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TURMA PRODÍGIO 1PROENEM.COM.BR HISTÓRIA II A Revolução D. João VI, que seria forçado pelo movimento português a retornar à Europa em 26 de abril de 1821, manteve no Brasil seu filho, D. Pedro, como príncipe regente, tendo advertido-o a “conduzir a revolução antes que um aventureiro a fizesse”. Em 29 de setembro de 1821, as Cortes portuguesas anunciam a intenção de restabelecer as relações monopolistas mercantilistas, interrompidas pela abertura dos portos de 1808. Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro, associado à elite brasileira coimbrã, decide não retornar para Portugal, em um episódio conhecido como “Dia do Fico”. Em 1o de agosto, diante da intransigência portuguesa, o príncipe regente determina que qualquer decisão vinda da Europa somente poderia ser acatada com a sua aprovação e declara que as tropas lusas no Brasil seriam tratadas como inimigas. Em 7 de setembro de 1822, o príncipe Regente declara, através do célebre Grito do Ipiranga, a independência formal do Brasil. O cientista social Florestan Fernandes qualificou a Independência do Brasil como uma “revolução conservadora”, pois, a despeito de promover o rompimento político do Reino Unido americano, manteve a estrutura latifundiária agroexportadora e escravista. As relações de dependência para com a Inglaterra também seriam mantidas e, em certo sentido, até mesmo reforçadas, como, por exemplo, através de dívida externa que o país foi obrigado a contrair para ter seu novo status político reconhecido por Portugal, que somente o fez oficialmente em 29 de agosto de 1825. A Inglaterra, assim como Portugal, também favorecida com direitos de alfândega no Brasil, reconheceu o novo país em 17 de agosto de 1827. A independência da América Portuguesa guardou ainda outras peculiaridades. Ao contrário do que ocorreu na América Espanhola, no Brasil não houve uma mobilização militar nacional que pudesse ser qualificada como “Guerra de Independência”. Ademais, o país conservou sua integridade territorial e a manutenção do sistema monárquico com D. Pedro I representando a continuidade da Casa de Bragança. Um outro aspecto, contudo, aproximou os processos latino-americanos: a marginalização das classes populares do processo político. O naturalista francês Saint-Hilaire, que se encontrava no país, chegou a declarar que “a massa popular a tudo ficou indiferente”, referindo-se a não participação das camadas populares no fenômeno político de 1822. Fonte: Google Imagens PRIMEIRO REINADO O período que vai de 7 de setembro de 1822 a 7 de abril de 1831 é denominado, pela historiografia, como Primeiro Reinado. O novo regime político brasileiro representava uma vitória das elites nacionais contra o caráter retrógrado da Revolução do Porto de 1820, que tencionava retomar o Pacto Colonial mercantilista. A aliança entre D. Pedro I e o Partido Brasileiro, entretanto, não teria vida longa, já que os projetos políticos destes atores históricos eram bem distintos. Enquanto D. Pedro I advogava uma Monarquia de caráter despótico à moda da tradição lusitana, o Partido Brasileiro passaria a idealizar o modelo político clássico inglês, no qual o monarca reina, mas não governa. O poder político deveria ficar concentrado em um Parlamento e uma nova Constituição deveria definir e estabelecer as regras do jogo político em que os interesses da grande propriedade escravista estariam garantidos, como o livre-comércio e o voto censitário. Uma Assembleia Nacional Constituinte foi convocada com o objetivo de promulgar a nova Carta brasileira. A Assembleia Nacional foi apelidada de “Constituinte da Mandioca”, pois havia uma exigência censitária em que todos os homens que fossem candidatos e eleitores deveriam provar a propriedade de alqueires de mandioca para gozarem de direitos políticos. O objetivo desta forma de votação censitária era evitar a participação de liberais radicais e membros do Partido Português, identificados como comerciantes reinóis que, apesar de possuírem renda, não necessariamente eram proprietários de terras no Brasil. Ademais, a votação censitária excluía também a maior parte da população. A Constituinte, entretanto, teve vida curta, pois os choques de interesses entre D. Pedro I, desejoso em concentrar poderes, e os deputados da bancada do Partido Brasileiro, ávidos pela Monarquia Parlamentar, levariam à exclusão do liberalismo no debate político. Um incidente entre um deputado do Partido Brasileiro e membros do minoritário Partido Português serviu de mote para que o Imperador utilizasse a tropa para dissolver a Assembleia Constituinte. No mesmo decreto de fechamento da Assembleia, D. Pedro I presidiu um Conselho de Estado para redigir o novo anteprojeto constitucional que atendesse a seus interesses despóticos. Em 25 de março de 1824, na catedral do Rio de Janeiro, D. Pedro I jurou a Constituição brasileira que mais tempo ficaria em vigor até hoje: 67 anos, até ser substituída pela primeira Carta republicana. A existência de várias constituições durante a História do Brasil revela uma profunda instabilidade em nossa história política. A Carta de 1824 consubstanciava o centralismo inerente a D. Pedro I, combinando elementos das constituições francesa de 1791 e espanhola de 1812. A Constituição brasileira confirmava o regime monárquico, hereditário e constitucional, estabelecendo, ainda, a divisão dos poderes em Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. O poder Legislativo era constituído pela Câmara dos Deputados e o Senado Vitalício. A escolha dos parlamentares obedecia a regra de voto censitário em renda, e os membros do Senado passavam pela escolha do Imperador. Os cidadãos eram divididos em “passivo”, “ativo votante” e “ativo eleitor e elegível”. O Executivo era constituído pelo Imperador e Ministros. O Judiciário era composto por magistrados indicados pelo Imperador. O quarto poder, denominado Moderador, era prerrogativa exclusiva do Imperador e servia como instrumento para intervir nos demais poderes. D. Pedro I ainda reservou à sua função a prerrogativa de indicar os comandantes militares, os membros da alta hierarquia católica e os presidentes de província. A Constituição de 1824 estabelecia também que a Igreja Católica mantinha a prerrogativa de ser a única religião oficial do Brasil, sendo o Imperador considerado perpétuo defensor da fé católica no país. Ele era considerado maior somente com a idade de 18 anos completos. No caso de menoridade, um governo provisório regencial deveria ser constituído até o herdeiro atingir a PRIMEIRO REINADO E PERÍODO REGENCIAL08 08 PRIMEIRO REINADO E PERÍODO REGENCIALHISTÓRIA II TURMA PRODÍGIO2 PROENEM.COM.BR idade mínima requerida. A Constituição denominava as unidades administrativas do país de “províncias” e não continha artigos definidores acerca da escravidão negra. A Constituição de 1824 foi muito criticada, por contemporâneos e historiadores, por ser considerada excessivamente centralizadora. No entanto, seria exagerado taxá-la de “absolutista”, visto que, mesmo concedendo poderes ampliados ao Imperador por meio do poder Moderador, ela garantia uma série de direitos individuais importantes, como o sigilo de correspondência, liberdade de opinião e propriedade privada. Além disso, a Constituição ainda dava margem de ação ao Legislativo, o que ficou evidente na atuação do mesmo durante o Primeiro Reinado, extremamente crítica. O período do Primeiro Reinado seria estigmatizado pelo signo da instabilidade econômica e política que provocaria a abdicação em 7 de abril de 1831. O rompimento do Imperador com a aristocracia rural por conta do fechamento da “Constituinte da Mandioca” foi o primeiro sintoma de uma grave crise política que se avolumaria com o passar dos anos. A crise econômica do Primeiro Reinado tem sua origem no próprio processo de Independência do Brasil, quando o novo governo assumiu o pesado ônus de assumir dívidas externas como forma de obter seu reconhecimentointernacional. Durante o Primeiro Reinado, o Imperador ainda contou com a má sorte de enfrentar uma crise internacional no preço dos produtos agrícolas, base da economia nacional. A liquidação do Banco do Brasil em 23 de setembro de 1829 e os gastos da Corte para sustentar campanhas militares no Nordeste e Sul também serviram como um catalisador para a crise. Além da oposição da aristocracia rural e da crise econômica, D. Pedro I enfrentou dois movimentos militares que ameaçaram a própria integridade territorial do Império. Em 25 de dezembro de 1823, circularam, em Pernambuco, os primeiros pasquins sediciosos do carmelita Joaquim do Amor Divino, mais conhecido como frei Caneca, criticando o fechamento da Assembleia Nacional e advertindo para o perigo de um regime absolutista que pudesse cercear as liberdades provinciais. Houve a nomeação, pelo Imperador, de Francisco Paes Barreto, em janeiro do ano seguinte, para o cargo de presidente de província em Pernambuco. A revolta chegou ao seu auge em 2 de julho de 1824, quando foi proclamada a Confederação do Equador, contando com a adesão das províncias do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. O desejo federalista e republicano do movimento, entretanto, foi rechaçado pela repressão do governo imperial, que organizou expedições militares comandadas por Francisco de Lima e Silva, contra Pernambuco. Em novembro de 1824, o movimento havia sido debelado e os principais artífices executados, incluindo frei Caneca, que foi fuzilado. Em 1825, uma rebelião no sul do Brasil proclamou a separação da província Cisplatina, que seria incorporada ao conjunto das Províncias Unidas do Reino da Prata, atual Argentina. A guerra da Cisplatina colocou em jogo o prestígio do Imperador e o debate regional entre os sistemas monárquico brasileiro e republicano argentino, como a melhor forma de governo. As escaramuças militares não conseguiram decidir o conflito e o governo da Inglaterra acabaria envolvido como árbitro para tentar acabar com a guerra. Em 27 de agosto de 1828, na Convenção de Paz do Rio de Janeiro, reconheceu-se o direito de a Cisplatina se tornar um Estado independente, que assumiria o nome de República Oriental do Uruguai. O novo país assumiria a função de ser “um algodão entre dois cristais”, isto é, um Estado-tampão que promovesse um equilíbrio de poderes entre Argentina e Brasil na estratégica região da bacia do Prata. A imprensa brasileira também contribuiu para o desgaste do governo de D. Pedro I. Os ataques diários eram direcionados contra o caráter absolutista do regime, ocorrendo, inclusive, menções sobre o movimento liberal francês de 1830. Os jornais Aurora Fluminense e Observador Constitucional, por exemplo, direcionaram suas críticas contra D. Pedro I, não poupando nem mesmo o caráter privado da vida do Imperador. Além disso, a morte de D. João VI, em 1826, inquietou o Partido Brasileiro, temeroso de que D. Pedro I tivesse a intenção de assumir a Coroa portuguesa e promover um retorno ao status quo anterior a 1822. Em Minas Gerais, após o assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró, D. Pedro I foi informado pelo chefe da guarda que não haveria como garantir sua integridade física em um clima de tamanha hostilidade. Ao retornar precipitadamente ao Rio de Janeiro, D. Pedro I foi recebido com entusiasmo pelos seus partidários portugueses. Em 11 de março de 1831, contudo, tiveram início os conflitos de rua entre brasileiros e portugueses, que ficariam conhecidos como a Noite das Garrafadas. Em 5 de abril, D. Pedro I substituiu o marquês de Barbacena, próximo aos brasileiros, da chefia do ministério, por um novo Ministério de tendência portuguesa. Os rumores de um golpe de Estado começaram a circular e uma multidão apoiada por elementos da tropa concentrou-se no Campo de Santana para protestar contra o Imperador. Em 7 de abril de 1831, com a situação insustentável, D. Pedro I renunciou em favor de seu filho Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos. PERÍODO REGENCIAL O artigo 122 da Constituição de 25 de março de 1824 estabelecia que “durante a sua menoridade, o Império será governado por uma Regência”, a qual, segundo o artigo seguinte, seria formada por três membros da Assembleia Geral, que equivalia ao Poder Legislativo na época. O período regencial, que durou de 7 de abril de 1831 a 23 de julho de 1840, representava uma vitória dos partidários de um modelo de regime político mais liberal que apoiaram o príncipe regente no momento em que o Brasil sofria a ameaça de recolonização por parte da Revolução do Porto, mas que, em um segundo momento, romperam com D. Pedro I por conta da outorga da Magna Carta. A preservação da Monarquia revelava ainda a preocupação dos membros da aristocracia rural em “manter a política nos gabinetes”, para utilizar uma expressão de época, ou seja, evitar uma radicalização do processo político que pudesse redundar em um Estado republicano abolicionista. O período que compreende os anos de 1831 a 1837 corresponde ao avanço dos liberais moderados, no qual as principais medidas estariam associadas com uma preocupação em conceder às províncias uma maior autonomia administrativa e legislativa. Os liberais exaltados estavam entre os mais destacados membros da oposição da época, reunindo tendências variadas que exigiam desde uma Monarquia ainda mais descentralizada que a dos moderados, o fim do caráter vitalício do Senado e a extinção do Conselho de Estado, até aqueles indivíduos que advogavam abertamente o ideal republicano federalista e abolicionista. Os caramurus, ou restauradores, representavam outra linha oposicionista, propondo o retorno de D. Pedro I e do regime centralizador derrubado. Os restauradores, entretanto, tiveram suas ambições frustradas quando, em 1834, D. Pedro I faleceu na Europa. Por fim, os conservadores, que ascenderiam ao poder em 1837 com um discurso centralizador, revogariam parte das conquistas descentralizadoras dos liberais moderados, até serem alijados do poder pelo golpe de 1840. Cumprindo a norma constitucional, a Assembleia elegeu uma Regência Trina Provisória que governaria o país por dois meses até ser designada uma Regência Trina Permanente. Os três primeiros regentes foram o marquês de Caravelas, o senador Nicolau de Campos Vergueiro e Francisco de Lima e Silva. Em 17 de junho de 1831, os nomes da Regência Trina Permanente foram escolhidos, contando com os deputados José da Costa Carvalho, João Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva. Um decreto de 14 de junho de 1831 limitava os regentes a exercer certas atribuições consideradas restritivas ao Poder Moderador, como conceder títulos nobiliárquicos, negociar tratados com HISTÓRIA II08 PRIMEIRO REINADO E PERÍODO REGENCIAL TURMA PRODÍGIO 3PROENEM.COM.BR governos estrangeiros, suspender direitos previstos na Magna Carta e dissolver o Legislativo. As primeiras medidas de caráter de descentralização, entretanto, não tardariam a vir. Uma lei de 18 de agosto de 1831 criava a Guarda Nacional, inspirada nos mesmos moldes da similar francesa. O conceito de “cidadão armado” era importado para o Brasil e atendia a um objetivo importante para os regentes: desmobilizar e enfraquecer o Exército, considerado indisciplinado à época e fonte de possíveis movimentos que poderiam abalar a própria Monarquia. A existência de critérios censitários durante o período monárquico, entretanto, restringia o preenchimento das patentes de oficiais aos cidadãos ativos, isto é, aqueles que possuíam renda entre 100 mil e 800 mil- réis anuais. A Guarda Nacional, que chegou a atuar como elemento pacificador contra rebeliões provinciais e na Guerra do Paraguai, tornou-se instrumento dos grandes produtores rurais a tal ponto que os latifundiários passariam a ser tratados simplesmente como coronéis. Ainda no ano de 1831, uma importante reforma legal instituiu o Código de Processo Criminal, o qual estabeleceu o direito de habeas corpus ea regulamentação das Juntas de Paz, nas quais os juízes de paz podiam julgar recursos de sentenças provinciais. O cargo era preenchido através dos mecanismos censitários e tinha caráter provisório, sendo, portanto, mais um instrumento de poder das elites provinciais. Em julho de 1832, uma tentativa de golpe de Estado liberal foi frustrada, quando os liberais moderados, liderados pelo ministro da Justiça padre Diogo Feijó, pretendiam conceder à Câmara Legislativa poderes de Assembleia Nacional Constituinte. De qualquer modo, dois anos depois os liberais moderados conseguiriam aprovar uma Reforma Constitucional. O maior símbolo do avanço liberal foi o Ato Adicional de 12 de agosto de 1834, o qual, a despeito de concessões feitas aos conservadores, como a manutenção da vitaliciedade do Senado e do Poder Moderador, representou uma vitória daqueles parlamentares liberais moderados que advogavam uma maior concessão de de autonomia para as províncias. Os Conselhos Gerais das províncias, órgãos de caráter consultivo, passariam a funcionar como Assembleias Legislativas Provinciais. Apesar disso, a presidência da província continuava sendo prerrogativa do Rio de Janeiro, o qual foi transformado em município neutro. O Ato Adicional ainda alterou a composição da Regência, que passaria a ser Una, além de extinguir o Conselho de Estado. O documento foi alcunhado pelo deputado conservador Bernardo Pereira de Vasconcelos, fundador do imperial colégio Pedro II, como o “Código da Anarquia”, pois, segundo o deputado, o excessivo caráter descentralizador da emenda poderia estimular movimentos sediciosos que questionassem o poder central. Ele seria ainda um divisor de águas na designação dos grupos políticos, pois os liberais passariam a ser identificados como “progressistas”, enquanto os conservadores seriam denominados de “regressistas”. Em outubro de 1835, o padre Diogo Feijó se tornou o primeiro regente uno do Brasil, recebendo 2.826 votos, 575 a mais que Holanda Cavalcanti. O período Feijó, entretanto, seria marcado por um intempestivo momento de revoltas provinciais, muitas das quais seriam atribuídas aos supostos excessos de autonomia concedidos pelo Ato Adicional, o que recordaria a tenebrosa previsão de Bernardo Pereira de Vasconcelos acerca do risco de fragmentação territorial do Império. As revoltas do período regencial apresentaram características próprias, contudo, de um modo geral, podemos afirmar que evidenciavam uma crise política nacional que colocaria em xeque a própria existência da integridade do Brasil. Em novembro de 1834, na província do Grão-Pará, tropas do governo executaram Manuel Vinagre e prenderam outras lideranças populares que se opunham ao poder centralizado no Rio de Janeiro e utilizaram um discurso liberal radical. No dia 6 de janeiro de 1835, iniciou-se o movimento que ficaria conhecido pela historiografia como Cabanagem ou revolta dos Cabanos, referência às modestas habitações que a população da região Norte utilizava nas beiras dos igarapés e rios. Um grupo armado composto por índios, mestiços e negros conquistou a cidade de Belém, matando o presidente da província, Lobo de Souza, e o comandante militar Silva Santiago. Estes cargos foram ocupados, respectivamente, por Félix Malcher e Francisco Pedro Vinagre. As diferenças entre os líderes da revolta, entretanto, acabariam enfraquecendo o movimento. A defesa da moderação e do diálogo com o governo regencial começou a surgir como um estandarte por parte de membros do regime provisório, enquanto os mais exaltados defendiam a secessão. Em 14 de maio de 1836, graças à ação militar do brigadeiro Soares de Andrea, as forças imperiais re¬cuperaram definitivamente Belém, depois de vários avanços e recuos. O movimento seria desarticulado totalmente em 1840, quando uma anistia geral seria promulgada. A revolta suscitou grande repressão por parte do governo regencial, atribuindo-se o saldo de cerca de 30 mil mortos nos anos de luta. Entre 1835 e 1845, nas províncias do Rio Grande e Santa Catarina, o governo regencial enfrentou um movimento separatista que o próprio regente Feijó chegou a considerar como caso perdido. De fato, somente com o advento do II Reinado, as negociações entre os representantes do governo imperial e os sulistas acabariam com a revolta. O movimento, denominado de Farrapo, devido ao hábito sulista de trajar roupas que se contrapunham à moda europeia, foi liderado pela elite produtora de charque do Sul, queixosa de que o governo regencial não atendia aos seus interesses relativos à concorrência argentina e uruguaia. Ademais, assim como nas outras províncias, permanecia a tradição política da imposição do governo central do Rio de Janeiro do presidente de província, representado por Antônio Rodrigues Fernandes Braga. Em 20 de setembro de 1835, um grupo militar farrapo liderado por Bento Gonçalves tomou o controle da cidade de Porto Alegre, detonando o movimento. Em 10 de setembro de 1836, foi proclamada a República Rio-grandense. Em 1838, o movimento avançou, sendo proclamada a República de Piratini. Novos líderes militares de destaque surgiram ao longo da guerra, como o aventureiro italiano Giuseppe Garibaldi. Em 1839, os farrapos atravessaram a divisa Santa Catarina e David Canabarro proclamou a República Catarinense ou Juliana. No início dos anos de 1840, com a ascensão do segundo Reinado, as negociações no sentido de atender aos interesses dos farrapos e acabar com o movimento avançaram, por exemplo, sobre a tributação dos similares platinos. Em 1845, em um acordo negociado entre Caxias e Canabarro, os revoltosos depuseram as armas em troca da anistia e da incorporação dos farrapos ao exército imperial. Durante algumas horas de 25 de janeiro de 1835, a alta sociedade de Salvador sofreria a tensão de viver um movimento de caráter haitianista. Os escravos malês, designação para negros islamizados, articularam uma rebelião que fracassou devido à delação dos libertos Domingos, Guilhermina e Sabina às autoridades policiais de Salvador, que tiveram tempo para preparar a repressão ao movimento. Cerca de 500 pessoas foram consideradas envolvidas direta ou indiretamente no levante, sendo punidas das mais diversas formas, desde a pena capital, aplicada através de fuzilamento a 16 escravos africanos, até açoites e deportações. Entre fins de 1837 e o início de 1838, na mesma cidade de Salvador, ocorreu uma revolta das classes médias urbanas denominada de Sabinada, por conta da liderança de Francisco Sabino. Os liberais exaltados defendiam abertamente a criação de um governo provisório independente do poder regencial que, porém, manter-se-ia fiel ao Império, aguardando apenas a maioridade de Pedro de Alcântara. Os revoltosos, que chegaram a constituir um regime temporário, contudo, foram reprimidos com extrema violência, provocando a morte de cerca de 1.200 rebeldes, além de terem sido efetuadas quase 3 mil prisões. Entre 1838 e 1841, no Maranhão e no Piauí, ocorreu a Balaiada, movimento que envolveu diversos atores sociais, tais como os fazendeiros liberais, denominados bem-te-vis, e as classes populares do Maranhão. A revolta entre as classes abastadas opôs 08 PRIMEIRO REINADO E PERÍODO REGENCIALHISTÓRIA II TURMA PRODÍGIO4 PROENEM.COM.BR liberais e conservadores, enquanto em 13 de dezembro de 1838, o vaqueiro Raimundo Gomes iniciou um movimento contra o poder público conservador, representado pelo prefeito José Egito. A mobilização popular teve origem nas restrições que os mestiços sofriam durante o período monárquico, além do recrutamento compulsório pela força policial. Em fins de 1839, cerca de 3 mil negros estavam mobilizados nas revoltas contra o poder instituído. Em 1840, porém, o futuro Duque de Caxias iniciou a repressão aos movimentos populares da região, até dizimá-los com o apoio da elite local. As revoltas provinciais contribuíram imensamente para a desestabilização da regênciaFeijó e sua queda em 1837, quando ocorreria o regresso conservador com Araújo Lima. As autonomias provinciais foram revogadas com a Lei Interpretativa do Ato Adicional. A antecipação da maioridade de Pedro de Alcântara, entretanto, era tida como a única solução que poderia garantir a manutenção da integridade territorial do Império. Os liberais, desejosos de retornar ao poder, arquitetaram, então, o chamado Golpe da Maioridade, descrito com maestria por Otávio Tarquínio de Souza em seu clássico sobre o período regencial. Pedro de Alcântara, seduzido pela proposta liberal de assumir o trono antes de completar a maioridade prevista na lei, teria dito que desejava a Coroa e a “queria já”. Em 23 de julho de 1840, D. Pedro II era coroado no Senado Federal, no atual prédio da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, derrubando o governo do marquês de Olinda e colocando fim ao conturbado período das regências. O conturbado período das regências foi sepultado por um golpe de Estado, no qual a Constituição outorgada de 1824 foi violentada em favor de um discurso aparentemente centralizador, que advogava a necessidade da antecipação da maioridade como forma de garantir a integridade territorial do Império. Os anteprojetos de Emenda Constitucional de Antecipação da Maioridade de 1835, 1837 e 1839 foram derrubados no plenário e o movimento de 1840, feito ao arrepio da Lei, foi festejado nos seguintes versos: “Queremos D. Pedro II / Embora não tenha idade / A nação dispensa a lei / Viva a Maioridade!” Fonte: Google Imagens ANOTAÇÕES
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