser compreendida em seus próprios termos. · Autonomia e Liberdade: Enfatiza a capacidade de escolha, autodeterminação e responsabilidade individual. · Foco no Aqui e Agora: Prioriza a experiência presente, sem se prender excessivamente ao passado ou a condicionamentos externos. · Crescimento Pessoal: A meta não é apenas reduzir sintomas, mas promover o desenvolvimento integral do potencial humano. · Relação Terapêutica Humanizada: A relação entre terapeuta e cliente é baseada em empatia, aceitação incondicional e autenticidade. 3. Principais Teóricos e Contribuições Carl Rogers (Abordagem Centrada na Pessoa) · Fundador da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). · Conceitos principais: · Tendência Atualizante: Todos os seres humanos têm uma tendência inata ao crescimento e à autorrealização. · Autoconceito: A percepção que o indivíduo tem de si mesmo, influenciada pelas interações sociais. · Incongruência: Desalinhamento entre o autoconceito e a experiência real, que pode gerar sofrimento psicológico. · Relação terapêutica: · Baseada em empatia, aceitação positiva incondicional e congruência (autenticidade do terapeuta). · O terapeuta cria um ambiente seguro para que o cliente explore seus sentimentos e promova mudanças. Abraham Maslow (Teoria da Hierarquia das Necessidades) · Propôs a pirâmide das necessidades humanas, hierarquizando as motivações humanas: · Necessidades fisiológicas → Segurança → Sociais → Estima → Autorrealização. · Autorrealização: Meta máxima do desenvolvimento humano, em que a pessoa utiliza plenamente seu potencial. · Enfatizou a importância de condições ambientais que promovam o crescimento e o bem-estar. Viktor Frankl (Logoterapia e Existencialismo) · Desenvolveu a logoterapia, centrada na busca de sentido como força motivadora principal do ser humano. · Baseou sua teoria em sua experiência como prisioneiro em campos de concentração nazistas, destacando a importância de encontrar significado, mesmo em situações extremas. · Conceito-chave: · "Vontade de sentido": A necessidade humana de encontrar um propósito na vida. Rollo May (Psicologia Existencial) · Integrava conceitos da psicologia existencial à prática clínica. · Enfatizava temas como liberdade, responsabilidade, angústia, autenticidade e a busca por sentido diante da condição humana. · Defendia que o sofrimento é parte natural da vida, mas pode ser transformador se enfrentado com consciência. 4. Principais Características das Abordagens Humanistas · Foco no Cliente: O terapeuta reconhece o cliente como protagonista de seu próprio processo de mudança. · Abordagem Fenomenológica: Explora a experiência subjetiva do cliente, sem julgamentos ou interpretações preconcebidas. · Autenticidade na Relação Terapêutica: O terapeuta é genuíno e transparente, evitando adotar uma postura autoritária ou distante. · Atenção ao Potencial Positivo: As abordagens humanistas acreditam que todo indivíduo tem recursos internos para superar desafios. 5. Intervenções Comuns na Psicologia Humanista · Escuta Ativa e Reflexiva: Facilita a expressão de sentimentos e ideias do cliente, sem julgamentos. · Técnicas de Exploração de Sentimentos: Incentivam o cliente a entrar em contato com emoções reprimidas ou mal compreendidas. · Foco no Presente: Ajuda o cliente a concentrar-se nas experiências do "aqui e agora". · Promoção da Autoaceitação: Busca diminuir a incongruência entre o autoconceito e a experiência real. 6. Contribuições das Abordagens Humanistas · Revolução na Terapia: Redefiniram a relação terapêutica, colocando o cliente no centro do processo. · Valorização da Subjetividade: Ajudaram a psicologia a considerar a complexidade e a individualidade da experiência humana. · Integração em Outras Áreas: Influenciaram campos como educação, gestão, saúde e até o desenvolvimento organizacional. · Humanização da Psicologia: Promoveram práticas mais éticas e respeitosas na compreensão do ser humano. 7. Limitações e Críticas · Falta de Mensuração Científica: Algumas críticas apontam a dificuldade de testar empiricamente conceitos como autorrealização e tendência atualizante. · Visão Idealizada do Ser Humano: É acusada de ignorar os aspectos mais sombrios e destrutivos da natureza humana. · Aplicabilidade Restrita: Em casos de transtornos graves, pode ser insuficiente sem o apoio de outras abordagens. 8. Conclusão As abordagens humanistas trouxeram uma visão renovada e mais esperançosa para a Psicologia, promovendo o respeito à subjetividade e ao potencial humano. Apesar de suas limitações, continuam sendo uma fonte de inspiração para práticas terapêuticas que valorizam a singularidade e a busca de sentido, contribuindo para uma psicologia mais ética e humanizada.