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Economia e finanças para gestores
Autora
Neusa Santos de Souza Nunes
Apresentação
Caro(a) aluno(a),
Esperamos que você encontre neste material um conteúdo que o ajude a compreender e analisar
o papel da política macroeconômica brasileira, e seus impactos no planejamento estratégico das
organizações.
O conteúdo foi elaborado com o propósito de contribuir para a formação de um perfil profissional
esperado de um assessor(a) executivo(a): responsável pelo planejamento estratégico, pela
organização de metas, pela tomada de decisões etc. – com as competências indispensáveis
para o desempenho de funções e procedimentos relativos aos de um administrador financeiro ou
administradora financeira.
Assim, foram priorizados os temas relativos à Introdução à Economia, indispensáveis para se
realizar planejamento e controle financeiro, bem como para se compreender algumas das
relações cotidianas praticadas pelos bancos comerciais, mercado financeiro e outros assuntos
conexos.
Cada parte do material pode ser lida separadamente; no entanto, sugerimos uma sequência para
aqueles(as) que gostam de receber uma indicação de onde se inicia e onde se conclui a leitura.
Na primeira Unidade, apresentamos alguns dos fundamentos básicos da Economia, tanto no
aspecto micro quanto macro. Foi dada uma especial atenção aos aspectos relativos ao
desempenho das unidades de consumo representadas pelas famílias e pelos indivíduos; a
produção e os custos das empresas e a produção e o preço dos serviços, tais como os bens e os
fatores de produção.
Na segunda Unidade, buscamos indicar alguns dos fundamentos macroeconômicos aplicados à
economia brasileira, tomando como foco o conceito de tripé macroeconômico, implementado no
Brasil a partir de 1999; momento a partir do qual passaram a ser elementos centrais da análise
da economia brasileira: o câmbio flutuante, a meta de inflação e a meta fiscal.
Na terceira Unidade, destacamos a análise do Sistema Financeiro Nacional, formado pelo
conjunto de instituições responsáveis pela política monetária do governo, sob a gestão do
Conselho Monetário Nacional (CMN).
E, por fim, na quarta Unidade, procuramos projetar um pouco de luz sobre o Banco Central, que é,
de longe, a principal instituição financeira governamental pelo fato de que, além de estratégico
para a política macroeconômica do governo, funciona de fato como o “banco dos bancos”, e é,
sobretudo, o supervisor do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que, além de assegurar a solidez
do SFN, regula o funcionamento das entidades bancárias e não bancárias que operam no Brasil
– contribuindo assim, diretamente, com a eficiência, o desenvolvimento e a saúde do sistema
financeiro brasileiro.
Esperamos que você assista aos vídeos e se aprofunde nos temas abordados por meio dos
quadros denominados Saiba Mais e Dicas da Professora, distribuídos ao longo das seções deste
material e consiga sanar eventuais dúvidas, assim como desejamos que outras questões lhes
sejam suscitadas pelas entrelinhas deste material, que ora lhe entregamos.
Bons estudos!
Que o conjunto desta obra seja para você um instrumento de aprendizado e de novas reflexões.
Grande abraço!
A autora
Videoaula - Economia, uma das Ciências Humanas
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/756968175".
Economia – Primeiros conceitos1
Economia como Ciências Humanas1.1
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/1016096746".
A expressão “economia” remonta aos tempos da Grécia Antiga, e este termo era utilizado para se
referir à administração do patrimônio particular, enquanto para a administração do Estado
(cidades-estados) se utilizava a denominação de “economia política”. A Economia, no entanto, é
Figura 1 – Moedas e cédulas
Fonte: Steve Buissinne/Pixabay.
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.jpg
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.jpg
uma das Ciências Humanas, pois seu objeto de estudo está relacionado às atividades produtivas
humanas. Mais especificamente, os humanos organizam sua produção de modo a fazer uso, o
mais eficientemente possível, dos recursos da natureza, que são escassos; tais como os fatores
de produção: terra, capital, trabalho e tecnologias.
Faz parte das preocupações dos economistas a combinação dos fatores de produção, de modo a
maximizar o potencial destes recursos para que estes possam contribuir para a criação e a
distribuição da renda, e que possam satisfazer os interesses de demandantes e ofertantes dos
mais variados mercados e conciliá-los. Para tanto, os economistas recorrem às disciplinas que
lhes dão suportes para medir as atividades econômicas como, por exemplo, os conhecimentos
matemáticos, econométricos e estatísticos.
A abordagem de um estudo econômico tanto pode ser micro como macro. A abordagem micro
busca entender o fenômeno econômico relacionado a uma unidade de produção como, por
exemplo, uma empresa ou unidade de consumo (famílias). Já a abordagem macroeconômica
está relacionada a estudos que buscam entender o conjunto da atividade econômica, como a de
um país, por exemplo.
Também se pode subdividir a Economia em dois campos: a) um mais teórico, denominado
“economia pura”, que trata da formulação conceitual e abstrata da realidade econômica; b) outro
mais “pragmático”, que busca determinar a aplicação de métodos e processos de produção tanto
no campo micro (das empresas, por exemplo) quanto no campo macroeconômico (vinculado às
ações de políticas econômicas de Estado). Portanto, ao ser aplicadas como soluções técnicas
para os problemas econômicos fundamentais as proposituras desta Ciência, esta vai se
convertendo em economia aplicada; ou seja, mais especializada, de modo que acaba por se
ramificar em economia industrial, economia agrícola, economia comercial e em economia
financeira. Sempre com propósito de atingir o seu objetivo enquanto ciência; de apresentar
soluções racionais para os processos sociais de produção, distribuição e consumo (SANDRONI,
1999, p. 189).
ECONOMIA APLICADA:
Emprego pragmático do conhecimento das leis econômicas visando a disciplinar e orientar a
atividade produtiva. Enquanto a chamada “economia pura” cuida da formulação conceitual
abstrata da realidade econômica, a economia aplicada tem a função normativa de determinar
alternativas, métodos e processos de produção tanto no âmbito da empresa quanto no da
sociedade (SANDRONI, 1999, p. 189).
E também se pode subdividir a Economia pelas “Escolas de Pensamento”, que se caracterizam
por determinadas concepções relativas às interpretações do fenômeno econômico. Isso ocorre
porque, diferentemente das ciências exatas, nas ciências humanas se observa com mais clareza
que os pesquisadores (economistas) estão ligados às mais variadas concepções de mundo,
cujos valores e interesses dos mais variados interferem, (conscientemente ou não) em sua
pesquisa científica. Por consequência disso, os economistas acabam abordando o próprio objeto
de trabalho da Economia de forma distinta, a começar pela visão (ideológica) que cada um dos
economistas tem do processo produtivo e da criação do valor.
A Escola Econômica Mercantilista, anterior e diferentemente das concepções desenvolvidas pela
Escola Clássica, de Adam Smith (considerado o fundador da Ciência Econômica Moderna),
defendia que a riqueza de um país viria do acúmulo de metais preciosos pelo Estado, que deveria
praticar um comércio exterior abertamente protecionista (SANDRONI, 1999, p. 383).
MERCANTILISMO:
Doutrina econômica que caracteriza o período histórico da Revolução Comercial (séculos XVI-
XVIII), marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação dos Estados Nacionais.
Alguns princípios básicos do mercantilismo são:
1) o Estado deve incrementar o bem-estar nacional, ainda que em detrimento de seus vizinhos e
colônias;
2) acapita, medido em
dólares, quase dobrou, ao mesmo tempo em que o valor real do salário mínimo aumentou quase
170%. Não por acaso, o percentual da população que vive abaixo da linha da pobreza no Brasil foi
reduzido de 35,16% em 1992 para 26,72% em 2002, chegando a 2009 a 15,54% (IBGE).
O país alcançou, assim, um patamar de distribuição de rendas com efetiva estabilidade de
preços, uma vez que, após várias tentativas com diferentes planos de estabilização, desde o
Plano Cruzado, de 1986, logrou-se, com o Plano Real – debelar a hiperinflação inercial, que havia
atingido índices de 1.700% ao ano em 1990; 1.174% em 1992 e 2.567%, em 1993.
E, vale lembrar que, mesmo no ano de implantação do Real, 1994, os preços chegaram a
aumentar mais de 1.246% ao ano; recuando, enfim, para níveis economicamente aceitáveis após
1995.
Figura 13 – Gráfico PIB
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
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http://www.ipeadata.gov.br/
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Em que pese picos inflacionários observados em anos específicos como 1999, 2002 e 2020, na
maior parte dos anos a inflação (IGP-M) se manteve em patamares abaixo de 10% ao ano.
Portanto, nada comparável à hiperinflação anterior a 1994.
Vale destacar, no entanto, que o crescimento do PIB brasileiro, pós-Real, se mostrou bastante
modesto; ficando abaixo ao alcançado na década de 1980, considerada pelos economistas como
sendo a década perdida.
Ao adentrar a década de 1990, tomando como base uma taxa de crescimento econômico
histórica – de 5,4% ao ano desde o início do século – os economistas passaram a apontar o
crescimento do PIB da década de 1980 como sendo o de uma “década perdida”. Segundo
Modiano:
Figura 14 – Gráfico do Índice geral de preços do mercado (IGP-M), 1990-
1995 (em %)
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
O produto real da economia brasileira se expandiu à taxa média de 4,4% ao ano entre 1985 e 1989. A
análise dos índices trimestrais do PIB real revela que a estagnação da produção se iniciou no final
de 1986, após dois anos consecutivos de crescimento superior a 7% ao ano. Entre 1980 e 1989 o PIB
cresceu apenas 2,9% ao ano em contraste com mais de 8% ao ano na década de 1970. Levando em
conta o crescimento populacional de 2% ao ano, a renda per capita da economia brasileira avançou
apenas 0,9% ao ano na década de 1980. (MODIANO, 2014, p. 311)
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/14.png
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http://www.ipeadata.gov.br/
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A década de 1990, comparativamente à de 1980, conforme se pode observar em relação ao
crescimento do PIB, não havia começado bem: no ano de 1990, o PIB havia se reduzido em 3,1%;
em 1992, o PIB cresceu negativamente, novamente. A inflação chegou a atingir mais de 80% ao
mês. Na média, ao longo da década (de 1990), o crescimento do PIB ficou abaixo de 2% ao ano.
No entanto, o governo de Fernando Collor, instituído em 15 de março de 1990, deu início a um
conjunto de novas estratégias – atreladas ao processo de globalização – que o distinguiu dos
governos anteriores aos da década de 1980 pela propositura das reformas estruturais
desencadeadas: a) pela abertura comercial; b) pelo processo de privatizações; c) pela reforma do
Estado: focada na redução do papel do Estado como produtor de bens e serviços e na
reorganização da administração pública federal.
De acordo com Modiano in Abreu (2014, p. 1), embora a década de 1990 tenha apresentado
crescimento econômico ainda mais modesto que o da década de 1980, aquela foi marcada por
reformas, não apenas relativas à abertura comercial e à privatização, mas pelo sucesso no
controle da inflação e pelas reformas modernizadoras que teriam inaugurado uma nova etapa da
história econômica do país, mais em conformidade com os padrões internacionais esperados
pelos investidores, sobretudo aqueles relativos ao risco-Brasil, medidos por meio do índice
EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), que estima o desempenho diário dos títulos da
dívida dos países emergentes – que passaram a ser estratégicos para o financiamento das
economias emergentes, como o Brasil, a partir da década de 1990.
Do ponto de vista externo, tomando-se por base o risco-país, por exemplo, parece que a
economia brasileira, neste novo formato, passou no teste da credibilidade do mercado
internacional. No dia do lançamento do Plano Real, o risco-Brasil havia atingido o patamar de
1.179 pontos; e acima de mil pontos se manteve até o ano seguinte. A partir daí, exceto no tenso
Figura 15 – Gráfico da Variação anual do PIB (em percentual), 1980-2020
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em
seriesestatisticas.ibge.gov.br
[https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] .
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/15.png
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https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
ano eleitoral de 2002 em que o índice bateu seu recorde, passou a cair a patamares iguais ou
inferiores a 400 pontos; em 2011, chegou à marca de 147 pontos, indicando alta credibilidade da
política macroeconômica brasileira.
Desse modo, pode-se observar que ao longo da década de 1990 não se introduziu “apenas” a
estabilização da moeda, mas também toda uma nova ideia-síntese de condução da política
macroeconômica do país, embasada no conceito de tripé macroeconômico (câmbio flutuante,
meta de inflação e meta fiscal); o que, segundo seus defensores, passou a reger a não apenas a
política econômica no Brasil, mas também a da maioria dos países desenvolvidos.
Figura 16 – Gráfico comparativo anual do risco-país
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
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http://www.ipeadata.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/
Recapitulando a Unidade 2
Ao longo da década de 1990, a política macroeconômica brasileira passou por uma mudança de
paradigma ao adotar três pilares fundamentais em sua condução: câmbio flutuante, meta de
inflação e meta fiscal – o denominado tripé macroeconômico – modelo este que vem sendo
adotado pela maioria dos países desenvolvidos.
Por meio desses fundamentos é que foram estabelecendo uma série de ações que vêm pautando
o funcionamento da economia brasileira nas últimas décadas. Tais ações buscam demonstrar
transparência às políticas macroeconômicas, de modo a permitir que os agentes econômicos –
sobretudo investidores estrangeiros – se animem em participar do mercado brasileiro;
lembrando que estes serão atraídos não apenas em função dos juros pagos pelo Brasil, mas
também dos riscos de calote que este País oferece.
Os dados relativos ao risco-Brasil, no entanto, parecem atestar que o Brasil oferece bem menos
riscos aos investidores que os da década de 1990 (e início de 2000; leia-se 2002), quando esses
índices alcançaram patamares bastante superior a mil pontos; algo bem distinto do que vem
ocorrendo no início da década de 2020, quando esse índice, apesar da crise econômica
desencadeada pela pandemia da covid 19 (2020-2022), alcançou uma média de 329 pontos.
Sistema Financeiro Nacional3
Instituições do Sistema Financeiro
Nacional
3.1
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De acordo com Sandroni (1999), o Sistema Financeiro Nacional é formado por um conjunto
amplo de instituições responsáveis pela política monetária do governo sob a gestão do Conselho
Monetário Nacional (CMN), a saber:Banco Central do Brasil, que tem por função principal
executar as normas estabelecidas pelo CMN, Banco do Brasil, Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social e bancos regionais de desenvolvimento, Banco Nacional da
Habitação, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo,
cooperativas habitacionais, Caixa Econômica Federal e as estaduais, Bolsas de Valores, fundos
de investimentos, sociedades financeiras de crédito e financiamento, distribuidoras de valores e
corretoras (SANDRONI, 1999, p. 562). O Sistema funciona a partir de sua missão definida nos
termos do art. 192 da Constituição Federal, segundo o qual:
A partir desta incumbência é que o Sistema Financeiro Nacional contribuiu para a realização dos
objetivos da política macroeconômica; mais especificamente por meio da manutenção do
desenvolvimento; da fiscalização de atividades de crédito; e da fiscalização de atividades de
circulação de moeda. Funciona, portanto, por meios de seus agentes normativos, supervisores e
operadores, que são os responsáveis, respectivamente, pela determinação das regras gerais, pelo
funcionamento do sistema e por fazer cumprir as regras, no ato das ações realizadas pelos
operadores do sistema financeiro.
São operadores do Sistema Financeiro Nacional as bolsas de valores, a Caixa Econômica Federal
e os demais bancos, os administradores de consórcios, as corretoras e distribuidoras, as
cooperativas de crédito, as instituições de pagamento e demais instituições não bancárias, a
bolsa de mercadorias e futuros, as entidades abertas de previdência, as entidades fechadas de
previdência complementar, os seguradores e resseguradores, e as sociedades de capitalização.
O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do
País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a
participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (BRASIL, 2016, p. 114).
Principais operadores do sistema
financeiro
3.2
Bolsa de Valores3.2.1
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"https://player.vimeo.com/video/1016096925".
A Bolsa de Valores é um local – um mercado – em que investidores compram ou vendem os
denominados valores mobiliários.
TÍTULO (Valor mobiliário)
Documento que certifica a propriedade de um bem ou de um valor. O termo aplica-se
genericamente a todos os valores mobiliários.
Distinguem-se dois tipos de títulos: os títulos comerciais (letra de câmbio, nota promissória,
duplicata), que se caracterizam pelo prazo de vencimento relativamente curto e pelo direito que
têm seus portadores de receber em moeda corrente as importâncias por eles representadas; e os
títulos de renda (ações, debêntures, títulos de dívida pública), de vencimento a prazo longo e cujos
portadores têm direito a receber rendimentos por eles produzidos. Quando contêm o nome e o
domicílio do proprietário, chamam-se títulos nominativos; quando o proprietário não é designado,
chamam-se títulos ao portador e podem ser livremente negociados, independentemente de
qualquer ato escrito ou endosso (SANDRONI, 1999, p. 604).
Do ponto de vista dos agentes econômicos que negociam na bolsa, o objetivo das operações é,
sobretudo, a obtenção de ganhos, a partir de seus investimentos. Na perspectiva de uma
empresa, por exemplo, a venda de suas ações na bolsa de valores pode ser um excelente meio
para a captação de recursos, desde que a companhia se submeta a se transformar em uma
sociedade anônima de capital aberto.
As empresas em bolsa podem negociar diretamente com investidores interessados em suas
ações – por meio do mercado denominado primário. Em geral, as empresas realizam operações
no mercado primário durante a fase de estreia na bolsa (na abertura de capital na bolsa de
valores), processo denominado pelo mercado IPO (Initial Public Offering). Neste caso, ao vender
suas ações, os capitais arrecadados são direcionados diretamente para o caixa da empresa em
questão.
Outra forma de a empresa ser negociada na bolsa é por meio do mercado secundário. Neste
caso, os investidores compram e vendem ações “de segunda mão”; aquelas já disponibilizadas
anteriormente no mercado, pelas empresas, e que estão disponíveis para serem compradas (por
interessados) ou vendidas pelos investidores, que são os portadores dessas ações. Neste caso,
os papéis (os títulos) apenas mudam de propriedade e o resultado desta compra (se positivo) irá
para o “caixa” do antigo portador dessas ações – e não para a empresa, uma vez que a ação,
neste caso, indica apenas que seu possuidor é o proprietário de certa parte (fração) de uma
determinada empresa que negocia parte dela na bolsa anonimamente – sem se importar quem
seja o seu “micro sócio” (ou investidor).Uma vez que, ao negociar seus títulos, a empresa poderá
ter como parceiros de negócios tanto um desconhecido agente do mercado, que poderá ser tanto
um investidor pessoa física quanto um fundo de investimento ou mesmo um investidor
estrangeiro.
A bolsa de valores é, portanto, uma instituição onde se negociam títulos, ações de empresas ou
valores mobiliários (papéis em geral); meio pelo qual se possibilita a transformação desses
valores em investimentos. As atividades das Bolsas são fiscalizadas pela Comissão de Valores
Mobiliários [CVM], do Ministério da Fazenda, responsável por regular, prestar consultoria e julgar,
em instância administrativa, as operações e os dispositivos do Mercado de Valores Mobiliários. É
papel da CVM garantir funcionamento legal e justo, protegendo os investidores do mercado
contra atos irregulares e ilegais; estimular a popularização dos investimentos da população em
valores mobiliários; fiscalizar a prática de insider trading (uso de informações privilegiadas) e
formação artificial de oferta, demanda e preço; e garantir o acesso público às informações
relativas aos valores mobiliários.
A importância da CVM também se justifica em função das principais estratégias, utilizadas pelos
variados tipos de investidores que operam nas bolsas de valores, a saber:
Buy and hold
Videoaula - Risco Brasil
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Aquela em que o investidor compra as ações e as mantém em seu poder por longo prazo, evitando
ao máximo vendê-las.
Estratégia especulativa em que o investidor se dispõe a comprar ou vender as ações com o objetivo
de alcançar lucro diário.
Day trade
Também especulativa, pelo fato de o investidor buscar a obtenção do lucro por meio de operações
de compra e venda no curto prazo (dias ou até semanas), embasadas em dados colhidos a partir de
análises de gráficos que mostram o comportamento daquele tipo de ação; comportamento inverso
ao do investidor holder, fundamento qualitativo e quantitativos da companhia em questão.
Swing trade
Caixa Econômica Federal3.2.2
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A Caixa Econômica Federal (CEF), criada por meio do Decreto-lei nº 759, de 12 de agosto de
1969, é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Economia, que opera serviços
bancários; assim, suas atividades são autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e
suas contas e operações estão sujeitas ao exame e ao julgamento do Tribunal de Contas da
Figura 17 – Caixa Econômica Federal
Fonte: Michelle F. Pereira/wikipedia.
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/17.jpg
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/17.jpg
União (TCU). Em sua missão, destaca-se como prestadora de serviços, com o propósito de
promover a cidadania e o desenvolvimento sustentável do país, atuando como instituição
financeira, agente de políticas públicas,em parceria com o Estado brasileiro.
É considerada o maior banco público da América Latina, destacando-se, dentre seus serviços,
operações com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Programa de Integração Social
(PIS) e Habitação popular (Programa de Arrendamento Residencial – PAR, Carta de Crédito,
FGTS, entre outros). Também funciona como pagador de programas sociais como o Bolsa
Família (Auxílio Brasil), programa de complementação de renda do Governo Federal e do Seguro-
desemprego, Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES); Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS); Minha Casa, Minha Vida (Casa Verde e Amarela); Programa de
Integração Social (PIS), dentre outros; e participa ativamente no financiamento de obras
públicas, sobretudo aquelas relacionadas ao saneamento básico em estados e municípios.
Opera ainda a intermediação de verbas do Governo Federal destinadas ao setor público.
A Caixa responde pela realização de 11 modalidades de jogos de loterias no Brasil, desde 1961, a
saber: Mega-Sena, Timemania, Lotofácil, Lotomania, Dupla Sena, Quina, Lotogol, Loteca, Loteria
Federal, Dia de Sorte e Super Sete.
Sobre a CAIXA
Acesse a Central de Resultados para conhecer, em detalhes o Relatório da Administração;
Relatório de análise de desempenho e as Demonstrações contábeis.
Fonte: www.caixa.gov.br [https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-
investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx] .
De acordo com a CMN, bancos comerciais são instituições financeiras públicas ou privadas que
têm por atividade central suprir por meio de financiamentos, de curto e médios prazos, ao
comércio, às empresas prestadoras de serviços, a indústria e às pessoas físicas em geral, por
meio da captação de depósitos à vista ou a prazo.
Bancos comerciais3.2.3
https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx
https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx
https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx
Entre os maiores bancos comerciais do Brasil, que juntos detêm a maior parcela do mercado de
crédito, estão Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Caixa Econômica. Essas instituições
(e outras menores) estão autorizadas a oferecer serviços, que incluem empréstimos, operações
de crédito, cobranças, pagamento de contas, emissão de cheques, financiamentos, transferência
via TED, DOC e Pix etc.
Acesse o Relatório Anual da Febraban. E conheça essa poderosa Federação, que reúne quase a
totalidade dos bancos brasileiros. Nesta página, você encontrará informações relevantes sobre o
setor bancário brasileiro, em números; a dinâmica do setor bancário nacional diante do atual
cenário econômico; a estrutura de governança da Federação, entre outras.
Acesse!
Disponível em: cmsarquivos.febraban.org.br
[https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf] .
Os administradores de consórcios3.2.4
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/1016097015".
https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf
https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf
O Sistema de Consórcios destina-se a proporcionar o acesso de integrantes de grupos de
consórcio ao consumo de bens e serviços. É constituído por administradoras de consórcio e por
grupos de consórcio, e é regulamentado pela Lei nº 11.795, de 8 de outubro de 2008; está
integrado por 141 administradoras, das quais 136 com grupos ativos, em dezembro de 2020
(Banco Central). O segmento de bens móveis pode ser dividido nos seguintes subsegmentos: a)
veículos pesados e outros; b) automóveis (incluindo veículos leves, utilitários e caminhonetes); c)
motocicletas (incluindo motonetas, ciclomotores, triciclos e quadrículos); d) outros bens móveis
duráveis (eletroeletrônicos e eletrodomésticos, incluindo móveis e mobílias). De acordo com o
Banco Central, a taxa de administração média dos grupos constituídos em 2020 foi de 16,51%,
enquanto os prazos médios ficaram em torno de 119 meses, e o valor médio dos créditos em
torno de R$ 43,2 mil (BANCO DO BRASIL, 2020).
Ainda de acordo com o Banco Central, um consórcio consiste na reunião em grupo de pessoas
físicas (clientes) e jurídicas (administradoras de consórcios), que definem a duração e o número
de cotas previamente determinados. Os grupos de consórcio caracterizam-se como sociedade
não personificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser confundido com o patrimônio dos
demais grupos nem com o da administradora.
A adesão de um consorciado a um grupo de consórcio se dá mediante assinatura de contrato de
participação. Assim, os consórcios reúnem uma quantidade variável de membros, que
contribuem com uma quantia mensal proporcional ao número de meses em que o grupo
funcionará. Em um grupo de 100 participantes, com duração combinada de cinquenta meses,
cada um dos consorciados colaborará todo mês com, no mínimo, a quinquagésima parcela do
preço do bem a ser adquirido. Neste contrato, devem estar previstos os direitos e os deveres das
partes, tais como a descrição do bem a que o contrato está referenciado e seu respectivo preço
(que será adotado como referência para o valor do crédito e para o cálculo das parcelas mensais
do consorciado).
Sobre Sistema de Consórcio. Leia o Panorama do Sistema de Consórcios – uma publicação anual
do Banco Central do Brasil (BCB), que apresenta os principais pontos da análise agregada das
informações relacionadas ao Sistema de Consórcios, incluindo dados de administradoras, grupos
e cotas. Disponível em: www.bcb.gov.br
[https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorci
os_relatorio_2021.pdf] .
No Brasil, os consórcios são regulamentados pelo Banco Central (BC), que é responsável pela
normatização, pela autorização, pela supervisão e pelo controle das atividades do sistema de
consórcios. As questões atinentes às relações de consumo entre clientes e usuários das
instituições financeiras e das administradoras de consórcio estão sujeitas às normas do Código
de Defesa do Consumidor, competindo aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor (SNDC) fazer a mediação dessas questões. Também ocorre que, como os
consórcios são controlados por regulamentações do Governo Federal, eles podem acabar
sofrendo alterações em função da política econômica: se expansiva (com vias à ampliação do
consumo) ou recessiva (com objetivos de redução do consumo/inflação).
Controladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por meio da Lei nº 6.385/76, as
Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVMs) e as Distribuidoras de Títulos e Valores
Mobiliários (DTVMs) são instituições financeiras que atuam na assessoria e na intermediação de
operações nos mercados de valores mobiliários (bolsa e balcão).
As corretoras e distribuidoras3.2.5
Acesse o Texto integral da Instrução CVM no 505, de 27 de dezembro de 2011, que estabelece
normas e procedimentos a serem observados nas operações realizadas com valores mobiliários
em mercados regulamentados de valores mobiliários. Disponível em: conteudo.cvm.gov.br
[https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consol
id.pdf] .
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf
https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdf
https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdfhttps://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdf
Na prática, executam ordens de compra e de venda de valores mobiliários (ações, debêntures, e
contratos derivativos) para seus clientes, entre outros serviços, tais como a disponibilização de
informações de análise de investimentos; a administração de carteiras de valores mobiliários; a
prestação de serviços de custódia.
Prática profissional - Comprando ações na prática
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Uma cooperativa pode ser definida como uma empresa formada e dirigida por uma associação
de usuários, que possuem igualdade de direitos com o propósito de desenvolver certa atividade
econômica ou prestar serviços comuns sem a presença de intermediários.
No caso específico de uma Cooperativa de Crédito, o objetivo é fornecer crédito aos
participantes: empréstimos, financiamentos e outros serviços correlatos, tais como a captação
de depósitos à vista e a prazo (entre seus associados), serviços de cobrança, de custódia, de
recebimentos e pagamentos por conta de terceiros – sob convênio com instituições financeiras.
Em síntese, seu funcionamento assemelha-se ao de um banco, mas, neste caso, sobressaem os
princípios cooperativistas, marcados pela adesão livre e voluntária, autonomia e independência,
gestão democrática, participação econômica dos membros etc.
No Brasil, as cooperativas de crédito são consideradas instituições financeiras, regida pelas Leis
nº 4.595/1964 e nº 5.764/1971 e Lei Complementar nº 130/2009, logo, são reguladas pelo Banco
Central do Brasil, instituição que emite a autorização para funcionamento, aprovação de eleição
de administradores e conselheiros fiscais, bem como realiza o monitoramento e a supervisão
dessas empresas.
Quadro 1 – Principais diferenças entre Bancos e Cooperativas de crédito
BANCOS COOPERATIVAS DE CRÉDITO
A propriedade é aprovada e visa-se maximizar o
lucro
A propriedade é social e não se visa a lucros
É permitida a transferência das opções a terceiros Não é permitida a transferência de quotas-parte a
terceiros
Os membros do conselho de administração são
proprietários ou provenientes do mercado
Os membros do conselho de administração são
cooperados
O usuário é mero cliente O usuário é o próprio dono, tem decisão ativa na
política operacional
No relacionamento com o cliente, há prioridade na
redução de custos e de riscos
Analisam a capacidade de investimento e
pagamento dos associados
Priorizam os grandes centros urbanos Atuam também em comunidades mais remotas
Tendem ao atendimento impessoal, com base na
reciprocidade financeira, focada na dimensão
econômica
Predomina o atendimento pessoal, com relações
mais sociais entre dirigentes, funcionários e
associados
Vínculo frágil com a comunidade Vínculo forte com a comunidade
As cooperativas de crédito3.2.6
BANCOS COOPERATIVAS DE CRÉDITO
Focam na concorrência de mercado Desenvolvem-se pela cooperação
A remuneração dos acionistas é proporcional ao
capital investido
Sobras no exercício pode ser distribuída entre os
associados
Fonte: elaborado pela autora.
De acordo com o Banco Central, uma Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI) é um tipo de
instituição financeira especializada no financiamento habitacional e, como as demais
instituições financeiras, integra o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), motivo pelo qual é
supervisionada pelo Banco Central.
A SCI opera no financiamento de construção de habitações, na abertura de crédito para compra
ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras,
produtoras e distribuidoras de material de construção. Atualmente, em função da sua condição
de repassadora, as SCIs têm atuado de forma mais específica, voltando-se para operações como
o programa Minha Casa, Minha Vida/Casa Verde e Amarela.
Ao longo da década de 1980, devido ao fim do funcionamento do Banco Nacional da Habitação
(BNH) e frente às necessidades de se criar meios para que essas instituições conseguissem
obter melhores condições de operações no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), o Conselho
Monetário Nacional permitiu a transformação de SCI em instituições repassadoras de recursos
do SFH, em troca do compromisso de se abster de captar recursos do público, bem como de
transferir suas captações de depósitos de poupança para outras instituições do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Essa transferência foi estimulada pelo Fundo de Garantia
de Depósitos e Letras Imobiliárias – FGDLI, que adotou a condição de credor das sociedades
repassadoras e devedor das instituições receptoras das contas de poupança. Com a Resolução
2.197/1995, o FGDLI foi abolido e teve seu patrimônio integrado pelo Fundo Garantidor de
Créditos – FGC, que é a entidade privada, sem fins lucrativos, responsável por administrar
mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras.
Após a década de 2000, no entanto, o setor voltou a se expandir, passando de um montante de
investimentos equivalentes a 1,5%, em 2003, para mais de 9%, em 2016 – quando atingiu seu
pico.
Quanto às características, o mercado de crédito imobiliário brasileiro encontra-se dividido em
duas partes básicas: Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário
(SFI).O primeiro trata da construção de habitações enquanto política pública de resolução do
Sociedade de crédito imobiliário3.2.7
déficit habitacional, financiado por meio de taxas e condições que facilitam a aquisição do imóvel
por parte de seu público-alvo – que se utiliza de fontes especiais tais como o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) e os recursos da caderneta de poupança; e, o segundo, SFI, que
capta recursos por meio de outras fontes, tais como Certificados de Recebíveis Imobiliários
(CRIs), Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras
Hipotecárias (LHs) – ou seja, no mercado livre – em operações que buscam atrair investimentos
privados (JARDIM; LORRANY, 2020, p. 11).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fundado em 1952, destaca-
se dentre um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, sendo a principal instituição
pública para financiamento e investimentos, de longo prazo, em diversos segmentos da
economia brasileira.
O Banco oferece produtos, programas e fundos de acordo com a característica e a modalidade
das operações por meio da subscrição de valores mobiliários, do fornecimento de garantia ou da
concessão de recursos não reembolsáveis para diversos projetos sociais, culturais e
tecnológicos.
Diferentemente de um banco comercial, ao avaliar concessão ou apoio, o BNDES leva em conta
os impactos socioambientais e econômicos de seus projetos, bem como aspectos relativos à
inovação, ao desenvolvimento regional e ao desenvolvimento socioambiental.
Dentro do escopo desta política de desenvolvimento, o Banco oferece condições especiais para
micro, pequenas e médias empresas, bem como linhas de investimentos direcionadas para
agricultura familiar, educação e saúde, transporte urbano e saneamento básico.
Assim, são potenciais clientes do BNDES as empresas sediadas no Brasil: empresários
individuais (pessoa física com CNPJ), microempreendedores individuais (pessoa jurídica);
entidades ou órgãos públicos, da administração direta e indireta, nas esferas Federal, Estadual,
Municipal e do Distrito Federal; fundações e associações de direito privado; cooperativas;
pessoas físicas domiciliadas e residentes no país, desde que exerçam atividades econômicas e
sejam devidamente registradas, como por exemplo caminhoneiros e produtores rurais;
consórcios e condomínios que exerçam atividade produtiva; e sindicatos e clubes (BNDES).No
entanto, o BNDES classifica seus clientes em função do porte, visando a criação de programas
Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
3.2.8
adequados às características de cada segmento, por meio da oferta de linhas, programas e
condições específicas, conforme a Figura 17.
Tabela 5 – Classificação de porte dos clientes
CLASSIFICAÇÃO RECEITA (ou renda) OPERACIONAL BRUTA ANUAL
Microempresa Menor ou igual a R$ 360 mil
Pequena empresa Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões
Média empresa Maior que R$ 4,8 e menor ou igual a R$ 300 milhões
Grande empresa Maior que R$ 300 milhões
Fonte: BNDES.
Vale destacar que a agenda de investimentos do BNDES busca alinhar-se com a Agenda 2030 da
Organização das Nações Unidas (ONU), onde se destacam os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), dentre eles: saneamento (ampliar acesso); mobilidade urbana (com fontes
limpas); logística (integrada); energia (descarbonizada); petróleo e gás (ampliar a oferta de gás
natural); agroindústria (sustentabilidade); bens de capital (eficiência no uso dos recurso); bens
de consumo e serviços (geração de empregos, competitividade e produtividade); indústria de
base (mineração sustentável); exportações (competitividade); promover maior acesso das micro,
pequenas e médias empresas a crédito e redução de custos, pela ampliação de canais e
promoção de concorrência bancária; contribuir para a política pública mediante prestação de
serviços e neutralidade no mercado de crédito; estabelecer acordos de cooperação com
instituições financeiras internacionais de desenvolvimento para atração de recursos para o país
e fomento ao investimento compartilhado; criar soluções e realizar parcerias para a melhoria da
produtividade e qualificação da mão de obra nas MPMEs; fomentar novos modelos de
compartilhamento e assunção de risco (open banking) – estabelecer parcerias com fintechs;
promover o empreendedorismo; apoiar a formulação e a estruturação de políticas públicas de
inovação; aumentar o apoio à transformação digital para administração pública;
estruturar/investir em fundos com foco em inovação e empreendedorismo; contribuir para a
melhoria da qualidade da educação básica com redução das desigualdades educacionais no
país; dentre outras (BNDES).
Recapitulando a Unidade 3
A estrutura do Sistema Financeiro Nacional é constituída por amplo conjunto de instituições que
executam a política monetária sob a coordenação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O
Sistema funciona, assim, com base em missão definida pelo art. 192 da Constituição Federal;
com o propósito constitucional de realizar os objetivos da política macroeconômica do País.
Destacam-se, dentre os operadores do Sistema Financeiro Nacional, as bolsas de valores; a
Caixa Econômica Federal e os demais bancos; os administradores de consórcios; as corretoras e
distribuidoras; as cooperativas de crédito; as instituições de pagamento e demais instituições
não bancárias; a bolsa de mercadorias e futuros; as entidades abertas de previdência; as
entidades fechadas de previdência complementar; os seguradores e resseguradores; e as
sociedades de capitalização.
Na prática, o SFN executa as políticas monetárias relativas aos seguros privados de moeda,
câmbio, crédito, capitais e previdência fechada. No âmbito desse sistema é que agentes
deficitários da economia buscam recursos emprestados dos agentes superavitários, que
possuem os recursos disponíveis para ser emprestados.
O SFN é fragmentado em dois tipos de instituições: as normativas e as operadoras,
respectivamente; as que estabelecem regras e diretrizes para o bom funcionamento do mercado
e as que têm por objetivo a obtenção do lucro, como bancos e corretoras.
O grande regulador deste sistema é o Conselho Monetário Nacional, formado pelo Ministro da
Economia – Presidente do Conselho; Presidente do Banco Central do Brasil (BACEN); Secretário
Especial de Fazenda; de modo que o Banco Central do Brasil acabe funcionando, na prática,
como secretaria-executiva do Conselho, uma vez que desempenha o papel de executor das
resoluções definidas no âmbito do Conselho.
Banco Central do Brasil4
Principal instituição financeira do país4.1
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O Banco Central (BC) é a principal instituição financeira governamental pelo fato de ser não só
estratégico para a política macroeconômica do governo, mas funcionar de fato como o “banco
dos bancos”, uma vez que é esta instituição quem fornece empréstimos exclusivos aos demais
bancos com o objetivo de regular a liquidez ou mesmo evitar falências bancárias. Assim também
é o Banco Central, que mantém os depósitos compulsórios dos bancos comerciais, controlando
por meio deste mecanismo a multiplicação exagerada das moedas em circulação na economia.
Tem, portanto, como objetivo central garantir a estabilidade da moeda e controlar o fluxo de
crédito do Brasil; é ainda a instituição financeira responsável por cuidar das reservas
internacionais (em ouro ou em moeda estrangeira) do governo.
Vale considerar, no entanto, que ainda que o Banco Central seja a principal instituição em
executar as ações de política monetária do governo, ele não é o único responsável pelo
Figura 18 – Banco Central do Brasil
Fonte: Senado Federal/Wikipedia.
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/18.jpg
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/18.jpg
crescimento econômico, uma vez que outras políticas de longo prazo, responsáveis pela
expansão do PIB, tais como a política fiscal, comercial e de distribuição de rendas, estão fora da
alçada do BC.
O Banco Central do Brasil (também denominado BC, BACEN ou BCB) foi criado em 31 de
dezembro de 1964 pela Lei nº 4.595 e iniciou suas atividades em março de 1965. No entanto, não
era uma instituição que havia sido iniciada do zero. Sua fundação ocorreu a partir da antiga
Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), além de acumular algumas funções que eram
desempenhadas pelo Banco do Brasil ou pelo Tesouro Nacional. Em 24 de fevereiro de 2021, por
meio da Lei Complementar nº 179, o BC passou a desfrutar de autonomia institucional.
O Banco Central do Brasil é, portanto, autarquia de natureza especial caracterizada pela ausência
de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica,
operacional, administrativa e financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes e pela
estabilidade durante seus mandatos, bem como pelas demais disposições constantes desta Lei
Complementar ou de leis específicas destinadas à sua implementação.
AUTARQUIA
Serviço estatal descentralizado e com autonomia econômica, embora tutelado pelo poder público.
No Brasil, surgiu depois de 1930 para atender o grande número de serviços que deveriam ser
prestados pelo Estado e descentralizar os encargos em órgãos especializados dotados de
orçamento próprio e maior flexibilidade (SANDRONI, 1999, p. 36).
Videoaula - Autonomia do Banco Central
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Estrutura do Banco Central4.2
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O BC está estruturado organizacionalmente por uma diretoria colegiada formada por nove
membros, dentre eles o presidente e oito diretores, que comandam as seguintes diretorias:
DIRAD: diretor administrativo; DIREX: diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos
corporativos; DIFIS: diretor de fiscalização; DIORF: diretor de organização do Sistema Financeiro
e controle de operações do crédito rural; DIPEC: diretor de política econômica; DIPOM: diretor de
política monetária; DINOR: diretor de Regulação; e DIREC: diretor de relacionamento institucional
e cidadania.Conforme se pode observar, desde a Lei nº4.595/21, passou a existir uma série de mecanismos
que garantem estabilidade ao presidente e aos diretores do Banco Central. Embora a indicação
do presidente e dos diretores do BC seja uma prerrogativa do Presidente da República, aqueles
serão nomeados somente após a aprovação de seus nomes pelo Senado Federal. Outro aspecto
interessante quanto a esta autonomia se refere ao mandato desses dirigentes do BC. O
presidente (e o Senado) não podem trocar todos os membros diretivos da instituição, que têm,
respectivamente, mandatos de 4 anos.
O mandato do Presidente do BC terá início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do
Presidente da República; já os mandatos dos Diretores do Banco Central do Brasil terão duração
de 4 (quatro) anos, observando-se a seguinte escala:
I. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de março do primeiro ano de mandato do Presidente
da República;
II. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do segundo ano de mandato do
Presidente da República;
III. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente
da República; e
IV. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do quarto ano de mandato do Presidente
da República.
O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil poderão ser reconduzidos apenas uma
vez, por decisão do Presidente da República. Por outro lado, o Presidente e os Diretores do Banco
Central do Brasil somente poderão ser exonerados pelo Presidente da República, nas seguintes
condições:
I. a pedido;
II. no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo;
III. quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado,
pela prática de ato de improbidade administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ainda que
temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos;
IV. quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do
Banco Central do Brasil. E, ainda assim, neste caso específico, competirá ao Conselho Monetário Nacional
submeter ao Presidente da República a proposta de exoneração, cujo aperfeiçoamento ficará condicionado
à prévia aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal (Lei nº 4.595/21).
Funções do Banco Central do Brasil4.3
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O BC vem desempenhando suas funções desde a promulgação da Lei nº 4.595/64, criou o BCB
com uma série de instrumentos legais que possibilitou ao BC desempenhar o papel de “banco
dos bancos”. A lei reservou, ainda, a esta instituição o exercício do monopólio de emissão de
papel-moeda e moedas metálicas, bem como a incumbência de executar os serviços do meio
circulante, supervisionar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e executar as políticas monetária e
cambial.
Entre 1985 e 1988, novas medidas institucionais redefiniram as linhas de responsabilidade na
atuação do BC ao separar as funções, com clareza, do BC, BB e Tesouro Nacional. Em 1986, foi
extinta a conta movimento que marcava o relacionamento entre BCB e BB, e a transferência de
recursos do BCB ao BB passou a ser claramente identificada nos orçamentos de cada uma
dessas duas instituições. Em 1988, a Constituição Federal de 1988 passou a proibir o BC de
conceder direta ou indiretamente empréstimos ao Tesouro Nacional. Dois anos depois, por meio
do artigo 34 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000), impediu a
emissão de títulos da dívida pública pelo BC para fins de política monetária, o que reforçou, mais
ainda, a separação entre autoridade fiscal e autoridade monetária no Brasil (BRASIL, 2016, p. 8).
Por último, garantiu-se a chamada autonomia do Banco Central, por meio da citada Lei nº
4.595/21.
Função de monopólio de emissão4.3.1
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A função “Monopólio de Emissão” refere-se à gestão de todas as atividades relativas ao meio
circulante. Busca satisfazer a demanda de dinheiro indispensável à atividade econômica e
financeira do Brasil.
Por meio dessas operações, o BC atende às demandas de numerário do sistema bancário, e, por
consequência, do público, seja por meio da emissão ou do recolhimento do meio circulante.
Casa da Moeda do Brasil (CMB)
Fundada em 1694, a CMB foi fundada em Salvador com o propósito de auxiliar na circulação de
riquezas durante o Brasil colonial. Atualmente, a CMB cumpre o papel estratégico de gerar valor,
com confiança e segurança no meio circulante da economia brasileira. Ao longo de mais de três
séculos, a história da CMB se confunde com a história do próprio País.
Disponível em: www.casadamoeda.gov.br
[https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html] .
É importante destacar que o Banco Central não fabrica dinheiro – função reservada à Casa da
Moeda do Brasil (CMB). O BC relaciona-se com a CMB por meio de contrato de fornecimento de
cédulas e moedas.
No caso específico da emissão ocorre quando o BC transfere papel-moeda para algum banco
comercial por meio de débito de sua conta Reservas Bancárias para atender às necessidades de
saques dos clientes nas respectivas contas-correntes. Dessa maneira, a emissão de papel-
moeda pelo BCB reflete a demanda dos agentes econômicos por papel-moeda.
Quando analisada a base monetária restrita brasileira (soma do papel-moeda emitido com as
reservas bancárias), verifica-se uma relação direta entre a demanda do público por moeda, a
reposição de moedas em função da inflação, bem como os objetivos da política monetária
levados a cabo em cada um desses períodos: se expansionista, o período será marcado por
maior emissão; se contracionista, por uma diminuição da base monetária.
Tabela 6 – Evolução da base monetária restrita, inflação e PIB (%)
Períodos R$ (milhões)               2015.01 = 100 Inflação anual (IGP-M) Evolução do PIB (%)
2015.01 238.524,69 100,76 2015 10,54 -3,6
2016.01 240.328,75 100,76 2016 7,17 -3,3
2017.01 262.392,20 110,01 2017 -0,52 1,3
2018.01 272.396,11 114,20 2018 7,54 1,3
2019.01 279.105,60 117,01 2019 7,30 1,1
https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html
https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html
Períodos R$ (milhões)               2015.01 = 100 Inflação anual (IGP-M) Evolução do PIB (%)
2020.01 317.959,40 133,30 2020 23,14 -4,1
2022.01 417.976,20 175,23 2021 17,78 4,6
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] ;
www.bcb.gov.br
[https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_
2021.pdf] e seriesestatisticas.ibge.gov.br [https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] .
Em função das análises destas conjunturas, o BC poderá decidir por suas políticas de expansão
da moeda ou até mesmo por instituir uma nova cédula, tal qual a de R$ 200,00, que passou a ser,
desde o dia 2 de setembro de 2020, a nota de maior valor nominal, lançada desde o Plano Real,
em 01/07/1994.
Figura 19 – Nota de 200 reais
Fonte: Central Bank of Brazil/Wikipedia.
Em sua relação com os bancos comerciais, o BC recebe os depósitos (reservas) do sistema
financeiro – por meio do mecanismo da taxa de redesconto; na outra ponta, também atua como
o emprestador de recursos, ao mesmo tempo em que regula, monitora e fornece sistemas de
transferência de fundos e de liquidações de obrigações.
Função de banco dos bancos4.3.2
http://www.ipeadata.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf
https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdfhttps://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/19.jpg
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Redesconto
Operação bancária em que uma instituição financeira desconta títulos (duplicatas, promissórias
etc.) que já foram anteriormente descontados por outra instituição. É uma operação que permite,
à primeira casa bancária, fazer caixa para novos negócios, sem ficar imobilizada à espera do
vencimento dos títulos. (SANDRONI, 1999, p. 514)
Na prática, em sua relação com as instituições financeiras, o BC presta serviços e realiza
operações, dentre elas:
a. manutenção de contas nas quais são depositadas as reservas voluntárias e compulsórias do sistema
financeiro (conta Reservas Bancárias e Conta de Liquidação);
b. fornecimento de crédito para as instituições com necessidades transitórias de liquidez;
c. intervenção, em casos de grandes riscos ao sistema, atuando como prestamista de última instância;
d. atuação como vigilante do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB);
e. operação do Sistema de Transferência de Reservas (STR), que é o sistema de transferência de fundos com
liquidação bruta em tempo real (LBTR) que funciona com base em ordens de crédito, dadas pelo titular da
conta a ser debitada. Vale lembrar que o STR é a base pela qual ocorrem as liquidações das operações
interbancárias realizadas no mercado monetário, cambial e de capitais.
É importante ter em mente que o BC poderá, ainda na sua relação com o sistema bancário,
interferir no “tamanho” das reservas que os bancos podem operar no mercado – por meio do
instrumento de regulação (para mais ou para menos) das reservas compulsórias; isso por meio
da Lei nº 4.595/64, que autoriza o BC a determinar recolhimentos compulsórios de até 100%
sobre os depósitos à vista e de até 60% sobre outros títulos contábeis das instituições
financeiras, a critério da Diretoria Colegiada do BC – sempre com base nos objetivos da política
monetária que esteja sendo perseguida pelo BC.
Por meio desta taxa de “recolhimento” de parte dos recursos das instituições financeiras, o BC
poderá influenciar o multiplicador monetário para mais, se este for o seu propósito, ou para
menos, se o objetivo for promover a redução de liquidez da economia. Assim, em momentos de
liquidez restrita, o BC pode diminuir o montante dos recolhimentos compulsórios, de modo a
liberar mais recursos para as instituições financeiras emprestarem ao mercado, sobretudo em
momentos de crises econômicas, quando políticas de expansão do crédito são implementadas
com o objetivo de se reduzir os efeitos negativos desta crise sobre a geração de emprego e renda
(BRASIL, 2016, p. 11-16).
Ainda que de modo muito diferente do que ocorria no passado – quando os Bancos Centrais
acabavam sendo utilizados pelos governos brasileiros como seus prestamistas – o BC segue
sendo, de algum modo, o banqueiro do governo; no limite, aquele que executa as políticas
monetárias do governo; porém, sob regras rígidas que impedem o uso especulativo dessa
instituição. No caso do BC brasileiro, a própria Constituição de 1988 é taxativa quanto à
proibição de empréstimos desta instituição ao governo. Posteriormente, de acordo com a Lei da
Responsabilidade Fiscal, o BC só pode comprar diretamente títulos emitidos pela União para
refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira. Desde então, o BC
não pôde mais emitir títulos próprios, de forma que apenas títulos do Tesouro Nacional em
circulação no mercado podem ser utilizados para fins de política monetária, e isso ocorre apenas
por meio de operações de mercado aberto.
No entanto, o BC continua como o principal banqueiro do governo, se for considerado que esta
instituição opera suas contas governamentais mais importantes ao participar do manejo do fluxo
de fundos do Estado, sobretudo, pelo fato de ser depositário e administrador das reservas
internacionais brasileiras.
Uma das consequências de haver uma grande concentração das operações bancárias
governamentais no BC está no fato de que há uma estreita relação entre a composição dos
orçamentos públicos, seu fluxo de fundos e o mercado de capitais – nacionais e internacionais.
Em função da importância nas relações entre o BC e o Tesouro Nacional, e do impacto das ações
do governo sobre a política monetária brasileira, o BC acompanha ordinariamente:
a. a execução orçamentária do Governo Federal;
b. as finanças dos Estados e Municípios;
c. as finanças da administração indireta das três esferas de Governo;
d. todos os financiamentos tomados pelo setor público no sistema financeiro;
e. as necessidades de financiamento do Setor Público.
Também na condição de banqueiro do governo o BC atua, em nome do Tesouro Nacional, nos
leilões de títulos públicos federais, para administrar as reservas internacionais, representar o
país junto a organismos internacionais e receber as disponibilidades de caixa da União.
Assim, considerando-se que o governo é o maior agente econômico de uma economia nacional,
suas operações financeiras, se mal geridas, poderiam gerar verdadeiros tsunamis financeiros ou
diversos movimentos sazonais indesejados que poderiam impactar significativamente o volume
dos créditos disponíveis nas instituições financeiras. Este é o motivo pelo qual as operações das
contas do tesouro, por si só, se tornam poderosos instrumentos da política macroeconômica,
Função de “Banqueiro do Governo”4.3.3
uma vez que sempre podem vir (às vezes, de modo indesejado) a interferir no comportamento do
crédito e dos diversos agregados monetários.
Sob uma perspectiva da economia internacional e em sua condição de depositário e
administrador dos ativos internacionais do Brasil, o BC age para que a estrutura das moedas –
das reservas internacionais – e dos prazos, bem como o equilíbrio entre rendimentos, risco e
incerteza sejam adequados à natureza desses recursos. Assim, a concentração das divisas no
BC permite a esta instituição de Estado compre e venda divisas sempre que o objetivo desta
instituição for o de diminuir a volatilidade e a especulação da moeda brasileira no mercado
cambial (BRASIL, 2016, p. 20).
Embora algumas instituições financeiras se reportem a outros órgãos de controle, como a bolsa
de valores, que é controlada pela CVM, nenhum caso de fiscalização é totalmente exógeno ao BC,
pois, de algum modo, a supervisão exercida pelo Banco Central acaba sendo, ainda que
indiretamente, a responsável pela estabilidade, pela eficiência e pelo desenvolvimento do
Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A fiscalização do BC começa pela limitação do número de participantes que atuarão no SFN e
pelo critério de capital mínimo para atuar no mercado, dado o risco de insolvências – dado que a
avaliação da qualidade dos ativos acaba por se constituir uma das tarefas mais complexas da
supervisão deste Sistema.
Função de Supervisor do Sistema
Financeiro
4.3.4
Modelo de Supervisão aplicado pelo BCB
1. Monitoramento robusto, complexo e intrusivo, por meio de processo de captura de dados e
informações, que são processadas e utilizadas na geração de informações e análises para
subsidiar o processo de supervisão.
2. Supervisão direta sobre as entidades financeiras (instituições bancárias, cooperativas de
crédito e instituições não bancárias), tanto no enfoque prudencial quanto no de conduta.
3. Processo de planejamento estratégico, integração e suporte, responsável por integrar os
processos acima, por meio de ações de planejamento e coordenação, de modo a garantir a maior
eficiência possível ao modelo. (BRASIL, 2016, p. 25)
Acrescente-se ainda que, em função do avanço da internacionalização das economias, algumas
regras de supervisão adotadas, nacionalmente, estão vinculadas a acordosinternacionais. Logo,
parte da supervisão ocorre também a partir de regras de procedimentos ditadas por instituições
supranacionais, uma vez que instituições nacionais acabam vinculadas ao Sistema Financeiro
Internacional por meio de normas internacionais adotadas, mediante assinatura de acordos
firmados entre os diversos bancos centrais dos mais variados países.
Estes acordos, vale lembrar, conferem garantia suplementar de solidez ao sistema financeiro do
país signatário – algo que se tornou um pré-requisito indispensável em tempos de globalização
crescente das transações financeiras. Desse modo, os acordos internacionais são incorporados
ao SFN por meio das formulações de políticas públicas implementadas pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN), que é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. Assim, as tomadas de
A restrição ao tipo de atividade em que as instituições financeiras podem se envolver constitui
vertente da regulação em muitos países. Em alguns casos, a atividade financeira se segmenta, com
instituições especializadas em determinadas atividades, como, por exemplo, banco comercial e de
investimento. Em outros, proíbem-se ou limitam-se aos bancos qualquer atividade extrabancária e,
ainda, a manutenção de ações de companhias em seus ativos. Em contraposição, alguns esquemas
de regulação não estabelecem restrições ao tipo de atividade que as instituições desenvolvem
(BANCO CENTRAL, 2016, p. 22).
decisões por este Conselho são incorporadas ao mercado nacional, colocadas em vigor por
meios de resoluções, divulgadas por meio de cartas-circulares, emitidas pela Diretoria
responsável pelos aspectos operacionais do BC.
Em síntese, pode-se afirmar que a missão do BCB é assegurar a solidez do SFN e regular o
funcionamento das entidades bancárias e não bancárias que operam no Brasil. Para tanto, o
BCB:
a. autoriza entidades a funcionar;
b. regula o funcionamento dessas entidades; e
c. executa ações de monitoramento e de supervisão dessas entidades.
Neste processo de supervisão, o BCB acompanha o ritmo da evolução do mercado financeiro
nacional, adaptando seus processos de trabalho às melhores práticas recomendadas e adotadas
internacionalmente.
O planejamento e a execução da política monetária é, de longe, a principal atividade do Banco
Central. Sobretudo porque a política monetária interfere na evolução dos meios de pagamentos,
o que implica demanda por criação (ou recolhimento) de papel-moeda, por meio dos seguintes
mecanismos clássicos dos bancos centrais:
a. recolhimentos compulsórios;
b. redesconto;
c. operação de mercado aberto.
Por meio das alíquotas e das taxas que venha a pagar ao mercado, o BC define sua política como
expansionista ou contracionista; com maior ou menor efeito multiplicador da moeda nacional,
uma vez que o BC tanto poderá optar por expandir a liquidez da economia quanto poderá, em
casos de alta da inflação, esterilizar parte desses meios circulantes, reduzindo a capacidade das
instituições de crédito de conceder ou realizar investimentos. Já a estratégia de se utilizar a taxa
de redesconto como instrumento da política monetária soa mais branda, dado o fato de que as
instituições financeiras não estão obrigadas a vender ou comprar títulos do governo. No entanto,
se o objetivo do BC for vender títulos públicos ao mercado, para provocar uma redução da
liquidez, o BC teria que se propor a pagar uma taxa de juros (prêmio) que viesse a “encantar” o
mercado, atraindo os agentes a trocar dinheiro (moedas) por papéis do Tesouro.
O contrário também pode vir a ocorrer; de o BC comprar títulos públicos em troca de meios
circulantes – aumentando assim as reservas dos bancos e, por consequência, a expansão dos
créditos. De modo que a maior oferta de crédito acabará implicando – ou, pelo menos, é o que
Função de executor da política monetária4.3.5
seria o esperado – redução da taxa de juros cobradas pelos bancos (lembrando que, quanto
maior for a oferta de crédito, menor será o preço do dinheiro).
Em resumo, pode-se concluir que a ação do BC para a realização de uma esperada política
monetária consistira em: recolhimento de compulsórios; operações de redesconto (que se
assemelha à assistência financeira); operações de mercado aberto. Essas operações poderão
ser implementadas juntas ou isoladamente, o que em todos os casos citados resultariam em
impactos na liquidez do sistema financeiro, impactando por consequência nos patamares das
taxas de juros praticados na economia nacional. Os juros sempre (desde 1º/07/1999) vem sendo
perseguidos pelo BC, tendo em vista o regime de metas da inflação do País.
Desde 1999, a taxa de câmbio no Brasil é formada a partir da demanda e da oferta por divisas.
Consideram-se que demandam divisas os agentes econômicos que necessitam efetuar
pagamentos no estrangeiro, seja por causa de importações de bens e serviços, realização de
viagens ao exterior ou outros motivos. Na condição de ofertantes de moedas estrangeiras estão
aqueles agentes econômicos que realizam a exportação de bens ou serviços em geral, ou que
contrataram empréstimos no exterior, e que precisam entrar com esses recursos no Brasil.
Até então o câmbio era fixo, o que significa dizer que as autoridades monetárias brasileiras
fixavam o preço das divisas internacionais em termos da moeda nacional, em território brasileiro.
Para garantir esta paridade, o BC se comprometia a comprar ou vender a moedas estrangeiras de
acordo com as respectivas taxas estabelecidas.
Função de executor da política cambial4.3.6
Normatização da política cambial
A responsabilidade pela normatização das operações da política cambial, das reservas e das
demais atribuições da área financeira externa é do Conselho Monetário Nacional. A execução da
política cambial cabe ao BC. Para isso, o BC mantém ativos em ouro, títulos e moedas
estrangeiras para atuação nos mercados de câmbio, que compõem as reservas internacionais do
País, de forma a contribuir para a sustentabilidade das contas externas, bem como evitar a
volatilidade excessiva da moeda, de acordo com as diretrizes da política econômica. (BRASIL,
2016, p. 32)
Em função desta oferta e demanda por moedas internacionais, compete à autoridade monetária
brasileira executar a política cambial, promovendo a troca de moedas. Para tanto, o País
necessita manter uma reserva de divisas internacionais (compostas principalmente por títulos,
depósitos em moedas – dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar australiano –,
direitos especiais de saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), depósitos no Banco de
Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos), de modo que possa efetivar as
respectivas trocas (câmbio) e que possam as transações de importações e importações de
divisas no território nacional possam fluir; isso tudo sem se deteriorar o poder de compra da
moeda nacional em relação ao mercado internacional.
Com a instituição do câmbio flexível no Brasil, a taxa cambial passou a ser formada pela ação
dos agentes demandantes e ofertantes de moeda estrangeira no mercado de câmbio; em
contrapartida, reduziu-se bastante a necessidade de interferência da autoridade monetária,
diante do fato de que a autoridade monetária se desobriga a ter de sustentar os preços das
moedas estrangeiras em território nacional.
Vale destacar que, ainda que o câmbio seja flexível e regulado pelo mercado, o Banco Central
está autorizado a comprar (ou vender) moedas estrangeiras, ouro e realizar operações de crédito
no exterior, nos termos da Lei nº 4.595, segundo a qual o BC tem de, obrigatoriamente, manter
um nível mínimo de reservas que assegure suficientes recursos equivalentes à média mensal das
importações brasileiras dos últimos 12 meses, durante um período mínimo de quatro meses.
Neste regime de livre flutuação cambial brasileiro, não há, portanto, um nível considerado ótimo
ou péssimo para a taxa de câmbio. A atuação do BC se limitará apenas a garantir condiçõesadequadas de desenvolvimento de preços, evitando casos extremos de falta ou de excesso de
liquidez no mercado interbancário.
A compra ou venda de moedas internacionais acontece, em geral, por meio da realização de
leilões eletrônicos de câmbio, em que o BC recebe ofertas para compra ou venda de dólares
norte-americanos, por exemplo, mediante entrega ou recebimento de moeda nacional.
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Recapitulando a Unidade 4
O Banco Central do Brasil, criado em 1964, é, de longe, a principal instituição financeira do País, o
que o torna estratégico para a execução da política macroeconômica brasileira. Funciona como
um banco dos bancos ao mesmo tempo em que age como agente financeiro do governo. Sua
estrutura organizacional é protegida por lei, de modo que seus nove diretores (inclusive o
presidente, possuem estabilidade suficiente para suportar pressões políticas que poderiam
retirá-los do mandato, de quatro anos, antes do prazo. Embora a indicação do presidente e dos
diretores do Banco Central seja uma prerrogativa do Presidente da República, estes serão
nomeados somente após a sabatina de seus nomes pelo Senado Federal; o que indica que seus
cargos pertencem ao Estado, e não mais ao governo de plantão.
A autonomia permite ao BC, portanto, realizar suas tarefas a partir de critérios técnicos tendo em
vista que, dentre suas missões, está o monopólio da emissão de papel-moeda (e moedas), bem
como a tarefa de executar políticas monetárias e cambiais – que poderiam ferir interesses de
grupos econômicos poderosos. Vale ter em mente que o Banco Central não fabrica dinheiro –
função reservada à Casa da Moeda do Brasil (CMB). Cabe ao BC decidir o volume de entrada
desse dinheiro em circulação, sempre em função da demanda do público por moeda, a
necessidade de reposição de meios de pagamento em função da inflação ou para atender os
objetivos da política monetária levados a cabo em cada uma das conjunturas pelas quais passa
o País.
Especificamente em relação à questão cambial, em sua condição de depositário e administrador
dos ativos internacionais do Brasil, o BC agirá de modo que as reservas internacionais sejam
adequadas aos fluxos internacionais da economia brasileira.
Em síntese, o BC se sobressai como o grande supervisor do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
que regula desde a quantidade de participantes deste mercado quanto o volume de recursos que
essas instituições financeiras podem disponibilizar para o público. Sempre com vistas a reduzir
os riscos de insolvências que poderiam pôr em crise todo o SFN.
Em sua condição de executor, o BC destaca-se no planejamento e na execução da política
monetária, sobretudo pelo caráter de “interventor” no mercado por meio de seus poderosos
instrumentos: Recolhimentos compulsórios; Redesconto; Operação de mercado aberto.
Em relação ao mercado internacional, compete ao BC executar a política cambial, promovendo a
troca de moedas necessária para a realização dos fluxos de comércio internacional – o que
acaba por demandar uma reserva de divisas internacionais à altura desses fluxos de comércio.
Pode-se, portanto, concluir que a missão-fim do Banco Central é contribuir para a promoção da
eficiência, do desenvolvimento e da saúde do sistema financeiro brasileiro.
Considerações finais
Esperamos que o conteúdo do material lhe tenha servido para avançar na sua compreensão de
temas econômicos que lhe facilitem a compreensão e a análise do papel da política
macroeconômica brasileira e de seus impactos no planejamento estratégico das organizações.
Que os fundamentos básicos da Economia, sejam eles os do campo da microeconomia –
relativos aos conceitos da oferta e demanda, os atinentes à produção e os custos das empresas;
a produção e o preço dos serviços, tais como os bens e os fatores de produção – ou sejam os
relativos à macroeconomia – que tratam dos grandes agregados econômicos –, tenham
contribuído para a compreensão de algumas das relações cotidianas praticadas pelos bancos
comerciais, pelo mercado financeiro e por outros temas a estes conexos. Sobretudo aqueles
relacionados aos fundamentos macroeconômicos aplicados à economia brasileira, denominados
pelos economistas “tripé macroeconômico”, implementado no Brasil a partir de 1999.
Deve ser dedicada especial atenção para o profissional responsável pelo planejamento
estratégico, voltado à organização de metas e à tomada de decisões que impactam o
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, formado pelo conjunto de instituições que
operam a política monetária do governo, sob a gestão do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Atenção especial também, deve ser dada às ações cotidianas do Banco Central do Brasil por
meio de suas cartas-circulares, Atas do Copom etc., uma vez que este é o supervisor do Sistema
Financeiro Nacional (SFN) e a instituição responsável por assegurar a solidez desse Sistema; na
verdade, ele é o grande regulador do funcionamento das entidades bancárias e não bancárias
que operam no Brasil. Sem dúvida, esta é uma instituição que contribui diretamente para a
eficiência, o desenvolvimento e a saúde do sistema financeiro brasileiro.
Autoria
Autora
Possui graduação em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1996) e
especialização em Marketing (2010) também pelo Mackenzie. Fez mestrado (2012) e doutorado
(2018) em Administração com foco em Gestão Internacional, ambas titulações pela ESPM –
Escola Superior de Propaganda e Marketing (2012). Atualmente, é professora da ESPM nos
cursos de graduação. É membro do NDE – Núcleo Docente Estruturante do curso de Cinema e
Audiovisual e gestora de curso de Educação Executiva para parceria ESPM e Apex Brasil.
Pesquisa as áreas de organização industrial e economia criativa. Atuou como coordenadora no
PEIEX da APEX – orientação para exportação. Ministrou diversos cursos de curta duração e de
pós-graduação, nas modalidades presencial e a distância.
Curriculum Lattes: lattes.cnpq.br [http://lattes.cnpq.br/3331296146662983] .
Neusa Santos de Souza Nunes
http://lattes.cnpq.br/3331296146662983
http://lattes.cnpq.br/3331296146662983
Glossário
Plataforma digital que possibilita que ações e outros ativos financeiros sejam negociados de
forma eletrônica, via internet. Esse sistema contém praticamente todas as funcionalidades
necessárias para que investidores possam realizar as mais diversas categorias de investimentos,
inclusive a negociação com derivativos.
Situação do mercado financeiro internacional, especialmente o cambial, quando uma moeda de
determinado país se encontra debilitada e seu governo não tem reservas suficientes para evitar
uma desvalorização. (SANDRONI, 1999, p. 34)
Registro de todas as transações de caráter econômico-financeiro realizadas por residentes de
um país com residentes dos demais países. (SANDRONI, 1999, p. 41)
É quando a autoridade monetária fixa o preço internacional da moeda nacional. Para sustentar a
paridade, o banco central se compromete a comprar ou vender a moeda à taxa estabelecida.
(BRASIL, 2016, p. 31)
A taxa cambial é formada pela atuação dos agentes demandantes e ofertantes de moeda
estrangeira no mercado cambial, sem a interferência (ou com pouca interferência) da autoridade
monetária. Nesse regime, a autoridade monetária não se compromete a sustentar um preço
internacional para a moeda nacional. (BRASIL, 2016, p. 31)
Medido por meio do índice EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), que estima o
desempenho diário dos títulos da dívida dos países emergentes em relação aos títulos do
Tesouro dos Estados Unidos.
Home broker
Ataque especulativo
Balanço de pagamentos
Câmbio fixo
Câmbio flexívelRisco-Brasil
Taxa de câmbio
Preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional
(Banco Central do Brasil).
Instrumento de política econômica utilizado para estabilizar o valor de uma moeda, fixando-se
seu valor na taxa cambial. O instrumento é empregado nos casos de inflação acelerada ou de
hiperinflação, em conjunto com outras políticas (congelamento de preços), para estabilizar os
preços e as desvalorizações da moeda. (SANDRONI, 1999, p. 27)
Âncora cambial
Bibliografia
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determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão n 1 a 6/94, pelas Emendas
Constitucionais n 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo nº 186/2008. Constituição da
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em: www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . Acesso em: 20 set. 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Carga Tributária Bruta, 1947-
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TESOURO NACIONAL. Boletim – Estimativa da Carga Tributária Bruta do Governo Geral. Brasília:
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GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Fundamentos de
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JARDIM, Eric; LORRANY, Ludmilla. Evolução recente do mercado de crédito imobiliário no Brasil.
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MODIANO, Eduardo Marco. A ópera dos três cruzados, 1985-1990. In: ABREU, PAIVA, Marcelo de
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SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller, 1999.
Bibliografia Geral
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:38233riqueza da economia nacional depende do aumento da população e do incremento do volume
de metais preciosos no país;
3) o comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de uma balança comercial favorável
que se aumenta o estoque de metais preciosos;
4) o comércio e a indústria são mais importantes para a economia nacional que a agricultura.
Essa concepção levava a um intenso protecionismo estatal e a uma ampla intervenção do Estado
na economia (SANDRONI, 1999, p. 383).
Já para os economistas alinhados com os pensamentos da Escola Clássica (Adam Smith; John
Stuart Mill, David Ricardo, Malthus, Stuart Mill, McCulloch, Senior e Jean Baptiste Say), a fonte
original do valor estava no trabalho; ideia sintetizada pela teoria do valor-trabalho.
Filosoficamente falando, esses economistas se identificavam com os preceitos do liberalismo e
do individualismo, o que contribuiu para a defesa dos princípios da livre-concorrência – que
foram decisivos para a expansão da influência do pensamento desta escola de pensamento
econômico desde o processo revolucionário burguês do século XVIII até as ideias neoliberais da
atualidade.
De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014, p. 38), a teoria do valor-trabalho se contrapõe à
teoria do valor-utilidade. Enquanto a primeira pressupõe que o valor de um bem se origina do
trabalho, logo, é definido a partir dos custos de produção, a teoria do valor-utilidade pressupõe
que o valor das mercadorias (bens e/ou serviços) será definido do lado da demanda, pois está
diretamente relacionada à utilidade que o bem representa para o consumidor. O valor, sob esta
ótica da teoria do valor-utilidade, seria algo subjetivo. Ainda de acordo com esses autores:
O valor-utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso é a
utilidade que ele representa para o consumidor. O valor de troca se forma pelo preço no mercado,
pelo encontro da oferta e da demanda de um bem. (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 38)
Os problemas econômicos
fundamentais
1.2
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Apesar de haver diferentes formas de interpretação do objeto da economia entre as mais
variadas escolas de pensamento, existem alguns pressupostos comuns. Um deles é que, em
todas as sociedades humanas, os fatores de produção são limitados, ao passo que as
necessidades humanas são ilimitadas. Isso porque essas necessidades se renovam a todo
tempo devido ao aumento da população ou em função da elevação do padrão de vida. Prevalece,
assim, em todas as sociedades um problema econômico central, advindo da escassez. Esse
problema obriga a estas sociedades a ter que escolher um modo de encontrar alternativas de
produção (de bens e serviços) e maneiras de distribuir os resultados (alcançados coletivamente)
entre os vários grupos e as classes sociais da sociedade.
Em síntese, pode-se deduzir que, em função da escassez (dos fatores de produção), originam-se
os principais problemas econômicos, a saber: O que e quanto produzir? Como produzir? Para
quem produzir? Em função do modo como cada uma das sociedades resolve essas questões
implicará formas de organizações econômicas distintas de cada país – ou em outros termos –
do sistema econômico de cada país: capitalista (regido pelas forças de mercado); socialista
(regido pelo Estado, que controla as forças de mercado), a exemplo da Coreia do Norte e Cuba ;
ou um misto entre esses dois modelos, os chamados “socialismo de mercado”, como a China, ou
o “capitalismo de estado”, como a Rússia (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 5).
No limite, toda sociedade humana, independentemente de seu sistema econômico, acaba tendo
que decidir, “o que e quanto”, “como“ e “para quem” produzir, levando em conta, portanto, sua
curva de possibilidade de produção: um conceito teórico que apresenta como os recursos
produtivos podem ser distribuídos para a produção máxima de um país, quando esta sociedade
consegue empregar plenamente seus fatores de produção – quando todos os trabalhadores
estão empregados e todos os demais meios de produção (terra, capitais e tecnologias) são
utilizados em sua capacidade total.
A título de exemplo, suponha que um determinado país – por meio do uso de toda a sua
capacidade produtiva – construa apenas máquinas ou produza alimentos (situação em que este
país tenha de escolher: produzir uma coisa ou outra com seus meios de produção).
Tabela 1 – Possibilidade de produção de um país hipotético
Alternativas de produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas)
A 30 0
B 25 35
C 20 52
D 5 65
E 0 75
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
Na primeira alternativa de produção (A), todos os fatores de produção seriam investidos na
produção de máquinas, não restando outros recursos (fatores de produção) para a produção de
alimentos. Na alternativa B, no entanto, parte dos fatores de produção seriam investidos em 25
mil máquinas, mas também em 35 toneladas de alimentos. Se o país escolhesse a alternativa C,
produziria um pouco menos de máquinas (apenas 20 mil); em compensação, sobrar-lhe-ia
recursos para produzir mais alimentos (52 toneladas). Idem para a situação E. Porém, se o país
resolvesse alocar todos seus trabalhadores, seus capitais, seus recursos naturais e suas
tecnologias para produzir apenas alimentos, produziria uma quantidade máxima (de 75
toneladas); em compensação não teria recursos para a produção de máquinas. Quando um país
investe os fatores de produção para a produção de um bem (máquinas, por exemplo), ele deixa
de produzir outro bem (alimentos, por exemplo).
Em Economia, aquilo que o país “sacrificou”, ou seja, aquilo que ele deixou de produzir, pode ser
nomeado custo de oportunidade. No exemplo da Figura 1, o país hipotético, ao usar todos os
seus fatores de produção para produzir uma coisa só (30 mil máquinas), ficou sem recursos para
produzir 75 toneladas de alimentos; logo, o custo de oportunidade para se produzir 30 mil
máquinas (no exemplo da Tabela 1) equivale a 75 toneladas de alimentos. E, no caso B, ao se
produzir apenas 25 mil máquinas, o custo de oportunidade foi de apenas 40 toneladas de
alimentos (75-35), uma vez que apenas uma parte dos recursos foram destinados às máquinas
– o que fez com que “sobrasse” outra parte de recursos, que foram investidos para a produção
de 35 toneladas de alimentos.
Assim, ao se estimular os investimentos em equipamentos militares, por exemplo, o governo
deste país hipotético acabaria estimulando menos investimentos em outros setores (educação,
saúde, moradia etc.), uma vez que os fatores de produção deste país (e de todos os outros) são
limitados. Limitados por quem? Pelo total de recursos (fatores de produção existentes no interior
daquele país hipotético).
Para produzir além da sua capacidade produtiva, o país hipotético teria de aumentar sua
quantidade física de fatores de produção (+ trabalho – ou mais qualificação profissional - e/ou +
recursos naturais, e/ou + capitais, e/ou + produtividade via inovações tecnológicas) ou maior
eficiência produtiva organizacional das empresas. Por meio dessas estratégias, dentre outras, é
que a economia do exemplo (conforme Tabela 1) poderia ampliar a produção de seus bens e/ou
serviços.
Videoaula - Sistemas econômicos
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Microeconomia1.3
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Conforme define Sandroni (1999, p. 388), a microeconomia caracteriza-se como um ramo da
ciência econômica por estudar o desempenho das unidades de consumo representadas pelas
famílias e pelos indivíduos; a produção e os custos das empresas; a produção e o preço dos
serviços, bens e fatores de produção. Vale lembrar que ambos os ramos da economia (Micro e
Macroeconomia)se inter-relacionam. Por meio de uma análise micro, é possível detectar
variações “microscópicas” de oferta e demanda que às vezes acabam impactando o conjunto da
economia como um todo. Por exemplo: o aumento de preços do trigo (um setor específico da
economia, portanto, micro) poderia acarretar aumentos de preços de uma enorme gama de
produtos da economia – daqueles em que o trigo é utilizado como insumo – gerando inflação; o
que poderia contribuir para o aumento da inflação de uma cesta maior de produtos, bens e/ou
serviços que acabariam por afetar o conjunto da economia como salários, taxas de juros etc. (ou
seja, afetaria a política macroeconômica deste país).
A abordagem microeconômica, portanto, além de oferecer subsídios para uma análise da
procura, da teoria da firma (e das teorias da produção), dos custos e dos rendimentos constitui
ainda o fundamento indispensável para a análise da oferta.
Vale destacar que a abordagem macroeconômica da economia representa uma ferramenta útil
para se estabelecer políticas e estratégias com vistas a se realizar um bom planejamento
empresarial, podendo subsidiar nas seguintes decisões, a saber:
política de preços da empresa;
previsões da demanda e faturamento;
previsões de custo de produção;
decisões ótimas de produção [melhor combinação de fatores de produção];
Figura 2 – Painel numérico
Fonte: Ahmad Ardity/Pixabay.
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avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da compra de
equipamentos; ampliação da empresa);
política de propaganda e publicidade (como a preferência do consumidor pode afetar a procura do
produto);
localização da empresa;
diferenciação de mercados (preços diferenciados em função da oferta em diferentes mercados
consumidores do mesmo produto) (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 32).
Em seu conjunto, a microeconomia pode ser dividida para a realização das seguintes análises, a
saber: da demanda; da oferta e a análise das estruturas de mercado de bens e serviços
(concorrência perfeita; concorrência monopolista; monopólio e oligopólio) ou estruturas de
mercado de fatores de produção (concorrência perfeita; concorrência monopolista; monopsônio
e oligopsônio).
Define-se por demanda (ou procura) a quantidade de bens ou serviços que o conjunto dos
consumidores de um determinado mercado deseja e efetivamente está disposto a adquirir em
determinado espaço de tempo e por um preço determinado.
Esta procura dependerá de algumas variáveis, tais como preço do bem ou serviço, renda do
consumidor, preços dos outros bens, gosto e preferência do consumidor; além de outros fatores
como a sazonalidade, localização dos consumidores.
Para se estudar cada uma dessas variáveis isoladamente, utiliza-se uma hipótese denominada
coeteris paribus, a partir da qual se considera que todas as outras variáveis permanecerão
inalteradas.
Demanda de mercado1.3.1
Coeteris paribus é uma expressão em latim que significa “permanecendo constantes todas as
outras variáveis”. É muito utilizada em economia quando se deseja avaliar as consequências de
uma variável sobre outra, supondo-se que as demais (variáveis) permanecem inalteradas
(SANDRONI, 1999, p. 71).
Pressupõe-se, assim, por meio da lei geral da demanda, que existe uma relação direta entre a
quantidade procurada e o preço do bem.
Tabela 2 – Relação entre oferta e demanda: preço e quantidade demandada
Situação Preços (R$) Quantidade demandada
A 1,0 11.000
B 3,0 9.000
C 6,0 6.000
D 8,0 4.000
E 10,0 2.000
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
Na situação A, por exemplo, considerando-se que o produto seja ofertado a R$ 1,00, sua
quantidade demandada chegaria a uma quantidade máxima neste mercado: 11 mil unidades, o
que parece indicar uma situação de preço favorável ao demandante; no entanto, conforme este
preço sobe, como no caso C, a quantidade demandada acaba por se reduzir, indicando que
menos demandantes reúnem as condições ou desejos de adquirir aquele produto, naquele nível
de preço. No caso extremo apresentado na Tabela 2, se o preço do produto aumentar de R$ 1,00
para R$ 10,00 a quantidade demandada irá se reduzir de 11 mil para apenas 2 mil unidades do
mesmo produto.
Se, do lado da demanda [ou procura] observa-se o ponto de vista do comprador, do ”outro lado”
se verifica o fenômeno oposto: o do vendedor (ou do ofertante). Assim como ocorre com a
demanda, a oferta vai depender de alguns fatores, a saber: a) do preço que os demandantes
estão dispostos a pagar; b) do custo que o ofertante pagou nos fatores de produção; e c) da
meta ou dos objetivos dos ofertantes (vendedores).
De acordo com a lei geral da oferta, existe uma relação direta entre a quantidade que os
vendedores vão ofertar e o nível de preços que os compradores estão se mostrando dispostos a
pagar, ceteris paribus.
Oferta de mercado1.3.2
Observe, na Figura 3, a coluna que indica os preços que os compradores estão dispostos a pagar
pelo mesmo produto. Se os compradores estiverem dispostos a pagar até R$ 10,00 pelo produto,
o vendedor se animará a ofertar mais, pois será estimulado pelo preço alto; assim, buscará
vender o máximo de produtos para aqueles consumidores cheios de vontade de gastar. Ainda de
acordo com a Figura 3, ao preço de R$ 10,00 serão ofertadas 11 mil unidades de produtos –
diante de preços máximos, a oferta atingirá o seu ponto mais alto. Se os compradores
resolverem pagar um pouco menos pelo produto, por exemplo R$ 8,00, o vendedor se animará
menos e por isso vai ofertar menos mercadorias neste mercado; ou seja, vai se produzir menos!
No caso em que os compradores demonstrem que estão dispostos a pagar apenas R$ 1,00 pelo
produto, o vendedor desanimará de vez! Neste caso, do exemplo mostrado no gráfico, o ofertante
passará a ofertar apenas 2 mil unidades do produto. Mas, se ninguém estiver interessado em
pagar pelo produto – ou seja, se o demandante estiver disposto a pagar R$ 0,00 (zero reais), não
haverá nenhum estímulo para que apareça oferta para este produto.
Conforme visto no gráfico (Figura 3), caso haja excesso de procura, o preço tenderá a subir,
beneficiando mais o vendedor (ofertante); caso haja excesso de oferta, o preço tenderá a cair,
beneficiando o comprador (demandante).
Haverá, no entanto, uma situação de equilíbrio entre demanda e oferta; aquela em que a
quantidade demandada é atendida plenamente pelo ofertante – nem a mais, nem a menos;
situação em que a quantidade ofertada seria de tal modo equilibrada que seria absorvida
plenamente pelos clientes (demandantes).
Tabela 3 – Situação de equilíbrio entre a demanda e a oferta
Figura 3 – Relação da oferta em função da demanda
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
Tendência ao equilíbrio entre a oferta e a
demanda
1.3.3
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Situação Preço Demanda (unidades) Oferta (unidades) Situação do mercado
A 1,0 11.000 1.000 Escassez de oferta
B 3,0 9.000 3.000 Escassez de oferta
C 6,0 6.000 6.000 Equilíbrio
D 8,0 4.000 8.000 Escassez de demanda
E 10,0 2.000 10.000 Escassez de demanda
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
De acordo com a Tabela 3, ao preço de R$ 6,00 (seis reais/unidade) o ofertante se animaria a
ofertar até 6 mil unidades de seu produto, e esta seria a melhor situação para ele, uma vez que
faturaria o equivalente a R$ 36.000,00. Este faturamento é muito superior ao que seria alcançado
se ele vendesse mais unidades, 11 mil delas ao preço de apenas R$ 1,00 cada; ou se vendesse
apenas 2 mil unidades ao preço de R$ 10,00, situação em que faturaria R$ 20.000,00.
Do mesmo modo em que a Situação C de equilíbrio beneficiaria o comprador (demandante). Ao
preço de apenas R$ 1,00 por unidade, o consumidor teria de disputar os apenas 1.000 produtos
ofertados com outros 10.999 clientes. E, neste caso, 10.000clientes não encontrariam o produto
no mercado. Ao preço de R$ 10,00 por unidade (situação E), grande parte dos consumidores
(8.000 deles) ficaria sem o produto, pois a mercadoria ficaria muito cara e seria adquirida apenas
pelos 2.000 consumidores com maior poder aquisitivo. Neste caso extremo, sobrariam produtos
no mercado por falta de clientes com condições de comprar.
Assim, se para a maioria dos demandantes não é negócio pagar preços máximos de R$ 8,00 a R$
10,00 pelo produto, também não é o melhor negócio para o ofertante vender seu produto a
preços mínimos, a R$ 3,00 ou a apenas R$ 1,00 por unidade. Este é o motivo pelo qual R$ 6,00
parece ser o preço que beneficia tanto o comprador (demandante) quanto o vendedor (ofertante).
No entanto, o que acontece se o ofertante, neste mercado equilibrado, que vende 6.000 unidades
a R$ 6,00, resolver dar um desconto de 25% no preço, passando-o a R$ 4,50 e perceber que a
quantidade demandada se ampliou para 7.000 unidades? Em quantos por cento serão
aumentadas suas vendas?
Cada produto possui uma sensibilidade às variações dos preços por eles cobrados ou a variação
da renda dos consumidores. Nem sempre o desconto de 25% em um produto resultará em um
Conceito da Elasticidade-preço da
demanda
1.3.4
aumento de 25% em suas vendas. O fato de se reduzir o preço do sal não significa que as
pessoas passarão a consumir mais deste produto, apenas para “aproveitar” o preço.
O conceito de elasticidade torna-se, portanto, uma ferramenta para empresas, pois permite
estimar a reação dos consumidores diante da variação de preços ou diante da redução da renda
desses mesmos consumidores.
Com base em Garcia e Vasconcellos (2014, p. 53), pode-se expressar o conceito de Elasticidade-
preço da demanda (EpD) da seguinte forma:
Consideremos:
P0 (preço inicial) = R$ 6,00
P1 (preço final) = R$ 4,50
Q0 (quantidade demandada), ao preço (P0) de R$ 6,00 = 6.000 unidades.
Q1 (quantidade demandada), ao preço (P1) de R$ 4,50 = 7.000 unidades.
ELASTICIDADE
Relação entre as diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias, em função
das alterações verificadas em seus respectivos preços. De acordo com esse conceito, as
mercadorias podem ser classificadas em bens de demanda inelástica ou fracamente elásticas, e
bens de demanda fortemente elástica. Os primeiros englobam os bens de primeira necessidade,
indispensáveis à subsistência diária da população. O sal é o mais característico entre os bens de
demanda inelástica. Por ser consumido em pequenas quantidades, mesmo sendo um ingrediente
indispensável à alimentação cotidiana, as alterações no preço do sal não afetam praticamente
nada sua procura. (SANDRONI, 1999, p. 199)
ATENÇÃO às fórmulas!
Como calcular:
1. Variação percentual da Quantidade demandada:
2. Variação percentual do preço:
Voltemos à fórmula geral:
O que significa dizer que uma redução de 25% no preço do produto implicou que a quantidade
demandada aumentou bem menos de 25%.
Desse modo, tal qual se poderia verificar em produtos como o sal, um produto de demanda
sabidamente inelástica se pode deduzir que o produto (da fórmula geral apresentada) também é
um produto de demanda inelástica. De onde se pode concluir, também, que serão considerados
produtos de demandas elásticas aqueles cuja variação da quantidade demandada for superior à
variação percentual do preço (coeteris paribus) (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 53).
Videoaula - Estruturas de mercado de fatores de produção
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Videoaula - Explicando o conceito e sua aplicabilidade- Oferta e
Demanda
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Videoaula - Explicando o conceito e sua aplicabilidade: Elasticidad
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Macroeconomia1.4
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De acordo com Sandroni (1999, p. 359), a macroeconomia consiste em uma parte da Economia
que estuda o comportamento agregado do sistema econômico. Trata, portanto, das relações
entre a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento
totalizados. Busca explicar a operação macro da economia sem que seja necessário analisar
individualmente cada um dos agentes econômicos, isoladamente.
Por meio dessa estratégia, a teoria econômica oferece parâmetros que possibilitam a medição da
atividade econômica em seu conjunto tomando-se por base algumas variáveis fundamentais –
que impactam a economia de modo global, tais como PIB, inflação, taxa de juros (Selic), nível de
emprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc.
São objetivos centrais da política macroeconômica, implementadas pelos governos:
a. geração de empregos;
b. distribuição da renda de modo socialmente justo;
c. atingir e manter a estabilidade dos preços;
d. promover o crescimento (e o desenvolvimento) econômico.
Estes objetivos são atendidos por meio de instrumentos da política macroeconômica – Política
fiscal; monetária; cambial; comercial; de rendas.
Trata-se dos instrumentos legais que o governo utiliza para arrecadar tributos e controlar seus
custos (política de gastos). Ao manipular as alíquotas de impostos de um ou outro produto, o
governo poderá estimular ou inibir investimentos do setor privado naquele produto. Por exemplo:
Figura 4 – Notebook
Fonte: Carlos Muza/Unsplash.
Política Fiscal1.4.1
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ao reduzir a taxa de IPI dos automóveis, o governo estimula a produção de veículos, o que
contribui para se atingir os objetivos da política macroeconômica, gerando empregos. Se o
objetivo for reduzir a inflação, utilizando-se de política fiscal, o governo poderá ampliar a taxa de
impostos de determinados produtos que estão sendo vendidos em excesso para que este
aumento de preços (devido ao aumento da demanda deste produto) não estimule o aumento da
inflação. Se o objetivo for promover o crescimento econômico de uma determinada região, como
a Zona Franca de Manaus, por exemplo, o governo poderá adotar uma política de taxas de
impostos menores para algumas das mercadorias produzidas naquela região.
ZONA FRANCA
Área delimitada no interior de um país e beneficiada com incentivos fiscais e tarifas alfandegárias
reduzidas ou ausentes. Seu objetivo é estimular o comércio e, às vezes, acelerar o
desenvolvimento industrial de uma região. A Zona Franca de Manaus, criada em 1967 e
fiscalizada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), atraiu para aquela área
amazônica cerca de 600 indústrias, sobretudo do ramo eletrônico avançado, que se beneficiam
das facilidades de importação de peças e componentes de aparelhos eletroeletrônicos.
Trata das estratégias do governo, por meio do Banco Central [BC], que visam controlar a evolução
dos meios de pagamento e o processo de criação da moeda e do crédito, por meio dos seguintes
instrumentos:
Política Monetária1.4.2
Encaixe legal (recolhimentos compulsórios)
Por meio do qual o BC define uma fração dos depósitos bancários que deverão ser mantidos
“presos” pelos bancos comerciais junto ao Banco Central, com vistas a controlar tanto a
expansão do crédito quanto a oferta de dinheiro em circulação. Isso porque, ao decidir pelas
alíquotas de recolhimentos compulsórios (mais altas ou mais baixas, dependendo do objetivo), o
BC impõe aos bancos comerciais uma menor (ou maior, se for o caso) capacidade conceder
crédito e multiplicar a moeda por meio de empréstimos ou investimentos. Dessa forma, se for
objetivo do BC combater a inflação, ele poderá determinar o aumentodo requisito de encaixe,
Em síntese, pode-se deduzir que, se o objetivo do BC for controlar a inflação, este passará a
adotar medidas – passíveis de serem aplicadas por seus instrumentos acima elencados – que
reduzam o estoque monetário da economia; no entanto, se o objetivo for estimular o crescimento
econômico a política adotada será a inversa: redução das taxas de juros, diminuição da alíquota
da taxa de compulsório e compra de “papéis do governo” (títulos de dívida pública, por exemplo),
de modo a “irrigar” a economia, ampliando assim a maior circulação de dinheiro (liquidez).
Conforme se pôde ver, tanto a política fiscal quanto a monetária podem ser utilizadas para
“enxugar” ou ampliar a liquidez na economia – a depender dos objetivos. Lembrando que a
reduzindo, deste modo, a capacidade dos bancos comerciais de expandir o crédito aos seus
clientes.
Redesconto
Operação bancária em que uma instituição financeira desconta títulos (duplicatas, promissórias
etc.); meio pelo qual o BC realiza empréstimos aos bancos comerciais.
Operações de mercado aberto
No qual o BC regula o fluxo da moeda comprando e vendendo seus títulos (títulos de dívida
pública) por intermédio de instituições financeiras. Quando há muito dinheiro em circulação, o
BC “enxuga” o mercado vendendo letras do Tesouro Nacional; quando ocorre o contrário, ele
compra esses títulos (BRASIL, 2016, p. 6).
Figura 5 – Moedas
Fonte: Dilok Klaisataporn/iStock.
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política fiscal é mais utilizada se o objetivo for interferir na distribuição de rendas e seu resultado
aparecerá em um prazo mais longo que o da política monetária, uma vez que a política fiscal –
para entrar em vigor – depende de aprovação do Congresso e só passa a valer no ano seguinte à
sua aprovação, enquanto a política monetária pode ser implementada de imediato, logo após sua
aprovação.
Instrumento da política de relações comerciais e financeiras entre os países por meio do qual as
autoridades monetárias organizam o sistema de câmbio: operação financeira que consiste na
venda, troca ou compra de moedas de outros países, ou títulos que representem as moedas de
outros países. Por meio da política cambial um país pode lançar mão de mecanismos para se
evitar a evasão de divisas ou mesmo utilizar a fixação de taxas de câmbio para estimular
"artificialmente" o seu comércio externo ao manter a moeda nacional artificialmente
desvalorizada; isso se o objetivo for estimular as exportações.
No Brasil, desde 1999, se adota o regime de câmbio flutuante, o que significa dizer (ainda que
redundantemente) que o valor das moedas estrangeiras (dólar e outras) vai oscilar em função da
oferta e demanda destas moedas. Não se adota desde aquela data, portanto, no Brasil, a opção
de câmbio fixo, situação em que o governo (por meio do Banco Central) determina para o
mercado o preço da moeda estrangeira que será comercializada em território nacional.
Também denominada política de comércio ou política de comércio internacional, a política
comercial é uma atribuição governamental, com vias a estabelecer normas e regras de comércio
com países terceiros, por meio do tratado de tarifas, subsídios ao comércio, quotas de
importação, restrições voluntárias à exportação, restrições à criação de empresas de capital
estrangeiro, regulamentação do comércio de serviços ou outras questões (como, por exemplo,
barreiras ao comércio internacional).
No Brasil, a política comercial é conduzida pelas pastas de Planejamento, Indústria e Comércio e
Agricultura, que contam com o suporte do Ministério das Relações Exteriores. Tal qual ocorre
com as demais políticas econômicas, a comercial possui interface direta com o desenvolvimento
econômico do país, uma vez que o comércio internacional (exportações e importações) estimula
o aumento da escala de produção, a aquisição de conhecimento e o aumento de ganhos com
especialização das cadeias globais de valor, o que contribui diretamente para os objetivos de
política macroeconômica; sobretudo, aquele relativo ao crescimento econômico.
Política cambial1.4.3
Política comercial1.4.4
Considera-se como política de rendas o conjunto de medidas adotadas pelo governo que tem por
objetivo redistribuição de renda e maior justiça social. A execução da política de renda pelo poder
público busca controlar a remuneração dos fatores diretos de produção na economia, tais como
salários, depreciações, lucros, dividendos e preços dos produtos (intermediários e finais). No
Brasil, essas políticas são implementadas para combater problemas estruturais como a fome, a
miséria e as desigualdades sociais e regionais brasileiras, assim como para enfrentar problemas
conjunturais como secas sazonais, catástrofes climáticas ou pandêmicas.
Considera-se, assim, que o conjunto de ações implementadas pelo governo, por meio de suas
políticas anteriormente descritas (Fiscal, Monetária, Cambial, Comercial e de Rendas), tem como
propósito atingir simultaneamente os objetivos de política macroeconômica: maior nível de
emprego; distribuição de renda; estabilidade de preços e crescimento econômico.
Na prática, por meio dessas políticas macroeconômicas, o governo buscará estimular os
principais mercados que dinamizam a estrutura macroeconômica do governo, a saber: a)
mercado de bens e serviços; b) mercado de trabalho; c) mercado monetário; d) mercado de
títulos; e) mercado de divisas.
Uma das formas de se medir o resultado dessas políticas poderá ser por meio da contabilidade
social – ou sistema de contas nacionais. Por meio desta contabilidade social, é possível medir as
transações referentes a valores correntes trimestralmente do Produto Interno Bruto [PIB] a
preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo
pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação de estoques, exportações
e importações de bens e serviços.
Política de rendas1.4.5
Sistema de Contas Nacionais [SCN]
O Sistema de Contas Nacionais apresenta informações sobre a geração, a distribuição e o uso da
renda no País. Há também dados sobre a acumulação de ativos não financeiros, patrimônio
financeiro e sobre as relações entre a economia nacional e o resto do mundo.
Disponível em: www.ibge.gov.br [https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-
nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html] .
Prática profissional - Inflação: o que é? De onde vem?
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https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html
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Videoaula - Política de rendas e o efeito multiplicador
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Recapitulando a Unidade 1
Espero que você tenha entendido, sem grandes dificuldades, os temas tratados até aqui. O
objetivo central foi contextualizar alguns aspectos da ciência econômica que são
reconhecidamente estratégicos para se compreender o funcionamento da economia, na prática,
no dia a dia dos acontecimentos; sobretudo aqueles relacionados às práticas do mercado e às
ações promovidas pelo governo. É importante ter em mente que a Economia é uma das ciências
humanas – logo, não é exata, pois suas análises levam em consideração a possibilidade de que
culturas, ideologias, costumes, enfim, comportamentos humanos interfiram nas suas análises e
nosseus procedimentos.
No entanto, é importante compreender que a Economia parte do pressuposto de que os
problemas fundamentais de uma sociedade humana estão relacionados à escassez daquilo que
é fundamental para a produção da riqueza em uma coletividade humana.
A produção desta riqueza, socialmente coletiva, depende da utilização de fatores de produção –
terra (recursos naturais), trabalho (mão de obra), capitais (recursos financeiros) e tecnologia –
que são finitos; daí a necessidade constante de se otimizar o uso (aplicação) desses recursos, de
modo a maximizar os resultados desses fatores. De certo modo, é aí que entra a Economia – é
neste ponto que a Ciência Econômica efetivamente consegue – por meio do conhecimento
acumulado pelos economistas – dar a sua contribuição para o desenvolvimento e o crescimento
da riqueza das sociedades humanas.
A estrutura da disciplina está organizada com base em dois enfoques instrumentais: micro e
macroeconomia, que são campos de estudos que analisam, respectivamente, os efeitos
econômicos de forma individualizada (no campo da firma) e os grandes agregados econômicos.
O entendimento microeconômico contribui, principalmente, para a tomada de decisões no
interior dos negócios e no dia a dia destes. Já a compreensão da macroeconomia permite
entender cenários estratégicos de longo prazo. Isso porque é por meio da macroeconomia que
os governos implementam suas ações estratégicas que visam gerar e manter empregos,
distribuir rendas e promover o crescimento e o desenvolvimento econômico por meio de
instrumentos que moldam a estrutura econômica de um país, a saber: política fiscal; monetária;
cambial; comercial e de rendas.
Entender como essas ações micro e macro se combinam e se influenciam passa a ser
fundamental para aqueles profissionais envolvidos com planejamento estratégico, organização
de metas, tomada de decisões etc., visto que o entendimento deste cenário permite analisar as
mais variadas conjunturas, de modo a se entender o presente e, de algum modo, antever o futuro
e se antecipar, preparando-se para os possíveis acontecimentos econômicos vindouros.
Economia brasileira2
Sistema econômico2.1
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Considera-se macroeconomia uma parte da Ciência Econômica especializada em entender o
comportamento do sistema econômico, de modo agregado, por meio de estudos relativos a
Figura 6 – Cédulas de dinheiro
Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay.
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renda, emprego, preços, consumo, inflação, câmbio, poupança e investimentos, nacionais, dentre
outros. Conforme explica Sandroni (1999, p. 359), a teoria macroeconômica oferece parâmetros
que possibilitam uma mensuração da atividade econômica geral de determinado sistema por
meio da utilização de um número pequeno de variáveis fundamentais. Pressupõe-se, por meio da
análise macroeconômica, que é possível entender o comportamento da economia em seu
conjunto sem que seja necessário analisar todas as suas micropartes, individualmente.
Espera-se, nesta Unidade, que o aluno perceba como os fundamentos macroeconômicos vêm
sendo operados pelos governantes nos últimos anos, no Brasil Este entendimento deve ter o
propósito de compreender como esses governos vêm buscando atingir seus objetivos
macroeconômicos centrais, a saber: 1) Geração de empregos; 2) Distribuição da renda de modo
socialmente justo; 3) Estabelecimento e manutenção da estabilidade dos preços; e 4) Promoção
do crescimento (e do desenvolvimento) econômico.
Desde a década de 1990, a macroeconomia brasileira vem passando por mudanças de
paradigmas inspiradas em princípios neoliberais (iniciadas com o governo de Fernando Collor de
Mello – 1990-1992), que acabaram por desenvolver um conjunto de medidas classificáveis como
uma nova síntese, de inspiração econômica neoclássica, cujas características são a valorização
do princípio de que a formação dos preços, a produção e a distribuição da renda devem ocorrer,
sobretudo, por meio de mecanismos de oferta e demanda dos mercados. Por meio desta
concepção central, diversos são os economistas que defendem, assim, a maior redução possível
do Estado na economia – por meio das privatizações e da maior integração da economia
nacional aos fluxos financeiros internacionais.
Ao final da década de 1990, esses fundamentos da política macroeconômica brasileira já estão
bastante consolidados, ideológica e politicamente, e ancorados em três pilares fundamentais:
câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal.
NEOLIBERALISMO
Doutrina político-econômica que representa uma tentativa de adaptar os princípios do liberalismo
econômico às condições do capitalismo moderno. Como a escola liberal clássica, os neoliberais
acreditam que a vida econômica é regida por uma ordem natural formada a partir das livres
decisões individuais e cuja mola mestra é o mecanismo dos preços. Entretanto, defendem o
disciplinamento da economia de mercado, não para asfixiá-la, mas para lhe garantir
sobrevivência, pois, ao contrário dos antigos liberais, não acreditam na autodisciplina espontânea
do sistema (SANDRONI, 1999, 421).
Videoaula - Plano Real
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O tripé macroeconômico2.2
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As concepções relativas à implementação dos atuais fundamentos da política macroeconômica
começaram a se consolidar no Brasil a partir do Plano Real, quando a ideia de câmbio fixo foi
sendo substituída por uma política de câmbio mais flexível: primeiro por meio do
estabelecimento das bandas cambiais e, posteriormente, a partir do câmbio livre (ou flutuante).
Desde a formulação dos primeiros planos de combate à inflação, que havia atingido patamares
altíssimos entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, vinha se formando certo
consenso de que a moeda nacional deveria ser fortalecida para evitar que fosse corroída pelos
aumentos generalizados de preços. No Plano Real, consolidou-se entre os economistas do
governo a tese de que o combate à inflação deveria estar “ancorado” em uma política cambial
que favorecesse a valorização da moeda nacional.
Conforme dados da taxa de câmbio efetiva real, que representa a média aritmética ponderada
das taxas de câmbio reais bilaterais do país em relação a 23 parceiros comerciais selecionados,
as moedas estrangeiras passaram a ficar mais baratas para os brasileiros dada a valorização da
moeda nacional, sobretudo a partir do processo de implantação do Plano Real (iniciado em 27 de
fevereiro de 1994 e que se estendeu até início de 1999; quando se retomou a política de
desvalorização aos níveis praticados antes de 1994 (IPEADATA). Tamanha foi a valorização
artificial do Real que o Dólar (comercial) dos Estados Unidos chegou a ser cotado a R$ 0,84 (84
centavos de Real) em janeiro de 1995 (BRASIL, 2022). No entanto, esta supervalorização da
moeda nacional, por anos (que tinha como objetivo principal combater a inflação), acabou
provocando uma verdadeira febre de importados e estimulando as viagens de brasileiros ao
exterior; o que, por consequência, acentuou o desemprego no Brasil, conforme bem ilustra a
queda do nível de emprego da indústria paulista.
Ainda como consequência desta excessiva política de valorização da moeda nacional por meio
de altas taxas de juros, o país passou a enfrentar crescentes déficits na balança comercial. Ao
estímulo às importações, que já vinha ocorrendo como resultado da radical abertura promovida
pelo governo Collor, acrescentou-se, desde o início do governo de FHC, a política de valorização
do Real, com vistas nocombate à inflação.
O déficit na balança comercial, de cerca de 3,5 bilhões de dólares em 1995, subiu a mais de 6,7
bilhões de dólares, em 1997. O que implica dizer que a moeda valorizada (devido às taxas de
juros elevadas), ao mesmo tempo em que combatia a inflação, facilitava a compra de produtos
estrangeiros que substituía a produção dessas mercadorias importadas, no Brasil; o que gerava
um enorme desemprego – tal qual o observado na Figura 7, na indústria paulista, por exemplo.
Figura 7 – Gráfico do nível de emprego da indústria
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
Figura 8 – Gráfico da balança comercial de 1989-2002
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
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https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/07.png
http://www.ipeadata.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/
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Em síntese, os juros altos cumpriam uma dupla função no modelo de estabilização econômica
promovido pelo Plano Real – ajudava a estimular o fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil –
recursos que eram indispensáveis e necessários para equilibrar o balanço de pagamentos – ao
mesmo tempo em que contribuía para controlar a inflação por meio da redução do consumo.
Porém, como “efeito colateral”, essa redução do consumo aumentava o endividamento privado e
o crescimento do nível de desemprego; sobretudo o emprego de qualidade oferecido pela
indústria nacional.
O déficit na balança comercial, conforme se pode observar na Figura 8, começou a ser revertido a
partir de 1999, voltando a apresentar saldo positivo (de 2,6 bilhões de dólares) a partir de 2001.
Na prática, no entanto, esta guinada da política macroeconômica rumo à desvalorização do Real
começou a ganhar destaque após as crises asiáticas de 1997 e da crise russa de 1998,
combinadas com a aproximação das eleições presidenciais (da reeleição presidencial). As crises
provocaram queda no preço das commodities exportadas pelo Brasil e diminuíram o crédito
externo, dificultando a captação de investimentos estrangeiros – fatores que, somados,
passaram a inviabilizar a manutenção do câmbio sobrevalorizado pela política macroeconômica
brasileira. Após a reeleição do presidente, em 1998, o governo deu início aos preparativos para a
desvalorização do Real, que veio a acontecer na segunda quinzena de janeiro do ano seguinte.
Prática profissional - Por que o real é a moeda que mais se
desvalorizou em 2020
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Câmbio flutuante2.2.1
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Antes do Real, o País adotava um regime de câmbio fixo, em que o governo definia para o
mercado qual seria o preço que o Banco Central (BC) estava disposto a pagar pelas moedas
estrangeiras no país. Na prática, era como se o BC tabelasse o valor da taxa de câmbio com o
propósito de conter a inflação e evitar o déficit no balanço de pagamentos. No entanto, com certa
frequência, o BC acabava intervindo neste “tabelamento de preços” das moedas estrangeiras – o
que despertava a desconfiança dos investidores e parceiros comerciais do Brasil – uma vez que
o valor da moeda nacional (que o governo se esforçava em manter valorizada, às vezes
artificialmente, para controlar a inflação) estava a serviço da política monetária brasileira; o que
nem sempre coincidia com o valor de face da moeda brasileira.
Para fugir deste preço forçado – instituído pelo governo – era comum que os demandantes de
moedas estrangeiras recorressem ao mercado paralelo de câmbio, onde se operavam a compra e
a venda de moedas estrangeiras de forma ilegal, com taxas acima das estabelecidas
oficialmente. De acordo com Sandroni, essas transações de moedas estrangeiras, no paralelo,
incluíam desde a simples compra e venda de divisas entre particulares (turistas, em sua maior
parte) até complexas operações de transferência irregular de grande quantidade de recursos
para o exterior, o que supunha grandes redes de especuladores que atuavam em vários países,
“tendo às vezes a conivência de funcionários de instituições monetárias e financeiras”.
(SANDRONI, 1999, p. 75)
As RESERVAS INTERNACIONAIS podem ser consideradas: 1) créditos a ser recebidos por um país
em um futuro imediato; 2) recursos imediatamente disponíveis. Originam-se de superávits no
balanço de pagamento e destinam-se a cobrir eventuais déficits das contas internacionais e/ou
lastrear a estabilidade cambial, evitando ataques especulativos contra a moeda nacional
(SANDRONI, 1999, p. 527).
A ideia de câmbio flutuante, implementada em 1999, deu-se em meio a uma conjuntura
internacional adversa, em que o Banco Central, diante do risco de fuga de dólares e temendo a
redução das reservas internacionais, decidiu deixar de intervir no câmbio, permitindo a sua
flutuação. No entanto, a medida acabou por ampliar a sensação de transparência e credibilidade
relacionada aos critérios de formação de preço da moeda nacional, uma vez que o governo
brasileiro passou a aceitar, por lei, que o valor de face da moeda estrangeira, em território
nacional, obedecesse àquele definido a partir da oferta e da demanda por essas moedas
estrangeiras; sem a intervenção direta do governo nesta cotação. Esta medida vinha ao encontro
do que era defendido pelos economistas de perfil mais neoliberais, que passaram a defender não
apenas a flexibilidade do câmbio, mas também a instituição de metas para a inflação e definição
de metas fiscais – para permitir que investidores estrangeiros pudessem conhecer, por meio
dessas políticas macroeconômicas embasadas neste “tripé”, as efetivas condições das
economias nacionais; ao mesmo tempo em que se buscava reduzir os ataques especulativos
contra a moeda nacional: situação em que grandes investidores em uma determinada moeda
nacional, com medo da desvalorização desta moeda, passam a vender suas posições no
mercado sob suspeita de quebrar.
Ao se estabelecer uma situação de fuga de capitais, o governo nacional precisa utilizar-se de
suas reservas para “devolver”, em moeda internacional (dólar), os recursos que os investidores
internacionais, em debandada, estão tentando retirar do país. Caso o país atacado – por esta
debandada de investidores – não possua reservas suficientes para honrar esses pagamentos,
ficará em situação insolvente (em que não consegue honrar suas obrigações); deste modo, este
país terá cada vez maiores dificuldades em atrair investidores internacionais, no futuro; exceto se
aumentar exorbitantemente a sua taxa de juros para compensar o risco que este país “atacado”
passou a representar para os investidores internacionais.
No Brasil, esta concepção de política macroeconômica amparada por este tripé foi consolidada
pelo então presidente do Banco Central, Armínio Fraga (de março de 1999 a dezembro de 2002),
durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com o argumento de se
combater a crise fiscal e a redução das reservas internacionais. A partir da implantação deste
modelo, o BC passou a realizar intervenções apenas pontuais no mercado de câmbio, por meio
de leilões que visavam controlar a oferta de moeda estrangeira (dólar, principalmente), porém,
apenas em momentos de riscos de uma desvalorização repentina e desproporcional do real.
Por consequência, a principal moeda estrangeira, o dólar, voltou a variar dentro de parâmetros
mais alinhados com a dinâmica realda economia, pela lógica da oferta e da demanda por
moedas estrangeiras.
O Real, que em 1995 chegou a valer mais que o dólar (R$0,92), passou por um processo de
desvalorização substancial a partir de 1999 (de cerca de 93%), quando 1 dólar passou a ser
comprado por R$ 1,81; e seguiu subindo, aproximando-se de R$ 3,00 no ano eleitoral de 2002 –
em eleição vencida por Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Figura 9 – Gráfico da taxa de câmbio
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
Meta de inflação2.2.2
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A meta de inflação serve como parâmetro para o aumento “tolerado” de preços pelas autoridades
monetárias do Brasil e é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), também conhecido por
Copom. O Conselho Monetário Nacional é um órgão composto pelo ministro da Economia, pelo
presidente do BC e pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, que define, a
cada ano, a respectiva meta de inflação e a faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais
ou para menos – os chamados teto e piso da meta. A partir desses parâmetros o Copom, em
reuniões ordinárias, adota resoluções para trazer a inflação de volta ao centro da meta. Nos
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últimos anos, tem sido comum o Copom aumentar ou reduzir a taxa Selic, de acordo com o
propósito desejado pela política monetária conduzida pelo Banco Central, que é influenciada pela
conjuntura econômica.
Se o cenário é de crise econômica (2008; 2009; 2016; 2020) ou expansão da inflação (2013;
2021), o Copom tenderá a aumentar a taxa de juros com o objetivo de reduzir o consumo e, por
meio deste mecanismo, reduzir o preço dos produtos. Se o objetivo for a expansão da base
monetária, visando a expansão do consumo de bens e serviços – e, por consequência, do
emprego – o Copom tenderá a reduzir a taxa de juros, para estimular os gastos. Assim, ao se
elevar a taxa Selic, espera-se que as taxas de juros reais venham a subir, o que implica
diminuição de investimentos pelas empresas e redução do consumo por parte das famílias –
levando a uma redução da demanda por bens e serviços, contribuindo por meio deste “remédio
amargo” para a redução da inflação.
A taxa de juros, vale lembrar, estimula também o comportamento dos investidores estrangeiros.
Os aumentos das taxas de juros tendem a atrair mais os investidores estrangeiros, aumentando
o fluxo de moedas estrangeiras no Brasil, atraídos por remuneração mais alta que as recebidas
em seus países de origem; assim como, as reduções dessas taxas tendem a atrair menos os
investimentos externos para o Brasil.
Dada a importância das decisões do Copom, para que a política monetária alcance seus
objetivos desejados, o BC busca se comunicar de forma clara e transparente. Assim, o Copom
expressa os critérios de suas decisões à sociedade (leia-se, mercado) da forma mais pública
possível – por meio de comunicado na internet. Em geral, as reuniões do Copom acontecem às
terças e quartas-feiras, e a ata é divulgada na terça-feira da semana seguinte, às 8h00.
Figura 10 – Gráfico da Taxa de juros (Selic)
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
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Além do comunicado e da ata da reunião, o Banco Central publica, a cada trimestre, o Relatório
de Inflação, no qual se avalia a evolução recente e as perspectivas da economia, com ênfase nas
perspectivas para a inflação. Sem contar os vários fundamentos sobre a Política Monetária
disponibilizados na página do Banco Central sobre: O que é inflação; Metas para a inflação;
Comitê de Política Monetária (Copom); Comunicados do Copom; Atas do Copom; Relatório de
Inflação; Expectativas de mercado, entre outros.
Exemplo de informes publicados pela Ata do Copom (22/03/2022)
1. No cenário externo, o ambiente deteriorou-se substancialmente. O conflito entre Rússia e
Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em
torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem
o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias (...). Desde a última reunião, a maioria das
commodities apresentou avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas.
2. A reorganização das cadeias de produção globais, com a criação de redundâncias na produção
e no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se
deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa (...) esses
desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões
inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens.
3. Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021
apontou um ritmo de atividade acima do esperado, (...) Indicadores relativos ao comércio e aos
serviços mostraram evolução ligeiramente melhor que a esperada em janeiro, enquanto a
indústria contraiu no mesmo mês. Indicadores do mercado de trabalho seguiram mostrando
recuperação consistente de empregos no último trimestre de 2021 e em janeiro de 2022.
4. Para 2022, (...) o Copom segue avaliando que o crescimento tende a ser beneficiado pelo
desempenho da agropecuária, ainda que em volume menor que o projetado na última reunião, e
pelo processo remanescente de normalização da economia – particularmente no setor de
serviços e no mercado de trabalho.
5. A inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, e
mais persistente que o antecipado. A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve
persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais. (...).
6. As diversas medidas de inflação (...) apresentam-se acima do intervalo compatível com o
cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022 e 2023 (...)
encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente.
7. (...) Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12,75% a.a. em 2022 e reduz-se
para 8,75% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados
são de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023. (...).
8. (...) Nesse cenário, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o preço do
petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano
em USD100/barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário,
as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023.
Disponível em: www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom] .
Videoaula - Superávit primário
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A terceira perna desse tripé, a meta fiscal, começou a ser construída pela Lei nº 9.496/97, que
instituiu o Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos Estados, com o objetivo de
impor disciplina às finanças dos governos estaduais e municipais por meio de refinanciamentos
de dívidas municipais e estaduais junto à União. A Lei autorizou a União a assumir dívida pública
mobiliária e outras obrigações de operações de crédito interno e externo, ou empréstimos junto à
Caixa Econômica Federal e dívida pública mobiliária para pagamento de precatórios judiciais, dos
Estados e do Distrito Federal. Os contratos de refinanciamento deveriam ser pagos em até 360
meses, com juros variando de 6% a 9% a.a., mais atualizaçãomonetária calculada mensalmente
com base no IGP-DI/FGV.
Em consequência, em seu artigo segundo, estabelece objetivos específicos para cada unidade da
Federação, de modo que cada uma delas cumprisse, obrigatoriamente, metas ou compromissos,
Meta fiscal2.2.3
https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom
https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom
quanto a: dívida financeira em relação à receita líquida real; resultado primário (entendido como
a diferença entre as receitas e as despesas não financeiras); despesas com funcionalismo
público; despesa com pessoal; privatização, permissão ou concessão de serviços públicos,
reforma administrativa e patrimonial; dentre outras.
Em âmbito federal, as mudanças na área fiscal foram introduzidas pelo Plano de Estabilidade
Fiscal, publicado em outubro de 1998, que tinha por objetivo principal atingir o equilíbrio das
contas públicas por meio da introdução de mudanças estruturantes no regime fiscal do país,
atreladas a pelo menos três objetivos básicos do Plano Real: estabilidade da moeda, crescimento
sustentado com mudança estrutural e ganhos de produtividade. O Plano defendia um conjunto
de ações a ser colocadas em prática entre 1999 e 2001, que visavam instituir nova ordem às
contas públicas do conjunto dos diversos poderes e níveis de governo, por meio dos ataques, ao
ver do governo de FHC, das raízes e das causas estruturais dos desequilíbrios das contas
públicas brasileiras. Tais ações novas viriam a se juntar às ações, em andamento, da Reforma
Administrativa, já aprovada nesta ocasião, pelo Congresso Nacional, a saber: Reforma da
Previdência Social e a instituição da Lei Geral da Previdência Pública; reformas tributária e
trabalhista, para a promoção da competitividade do setor produtivo e com vistas a estimular
maior crescimento econômico e a geração de empregos; e, por fim, a Lei de Responsabilidade
Fiscal. Tais reformas, ao ver do governo, garantiriam a obtenção de superávits primários
crescentes e suficientes para estabilizar a dívida líquida consolidada do setor público e garantir a
expansão do Produto Interno Bruto.
Este movimento em direção à consolidação de um ajuste fiscal no País ganhou novos contornos
a partir da Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000, que estabeleceu normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. De acordo com a Lei (art. 4º,
parágrafo 1º),“Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em
que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas,
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se
referirem e para os dois seguintes”.
Em relação às despesas total com pessoal, impõe-se limites de gastos, não podendo os entes da
Federação exceder os percentuais da receita corrente líquida a seguir discriminados: União: 50%;
Estados: 60%; Municípios: 60% (BRASIL, 2000).
O Programa de Estabilidade Fiscal, no entanto, acabou sendo implantado por meio de aumento
de arrecadação federal, enquanto as despesas continuaram crescendo. Em consequência, a
carga tributária cresceu durante o período, sobretudo, dada a dificuldade de se cortar custos,
sobretudo os sociais, em um país marcado pela exclusão e pela desigualdade.
O aumento da arrecadação federal foi proporcionalmente maior que a expansão do PIB,
sobretudo no primeiro ano do Real. A partir daí, no entanto (à exceção de março de 1996),
observa-se certo equilíbrio na evolução desses dois indicativos até o mês de outubro de 1988 –
ano da eleição presidencial. A partir de dezembro de 1998, no entanto, a expansão da
arrecadação passou a subir em um ritmo bem superior ao alcançado pelo crescimento do PIB.
Tomando-se o mês de outubro de 1998 como base e o de dezembro de 2002 como teto, verifica-
se que, enquanto a receita bruta federal cresceu pouco mais de 136%, a expansão do PIB cresceu
bem menos, algo em torno de 49%, no mesmo período.
Figura 11 – Gráfico da receita bruta federal
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br
[http://www.ipeadata.gov.br/] .
Figura 12 – Gráfico da evolução da carga tributária brasileira, 1990-2020
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em seriesestatisticas.ibge.gov.br
[https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] ;
sisweb.tesouro.gov.br [https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?
p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823] .
Há que se levar em conta que a carga tributária brasileira vinha crescendo desde antes do
processo de redemocratização, concluído com a Constituição Cidadã, de 1988. A Carga Tributária
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http://www.ipeadata.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/
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https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823
Bruta, que em 1950 representava 14,4% do PIB, chegou ao final do governo de JK, em 1960, em
17,4%. Ao longo do Regime Militar saltou de 17% (em 1964) para 23,8% do PIB; em 1985 (em
1983, no entanto, já havia atingido o índice de 26,8%) (IBGE). Em 1990, já beirava os 30% (29,6%).
Após uma redução desta tendência por meio de ações do governo neoliberal, de Fernando Collor
de Mello, observa-se, a partir do Plano Real, uma oscilação para cima deste índice. Esta
tendência voltou a ocorrer a partir do segundo mandato de FHC (Reforma do Estado) e
prosseguiu ao longo do governo de Lula (2002-2010), chegando-se ao recorde de 34%, em 2007
– em função, sobretudo, dos programas sociais que visavam à distribuição de renda, que voltou
a crescer, após a Constituição de 1988, sobretudo após o Plano Real.
Tabela 4 – BRASIL. Rendimento familiar per capita, 1992-2009
Período
Até 1/2
salário
mínimo
Mais de 1 a 2
salários mínimos
Mais de 2 a 3
salários mínimos
Mais de 3 a 5
salários mínimos
Mais de 5
salários
mínimos
1992 42,4 15,3 4,8 3,6 2,7
1993 42,3 14,8 4,9 3,9 3,3
1995 33,0 18,0 6,6 5,8 5,3
1996 31,8 18,9 7,0 5,5 5,4
1997 31,7 19,3 7,1 5,5 5,4
1998 32,1 18,7 6,8 5,6 5,2
1999 32,7 18,5 6,6 5,3 4,9
2001 31,7 19,1 7,0 5,4 5,0
2002 31,9 19,6 7,0 5,1 5,0
2003 32,1 19,3 6,5 5,0 4,4
2004 31,0 20,1 7,0 4,8 4,4
2005 29,1 21,5 7,2 5,3 4,8
2006 25,7 22,9 8,2 5,9 5,4
2007 23,5 24,3 8,2 6,2 5,5
2008 22,8 24,9 8,7 6,4 5,5
2009 23,3 24,8 8,3 6,0 5,1
Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em seriesestatisticas.ibge.gov.br
[https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] .
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49
Em 1992, o rendimento familiar per capita de cerca de 42% dos brasileiros estava em torno de
meio salário mínimo; em 2009, menos de 1/4 dos brasileiros recebiam ainda este valor. Ao
mesmo tempo, a quantidade de brasileiros com renda per capita entre mais de um e dois salários
mínimos cresceu, passando de 15,3% para quase um quarto dessas famílias. Crescimento
expressivo também se observa nas demais famílias com rendimento per capita equivalente a
mais de dois e até cinco salários mínimos; isso em um período de valorização do salário mínimo
nacional, tal qual se pode observar a seguir, entre 1994 e 2019.
Se tomado isoladamente o período de FHC, verifica-se um aumento real do salário mínimo em
mais de 50%, enquanto a renda per capita subiu cerca de 26% – em um período em que a
população aumentou apenas 16%. Se tomado todo o período (2004 como piso e 2019 como teto),
a variação é ainda maior: enquanto a população aumentou 35% o PIB per

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