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POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
AS CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E AS 
TRANSFORMAÇÕES NA PERCEPÇÃO DAS 
QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS
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Olá!
Introdução
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar as principais conferências internacionais sobre o meio ambiente.
2. Verificar a importância dessas conferências na formulação de novas percepções sobre a questão ambiental.
3. Reconhecer as posturas dos governos frente às questões abordadas na agenda ambiental a partir das
organizações internacionais.
1 Introdução
No contexto da consolidação do tema ambiental na agenda global do sec. XX, as conferências internacionais
tiveram um papel importantíssimo, seja no sentido de ampliar o escopo da conscientização aos Estados, seja
para apresentar novas concepções do tema e demandas por políticas que revertessem o quadro de degradação já
em andamento.
Nesse sentido, as primeiras conferencias, ainda no sec. XIX, já exerceram um papel relevante, mas é na segunda
parte do sec. XX – após a II Guerra Mundial – que os resultados desses encontros transformaram por completo a
visão sobre a questão ambiental e infligiu à comunidade internacional uma nova postura para tentar reverter as
catástrofes ambientais previstas pelos cientistas e estudiosos do tema.
Por trás desses eventos, torna-se fundamental compreender a atuação das organizações intergovernamentais,
sobretudo a Organização das Nações Unidas, e o funcionamento de seus órgãos.
Ademais, os debates e esclarecimentos ocorridos nas grandes conferências também devem ser vistos como
elementos contínuos na produção cientifica sobre os efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente.
Por isso esses encontros se sucedem e renovam aquilo que compreendemos em termos ambientais, propostas
por um desenvolvimento menos nocivo à natureza e políticas positivas por parte dos Estados.
2 Transformações políticas globais e a questão ambiental
É importante compreendermos que a ascensão do tema ambiental ao cenário internacional pode ser
considerado, também, uma consequência da descentralização global em torno dos temas “desenvolvimento” e
“segurança”, sobretudo se considerarmos a Guerra Fria como estrutura central na segunda parte do sec. XX.
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O monopólio que o tema da segurança internacional causava na agenda internacional também replicava no
quesito desenvolvimento econômico, pois as grandes potências enxergavam no apoio econômico, aos países
mais pobres, uma forma de manter intacta suas áreas de influência e, em consequência, a expansão do
capitalismo liberal – do lado dos Estados Unidos – ou da economia planificada socialista – do lado da União
Soviética.
É, portanto, justamente a partir da década de 1980 que entra em foco a proposição do “ajuste estrutural” rumo a
novas articulações que estabeleceriam a perspectiva de uma economia mundial em rede, globalizada e
interligada. Com o fim da Guerra Fria e do antagonismo da bipolaridade, a agenda entra em continuo processo de
“descongelamento”, agregando aos debates internacionais novos valores e reflexões sobre temas pontuais.
A história do desenvolvimento, no entanto, de tão ligada e influente na expansão do capitalismo ocidental, torna-
se, também, parte importante na compreensão da questão ambiental e como esse tema é visto na divisão
internacional do trabalho e na posição dos países frente aos acordos e debates internacionais.
Temos que ter em mente que a ligação entre a pobreza nos países do hemisfério sul e o surgimento de novos
problemas ecológicos gerou uma clara percepção de que todas as medidas tomadas no passado para promover o
desenvolvimento econômico nas regiões mais pobres do globo tinham sido em vão ou insuficientes – ou até
mesmo promovedoras da manutenção da pobreza.
Sendo assim, fazia-se necessário que o desenvolvimento voltasse seu escopo de analise para elementos que iam
além da questão econômica apenas, englobando também a percepção ambiental, através da ecologia (GUERRA,
RAMALHO, p. 9-11, 2007).
3 Principais relatórios e conferências ambientais
Além da iniciativa das Nações Unidas em torno do Relatório Brundtland, outras conferências merecem nossa
atenção por conta de seus impactos na percepção dos temas ambientais e conscientização de governos e
sociedades. Importante percebermos que as primeiras mobilizações em torno das questões ambientais se deram
entre as nações mais ricas, e isso justamente porque nestes países, onde a industrialização predatória já era uma
realidade em meados do sec. XIX, os efeitos da degradação ambiental também foram inicialmente identificados.
3.1 Os limites do crescimento:
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, características típicas do crescimento econômico acelerado como o
aumento populacional, a expansão da desnutrição nas regiões menos favorecidas e as dúvidas quanto aos
recursos não renováveis, fez com que o chamado investigasse e produzisse, em 1974, oClube de Roma
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importante relatório cujo conteúdo apontava as principais preocupações ambientais“The Limits do Growth”,
dos países membros.
Clube de Roma Formado em 1968 pelo industrial italiano Aurelio Peccei e pelo cientista escocês Alexandre
King, o grupo reúne personalidades políticas, científicas e acadêmicas de diversas partes do globo, com o
objetivo de debater temas relacionados a política e economia internacional, meio ambiente e desenvolvimento
sustentável. Entre os membros, estão presentes os brasileiros Fernando Henrique Cardoso e Hélio Jaguaribe.
Segundo o relatório, o mundo passava de um processo de crescimento global para equilíbrio global, devendo,
portanto, refletir sobre as transformações decorrentes da industrialização e debater novas políticas que
corrigissem a degradação provocada no período de rápido crescimento econômico.
Para os autores envolvidos, a saída para essa questão estava plenamente ao alcance dos homens, dependendo
apenas de uma decisão política em assumir os custos de uma nova postura econômica frente ao meio ambiente.
A cooperação entre as nações, a conscientização e o planejamento global em busca de um equilíbrio, seriam os
meios viáveis e eficientes na transformação da percepção individual e dos Estados.
Embora lento e de custos altos, esse seria o único caminho rumo a uma mudança que de fato pudesse garantir
um futuro harmônico entre o homem, o desenvolvimento econômico e o meio ambiente.
O principal elemento apontado por este trabalho, portanto, foi indicar a necessidade de se alterar os valores
sociais frente a limitação ambiental em termos de renovação de recursos e capacidade de sobrevivência sob a
exploração industrial, além de questionar as bases do comportamento humano sobre a natureza e o meio
ambiente.
Interessante observar que, assim como outros relatórios e pesquisas que ainda surgiriam no contexto global, o
trabalho desenvolvido pelo Clube de Roma deixa uma importante e fundamental lacuna: e qual seria então o
modelo a ser adotado?
A questão girou em torno da denuncia dos problemas decorrentes da degradação e do modelo de
industrialização e seus impactos no meio ambiente. Ademais, a conscientização em si não era um instrumento
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final nas mudanças políticas globais se não fosse oferecido, também, alternativas ao modo de produção que
indicassem caminhos ou posturas a seguir.
Visando preencher essa lacuna, em 1976, um novo relatório é produzido a partir do encontro realizado na
Áustria, e buscava indicar os caminhos para uma nova ordem internacional factível e praticável aos estadistas e
grupos sociais em geral.
Essa ordem, ou modelo de governança, deveria atender as demandas urgentes das populações contemporâneas e
futuras.
Desse encontro resultou a , que recomendava a institucionalização do temaDeclaração e Programa de Ação
através de organismos internacionais para a questão ambiental e a responsabilidade da sociedade em assegurar
a satisfação das necessidades individuais e coletivas sem comprometer a renovação ambiental e sem promover
ainda mais degradação.Em termos de institucionalização, os autores pensaram em confederações funcionais de organizações sem
centralização operacional – que permaneceria local ou regional – mas, por outro lado, com centralidade no
âmbito dos debates e decisões relacionados ao meio ambiente. O tema e os debates, portanto, deveriam ser
vistos de forma comum por todos os países envolvidos, ficando a cargo de cada um promover políticas e
instrumentos legais para por em prática uma postura responsável quanto a questão ambiental.
Outro elemento de grande importância deste relatório foi a ideia de “eco-desenvolvimento”, trazendo pela
primeira vez ao debate internacional uma postura diferenciada de desenvolvimento econômico e industrial,
baseado na premissa ambiental de limites e posturas voltadas à preservação da natureza e garantia dos recursos
para as gerações futuras. O chamado “eco-desenvolvimento” demandava não uma solução única em termos
globais, ao contrário, recomendava a pesquisa de soluções especificas para questões regionais.
3.2 Conferência de estocolmo e as ações da ONU
Na esteira das preocupações quanto ao crescimento econômico e industrial ao longo da década de 1960 e suas
consequências na degradação ambiental, realiza-se em 1972, em Estocolmo, uma grande conferencia cujo
objetivo era institucionalizar a questão ambiental no cenário internacional, abordando o desenvolvimento e sem
esquecer das preocupações com a segurança militar.
O meio ambiente, então, é tratado na sua abrangência ampla, ao incorporar temas na área de economia e na
esfera social, reconhecendo que a questão ecológica esta atrelada a própria questão do desenvolvimento em si.
Logo, a partir de Estocolmo, a questão ambiental passa a ser encarada como parte de um processo de
desenvolvimento formado pelas esferas econômicas e sociais (VILLA, p. 23-26, 1992).
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A , como é conhecido esse encontro, buscou refletir sobre asConferência sobre Meio Ambiente em Estocolmo
providências a serem tomadas para garantir a Terra como um lugar adequado à vida humana para aquela e para
as próximas gerações. Havia também uma clara preocupação com a gradativa escassez de recursos naturais, que
viriam a impactar na qualidade de vida e afetariam a relação do seu humano com o meio ambiente. Portanto, era
preciso fortalecer a importância das agências ambientais nacionais, oriundas aos governos presentes.
Também em 1972, como decorrência da busca por institucionalização do tema ambiental no contexto global, é
criado dentro da ONU o com o objetivo dePrograma das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
promover pesquisas na área e acordos e convenções que levem a formulação de uma agenda internacional
comum quando se fala em meio ambiente.
O PNUMA, por sinal, se tornou a primeira instituição internacional com sede num país africano, na capital do
Quênia, o que foi visto como ato de grande simbolismo no que tange a relação entre meio ambiente e
desenvolvimento.
O PNUMA teve um significativo papel ao evidenciar os interesses econômicos capazes de polarizar aqueles
países que defendiam a criação de uma para o tema ambiental e os paísesorganização internacional
contrários, indicando a posição dos países do Norte que defendiam a perspectiva de que era o desenvolvimento
dos países do sul a grande ameaça ao meio ambiente.
Alguns países europeus eram favoráveis a criação de uma organização internacional para o tema, que seria a
organização das nações unidas para o meio ambiente (ONUMA), mas a ideia era vista com desconfiança por
outras nações que temiam a criação de um organismo pautado apenas na visão do norte sobre o tema.
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Os países do norte, portanto, deveriam pressionar as nações subdesenvolvidas do sul a aceitar as normas tidas
com fundamentais para a interrupção do processo de degradação ambiental (BARROS-PLATIAU, VARELLA,
SCHLEICHER, p. 115, 2004).
Já a ), foi a primeira iniciativa em termosConferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (CNUAH
de conscientização global e formulação de padrões de comportamento compatíveis com os desafios próprios da 
do tema ambiental, indicando o caráter transnacional tanto do controle como do descontroleinterdependência 
ambiental.
Entendemos interdependência como uma explicação para as relações políticas entre as nações a partir da década
de 1970, quando diversos temas ultrapassam a atuação autônoma dos estados soberanos e passam a ser
percebidos como passíveis de solução comum e cooperativa entre os países.
Um obstáculo poderoso aos trabalhos da CNUAH foi o próprio período em vigência na época, a Guerra Fria, que
acabou limitando seus esforços em agregar importância e atenção em torno da questão ambiental, já que o
posicionamento ideológico e a disputa de poder entre as superpotências Estados Unidos e União Soviética
monopolizavam a agenda internacional.
Apesar disso, a CNUAH foi responsável pela conscientização dos temas de proteção das especiais em risco de
extinção e da preservação dos recursos naturais não renováveis.
Por fim, cabe ressaltar que a Conferencia de Estocolmo não produziu de fato nenhum acordo ou resolução que
mudassem os rumos da relação desenvolvimento versus meio ambiente.
Por outro lado, o encontro garantiu importância no contexto político mundial ao trazer o tema ambiental – e
todas as suas vertentes – para o âmbito da diplomacia e ação conjunta entre as nações, ampliando a agenda
internacional e agregando novos atores relevantes a compreensão do tema (MARIANO, p. 19-21, 1995).
3.3 Relatório Brundtland
Na década de 1980, a Assembléia Geral das Nações Unidas toma um importante passo rumo a estruturação de
um escopo político e acadêmico para a compreensão da questão ambiental, o desenvolvimento e o papel do
homem.
E em 1983, o então secretario geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar indica a Primeira Ministra da Noruega, a
senhora Gro Harlem Brundtland, para presidir a recém criada Comissão Mundial do Meio Ambiente e do
Desenvolvimento (CMMAD).
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Se valendo do apoio de grupos ambientalistas e ONGs ligadas ao tema, que prestaram ajuda na construção de um
relatório o mais amplo possível e dentro das expectativas dos países dos hemisférios Norte e Sul, em 1988 é
publicado o texto , cujas revelações não poderiam mais ser ignoradas pelos governos eNOSSO FUTURO COMUM
que demandavam por uma nova postura política e legislativa.
O relatório é tido como o principal documento oficial produzido sobre o tema, e seu conteúdo chamou atenção
para o papel do homem nas ameaças ao perfeito equilíbrio ao meio ambiente planetário, apontando processos já
em andamento como erosão de solos, derrubada de florestas, transformações químicas na atmosfera terrestre
como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio, os riscos do desenfreado crescimento demográfico e
urbano sobre os recursos hídricos e energéticos, a extinção de espécies animais, entre outros.
Mesmo não sendo a primeira mobilização em torno do tema ambiental, o relatório produzido por esta comissão
– também chamado de – deve ser visto como diferenciado e inovador por atrelar osRelatório Brundtland
valores caros ao desenvolvimento das nações aos temas ambientais, colocando sob o mesmo escopo os desafios
da preservação ambiental e as condições estruturais do desenvolvimento em voga até então.
Cabe ressaltar que, ao avaliar a condições do desenvolvimento sob a perspectiva crítica ao meio ambiente, o
relatório apresentou um painel diferenciado entre os países ricos e pobres – mesmo que todos tivessem uma
reconhecida parcela de responsabilidade sobre a degradação do meio ambiente –, e reconheceu as necessidades
de expansão econômica como desenvolvimento legitimo aos países subdesenvolvidos.
Esse reconhecimento, inclusive, conciliou dois conceitos opostos:
A atividade humana como predatória ao meio ambiente.
Inviabilidade de ignorar o desenvolvimento dos povos que ainda não tinham acesso às condições mínimas de
sobrevivência.
Embora o Relatório Brundtland não instrumentalizassepropostas diretas que guiassem a ação dos Estados ou ao
menos servissem de parâmetro para avaliar o trato da questão ambiental, este material teve um importante
papel na construção daquilo que entendemos como Desenvolvimento Sustentável.
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Aprofundaremos os estudos nesse tema nas aulas 03 e 04, quando será apresentado o debate teórico da questão
ambiental, e na aula seguinte, o desenvolvimento sustentável como saída para a crise do meio ambiente.
A ausência de propostas diretas, inclusive, se tornou alvo de críticas quanto à operacionalidade resultante do
reconhecimento sobre as questões ambientas e a dualidade encontrada em determinados trechos do documento
final. Vejamos alguns pontos polêmicos:
A pressuposição de um sujeito coletivo, a humanidade, e sua total responsabilidade sobre o desenvolvimento
sustentável, sem indicar ações diretas a países e/ou regiões de responsabilidades diferenciadas.
O atendimento das necessidades presentes da humanidade sem comprometer as condições para atender as
gerações futuras, sem elementos que permitam identificar o que são realmente as necessidades presentes e
futuras.
O modo de produção baseado no modelo industrial não é citado, e sim – e apenas – a atividade humana e seus
efeitos sobre a biosfera.
A condenação da pobreza sem o reconhecimento de que ela é parte de uma estrutura de desenvolvimento que
não garante o desenvolvimento de forma igualitária e harmônica a todos os povos.
A condenação da pobreza como “um mal em si”, garantindo ao desenvolvimento um papel de caráter superior,
diferentemente da percepção de que o desenvolvimento acarreta tanta degradação quanto a pobreza em termos
ambientais.
A indicação de que a economia e a ecologia deveriam caminhar unidas sob um ambiente de desenvolvimento
sustentável, sem a indicação de como esse processo poderia se dar em termos efetivos.
A equivalência entre sociedades com níveis de industrialização diferenciadas, com potenciais de crescimento e
bases econômicas distintos, indicando dinâmicas que desprezam as especificidades de cada país ou região e,
ainda, pouca clareza na questão dos recursos naturais renováveis e não renováveis.
Sobre esse último ponto vale ressaltar que o Relatório acabou mostrando pouca isenção, pois, se de um lado
enxergou a responsabilidade sobre o meio ambiente como tarefa igualitária entre todas as nações – não
diferenciando o papel poluidor que no passado contribuiu para o crescimento e desenvolvimento das potencias
do Norte –, por outro ainda recomendou que amplas áreas nos países do Sul, necessárias ao desenvolvimento
local da sua população, fossem mantidas intactas e atrasadas para o “equilíbrio do planeta”, desprezando os
mesmos argumentos que colocavam o subdesenvolvimento e a miséria como ameaças ao meio ambiente.
(GUERRA, RAMALHO, p. 11-2, 2007).
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3.4 Conferencia das nações unidas sobre o meio ambiente e 
desenvolvimento - ECO-92
No ano de 1988 uma resolução aprovada pela Assembléia Geral da ONU indica a necessidade de realizar uma
conferência na qual fosse possível avaliar a ação dos países a partir da Conferência de Estocolmo de 1972.
Nessa sessão o brasil se oferece para sediar o evento, que viria a acontecerdurante o governo de Fernando Collor.
No ano seguinte, em 1989, a Assembléia Geral então convoca a Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento – também conhecida como Cúpula da Terra – e marca sua realização para o mês de
junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente e tinha como principais objetivos:
1. Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente. 
2. Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes aos países subdesenvolvidos. 
3. Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de 
desenvolvimento.
4. Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em 
casos emergenciais.
5. Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as 
decisões da conferência.
A organização do evento coube ao Comitê Preparatório da Conferência (PREPCOM) que, entre outras inovações
no processo organizacional do evento, promoveu um amplo debate de ideias entre os atores envolvidos, fossem
eles as delegações dos países membros da ONU, representantes de setores da sociedade civil, comunidades
acadêmicas e entidades diversas.
A participação considerável de foi uma clara demonstração de força e importânciarepresentantes não estatais
desses atores nas negociações internacionais sobre os temas ambientais, garantindo a eles um lugar efetivo nas
encontros e debates ocorridos ao longo dos anos seguintes.
Entendemos como atores não estatais todos os representantes ou entidades oriundos da sociedade civil, ou seja,
sem ligação legal ou institucional com os governos e entidades governamentais. As ONGs, por exemplo, são um
grande exemplo de mobilização não estatal.
A ou , como ficou conhecida a Conferência, gerou uma mobilização inédita na comunidadeECO-92 Rio-92
internacional em termos de atitudes urgentes que transformassem o comportamento social e político visando
preservar o meio ambiente e a vida na Terra.
1 - Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que explicitou princípios que visassem um
novo estilo de vida baseado na proteção aos recursos naturais e na busca do desenvolvimento sustentável, na
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melhoria das condições de vida dos povos e na preocupação com um crescimento aliando oportunidade aos
países e preservação ambiental.
2 - Agenda 21, um importante plano de ação a longo prazo a ser implementado pelos governos, órgãos da ONU,
grupos e entidades setoriais independentes e agências de desenvolvimento, respeitando as diferentes situações e
condições das regiões e a plena observação dos princípios contidos na Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento.
As quatro seções da agenda 21 são:
a) Dimensões Econômicas e Sociais, trata das relações entre meio ambiente e pobreza, saúde, comércio, dívida
externa, consuma e população.
b) Conservação e Administração de Recursos, trata das maneiras de gerenciar recursos físicos para garantir o
desenvolvimento sustentável.
c) Fortalecimento dos Grupos Sociais, trata das formas de apoio a grupos sociais organizados e minoritários que
colaboram para a sustentabilidade.
d) Meias de Implementação, trata dos financiamentos e papel das atividades governamentais).
Quanto à implementação da Agenda 21, conclui-se que seria necessário cerca de 600 bilhões de dólares anuais
ao longo de 7 anos (MARIANO, p. 25, 1995).
3 - Princípios para a Administração Sustentável das Florestas, adotado pelos participantes do evento
visando um consenso global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de
florestas.
O caráter deste documento é apenas uma declaração, demonstra as dificuldades na negociação do texto e
aprovação de um acordo que visava implantar um regime de proteção ambiental de forma integral e de comum
acordo entre os participantes.
4 - Convenção da Biodiversidade, objetivando a conservação, uso sustentável e divisão equitativa e justa dos
benefícios da biodiversidade.
5 - Convenção sobre Mudança do Clima, onde são expostas as preocupações sobre a atividade humana e seu
impacto na atmosfera, gerando fenômenos como o efeito estufa e o aquecimento global e afetando adversamente
ecossistemas naturais e a humanidade.
Seus objetivos são:
a) Estabilizar a concentração de gases efeito estufa na atmosfera num nível que possa evitar uma interferência
perigosa com o sistema climático.
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b) Assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada.
c) Possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável.
O evento reuniu 172 países (apenas seis membros das Nações Unidas não estiveram presentes), representadospor aproximadamente 10.000 participantes, incluindo 116 chefes de Estado. Além disso, receberam credenciais
para acompanhar as reuniões cerca de 1.400 organizações não-governamentais e 9.000 jornalistas.
A ECO-92 foi um importante marco na consagração do conceito de desenvolvimento sustentável e na ampla
conscientização sobre as “responsabilidade comuns, porém diferenciadas”, ou seja, de que a degradação
ambiental era majoritariamente causada pelos países desenvolvidos, embora as nações em desenvolvimento
também tivessem uma responsabilidade sobre o tema.
Dentro dessa perspectiva, destacou-se e necessidade de apoio financeiro e tecnológico para que os países em
vias de desenvolvimento pudessem estabelecer uma agenda sustentável de preservação ambiental (NOVAES, p.
79-93, 1992).
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• as perspectivas teóricas sobre a questão ambiental;
• os principais debates teóricos e seu impacto na agenda ambiental.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• distinguiu as principais conferências e relatórios internacionais sobre o meio ambiente;
• identificou o papel dos encontros internacionais na postura dos Estados em relação a questão ambiental;
• analisou as reflexões das organizações internacionais sobre o meio ambiente e o desenvolvimento global.
•
•
•
•
•
	Olá!
	1 Introdução
	2 Transformações políticas globais e a questão ambiental
	3 Principais relatórios e conferências ambientais
	3.1 Os limites do crescimento:
	3.2 Conferência de estocolmo e as ações da ONU
	3.3 Relatório Brundtland
	3.4 Conferencia das nações unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento - ECO-92
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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