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Alterações da Consciência, da Atenção e da Orientação PSICOPATOLOGIA GERAL Tarcya Lima tarcy.lima@professores.unifavip.edu.br Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece. (DALGALARRONDO 2019) Funções Psíquicas no exame do estado mental atual TRANSTORNOS PSICO-ORGÂNICOS Nível de consciência Atenção Orientação Memória Inteligência Linguagem TRANSTORNOS DE HUMOR E DA PERSONALIDADE Afetividade Vontade Psicomotricidade Personalidade TRANSTORNOS PSICÓTICOS Sensopercepção Pensamento Juízo de realidade Vivência do Eu e alterações do self (DALGALARRONDO 2019) Alte rações da Consc i ênc ia O que temos aqu i? NEUROPSICOLÓGICA: estado vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório; consciência, aqui, é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se especificamente do nível de consciência. PSICOLÓGICA: soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade; é a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. ÉTICO-FILOSÓFICA: capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética, refere-se a consciência moral, ética e política. Def i n i ç õ e s de C on s c i ê n c i a (DALGALARRONDO 2019) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA É O CONTINUUM DE SENSIBILIDADE E ALERTA DO ORGANISMO PERANTE OS ESTÍMULOS, TANTO INTERNOS COMO EXTERNOS Ní v e i s de C on s c i ê n c i a O nível de consciência facilita a interação da pessoa com o ambiente de forma adequada ao contexto no qual o sujeito está inserido. O nível de consciência adequado pode ser evocado tanto por estímulos externos ambientais como por estímulos internos, como pensamentos, emoções, recordações. O nível de consciência pode ser modulado tanto pelas características dos estímulos externos como pela motivação que o estímulo implica para o indivíduo em questão. O nível de consciência varia ao longo de um continuum que inclui desde o estado total de alerta, passando por níveis de redução da consciência até os estados de sono (variação normal) ou coma (variação patológica). 1. 2. 3. 4. (DALGALARRONDO 2019) Alterações normais da Consciência SÃO OSCILAÇÕES ENDÓGENAS AUTOSSUSTENTADAS DO RITMO BIOLÓGICO NO PERÍODO DE UM DIA DE 24 HORAS São sincronizados por pistas ambientais recorrentes (como o nível de luminosidade); Permitem respostas eficientes perante os desafios e oportunidades no ambiente físico e social; Modulam a homeostase interna do cérebro, assim como de outros sistemas, como demais órgãos e tecidos; Se expressam em vários níveis do funcionamento do organismo, desde o molecular, celular, órgãos e circuitos orgânicos até sistemas sociais aos quais o indivíduo pertence. Ritmos Circadianos (DALGALARRONDO 2019) O Sono SONO E VIGÍLIA SÃO DEFINIDOS COMO ESTADOS COMPORTAMENTAIS ENDÓGENOS E RECORRENTES QUE EXPRESSAM MUDANÇAS DINÂMICAS NA ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO CEREBRAL E QUE OTIMIZAM ASPECTOS COMO FISIOLOGIA, COMPORTAMENTO E SAÚDE É um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade; Possui arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM e de sono REM de substratos neuronais distintos (neurotransmissores, moduladores, circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletrencefalograma (EEG); Tem duração e intensidade dos seus vários períodos afetadas por mecanismos de regulação homeostáticos; Pode ser afetado por experiências ocorridas durante a vigília; tem efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções neurocomportamentais da vigília. (DALGALARRONDO 2019) (APA 2014) 2-5% 45-55% 3-8% 10-15% O Sonho (DALGALARRONDO 2019) Os sonhos são vivências predominantemente visuais, sendo rara a ocorrência de percepções auditivas, olfativas ou táteis. Os significados dos conteúdos dos sonhos permanecem controvertidos. As diversas culturas tendem a interpretá-los a partir de seus símbolos, crenças religiosas e valores próprios, geralmente tomando-os como mensagens divinas ou demoníacas. Alterações patológicas da Consciência QUANTITATIVAS Rebaixamento da Consciência OBNUBILAÇÃO: grau leve a moderado; lentidão da compreensão e dificuldade de concentração; dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente, diminui a atenção para as solicitações externas, dirigindo-se para a sonolência; o pensamento que expressa revelar confusão mental. TORPOR: grau mais acentuado; paciente evidentemente sonolento respondendo apenas ao ser chamado de forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência. SOPOR: marcante e profunda turvação da consciência; despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos; sempre se mostra intensamente sonolento, quase em coma. COMA: grau mais profundo; perda completa da consciência; não é possível qualquer atividade voluntária consciente. 1. 2. 3. 4. (DALGALARRONDO 2019) Perdas abruptas da consciência LIPOTIMIA: por perda parcial e rápida da consciência (dura apenas segundos), geralmente com visão borrada, palidez da face, suor frio, vertigens e perda parcial e momentânea do tônus muscular dos membros, com ou sem queda do corpo ao chão. Pode ser revertida em segundos. SÍNCOPE: designa um colapso bem súbito, com perda abrupta e completa da consciência, perda total do tônus muscular, com queda completa ao chão. O mecanismo básico é a instalação rápida de irrigação cerebral insuficiente por causas diversas. A síncope pode ou não ser reversível, dependendo dos fatores causais envolvidos. (DALGALARRONDO 2019) DESMAIOS Delirium (DALGALARRONDO 2019) NÃO CONFUNDIR COM DELÍRIO É o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas (o termo “paciente confuso”, muito usado em serviços de emergência e enfermarias médicas, refere-se a tais síndromes confusionais, ou seja, ao delirium). Quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Estado Onírico Alteração da consciência na qual, paralelamente à turvação da consciência, o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido. Em geral, predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter cênico e fantástico: a pessoa vê cenas complexas, ricas em detalhes, às vezes, terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc. Há carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. (DALGALARRONDO 2019) Era utilizado na psiquiatria clássica para designar quadros mais ou menos intensos de confusão mental por rebaixamento do nível de consciência, com excitação psicomotora, marcada incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios com aspecto de sonho. Assim como para o estado onírico, atualmente se tende a designar a amência com o termo delirium. Amência (DALGALARRONDO 2019) Alterações patológicas da Consciência QUALITATIVAS Consistem em um estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. Há estreitamento transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência, com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos. Podem surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas.Ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional, amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. Associados à epilepsia, mas também podem ocorrer em intoxicações por álcool ou outras substâncias, após traumatismo craniano, em quadros dissociativos histéricos agudos e, eventualmente, após choques emocionais intensos. Estados Crepusculares (DALGALARRONDO 2019) É caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Sua natureza é mais psicogenética, sendo produzido por fatores emocionais. Os atos cometidos durante o estado segundo são geralmente incongruentes, extravagantes, em contradição com a educação, as opiniões ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas quase nunca são realmente graves ou perigosos, como no caso dos estados crepusculares. Estado Segundo (DALGALARRONDO 2019) Fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com mais frequência nos quadros anteriormente chamados histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo), em geral desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que produzem grande ansiedade. Pode ocorrer também em quadros de ansiedade intensa, sendo, então, vista como uma estratégia defensiva inconsciente (sem a deliberação voluntária plena) para lidar com a ansiedade muito intensa o indivíduo desliga da realidade para parar de sofrer. Transtorno da personalidade borderline. Dissociação da Consciência (DALGALARRONDO 2019) Se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. Ocorre sobretudo em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais). Há, geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. Não se deve confundir o transe religioso, culturalmente contextualizado e sancionado, com o chamado transe histérico (relacionado a conflitos interpessoais e alterações psicopatológicas). Transe (DALGALARRONDO 2019) Estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e sua atenção, concentrada no hipnotizador. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico ou paranormal na hipnose. Estado Hipnótico (DALGALARRONDO 2019) Outras alterações da Consciência PATOLÓGICAS É definida como a perda de uma sensação de naturalidade na experiência comum e óbvia do dia a dia, perda de uma certa autoevidência do ambiente e seus objetos. A pessoa sente uma estranheza inquietante, uma sensação de incapacidade de captar o significado comum das coisas, pessoas e acontecimentos. A perplexidade psicopatológica é experimentada geralmente em quadros psicóticos agudos, sobretudo nos primeiros dias do episódio, podendo ocorrer em quadros psicóticos esquizofrênicos ou em transtornos do humor (depressão ou mania) com sintomas psicóticos. Nas psicoses breves (quadros psicóticos mais reativos e agudos), também se observa com considerável frequência tal experiência de perplexidade como experiência psicopatológica. Perplexidade Patológica (DALGALARRONDO 2019) Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, afogamento, quedas com trauma craniano, entre outras, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas experiências de quase-morte (EQMs). São experiências muito rápidas (de segundos a minutos) em que um estado de consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. Descreve-se: sensação de paz, de estar fora do próprio corpo, de estar rodeado por uma luz intensa, de estar em “outro mundo”, sensações de “união cósmica”, de ter atingido um “ponto de não retorno”, de alegria intensa, de “compreensão imediata” e de contato com uma “entidade mística”. Experiência de quase-morte (DALGALARRONDO 2019) Pausa de 5 minutos Alte rações da Atenção Definições de Atenção A atenção pode ser definida como a direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. Conjunto de processos psicológicos que torna o ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar as informações em unidades controláveis e significativas. Os termos “consciência” e “atenção” estão estreitamente relacionados. (DALGALARRONDO 2019) A determinação do nível de consciência é essencial para a avaliação da atenção. Início da atividade consciente e focalização; Atenção sustentada e nível de alerta (vigilance); Atenção seletiva ou inibição de resposta a estímulos irrelevantes; Capacidade de mudar o foco de atenção (set-shifting), ou atenção alternada. Componentes: 1. 2. 3. 4. Níveis de Atenção (DALGALARRONDO 2019) VOLUNTÁRIA Exprime a concentração ativa e intencional da consciência sobre um objeto Classificação da Atenção Suscitada pelo interesse momentâneo, incidental, que desperta este ou aquele objeto ESPONTÂNEA Se volta para os processos mentais do próprio indivíduo INTERNA Projetada para fora do mundo subjetivo do sujeito EXTERNA Se mantém concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência FOCAL DISPERSA Não se concentra em um campo determinado, espalhando-se de modo menos delimitado (DALGALARRONDO 2019) Neuropsicologia da Atenção Atenção concentrada/concentração: quando o indivíduo consegue aplicar e focar toda sua atenção em tal campo ou estímulo. Atenção seletiva: à manutenção da atenção apesar da presença de estímulos distratores e/ou concorrentes. Atenção dividida: acionada quando duas ou mais tarefas ou estímulos concorrentes se apresentam ao sistema atencional. Atenção alternada: diz respeito à capacidade de mudança do foco de atenção, alternando voluntariamente o foco atencional de um estímulo a outro durante a execução de tarefas Atenção sustentada: capacidade de manter a atenção ao longo do tempo, geralmente durante uma atividade contínua e repetitiva. Seleção de resposta e controle executivo: a atenção vincula-se a processos cognitivos complexos que envolvem a intenção, o planejamento e a tomada de decisões. 1. 2. 3. 4. 5. 6. (DALGALARRONDO 2019) Psicopatologia da Atenção Hipoprosexia É a diminuição global da atenção. Perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; as lembranças tornam-se mais difíceis e imprecisas, e há dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas, como o pensar, o raciocinar e a integração de informações. (DALGALARRONDO 2019) Aprosexia É a abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos utilizados. Hiperprosexia Consiste em um estado da atenção exacerbada, no qual há uma tendência incoercível a obstinar-se, a deter-se indefinidamente sobre certos objetos com surpreendente infatigabilidade. (DALGALARRONDO 2019) Aponta para um sinal, não de déficit propriamente (não é anormalidade), mas de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com a inibição de tudo o mais, há, nesse sentido, certa hipertenacidade e hipovigilância. Distração Distraibilidade É um estado patológico que se exprime por instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para fixar-se ou deter-se em qualquer coisa que implique esforço produtivo; ou seja, a atençãodo indivíduo é muito facilmente desviada de um objeto para outro. (DALGALARRONDO 2019) Mais 5 minutos para respirar Vamos relembrar! ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA Perplexidade patológica (psicose aguda). Experiência Q-M (ameaça a vida/fora do próprio corpo). OUTRAS ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS: Rebaixamento da consciência: Obnubiliação; Torpor; Sopor; Coma. Perdas abruptas (desmaios): Lipotimia; Síncope. Delirium (síndromes confusionais). Estados Oníricos (sonhos vívidos). ALT. PATOLÓGICAS (QUANTITATIVAS): Estados crepusculares (obnubilação + violência). Estados segundos (menor perigo). Dissociação da consciência (divisão - borderline). Transe (religioso). Estado hipnótico (consciência reduzida atenção concentrada estruturada). ALT. PATOLÓGICAS (QUALITATIVAS): Ritmos circadianos; Sonho; Sono. ALTERAÇÕES NORMAIS: HIPOPROSEXIA: + Atenção e concentração / - fatigabilidade. APROSEXIA: Sem capacidade de atenção. HIPERPROSEXIA: + Atenção e infatigabilidade. DISTRAÇÃO: Superconcentração ativa da atenção. DISTRAIBILIDADE: Instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária. ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO Alte rações da Or i en tação É A CAPACIDADE DE SITUAR-SE QUANTO A SI MESMO E QUANTO AO AMBIENTE, ELEMENTO BÁSICO DA ATIVIDADE MENTAL E FUNDAMENTAL PARA A SOBREVIVÊNCIA DO INDIVÍDUO Definição de Orientação A capacidade de orientar-se requer, de forma consistente, a integração das capacidades de nível de consciência preservado, atenção, percepção e memória. Alterações de atenção e retenção (memória imediata e recente), moderadas ou graves, costumam resultar em alterações globais da orientação. (DALGALARRONDO 2019) É aquela do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o sujeito sabe quem é: seu nome, idade, profissão, estado civil, com quem mora... Classificação da Orientação ORIENTAÇÃO AUTOPSÍQUICA (DALGALARRONDO 2019) ORIENTAÇÃO ALOPSÍQUICA Diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, isto é, quanto ao espaço (orientação espacial ou topográfica) e quanto ao tempo (orientação temporal). Classificação da Orientação (DALGALARRONDO 2019) Quanto ao local onde o sujeito está no momento, orientação topográfica, orientação geográfica, julgamento de distância e capacidades de navegação. ORIENTAÇÃO ESPACIAL ORIENTAÇÃO TEMPORAL Necessita de uma adequada percepção do tempo e da sequência de intervalos temporais, de sua correspondente representação mental e do processamento mental da temporalidade. Indica se o paciente sabe em que momento cronológico está vivendo, a hora do dia, se é de manhã, de tarde ou de noite, o dia da semana, o dia do mês, o mês do ano, a época do ano, bem como o ano corrente. Psicopatologia da Orientação SEGUNDO A ALTERAÇÃO DA BASE Desorientação Torporosa Desorientação por redução do nível de consciência. É aquela na qual o indivíduo está desorientado por rebaixamento ou turvação da consciência que produzem alteração da atenção, da concentração, da memória recente e de trabalho e, consequentemente, da capacidade de percepção e retenção dos estímulos ambientais. Isso impede que o indivíduo apreenda a realidade de forma clara e precisa e integre, assim, a cronologia dos fatos. É a causa e a forma mais comum de desorientação. (DALGALARRONDO 2019) Desorientação Amnéstica Desorientação por déficit de memória imediata e recente. Aqui, o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memória recente. Não conseguindo fixar as informações, perde a noção do fluir do tempo, do deslocamento no espaço, passando a ficar desorientado temporoespacialmente. É típica da síndrome de Korsakoff. É muito próxima da desorientação demencial, que ocorre não apenas por perda da memória de fixação, mas por déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e por perda e desorganização global das funções cognitivas, ocorre nos diversos quadros demenciais (doença de Alzheimer, demências vasculares, etc.). (DALGALARRONDO 2019) Desorientação Apática Ocorre por apatia marcante e/ou desinteresse profundos. Aqui, o indivíduo torna-se desorientado devido a uma marcante alteração do humor e da volição, comumente em quadro depressivo grave. Por falta de motivação e interesse, o paciente, geralmente muito deprimido, não investe sua energia no mundo, não se atém aos estímulos ambientais e, portanto, torna-se desorientado. (DALGALARRONDO 2019) Desorientação Delirante Ocorre em indivíduos que se encontram imersos em profundo estado delirante, vivenciando ideias delirantes muito intensas, crendo com convicção plena que estão “habitando” o lugar (e/ou o tempo) de seus delírios. Nesses casos, pode-se, eventualmente, observar a chamada dupla orientação, na qual a orientação falsa, delirante, coexiste com a correta: o paciente afirma que está no inferno, cercado por demônios, mas também pode reconhecer que está em uma enfermaria do hospital ou em um CAPS. Pode, ainda, ocorrer de o indivíduo dizer, em um momento, que está na cadeia e que as enfermeiras são carcereiros, e afirmar, logo em seguida, que são enfermeiras do hospital (alternando sequencialmente os dois tipos de orientação). (DALGALARRONDO 2019) Desorientação por Déficit Intelectual Ocorre em pessoas com deficiência intelectual (DI) grave ou moderada (eventualmente em DI leve). Nesse caso, a desorientação ocorre pela incapacidade ou dificuldade em compreender aspectos complexos do ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções sociais (horários, calendário, etc.) que padronizam a orientação do indivíduo no mundo. (DALGALARRONDO 2019) Desorientação por Dissociação Também chamada de desorientação histérica. Ocorre em geral em quadros dissociativos graves, normalmente acompanhada de alterações da identidade pessoal (fenômeno do desdobramento da personalidade) e de alterações da consciência secundárias à dissociação associada ou não com personalidade histriônica (antigamente chamada de “estado crepuscular histérico” e, na atualidade, de “quadros dissociativos”). (DALGALARRONDO 2019) Desorientação por Desagregação Ocorre em pacientes com psicose, geralmente com esquizofrenia, em estado crônico e avançado da doença, quando o indivíduo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda a sua atividade mental gravemente desorganizada, o que o impede de se orientar de forma adequada quanto ao ambiente e quanto a si mesmo. (DALGALARRONDO 2019) É definida como uma discrepância de cinco anos ou mais entre a idade real e aquela que o indivíduo diz ter. Tem sido descrita em alguns pacientes com esquizofrenia crônica e parece ser um fiel indicativo clínico de déficit cognitivo na esquizofrenia. Desorientação quanto à Própria Idade (DALGALARRONDO 2019) Referênc ias B ib l i og ráf i cas : AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014. DALGALARRONDO, PAULO. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2019. Cap. 16: A sensopercepção e suas alterações, p.105 -128; Cap. 15: As vivências do tempo e do espaço e suas alterações, p.100 -104. LEITURA PARA PRÓXIMA AULA: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais - Dalgalarrondo. Obrigada!