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Economia e finanças para gestores Autora Neusa Santos de Souza Nunes Apresentação Caro(a) aluno(a), Esperamos que você encontre neste material um conteúdo que o ajude a compreender e analisar o papel da política macroeconômica brasileira, e seus impactos no planejamento estratégico das organizações. O conteúdo foi elaborado com o propósito de contribuir para a formação de um perfil profissional esperado de um assessor(a) executivo(a): responsável pelo planejamento estratégico, pela organização de metas, pela tomada de decisões etc. – com as competências indispensáveis para o desempenho de funções e procedimentos relativos aos de um administrador financeiro ou administradora financeira. Assim, foram priorizados os temas relativos à Introdução à Economia, indispensáveis para se realizar planejamento e controle financeiro, bem como para se compreender algumas das relações cotidianas praticadas pelos bancos comerciais, mercado financeiro e outros assuntos conexos. Cada parte do material pode ser lida separadamente; no entanto, sugerimos uma sequência para aqueles(as) que gostam de receber uma indicação de onde se inicia e onde se conclui a leitura. Na primeira Unidade, apresentamos alguns dos fundamentos básicos da Economia, tanto no aspecto micro quanto macro. Foi dada uma especial atenção aos aspectos relativos ao desempenho das unidades de consumo representadas pelas famílias e pelos indivíduos; a produção e os custos das empresas e a produção e o preço dos serviços, tais como os bens e os fatores de produção. Na segunda Unidade, buscamos indicar alguns dos fundamentos macroeconômicos aplicados à economia brasileira, tomando como foco o conceito de tripé macroeconômico, implementado no Brasil a partir de 1999; momento a partir do qual passaram a ser elementos centrais da análise da economia brasileira: o câmbio flutuante, a meta de inflação e a meta fiscal. Na terceira Unidade, destacamos a análise do Sistema Financeiro Nacional, formado pelo conjunto de instituições responsáveis pela política monetária do governo, sob a gestão do Conselho Monetário Nacional (CMN). E, por fim, na quarta Unidade, procuramos projetar um pouco de luz sobre o Banco Central, que é, de longe, a principal instituição financeira governamental pelo fato de que, além de estratégico para a política macroeconômica do governo, funciona de fato como o “banco dos bancos”, e é, sobretudo, o supervisor do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que, além de assegurar a solidez do SFN, regula o funcionamento das entidades bancárias e não bancárias que operam no Brasil – contribuindo assim, diretamente, com a eficiência, o desenvolvimento e a saúde do sistema financeiro brasileiro. Esperamos que você assista aos vídeos e se aprofunde nos temas abordados por meio dos quadros denominados Saiba Mais e Dicas da Professora, distribuídos ao longo das seções deste material e consiga sanar eventuais dúvidas, assim como desejamos que outras questões lhes sejam suscitadas pelas entrelinhas deste material, que ora lhe entregamos. Bons estudos! Que o conjunto desta obra seja para você um instrumento de aprendizado e de novas reflexões. Grande abraço! A autora Videoaula - Economia, uma das Ciências Humanas Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968175". Economia – Primeiros conceitos1 Economia como Ciências Humanas1.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096746". A expressão “economia” remonta aos tempos da Grécia Antiga, e este termo era utilizado para se referir à administração do patrimônio particular, enquanto para a administração do Estado (cidades-estados) se utilizava a denominação de “economia política”. A Economia, no entanto, é Figura 1 – Moedas e cédulas Fonte: Steve Buissinne/Pixabay. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.jpg uma das Ciências Humanas, pois seu objeto de estudo está relacionado às atividades produtivas humanas. Mais especificamente, os humanos organizam sua produção de modo a fazer uso, o mais eficientemente possível, dos recursos da natureza, que são escassos; tais como os fatores de produção: terra, capital, trabalho e tecnologias. Faz parte das preocupações dos economistas a combinação dos fatores de produção, de modo a maximizar o potencial destes recursos para que estes possam contribuir para a criação e a distribuição da renda, e que possam satisfazer os interesses de demandantes e ofertantes dos mais variados mercados e conciliá-los. Para tanto, os economistas recorrem às disciplinas que lhes dão suportes para medir as atividades econômicas como, por exemplo, os conhecimentos matemáticos, econométricos e estatísticos. A abordagem de um estudo econômico tanto pode ser micro como macro. A abordagem micro busca entender o fenômeno econômico relacionado a uma unidade de produção como, por exemplo, uma empresa ou unidade de consumo (famílias). Já a abordagem macroeconômica está relacionada a estudos que buscam entender o conjunto da atividade econômica, como a de um país, por exemplo. Também se pode subdividir a Economia em dois campos: a) um mais teórico, denominado “economia pura”, que trata da formulação conceitual e abstrata da realidade econômica; b) outro mais “pragmático”, que busca determinar a aplicação de métodos e processos de produção tanto no campo micro (das empresas, por exemplo) quanto no campo macroeconômico (vinculado às ações de políticas econômicas de Estado). Portanto, ao ser aplicadas como soluções técnicas para os problemas econômicos fundamentais as proposituras desta Ciência, esta vai se convertendo em economia aplicada; ou seja, mais especializada, de modo que acaba por se ramificar em economia industrial, economia agrícola, economia comercial e em economia financeira. Sempre com propósito de atingir o seu objetivo enquanto ciência; de apresentar soluções racionais para os processos sociais de produção, distribuição e consumo (SANDRONI, 1999, p. 189). ECONOMIA APLICADA: Emprego pragmático do conhecimento das leis econômicas visando a disciplinar e orientar a atividade produtiva. Enquanto a chamada “economia pura” cuida da formulação conceitual abstrata da realidade econômica, a economia aplicada tem a função normativa de determinar alternativas, métodos e processos de produção tanto no âmbito da empresa quanto no da sociedade (SANDRONI, 1999, p. 189). E também se pode subdividir a Economia pelas “Escolas de Pensamento”, que se caracterizam por determinadas concepções relativas às interpretações do fenômeno econômico. Isso ocorre porque, diferentemente das ciências exatas, nas ciências humanas se observa com mais clareza que os pesquisadores (economistas) estão ligados às mais variadas concepções de mundo, cujos valores e interesses dos mais variados interferem, (conscientemente ou não) em sua pesquisa científica. Por consequência disso, os economistas acabam abordando o próprio objeto de trabalho da Economia de forma distinta, a começar pela visão (ideológica) que cada um dos economistas tem do processo produtivo e da criação do valor. A Escola Econômica Mercantilista, anterior e diferentemente das concepções desenvolvidas pela Escola Clássica, de Adam Smith (considerado o fundador da Ciência Econômica Moderna), defendia que a riqueza de um país viria do acúmulo de metais preciosos pelo Estado, que deveria praticar um comércio exterior abertamente protecionista (SANDRONI, 1999, p. 383). MERCANTILISMO: Doutrina econômica que caracteriza o período histórico da Revolução Comercial (séculos XVI- XVIII), marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação dos Estados Nacionais. Alguns princípios básicos do mercantilismo são: 1) o Estado deve incrementar o bem-estar nacional, ainda que em detrimento de seus vizinhos e colônias; 2) acapita, medido em dólares, quase dobrou, ao mesmo tempo em que o valor real do salário mínimo aumentou quase 170%. Não por acaso, o percentual da população que vive abaixo da linha da pobreza no Brasil foi reduzido de 35,16% em 1992 para 26,72% em 2002, chegando a 2009 a 15,54% (IBGE). O país alcançou, assim, um patamar de distribuição de rendas com efetiva estabilidade de preços, uma vez que, após várias tentativas com diferentes planos de estabilização, desde o Plano Cruzado, de 1986, logrou-se, com o Plano Real – debelar a hiperinflação inercial, que havia atingido índices de 1.700% ao ano em 1990; 1.174% em 1992 e 2.567%, em 1993. E, vale lembrar que, mesmo no ano de implantação do Real, 1994, os preços chegaram a aumentar mais de 1.246% ao ano; recuando, enfim, para níveis economicamente aceitáveis após 1995. Figura 13 – Gráfico PIB Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/13.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/13.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ Em que pese picos inflacionários observados em anos específicos como 1999, 2002 e 2020, na maior parte dos anos a inflação (IGP-M) se manteve em patamares abaixo de 10% ao ano. Portanto, nada comparável à hiperinflação anterior a 1994. Vale destacar, no entanto, que o crescimento do PIB brasileiro, pós-Real, se mostrou bastante modesto; ficando abaixo ao alcançado na década de 1980, considerada pelos economistas como sendo a década perdida. Ao adentrar a década de 1990, tomando como base uma taxa de crescimento econômico histórica – de 5,4% ao ano desde o início do século – os economistas passaram a apontar o crescimento do PIB da década de 1980 como sendo o de uma “década perdida”. Segundo Modiano: Figura 14 – Gráfico do Índice geral de preços do mercado (IGP-M), 1990- 1995 (em %) Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . O produto real da economia brasileira se expandiu à taxa média de 4,4% ao ano entre 1985 e 1989. A análise dos índices trimestrais do PIB real revela que a estagnação da produção se iniciou no final de 1986, após dois anos consecutivos de crescimento superior a 7% ao ano. Entre 1980 e 1989 o PIB cresceu apenas 2,9% ao ano em contraste com mais de 8% ao ano na década de 1970. Levando em conta o crescimento populacional de 2% ao ano, a renda per capita da economia brasileira avançou apenas 0,9% ao ano na década de 1980. (MODIANO, 2014, p. 311) https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/14.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/14.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ A década de 1990, comparativamente à de 1980, conforme se pode observar em relação ao crescimento do PIB, não havia começado bem: no ano de 1990, o PIB havia se reduzido em 3,1%; em 1992, o PIB cresceu negativamente, novamente. A inflação chegou a atingir mais de 80% ao mês. Na média, ao longo da década (de 1990), o crescimento do PIB ficou abaixo de 2% ao ano. No entanto, o governo de Fernando Collor, instituído em 15 de março de 1990, deu início a um conjunto de novas estratégias – atreladas ao processo de globalização – que o distinguiu dos governos anteriores aos da década de 1980 pela propositura das reformas estruturais desencadeadas: a) pela abertura comercial; b) pelo processo de privatizações; c) pela reforma do Estado: focada na redução do papel do Estado como produtor de bens e serviços e na reorganização da administração pública federal. De acordo com Modiano in Abreu (2014, p. 1), embora a década de 1990 tenha apresentado crescimento econômico ainda mais modesto que o da década de 1980, aquela foi marcada por reformas, não apenas relativas à abertura comercial e à privatização, mas pelo sucesso no controle da inflação e pelas reformas modernizadoras que teriam inaugurado uma nova etapa da história econômica do país, mais em conformidade com os padrões internacionais esperados pelos investidores, sobretudo aqueles relativos ao risco-Brasil, medidos por meio do índice EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), que estima o desempenho diário dos títulos da dívida dos países emergentes – que passaram a ser estratégicos para o financiamento das economias emergentes, como o Brasil, a partir da década de 1990. Do ponto de vista externo, tomando-se por base o risco-país, por exemplo, parece que a economia brasileira, neste novo formato, passou no teste da credibilidade do mercado internacional. No dia do lançamento do Plano Real, o risco-Brasil havia atingido o patamar de 1.179 pontos; e acima de mil pontos se manteve até o ano seguinte. A partir daí, exceto no tenso Figura 15 – Gráfico da Variação anual do PIB (em percentual), 1980-2020 Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em seriesestatisticas.ibge.gov.br [https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/15.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/15.png https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 ano eleitoral de 2002 em que o índice bateu seu recorde, passou a cair a patamares iguais ou inferiores a 400 pontos; em 2011, chegou à marca de 147 pontos, indicando alta credibilidade da política macroeconômica brasileira. Desse modo, pode-se observar que ao longo da década de 1990 não se introduziu “apenas” a estabilização da moeda, mas também toda uma nova ideia-síntese de condução da política macroeconômica do país, embasada no conceito de tripé macroeconômico (câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal); o que, segundo seus defensores, passou a reger a não apenas a política econômica no Brasil, mas também a da maioria dos países desenvolvidos. Figura 16 – Gráfico comparativo anual do risco-país Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/16.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/16.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ Recapitulando a Unidade 2 Ao longo da década de 1990, a política macroeconômica brasileira passou por uma mudança de paradigma ao adotar três pilares fundamentais em sua condução: câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal – o denominado tripé macroeconômico – modelo este que vem sendo adotado pela maioria dos países desenvolvidos. Por meio desses fundamentos é que foram estabelecendo uma série de ações que vêm pautando o funcionamento da economia brasileira nas últimas décadas. Tais ações buscam demonstrar transparência às políticas macroeconômicas, de modo a permitir que os agentes econômicos – sobretudo investidores estrangeiros – se animem em participar do mercado brasileiro; lembrando que estes serão atraídos não apenas em função dos juros pagos pelo Brasil, mas também dos riscos de calote que este País oferece. Os dados relativos ao risco-Brasil, no entanto, parecem atestar que o Brasil oferece bem menos riscos aos investidores que os da década de 1990 (e início de 2000; leia-se 2002), quando esses índices alcançaram patamares bastante superior a mil pontos; algo bem distinto do que vem ocorrendo no início da década de 2020, quando esse índice, apesar da crise econômica desencadeada pela pandemia da covid 19 (2020-2022), alcançou uma média de 329 pontos. Sistema Financeiro Nacional3 Instituições do Sistema Financeiro Nacional 3.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096944". De acordo com Sandroni (1999), o Sistema Financeiro Nacional é formado por um conjunto amplo de instituições responsáveis pela política monetária do governo sob a gestão do Conselho Monetário Nacional (CMN), a saber:Banco Central do Brasil, que tem por função principal executar as normas estabelecidas pelo CMN, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e bancos regionais de desenvolvimento, Banco Nacional da Habitação, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, cooperativas habitacionais, Caixa Econômica Federal e as estaduais, Bolsas de Valores, fundos de investimentos, sociedades financeiras de crédito e financiamento, distribuidoras de valores e corretoras (SANDRONI, 1999, p. 562). O Sistema funciona a partir de sua missão definida nos termos do art. 192 da Constituição Federal, segundo o qual: A partir desta incumbência é que o Sistema Financeiro Nacional contribuiu para a realização dos objetivos da política macroeconômica; mais especificamente por meio da manutenção do desenvolvimento; da fiscalização de atividades de crédito; e da fiscalização de atividades de circulação de moeda. Funciona, portanto, por meios de seus agentes normativos, supervisores e operadores, que são os responsáveis, respectivamente, pela determinação das regras gerais, pelo funcionamento do sistema e por fazer cumprir as regras, no ato das ações realizadas pelos operadores do sistema financeiro. São operadores do Sistema Financeiro Nacional as bolsas de valores, a Caixa Econômica Federal e os demais bancos, os administradores de consórcios, as corretoras e distribuidoras, as cooperativas de crédito, as instituições de pagamento e demais instituições não bancárias, a bolsa de mercadorias e futuros, as entidades abertas de previdência, as entidades fechadas de previdência complementar, os seguradores e resseguradores, e as sociedades de capitalização. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (BRASIL, 2016, p. 114). Principais operadores do sistema financeiro 3.2 Bolsa de Valores3.2.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096925". A Bolsa de Valores é um local – um mercado – em que investidores compram ou vendem os denominados valores mobiliários. TÍTULO (Valor mobiliário) Documento que certifica a propriedade de um bem ou de um valor. O termo aplica-se genericamente a todos os valores mobiliários. Distinguem-se dois tipos de títulos: os títulos comerciais (letra de câmbio, nota promissória, duplicata), que se caracterizam pelo prazo de vencimento relativamente curto e pelo direito que têm seus portadores de receber em moeda corrente as importâncias por eles representadas; e os títulos de renda (ações, debêntures, títulos de dívida pública), de vencimento a prazo longo e cujos portadores têm direito a receber rendimentos por eles produzidos. Quando contêm o nome e o domicílio do proprietário, chamam-se títulos nominativos; quando o proprietário não é designado, chamam-se títulos ao portador e podem ser livremente negociados, independentemente de qualquer ato escrito ou endosso (SANDRONI, 1999, p. 604). Do ponto de vista dos agentes econômicos que negociam na bolsa, o objetivo das operações é, sobretudo, a obtenção de ganhos, a partir de seus investimentos. Na perspectiva de uma empresa, por exemplo, a venda de suas ações na bolsa de valores pode ser um excelente meio para a captação de recursos, desde que a companhia se submeta a se transformar em uma sociedade anônima de capital aberto. As empresas em bolsa podem negociar diretamente com investidores interessados em suas ações – por meio do mercado denominado primário. Em geral, as empresas realizam operações no mercado primário durante a fase de estreia na bolsa (na abertura de capital na bolsa de valores), processo denominado pelo mercado IPO (Initial Public Offering). Neste caso, ao vender suas ações, os capitais arrecadados são direcionados diretamente para o caixa da empresa em questão. Outra forma de a empresa ser negociada na bolsa é por meio do mercado secundário. Neste caso, os investidores compram e vendem ações “de segunda mão”; aquelas já disponibilizadas anteriormente no mercado, pelas empresas, e que estão disponíveis para serem compradas (por interessados) ou vendidas pelos investidores, que são os portadores dessas ações. Neste caso, os papéis (os títulos) apenas mudam de propriedade e o resultado desta compra (se positivo) irá para o “caixa” do antigo portador dessas ações – e não para a empresa, uma vez que a ação, neste caso, indica apenas que seu possuidor é o proprietário de certa parte (fração) de uma determinada empresa que negocia parte dela na bolsa anonimamente – sem se importar quem seja o seu “micro sócio” (ou investidor).Uma vez que, ao negociar seus títulos, a empresa poderá ter como parceiros de negócios tanto um desconhecido agente do mercado, que poderá ser tanto um investidor pessoa física quanto um fundo de investimento ou mesmo um investidor estrangeiro. A bolsa de valores é, portanto, uma instituição onde se negociam títulos, ações de empresas ou valores mobiliários (papéis em geral); meio pelo qual se possibilita a transformação desses valores em investimentos. As atividades das Bolsas são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários [CVM], do Ministério da Fazenda, responsável por regular, prestar consultoria e julgar, em instância administrativa, as operações e os dispositivos do Mercado de Valores Mobiliários. É papel da CVM garantir funcionamento legal e justo, protegendo os investidores do mercado contra atos irregulares e ilegais; estimular a popularização dos investimentos da população em valores mobiliários; fiscalizar a prática de insider trading (uso de informações privilegiadas) e formação artificial de oferta, demanda e preço; e garantir o acesso público às informações relativas aos valores mobiliários. A importância da CVM também se justifica em função das principais estratégias, utilizadas pelos variados tipos de investidores que operam nas bolsas de valores, a saber: Buy and hold Videoaula - Risco Brasil Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969165". Aquela em que o investidor compra as ações e as mantém em seu poder por longo prazo, evitando ao máximo vendê-las. Estratégia especulativa em que o investidor se dispõe a comprar ou vender as ações com o objetivo de alcançar lucro diário. Day trade Também especulativa, pelo fato de o investidor buscar a obtenção do lucro por meio de operações de compra e venda no curto prazo (dias ou até semanas), embasadas em dados colhidos a partir de análises de gráficos que mostram o comportamento daquele tipo de ação; comportamento inverso ao do investidor holder, fundamento qualitativo e quantitativos da companhia em questão. Swing trade Caixa Econômica Federal3.2.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096980". A Caixa Econômica Federal (CEF), criada por meio do Decreto-lei nº 759, de 12 de agosto de 1969, é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Economia, que opera serviços bancários; assim, suas atividades são autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e suas contas e operações estão sujeitas ao exame e ao julgamento do Tribunal de Contas da Figura 17 – Caixa Econômica Federal Fonte: Michelle F. Pereira/wikipedia. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/17.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/17.jpg União (TCU). Em sua missão, destaca-se como prestadora de serviços, com o propósito de promover a cidadania e o desenvolvimento sustentável do país, atuando como instituição financeira, agente de políticas públicas,em parceria com o Estado brasileiro. É considerada o maior banco público da América Latina, destacando-se, dentre seus serviços, operações com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Programa de Integração Social (PIS) e Habitação popular (Programa de Arrendamento Residencial – PAR, Carta de Crédito, FGTS, entre outros). Também funciona como pagador de programas sociais como o Bolsa Família (Auxílio Brasil), programa de complementação de renda do Governo Federal e do Seguro- desemprego, Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES); Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); Minha Casa, Minha Vida (Casa Verde e Amarela); Programa de Integração Social (PIS), dentre outros; e participa ativamente no financiamento de obras públicas, sobretudo aquelas relacionadas ao saneamento básico em estados e municípios. Opera ainda a intermediação de verbas do Governo Federal destinadas ao setor público. A Caixa responde pela realização de 11 modalidades de jogos de loterias no Brasil, desde 1961, a saber: Mega-Sena, Timemania, Lotofácil, Lotomania, Dupla Sena, Quina, Lotogol, Loteca, Loteria Federal, Dia de Sorte e Super Sete. Sobre a CAIXA Acesse a Central de Resultados para conhecer, em detalhes o Relatório da Administração; Relatório de análise de desempenho e as Demonstrações contábeis. Fonte: www.caixa.gov.br [https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com- investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx] . De acordo com a CMN, bancos comerciais são instituições financeiras públicas ou privadas que têm por atividade central suprir por meio de financiamentos, de curto e médios prazos, ao comércio, às empresas prestadoras de serviços, a indústria e às pessoas físicas em geral, por meio da captação de depósitos à vista ou a prazo. Bancos comerciais3.2.3 https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/relacoes-com-investidores/central-resultados/Paginas/default.aspx Entre os maiores bancos comerciais do Brasil, que juntos detêm a maior parcela do mercado de crédito, estão Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Caixa Econômica. Essas instituições (e outras menores) estão autorizadas a oferecer serviços, que incluem empréstimos, operações de crédito, cobranças, pagamento de contas, emissão de cheques, financiamentos, transferência via TED, DOC e Pix etc. Acesse o Relatório Anual da Febraban. E conheça essa poderosa Federação, que reúne quase a totalidade dos bancos brasileiros. Nesta página, você encontrará informações relevantes sobre o setor bancário brasileiro, em números; a dinâmica do setor bancário nacional diante do atual cenário econômico; a estrutura de governança da Federação, entre outras. Acesse! Disponível em: cmsarquivos.febraban.org.br [https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf] . Os administradores de consórcios3.2.4 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016097015". https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf https://cmsarquivos.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Febraban_RA_2020_final.pdf O Sistema de Consórcios destina-se a proporcionar o acesso de integrantes de grupos de consórcio ao consumo de bens e serviços. É constituído por administradoras de consórcio e por grupos de consórcio, e é regulamentado pela Lei nº 11.795, de 8 de outubro de 2008; está integrado por 141 administradoras, das quais 136 com grupos ativos, em dezembro de 2020 (Banco Central). O segmento de bens móveis pode ser dividido nos seguintes subsegmentos: a) veículos pesados e outros; b) automóveis (incluindo veículos leves, utilitários e caminhonetes); c) motocicletas (incluindo motonetas, ciclomotores, triciclos e quadrículos); d) outros bens móveis duráveis (eletroeletrônicos e eletrodomésticos, incluindo móveis e mobílias). De acordo com o Banco Central, a taxa de administração média dos grupos constituídos em 2020 foi de 16,51%, enquanto os prazos médios ficaram em torno de 119 meses, e o valor médio dos créditos em torno de R$ 43,2 mil (BANCO DO BRASIL, 2020). Ainda de acordo com o Banco Central, um consórcio consiste na reunião em grupo de pessoas físicas (clientes) e jurídicas (administradoras de consórcios), que definem a duração e o número de cotas previamente determinados. Os grupos de consórcio caracterizam-se como sociedade não personificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser confundido com o patrimônio dos demais grupos nem com o da administradora. A adesão de um consorciado a um grupo de consórcio se dá mediante assinatura de contrato de participação. Assim, os consórcios reúnem uma quantidade variável de membros, que contribuem com uma quantia mensal proporcional ao número de meses em que o grupo funcionará. Em um grupo de 100 participantes, com duração combinada de cinquenta meses, cada um dos consorciados colaborará todo mês com, no mínimo, a quinquagésima parcela do preço do bem a ser adquirido. Neste contrato, devem estar previstos os direitos e os deveres das partes, tais como a descrição do bem a que o contrato está referenciado e seu respectivo preço (que será adotado como referência para o valor do crédito e para o cálculo das parcelas mensais do consorciado). Sobre Sistema de Consórcio. Leia o Panorama do Sistema de Consórcios – uma publicação anual do Banco Central do Brasil (BCB), que apresenta os principais pontos da análise agregada das informações relacionadas ao Sistema de Consórcios, incluindo dados de administradoras, grupos e cotas. Disponível em: www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorci os_relatorio_2021.pdf] . No Brasil, os consórcios são regulamentados pelo Banco Central (BC), que é responsável pela normatização, pela autorização, pela supervisão e pelo controle das atividades do sistema de consórcios. As questões atinentes às relações de consumo entre clientes e usuários das instituições financeiras e das administradoras de consórcio estão sujeitas às normas do Código de Defesa do Consumidor, competindo aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) fazer a mediação dessas questões. Também ocorre que, como os consórcios são controlados por regulamentações do Governo Federal, eles podem acabar sofrendo alterações em função da política econômica: se expansiva (com vias à ampliação do consumo) ou recessiva (com objetivos de redução do consumo/inflação). Controladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por meio da Lei nº 6.385/76, as Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVMs) e as Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) são instituições financeiras que atuam na assessoria e na intermediação de operações nos mercados de valores mobiliários (bolsa e balcão). As corretoras e distribuidoras3.2.5 Acesse o Texto integral da Instrução CVM no 505, de 27 de dezembro de 2011, que estabelece normas e procedimentos a serem observados nas operações realizadas com valores mobiliários em mercados regulamentados de valores mobiliários. Disponível em: conteudo.cvm.gov.br [https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consol id.pdf] . https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdf https://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdfhttps://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst505consolid.pdf Na prática, executam ordens de compra e de venda de valores mobiliários (ações, debêntures, e contratos derivativos) para seus clientes, entre outros serviços, tais como a disponibilização de informações de análise de investimentos; a administração de carteiras de valores mobiliários; a prestação de serviços de custódia. Prática profissional - Comprando ações na prática Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969515". Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://www.youtube.com/watch?v=l3kcHUh3KVY". Uma cooperativa pode ser definida como uma empresa formada e dirigida por uma associação de usuários, que possuem igualdade de direitos com o propósito de desenvolver certa atividade econômica ou prestar serviços comuns sem a presença de intermediários. No caso específico de uma Cooperativa de Crédito, o objetivo é fornecer crédito aos participantes: empréstimos, financiamentos e outros serviços correlatos, tais como a captação de depósitos à vista e a prazo (entre seus associados), serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros – sob convênio com instituições financeiras. Em síntese, seu funcionamento assemelha-se ao de um banco, mas, neste caso, sobressaem os princípios cooperativistas, marcados pela adesão livre e voluntária, autonomia e independência, gestão democrática, participação econômica dos membros etc. No Brasil, as cooperativas de crédito são consideradas instituições financeiras, regida pelas Leis nº 4.595/1964 e nº 5.764/1971 e Lei Complementar nº 130/2009, logo, são reguladas pelo Banco Central do Brasil, instituição que emite a autorização para funcionamento, aprovação de eleição de administradores e conselheiros fiscais, bem como realiza o monitoramento e a supervisão dessas empresas. Quadro 1 – Principais diferenças entre Bancos e Cooperativas de crédito BANCOS COOPERATIVAS DE CRÉDITO A propriedade é aprovada e visa-se maximizar o lucro A propriedade é social e não se visa a lucros É permitida a transferência das opções a terceiros Não é permitida a transferência de quotas-parte a terceiros Os membros do conselho de administração são proprietários ou provenientes do mercado Os membros do conselho de administração são cooperados O usuário é mero cliente O usuário é o próprio dono, tem decisão ativa na política operacional No relacionamento com o cliente, há prioridade na redução de custos e de riscos Analisam a capacidade de investimento e pagamento dos associados Priorizam os grandes centros urbanos Atuam também em comunidades mais remotas Tendem ao atendimento impessoal, com base na reciprocidade financeira, focada na dimensão econômica Predomina o atendimento pessoal, com relações mais sociais entre dirigentes, funcionários e associados Vínculo frágil com a comunidade Vínculo forte com a comunidade As cooperativas de crédito3.2.6 BANCOS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Focam na concorrência de mercado Desenvolvem-se pela cooperação A remuneração dos acionistas é proporcional ao capital investido Sobras no exercício pode ser distribuída entre os associados Fonte: elaborado pela autora. De acordo com o Banco Central, uma Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI) é um tipo de instituição financeira especializada no financiamento habitacional e, como as demais instituições financeiras, integra o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), motivo pelo qual é supervisionada pelo Banco Central. A SCI opera no financiamento de construção de habitações, na abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Atualmente, em função da sua condição de repassadora, as SCIs têm atuado de forma mais específica, voltando-se para operações como o programa Minha Casa, Minha Vida/Casa Verde e Amarela. Ao longo da década de 1980, devido ao fim do funcionamento do Banco Nacional da Habitação (BNH) e frente às necessidades de se criar meios para que essas instituições conseguissem obter melhores condições de operações no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), o Conselho Monetário Nacional permitiu a transformação de SCI em instituições repassadoras de recursos do SFH, em troca do compromisso de se abster de captar recursos do público, bem como de transferir suas captações de depósitos de poupança para outras instituições do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Essa transferência foi estimulada pelo Fundo de Garantia de Depósitos e Letras Imobiliárias – FGDLI, que adotou a condição de credor das sociedades repassadoras e devedor das instituições receptoras das contas de poupança. Com a Resolução 2.197/1995, o FGDLI foi abolido e teve seu patrimônio integrado pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC, que é a entidade privada, sem fins lucrativos, responsável por administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras. Após a década de 2000, no entanto, o setor voltou a se expandir, passando de um montante de investimentos equivalentes a 1,5%, em 2003, para mais de 9%, em 2016 – quando atingiu seu pico. Quanto às características, o mercado de crédito imobiliário brasileiro encontra-se dividido em duas partes básicas: Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).O primeiro trata da construção de habitações enquanto política pública de resolução do Sociedade de crédito imobiliário3.2.7 déficit habitacional, financiado por meio de taxas e condições que facilitam a aquisição do imóvel por parte de seu público-alvo – que se utiliza de fontes especiais tais como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e os recursos da caderneta de poupança; e, o segundo, SFI, que capta recursos por meio de outras fontes, tais como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras Hipotecárias (LHs) – ou seja, no mercado livre – em operações que buscam atrair investimentos privados (JARDIM; LORRANY, 2020, p. 11). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fundado em 1952, destaca- se dentre um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, sendo a principal instituição pública para financiamento e investimentos, de longo prazo, em diversos segmentos da economia brasileira. O Banco oferece produtos, programas e fundos de acordo com a característica e a modalidade das operações por meio da subscrição de valores mobiliários, do fornecimento de garantia ou da concessão de recursos não reembolsáveis para diversos projetos sociais, culturais e tecnológicos. Diferentemente de um banco comercial, ao avaliar concessão ou apoio, o BNDES leva em conta os impactos socioambientais e econômicos de seus projetos, bem como aspectos relativos à inovação, ao desenvolvimento regional e ao desenvolvimento socioambiental. Dentro do escopo desta política de desenvolvimento, o Banco oferece condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, bem como linhas de investimentos direcionadas para agricultura familiar, educação e saúde, transporte urbano e saneamento básico. Assim, são potenciais clientes do BNDES as empresas sediadas no Brasil: empresários individuais (pessoa física com CNPJ), microempreendedores individuais (pessoa jurídica); entidades ou órgãos públicos, da administração direta e indireta, nas esferas Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal; fundações e associações de direito privado; cooperativas; pessoas físicas domiciliadas e residentes no país, desde que exerçam atividades econômicas e sejam devidamente registradas, como por exemplo caminhoneiros e produtores rurais; consórcios e condomínios que exerçam atividade produtiva; e sindicatos e clubes (BNDES).No entanto, o BNDES classifica seus clientes em função do porte, visando a criação de programas Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 3.2.8 adequados às características de cada segmento, por meio da oferta de linhas, programas e condições específicas, conforme a Figura 17. Tabela 5 – Classificação de porte dos clientes CLASSIFICAÇÃO RECEITA (ou renda) OPERACIONAL BRUTA ANUAL Microempresa Menor ou igual a R$ 360 mil Pequena empresa Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões Média empresa Maior que R$ 4,8 e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande empresa Maior que R$ 300 milhões Fonte: BNDES. Vale destacar que a agenda de investimentos do BNDES busca alinhar-se com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), onde se destacam os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dentre eles: saneamento (ampliar acesso); mobilidade urbana (com fontes limpas); logística (integrada); energia (descarbonizada); petróleo e gás (ampliar a oferta de gás natural); agroindústria (sustentabilidade); bens de capital (eficiência no uso dos recurso); bens de consumo e serviços (geração de empregos, competitividade e produtividade); indústria de base (mineração sustentável); exportações (competitividade); promover maior acesso das micro, pequenas e médias empresas a crédito e redução de custos, pela ampliação de canais e promoção de concorrência bancária; contribuir para a política pública mediante prestação de serviços e neutralidade no mercado de crédito; estabelecer acordos de cooperação com instituições financeiras internacionais de desenvolvimento para atração de recursos para o país e fomento ao investimento compartilhado; criar soluções e realizar parcerias para a melhoria da produtividade e qualificação da mão de obra nas MPMEs; fomentar novos modelos de compartilhamento e assunção de risco (open banking) – estabelecer parcerias com fintechs; promover o empreendedorismo; apoiar a formulação e a estruturação de políticas públicas de inovação; aumentar o apoio à transformação digital para administração pública; estruturar/investir em fundos com foco em inovação e empreendedorismo; contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica com redução das desigualdades educacionais no país; dentre outras (BNDES). Recapitulando a Unidade 3 A estrutura do Sistema Financeiro Nacional é constituída por amplo conjunto de instituições que executam a política monetária sob a coordenação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O Sistema funciona, assim, com base em missão definida pelo art. 192 da Constituição Federal; com o propósito constitucional de realizar os objetivos da política macroeconômica do País. Destacam-se, dentre os operadores do Sistema Financeiro Nacional, as bolsas de valores; a Caixa Econômica Federal e os demais bancos; os administradores de consórcios; as corretoras e distribuidoras; as cooperativas de crédito; as instituições de pagamento e demais instituições não bancárias; a bolsa de mercadorias e futuros; as entidades abertas de previdência; as entidades fechadas de previdência complementar; os seguradores e resseguradores; e as sociedades de capitalização. Na prática, o SFN executa as políticas monetárias relativas aos seguros privados de moeda, câmbio, crédito, capitais e previdência fechada. No âmbito desse sistema é que agentes deficitários da economia buscam recursos emprestados dos agentes superavitários, que possuem os recursos disponíveis para ser emprestados. O SFN é fragmentado em dois tipos de instituições: as normativas e as operadoras, respectivamente; as que estabelecem regras e diretrizes para o bom funcionamento do mercado e as que têm por objetivo a obtenção do lucro, como bancos e corretoras. O grande regulador deste sistema é o Conselho Monetário Nacional, formado pelo Ministro da Economia – Presidente do Conselho; Presidente do Banco Central do Brasil (BACEN); Secretário Especial de Fazenda; de modo que o Banco Central do Brasil acabe funcionando, na prática, como secretaria-executiva do Conselho, uma vez que desempenha o papel de executor das resoluções definidas no âmbito do Conselho. Banco Central do Brasil4 Principal instituição financeira do país4.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016097044". O Banco Central (BC) é a principal instituição financeira governamental pelo fato de ser não só estratégico para a política macroeconômica do governo, mas funcionar de fato como o “banco dos bancos”, uma vez que é esta instituição quem fornece empréstimos exclusivos aos demais bancos com o objetivo de regular a liquidez ou mesmo evitar falências bancárias. Assim também é o Banco Central, que mantém os depósitos compulsórios dos bancos comerciais, controlando por meio deste mecanismo a multiplicação exagerada das moedas em circulação na economia. Tem, portanto, como objetivo central garantir a estabilidade da moeda e controlar o fluxo de crédito do Brasil; é ainda a instituição financeira responsável por cuidar das reservas internacionais (em ouro ou em moeda estrangeira) do governo. Vale considerar, no entanto, que ainda que o Banco Central seja a principal instituição em executar as ações de política monetária do governo, ele não é o único responsável pelo Figura 18 – Banco Central do Brasil Fonte: Senado Federal/Wikipedia. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/18.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/18.jpg crescimento econômico, uma vez que outras políticas de longo prazo, responsáveis pela expansão do PIB, tais como a política fiscal, comercial e de distribuição de rendas, estão fora da alçada do BC. O Banco Central do Brasil (também denominado BC, BACEN ou BCB) foi criado em 31 de dezembro de 1964 pela Lei nº 4.595 e iniciou suas atividades em março de 1965. No entanto, não era uma instituição que havia sido iniciada do zero. Sua fundação ocorreu a partir da antiga Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), além de acumular algumas funções que eram desempenhadas pelo Banco do Brasil ou pelo Tesouro Nacional. Em 24 de fevereiro de 2021, por meio da Lei Complementar nº 179, o BC passou a desfrutar de autonomia institucional. O Banco Central do Brasil é, portanto, autarquia de natureza especial caracterizada pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade durante seus mandatos, bem como pelas demais disposições constantes desta Lei Complementar ou de leis específicas destinadas à sua implementação. AUTARQUIA Serviço estatal descentralizado e com autonomia econômica, embora tutelado pelo poder público. No Brasil, surgiu depois de 1930 para atender o grande número de serviços que deveriam ser prestados pelo Estado e descentralizar os encargos em órgãos especializados dotados de orçamento próprio e maior flexibilidade (SANDRONI, 1999, p. 36). Videoaula - Autonomia do Banco Central Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969294". Estrutura do Banco Central4.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016097071". O BC está estruturado organizacionalmente por uma diretoria colegiada formada por nove membros, dentre eles o presidente e oito diretores, que comandam as seguintes diretorias: DIRAD: diretor administrativo; DIREX: diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos; DIFIS: diretor de fiscalização; DIORF: diretor de organização do Sistema Financeiro e controle de operações do crédito rural; DIPEC: diretor de política econômica; DIPOM: diretor de política monetária; DINOR: diretor de Regulação; e DIREC: diretor de relacionamento institucional e cidadania.Conforme se pode observar, desde a Lei nº4.595/21, passou a existir uma série de mecanismos que garantem estabilidade ao presidente e aos diretores do Banco Central. Embora a indicação do presidente e dos diretores do BC seja uma prerrogativa do Presidente da República, aqueles serão nomeados somente após a aprovação de seus nomes pelo Senado Federal. Outro aspecto interessante quanto a esta autonomia se refere ao mandato desses dirigentes do BC. O presidente (e o Senado) não podem trocar todos os membros diretivos da instituição, que têm, respectivamente, mandatos de 4 anos. O mandato do Presidente do BC terá início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da República; já os mandatos dos Diretores do Banco Central do Brasil terão duração de 4 (quatro) anos, observando-se a seguinte escala: I. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de março do primeiro ano de mandato do Presidente da República; II. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do segundo ano de mandato do Presidente da República; III. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do Presidente da República; e IV. 2 (dois) Diretores terão mandatos com início no dia 1º de janeiro do quarto ano de mandato do Presidente da República. O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil poderão ser reconduzidos apenas uma vez, por decisão do Presidente da República. Por outro lado, o Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil somente poderão ser exonerados pelo Presidente da República, nas seguintes condições: I. a pedido; II. no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo; III. quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos; IV. quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil. E, ainda assim, neste caso específico, competirá ao Conselho Monetário Nacional submeter ao Presidente da República a proposta de exoneração, cujo aperfeiçoamento ficará condicionado à prévia aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal (Lei nº 4.595/21). Funções do Banco Central do Brasil4.3 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016097096". O BC vem desempenhando suas funções desde a promulgação da Lei nº 4.595/64, criou o BCB com uma série de instrumentos legais que possibilitou ao BC desempenhar o papel de “banco dos bancos”. A lei reservou, ainda, a esta instituição o exercício do monopólio de emissão de papel-moeda e moedas metálicas, bem como a incumbência de executar os serviços do meio circulante, supervisionar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e executar as políticas monetária e cambial. Entre 1985 e 1988, novas medidas institucionais redefiniram as linhas de responsabilidade na atuação do BC ao separar as funções, com clareza, do BC, BB e Tesouro Nacional. Em 1986, foi extinta a conta movimento que marcava o relacionamento entre BCB e BB, e a transferência de recursos do BCB ao BB passou a ser claramente identificada nos orçamentos de cada uma dessas duas instituições. Em 1988, a Constituição Federal de 1988 passou a proibir o BC de conceder direta ou indiretamente empréstimos ao Tesouro Nacional. Dois anos depois, por meio do artigo 34 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000), impediu a emissão de títulos da dívida pública pelo BC para fins de política monetária, o que reforçou, mais ainda, a separação entre autoridade fiscal e autoridade monetária no Brasil (BRASIL, 2016, p. 8). Por último, garantiu-se a chamada autonomia do Banco Central, por meio da citada Lei nº 4.595/21. Função de monopólio de emissão4.3.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016097119". A função “Monopólio de Emissão” refere-se à gestão de todas as atividades relativas ao meio circulante. Busca satisfazer a demanda de dinheiro indispensável à atividade econômica e financeira do Brasil. Por meio dessas operações, o BC atende às demandas de numerário do sistema bancário, e, por consequência, do público, seja por meio da emissão ou do recolhimento do meio circulante. Casa da Moeda do Brasil (CMB) Fundada em 1694, a CMB foi fundada em Salvador com o propósito de auxiliar na circulação de riquezas durante o Brasil colonial. Atualmente, a CMB cumpre o papel estratégico de gerar valor, com confiança e segurança no meio circulante da economia brasileira. Ao longo de mais de três séculos, a história da CMB se confunde com a história do próprio País. Disponível em: www.casadamoeda.gov.br [https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html] . É importante destacar que o Banco Central não fabrica dinheiro – função reservada à Casa da Moeda do Brasil (CMB). O BC relaciona-se com a CMB por meio de contrato de fornecimento de cédulas e moedas. No caso específico da emissão ocorre quando o BC transfere papel-moeda para algum banco comercial por meio de débito de sua conta Reservas Bancárias para atender às necessidades de saques dos clientes nas respectivas contas-correntes. Dessa maneira, a emissão de papel- moeda pelo BCB reflete a demanda dos agentes econômicos por papel-moeda. Quando analisada a base monetária restrita brasileira (soma do papel-moeda emitido com as reservas bancárias), verifica-se uma relação direta entre a demanda do público por moeda, a reposição de moedas em função da inflação, bem como os objetivos da política monetária levados a cabo em cada um desses períodos: se expansionista, o período será marcado por maior emissão; se contracionista, por uma diminuição da base monetária. Tabela 6 – Evolução da base monetária restrita, inflação e PIB (%) Períodos R$ (milhões) 2015.01 = 100 Inflação anual (IGP-M) Evolução do PIB (%) 2015.01 238.524,69 100,76 2015 10,54 -3,6 2016.01 240.328,75 100,76 2016 7,17 -3,3 2017.01 262.392,20 110,01 2017 -0,52 1,3 2018.01 272.396,11 114,20 2018 7,54 1,3 2019.01 279.105,60 117,01 2019 7,30 1,1 https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/historia-da-cmb.html Períodos R$ (milhões) 2015.01 = 100 Inflação anual (IGP-M) Evolução do PIB (%) 2020.01 317.959,40 133,30 2020 23,14 -4,1 2022.01 417.976,20 175,23 2021 17,78 4,6 Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] ; www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_ 2021.pdf] e seriesestatisticas.ibge.gov.br [https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] . Em função das análises destas conjunturas, o BC poderá decidir por suas políticas de expansão da moeda ou até mesmo por instituir uma nova cédula, tal qual a de R$ 200,00, que passou a ser, desde o dia 2 de setembro de 2020, a nota de maior valor nominal, lançada desde o Plano Real, em 01/07/1994. Figura 19 – Nota de 200 reais Fonte: Central Bank of Brazil/Wikipedia. Em sua relação com os bancos comerciais, o BC recebe os depósitos (reservas) do sistema financeiro – por meio do mecanismo da taxa de redesconto; na outra ponta, também atua como o emprestador de recursos, ao mesmo tempo em que regula, monitora e fornece sistemas de transferência de fundos e de liquidações de obrigações. Função de banco dos bancos4.3.2 http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdfhttps://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/19.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/19.jpg Redesconto Operação bancária em que uma instituição financeira desconta títulos (duplicatas, promissórias etc.) que já foram anteriormente descontados por outra instituição. É uma operação que permite, à primeira casa bancária, fazer caixa para novos negócios, sem ficar imobilizada à espera do vencimento dos títulos. (SANDRONI, 1999, p. 514) Na prática, em sua relação com as instituições financeiras, o BC presta serviços e realiza operações, dentre elas: a. manutenção de contas nas quais são depositadas as reservas voluntárias e compulsórias do sistema financeiro (conta Reservas Bancárias e Conta de Liquidação); b. fornecimento de crédito para as instituições com necessidades transitórias de liquidez; c. intervenção, em casos de grandes riscos ao sistema, atuando como prestamista de última instância; d. atuação como vigilante do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB); e. operação do Sistema de Transferência de Reservas (STR), que é o sistema de transferência de fundos com liquidação bruta em tempo real (LBTR) que funciona com base em ordens de crédito, dadas pelo titular da conta a ser debitada. Vale lembrar que o STR é a base pela qual ocorrem as liquidações das operações interbancárias realizadas no mercado monetário, cambial e de capitais. É importante ter em mente que o BC poderá, ainda na sua relação com o sistema bancário, interferir no “tamanho” das reservas que os bancos podem operar no mercado – por meio do instrumento de regulação (para mais ou para menos) das reservas compulsórias; isso por meio da Lei nº 4.595/64, que autoriza o BC a determinar recolhimentos compulsórios de até 100% sobre os depósitos à vista e de até 60% sobre outros títulos contábeis das instituições financeiras, a critério da Diretoria Colegiada do BC – sempre com base nos objetivos da política monetária que esteja sendo perseguida pelo BC. Por meio desta taxa de “recolhimento” de parte dos recursos das instituições financeiras, o BC poderá influenciar o multiplicador monetário para mais, se este for o seu propósito, ou para menos, se o objetivo for promover a redução de liquidez da economia. Assim, em momentos de liquidez restrita, o BC pode diminuir o montante dos recolhimentos compulsórios, de modo a liberar mais recursos para as instituições financeiras emprestarem ao mercado, sobretudo em momentos de crises econômicas, quando políticas de expansão do crédito são implementadas com o objetivo de se reduzir os efeitos negativos desta crise sobre a geração de emprego e renda (BRASIL, 2016, p. 11-16). Ainda que de modo muito diferente do que ocorria no passado – quando os Bancos Centrais acabavam sendo utilizados pelos governos brasileiros como seus prestamistas – o BC segue sendo, de algum modo, o banqueiro do governo; no limite, aquele que executa as políticas monetárias do governo; porém, sob regras rígidas que impedem o uso especulativo dessa instituição. No caso do BC brasileiro, a própria Constituição de 1988 é taxativa quanto à proibição de empréstimos desta instituição ao governo. Posteriormente, de acordo com a Lei da Responsabilidade Fiscal, o BC só pode comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira. Desde então, o BC não pôde mais emitir títulos próprios, de forma que apenas títulos do Tesouro Nacional em circulação no mercado podem ser utilizados para fins de política monetária, e isso ocorre apenas por meio de operações de mercado aberto. No entanto, o BC continua como o principal banqueiro do governo, se for considerado que esta instituição opera suas contas governamentais mais importantes ao participar do manejo do fluxo de fundos do Estado, sobretudo, pelo fato de ser depositário e administrador das reservas internacionais brasileiras. Uma das consequências de haver uma grande concentração das operações bancárias governamentais no BC está no fato de que há uma estreita relação entre a composição dos orçamentos públicos, seu fluxo de fundos e o mercado de capitais – nacionais e internacionais. Em função da importância nas relações entre o BC e o Tesouro Nacional, e do impacto das ações do governo sobre a política monetária brasileira, o BC acompanha ordinariamente: a. a execução orçamentária do Governo Federal; b. as finanças dos Estados e Municípios; c. as finanças da administração indireta das três esferas de Governo; d. todos os financiamentos tomados pelo setor público no sistema financeiro; e. as necessidades de financiamento do Setor Público. Também na condição de banqueiro do governo o BC atua, em nome do Tesouro Nacional, nos leilões de títulos públicos federais, para administrar as reservas internacionais, representar o país junto a organismos internacionais e receber as disponibilidades de caixa da União. Assim, considerando-se que o governo é o maior agente econômico de uma economia nacional, suas operações financeiras, se mal geridas, poderiam gerar verdadeiros tsunamis financeiros ou diversos movimentos sazonais indesejados que poderiam impactar significativamente o volume dos créditos disponíveis nas instituições financeiras. Este é o motivo pelo qual as operações das contas do tesouro, por si só, se tornam poderosos instrumentos da política macroeconômica, Função de “Banqueiro do Governo”4.3.3 uma vez que sempre podem vir (às vezes, de modo indesejado) a interferir no comportamento do crédito e dos diversos agregados monetários. Sob uma perspectiva da economia internacional e em sua condição de depositário e administrador dos ativos internacionais do Brasil, o BC age para que a estrutura das moedas – das reservas internacionais – e dos prazos, bem como o equilíbrio entre rendimentos, risco e incerteza sejam adequados à natureza desses recursos. Assim, a concentração das divisas no BC permite a esta instituição de Estado compre e venda divisas sempre que o objetivo desta instituição for o de diminuir a volatilidade e a especulação da moeda brasileira no mercado cambial (BRASIL, 2016, p. 20). Embora algumas instituições financeiras se reportem a outros órgãos de controle, como a bolsa de valores, que é controlada pela CVM, nenhum caso de fiscalização é totalmente exógeno ao BC, pois, de algum modo, a supervisão exercida pelo Banco Central acaba sendo, ainda que indiretamente, a responsável pela estabilidade, pela eficiência e pelo desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional (SFN). A fiscalização do BC começa pela limitação do número de participantes que atuarão no SFN e pelo critério de capital mínimo para atuar no mercado, dado o risco de insolvências – dado que a avaliação da qualidade dos ativos acaba por se constituir uma das tarefas mais complexas da supervisão deste Sistema. Função de Supervisor do Sistema Financeiro 4.3.4 Modelo de Supervisão aplicado pelo BCB 1. Monitoramento robusto, complexo e intrusivo, por meio de processo de captura de dados e informações, que são processadas e utilizadas na geração de informações e análises para subsidiar o processo de supervisão. 2. Supervisão direta sobre as entidades financeiras (instituições bancárias, cooperativas de crédito e instituições não bancárias), tanto no enfoque prudencial quanto no de conduta. 3. Processo de planejamento estratégico, integração e suporte, responsável por integrar os processos acima, por meio de ações de planejamento e coordenação, de modo a garantir a maior eficiência possível ao modelo. (BRASIL, 2016, p. 25) Acrescente-se ainda que, em função do avanço da internacionalização das economias, algumas regras de supervisão adotadas, nacionalmente, estão vinculadas a acordosinternacionais. Logo, parte da supervisão ocorre também a partir de regras de procedimentos ditadas por instituições supranacionais, uma vez que instituições nacionais acabam vinculadas ao Sistema Financeiro Internacional por meio de normas internacionais adotadas, mediante assinatura de acordos firmados entre os diversos bancos centrais dos mais variados países. Estes acordos, vale lembrar, conferem garantia suplementar de solidez ao sistema financeiro do país signatário – algo que se tornou um pré-requisito indispensável em tempos de globalização crescente das transações financeiras. Desse modo, os acordos internacionais são incorporados ao SFN por meio das formulações de políticas públicas implementadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. Assim, as tomadas de A restrição ao tipo de atividade em que as instituições financeiras podem se envolver constitui vertente da regulação em muitos países. Em alguns casos, a atividade financeira se segmenta, com instituições especializadas em determinadas atividades, como, por exemplo, banco comercial e de investimento. Em outros, proíbem-se ou limitam-se aos bancos qualquer atividade extrabancária e, ainda, a manutenção de ações de companhias em seus ativos. Em contraposição, alguns esquemas de regulação não estabelecem restrições ao tipo de atividade que as instituições desenvolvem (BANCO CENTRAL, 2016, p. 22). decisões por este Conselho são incorporadas ao mercado nacional, colocadas em vigor por meios de resoluções, divulgadas por meio de cartas-circulares, emitidas pela Diretoria responsável pelos aspectos operacionais do BC. Em síntese, pode-se afirmar que a missão do BCB é assegurar a solidez do SFN e regular o funcionamento das entidades bancárias e não bancárias que operam no Brasil. Para tanto, o BCB: a. autoriza entidades a funcionar; b. regula o funcionamento dessas entidades; e c. executa ações de monitoramento e de supervisão dessas entidades. Neste processo de supervisão, o BCB acompanha o ritmo da evolução do mercado financeiro nacional, adaptando seus processos de trabalho às melhores práticas recomendadas e adotadas internacionalmente. O planejamento e a execução da política monetária é, de longe, a principal atividade do Banco Central. Sobretudo porque a política monetária interfere na evolução dos meios de pagamentos, o que implica demanda por criação (ou recolhimento) de papel-moeda, por meio dos seguintes mecanismos clássicos dos bancos centrais: a. recolhimentos compulsórios; b. redesconto; c. operação de mercado aberto. Por meio das alíquotas e das taxas que venha a pagar ao mercado, o BC define sua política como expansionista ou contracionista; com maior ou menor efeito multiplicador da moeda nacional, uma vez que o BC tanto poderá optar por expandir a liquidez da economia quanto poderá, em casos de alta da inflação, esterilizar parte desses meios circulantes, reduzindo a capacidade das instituições de crédito de conceder ou realizar investimentos. Já a estratégia de se utilizar a taxa de redesconto como instrumento da política monetária soa mais branda, dado o fato de que as instituições financeiras não estão obrigadas a vender ou comprar títulos do governo. No entanto, se o objetivo do BC for vender títulos públicos ao mercado, para provocar uma redução da liquidez, o BC teria que se propor a pagar uma taxa de juros (prêmio) que viesse a “encantar” o mercado, atraindo os agentes a trocar dinheiro (moedas) por papéis do Tesouro. O contrário também pode vir a ocorrer; de o BC comprar títulos públicos em troca de meios circulantes – aumentando assim as reservas dos bancos e, por consequência, a expansão dos créditos. De modo que a maior oferta de crédito acabará implicando – ou, pelo menos, é o que Função de executor da política monetária4.3.5 seria o esperado – redução da taxa de juros cobradas pelos bancos (lembrando que, quanto maior for a oferta de crédito, menor será o preço do dinheiro). Em resumo, pode-se concluir que a ação do BC para a realização de uma esperada política monetária consistira em: recolhimento de compulsórios; operações de redesconto (que se assemelha à assistência financeira); operações de mercado aberto. Essas operações poderão ser implementadas juntas ou isoladamente, o que em todos os casos citados resultariam em impactos na liquidez do sistema financeiro, impactando por consequência nos patamares das taxas de juros praticados na economia nacional. Os juros sempre (desde 1º/07/1999) vem sendo perseguidos pelo BC, tendo em vista o regime de metas da inflação do País. Desde 1999, a taxa de câmbio no Brasil é formada a partir da demanda e da oferta por divisas. Consideram-se que demandam divisas os agentes econômicos que necessitam efetuar pagamentos no estrangeiro, seja por causa de importações de bens e serviços, realização de viagens ao exterior ou outros motivos. Na condição de ofertantes de moedas estrangeiras estão aqueles agentes econômicos que realizam a exportação de bens ou serviços em geral, ou que contrataram empréstimos no exterior, e que precisam entrar com esses recursos no Brasil. Até então o câmbio era fixo, o que significa dizer que as autoridades monetárias brasileiras fixavam o preço das divisas internacionais em termos da moeda nacional, em território brasileiro. Para garantir esta paridade, o BC se comprometia a comprar ou vender a moedas estrangeiras de acordo com as respectivas taxas estabelecidas. Função de executor da política cambial4.3.6 Normatização da política cambial A responsabilidade pela normatização das operações da política cambial, das reservas e das demais atribuições da área financeira externa é do Conselho Monetário Nacional. A execução da política cambial cabe ao BC. Para isso, o BC mantém ativos em ouro, títulos e moedas estrangeiras para atuação nos mercados de câmbio, que compõem as reservas internacionais do País, de forma a contribuir para a sustentabilidade das contas externas, bem como evitar a volatilidade excessiva da moeda, de acordo com as diretrizes da política econômica. (BRASIL, 2016, p. 32) Em função desta oferta e demanda por moedas internacionais, compete à autoridade monetária brasileira executar a política cambial, promovendo a troca de moedas. Para tanto, o País necessita manter uma reserva de divisas internacionais (compostas principalmente por títulos, depósitos em moedas – dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar australiano –, direitos especiais de saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), depósitos no Banco de Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos), de modo que possa efetivar as respectivas trocas (câmbio) e que possam as transações de importações e importações de divisas no território nacional possam fluir; isso tudo sem se deteriorar o poder de compra da moeda nacional em relação ao mercado internacional. Com a instituição do câmbio flexível no Brasil, a taxa cambial passou a ser formada pela ação dos agentes demandantes e ofertantes de moeda estrangeira no mercado de câmbio; em contrapartida, reduziu-se bastante a necessidade de interferência da autoridade monetária, diante do fato de que a autoridade monetária se desobriga a ter de sustentar os preços das moedas estrangeiras em território nacional. Vale destacar que, ainda que o câmbio seja flexível e regulado pelo mercado, o Banco Central está autorizado a comprar (ou vender) moedas estrangeiras, ouro e realizar operações de crédito no exterior, nos termos da Lei nº 4.595, segundo a qual o BC tem de, obrigatoriamente, manter um nível mínimo de reservas que assegure suficientes recursos equivalentes à média mensal das importações brasileiras dos últimos 12 meses, durante um período mínimo de quatro meses. Neste regime de livre flutuação cambial brasileiro, não há, portanto, um nível considerado ótimo ou péssimo para a taxa de câmbio. A atuação do BC se limitará apenas a garantir condiçõesadequadas de desenvolvimento de preços, evitando casos extremos de falta ou de excesso de liquidez no mercado interbancário. A compra ou venda de moedas internacionais acontece, em geral, por meio da realização de leilões eletrônicos de câmbio, em que o BC recebe ofertas para compra ou venda de dólares norte-americanos, por exemplo, mediante entrega ou recebimento de moeda nacional. Prática profissional - NOVO AUMENTO da Taxa Selic! É hora de INVESTIR na RENDA FIXA?! Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969558". Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://www.youtube.com/watch?v=G2JD_e3lBZs". Recapitulando a Unidade 4 O Banco Central do Brasil, criado em 1964, é, de longe, a principal instituição financeira do País, o que o torna estratégico para a execução da política macroeconômica brasileira. Funciona como um banco dos bancos ao mesmo tempo em que age como agente financeiro do governo. Sua estrutura organizacional é protegida por lei, de modo que seus nove diretores (inclusive o presidente, possuem estabilidade suficiente para suportar pressões políticas que poderiam retirá-los do mandato, de quatro anos, antes do prazo. Embora a indicação do presidente e dos diretores do Banco Central seja uma prerrogativa do Presidente da República, estes serão nomeados somente após a sabatina de seus nomes pelo Senado Federal; o que indica que seus cargos pertencem ao Estado, e não mais ao governo de plantão. A autonomia permite ao BC, portanto, realizar suas tarefas a partir de critérios técnicos tendo em vista que, dentre suas missões, está o monopólio da emissão de papel-moeda (e moedas), bem como a tarefa de executar políticas monetárias e cambiais – que poderiam ferir interesses de grupos econômicos poderosos. Vale ter em mente que o Banco Central não fabrica dinheiro – função reservada à Casa da Moeda do Brasil (CMB). Cabe ao BC decidir o volume de entrada desse dinheiro em circulação, sempre em função da demanda do público por moeda, a necessidade de reposição de meios de pagamento em função da inflação ou para atender os objetivos da política monetária levados a cabo em cada uma das conjunturas pelas quais passa o País. Especificamente em relação à questão cambial, em sua condição de depositário e administrador dos ativos internacionais do Brasil, o BC agirá de modo que as reservas internacionais sejam adequadas aos fluxos internacionais da economia brasileira. Em síntese, o BC se sobressai como o grande supervisor do Sistema Financeiro Nacional (SFN) que regula desde a quantidade de participantes deste mercado quanto o volume de recursos que essas instituições financeiras podem disponibilizar para o público. Sempre com vistas a reduzir os riscos de insolvências que poderiam pôr em crise todo o SFN. Em sua condição de executor, o BC destaca-se no planejamento e na execução da política monetária, sobretudo pelo caráter de “interventor” no mercado por meio de seus poderosos instrumentos: Recolhimentos compulsórios; Redesconto; Operação de mercado aberto. Em relação ao mercado internacional, compete ao BC executar a política cambial, promovendo a troca de moedas necessária para a realização dos fluxos de comércio internacional – o que acaba por demandar uma reserva de divisas internacionais à altura desses fluxos de comércio. Pode-se, portanto, concluir que a missão-fim do Banco Central é contribuir para a promoção da eficiência, do desenvolvimento e da saúde do sistema financeiro brasileiro. Considerações finais Esperamos que o conteúdo do material lhe tenha servido para avançar na sua compreensão de temas econômicos que lhe facilitem a compreensão e a análise do papel da política macroeconômica brasileira e de seus impactos no planejamento estratégico das organizações. Que os fundamentos básicos da Economia, sejam eles os do campo da microeconomia – relativos aos conceitos da oferta e demanda, os atinentes à produção e os custos das empresas; a produção e o preço dos serviços, tais como os bens e os fatores de produção – ou sejam os relativos à macroeconomia – que tratam dos grandes agregados econômicos –, tenham contribuído para a compreensão de algumas das relações cotidianas praticadas pelos bancos comerciais, pelo mercado financeiro e por outros temas a estes conexos. Sobretudo aqueles relacionados aos fundamentos macroeconômicos aplicados à economia brasileira, denominados pelos economistas “tripé macroeconômico”, implementado no Brasil a partir de 1999. Deve ser dedicada especial atenção para o profissional responsável pelo planejamento estratégico, voltado à organização de metas e à tomada de decisões que impactam o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, formado pelo conjunto de instituições que operam a política monetária do governo, sob a gestão do Conselho Monetário Nacional (CMN). Atenção especial também, deve ser dada às ações cotidianas do Banco Central do Brasil por meio de suas cartas-circulares, Atas do Copom etc., uma vez que este é o supervisor do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e a instituição responsável por assegurar a solidez desse Sistema; na verdade, ele é o grande regulador do funcionamento das entidades bancárias e não bancárias que operam no Brasil. Sem dúvida, esta é uma instituição que contribui diretamente para a eficiência, o desenvolvimento e a saúde do sistema financeiro brasileiro. Autoria Autora Possui graduação em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1996) e especialização em Marketing (2010) também pelo Mackenzie. Fez mestrado (2012) e doutorado (2018) em Administração com foco em Gestão Internacional, ambas titulações pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing (2012). Atualmente, é professora da ESPM nos cursos de graduação. É membro do NDE – Núcleo Docente Estruturante do curso de Cinema e Audiovisual e gestora de curso de Educação Executiva para parceria ESPM e Apex Brasil. Pesquisa as áreas de organização industrial e economia criativa. Atuou como coordenadora no PEIEX da APEX – orientação para exportação. Ministrou diversos cursos de curta duração e de pós-graduação, nas modalidades presencial e a distância. Curriculum Lattes: lattes.cnpq.br [http://lattes.cnpq.br/3331296146662983] . Neusa Santos de Souza Nunes http://lattes.cnpq.br/3331296146662983 http://lattes.cnpq.br/3331296146662983 Glossário Plataforma digital que possibilita que ações e outros ativos financeiros sejam negociados de forma eletrônica, via internet. Esse sistema contém praticamente todas as funcionalidades necessárias para que investidores possam realizar as mais diversas categorias de investimentos, inclusive a negociação com derivativos. Situação do mercado financeiro internacional, especialmente o cambial, quando uma moeda de determinado país se encontra debilitada e seu governo não tem reservas suficientes para evitar uma desvalorização. (SANDRONI, 1999, p. 34) Registro de todas as transações de caráter econômico-financeiro realizadas por residentes de um país com residentes dos demais países. (SANDRONI, 1999, p. 41) É quando a autoridade monetária fixa o preço internacional da moeda nacional. Para sustentar a paridade, o banco central se compromete a comprar ou vender a moeda à taxa estabelecida. (BRASIL, 2016, p. 31) A taxa cambial é formada pela atuação dos agentes demandantes e ofertantes de moeda estrangeira no mercado cambial, sem a interferência (ou com pouca interferência) da autoridade monetária. Nesse regime, a autoridade monetária não se compromete a sustentar um preço internacional para a moeda nacional. (BRASIL, 2016, p. 31) Medido por meio do índice EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), que estima o desempenho diário dos títulos da dívida dos países emergentes em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Home broker Ataque especulativo Balanço de pagamentos Câmbio fixo Câmbio flexívelRisco-Brasil Taxa de câmbio Preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional (Banco Central do Brasil). Instrumento de política econômica utilizado para estabilizar o valor de uma moeda, fixando-se seu valor na taxa cambial. O instrumento é empregado nos casos de inflação acelerada ou de hiperinflação, em conjunto com outras políticas (congelamento de preços), para estabilizar os preços e as desvalorizações da moeda. (SANDRONI, 1999, p. 27) Âncora cambial Bibliografia BRASIL. Banco Central do Brasil. Funções do Banco Central. Brasília: GERIN. out. 2016. (Série Perguntas mais Frequentes). BRASIL. Banco Central do Brasil. Conversor de moedas. Disponível em: www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/conversao] . Acesso em: 20 mar. 2022. BRASIL. Banco Central do Brasil. Panorama do sistema de consórcios. Brasília: dezembro de 2020 (publicação anual do Banco Central do Brasil). Disponível em: www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorci os_relatorio_2021.pdf] . Acesso em: 1 mar. 2022. BRASIL. Lei Complementar nº 101. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 4 maio 2000. Disponível em: www.planalto.gov.br [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm] . Acesso em: 24 mar. 2022. BRASIL. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão n 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais n 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo nº 186/2008. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2016. Disponível em: www2.senado.leg.br [https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf] . Acesso em: 20 set. 2022. IPEADATA. Dados econômicos e financeiros do Brasil em séries anuais, mensais e diárias na mesma unidade monetária. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília, 2022. Disponível em: www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . Acesso em: 20 set. 2022. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Carga Tributária Bruta, 1947- 2011. 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Disponível em: sisweb.tesouro.gov.br Bibliografia Clássica os os https://www.bcb.gov.br/conversao https://www.bcb.gov.br/conversao https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/panoramaconsorcio/panorama_consorcios_relatorio_2021.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:38233 [https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:38233] . Acesso em: 20 set. 2023. GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Fundamentos de Economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. JARDIM, Eric; LORRANY, Ludmilla. Evolução recente do mercado de crédito imobiliário no Brasil. Brasília: Radar; Ipea/Diset, ago. 2020, n. 63. MODIANO, Eduardo Marco. A ópera dos três cruzados, 1985-1990. In: ABREU, PAIVA, Marcelo de (org.). A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller, 1999. Bibliografia Geral https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:38233riqueza da economia nacional depende do aumento da população e do incremento do volume de metais preciosos no país; 3) o comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de uma balança comercial favorável que se aumenta o estoque de metais preciosos; 4) o comércio e a indústria são mais importantes para a economia nacional que a agricultura. Essa concepção levava a um intenso protecionismo estatal e a uma ampla intervenção do Estado na economia (SANDRONI, 1999, p. 383). Já para os economistas alinhados com os pensamentos da Escola Clássica (Adam Smith; John Stuart Mill, David Ricardo, Malthus, Stuart Mill, McCulloch, Senior e Jean Baptiste Say), a fonte original do valor estava no trabalho; ideia sintetizada pela teoria do valor-trabalho. Filosoficamente falando, esses economistas se identificavam com os preceitos do liberalismo e do individualismo, o que contribuiu para a defesa dos princípios da livre-concorrência – que foram decisivos para a expansão da influência do pensamento desta escola de pensamento econômico desde o processo revolucionário burguês do século XVIII até as ideias neoliberais da atualidade. De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014, p. 38), a teoria do valor-trabalho se contrapõe à teoria do valor-utilidade. Enquanto a primeira pressupõe que o valor de um bem se origina do trabalho, logo, é definido a partir dos custos de produção, a teoria do valor-utilidade pressupõe que o valor das mercadorias (bens e/ou serviços) será definido do lado da demanda, pois está diretamente relacionada à utilidade que o bem representa para o consumidor. O valor, sob esta ótica da teoria do valor-utilidade, seria algo subjetivo. Ainda de acordo com esses autores: O valor-utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o consumidor. O valor de troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda de um bem. (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 38) Os problemas econômicos fundamentais 1.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096766". Apesar de haver diferentes formas de interpretação do objeto da economia entre as mais variadas escolas de pensamento, existem alguns pressupostos comuns. Um deles é que, em todas as sociedades humanas, os fatores de produção são limitados, ao passo que as necessidades humanas são ilimitadas. Isso porque essas necessidades se renovam a todo tempo devido ao aumento da população ou em função da elevação do padrão de vida. Prevalece, assim, em todas as sociedades um problema econômico central, advindo da escassez. Esse problema obriga a estas sociedades a ter que escolher um modo de encontrar alternativas de produção (de bens e serviços) e maneiras de distribuir os resultados (alcançados coletivamente) entre os vários grupos e as classes sociais da sociedade. Em síntese, pode-se deduzir que, em função da escassez (dos fatores de produção), originam-se os principais problemas econômicos, a saber: O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Em função do modo como cada uma das sociedades resolve essas questões implicará formas de organizações econômicas distintas de cada país – ou em outros termos – do sistema econômico de cada país: capitalista (regido pelas forças de mercado); socialista (regido pelo Estado, que controla as forças de mercado), a exemplo da Coreia do Norte e Cuba ; ou um misto entre esses dois modelos, os chamados “socialismo de mercado”, como a China, ou o “capitalismo de estado”, como a Rússia (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 5). No limite, toda sociedade humana, independentemente de seu sistema econômico, acaba tendo que decidir, “o que e quanto”, “como“ e “para quem” produzir, levando em conta, portanto, sua curva de possibilidade de produção: um conceito teórico que apresenta como os recursos produtivos podem ser distribuídos para a produção máxima de um país, quando esta sociedade consegue empregar plenamente seus fatores de produção – quando todos os trabalhadores estão empregados e todos os demais meios de produção (terra, capitais e tecnologias) são utilizados em sua capacidade total. A título de exemplo, suponha que um determinado país – por meio do uso de toda a sua capacidade produtiva – construa apenas máquinas ou produza alimentos (situação em que este país tenha de escolher: produzir uma coisa ou outra com seus meios de produção). Tabela 1 – Possibilidade de produção de um país hipotético Alternativas de produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) A 30 0 B 25 35 C 20 52 D 5 65 E 0 75 Fonte: Elaborado pela autora (2022). Na primeira alternativa de produção (A), todos os fatores de produção seriam investidos na produção de máquinas, não restando outros recursos (fatores de produção) para a produção de alimentos. Na alternativa B, no entanto, parte dos fatores de produção seriam investidos em 25 mil máquinas, mas também em 35 toneladas de alimentos. Se o país escolhesse a alternativa C, produziria um pouco menos de máquinas (apenas 20 mil); em compensação, sobrar-lhe-ia recursos para produzir mais alimentos (52 toneladas). Idem para a situação E. Porém, se o país resolvesse alocar todos seus trabalhadores, seus capitais, seus recursos naturais e suas tecnologias para produzir apenas alimentos, produziria uma quantidade máxima (de 75 toneladas); em compensação não teria recursos para a produção de máquinas. Quando um país investe os fatores de produção para a produção de um bem (máquinas, por exemplo), ele deixa de produzir outro bem (alimentos, por exemplo). Em Economia, aquilo que o país “sacrificou”, ou seja, aquilo que ele deixou de produzir, pode ser nomeado custo de oportunidade. No exemplo da Figura 1, o país hipotético, ao usar todos os seus fatores de produção para produzir uma coisa só (30 mil máquinas), ficou sem recursos para produzir 75 toneladas de alimentos; logo, o custo de oportunidade para se produzir 30 mil máquinas (no exemplo da Tabela 1) equivale a 75 toneladas de alimentos. E, no caso B, ao se produzir apenas 25 mil máquinas, o custo de oportunidade foi de apenas 40 toneladas de alimentos (75-35), uma vez que apenas uma parte dos recursos foram destinados às máquinas – o que fez com que “sobrasse” outra parte de recursos, que foram investidos para a produção de 35 toneladas de alimentos. Assim, ao se estimular os investimentos em equipamentos militares, por exemplo, o governo deste país hipotético acabaria estimulando menos investimentos em outros setores (educação, saúde, moradia etc.), uma vez que os fatores de produção deste país (e de todos os outros) são limitados. Limitados por quem? Pelo total de recursos (fatores de produção existentes no interior daquele país hipotético). Para produzir além da sua capacidade produtiva, o país hipotético teria de aumentar sua quantidade física de fatores de produção (+ trabalho – ou mais qualificação profissional - e/ou + recursos naturais, e/ou + capitais, e/ou + produtividade via inovações tecnológicas) ou maior eficiência produtiva organizacional das empresas. Por meio dessas estratégias, dentre outras, é que a economia do exemplo (conforme Tabela 1) poderia ampliar a produção de seus bens e/ou serviços. Videoaula - Sistemas econômicos Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968295". Microeconomia1.3 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096796". Conforme define Sandroni (1999, p. 388), a microeconomia caracteriza-se como um ramo da ciência econômica por estudar o desempenho das unidades de consumo representadas pelas famílias e pelos indivíduos; a produção e os custos das empresas; a produção e o preço dos serviços, bens e fatores de produção. Vale lembrar que ambos os ramos da economia (Micro e Macroeconomia)se inter-relacionam. Por meio de uma análise micro, é possível detectar variações “microscópicas” de oferta e demanda que às vezes acabam impactando o conjunto da economia como um todo. Por exemplo: o aumento de preços do trigo (um setor específico da economia, portanto, micro) poderia acarretar aumentos de preços de uma enorme gama de produtos da economia – daqueles em que o trigo é utilizado como insumo – gerando inflação; o que poderia contribuir para o aumento da inflação de uma cesta maior de produtos, bens e/ou serviços que acabariam por afetar o conjunto da economia como salários, taxas de juros etc. (ou seja, afetaria a política macroeconômica deste país). A abordagem microeconômica, portanto, além de oferecer subsídios para uma análise da procura, da teoria da firma (e das teorias da produção), dos custos e dos rendimentos constitui ainda o fundamento indispensável para a análise da oferta. Vale destacar que a abordagem macroeconômica da economia representa uma ferramenta útil para se estabelecer políticas e estratégias com vistas a se realizar um bom planejamento empresarial, podendo subsidiar nas seguintes decisões, a saber: política de preços da empresa; previsões da demanda e faturamento; previsões de custo de produção; decisões ótimas de produção [melhor combinação de fatores de produção]; Figura 2 – Painel numérico Fonte: Ahmad Ardity/Pixabay. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/02.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/02.jpg avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da compra de equipamentos; ampliação da empresa); política de propaganda e publicidade (como a preferência do consumidor pode afetar a procura do produto); localização da empresa; diferenciação de mercados (preços diferenciados em função da oferta em diferentes mercados consumidores do mesmo produto) (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 32). Em seu conjunto, a microeconomia pode ser dividida para a realização das seguintes análises, a saber: da demanda; da oferta e a análise das estruturas de mercado de bens e serviços (concorrência perfeita; concorrência monopolista; monopólio e oligopólio) ou estruturas de mercado de fatores de produção (concorrência perfeita; concorrência monopolista; monopsônio e oligopsônio). Define-se por demanda (ou procura) a quantidade de bens ou serviços que o conjunto dos consumidores de um determinado mercado deseja e efetivamente está disposto a adquirir em determinado espaço de tempo e por um preço determinado. Esta procura dependerá de algumas variáveis, tais como preço do bem ou serviço, renda do consumidor, preços dos outros bens, gosto e preferência do consumidor; além de outros fatores como a sazonalidade, localização dos consumidores. Para se estudar cada uma dessas variáveis isoladamente, utiliza-se uma hipótese denominada coeteris paribus, a partir da qual se considera que todas as outras variáveis permanecerão inalteradas. Demanda de mercado1.3.1 Coeteris paribus é uma expressão em latim que significa “permanecendo constantes todas as outras variáveis”. É muito utilizada em economia quando se deseja avaliar as consequências de uma variável sobre outra, supondo-se que as demais (variáveis) permanecem inalteradas (SANDRONI, 1999, p. 71). Pressupõe-se, assim, por meio da lei geral da demanda, que existe uma relação direta entre a quantidade procurada e o preço do bem. Tabela 2 – Relação entre oferta e demanda: preço e quantidade demandada Situação Preços (R$) Quantidade demandada A 1,0 11.000 B 3,0 9.000 C 6,0 6.000 D 8,0 4.000 E 10,0 2.000 Fonte: Elaborado pela autora (2022). Na situação A, por exemplo, considerando-se que o produto seja ofertado a R$ 1,00, sua quantidade demandada chegaria a uma quantidade máxima neste mercado: 11 mil unidades, o que parece indicar uma situação de preço favorável ao demandante; no entanto, conforme este preço sobe, como no caso C, a quantidade demandada acaba por se reduzir, indicando que menos demandantes reúnem as condições ou desejos de adquirir aquele produto, naquele nível de preço. No caso extremo apresentado na Tabela 2, se o preço do produto aumentar de R$ 1,00 para R$ 10,00 a quantidade demandada irá se reduzir de 11 mil para apenas 2 mil unidades do mesmo produto. Se, do lado da demanda [ou procura] observa-se o ponto de vista do comprador, do ”outro lado” se verifica o fenômeno oposto: o do vendedor (ou do ofertante). Assim como ocorre com a demanda, a oferta vai depender de alguns fatores, a saber: a) do preço que os demandantes estão dispostos a pagar; b) do custo que o ofertante pagou nos fatores de produção; e c) da meta ou dos objetivos dos ofertantes (vendedores). De acordo com a lei geral da oferta, existe uma relação direta entre a quantidade que os vendedores vão ofertar e o nível de preços que os compradores estão se mostrando dispostos a pagar, ceteris paribus. Oferta de mercado1.3.2 Observe, na Figura 3, a coluna que indica os preços que os compradores estão dispostos a pagar pelo mesmo produto. Se os compradores estiverem dispostos a pagar até R$ 10,00 pelo produto, o vendedor se animará a ofertar mais, pois será estimulado pelo preço alto; assim, buscará vender o máximo de produtos para aqueles consumidores cheios de vontade de gastar. Ainda de acordo com a Figura 3, ao preço de R$ 10,00 serão ofertadas 11 mil unidades de produtos – diante de preços máximos, a oferta atingirá o seu ponto mais alto. Se os compradores resolverem pagar um pouco menos pelo produto, por exemplo R$ 8,00, o vendedor se animará menos e por isso vai ofertar menos mercadorias neste mercado; ou seja, vai se produzir menos! No caso em que os compradores demonstrem que estão dispostos a pagar apenas R$ 1,00 pelo produto, o vendedor desanimará de vez! Neste caso, do exemplo mostrado no gráfico, o ofertante passará a ofertar apenas 2 mil unidades do produto. Mas, se ninguém estiver interessado em pagar pelo produto – ou seja, se o demandante estiver disposto a pagar R$ 0,00 (zero reais), não haverá nenhum estímulo para que apareça oferta para este produto. Conforme visto no gráfico (Figura 3), caso haja excesso de procura, o preço tenderá a subir, beneficiando mais o vendedor (ofertante); caso haja excesso de oferta, o preço tenderá a cair, beneficiando o comprador (demandante). Haverá, no entanto, uma situação de equilíbrio entre demanda e oferta; aquela em que a quantidade demandada é atendida plenamente pelo ofertante – nem a mais, nem a menos; situação em que a quantidade ofertada seria de tal modo equilibrada que seria absorvida plenamente pelos clientes (demandantes). Tabela 3 – Situação de equilíbrio entre a demanda e a oferta Figura 3 – Relação da oferta em função da demanda Fonte: Elaborado pela autora (2022). Tendência ao equilíbrio entre a oferta e a demanda 1.3.3 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/03.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/03.png Situação Preço Demanda (unidades) Oferta (unidades) Situação do mercado A 1,0 11.000 1.000 Escassez de oferta B 3,0 9.000 3.000 Escassez de oferta C 6,0 6.000 6.000 Equilíbrio D 8,0 4.000 8.000 Escassez de demanda E 10,0 2.000 10.000 Escassez de demanda Fonte: Elaborado pela autora (2022). De acordo com a Tabela 3, ao preço de R$ 6,00 (seis reais/unidade) o ofertante se animaria a ofertar até 6 mil unidades de seu produto, e esta seria a melhor situação para ele, uma vez que faturaria o equivalente a R$ 36.000,00. Este faturamento é muito superior ao que seria alcançado se ele vendesse mais unidades, 11 mil delas ao preço de apenas R$ 1,00 cada; ou se vendesse apenas 2 mil unidades ao preço de R$ 10,00, situação em que faturaria R$ 20.000,00. Do mesmo modo em que a Situação C de equilíbrio beneficiaria o comprador (demandante). Ao preço de apenas R$ 1,00 por unidade, o consumidor teria de disputar os apenas 1.000 produtos ofertados com outros 10.999 clientes. E, neste caso, 10.000clientes não encontrariam o produto no mercado. Ao preço de R$ 10,00 por unidade (situação E), grande parte dos consumidores (8.000 deles) ficaria sem o produto, pois a mercadoria ficaria muito cara e seria adquirida apenas pelos 2.000 consumidores com maior poder aquisitivo. Neste caso extremo, sobrariam produtos no mercado por falta de clientes com condições de comprar. Assim, se para a maioria dos demandantes não é negócio pagar preços máximos de R$ 8,00 a R$ 10,00 pelo produto, também não é o melhor negócio para o ofertante vender seu produto a preços mínimos, a R$ 3,00 ou a apenas R$ 1,00 por unidade. Este é o motivo pelo qual R$ 6,00 parece ser o preço que beneficia tanto o comprador (demandante) quanto o vendedor (ofertante). No entanto, o que acontece se o ofertante, neste mercado equilibrado, que vende 6.000 unidades a R$ 6,00, resolver dar um desconto de 25% no preço, passando-o a R$ 4,50 e perceber que a quantidade demandada se ampliou para 7.000 unidades? Em quantos por cento serão aumentadas suas vendas? Cada produto possui uma sensibilidade às variações dos preços por eles cobrados ou a variação da renda dos consumidores. Nem sempre o desconto de 25% em um produto resultará em um Conceito da Elasticidade-preço da demanda 1.3.4 aumento de 25% em suas vendas. O fato de se reduzir o preço do sal não significa que as pessoas passarão a consumir mais deste produto, apenas para “aproveitar” o preço. O conceito de elasticidade torna-se, portanto, uma ferramenta para empresas, pois permite estimar a reação dos consumidores diante da variação de preços ou diante da redução da renda desses mesmos consumidores. Com base em Garcia e Vasconcellos (2014, p. 53), pode-se expressar o conceito de Elasticidade- preço da demanda (EpD) da seguinte forma: Consideremos: P0 (preço inicial) = R$ 6,00 P1 (preço final) = R$ 4,50 Q0 (quantidade demandada), ao preço (P0) de R$ 6,00 = 6.000 unidades. Q1 (quantidade demandada), ao preço (P1) de R$ 4,50 = 7.000 unidades. ELASTICIDADE Relação entre as diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias, em função das alterações verificadas em seus respectivos preços. De acordo com esse conceito, as mercadorias podem ser classificadas em bens de demanda inelástica ou fracamente elásticas, e bens de demanda fortemente elástica. Os primeiros englobam os bens de primeira necessidade, indispensáveis à subsistência diária da população. O sal é o mais característico entre os bens de demanda inelástica. Por ser consumido em pequenas quantidades, mesmo sendo um ingrediente indispensável à alimentação cotidiana, as alterações no preço do sal não afetam praticamente nada sua procura. (SANDRONI, 1999, p. 199) ATENÇÃO às fórmulas! Como calcular: 1. Variação percentual da Quantidade demandada: 2. Variação percentual do preço: Voltemos à fórmula geral: O que significa dizer que uma redução de 25% no preço do produto implicou que a quantidade demandada aumentou bem menos de 25%. Desse modo, tal qual se poderia verificar em produtos como o sal, um produto de demanda sabidamente inelástica se pode deduzir que o produto (da fórmula geral apresentada) também é um produto de demanda inelástica. De onde se pode concluir, também, que serão considerados produtos de demandas elásticas aqueles cuja variação da quantidade demandada for superior à variação percentual do preço (coeteris paribus) (GARCIA; VASCONCELLOS, 2014, p. 53). Videoaula - Estruturas de mercado de fatores de produção Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968395". Videoaula - Explicando o conceito e sua aplicabilidade- Oferta e Demanda Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968543". Videoaula - Explicando o conceito e sua aplicabilidade: Elasticidad Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968675". Macroeconomia1.4 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096824". De acordo com Sandroni (1999, p. 359), a macroeconomia consiste em uma parte da Economia que estuda o comportamento agregado do sistema econômico. Trata, portanto, das relações entre a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento totalizados. Busca explicar a operação macro da economia sem que seja necessário analisar individualmente cada um dos agentes econômicos, isoladamente. Por meio dessa estratégia, a teoria econômica oferece parâmetros que possibilitam a medição da atividade econômica em seu conjunto tomando-se por base algumas variáveis fundamentais – que impactam a economia de modo global, tais como PIB, inflação, taxa de juros (Selic), nível de emprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc. São objetivos centrais da política macroeconômica, implementadas pelos governos: a. geração de empregos; b. distribuição da renda de modo socialmente justo; c. atingir e manter a estabilidade dos preços; d. promover o crescimento (e o desenvolvimento) econômico. Estes objetivos são atendidos por meio de instrumentos da política macroeconômica – Política fiscal; monetária; cambial; comercial; de rendas. Trata-se dos instrumentos legais que o governo utiliza para arrecadar tributos e controlar seus custos (política de gastos). Ao manipular as alíquotas de impostos de um ou outro produto, o governo poderá estimular ou inibir investimentos do setor privado naquele produto. Por exemplo: Figura 4 – Notebook Fonte: Carlos Muza/Unsplash. Política Fiscal1.4.1 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/04.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/04.jpg ao reduzir a taxa de IPI dos automóveis, o governo estimula a produção de veículos, o que contribui para se atingir os objetivos da política macroeconômica, gerando empregos. Se o objetivo for reduzir a inflação, utilizando-se de política fiscal, o governo poderá ampliar a taxa de impostos de determinados produtos que estão sendo vendidos em excesso para que este aumento de preços (devido ao aumento da demanda deste produto) não estimule o aumento da inflação. Se o objetivo for promover o crescimento econômico de uma determinada região, como a Zona Franca de Manaus, por exemplo, o governo poderá adotar uma política de taxas de impostos menores para algumas das mercadorias produzidas naquela região. ZONA FRANCA Área delimitada no interior de um país e beneficiada com incentivos fiscais e tarifas alfandegárias reduzidas ou ausentes. Seu objetivo é estimular o comércio e, às vezes, acelerar o desenvolvimento industrial de uma região. A Zona Franca de Manaus, criada em 1967 e fiscalizada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), atraiu para aquela área amazônica cerca de 600 indústrias, sobretudo do ramo eletrônico avançado, que se beneficiam das facilidades de importação de peças e componentes de aparelhos eletroeletrônicos. Trata das estratégias do governo, por meio do Banco Central [BC], que visam controlar a evolução dos meios de pagamento e o processo de criação da moeda e do crédito, por meio dos seguintes instrumentos: Política Monetária1.4.2 Encaixe legal (recolhimentos compulsórios) Por meio do qual o BC define uma fração dos depósitos bancários que deverão ser mantidos “presos” pelos bancos comerciais junto ao Banco Central, com vistas a controlar tanto a expansão do crédito quanto a oferta de dinheiro em circulação. Isso porque, ao decidir pelas alíquotas de recolhimentos compulsórios (mais altas ou mais baixas, dependendo do objetivo), o BC impõe aos bancos comerciais uma menor (ou maior, se for o caso) capacidade conceder crédito e multiplicar a moeda por meio de empréstimos ou investimentos. Dessa forma, se for objetivo do BC combater a inflação, ele poderá determinar o aumentodo requisito de encaixe, Em síntese, pode-se deduzir que, se o objetivo do BC for controlar a inflação, este passará a adotar medidas – passíveis de serem aplicadas por seus instrumentos acima elencados – que reduzam o estoque monetário da economia; no entanto, se o objetivo for estimular o crescimento econômico a política adotada será a inversa: redução das taxas de juros, diminuição da alíquota da taxa de compulsório e compra de “papéis do governo” (títulos de dívida pública, por exemplo), de modo a “irrigar” a economia, ampliando assim a maior circulação de dinheiro (liquidez). Conforme se pôde ver, tanto a política fiscal quanto a monetária podem ser utilizadas para “enxugar” ou ampliar a liquidez na economia – a depender dos objetivos. Lembrando que a reduzindo, deste modo, a capacidade dos bancos comerciais de expandir o crédito aos seus clientes. Redesconto Operação bancária em que uma instituição financeira desconta títulos (duplicatas, promissórias etc.); meio pelo qual o BC realiza empréstimos aos bancos comerciais. Operações de mercado aberto No qual o BC regula o fluxo da moeda comprando e vendendo seus títulos (títulos de dívida pública) por intermédio de instituições financeiras. Quando há muito dinheiro em circulação, o BC “enxuga” o mercado vendendo letras do Tesouro Nacional; quando ocorre o contrário, ele compra esses títulos (BRASIL, 2016, p. 6). Figura 5 – Moedas Fonte: Dilok Klaisataporn/iStock. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/05.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/05.jpg política fiscal é mais utilizada se o objetivo for interferir na distribuição de rendas e seu resultado aparecerá em um prazo mais longo que o da política monetária, uma vez que a política fiscal – para entrar em vigor – depende de aprovação do Congresso e só passa a valer no ano seguinte à sua aprovação, enquanto a política monetária pode ser implementada de imediato, logo após sua aprovação. Instrumento da política de relações comerciais e financeiras entre os países por meio do qual as autoridades monetárias organizam o sistema de câmbio: operação financeira que consiste na venda, troca ou compra de moedas de outros países, ou títulos que representem as moedas de outros países. Por meio da política cambial um país pode lançar mão de mecanismos para se evitar a evasão de divisas ou mesmo utilizar a fixação de taxas de câmbio para estimular "artificialmente" o seu comércio externo ao manter a moeda nacional artificialmente desvalorizada; isso se o objetivo for estimular as exportações. No Brasil, desde 1999, se adota o regime de câmbio flutuante, o que significa dizer (ainda que redundantemente) que o valor das moedas estrangeiras (dólar e outras) vai oscilar em função da oferta e demanda destas moedas. Não se adota desde aquela data, portanto, no Brasil, a opção de câmbio fixo, situação em que o governo (por meio do Banco Central) determina para o mercado o preço da moeda estrangeira que será comercializada em território nacional. Também denominada política de comércio ou política de comércio internacional, a política comercial é uma atribuição governamental, com vias a estabelecer normas e regras de comércio com países terceiros, por meio do tratado de tarifas, subsídios ao comércio, quotas de importação, restrições voluntárias à exportação, restrições à criação de empresas de capital estrangeiro, regulamentação do comércio de serviços ou outras questões (como, por exemplo, barreiras ao comércio internacional). No Brasil, a política comercial é conduzida pelas pastas de Planejamento, Indústria e Comércio e Agricultura, que contam com o suporte do Ministério das Relações Exteriores. Tal qual ocorre com as demais políticas econômicas, a comercial possui interface direta com o desenvolvimento econômico do país, uma vez que o comércio internacional (exportações e importações) estimula o aumento da escala de produção, a aquisição de conhecimento e o aumento de ganhos com especialização das cadeias globais de valor, o que contribui diretamente para os objetivos de política macroeconômica; sobretudo, aquele relativo ao crescimento econômico. Política cambial1.4.3 Política comercial1.4.4 Considera-se como política de rendas o conjunto de medidas adotadas pelo governo que tem por objetivo redistribuição de renda e maior justiça social. A execução da política de renda pelo poder público busca controlar a remuneração dos fatores diretos de produção na economia, tais como salários, depreciações, lucros, dividendos e preços dos produtos (intermediários e finais). No Brasil, essas políticas são implementadas para combater problemas estruturais como a fome, a miséria e as desigualdades sociais e regionais brasileiras, assim como para enfrentar problemas conjunturais como secas sazonais, catástrofes climáticas ou pandêmicas. Considera-se, assim, que o conjunto de ações implementadas pelo governo, por meio de suas políticas anteriormente descritas (Fiscal, Monetária, Cambial, Comercial e de Rendas), tem como propósito atingir simultaneamente os objetivos de política macroeconômica: maior nível de emprego; distribuição de renda; estabilidade de preços e crescimento econômico. Na prática, por meio dessas políticas macroeconômicas, o governo buscará estimular os principais mercados que dinamizam a estrutura macroeconômica do governo, a saber: a) mercado de bens e serviços; b) mercado de trabalho; c) mercado monetário; d) mercado de títulos; e) mercado de divisas. Uma das formas de se medir o resultado dessas políticas poderá ser por meio da contabilidade social – ou sistema de contas nacionais. Por meio desta contabilidade social, é possível medir as transações referentes a valores correntes trimestralmente do Produto Interno Bruto [PIB] a preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação de estoques, exportações e importações de bens e serviços. Política de rendas1.4.5 Sistema de Contas Nacionais [SCN] O Sistema de Contas Nacionais apresenta informações sobre a geração, a distribuição e o uso da renda no País. Há também dados sobre a acumulação de ativos não financeiros, patrimônio financeiro e sobre as relações entre a economia nacional e o resto do mundo. Disponível em: www.ibge.gov.br [https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas- nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html] . Prática profissional - Inflação: o que é? De onde vem? Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969452". https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://www.youtube.com/watch?v=0us8Oq7TeUg". Videoaula - Política de rendas e o efeito multiplicador Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968804". Recapitulando a Unidade 1 Espero que você tenha entendido, sem grandes dificuldades, os temas tratados até aqui. O objetivo central foi contextualizar alguns aspectos da ciência econômica que são reconhecidamente estratégicos para se compreender o funcionamento da economia, na prática, no dia a dia dos acontecimentos; sobretudo aqueles relacionados às práticas do mercado e às ações promovidas pelo governo. É importante ter em mente que a Economia é uma das ciências humanas – logo, não é exata, pois suas análises levam em consideração a possibilidade de que culturas, ideologias, costumes, enfim, comportamentos humanos interfiram nas suas análises e nosseus procedimentos. No entanto, é importante compreender que a Economia parte do pressuposto de que os problemas fundamentais de uma sociedade humana estão relacionados à escassez daquilo que é fundamental para a produção da riqueza em uma coletividade humana. A produção desta riqueza, socialmente coletiva, depende da utilização de fatores de produção – terra (recursos naturais), trabalho (mão de obra), capitais (recursos financeiros) e tecnologia – que são finitos; daí a necessidade constante de se otimizar o uso (aplicação) desses recursos, de modo a maximizar os resultados desses fatores. De certo modo, é aí que entra a Economia – é neste ponto que a Ciência Econômica efetivamente consegue – por meio do conhecimento acumulado pelos economistas – dar a sua contribuição para o desenvolvimento e o crescimento da riqueza das sociedades humanas. A estrutura da disciplina está organizada com base em dois enfoques instrumentais: micro e macroeconomia, que são campos de estudos que analisam, respectivamente, os efeitos econômicos de forma individualizada (no campo da firma) e os grandes agregados econômicos. O entendimento microeconômico contribui, principalmente, para a tomada de decisões no interior dos negócios e no dia a dia destes. Já a compreensão da macroeconomia permite entender cenários estratégicos de longo prazo. Isso porque é por meio da macroeconomia que os governos implementam suas ações estratégicas que visam gerar e manter empregos, distribuir rendas e promover o crescimento e o desenvolvimento econômico por meio de instrumentos que moldam a estrutura econômica de um país, a saber: política fiscal; monetária; cambial; comercial e de rendas. Entender como essas ações micro e macro se combinam e se influenciam passa a ser fundamental para aqueles profissionais envolvidos com planejamento estratégico, organização de metas, tomada de decisões etc., visto que o entendimento deste cenário permite analisar as mais variadas conjunturas, de modo a se entender o presente e, de algum modo, antever o futuro e se antecipar, preparando-se para os possíveis acontecimentos econômicos vindouros. Economia brasileira2 Sistema econômico2.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096842". Considera-se macroeconomia uma parte da Ciência Econômica especializada em entender o comportamento do sistema econômico, de modo agregado, por meio de estudos relativos a Figura 6 – Cédulas de dinheiro Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/06.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/06.jpg renda, emprego, preços, consumo, inflação, câmbio, poupança e investimentos, nacionais, dentre outros. Conforme explica Sandroni (1999, p. 359), a teoria macroeconômica oferece parâmetros que possibilitam uma mensuração da atividade econômica geral de determinado sistema por meio da utilização de um número pequeno de variáveis fundamentais. Pressupõe-se, por meio da análise macroeconômica, que é possível entender o comportamento da economia em seu conjunto sem que seja necessário analisar todas as suas micropartes, individualmente. Espera-se, nesta Unidade, que o aluno perceba como os fundamentos macroeconômicos vêm sendo operados pelos governantes nos últimos anos, no Brasil Este entendimento deve ter o propósito de compreender como esses governos vêm buscando atingir seus objetivos macroeconômicos centrais, a saber: 1) Geração de empregos; 2) Distribuição da renda de modo socialmente justo; 3) Estabelecimento e manutenção da estabilidade dos preços; e 4) Promoção do crescimento (e do desenvolvimento) econômico. Desde a década de 1990, a macroeconomia brasileira vem passando por mudanças de paradigmas inspiradas em princípios neoliberais (iniciadas com o governo de Fernando Collor de Mello – 1990-1992), que acabaram por desenvolver um conjunto de medidas classificáveis como uma nova síntese, de inspiração econômica neoclássica, cujas características são a valorização do princípio de que a formação dos preços, a produção e a distribuição da renda devem ocorrer, sobretudo, por meio de mecanismos de oferta e demanda dos mercados. Por meio desta concepção central, diversos são os economistas que defendem, assim, a maior redução possível do Estado na economia – por meio das privatizações e da maior integração da economia nacional aos fluxos financeiros internacionais. Ao final da década de 1990, esses fundamentos da política macroeconômica brasileira já estão bastante consolidados, ideológica e politicamente, e ancorados em três pilares fundamentais: câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal. NEOLIBERALISMO Doutrina político-econômica que representa uma tentativa de adaptar os princípios do liberalismo econômico às condições do capitalismo moderno. Como a escola liberal clássica, os neoliberais acreditam que a vida econômica é regida por uma ordem natural formada a partir das livres decisões individuais e cuja mola mestra é o mecanismo dos preços. Entretanto, defendem o disciplinamento da economia de mercado, não para asfixiá-la, mas para lhe garantir sobrevivência, pois, ao contrário dos antigos liberais, não acreditam na autodisciplina espontânea do sistema (SANDRONI, 1999, 421). Videoaula - Plano Real Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756968933". O tripé macroeconômico2.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096863". As concepções relativas à implementação dos atuais fundamentos da política macroeconômica começaram a se consolidar no Brasil a partir do Plano Real, quando a ideia de câmbio fixo foi sendo substituída por uma política de câmbio mais flexível: primeiro por meio do estabelecimento das bandas cambiais e, posteriormente, a partir do câmbio livre (ou flutuante). Desde a formulação dos primeiros planos de combate à inflação, que havia atingido patamares altíssimos entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, vinha se formando certo consenso de que a moeda nacional deveria ser fortalecida para evitar que fosse corroída pelos aumentos generalizados de preços. No Plano Real, consolidou-se entre os economistas do governo a tese de que o combate à inflação deveria estar “ancorado” em uma política cambial que favorecesse a valorização da moeda nacional. Conforme dados da taxa de câmbio efetiva real, que representa a média aritmética ponderada das taxas de câmbio reais bilaterais do país em relação a 23 parceiros comerciais selecionados, as moedas estrangeiras passaram a ficar mais baratas para os brasileiros dada a valorização da moeda nacional, sobretudo a partir do processo de implantação do Plano Real (iniciado em 27 de fevereiro de 1994 e que se estendeu até início de 1999; quando se retomou a política de desvalorização aos níveis praticados antes de 1994 (IPEADATA). Tamanha foi a valorização artificial do Real que o Dólar (comercial) dos Estados Unidos chegou a ser cotado a R$ 0,84 (84 centavos de Real) em janeiro de 1995 (BRASIL, 2022). No entanto, esta supervalorização da moeda nacional, por anos (que tinha como objetivo principal combater a inflação), acabou provocando uma verdadeira febre de importados e estimulando as viagens de brasileiros ao exterior; o que, por consequência, acentuou o desemprego no Brasil, conforme bem ilustra a queda do nível de emprego da indústria paulista. Ainda como consequência desta excessiva política de valorização da moeda nacional por meio de altas taxas de juros, o país passou a enfrentar crescentes déficits na balança comercial. Ao estímulo às importações, que já vinha ocorrendo como resultado da radical abertura promovida pelo governo Collor, acrescentou-se, desde o início do governo de FHC, a política de valorização do Real, com vistas nocombate à inflação. O déficit na balança comercial, de cerca de 3,5 bilhões de dólares em 1995, subiu a mais de 6,7 bilhões de dólares, em 1997. O que implica dizer que a moeda valorizada (devido às taxas de juros elevadas), ao mesmo tempo em que combatia a inflação, facilitava a compra de produtos estrangeiros que substituía a produção dessas mercadorias importadas, no Brasil; o que gerava um enorme desemprego – tal qual o observado na Figura 7, na indústria paulista, por exemplo. Figura 7 – Gráfico do nível de emprego da indústria Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . Figura 8 – Gráfico da balança comercial de 1989-2002 Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/07.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/07.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/08.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/08.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ Em síntese, os juros altos cumpriam uma dupla função no modelo de estabilização econômica promovido pelo Plano Real – ajudava a estimular o fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil – recursos que eram indispensáveis e necessários para equilibrar o balanço de pagamentos – ao mesmo tempo em que contribuía para controlar a inflação por meio da redução do consumo. Porém, como “efeito colateral”, essa redução do consumo aumentava o endividamento privado e o crescimento do nível de desemprego; sobretudo o emprego de qualidade oferecido pela indústria nacional. O déficit na balança comercial, conforme se pode observar na Figura 8, começou a ser revertido a partir de 1999, voltando a apresentar saldo positivo (de 2,6 bilhões de dólares) a partir de 2001. Na prática, no entanto, esta guinada da política macroeconômica rumo à desvalorização do Real começou a ganhar destaque após as crises asiáticas de 1997 e da crise russa de 1998, combinadas com a aproximação das eleições presidenciais (da reeleição presidencial). As crises provocaram queda no preço das commodities exportadas pelo Brasil e diminuíram o crédito externo, dificultando a captação de investimentos estrangeiros – fatores que, somados, passaram a inviabilizar a manutenção do câmbio sobrevalorizado pela política macroeconômica brasileira. Após a reeleição do presidente, em 1998, o governo deu início aos preparativos para a desvalorização do Real, que veio a acontecer na segunda quinzena de janeiro do ano seguinte. Prática profissional - Por que o real é a moeda que mais se desvalorizou em 2020 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969477". Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://www.youtube.com/watch?v=tyI1yC3Ftmw". Câmbio flutuante2.2.1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096881". Antes do Real, o País adotava um regime de câmbio fixo, em que o governo definia para o mercado qual seria o preço que o Banco Central (BC) estava disposto a pagar pelas moedas estrangeiras no país. Na prática, era como se o BC tabelasse o valor da taxa de câmbio com o propósito de conter a inflação e evitar o déficit no balanço de pagamentos. No entanto, com certa frequência, o BC acabava intervindo neste “tabelamento de preços” das moedas estrangeiras – o que despertava a desconfiança dos investidores e parceiros comerciais do Brasil – uma vez que o valor da moeda nacional (que o governo se esforçava em manter valorizada, às vezes artificialmente, para controlar a inflação) estava a serviço da política monetária brasileira; o que nem sempre coincidia com o valor de face da moeda brasileira. Para fugir deste preço forçado – instituído pelo governo – era comum que os demandantes de moedas estrangeiras recorressem ao mercado paralelo de câmbio, onde se operavam a compra e a venda de moedas estrangeiras de forma ilegal, com taxas acima das estabelecidas oficialmente. De acordo com Sandroni, essas transações de moedas estrangeiras, no paralelo, incluíam desde a simples compra e venda de divisas entre particulares (turistas, em sua maior parte) até complexas operações de transferência irregular de grande quantidade de recursos para o exterior, o que supunha grandes redes de especuladores que atuavam em vários países, “tendo às vezes a conivência de funcionários de instituições monetárias e financeiras”. (SANDRONI, 1999, p. 75) As RESERVAS INTERNACIONAIS podem ser consideradas: 1) créditos a ser recebidos por um país em um futuro imediato; 2) recursos imediatamente disponíveis. Originam-se de superávits no balanço de pagamento e destinam-se a cobrir eventuais déficits das contas internacionais e/ou lastrear a estabilidade cambial, evitando ataques especulativos contra a moeda nacional (SANDRONI, 1999, p. 527). A ideia de câmbio flutuante, implementada em 1999, deu-se em meio a uma conjuntura internacional adversa, em que o Banco Central, diante do risco de fuga de dólares e temendo a redução das reservas internacionais, decidiu deixar de intervir no câmbio, permitindo a sua flutuação. No entanto, a medida acabou por ampliar a sensação de transparência e credibilidade relacionada aos critérios de formação de preço da moeda nacional, uma vez que o governo brasileiro passou a aceitar, por lei, que o valor de face da moeda estrangeira, em território nacional, obedecesse àquele definido a partir da oferta e da demanda por essas moedas estrangeiras; sem a intervenção direta do governo nesta cotação. Esta medida vinha ao encontro do que era defendido pelos economistas de perfil mais neoliberais, que passaram a defender não apenas a flexibilidade do câmbio, mas também a instituição de metas para a inflação e definição de metas fiscais – para permitir que investidores estrangeiros pudessem conhecer, por meio dessas políticas macroeconômicas embasadas neste “tripé”, as efetivas condições das economias nacionais; ao mesmo tempo em que se buscava reduzir os ataques especulativos contra a moeda nacional: situação em que grandes investidores em uma determinada moeda nacional, com medo da desvalorização desta moeda, passam a vender suas posições no mercado sob suspeita de quebrar. Ao se estabelecer uma situação de fuga de capitais, o governo nacional precisa utilizar-se de suas reservas para “devolver”, em moeda internacional (dólar), os recursos que os investidores internacionais, em debandada, estão tentando retirar do país. Caso o país atacado – por esta debandada de investidores – não possua reservas suficientes para honrar esses pagamentos, ficará em situação insolvente (em que não consegue honrar suas obrigações); deste modo, este país terá cada vez maiores dificuldades em atrair investidores internacionais, no futuro; exceto se aumentar exorbitantemente a sua taxa de juros para compensar o risco que este país “atacado” passou a representar para os investidores internacionais. No Brasil, esta concepção de política macroeconômica amparada por este tripé foi consolidada pelo então presidente do Banco Central, Armínio Fraga (de março de 1999 a dezembro de 2002), durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com o argumento de se combater a crise fiscal e a redução das reservas internacionais. A partir da implantação deste modelo, o BC passou a realizar intervenções apenas pontuais no mercado de câmbio, por meio de leilões que visavam controlar a oferta de moeda estrangeira (dólar, principalmente), porém, apenas em momentos de riscos de uma desvalorização repentina e desproporcional do real. Por consequência, a principal moeda estrangeira, o dólar, voltou a variar dentro de parâmetros mais alinhados com a dinâmica realda economia, pela lógica da oferta e da demanda por moedas estrangeiras. O Real, que em 1995 chegou a valer mais que o dólar (R$0,92), passou por um processo de desvalorização substancial a partir de 1999 (de cerca de 93%), quando 1 dólar passou a ser comprado por R$ 1,81; e seguiu subindo, aproximando-se de R$ 3,00 no ano eleitoral de 2002 – em eleição vencida por Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010). Figura 9 – Gráfico da taxa de câmbio Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . Meta de inflação2.2.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1016096906". A meta de inflação serve como parâmetro para o aumento “tolerado” de preços pelas autoridades monetárias do Brasil e é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), também conhecido por Copom. O Conselho Monetário Nacional é um órgão composto pelo ministro da Economia, pelo presidente do BC e pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, que define, a cada ano, a respectiva meta de inflação e a faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos – os chamados teto e piso da meta. A partir desses parâmetros o Copom, em reuniões ordinárias, adota resoluções para trazer a inflação de volta ao centro da meta. Nos https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/09.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/09.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ últimos anos, tem sido comum o Copom aumentar ou reduzir a taxa Selic, de acordo com o propósito desejado pela política monetária conduzida pelo Banco Central, que é influenciada pela conjuntura econômica. Se o cenário é de crise econômica (2008; 2009; 2016; 2020) ou expansão da inflação (2013; 2021), o Copom tenderá a aumentar a taxa de juros com o objetivo de reduzir o consumo e, por meio deste mecanismo, reduzir o preço dos produtos. Se o objetivo for a expansão da base monetária, visando a expansão do consumo de bens e serviços – e, por consequência, do emprego – o Copom tenderá a reduzir a taxa de juros, para estimular os gastos. Assim, ao se elevar a taxa Selic, espera-se que as taxas de juros reais venham a subir, o que implica diminuição de investimentos pelas empresas e redução do consumo por parte das famílias – levando a uma redução da demanda por bens e serviços, contribuindo por meio deste “remédio amargo” para a redução da inflação. A taxa de juros, vale lembrar, estimula também o comportamento dos investidores estrangeiros. Os aumentos das taxas de juros tendem a atrair mais os investidores estrangeiros, aumentando o fluxo de moedas estrangeiras no Brasil, atraídos por remuneração mais alta que as recebidas em seus países de origem; assim como, as reduções dessas taxas tendem a atrair menos os investimentos externos para o Brasil. Dada a importância das decisões do Copom, para que a política monetária alcance seus objetivos desejados, o BC busca se comunicar de forma clara e transparente. Assim, o Copom expressa os critérios de suas decisões à sociedade (leia-se, mercado) da forma mais pública possível – por meio de comunicado na internet. Em geral, as reuniões do Copom acontecem às terças e quartas-feiras, e a ata é divulgada na terça-feira da semana seguinte, às 8h00. Figura 10 – Gráfico da Taxa de juros (Selic) Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/10.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/10.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ Além do comunicado e da ata da reunião, o Banco Central publica, a cada trimestre, o Relatório de Inflação, no qual se avalia a evolução recente e as perspectivas da economia, com ênfase nas perspectivas para a inflação. Sem contar os vários fundamentos sobre a Política Monetária disponibilizados na página do Banco Central sobre: O que é inflação; Metas para a inflação; Comitê de Política Monetária (Copom); Comunicados do Copom; Atas do Copom; Relatório de Inflação; Expectativas de mercado, entre outros. Exemplo de informes publicados pela Ata do Copom (22/03/2022) 1. No cenário externo, o ambiente deteriorou-se substancialmente. O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias (...). Desde a última reunião, a maioria das commodities apresentou avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas. 2. A reorganização das cadeias de produção globais, com a criação de redundâncias na produção e no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa (...) esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens. 3. Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou um ritmo de atividade acima do esperado, (...) Indicadores relativos ao comércio e aos serviços mostraram evolução ligeiramente melhor que a esperada em janeiro, enquanto a indústria contraiu no mesmo mês. Indicadores do mercado de trabalho seguiram mostrando recuperação consistente de empregos no último trimestre de 2021 e em janeiro de 2022. 4. Para 2022, (...) o Copom segue avaliando que o crescimento tende a ser beneficiado pelo desempenho da agropecuária, ainda que em volume menor que o projetado na última reunião, e pelo processo remanescente de normalização da economia – particularmente no setor de serviços e no mercado de trabalho. 5. A inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, e mais persistente que o antecipado. A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais. (...). 6. As diversas medidas de inflação (...) apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022 e 2023 (...) encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente. 7. (...) Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12,75% a.a. em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023. (...). 8. (...) Nesse cenário, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em USD100/barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023. Disponível em: www.bcb.gov.br [https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom] . Videoaula - Superávit primário Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/756969077". A terceira perna desse tripé, a meta fiscal, começou a ser construída pela Lei nº 9.496/97, que instituiu o Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos Estados, com o objetivo de impor disciplina às finanças dos governos estaduais e municipais por meio de refinanciamentos de dívidas municipais e estaduais junto à União. A Lei autorizou a União a assumir dívida pública mobiliária e outras obrigações de operações de crédito interno e externo, ou empréstimos junto à Caixa Econômica Federal e dívida pública mobiliária para pagamento de precatórios judiciais, dos Estados e do Distrito Federal. Os contratos de refinanciamento deveriam ser pagos em até 360 meses, com juros variando de 6% a 9% a.a., mais atualizaçãomonetária calculada mensalmente com base no IGP-DI/FGV. Em consequência, em seu artigo segundo, estabelece objetivos específicos para cada unidade da Federação, de modo que cada uma delas cumprisse, obrigatoriamente, metas ou compromissos, Meta fiscal2.2.3 https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom quanto a: dívida financeira em relação à receita líquida real; resultado primário (entendido como a diferença entre as receitas e as despesas não financeiras); despesas com funcionalismo público; despesa com pessoal; privatização, permissão ou concessão de serviços públicos, reforma administrativa e patrimonial; dentre outras. Em âmbito federal, as mudanças na área fiscal foram introduzidas pelo Plano de Estabilidade Fiscal, publicado em outubro de 1998, que tinha por objetivo principal atingir o equilíbrio das contas públicas por meio da introdução de mudanças estruturantes no regime fiscal do país, atreladas a pelo menos três objetivos básicos do Plano Real: estabilidade da moeda, crescimento sustentado com mudança estrutural e ganhos de produtividade. O Plano defendia um conjunto de ações a ser colocadas em prática entre 1999 e 2001, que visavam instituir nova ordem às contas públicas do conjunto dos diversos poderes e níveis de governo, por meio dos ataques, ao ver do governo de FHC, das raízes e das causas estruturais dos desequilíbrios das contas públicas brasileiras. Tais ações novas viriam a se juntar às ações, em andamento, da Reforma Administrativa, já aprovada nesta ocasião, pelo Congresso Nacional, a saber: Reforma da Previdência Social e a instituição da Lei Geral da Previdência Pública; reformas tributária e trabalhista, para a promoção da competitividade do setor produtivo e com vistas a estimular maior crescimento econômico e a geração de empregos; e, por fim, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tais reformas, ao ver do governo, garantiriam a obtenção de superávits primários crescentes e suficientes para estabilizar a dívida líquida consolidada do setor público e garantir a expansão do Produto Interno Bruto. Este movimento em direção à consolidação de um ajuste fiscal no País ganhou novos contornos a partir da Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000, que estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. De acordo com a Lei (art. 4º, parágrafo 1º),“Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes”. Em relação às despesas total com pessoal, impõe-se limites de gastos, não podendo os entes da Federação exceder os percentuais da receita corrente líquida a seguir discriminados: União: 50%; Estados: 60%; Municípios: 60% (BRASIL, 2000). O Programa de Estabilidade Fiscal, no entanto, acabou sendo implantado por meio de aumento de arrecadação federal, enquanto as despesas continuaram crescendo. Em consequência, a carga tributária cresceu durante o período, sobretudo, dada a dificuldade de se cortar custos, sobretudo os sociais, em um país marcado pela exclusão e pela desigualdade. O aumento da arrecadação federal foi proporcionalmente maior que a expansão do PIB, sobretudo no primeiro ano do Real. A partir daí, no entanto (à exceção de março de 1996), observa-se certo equilíbrio na evolução desses dois indicativos até o mês de outubro de 1988 – ano da eleição presidencial. A partir de dezembro de 1998, no entanto, a expansão da arrecadação passou a subir em um ritmo bem superior ao alcançado pelo crescimento do PIB. Tomando-se o mês de outubro de 1998 como base e o de dezembro de 2002 como teto, verifica- se que, enquanto a receita bruta federal cresceu pouco mais de 136%, a expansão do PIB cresceu bem menos, algo em torno de 49%, no mesmo período. Figura 11 – Gráfico da receita bruta federal Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em www.ipeadata.gov.br [http://www.ipeadata.gov.br/] . Figura 12 – Gráfico da evolução da carga tributária brasileira, 1990-2020 Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em seriesestatisticas.ibge.gov.br [https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] ; sisweb.tesouro.gov.br [https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f? p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823] . Há que se levar em conta que a carga tributária brasileira vinha crescendo desde antes do processo de redemocratização, concluído com a Constituição Cidadã, de 1988. A Carga Tributária https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/11.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/11.png http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.ipeadata.gov.br/ https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/12.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/12.png https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823 https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823 https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:3823 Bruta, que em 1950 representava 14,4% do PIB, chegou ao final do governo de JK, em 1960, em 17,4%. Ao longo do Regime Militar saltou de 17% (em 1964) para 23,8% do PIB; em 1985 (em 1983, no entanto, já havia atingido o índice de 26,8%) (IBGE). Em 1990, já beirava os 30% (29,6%). Após uma redução desta tendência por meio de ações do governo neoliberal, de Fernando Collor de Mello, observa-se, a partir do Plano Real, uma oscilação para cima deste índice. Esta tendência voltou a ocorrer a partir do segundo mandato de FHC (Reforma do Estado) e prosseguiu ao longo do governo de Lula (2002-2010), chegando-se ao recorde de 34%, em 2007 – em função, sobretudo, dos programas sociais que visavam à distribuição de renda, que voltou a crescer, após a Constituição de 1988, sobretudo após o Plano Real. Tabela 4 – BRASIL. Rendimento familiar per capita, 1992-2009 Período Até 1/2 salário mínimo Mais de 1 a 2 salários mínimos Mais de 2 a 3 salários mínimos Mais de 3 a 5 salários mínimos Mais de 5 salários mínimos 1992 42,4 15,3 4,8 3,6 2,7 1993 42,3 14,8 4,9 3,9 3,3 1995 33,0 18,0 6,6 5,8 5,3 1996 31,8 18,9 7,0 5,5 5,4 1997 31,7 19,3 7,1 5,5 5,4 1998 32,1 18,7 6,8 5,6 5,2 1999 32,7 18,5 6,6 5,3 4,9 2001 31,7 19,1 7,0 5,4 5,0 2002 31,9 19,6 7,0 5,1 5,0 2003 32,1 19,3 6,5 5,0 4,4 2004 31,0 20,1 7,0 4,8 4,4 2005 29,1 21,5 7,2 5,3 4,8 2006 25,7 22,9 8,2 5,9 5,4 2007 23,5 24,3 8,2 6,2 5,5 2008 22,8 24,9 8,7 6,4 5,5 2009 23,3 24,8 8,3 6,0 5,1 Fonte: elaborado pela autora (2022) com base em seriesestatisticas.ibge.gov.br [https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49] . https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN49 Em 1992, o rendimento familiar per capita de cerca de 42% dos brasileiros estava em torno de meio salário mínimo; em 2009, menos de 1/4 dos brasileiros recebiam ainda este valor. Ao mesmo tempo, a quantidade de brasileiros com renda per capita entre mais de um e dois salários mínimos cresceu, passando de 15,3% para quase um quarto dessas famílias. Crescimento expressivo também se observa nas demais famílias com rendimento per capita equivalente a mais de dois e até cinco salários mínimos; isso em um período de valorização do salário mínimo nacional, tal qual se pode observar a seguir, entre 1994 e 2019. Se tomado isoladamente o período de FHC, verifica-se um aumento real do salário mínimo em mais de 50%, enquanto a renda per capita subiu cerca de 26% – em um período em que a população aumentou apenas 16%. Se tomado todo o período (2004 como piso e 2019 como teto), a variação é ainda maior: enquanto a população aumentou 35% o PIB per