Prévia do material em texto
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA PROFª SILVIANE ALVES GEOGRAFIA – 3º ANO 1. Origens da industrialização A industrialização brasileira teve início na segunda metade do século XIX, porém, de forma tímida. Nesse período, destacaram-se como empreendedores o paulista barão de Mauá e o pernambucano Delmiro Gouveia. A partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o país passou por um significativo desenvolvimento industrial, pois, devido o conflito na Europa, houve redução da entrada de mercadorias estrangeiras no Brasil. Em 1919, as fábricas brasileiras eram responsáveis por 70% da produção industrial nacional e produziam tecidos, roupas, alimentos e bebidas (bens de consumo não duráveis). Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, a participação das fábricas de bens de consumo não duráveis reduziu para 58%, porque surgiram outros produtos, como aço, máquinas e material elétrico, mas ainda predominavam aqui as indústrias de bens de consumo não duráveis. Apesar da importância do desenvolvimento do setor industrial e do setor agrícola na economia brasileira, as atividades terciárias (comércio e serviços) eram as que apresentavam os maiores índices de crescimento. A agricultura cafeeira – principal atividade econômica do período – exigia uma rede de transportes eficiente. Por isso, as ferrovias foram se desenvolvendo no país para escoar a produção do interior para os portos. Desenvolveu-se também um sistema bancário integrado à economia mundial. A industrialização brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929, com a crise econômica mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. No Sudeste do Brasil essa crise se refletiu na redução das exportações de café e na perda da importância dessa atividade no cenário econômico. Também a Revolução de 1930 tirou a oligarquia agroexportadora paulista do poder e criou novas possibilidades político-administrativas em favor da industrialização, uma vez que o grupo que tomou o poder com Getúlio Vargas era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial. A partir da crise de 1929, a indústria passou a apresentar índices de crescimento superiores aos das atividades agrícolas – o colapso econômico mundial reduziu a entrada de produtos estrangeiros, incentivando a produção nacional. É importante destacar que a cafeicultura permitiu acumular capitais que serviram para dinamizar e impulsionar a atividade industrial. Além disso, as ferrovias construídas com a finalidade de escoar a produção de café para o porto de Santos interligavam-se na capital paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte. Havia ainda grande disponibilidade de mão de obra imigrante que foi liberada dos cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além de significativa produção de energia elétrica. Esses fatores favoreceram a industrialização brasileira, que cresceu principalmente em São Paulo, onde havia maior disponibilidade de capitais, mão de obra qualificada e infraestrutura necessária (rede elétrica, ferrovias, portos). 2. O governo Vargas e a política de “substituição de importações” Getúlio Vargas governou o Brasil pela primeira vez de 1930 a 1945. Com a Crise de 1929, o governo (Estado) passou a intervir diretamente na economia. De 1930 a 1956, o governo criou indústrias estatais nos setores de bens de produção e de infraestrutura – a Companhia Vale do Rio Doce, atual VALE, destacou-se na extração de minerais; a Petrobrás, para a extração de petróleo e petroquímica; a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); a Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava caminhões, automóveis, maquinas e motores; e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), para produção de energia elétrica. O próprio governo brasileiro teve de investir na indústria porque os investimentos financeiros necessários eram elevados e o retorno de tais investimentos não era atraente para a iniciativa privada, pois este seria lento. A ação do Estado impulsionou e diversificou os investimentos no parque industrial brasileiro, combatendo os principais obstáculos ao crescimento econômico e fornecendo, a preços baixos, os bens de produção e os serviços de que os industriais privados necessitavam – era uma política nacionalista. Foi o governo Vargas que iniciou a adoção de medidas fiscais e cambiais que caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna de mercadorias que até então eram importadas (política de substituição de importações). As duas medidas principais foram: a desvalorização da moeda nacional (réis até 1942 e, em seguida, cruzeiro) em relação ao dólar, tornando o produto importado mais caro, e a introdução de leis e tributos que dificultavam ou proibiam a importação de produtos que pudessem ser fabricados aqui mesmo. Em 1934, Vargas regulamentou as relações de trabalho: criou o salário mínimo, as férias anuais e o descanso semanal remunerado. A intervenção do governo possibilitou um forte crescimento da produção industrial, exceto no período da Segunda Guerra Mundial, devido à carência de indústrias de base e às dificuldades de importação. 3. Juscelino Kubitschek e o Plano de Metas (1956-1961) O Plano de Metas tinha as seguintes estratégias: Investimentos estatais em agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil para atrair investimentos estrangeiros; Fazer o país crescer “50 anos em 5”; Transferência da capital federal do Rio de Janeiro (litoral) para Brasília (interior), buscando promover a ocupação do interior do país; 73% dos investimentos foram direcionados aos setores de energia e transportes; Ingresso de capital estrangeiro, especialmente nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O parque industrial brasileiro produziu quantidade significativa de bens de consumo duráveis, dando continuidade à política de substituição de importações. No governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas indústrias: De bens de consumo não duráveis, com predomínio do capital privado nacional; De bens de produção e bens de capital, que contaram com investimento estatal de Vargas; De bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro. Com a concentração das indústrias no Sudeste, as migrações internas intensificaram-se e os grandes centros urbanos (São Paulo e Rio de Janeiro) cresceram desordenadamente. O crescimento econômico acelerado e o aumento da dívida externa provocaram o aumento da inflação (elevação dos preços das mercadorias não é acompanhada do aumento do salário dos trabalhadores). A partir de 1959 foram criados órgãos de planejamento com a estratégia de descentralizar investimentos produtivos por todas as regiões do Brasil. Juscelino Kubitschek incentivou a indústria automobilística e a consequente abertura de rodovias no nosso país. Além disso, foi responsável pela transferência da capital nacional para Brasília, cidade planejada e construída para abrigar a nova capital. 4. O período militar Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no Brasil o regime militar. Em 1964, o país era a 43ª economia do mundo e tinha uma dívida externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, no fim do regime militar, o Brasil era a 9ª economia do mundo e a dívida externa era de cerca de 95 bilhões de dólares - o país cresceu muito, mas às custas de um grande endividamento. O parque industrial se desenvolveu bastante e a infraestrutura nos setores de energia, transportes e telecomunicações se modernizou. Entretanto, a desigualdade social aumentou, concentrando a riqueza nas mãos dos mais ricos da sociedade. Entre 1968 e 1973, no período do “econômico”, a economia brasileira desenvolveu-se em ritmo acelerado. Tal crescimento deveu-se a investimentos governamentais que promoveram grande expansão na oferta de alguns serviços prestados por empresas estatais, como energia, transporte e telecomunicações. No entanto, várias obras tinhamnecessidade, rentabilidade ou eficiência questionáveis, como as rodovias Transamazônica e a Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e Alemanha. O capital estrangeiro entrou principalmente na extração de minerais metálicos, na expansão de áreas agrícolas, nas indústrias química e farmacêutica, e na fabricação de bens de capital. No final da década de 1970, os Estados Unidos aumentaram os juros no mercado internacional, reduzindo os investimentos em países em desenvolvimento. Além de sofrer essa redução, a economia brasileira teve de pagar os altos juros da dívida externa. Para obter recursos, o governo passou a priorizar as exportações. Porém, como tornar os produtos brasileiros internacionalmente competitivos? As soluções encontradas foram desastrosas para o mercado interno: Redução do poder de compra dos assalariados (arrocho salarial); Subsídios fiscais para exportação (menos imposto por um produto exportado do que por um similar vendido internamente); Negligência com o meio ambiente; Desvalorização cambial: a valorização do dólar em relação ao cruzeiro facilitava as exportações e dificultava as importações. Diminuição do poder aquisitivo das famílias. Buscando um maior superávit na balança comercial, o governo aumentou os impostos de importação. Os industriais não tinham como importar novas máquinas e isso afetou a produtividade e a qualidade dos produtos nacionais. Durante toda a década de 1980 e início da de 1990, a economia brasileira passou por um período em que se alternavam anos de recessão e outros de baixo crescimento. image4.jpg image2.png image3.png image1.png image5.png