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Concepção social da língua e 
diversidade linguística
Apresentação
A língua, para além de mero instrumento de comunicação, é um fenômeno social intrinsecamente 
ligado à história, à cultura e à identidade de um povo. De acordo com Coelho e Mesquita (2013, p. 
26), "a linguagem é hoje a base que sustenta toda a vida social, pois carecemos dela nos vários 
âmbitos: social, político, religioso, familiar, educacional, ideológico, midiático, econômico, amoroso. 
Por fim, a linguagem é o que medeia as relações sociais, permitindo que nos inscrevamos neste ou 
naquele lugar social". A sociolinguística, nesse contexto, surge como um campo de estudo 
necessário para compreendermos como a língua se manifesta e se transforma em diferentes 
contextos sociais, revelando as relações de poder, as desigualdades e a rica diversidade linguística 
que permeia as diferentes sociedades.
No Brasil, a sociolinguística se debruça sobre a complexa realidade linguística do país, marcada pela 
herança colonial, pela miscigenação cultural e pela coexistência de diferentes línguas indígenas e 
afrodescendentes. Ao analisar as diversas variedades linguísticas presentes no território brasileiro, a 
sociolinguística busca desmistificar a ideia de uma norma homogênea e rígida, reconhecendo a 
riqueza e a pluralidade dos modos de falar e escrever o português brasileiro.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer a história das visões de língua no Brasil, 
observando como a visão tradicional de norma única e imutável foi desafiada pelas pesquisas 
sociolinguísticas. Também vai explorar a rica diversidade linguística brasileira, reconhecendo suas 
diferentes formas de expressão e sua relevância para a construção da identidade nacional. Por fim, 
vai refletir sobre as implicações da diversidade linguística para a prática docente, analisando 
estratégias para uma educação mais inclusiva e que valorize as diferentes variedades linguísticas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever as concepções históricas da língua no Brasil.•
Identificar a contribuição da diversidade linguística brasileira para a língua portuguesa.•
Estabelecer possíveis maneiras da relação docente/discente frente à diversidade linguística.•
Desafio
A diversidade linguística brasileira é um fenômeno que resulta de séculos de interação entre povos 
indígenas, africanos, europeus e asiáticos. Essa confluência de culturas e línguas enriqueceu o 
vocabulário do português brasileiro, além de ter moldado suas estruturas gramaticais e expressões 
culturais. Compreender essa diversidade é fundamental para qualquer profissional da área de letras 
e linguística, pois permite uma visão mais ampla e inclusiva da língua portuguesa.
Diante disso, imagine a seguinte situação:
Com base nessas informações, crie um relatório que servirá como base para uma apresentação a 
ser feita em um seminário interno. O relatório deve destacar exemplos concretos das influências 
linguísticas indígenas e africanas no português brasileiro, utilizando dados que fomentem essa 
discussão. Além disso, você deve propor ações que a universidade poderia implementar para 
aumentar a conscientização e a valorização dessas contribuições entre estudantes e professores.
Infográfico
Ao longo da história, diferentes concepções moldaram a visão sobre a língua portuguesa no Brasil. 
No período colonial (1500-1808), o português se impôs como língua oficial da colônia, símbolo do 
poder e da cultura europeia. Essa imposição, como aponta Faraco (2008), gerou um processo de 
miscigenação linguística, com a incorporação de elementos indígenas e africanos ao português 
falado no Brasil. Essa mistura deu origem ao português brasileiro, marcado por sua riqueza e 
diversidade. No período imperial (1822-1889), a busca por uma identidade nacional brasileira 
colocou a língua portuguesa em destaque. Autores como Rui Barbosa defenderam a pureza e a 
norma culta da língua como forma de fortalecer a unidade nacional. Essa visão, no entanto, foi 
contestada por aqueles que reconheciam a riqueza da variedade linguística brasileira. Como aponta 
Bagno (2007), o português brasileiro já se apresentava como uma língua autônoma, com suas 
próprias características e regras. Já, no período republicano (1889-presente), o Modernismo 
questionou a norma culta e valorizou a linguagem coloquial e popular. Obras como as de Machado 
de Assis e de Graciliano Ramos consagraram o uso da linguagem coloquial na literatura brasileira. 
Essa ruptura com a norma culta contribuiu para o reconhecimento da pluralidade linguística do 
português brasileiro.
Atualmente, a língua portuguesa no Brasil se destaca por sua riqueza, diversidade e pluralidade, 
expressando a identidade cultural do país em suas múltiplas formas. As diferentes concepções 
históricas que moldaram a língua portuguesa no Brasil demonstram a vitalidade e a capacidade de 
adaptação desse idioma, que se reinventa constantemente para refletir as realidades socioculturais 
do país.
Neste Infográfico, você vai acompanhar um panorama da história da língua portuguesa no Brasil, 
desde suas origens até os dias atuais, e observar as diferentes concepções que a moldaram ao 
longo do tempo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo do livro
A concepção social da língua propõe uma ruptura com a visão tradicional que a considerava um 
sistema homogêneo e estático. Essa nova perspectiva reconhece a língua como um fenômeno 
dinâmico e intrinsecamente ligado aos contextos sociais em que é utilizada. Autores como Bakhtin 
(1981), que aborda a dialogia, e Bourdieu (2001), que analisa o papel da linguagem na reprodução 
das desigualdades sociais, lançaram as bases para essa visão. Labov (1972), por sua vez, com seus 
estudos sobre a variação linguística em Nova York, demonstrou que a forma como falamos está 
relacionada a fatores sociais como classe social, etnia e gênero.
Essa abordagem da língua tem importantes implicações para a compreensão da diversidade 
linguística. Ao reconhecer que a língua não é um sistema monolítico, mas, sim, um conjunto de 
variedades utilizadas por diferentes grupos sociais, podemos compreender melhor as relações entre 
língua, cultura e identidade. Silva (2000), por exemplo, destaca que a valorização da diversidade 
linguística é fundamental para o combate à discriminação linguística e a promoção da inclusão 
social. Esse processo é necessário também para os perigos da homogeneização linguística, que 
pode levar à perda de línguas minoritárias e à padronização cultural. A concepção social da língua e 
a valorização da diversidade linguística são basilares para a construção de uma sociedade mais justa 
e democrática.
No capítulo Concepção social da língua e diversidade linguística, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, você vai acompanhar a evolução das concepções da língua portuguesa no Brasil, 
observando as transformações que moldaram a identidade linguística do país. Com isso, será capaz 
de reconhecer seu papel fundamental na construção da língua portuguesa como um idioma plural. 
Além disso, você vai se aprofundar nos desafios e nas oportunidades que a diversidade linguística 
apresenta no contexto da relação docente-discente. Por fim, vai compreender a língua portuguesa 
em sua multiplicidade, reconhecendo a importância da diversidade linguística.
Boa leitura.
SOCIOLINGUÍSTICA
Eliana Cristina Caporale Barcellos
U N I D A D E 4
Concepção da língua e 
diversidade linguística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever as concepções históricas da língua no Brasil.
 � Identificar a contribuição da diversidade linguística brasileira para 
a língua portuguesa.
 � Estabelecer possíveis maneiras da relação docente/discente frente 
à diversidade linguística. 
Introdução
Você já percebeu como existem vários falares no Brasil? Já teve a 
oportunidade de ver pessoas de outrasregiões falando? Muitas ve-
zes, achamos engraçado algumas expressões que ouvimos e não 
entendemos, não é mesmo?! E nas músicas, você já percebeu como 
cada cantor e cada cantora imprime em seu cantar a identidade de 
sua região? Aff Maria! São tantas variedades... aliás, a expressão que 
acabei de usar também reflete um regionalismo, agora em interjei-
ções... neste texto, você poderá refletir um pouco mais sobre essas 
questões. 
Concepções da língua: o processo histórico-
linguístico
Pensar nas mudanças linguísticas da língua portuguesa em território bra-
sileiro, nos remete à época do descobrimento. Se você lembrar dos acon-
tecimentos históricos que datam do século XIV em diante, poderá apontar 
três marcos que contribuíram para as mudanças linguísticas: a chegada dos 
portugueses ao Brasil, a chegada da família real e a vinda dos imigrantes 
portugueses.
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Ao chegarem ao Brasil, os portugueses se depararam com uma socie-
dade muito bem estruturada, com cultura e diversidade linguística próprias: 
os indígenas. Nesse momento, os colonizadores, com intuito de evangelizar, 
doutrinar e de impor sua cultura, se viram obrigados a mesclar o português 
com o latim e algumas palavras da língua dos indígenas, criando a cha-
mada língua geral. Dessa forma, os indígenas, em suas tribos, mantinham 
suas línguas nativas, mas para falarem com a comunidade externa usavam 
a língua geral. Assim, 
as línguas gerais eram línguas de base tupi, em uso por grande 
parte da população. As mais importantes foram a Geral Paulista 
e a Geral Amazônica. Constituíam a língua do contato entre os 
indígenas, entre os indígenas e portugueses e todos que iam se 
agregando ao novo território. Em termos gerais, era a língua da 
informalidade, comum a nativos e não nativos, sendo instrumen-
to básico no processo de catequização dos povos indígenas. Já 
o português, era a língua oficial do Estado, empregada em atos 
e documentos oficiais relacionados à administração colonial. 
(SANTANA; MÜLLER, 2015, p. 3).
Com a chegada da família real ao Brasil, vieram, também, os escravos 
africanos, com suas línguas nativas. Talvez esse tenha sido o marco mais 
importante em relação às mudanças linguísticas da língua portuguesa no 
Brasil, pois, o que no início era uma mescla de português, latim e tupi, 
agora, passava a sofrer influência das línguas africanas. Essa diversidade 
linguística original, caracteriza o pluralismo e a heterogeneidade da língua 
portuguesa brasileira. Apenas a partir da segunda metade do séc. XVIII 
é que a língua geral começa a entrar em desuso, sob a influência dos imi-
grantes portugueses que vieram para trabalhar nas minas de ouro e dia-
mantes. Em 1758, o Marquês do Pombal decreta o português como língua 
oficial.
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A reforma Pombalina é um importante marco na historiografia da educação brasileira. 
Por ser contextual, não é possível compreendê-la senão por meio da própria história do 
Brasil, enquanto colônia de Portugal, espaço temporal no qual foi criada. [...] A análise 
das transformações da sociedade portuguesa em meados do século XVIII, consubstan-
ciadas nas Reformas Pombalinas que abarcaram os âmbitos econômico, administrativo 
e educacional, tanto em Portugal como nas suas colônias, requer o conhecimento da 
situação da metrópole neste período. 
[...] Através do Alvará Régio, de 28 de junho de 1759, o Marquês de Pombal expulsou, 
ao mesmo tempo, os jesuítas de Portugal e de suas colônias, suprimindo as escolas e 
colégios jesuíticos de Portugal e de todas as colônias; criou as aulas régias ou avulsas 
de Latim, Grego, Filosofia e Retórica, que deveriam substituir os extintos colégios jesu-
ítas, e criou a figura do “Diretor Geral dos Estudos”, para nomear e fiscalizar a ação dos 
professores. 
As aulas régias eram autônomas e isoladas, com professor único e uma não se ar-
ticulava com as outras. Destarte, o novo sistema não impediu a continuação do ofe-
recimento de estudos nos seminários e colégios das ordens religiosas, que não a dos 
jesuítas (Oratorianos, Franciscanos e Carmelitas, principalmente).
Em lugar de um sistema mais ou menos unificado, baseado na seriação dos estudos, 
o ensino passou a ser disperso e fragmentado, baseado em aulas isoladas que eram 
ministradas por professores leigos e mal preparados.
Com a implantação do subsídio literário, imposto colonial para custear o ensino, 
houve um aumento no número de aulas régias, porém ainda muito precário devido 
à escassez de recursos, de docentes preparados e da falta de um currículo regular. 
Ademais, vemos uma continuidade na escolarização baseada na formação clássica, 
ornamental e europeizante dos jesuítas, porque a base da pedagogia jesuítica per-
maneceu a mesma. Os padres missionários, além de terem cuidado da manutenção 
dos colégios destinados à formação dos seus sacerdotes, criaram seminários para um 
clero secular, constituído por “tios-padres” e “capelães de engenho”, ou os chamados 
“padres-mestres”. Os padres-mestres deram continuidade a essa ação pedagógica, 
mantendo sua metodologia e seu programa de estudos que deixava de fora, além das 
ciências naturais, as línguas e literaturas modernas, em oposição ao que acontecia na 
Metrópole, onde as principais inovações de Pombal no campo da educação eram o en-
sino das línguas modernas, o estudo das ciências e a formação profissional. Por isso, se 
para Portugal as reformas no campo da educação, que levaram à laicização do ensino, 
representaram um avanço, para o Brasil, essas reformas significaram um retrocesso na 
educação escolar, com o desmantelamento completo da educação brasileira oferecida 
pelo antigo sistema de educação jesuítica, melhor estruturado do que as aulas régias. 
[...]
Fonte: Adaptado de SECO; AMARAL, s.a., on line.
57Concepção da língua e diversidade linguística
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Noll (2004) demarca oito variedades do português no Brasil neste período: 
o português europeu escrito/impresso; as variedades dos colonos vindos das 
diferentes regiões de Portugal; o português dos índios integrados em contato 
permanente com os portugueses; o português dos mamelucos nascidos da 
união de brancos e índios; o português dos negros boçais chegados da África; 
o português dos negros crioulos e mulatos; o português falado no complexo 
da casa-grande e da senzala e o português das populações citadinas. (NOLL 
apud SANTANA; MÜLLER, 2015, p. 8).
Essa miscigenação do povo, refletiu também na língua falada no país. De 
maneira nenhuma você pode pensar em prejuízo linguístico, pelo contrário, 
foi justamente essa contribuição e influência vocabulares que 
propiciaram a ampliação do léxico brasileiro. O contato entre as 
populações autóctone, branca e africana, dado por diversos mo-
tivos, no que tange ao aspecto linguístico resultou no processo 
natural de renovação lexical. (SANTANA; MÜLLER, 2015, p. 10).
Diversidade linguística regional
O território brasileiro constitui-se de uma grande diversidade linguística. 
Desde o início da colonização portuguesa, o país sofreu influência de dife-
rentes culturas, as quais caracterizam a língua falada das regiões brasileiras. 
Além disso, existiram as contribuições idiomáticas dos indígenas, dos afri-
canos e dos europeus.
São regionalismos as expressões próprias de uma região específica. Observe 
nas Tabelas 1, 2 e 3 algumas expressões regionais: 
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Expressões Significados
Baixa da égua Lugar onde ninguém quer ir, lugar muito longe
Balaio de gato Desorganização, confusão
Bater a caçoleta Morrer
Cambito Perna fina
Cão chupando manga Pessoa muito feia
Caxaprego Lugar muito distante
Dar o prego Enguiçar
Dar pitaco Dar opinião
Encangado Em ciam, montado
Ensacar Por a blusa dentro da calça
Fastiado Sem fome
Fez mal Engravidou alguém
Gaia Chifre
Invocado Corajosoou “muito bom”
Jerimum Abóbora
Liso Sem dinheiro
Mangar Ridicularizar
Nome feio Palavrão
Pastorar Vigiar
Quenga Prostituta
Racha Pelada, jogo de futebol ou disputas em geral
Sustança Energia dos alimentos
Triscar Tocar
Varapau Homem alto
Xanha Coceira na pele
Zambeta De pernas tortas
Tabela 1. Regionalismos – região nordeste.
Fonte: Variação Linguística (2013).
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Expressões Significados
Alçar a perna Montar a cavalo
Campo santo Cemitério
Embretar-se Meter-se em apuros
Guacho Animal ou pessoa criada sem mãe ou sem leite materno
Lindeiro Ao lado de, vizinho
Maleva Bandido, malfeitor, perverso
Olada Ocasião, oportunidade
Parada Importância em dinheiro pela qual se contrata uma 
corrida de cavalos ou uma rinha de galos
Relho Chicote pequeno com cabo de madeira e cabo torcido
Solito Isolado, sozinho, sem companhia
Tirana Cantiga e dança popular, acompanhada 
de viola. Variedade de fandango
Tabela 2. Regionalismos – região sul.
Fonte: Variação Linguística (2013).
Expressões Significados
De rocha Palavra ou assunto com convicção
Égua de largura Muita sorte
Essa é da grife do varal Roupa roubada
Levou o farelo Morreu
Muidinho Pequeno
Paga uma aí Paga uma bebida
Vigia bem Preste muita atenção
Umborimbora? Vamos embora?
Zé ruela Abestado, besta
Tabela 3. Regionalismos – região norte.
Fonte: Variação Linguística (2013).
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A diversidade linguística na sala de aula
Ao retratar o ensino da língua portuguesa em sala de aula, os professores 
constantemente se deparam com a diversidade linguística presente nas falas 
dos educandos e das educandas. Estudos comprovam que a maneira de falar 
de cada um recebe influência de fatores como: nível de escolarização, status 
socioeconômico, faixa etária, gênero etc. Segundo Bortoni-Ricardo (2004, p. 
49) “Todos esses fatores representam os atributos de um falante [...] Podemos 
dizer que esses atributos são estruturais, isto é, fazem parte da própria indivi-
dualidade do falante. Há outros fatores que não são estruturais, mas sim fun-
cionais. Resultam da dinâmica das interações sociais.” Portanto, ao abordar o 
ensino da língua portuguesa no Brasil, há necessidade de uma maior atenção 
da forma como esse ensino tem sido ministrado e seus desafios por parte do 
corpo docente.
A visão sociolinguística, em geral, atesta que um dos maiores problemas 
no ensino da língua é resultado do uso de um padrão linguístico, no caso, 
a norma padrão, a qual se distancia da fala discente, e, também, não consi-
dera as vivências linguísticas do corpo discente. Para os sociolinguistas essa 
questão é crucial, pois a participação é condição fundamental para promover 
a integração social e o enriquecimento linguístico do grupo. 
Atualmente, as variações linguísticas presente nas falas dos educandos e 
das educandas no contexto escolar, não recebem a importância devida, apesar 
de pesquisas apontarem a necessidade de serem levadas em consideração. 
Essa polêmica tem trazido a discussão como conciliar o estudo da língua fa-
lada e da língua escrita nas escolas.
Para conhecer um pouco da polêmica atual, assista entrevista com o Professor Marcos 
Bagno nos links a seguir:
Parte 1: .
Parte 2: .
É importante salientar que a variação linguística se encontra presente em 
todas as línguas e em todos os tempos. A escola desempenha uma função 
social, ou seja, os estudos sociolinguísticos destacam que não se pode des-
considerar o contexto cultural e linguístico dos discentes e subjuga-los à 
61Concepção da língua e diversidade linguística
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língua padrão instituída. Na escola se aprende o uso da língua culta e escrita, 
porém o reconhecimento da fala também é relevante, uma vez que constitui 
parte fundamental da identidade dos estudantes. A escola não pode ignorar as 
diferenças sociolinguísticas. Professores e alunos têm que estar conscientes 
de que existem duas ou mais maneiras de dizer a mesma coisa, e que essas 
formas alternativas servem a propósitos comunicativos diferentes e são rece-
bidas de maneiras diferentes pela sociedade. (BORTONI-RICARDO, 2005).
Sociolinguística62
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BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de 
aula. São Paulo: Parábola editorial, 2004.
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemos na escola, e agora?: sociolinguística & educa-
ção. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
NOLL, V. A formação do Português do Brasil. In: DIETRICH, W.; NOLL, V. O Português do 
Brasil. Madrid/Frankfurt: Iberoamericana/Vervuert, 2004.
SANTANA, A. P.; MÜLLER, L. C. P. A Língua Portuguesa no Brasil: percurso histórico-
-linguístico. In: Web-Revista Sociodialeto, Campo Grande: UEMS. v. 5. n. 15, maio 2015.
Disponível em: .
Acesso em: 26 ago. 2016.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Regionalismos. 2013. Disponível em: . Acesso em: 13 set. 2016.
Leituras recomendadas
ORLANDI, E. P. A língua brasileira. Revista Línguas do Brasil. p. 29-30. Disponível em: 
. Acesso em: 26 ago. 2016.
ALENCAR, M. S. M. Panorâmica dos estudos dialetais e geolinguísticos no Brasil. Revista 
de Letras, v. 30, jan. 2010/dez. 2011. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2016.
SECO, A. P.; AMARAL, T. C. I. Marquês de Pombal e a reforma educacional brasileira. In: 
HISTEDBR. Navegando na história da educação brasileira. s/a. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 
2016.
Dica do professor
A Reforma Pombalina, implementada entre 1750 e 1777, marcou um período de profundas 
transformações em Portugal e suas colônias, sendo impulsionada pelos ideais iluministas de 
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Visando a modernizar o Estado, a 
fortalecer o poder real e a aumentar a riqueza da nação, a reforma se destacou na educação com a 
laicização do ensino, expulsando os jesuítas e criando novas instituições sob controle estatal. Essa 
medida, segundo Saviani (2008), buscava submeter a educação aos princípios do Estado absolutista 
e iluminista, retirando-a da influência da Igreja Católica. A reforma também introduziu mudanças no 
currículo, incluindo disciplinas como matemática, ciências naturais e filosofia, visando, de acordo 
com Schmütz (2004), a formar indivíduos aptos às demandas do Estado moderno e da economia 
mercantilista.
Em contrapartida, o ensino contextualizado e interdisciplinar no Brasil tem uma trajetória marcada 
por movimentos sociais, reformas educacionais e pesquisas acadêmicas. Desde a década de 1930, 
com a Escola Nova, a busca por superar o ensino tradicional e tecnicista se intensificou. A Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, consagrou esses princípios, 
impulsionando a implementação de projetos pedagógicos inovadores que valorizam a realidade do 
aluno e a interconexão do conhecimento.
Nesta Dica do Professor, você vai ver como a reforma pombalina e o ensino contextualizado e 
interdisciplinar se relacionam.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b7df2db5cda157c88863552b06efb102
Exercícios
1) A língua, sob a perspectiva estruturalista, é vista como um sistema autônomo de signos que 
se relacionam entre si de maneira regular e previsível. Nesse modelo, cada elemento da 
língua só adquire significado em relação aos outros elementos que compõem o sistema.Os 
estruturalistas argumentam que a língua deve ser estudada em sua estrutura interna, 
independentemente de fatores externos como o contexto social ou histórico.
Assinale a alternativa que melhor representa a concepção de língua como um sistema 
fechado segundo a teoria estruturalista.
A) A língua é um fenômeno dinâmico que se modifica constantemente com a interação social.
B) A língua deve ser estudada levando em consideração as variações culturais e contextuais.
C) A língua é um sistema de signos autônomo, em que cada elemento só adquire significado em 
relação aos outros elementos.
D) A língua é influenciada diretamente pelos acontecimentos históricos e sociais. 
E) A língua é um instrumento de comunicação que depende das intenções dos falantes.
2) A língua é entendida, na perspectiva sociolinguística, como um fenômeno social, moldado e 
constantemente transformado pelas interações entre os falantes. Esse ponto de vista 
considera que o uso da língua reflete e constrói relações sociais, identidades e poder. A 
variação linguística, portanto, não é vista como um desvio da norma, mas como uma 
característica intrínseca da língua que emerge de contextos sociais específicos.
Assinale a alternativa que melhor representa a concepção de língua como um processo 
social segundo a teoria sociolinguística.
A) A língua é moldada e transformada pelas interações sociais, refletindo relações de poder e 
identidades.
B) A língua é uma entidade imutável que não sofre variações significativas ao longo do tempo.
C) A língua é um sistema autônomo e deve ser estudada independentemente dos contextos 
sociais.
D) A língua é composta por um conjunto fixo de regras que se altera conforme o uso dos 
falantes.
E) A língua deve ser estudada exclusivamente por suas estruturas internas, sem levar em conta 
os usos sociais.
3) A língua portuguesa falada no Brasil, fruto de um rico processo histórico e cultural, se 
distingue do português europeu por diversas características fonológicas, morfológicas, 
sintáticas, lexicais e discursivas. Essa diversidade, longe de ser um problema, representa um 
patrimônio cultural inestimável e uma marca identitária do povo brasileiro. Diversos estudos, 
como o realizado por Naro e Scherre (2007), comprovam a influência marcante das línguas 
indígenas, africanas e até mesmo de imigrantes em nosso português, moldando a língua e a 
tornando mais rica e expressiva.
Identifique a alternativa que melhor exemplifica a contribuição da diversidade linguística 
brasileira para a língua portuguesa:
A) A diversidade linguística brasileira se limita a variações fonéticas regionais, sem impacto 
significativo na estrutura da língua.
B) A diversidade linguística brasileira contribuiu para a formação de uma língua mais rica, 
expressiva e diversa, refletindo a pluralidade cultural do país.
C) A influência das línguas indígenas se restringe ao vocabulário relacionado à flora e à fauna 
brasileiras.
D) O português brasileiro, apesar de suas particularidades, segue fielmente as normas 
gramaticais do português europeu.
E) A criatividade linguística presente na fala popular brasileira empobrece a língua e dificulta a 
comunicação formal.
O Brasil é um país de grande diversidade linguística, resultado de sua rica história de 
colonização, migração e convivência de múltiplas culturas. Segundo Bagno (1999), essa 
diversidade é refletida nas várias variantes do português faladas em diferentes regiões, além 
das línguas indígenas e de imigração. Estudos como o de Lucchesi (2009) mostram que a 
influência dessas línguas e dialetos é evidente em aspectos lexicais, fonéticos e gramaticais 
do português brasileiro. Por exemplo, o uso de palavras de origem africana e indígena no 
vocabulário cotidiano, bem como as variações de pronúncia e construção sintática entre as 
diferentes regiões do país ilustram essa contribuição multicultural. Analise as afirmativas a 
seguir:
4) 
I. A diversidade linguística brasileira influencia o português falado no Brasil em níveis 
lexicais, fonéticos e gramaticais, incorporando elementos de línguas indígenas e africanas.
II. As variações regionais da língua portuguesa no Brasil são resultado exclusivo da influência 
de línguas indígenas e africanas.
III. A convivência de múltiplas culturas no Brasil é um fator que contribui para a riqueza da 
variante brasileira da língua portuguesa.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmativa II está correta.
B) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
D) Apenas a afirmativa I está correta.
E) Apenas a afirmativa III está correta.
5) A diversidade linguística em ambientes de aprendizagem representa tanto um desafio 
quanto uma oportunidade para a relação docente-discente. Conforme pesquisas realizadas 
por Bortoni-Ricardo (2004), a valorização das variações linguísticas dos estudantes pode 
promover um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz. Essa abordagem requer que 
os professores reconheçam e respeitem as diferentes variedades do português, utilizando-as 
como recursos pedagógicos em vez de vê-las como obstáculos.
Analise as afirmativas a seguir:
I. O reconhecimento e a valorização das variações linguísticas dos alunos são essenciais para 
criar um ambiente de aprendizagem inclusivo.
II. A implementação de práticas de ensino bilíngue e a incorporação de materiais didáticos 
que reflitam a diversidade linguística dos alunos são estratégias recomendadas para lidar 
com a diversidade linguística.
III. A imposição de uma norma linguística padrão é a melhor maneira de lidar com a 
diversidade linguística em sala de aula, assegurando que todos os alunos alcancem um nível 
uniforme de proficiência.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmativa I está correta.
B) Apenas a afirmativa II está correta.
C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
D) Apenas a afirmativa III está correta.
E) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
Na prática
A língua não é um sistema estático e homogêneo, mas, sim, um organismo vivo em constante 
transformação. Ela se configura como um reflexo da sociedade, moldando-se pelas relações de 
poder, pelas práticas culturais e pelas identidades dos grupos sociais que a utilizam (Bakhtin, 1986; 
Bourdieu, 1982).
Nessa perspectiva, a diversidade linguística se torna um elemento fundamental para a compreensão 
da língua como um fenômeno social. As diferentes variedades linguísticas, como dialetos, gírias e 
registros informais, não representam desvios de uma norma culta única, e, sim, manifestações da 
riqueza e da pluralidade da língua em uso.
Neste Na Prática, você vai acompanhar a história de uma professora que buscou utilizar-se da 
variação e da diversidade linguística como fonte de promoção de uma educação mais inclusiva e 
equitativa.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
"Não seja burro": variação linguística, letramento e 
representações sobre a língua portuguesa
Veja, neste artigo, como a variação linguística é relevante para o contexto educacional e como as 
práticas docentes são influenciadas pelas concepções de língua presentes no imaginário social e no 
contexto educacional.
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https://pdfs.semanticscholar.org/c4da/308a9217b961bfeebc8d53f5c3007bc6967c.pdf
https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/79770
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