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A Assembléia Constituinte de 1823

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A assembléia constituinte de 1823:
Foi convocada pelo príncipe-regente D. Pedro (futuro D. Pedro I), no dia 3 de junho de 1822, para elaborar a primeira constituição brasileira. Os trabalhos dos deputados constituintes iniciaram-se em maio de 1823.
O imperador D. Pedro I declarou que respeitaria essa carta constitucional caso ela fosse digna do país e do imperador. 
Anteprojeto: Tinha como titulo "Constituição da Mandioca", pois, para ser eleitor ou candidato aos cargos legislativos, era preciso possuir determinada renda, baseada em alqueires de mandioca. O anteprojeto constitucional defendia entre outras propostas, as seguintes: 
a) O voto seria censitário, ou seja, baseado na renda do cidadão. 
b) O povo seria afastado de qualquer decisão política. 
c) Os poderes do imperador D. Pedro I seriam limitados. 
Observação: No dia 12 de novembro de 1823, o imperador D. Pedro I, não aceitando ter poderes limitados, dissolveu a Assembléia Constituinte. Este acontecimento ficou conhecido como a "Noite da Agonia". O imperador D. Pedro I nomeou o Conselho de Estado, que elaborou a primeira Constituição brasileira. 
A constituição da mandioca: 
Essa constituição foi o primeiro projeto de constituição do Brasil. Lembrando que ela foi marcada através de influências de todas as constituições européias, estabelecendo assim a divisão de 3 três poderes: 
*Executivo: exercido pelo imperador e seus ministros de Estado.
 
*Legislativo: formado pela Assembléia Geral: deputados (eleitos por um mandato de 4 anos) e senadores (mandato vitalício). 
*Judiciário: composto por juízes e tribunais. Seu órgão máximo era o Supremo Tribunal de Justiça. 
A queda dos Andrada: 
O ano de 1823 foi caracterizado por crises políticas. Esse momento era de puro domínio dos Andrada, pelo fato de tanto José Bonifácio como seu irmão Martim Francisco fazer parte do ministério, tomando posse da Pasta da Fazenda, no momento em que na Assembléia Constituinte Antônio Carlos e outros irmãos Andrada iam se sobressaindo.
José Bonifácio tinha no governo um poder despótico, indo atrás de todos os políticos da facção radical e entrando em conflito com o autoritarismo de D. Pedro I. 
A condução da Política de José Bonifácio foi criticada e com isso ele acabou apresentando sua demissão do ministério, acabando tudo com o Imperador e automaticamente passando para o lado da oposição, onde começou uma violenta campanha contra o governo imperial, tudo através de alguns jornais, como “A Sentinela” e o “Tamoio”. 
A noite da agonia:
D. Pedro se preocupou muito com os trabalhos da Constituinte, onde era discutida a respeito da limitação do poder Executivo. Podemos dizer o conflito com os Andrada era um indício dessa preocupação. A violência política do governo contra todos os políticos e jornalistas brasileiros que era apoiada pelos portugueses crescia crescer em novembro.
 
Em 10 de novembro, a Assembléia Constituinte se declarou em uma sessão permanente, com o objetivo de adiantar a aprovação da Constituição. 
A noite da agonia ficou conhecida por um episódio onde D. Pedro I usou forças militares para cercar e desfazer a Assembléia Constituinte.
	As Forças Políticas na Constituinte de 1823
	Dentro das forças políticas que conduziam o processo da emancipação política urdiu-se uma trama de desentendimentos e desconfianças. Quando da reunião da Assembléia os deputados eleitos pelos democratas não estiveram presentes. Os aristocratas, sob a liderança de José Bonifácio, contando com apoio dos absolutistas, foram eliminando da cena política os democratas de Gonçalves Ledo que, praticamente, já não existiam quando a Constituinte se reuniu. 
Este processo de exclusão incluía a proibição de que jornais ligados aos democratas circulassem. Também foi determinado por José Bonifácio, então ministro do Império, o fechamento das lojas maçônicas ligadas aos seguidores de Ledo. 
O político José Martiniano de Alencar, que viveu naquela época, descreveu a situação afirmando que (...) "a marcha dos negócios públicos não é serena nem regular. O Governo tem tomado medidas violentas e anticonstitucionais; tem-se deportado outros, abrindo-se uma devassa não só na Corte como pelas províncias (...) a liberdade de imprensa está quase acabada, se não de direito, ao menos de fato (...) desconfia-se do despotismo; e o desgosto é geral”. 
O jornalista Cipriano Barata escreveu (...) "Nosso imperador é um imperador constitucional e não o nosso dono. Ele é um cidadão que é imperador por favor nosso e chefe do poder executivo, mas nem por isso autorizado a arrogar-se e usurpar poderes que pertencem à nação. (...) Os habitantes do Brasil desejam ser bem governados, mas não submeter-se ao domínio arbitrário." 
José Bonifácio, por sua vez, fortalecido politicamente naquele momento, declarava: "nunca fui nem serei realista puro, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja democracia." 
	Abertura da Constituinte de 1823: As Polêmicas
	Na abertura dos trabalhos da Constituinte estavam presentes duas facções. De um lado, o Partido Brasileiro, majoritário, defensor da Monarquia Constitucional que limitava os poderes do imperador e dos portugueses. Do outro, o Partido Português que defendia a reunião com Portugal, especialmente após a restauração do absolutismo por D. João VI. 
De um modo geral os constituintes presentes - cerca de oitenta - eram inexperientes em assuntos legislativos, excetuando-se aqueles que haviam participado das Cortes portuguesas, como Antônio Carlos de Andrada e Campos Vergueiro. Ali estavam magistrados, bacharéis, religiosos, militares, professores, proprietários rurais, médicos e funcionários públicos, representantes da pequena parcela de eleitores da população. 
As polêmicas começaram já na abertura dos trabalhos. A discussão versou sobre a cerimônia inicial, pois um grupo se opunha ao fato de o imperador ocupar o centro da mesa. Outra questão envolveu a coroa do imperador: se ele deveria usá-la sobre a cabeça no recinto da Assembléia; votou-se que não. 
D. Pedro I, por sua vez, na Fala do Trono - uma longa peça que ocupou 15 páginas da publicação oficial - firmemente declarou que jurava defender com a espada (...) "a pátria, a nação, a Constituição, se fosse digna do Brasil e de mim." Esta frase era uma cópia da existente na carta constitucional francesa de junho de 1814. A forma condicional usada pelo imperador, segundo um constituinte com "palavras ambíguas", levantou inúmeras discussões na imprensa e no plenário. 
Em resposta à fala do imperador, a Assembléia manifestou que (...) "confia que fará uma Constituição digna da nação brasileira, de si e do imperador". Observa-se, na ordem da frase, que D. Pedro I é colocado em último lugar, o que, certamente, não o agradou. 
Em sessão da Assembléia de 21 de maio de 1832, o padre Diogo Antônio Feijó, então Ministro da Justiça, reportando-se àqueles dias lembrou ter ouvido de um dos irmãos Andradas, Antônio Carlos, provavelmente, a seguinte fala: "Se a Assembléia não fizer o que o imperador quer, ele a dissolverá." Esta informação, no dizer do historiador Américo Jacobina Lacombe, pode ser confirmada se a compararmos com os ofícios do ministro austríaco Barão Mareschal, nos quais se lê que... "confirma a decisão por parte do governo, de recorrer à dissolução, caso a Assembléia seguisse o caminho da demagogia". 
	Divergências e Crises na Constituinte de 1823
	Em meio a tamanhas divergências dentro da Constituinte ocorreu o espancamento do jornalista Luís Augusto May, redator do Malagueta, periódico ligado aos democratas e responsável por críticas apimentadas aos Andradas. Publicação típica da imprensa da época e de grande repercussão, na Corte em especial, tinha como lema uma frase do filósofo francês Rousseau: "Quando se diz acerca dos negócios do Estado - o que me importa? - deve-se dizer que o Estado está perdido." 
May, na publicação de 5 de junho de 1823, fez diversos ataques a José Bonifácio. A reação veio a seguir, na noite do dia 6, em forma deagressão, conforme narrada pelo próprio May: (...) "alguns homens que o tempo não permitiu contar (...) que levavam espadas (...) que eu vi." 
Este episódio repercutiu bastante na Constituinte. Comentava-se que os mandantes seriam os Andradas com o conhecimento do imperador. Alguns, murmurando, chegaram até a insinuar que o próprio D. Pedro I teria participado da violenta agressão. 
Em meio a tudo isso, os conflitos entre as forças políticas (Partido Português e Partido Brasileiro) prosseguiam, desarticulando a frágil unidade existente dentro da Assembléia Constituinte e enfraquecendo, por outro lado, o Ministério dos Andradas. 
Dentro do Partido Brasileiro, por exemplo, surgiam desavenças entre os Andradas e outros membros do seu grupo. Estes desacordos ocorreram desde que José Bonifácio apresentou à Assembléia uma representação sobre a escravidão no Brasil. Defendia a idéia, que despertava muita desconfiança e desagrado em inúmeros componentes do Partido Brasileiro (proprietários de escravos e de terras), da extinção gradual da escravidão. Dizia que, desta forma, surgiria uma (...) "Nação homogênea, sem o que nunca seremos verdadeiramente livres, respeitáveis e felizes." 
Tantas discordâncias, acrescidas de inúmeras intrigas políticas, propiciaram a queda do Gabinete dos Andradas que, segundo o historiador Pedro Octávio Carneiro da Cunha, "acontecera sobre um terreno de acordo entre a maioria dos deputados e o monarca". A partir de então, na Constituinte - para a qual tinham sido eleitos - e no jornal O Tamoio, José Bonifácio e seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco promoveram constante oposição do governo de D. Pedro I. O escritor e jornalista Euclides da Cunha, posteriormente, comentou que os Andradas "apeando-se do poder apelam para os recursos que condenavam na véspera".

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