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- -1
POLÍTICA AMBIENTAL GLOBAL
DEBATES TEÓRICOS SOBRE 
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar as principais linhas teóricas sobre a questão ambiental.
2. Relacionar as concepções teóricas com a realidade ambiental global
1 Introdução
Nas aulas anteriores compreendemos o que é a questão ambiental e como ela se torna um elemento de grande
importância na agenda internacional. Através das conferencias e relatórios internacionais, vimos a evolução do
tema ambiental através das organizações globais e como elas foram importantes na conscientização do tema e na
promoção de ferramentas de cooperação entre os Estados. A fim de compreender, no entanto, as diversas
perspectivas defendidas nesses grandes eventos internacionais e exploradas em extensos relatórios e
declarações conjuntas, torna-se fundamental conhecer e analisar as diferentes correntes cujas abordagens
integram os debates políticos e científicos na temática ambiental.
Assim como outros temas das Relações Internacionais, tais como a atuação dos Estados e questões de segurança
internacional, o tema ambiental é cercado de inúmeras polêmicas, desde aquelas que questionam a validade de
dados científicos para justificar grandes mudanças de padrão comportamental, até as variadas concepções sobre
as saídas para a degradação ambiental e a harmonia na relação entre o homem e a natureza.
Um elemento importante e que devemos nos atentar ao estudar as concepções teóricas dos estudos do meio
ambiente é que essas correntes e pensamentos estão por trás de todos os debates na área, portanto são de
fundamental importância por servirem de base cientifica e sociológica para a própria compreensão dos fatos
ambientais e, logo, na busca de soluções para a degradação ambiental e na formulação de políticas sustentáveis
ou, por outro lado, na desconsideração de determinadas analises e prerrogativas.
Como já vimos, a expansão desenfreado do capitalismo promovendo o crescimento econômico mundial ao longo
das décadas de 1950 e 1960 trouxeram à tona uma preocupação em torno da sustentabilidade dos recursos
naturais e as condições ambientais de vida na Terra num futuro próximo.
Essas analises focadas na questão ambiental, cujo primeiro exemplo pode ser percebido no relatório produzido
pelo Clube de Roma, estavam voltadas para a dicotomia entre a preservação ambiental e o crescimento
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econômico. Importante lembrar que as orientações oriundas do relatório produzido pelo Clube de Roma
apontavam na direção do crescimento zero como meio de trazer de volta o equilíbrio do meio ambiente e dos
recursos naturais em escala global (MEADOWS, 1992).
Nesse contexto, Ignacy Sachs – acadêmico presente na Conferencia Preparatória para a I Conferencia Mundial do
Meio Ambiente da ONU – indicou pela primeira vez a ideia do eco desenvolvimento, referindo-se a um modo de
desenvolvimento compatível com a renovação dos recursos naturais a fim de garanti-los às gerações futuras.
Essa preocupação, no entanto, não era nova, e para entendermos o desenvolver dos debates teóricos na questão
do meio ambiente é necessário voltarmos um pouco no tempo.
2 Quanto ao meio ambiente
No limiar do sec. XIX para o sec. XX, o ambientalismo começou lentamente a se aproximar das discussões
políticas e preocupações reais das elites, sobretudo nos meios acadêmicos e políticos, e isso porque diversas
posições sobre o mundo natural – a Terra – começavam a se traduzir em posturas e atores diferenciados. Neste
momento, nos Estados Unidos principalmente, emerge o debate entre os preservacionistas e os
conservacionistas (LEIS, p. 6. 1992).
Mas quem são esses grupos?
O que pensam?
Os , observando o estágio de desenvolvimento da produção e os danos causados ao meiopreservacionistas
ambiente, defendiam uma postura radical de preservação ambiental baseada na proteção integral de
determinados ecossistemas, com o objetivo de garantir sua intocabilidade pelo homem ou que fossem
assimilados pela lógica da expansão do desenvolvimento urbano.
Esse grupo teve um importante papel na criação dos primeiros parques nacionais nos Estados Unidos, como o
Parque Nacional de Yellowstone (1872) e o Parque Nacional de Sequoia (1890).
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Figura 1 - Parque Nacional de Yellowstone, EUA
Figura 2 - Sequoia National Park, EUA
Os , por sua vez, admitiam os riscos da exploração dos recursos naturais e também oconservacionistas
avançado estágio da degradação produzido pelo desenvolvimento. No entanto, defendiam um uso racional e
eficiente justamente como garantia para a preservação. Como assim?
Bem, para os conservacionistas conservar era justamente utilizar a natureza de uma maneira sustentável,
consumir adequadamente de acordo com necessidades equilibradas e considerar as necessidades futuras, e não
– como defendiam os preservacionistas – guardar esses recursos e ignorar as necessidades humanas.
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A maior parte dos movimentos ambientalistas inclusive, se baseia na visão conservacionista, que se tornou,
gradualmente, um consenso entre as nações ao longo do sec. XX e está na base das políticas instruídas pela ideia
de desenvolvimento sustentável.
Voltando ao debate entre esses dois grupos, os preservacionistas adotavam posições radicais, defendendo que
grandes áreas fossem garantidas em sua intocabilidade e fossem, no máximo, usadas para fins recreativos ou
educacionais.
Já os conservacionistas defendiam uma postura mais moderada, defendendo a viabilidade em explorar recursos
naturais de uma maneira racional, sem promover a degradação ambiental ou extinguir recursos para as gerações
futuras.
Além desses dois grupos, convém indicar também os chamados desenvolvimentistas adeptos de que o
crescimento econômico deveria acontecer a qualquer custo, sem qualquer preocupação quanto às questões
ambientais ou aos danos provenientes da exploração contínua e de grandes proporções sobre os recursos
naturais.
“Desenvolvimento, progresso e industrialização transformam-se em termos equivalentes, almejados por todas as
nações. Caberia, assim, às nações subdesenvolvidas alcançarem as demais através da industrialização” (NOVAES,
p.31, 2000).
Essa concepção compreende que crescimento econômico e desenvolvimento são as mesmas coisas, portanto, é
natural ao ser humano – e as suas demandas por desenvolver-se em sociedade – o consumo crescente de
recursos naturais e energia.
3 O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
Nas décadas posteriores, os debates dentro da esfera ambiental basicamente se polarizaram entre o 
 e o (MENDONÇA, 2009).antropocentrismo ecocentrismo
Antropocentrismo
O percebe a natureza como um conjunto de elementos que servem ao homem, e a este todosantropocentrismo
os direitos de utilização dos recursos naturais através de meios científicos e tecnológicos. Essa concepção se
baseia na premissa de que a natureza é um tipo de reserva, sem valor em si ou importância autônoma, ou seja, o
papel da natureza seria atender as demandas e necessidades do homem. Logo, todas as consequências da
atuação do homem sobre a natureza são legitimadas pelas necessidades naturais da humanidade. Por outro lado,
há um aspecto de sustentabilidade a medida que há a necessidade de assegurar a máxima utilização sustentável
dos recursos naturais, contando com o controle eficiente do Estado.
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Ecocentrismo
O (ou biocentrismo), ao contrario da premissa anterior que privilegiava o homem, baseia-se naecocentrismo
ideia de que a natureza e o mundo natural – a Terra – possuem um valor em si, e não são apenas reservas de
recursos para as necessidades humanas. Na verdade, para os defensores desta premissa a natureza já tem um
valor em si, mesmo que não apresente recursos necessários ou úteis à humanidade, por isso estão bastante
influenciados pelas ideias preservacionistas da proteção total e intocabilidade humana. Logo, há uma
incompatibilidade entre as atividades humanas e esse estado de preservação ambiental.Para os tecnocentristas, a postura cientifica e a racionalidade econômica são elementos fundamentais na
compreensão dos problemas ecológicos e próprios da sociedade.
O berço filosófico do tecnocentrismo encontra-se na revolução científico-tecnológica do século XVII, responsável
por colocar a ciência e a tecnologia num alto grau de confiabilidade por parte dos homens.
O tecnocentrismo, então, pode ser visto como um pensamento antropocentrista, a medida que coloca nas mãos
do homem a atuação sobre o meio ambiente, de acordo com suas necessidades e interesses (MC CORMINCK, p.
170, 1992).
Nos dias atuais, tanto o ecocentrismo como o tecnocentrismo se valem de resultados científicos a fim de
fortalecer suas proposições e ideias. As interpretações sobre tais resultados, entretanto, diferem de acordo com a
linha de pensamento, a ver:
Na visão tecnocentrista a evolução cientifica prova as possibilidades humanas de administrar e dominar a
natureza.
Já o ecocentrismo reivindica as relações de harmonia com a natureza amparadas na ecologia e leis naturais.
4 Raízes teóricas
Embora importante, o debate entre o antropocentrismo, ecocentrismo e tecnocentrismo remonta a outras linhas
teóricas que estão na base dessas concepções (LEIS, p. 06,1992). São elas:
• Ecologia Profunda: trata-se de um conceito filosófico que enxerga o homem como parte integral da 
complexa estrutura da natureza, portanto, assim como as outras espécies, o homem deve ser preservado 
e respeitado para garantir o equilíbrio da biosfera. Proposta feita pelo filosofo e ecologista norueguês 
Arne Naess, em 1973.
• Ecologia Social: este grupo sustenta que os problemas ecológicos estão ligados aos problemas na 
evolução da própria sociedade sob um sistema político hierárquico e dominante. Dessa forma, apenas 
medidas tomadas pela coletividade no sentido de romper os tradicionais laços sociais podem surtir efeito 
sobre as questões ecológicas. Criado pelo geógrafo anarquista francês Elisée Reclus no final do sec. XIX, e 
rediscutido na década de 1960 pelo filosofo americano Murray Bookchin.
• Eco-Socialismo: este pensamento, como o próprio nome indica, se apodera das reflexões marxistas 
•
•
•
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• Eco-Socialismo: este pensamento, como o próprio nome indica, se apodera das reflexões marxistas 
sobre as consequências do capitalismo para analisar a degradação ambiental como resultado da expansão 
do modelo econômico vigente e dominante, ou seja, o próprio capitalismo. Para os partidários desse 
pensamento, então, a expansão do capitalismo gerou a exclusão social, a miséria, a guerra e, 
evidentemente, a degradação ambiental. Eco-socialistas, portanto, defendem que apenas o 
desmantelamento do capitalismo e do Estado poder impedir a continuidade da degradação humana e 
ambiental.
Embora não tenha um único criador, essa corrente foi primeiramente abordada a partir dos estudos do
romancista inglês William Morris sobre o marxismo e as questões ambientais, ao longo das décadas de 1880 e
1980.
5 Teoria de Gaia
O nome Gaia faz referencia a Deusa grega suprema da Terra, Gaia.
Também conhecida como Hipótese Biogeoquímica, a Teoria de Gaia baseia-se na proposta de que a biosfera e os
elementos físicos da Terra estão completamente integrados, de forma a gerar um complexo sistema interligado
que mantém as condições viáveis de sobrevivência e transformação do Planeta Terra, em outras palavras, a
Terra seria um super organismo vivo e a biosfera seria um ser único auto regulável.
Proposta pelo cientista britânico James E. Lovelock, a Teoria de Gaia foi originalmente vista com descrédito pela
comunidade cientifica internacional, se aproximando apenas de grupos ecológicos, místicos e alguns grupos de
investigadores interessados em respostas avessas às tradicionais teorias vigentes.
Ao longo do tempo, no entanto, com o aquecimento global e as transformações climáticas na Terra, a hipótese
levantada por Lovelock – que sempre a considerou uma teoria cientifica –, tem ganhado cada vez mais espaço
nas discussões sobre a questão global (PFEIL, 2006).
6 Teorias sobre economia ambiental
Até agora, vimos diferentes concepções e debates quanto à formulação da questão ambiental e o papel do
homem nesse contexto, discutindo a relação humana com a natureza e a representação desta frente às
necessidade da humanidade.
Neste ponto, já podemos começar a abordar teorias que visam explicar e indicar caminhos para reverter o
processo de degradação ambiental, aceitando, portanto, que a atuação do homem e o desenvolvimento foram – e
são – fatores reais e impactantes sobre o meio ambiente.
Antes de mais nada, é preciso levar em conta que interromper a degradação ambiental ou promover políticas
baseadas no conceito de desenvolvimento sustentável geram custos, e esses custos deverão – ou deveriam – ser
•
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distribuídos internacionalmente a medida que aceitamos o componente transfronteiriço dos problemas
ambientais.
Temas inseridos numa relação de interdependência – como as questões ambientais – implicam em custos para
os envolvidos e, a principio, não podemos definir se os benefícios gerados deste relacionamento serão maiores
que seus custos, pois nada garante que as relações de interdependência possuam benefícios mútuos, mesmo
assim não é viável desconsiderar essas questões (KEOHANE, NYE, 1989).
Temos, portanto, uma questão a ser analisada: como a relação entre economia e meio ambiente tem sido vista
desde a ascensão dos temas ambientais na década de 1960/70?
Inicialmente podemos dizer que há ao menos três posturas a serem observadas, e todas concordam que a
intervenção do Estado deve ocorrer a fim de resolver as questões do meio ambiente. E então começam as
diferenças: como deve ser essa intervenção?
Para o Professor americano Richard Coase e o britânico A. C. Pigou, não há como negar que o meio ambiente é
profundamente influenciado pela economia mas, por outro lado, enquanto o Professor Coase acredita que “as
livres forças de mercado (são) capazes de, quase por si só, chegar a acordos”, o Professor Pigou diz que “a
intervenção estatal é necessária em certos casos para corrigir as falhas do mercado e garantir a conservação dos
recursos naturais”.
Por outro lado, o Professor americano Mark Sagoff acredita que “a esfera econômica nada tem a fazer nos
domínios da natureza, a qual possuiria valores intrínsecos ou implícitos que os homens deveriam ser obrigados a
respeitar” (VIGEVANI, p. 46, 1994).
Podemos, enfim, relacionar essas três visões às chamadas visões globais, sobre a relação economia e meio
ambiente, do americano James Turner, que são:
1. Orientada para o desenvolvimento dos recursos e crescimento, próxima à visão do Professor Coase. 
2. De tutela dos recursos e crescimento controlado, presente no pensamento do Professor Pigou e o papel 
intervencionista do Estado.
3. De conservação de recursos e crescimento limitado. 
4. Preservação extrema que prevê um crescimento zero, como coloca o Professor Sagoff” (VIGEVANI, p. 47, 
1994).
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7 O Estado e o Sistema Internacional: a questão do meio 
ambiente
Antes de finalizarmos essa aula, é preciso apresentar um último escopo conceitual, proveniente das posturas
recomendadas em âmbito global quando se fala em modelos de gestão internacional do meio ambiente e
comportamentos esperados das nações. Importante registrar que, neste item, a base teórica não se constrói a
partir de um debate ideológico – como nas primeiras teorias estudadas nessa aula –, ou por uma visão
econômica – como no segundo item estudo – mas, como resultado da ação acadêmica, política e diplomática
oriunda, sobretudo, de organismos internacionais.
Na verdade, as três abordagens que apresentaremos aqui para compreender a questão da gestão coletiva em
meio ambiente, representam importantes movimentos de cooperação internacional, mas não podem ser
entendidas dentro de uma abordagem teórica porque, como coloca Marie-Claude Smouts, carecem enormemente
de um refinamento teóricotípico das ciências sociais no mundo contemporâneo (SMOUTS, p. 135-89, 1998). São
elas:
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7.1 Abordagens Organizacionais
Com grande impacto nos estudos das Relações Internacionais na década de 1960, a ideia de abordagem
organizacional nasce nas discussões em torno de um “governo mundial” e da suposta necessidade de regulação,
ou legalização, das relações interestatais.
Inicialmente percebe-se um pré disposição em compreender o sistema internacional como um ambiente que
caminhava rumo a uma centralização de poder, ou seja, para uma organização ou governo mundial, capaz de unir
as principais demandas transfronteiriças ou bens comuns da humanidade através de um mesmo escopo político
diplomático.
A governança internacional, portanto, seria justamente o resultado da ação dessas organização no âmbito global.
Como era de se prever, a abordagem organizacional não ganha impulso ao longo do tempo, e isso se da,
principalmente, por conta da chamada “crise do multilateralismo” no pós Guerra Fria e a ascensão de diferentes
pólos de poder em diversas regiões do globo.
Para muitos autores, mesmo durante a Guerra Fria a abordagem organizacional já entra em declínio por conta do
afastamento das grandes potencias desses espaços lineares de decisão política, privilegiando a ação unilateral
moldada pelo interessa nacional e pelas demandas típicas da bipolaridade (SUHR, p. 95-6, 1997).
7.2 Regimes Internacionais
A partir da década de 1970, mesmo com a ausência de um poder central que exercesse o papel de governança
global, os autores das Relações Internacionais passam a perceber uma tendência de movimentação de alguns
Estados em direção a redes institucionais não hierárquicas ou formalmente estabelecidas. Nesse ambiente
surgiam regras implícitas ou explicitas que resultavam na modificação do comportamento dos Estados sob a luz
de determinados temas. Em outras palavras, a interação se dá independente de um ente organizacional, ou
governamental, superior que possa regular esse relacionamento.
“Os regimes são estas instituições de caráter não-hierárquico em torno das quais as expectativas dos atores
convergem.
Eles são deliberadamente construídos pelos atores com o propósito de mitigar o caráter de auto-ajuda das RI ao
demonstrar aos Estados a possibilidade de obter ganhos conjuntos por meio da cooperação”
(HASENCLEAVER, p.3, 2000).
Alguns autores, como Robert Keohane, compreendem os regimes internacionais como modelos que
“involuntariamente” interferem na atuação do Estado, gerando resultados esperados no ambiente internacional.
Segundo o Professor Arthur do Amaral, os regimes internacionais ganham cada vez mais importância nas
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relações internacionais contemporâneas e na formação de cooperação e modelos de comportamento frente aos
desafios da agenda internacional atual (AMARAL, n. 10, 2010).
“Regimes internacionais são definidos como princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão,
sobre os quais as expectativas dos atores convergem em uma determinada área temática” (KRASNER, p. 01,
1995).
Na área ambiental, por exemplo, os regimes são fundamentais por indicar uma série de padrões a serem
seguidos pelos Estados que compartilham as mesmas percepções sobre a degradação ambiental e as
necessidades de preservação dos recursos naturais. Mesmo aqueles que estão de fora desse regime, torna-se
possível “enquadrá-los” a partir de uma perspectiva do que deveria ser feito, e aceito pelos Estados, no sentido
de se adequar às recomendações das grandes conferencias internacionais.
7.3 Governança Global
Embora os debates sobre governança global não sejam recentes, há, paralelo ao movimento de integração
política em grande parte do mundo, principalmente a partir da década de 1970, uma percepção crescente sobre
a necessidade – ou conveniência – da adoção de aspecto transnacionais de regras e normas para a gestão de
temas transfronteiriços, ou seja, que “atingem” livremente diferentes nações e espaços geográficos. Mas, afinal, o
que é Governança Global? Podemos entender Governança Global como uma:
“(...) Concepção político-ideológica de uma nova ordem mundial caracterizada por um sistema
transnacional de gestão (leis e instituições) estabelecido por um Pacto Global, cuja autoridade
normativa e executiva supera a soberania absoluta dos Estados-Nação, para solução dos problemas
de âmbito nacional (globalização econômica, criminalidade internacionalizada, pobreza, fome e
doenças mundiais, direitos humanos e meio-ambiente), para a preservação da paz e promoção da
prosperidade geral” (COUTINHO, PEREIRA, 2009).
Como dizíamos, o contexto da globalização do final do séc. XX fez acelerar as percepções positivas sobre as idéias
da governança global. E, mesmo não sendo recente, o debate ganha força com a evidente aproximação política e
econômica de parte do globo no pós Guerra Fria e a ascensão dos problemas transnacionais. Importante lembrar
que esses problemas, por estarem fora da jurisdição do Estado – ou compartilhado em um número superior de
Estados –, levantam a indagação sobre quem deveria gerir suas soluções, a fim de atender as demandas por
equalização do problema sem ferir os interesses nacionais (BARROS-PLATIAU, VARELLA, SCHLEICHER, p. 114,
2004).
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A governança global, entretanto, só é viável se imaginarmos uma estrutura normativa aceita pelos Estados.
Caso contrário, teríamos um sistema de pouca ou nenhuma legitimidade, e isso porque dificilmente haveria
condições políticas de impor aos Estados um conjunto de leis internacionais que entrasse em conflito com os
interesses nacionais ou a cultura local.
Para atender essa necessidade de legitimar uma proposta de governança global então, partiríamos do
pressuposto de uma ordem global construída “de baixo para cima” no que tange o papel dos Estados (SMOUTS, p.
154, 1998).
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• o que é e como se estrutura o conceito de desenvolvimento sustentável;
• a evolução do conceito de sustentabilidade e meio ambiente a partir da década de 1960;
• as críticas ao modelo de desenvolvimento sustentável desenvolvido pelo Relatório Brundtland.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• conheceu as principais correntes de pensamento sobre a questão ambiental;
• compreendeu como as teorias enxergam o papel do homem no meio ambiente;
• verificou as concepções mais importantes no trato dos problemas ambientais transnacionais.
•
•
•
•
•
•
	Olá!
	1 Introdução
	2 Quanto ao meio ambiente
	3 O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
	4 Raízes teóricas
	5 Teoria de Gaia
	6 Teorias sobre economia ambiental
	7 O Estado e o Sistema Internacional: a questão do meio ambiente
	7.1 Abordagens Organizacionais
	7.2 Regimes Internacionais
	7.3 Governança Global
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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