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CCJ0051-WL-A-LC-Modalização da Linguagem

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Modalização da linguagem – Exemplos
Exemplo 1 
ESPERAMOS ANSIOSAMENTE QUE, APÓS A INVASÃO POLICIAL, O GOVERNO DO ESTADO ANUNCIE A INVASÃO SOCIAL
"Atenção moradores do Alemão e da Vila Cruzeiro, a partir de hoje iniciaremos a construção de unidades hospitalares com médicos 24 horas, a construção de escolas profissionalizantes e de incubadoras industriais para geração de empregos; criaremos unidades de alfabetização e de formação em ensino primário, o mesmo vale para as outras comunidades ‘pacificadas’”.
................................................................
Esperamos ansiosamente esse anúncio, que logicamente deveria ser dado em seguida à ocupação. Afinal, fala-se muito nessa ação do poder do Estado. Que tipo de poder? Afinal, o único poder do Estado é a força? Certamente tem o poder também de promover a inclusão social que dê um pouco de esperança aos que são obrigados a viver no morro!
Estratégias modalizadoras utilizadas:
Escolha lexical: invasão, ocupação, pacificadas (entre aspas), obrigados, morro;
Escolha gramatical: o uso do sufixo -mente em advérbios, assinalando um posicionamento ou um anseio do enunciador (ansiosamente, logicamente, certamente) em face do que ele diz.
Exploração do valor polissêmico das palavras: poder.
Exemplo 2
Exemplos de modalização da linguagem em depoimentos distintos:
Quem é Jorge? Relato das pessoas sobre o ocorrido no dia X.
Relato do garçom: Eu conheço Jorge. Todas as noites está aqui caladão, olhos de conquistador, cigarro e uísque... Não é de hoje que ele vem seguindo uma lourinha que vem algumas vezes aqui. Ele olha a moça como quem quer devorá-la viva, mas não diz nada... Parece ter medo! Ontem, no entanto, saiu atrás dela, bateu a porta e não pagou a despesa. Esse Jorge é um “boa vida”, um sabidão. Deve tomar dinheiro das garotas com aquela cara de anjo...
Relato da vizinha: Ai! Meu Deus, não sei se telefono à polícia ou se chamo D. Sofia no plantão. Aconteceu um crime no apartamento do Jorge. Eu nunca me enganei com esse cara!
Relato da mãe de Lúcia: Lúcia nunca¹ fez isso... São cinco e quinze da madrugada e ela não chegou! O que terá acontecido com minha filha? Lúcia não tem namorado. Sai do escritório, faz um lanche no barzinho e volta cedo para pintar seus quadros. Às vezes vai à casa de um coleguinha, mas nunca² o faz sem me avisar. Dormir fora de casa? Não! Nunca³ dormiu!
Relato do pai de Jorge: A situação de Jorge me preocupa. Largou os estudos; vive trancado naquele quarto, não trabalha... Se eu morrer de uma hora para outra, que será de Jorge? Dou-lhe tudo, mas não consigo a sua amizade, nem ao menos a sua companhia... Nunca o vi com namorada e ele encontrasse uma moça de boa família, poderia normalizar sua vida...
___________________________________________________________
Definição da palavra modalizador, segundo o Dicionário Eletrônico de Antônio Houaiss:
“Adjetivo e substantivo masculino. Rubrica linguística: diz-se de ou elemento gramatical ou lexical por meio do qual o locutor manifesta determinada atitude em relação ao conteúdo de seu próprio enunciado.”
Algumas estratégias modalizadoras comuns, extraídas dos depoimentos:
Escolhas lexicais: “devorá-la”, “cara”, “largou”, “trancado”, “normalizar”;
Escolhas gramaticais: “caladão”, “sabidão”, “lourinha”, “coleguinha”;
Frequência no emprego de um vocábulo: “nunca”.
Questão: produção de narrativa imparcial (simples)
Os depoimentos seguintes foram fornecidos por pessoas que conhecem o suspeito, de nome Jorge, encerrando-se com o relato do próprio. Todos se referem ao dia X, no qual desapareceu a jovem Lúcia. 
O garçom do estabelecimento frequentado por Jorge afirmou vê-lo todas as noites no local, calado e atento a uma jovem loura que algumas vezes lá ia. Não se aproximava dela; contudo, no dia X, seguiu-a e nem sequer pagou a despesa.
A vizinha de Jorge relatou ter visto uma moça no apartamento dele no dia X. Estava deitada em um sofá, nua e com a cabeça caída, havendo sob o seu corpo uma poça de sangue. Afirmou ainda que Jorge, ao notá-la, perseguiu-a, levando à mão uma faca. A mulher trancou-se em um apartamento, cuja porta o outro passou a esmurrar.
Quanto à mãe de Lúcia, relatou a grande preocupação que lhe causou, no dia X, a demora da filha em chegar em casa. Disse jamais ter Lúcia dormido fora, pois se tratava de moça metódica em suas atividades, que gostava de chegar cedo em casa para pintar quadros. Afirmou ainda achar a filha ingênua e que não tinha ela um namorado para lhe fazer companhia.
O pai do suspeito também confessou uma grande preocupação, de natureza diferente daquela expressada pela mãe de Lúcia. Segundo relatou, o filho não mais estuda, fecha-se em seu quarto por muito tempo e não tem namorada. O pai disse, ainda, não conseguir aproximar-se dele e temer pelo seu futuro. Contou que, após o falecimento da mãe, Jorge desapareceu durante algum tempo; retornou um dia e, desde então, vive da mesada que recebe, gastando dinheiro com mulheres e bebida. O pai de Jorge destacou também o comportamento desigual entre este e seu irmão, Paulo. Ao fim do seu relato, testemunhou ter visto Jorge no dia X com uma loura.
O suspeito, em sua versão, contou que tinha 16 anos quando perdeu a mãe e que seu pai preferia o irmão a ele. Paulo foi embora para o Rio de Janeiro, onde estudou Engenharia. Jorge afirmou ter vocação para pintura e, com os recursos que o pai lhe dava, montou um atelier no apartamento onde mora. Disse ter conhecido Lúcia há alguns meses e por ela ter-se apaixonado. No dia X, após seguir Lúcia, declarou a ela seu amor e que desejava pintá-la em tela. A moça o acompanhou até seu apartamento. Após pousar para Jorge, Lúcia adormeceu no sofá. Sob este havia um vidro de guache vermelho derramado que Jorge tentou remover com uma faca de limpar telas. Foi nesse momento que Raimundinha, a mulher que mora ao lado de Jorge, avistou a cena e correu assustada, acreditando tratar-se de um homicídio. De acordo com Jorge, Lúcia acordou às sete horas e ele levou-a pessoalmente até a sua casa, explicando à mãe da moça o que ocorreu. Segundo ainda afirmou, em breve ele e Lúcia se casarão.

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