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Disciplina | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
GEOGRAFIA AMBIENTAL 
Geografia Ambiental | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 2 
Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
2 Crescimento Populacional e as Ações Sobre o Meio Ambiente ------------------------ 10 
3 Uma Sociedade do Consumo -------------------------------------------------------------------- 14 
4 Meio Ambiente, Sociedade e Tecnologia ---------------------------------------------------- 16 
4.1 A Questão Ambiental ------------------------------------------------------------------------------------------ 22 
4.2 Contexto Atual da Crise Ambiental ------------------------------------------------------------------------ 25 
5 Visões Sobre a Sustentabilidade --------------------------------------------------------------- 27 
5.1 Questão Ambiental e a Sustentabilidade ---------------------------------------------------------------- 30 
6 Relação Ser Humano x Meio Ambiente------------------------------------------------------- 34 
6.1 Causas e Consequências do Aquecimento Global ----------------------------------------------------- 35 
7 A Água no Século XXI ------------------------------------------------------------------------------ 40 
7.1 Cenário da Água no Mundo ---------------------------------------------------------------------------------- 40 
7.2 Cenário da Água no Brasil ------------------------------------------------------------------------------------ 42 
8 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 43 
 
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Geografia Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
1 Introdução 
Geografia ambiental é o estudo dos efeitos das ações do homem sobre o 
ambiente terrestre. Ela estuda mudanças climáticas globais, aumento do nível dos 
oceanos, desmatamento, processos de desertificação, poluição dos rios, lagos e 
mananciais de água, dentre outros efeitos no ambiente. 
O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as 
coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os 
ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e 
infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida 
em todas as suas formas. Fazem parte do meio ambiente o solo, as habitações, o clima, 
as estradas etc. 
Percebemos então que alguns dos elementos formadores do meio ambiente, 
como vegetação, os rios, os solos etc., são produzidos diretamente pela natureza. 
Outros são resultados da atividade humana – os edifícios, as ruas, a agricultura, as 
pontes e barragens etc. Podemos então dividir o meio ambiente humano em meio 
natural e meio social. 
O meio natural de uma área consiste nos elementos da natureza que interagem 
naquele lugar são, portanto, interdependentes e interessam aos seres humanos, 
porque ocupar esse espaço significa se relacionar com eles. 
Afirma-se comumente que a maneira como o ser humano ocidental vê seu meio 
ambiente deriva em parte da ideia judaico-cristã, segundo a qual, diferentemente das 
outras criaturas, o ser humano foi feito à margem de Deus, tendo, portanto, o direito 
de dominar o mundo. A noção de um mundo destinado ao benefício da humanidade 
foi igualmente enunciada pelos gregos da Antiguidade: “As plantas foram criadas por 
causa dos animais e os animais por causa dos homens”, afirmou Aristóteles no século 
IV a.C. É discutível se este pensamento ocidental tornou-se possível ou ajudou a 
desenvolver a moderna tecnologia industrial e agrícola, que aumentou imensamente 
as ilusões humanas de domínio completo sobre a natureza, mas a verdade é que essas 
invenções foram quase inteiramente obras da civilização ocidental. 
A teoria segundo a qual as condições naturais governam o comportamento 
humano chama-se determinismo ou causalidade. Para que esse determinismo fosse 
válido, a localização de uma fábrica, por exemplo, seria determinada pela localização 
de matérias-primas e energia, algo que contraria os fatos, pois no mundo inteiro a 
localização das indústrias, desde a automobilística até as mais avançadas como a 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
microeletrônica, tem como regra geral uma localização correspondente a fatores 
como mercado ou mão de obra qualificada, ficando os elementos naturais confinados 
tão somente aos caprichos de um lugar agradável para a moradia de uma sociedade. 
No entanto, o oposto a esse determinismo, ou seja, a ideia de um controle total 
da humanidade sobre a natureza, também é incorreto. Torna-se evidente que a 
espécie humana ainda está sujeita à natureza, como o demonstram vários exemplos 
do nosso dia a dia. 
Dessa forma, chegou-se à ideia de um meio-termo: o ser humano modifica a 
natureza com sua tecnologia, mas essas modificações são mais eficazes quando não 
contrariam a “natureza das coisas”, isto é, quando não ocasionam danos ambientais, 
que vão prejudicar os próprios seres humanos. As aplicações dessa tecnologia, assim, 
têm de ser estudadas com maior cuidado para evitar que as mudanças no meio 
ambiente não tragam mais prejuízos que benefícios à população. 
Uma das características importantes do nosso planeta é a interdependência das 
suas partes. Todas as paisagens ou aspectos da Terra formam um conjunto, um 
sistema gigantesco. Os movimentos ou mudanças que aí ocorrem, como não podiam 
deixar de acontecer, dependem de energia. A energia que move esse sistema 
planetário provém de várias fontes: do interior da Terra, da gravidade, dos 
movimentos do planeta e, principalmente, do Sol, da radiação solar. É a energia do 
Sol que dá origem às formas do relevo, aos climas e à vida. Sem a radiação solar a 
Terra ficaria morta, escura e quase imutável. A energia solar alcança a Terra via 
atmosfera, distribui-se de forma desigual pelo planeta e depois volta ao espaço. Entre 
a entrada e a saída, a energia flui por diversos canais e se acumula por longos períodos 
(no carvão ou no petróleo) ou por pequenos períodos (nos animais, nos solos, nas 
árvores). 
Os seres humanos são depositários de uma fração infinitesimal dessa corrente de 
energia. A intervenção humana no sistema Terra modifica a direção dessas correntes 
de energia (por exemplo, pela colheita de plantações, evitando que as plantas 
murchem e devolvam sua energia acumulada ao solo), altera a magnitude das 
correntes de energia (mineração do carvão, por exemplo). Dessa forma, é evidente 
que as ações humanas não podem ser confinadas e que elas acarretarão 
consequências em muitas partes do meio físico, além do local da intervenção. 
Uma sociedade humana pode ser definida como um grupo de pessoas unidas 
por um conjunto de traços semelhantes, como por exemplo, traços culturais e étnicos. 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 5 
Ou seja, cada sociedade possui suas tradições, costumes e diversos outros fatores que 
a caracterizam e determinam. 
Para falar de sociedade temos que falar de seu criador e responsável, o Homem. 
Além das necessidades biológicas imprescindíveis à sobrevivência de todo ser vivo, 
como alimentação e adaptação ao meio em que vive, o Homem se diferencia das 
outras espécies por seu “interesse motivador”, o qual, além de contribuir para a 
evolução da sociedade, ainda a sustenta. Esse interesse, que varia de pessoa para 
pessoa ou de sociedade para sociedade, pode ser exemplificado como o de buscar 
sempre novas experiências, de ser aceito no seu grupo social e de sere degradação do meio ambiente, uma vez que a teoria do 
crescimento é organizada em função da poupança e do investimento e que os 
problemas ambientais deveriam ser tratados como resultados da má distribuição dos 
bens econômicos em determinado momento (GODARD, 1997). 
De certo, um desenvolvimento sustentável se constrói como um processo 
socioeconômico em que se utiliza menos recursos naturais e menos energia, de forma 
que possa minimizar os impactos ambientais e maximizar o bem-estar social, sem 
ameaça de retrocessos, permitindo alcançar a máxima eficiência no uso dos recursos 
existentes na natureza, na direção da máxima sustentabilidade do estilo de vida 
simples dos índios brasileiros, evitando o estilo esbanjador do modelo americano e 
dos ricos (CAVALCANTI, 2012). 
Desse modo, para alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário 
planejamento e reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Contudo, o 
modelo de desenvolvimento baseado no capitalismo e que tem como característica a 
transformação das relações em mercadorias e por sua vez o lucro, é incompatível com 
o desenvolvimento sustentável uma vez que alcança uma dimensão holística na 
relação entre os seres humanos e entre a humanidade e os seres humanos e a 
natureza, não contemplado pelo capitalismo. 
 
5.1 Questão Ambiental e a Sustentabilidade 
A crise ambiental revela a radicalidade do sistema capitalista e os fatos que 
ocorreram mostra que o capitalismo é incapaz de resolver os problemas sociais graves, 
como a questão agrária, a depredação ambiental, as condições de vida precárias 
dentre outras. Silva (2010) questiona os modelos de desenvolvimento existente desde 
o pós-guerra, como o pacto Keynesiano europeu e o modelo desenvolvimentista-
periférico, sendo este último culpado por ser o principal responsável pelo aumento 
crescente e continuado das desigualdades sociais, elevando o contingente de 
desempregados. Apesar de haver iniciativas públicas e privadas direcionadas para o 
desenvolvimento sustentável, elas ficam mais restritas a um discurso positivo, 
configurando-se como reveladoras da insustentabilidade social, por meio de medidas 
paliativas que postergam os problemas ambientais. 
Geografia Ambiental | 
Visões Sobre a Sustentabilidade 
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Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável busca um novo padrão de 
desenvolvimento capaz de satisfazer simultaneamente as dimensões ambiental e 
social, frente a dinâmica socioeconômica, com vistas a satisfazer as necessidades da 
geração atual, sem comprometer as gerações futuras (SILVA, 2010). 
Para Ribeiro (2012), a trajetória ambientalista é resultante de diferentes processos 
que buscam construir uma nova razão ambiental, que condiciona e orienta outros 
modelos de desenvolvimento, como oposição ao modelo formulado pela razão 
mecanicista, que construiu a sociedade capitalista no século XX. Por essa razão, o 
neoliberalismo e a globalização das economias, trazem uma nova ordem mundial, 
impondo um ritmo cada vez mais acelerado no processo de apropriação dos recursos, 
causando alterações significativas nos ambientes naturais e humanos, com maior 
degradação ambiental. Para o autor, a proposta de desenvolvimento sustentável 
proposta no relatório Bruntland, reconhece a necessidade de reduzir as desigualdades 
entre as nações e as relações de poder entre países do norte e do sul, por meio de 
diretrizes de controle populacional, conservação dos recursos naturais, 
desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, alteração da matriz energética, dentre 
outras. 
A crise ambiental é a primeira crise do mundo real produzida pelo 
desconhecimento do conhecimento; da concepção do mundo e do domínio da 
natureza que geram a falsa certeza de um crescimento econômico sem limites, até a 
racionalidade instrumental e tecnológica vista como sua causa eficiente (LEFF, 2010, 
p. 207). Segundo Leff (2010) a crise ambiental, como produto da degradação 
socioambiental, tem causado perda da fertilidade do solo, pobreza, miséria extrema, 
desnutrição e marginalização. Nesse contexto, a questão ambiental traz novas 
perspectivas para o desenvolvimento, encontrando novos potenciais ecológicos, 
tecnológicos e sociais, permitindo propor transformação dos sistemas de produção, 
de valores e de conhecimento da sociedade, a fim de construir uma racionalidade 
produtiva alternativa. Para o autor, a crise ambiental é sobretudo uma crise do 
conhecimento, e o saber ambiental emergente de um conjunto de disciplinas, que 
busca construir um saber e uma racionalidade social dirigido para os objetivos de um 
desenvolvimento sustentável, equitativo e duradouro. 
Nesse sentido, Fontenelle (2013) corrobora ao afirmar que o consumidor também 
é responsável pela degradação ambiental ao estimular o hiperconsumismo das 
sociedades modernas. Para reverter esse quadro, faz-se necessário uma mudança de 
paradigma, com o envolvimento de empresas e consumidores, como agentes morais 
fundamentais desse processo, por meio de uma responsabilidade social corporativa, 
Geografia Ambiental | 
Visões Sobre a Sustentabilidade 
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com consumidores empenhados na resolução dos problemas ambientais, optando 
por consumir produtos de empresas socialmente responsáveis. 
Segundo Pelegrini & Vlach (2011), a crise ambiente agrava-se em função do rumo 
que a dinâmica mundial tem tomado, uma vez os países ricos impõe aos países pobres 
condições de submissão, baseado em trocas desiguais, no protecionismo e na 
cobrança excessiva de juros em empréstimos concedidos, através do Fundo Monetário 
Internacional – FMI e Organização Mundial do Comercio – OMC, além de submeter a 
ideologias neoliberal que contribuem para a desregulamentação, levando esses países 
a misérias de suas massas. Para os autores, além desses fatores, as raízes da 
degradação ambiental estão localizadas no consumo sem limites, uma vez que se 
produz cada vez mais mercadorias que duram cada vez menos. Diante dessa realidade, 
faz-se necessário abordar os aspectos sociais, políticos e ideológicos na educação 
ambiental, uma vez que a sensibilização dos educandos produz resultados positivos, 
relacionados aos efeitos da crise ambiental. 
A questão ambiental contemporânea obriga o homem a repensar a relação entre 
o ser humano e a natureza, gerando mudanças (FOLADORI, 2001). Dessa forma, 
Foladori (2002) salienta que após trinta anos da conferência de Estocolmo, que trouxe 
a discussão sobre o desenvolvimento sustentável, enfatizando as necessidades de 
deixar como legado para às gerações futuras uma natureza melhor, a comunidade 
internacional começou a compreender que o objetivo é um complemento das 
capacidades humanas, passando a compreender que o aumento da qualidade de vida 
deve ser o caminho para o desenvolvimento saudável. Para o autor, o conceito de 
desenvolvimento sustentável, inclui as três dimensões básicas da sustentabilidade: a 
ecológica, a econômica e a social e, tem apresentado importantes avanços no campo 
teórico, com implementação prática. Mas, continua atrelado a um desempenho 
técnico do sistema de produção capitalista, sem discutir as relações de propriedade e 
apropriação capitalista que causam pobreza e injustiças sociais. 
De acordo com Seramim & Lago (2016), a sustentabilidade das propriedades 
rurais está relacionada ao manejo adequado dos recursos naturais, pois, o manejo 
convencional dos recursos naturais tem aumentado a degradação ambiental. Para os 
autores, a sustentabilidade está diretamente associada aos conceitos agroecológicos 
desenvolvidos nos últimos anos, uma vez que os manejos agroecológicos são mais 
eficientes em relação à manutenção da biodiversidade e serviços ecossistêmicos, 
apresentando-se como fator preponderante para a “sustentabilidade”, no sentido de 
possibilitar a permanência dos agricultores no campo, contribuindo para o 
Geografia Ambiental |Visões Sobre a Sustentabilidade 
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desenvolvimento rural, não somente da propriedade, mas também da comunidade 
local e da região. 
Para Altieri (2008), a agroecologia é um caminho para a agricultura sustentável, 
pois, é baseada em conhecimentos e técnicas desenvolvidas, a partir de agricultores e 
processos experimentais, possibilitando uma produção sustentável em agro 
ecossistema, originária do equilíbrio entre diferentes espécies de nutrientes, atividade 
biológica do solo, diversificação de espécies de plantas, luz solar, umidade, dentre 
outras, necessárias para que as plantas se tornem resilientes, tolerando estresses e 
adversidades. De acordo com Altieri e Toledo (2011), os princípios agroecológicos 
visam a preservação e ampliação da biodiversidade dos agro ecossistemas, 
estabelecendo interações entre solo, plantas e animais, permitindo a regeneração da 
fertilidade do solo, com manutenção da produtividade, proteção das culturas e 
diversificação da paisagem agrícola. 
Por fim, Romeiro (2012) aponta a grande expectativa em relação ao papel da 
tecnologia, destacando tecnologias “verdes” triplamente ganhadoras, uma vez que 
são ambientalmente adequadas socialmente amigáveis e economicamente eficientes. 
Assim, a restrição da disponibilidade de recursos naturais, pode ser uma limitação a 
expansão da economia, podendo ser superada pelo progresso científico e 
tecnológico, que se apresenta como variável chave, para garantir que o sistema 
econômico mude de uma base de recursos para outra, à medida que aquela fonte de 
recurso natural é esgotada, garantindo a sustentabilidade a longo prazo. 
A crise ambiental se apresenta como um limite devido a um desequilíbrio nos 
aspectos econômico, ecológico e social, impondo limites para a crescimento 
econômico e populacional, alinhados as capacidades de sustentação da vida, imposta 
pelas limitações dos recursos naturais. Decerto, a crise ambiental está diretamente 
ligada ao modo de produção capitalista e a forma como os recursos naturais são 
explorados, orientado pelo pensamento dos economistas, não preocupados com 
questões ambientais, que defendiam entre outras coisas, que a natureza deve gerar o 
máximo de riquezas possível e que questões relacionadas ao meio ambiente, ao bem-
estar da população, condições de vida e provimento de suas necessidades básicas 
eram consideradas limitantes do desenvolvimento. 
Em razão disso, os movimentos ambientalistas e as ONGs, foram muito 
importantes para que as questões ambientais fossem incluídas na agenda econômica 
mundial. As ponderações por eles realizadas produziram debates sobre o modelo de 
exploração dos recursos naturais e o modo de acumulação de capitais, que concentra 
Geografia Ambiental | 
Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
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as riquezas geradas nas mãos de pequena parcela da população (ricos) e as 
consequências da exploração irracional dos recursos naturais são sofridas 
principalmente pelos pobres e menos favorecidos. 
Logo, os questionamentos fizeram com que ocorresse várias conferências e 
estudos sobre o meio ambiente e questões climáticas, na busca de soluções a questão 
ambiental, sendo os mais importantes as Teses do Clube de Roma que produziu o 
relatório intitulado “Os Limites do Desenvolvimento”, que defendia o crescimento zero 
e apontava o crescimento demográfico como o grande responsável pela degradação 
ambiental e a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, a 
qual produziu o relatório “Nosso Futuro Comum” onde discutiu-se pela primeira vez 
as relações entre desenvolvimento e o meio ambiente, trazendo as questões 
ambientais para a agenda econômica internacional, discutindo as questões que 
gerassem conflito e defendendo o desenvolvimento econômico como condição para 
melhoria da qualidade de vida da população. O relatório Brundtland definiu o conceito 
de sustentabilidade mais aceito e buscou chamar a atenção do mundo para novas 
formas de desenvolvimento econômico, com o menor impacto ao meio ambiente e 
definiu três princípios básicos a serem cumpridos para que se alcance o 
desenvolvimento sustentável, considerados o tripé da sustentabilidade que são: 
desenvolvimento econômico, proteção ambiental e equidade social. 
Portanto, a restrição da disponibilidade de recursos naturais, considerado um 
fator de limitação da expansão da economia, pode ser alcançado por meio de um 
manejo adequado dos recursos naturais, com vista a preservação e ampliação da 
biodiversidade dos agro ecossistemas, estabelecendo a interação entre as culturas de 
plantas, solo e animais, possibilitando a regeneração da fertilidade do solo, mantendo 
a produtividade e proteção das culturas, diversificando a paisagem agrícola, sendo 
fator preponderante para a sustentabilidade. Por fim, o desenvolvimento sustentável 
deve ser capaz de suprir as necessidades econômicas, sociais e ambientais do 
presente, com melhor distribuição espacial dos bens gerados, promovendo justiça 
social e preservação dos valores culturais, por meio de uma maior cooperação entre 
ricos e pobres. 
 
6 Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
Falar da relação ser humano versus meio ambiente se constitui uma importante 
discussão, isso porque pensar no meio ambiente na atualidade é pensar em qualidade 
Geografia Ambiental | 
Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
www.cenes.com.br | 35 
de vida. Esta é uma das maneiras mais sensatas do ser humano evoluir de forma 
satisfatória, considerando que essa relação é uma forma precisa para a evolução e 
desenvolvimento da humanidade. 
Sabe-se que na atualidade, diante das problemáticas que rondam a sociedade 
moderna como os desafios da pobreza, da desigualdade social, dos desafios de saúde 
e da educação, é necessário observar as questões relacionadas aos impactos 
produzidos pela relação do homem e o meio ambiente da qual dependem igualmente 
o crescimento das sociedades. Pensar o meio ambiente na atualidade é pensar nas 
questões sociais que são complexas e desafiam os governos e autoridades. 
 
6.1 Causas e Consequências do Aquecimento Global 
O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão um aumento 
da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. 
Entretanto, o significado deste aumento de temperatura ainda é objeto de muitos 
debates entre os cientistas. Causas naturais ou antropogênicas (provocadas pelo 
homem) têm sido propostas para explicar o fenômeno. 
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração 
de poluentes antropogênicos na atmosfera é causa do efeito estufa. A Terra recebe 
radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de 
radiação de calor. Os poluentes atmosféricos estão retendo uma parte dessa radiação 
que seria refletida para o espaço, em condições normais. Essa parte retida causa um 
importante aumento do aquecimento global. 
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura 
de estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com a correção 
dos efeitos de “ilhas urbanas” mostram que o aumento médio da temperatura foi de 
0.6+-0.2 C durante o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 
a 1945 e 1976 a 2000. (fonte IPCC). 
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da 
cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global dos 
mares, do aumento das precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e outros 
eventos extremos de mau tempo durante o século XX. 
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é 
coberta por neve desde os anos 60. A área da cobertura de gelo no hemisfério norte 
Geografia Ambiental | 
Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
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na primavera e verão também diminuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950 e houveretração das montanhas geladas em regiões não polares durante todo o século 
XX.(Fonte: IPCC). 
 
Causas 
Mudanças climáticas ocorrem devido a fatores internos e externos. Fatores 
internos são aqueles associados à complexidade derivada do fato dos sistemas 
climáticos serem sistemas caóticos não lineares. Fatores externos podem ser naturais 
ou antropogênicos. 
O principal fator externo natural é a variabilidade da radiação solar, que depende 
dos ciclos solares e do fato de que a temperatura interna do sol vem aumentando. 
Fatores antropogênicos são aqueles da influência humana levando ao efeito estufa, o 
principal dos quais é a emissão de sulfatos que sobem até a estratosfera causando 
depleção da camada de ozônio (Fonte: IPCC) 
Cientistas concordam que fatores internos e externos naturais podem ocasionar 
mudanças climáticas significativas. No último milénio dois importantes períodos de 
variação de temperatura ocorreram: um período quente conhecido como Período 
Medieval Quente e um frio conhecido como Pequena Idade do Gelo. A variação de 
temperatura desses períodos tem magnitude similar ao do atual aquecimento e 
acredita-se terem sido causados por fatores internos e externos somente. A Pequena 
Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade solar e alguns cientistas concordam 
que o aquecimento terrestre observado desde 1860 é uma reversão natural da 
Pequena Idade do Gelo (Fonte: The Skeptical Environmentalist). 
Entretanto grandes quantidades de gases tem sido emitidos para a atmosfera 
desde que começou a revolução industrial, a partir de 1750 as emissões de dióxido de 
carbono aumentaram 31%, metano 151%, óxido de nitrogênio 17% e ozônio 
troposférico 36% (Fonte IPCC). 
A maior parte destes gases são produzidos pela queima de combustíveis fósseis. 
Os cientistas pensam que a redução das áreas de florestas tropicais tem contribuído, 
assim como as florestas antigas, para o aumento do carbono. No entanto florestas 
novas nos Estados Unidos e na Rússia contribuem para absorver dióxido de carbono 
e desde 1990 a quantidade de carbono absorvido é maior que a quantidade liberada 
no desflorestamento. Nem todo dióxido de carbono emitido para a atmosfera se 
acumula nela, metade é absorvido pelos mares e florestas. 
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Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
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A real importância de cada causa proposta pode somente ser estabelecida pela 
quantificação exata de cada fator envolvido. Fatores internos e externos podem ser 
quantificados pela análise de simulações baseadas nos melhores modelos climáticos. 
A influência de fatores externos pode ser comparada usando conceitos de força 
radioativa. Uma força radioativa positiva esquenta o planeta e uma negativa o esfria. 
Emissões antropogênicas de gases, depleção do ozônio estratosférico e radiação solar 
tem força radioativa positiva e aerossóis tem o seu uso como força radioativa negativa. 
(fonte IPCC). 
 
Modelos Climáticos 
Simulações climáticas mostram que o aquecimento ocorrido de 1910 até 1945 
podem ser explicados somente por forças internas e naturais (variação da radiação 
solar) mas o aquecimento ocorrido de 1976 a 2000 necessita da emissão de gases 
antropogênicos causadores do efeito estufa para ser explicado. A maioria da 
comunidade científica está atualmente convencida de que uma proporção significativa 
do aquecimento global observado é causada pela emissão de gases causadores do 
efeito estufa emitidos pela atividade humana. (Fonte IPC) 
Esta conclusão depende da exatidão dos modelos usados e da estimativa correta 
dos fatores externos. A maioria dos cientistas concorda que importantes 
características climáticas estejam sendo incorretamente incorporadas nos modelos 
climáticos, mas eles também pensam que modelos melhores não mudariam a 
conclusão. (Fonte: IPCC) 
Os críticos dizem que há falhas nos modelos e que fatores externos não levados 
em consideração poderiam alterar as conclusões acima. Os críticos dizem que 
simulações climáticas são incapazes de modelar os efeitos resfriadores das partículas, 
ajustar a retroalimentação do vapor de água e levar em conta o papel das nuvens. 
Críticos também mostram que o Sol pode ter uma maior cota de responsabilidade no 
aquecimento global atualmente observado do que o aceite pela maioria da 
comunidade científica. Alguns efeitos solares indiretos podem ser muito importantes 
e não são levados em conta pelos modelos. Assim, a parte do aquecimento global 
causado pela ação humana poderia ser menor do que se pensa atualmente. (Fonte: 
The Skeptical Environmentalist) 
 
Geografia Ambiental | 
Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
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Efeitos 
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente 
o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Algumas importantes 
mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global. 
Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de 
gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das 
consequências do aquecimento global que podem influenciar não somente as 
atividades humanas, mas também os ecossistemas. Aumento da temperatura global 
permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos 
seus habitats (possibilidade de extinção) devido a mudanças nas condições enquanto 
outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas. 
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez 
que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem 
aprimorar a produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a 
produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado, é fato de 
que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, 
uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno 
número de espécie que esteja florescendo. 
Uma outra causa grande preocupação é o aumento do nível do mar. O nível dos 
mares está aumentando em 0.01 a 0.02 metros por década e em alguns países 
insulares no Oceano Pacífico são expressivamente preocupantes, porque cedo eles 
estarão debaixo de água. O aquecimento global provoca subida dos mares 
principalmente por causa da expansão térmica da água dos oceanos, mas alguns 
cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de gelo polar e os glaciares 
derretam. Em consequência haverá aumento do nível, em muitos metros. No 
momento, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100 anos. 
(Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as percepções 
gerais de que as mudanças climáticas). 
Como o clima fica mais quente, a evaporação aumenta. Isto provoca pesados 
aguaceiros e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados 
mais extremos no clima como progressivo aquecimento global. 
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A 
Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, provocada por diferenças entre a 
temperatura entre os mares. Aparentemente ela está diminuindo conforme as médias 
da temperatura global aumentam, isso significa que áreas como a Escandinávia e a 
Geografia Ambiental | 
Relação Ser Humano x Meio Ambiente 
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Inglaterra que são aquecidas pela corrente devem apresentar climas mais frios a 
despeito do aumento do calor global. 
 
Consequências 
Aquecimento global pode trazer consequências graves para todo o planeta 
incluindo plantas, animais e seres humanos. A retenção de calor na superfície terrestre 
pode influenciar fortemente o regime de chuvas e secas em várias partes do planeta, 
afetando plantações e florestas. 
Algumas florestas podem sofrer processo de desertificação, enquanto plantações 
podem ser destruídas por alagamentos. O resultado disso é o movimento migratório 
de animaise seres humanos, escassez de comida, aumento do risco de extinção de 
várias espécies animais e vegetais, e aumento do número de mortes por desnutrição. 
Outro grande risco do aquecimento global é o derretimento das placas de gelo 
da Antártica. Esse derretimento já vinha acontecendo há milhares de anos, por um 
lento processo natural. Mas a ação do homem e o efeito estufa aceleraram o processo 
e o tornaram imprevisível. 
A calota de gelo ocidental da Antártida está derretendo a uma velocidade de 250 
km cúbicos por ano, elevando o nível dos oceanos em 0,2 milímetro a cada 12 meses. 
O degelo desta calota pode fazer os oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas 
áreas litorâneas pelo mundo e ilhas inteiras. Os resultados também são escassez de 
comida, disseminação de doenças e mortes. 
O aquecimento global também acarreta mudanças climáticas, que é responsável 
por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo. Só no ano passado, uma onda de 
calor que atingiu a Europa no verão matou pelo menos 20 mil pessoas. Os países 
tropicais e pobres são os mais vulneráveis a tais efeitos. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima 2,4% dos 
casos de diarreia e 2% dos de malária em todo o mundo. Esse quadro pode ficar ainda 
mais sombrio: alguns cientistas alertam que o aquecimento global pode se agravar 
nas próximas décadas e a OMS calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas 
poderão causar 300 mil mortes por ano. 
 
Geografia Ambiental | 
A Água no Século XXI 
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7 A Água no Século XXI 
A água é um recurso natural essencial para a sustentação da vida e do meio 
ambiente. Ela desempenha papel importante no processo de desenvolvimento 
econômico e social de qualquer país, sendo um dos principais fatores limitantes para 
o crescimento e desenvolvimento econômico das civilizações (Biswas, 1997). 
A água, ingrediente essencial à vida, certamente é o recurso mais precioso que a 
humanidade dispõe. Embora se observe pelo mundo afora tanta negligência e tanta 
falta de visão com relação a este recurso, é de se esperar que os seres humanos 
tenham pela água grande respeito, que procurem manter seus reservatórios naturais 
e que preserve sua pureza. De fato, o futuro da espécie humana e de muitas outras 
pode ficar comprometido, a menos que haja uma melhora significativa no 
gerenciamento dos recursos hídricos. 
Entre os fatores que mais tem afetado esse recurso estão o crescimento 
populacional e a grande expansão dos setores produtivos, entre os quais a agricultura 
e a indústria. Essa situação, responsável pelo consumo e pela poluição da água em 
escala exponencial, tem conduzido à necessidade de uma reformulação na concepção 
do seu gerenciamento, apresentando desafios às entidades de ensino, pesquisa e 
extensão, aos órgãos governamentais e não governamentais. 
Por mais que seja de conhecimento geral que apenas 1% da água do planeta é 
de aproveitamento para consumo humano e de que este é um recurso fundamental 
para a existência e sobrevivência da raça humana, estamos longe de possuir um 
manejo adequado de nossas fontes de água doce. 
Portanto, alcançar níveis que conduzam à sustentabilidade dos recursos hídricos 
constitui, atualmente, o maior desafio da humanidade, ao mesmo tempo em que 
favorece uma grande oportunidade para a revisão e implantação de políticas 
direcionadas para uma nova ordem mundial no tratamento desse bem vital para todos 
os seres vivos. A hora é agora! O Século XXI é decisivo, ou então sucumbiremos. 
 
7.1 Cenário da Água no Mundo 
O cenário mundial atual mostra que o uso da água é muito mais intenso do que 
há poucas décadas. Atualmente, cerca de 70% destinam-se à agricultura, 20% à 
indústria e 10% para o consumo humano. Esse uso intenso da água, principalmente 
na agricultura e na indústria, ocorre num ritmo mais acelerado que a reposição feita 
Geografia Ambiental | 
A Água no Século XXI 
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pelo seu ciclo natural. Dessa forma, muitos mananciais estão sendo extintos em 
decorrência do uso indiscriminado e predatório, não só sob o aspecto quantitativo, 
mas também qualitativo. Pior, ao devolver a água para seu ciclo natural, ela vem 
contaminada pelos agrotóxicos da agricultura e pela química da indústria. A falta de 
saneamento ambiental, sobretudo em países pobres, colabora sensivelmente para a 
contaminação dos mananciais. Em consequência, hoje no planeta, segundo a ONU, 1, 
2 bilhões de pessoas não tem acesso à água potável e 2, 5 bilhões não tem acesso ao 
saneamento. O impacto na saúde humana e no meio ambiente é uma tragédia. 
Portanto, a chamada “crise da água” é de quantidade e qualidade, não por razões 
naturais, mas pelo uso inadequado que o ser humano faz. Essa situação se agrava mais 
ainda quando a ambição, visando usos futuros privados da água, também a privatiza. 
A escassez produzida então passa a ser quantitativa, ou qualitativa, ou social, ou em 
todos esses níveis simultaneamente (PNUD, 2009). 
Mesmo havendo água suficiente no Planeta para todos os seres vivos, é 
importante ressaltar que a sua distribuição é muito desigual. Os países com menores 
reservas hídricas sofrem mais, necessitando de estratégias especiais para gerenciar 
sua escassez. Na outra ponta, continentes inteiros, como é o caso da América Latina 
(AL), tem abundância de água doce. 
Para exemplificar, o Peru é um país que está situado no parâmetro de “suficiente”. 
Sua disponibilidade per capta de água hoje é de aproximadamente 1.790 m³ por ano. 
Entretanto, a projeção é que no ano de 2025 sua disponibilidade caia para 980 m³ por 
pessoa por ano. Deixaria de estar na faixa de suficiente para a situação de estresse. 
Mesmo assim, apresenta uma disponibilidade de água muito superior a vários países. 
Já países como Brasil, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Argentina e Chile situam-se no 
parâmetro de países “ricos”, isto é, tem entre 10 mil e 100 mil m³/pessoa/ano. Já a 
Guiana Francesa, situa-se na faixa dos “muito ricos”, isto é, acima de 100 mil 
m³/pessoa/ano. 
Para se ter uma ideia da disponibilidade de água na América Latina, basta analisar 
os dados da tabela abaixo. Verifica-se que na AL as condições são muitas vezes mais 
confortáveis, mesmo em locais de baixíssima incidência de chuvas. Por exemplo, em 
Lima no Peru a chuva é muita rara; entretanto, as águas que descem dos Andes 
abastecem a capital do Peru. Para se ter uma dimensão da nossa disponibilidade 
hídrica (abundância) basta compararmos o volume de nossas águas com países onde 
realmente ela é escassa. 
Geografia Ambiental | 
A Água no Século XXI 
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7.2 Cenário da Água no Brasil 
O Brasil detém cerca 12% da reserva hídrica do Planeta, com disponibilidade de 
182.633 m3/s, além de possuir os maiores recursos mundiais, tanto superficiais (Bacias 
hidrográficas do Amazonas e Paraná) quanto subterrâneos (Bacias Sedimentares do 
Paraná, Piauí, Maranhão). Todo esse potencial tem o reforço de chuvas abundantes 
em mais de 90 % do território, aliadas às formações geológicas que favoreceram a 
gênese de imensas reservas subterrâneas, como também possibilitaram a instalação 
de extensas redes de drenagem, gerando cursos d’água de grandes expressões. 
Todavia, esse potencial hídrico é distribuído de forma irregular pelo país. A Amazônia, 
por exemplo, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da 
água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior 
concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água. 
As perspectivas de mudança e o surgimento de novos cenários dentro do 
ambiente agrícola se darão, necessariamente, em função das alterações do clima, as 
quais afetarão sensivelmente, não só a disponibilidade de água, mas a sobrevivência 
de diversas espécies, tanto animais quanto vegetais. Nos próximos anos, em que se 
espera perda de produção e de produtividadedas lavouras e pastagens, haverá 
necessidade de esforços extras da ciência e da tecnologia para produzir alimentos. A 
escassez de água obrigará, necessariamente, a adoção de técnicas mais adequadas de 
irrigação, com o máximo de aproveitamento (eficiência) dos recursos hídricos. 
Diante do exposto, deve-se considerar a importância do avanço tecnológico, 
principalmente nas áreas de biotecnologia e do melhoramento genético, aliadas aos 
aspectos de sustentabilidade ambiental, saúde pública e qualidade de vida. No 
Geografia Ambiental | 
Referências 
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ambiente agrícola, por exemplo, é imprescindível a adoção de técnicas e 
procedimentos que protejam o solo e a água, seja em relação aos processos erosivos, 
de contaminação e mesmo de perda excessiva de umidade por evaporação e 
evapotranspiração. 
O atual estado de conhecimento técnico-científico já permite a adoção e 
implementação de técnicas direcionadas para o equilíbrio ambiental, reportadas e 
descritas em diversos trabalhos com fundamentos de caráter sustentável; porém, o 
desafio maior está em colocá-las em prática, uma vez que isso implica em mudança 
de comportamento e de atitude por parte do produtor rural, aliadas à necessidade de 
uma política de governo que valorize a adoção dessas medidas. 
 
8 Referências 
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Referências 
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	Sumário
	1 Introdução
	2 Crescimento Populacional e as Ações Sobre o Meio Ambiente
	3 Uma Sociedade do Consumo
	4 Meio Ambiente, Sociedade e Tecnologia
	4.1 A Questão Ambiental
	4.2 Contexto Atual da Crise Ambiental
	5 Visões Sobre a Sustentabilidade
	5.1 Questão Ambiental e a Sustentabilidade
	6 Relação Ser Humano x Meio Ambiente
	6.1 Causas e Consequências do Aquecimento Global
	7 A Água no Século XXI
	7.1 Cenário da Água no Mundo
	7.2 Cenário da Água no Brasil
	8 Referênciasreconhecido e 
respeitado no seu ambiente. 
O meio natural representa um dos grandes bens da humanidade, pois sobre ele 
o homem desencadeia suas ações e se apropria de acordo com suas concepções 
sociais, econômicas e culturais, existindo uma inter-relação entre o meio natural e a 
forma de utilização desse meio. 
A paisagem natural da área estudada reflete a situação biofísica dos ambientes 
que a compõem e foram registradas utilizando-se o conceito de regiões ambientais e 
unidades de paisagem. 
Nos espaços onde os componentes naturais não registram mais suas 
características naturais, pelo processo de apropriação da paisagem, as unidades de 
paisagem transformaram-se em unidades antropogênicas, algumas das quais não 
preservam mais todas as suas formas e processos naturais. 
No ambiente geográfico de nosso planeta, em algumas regiões, podemos notar 
uma diferença do ser humano para os outros animais: o homem, uma vez adaptado 
ao ambiente, consegue agir sobre ele; enquanto os animais precisam ajustar-se à 
geografia local. Isso não significa que o homem tenha poder sobre a natureza. Ele não 
pode evitar, por exemplo, que fenômenos naturais ocorram, embora possa prevenir-
se de alguma forma. 
Podemos observar que esses fatores naturais, de uma forma ou de outra, estão 
ligados à vida humana em sociedade, uma vez que, como consequência do que a 
natureza lhe ofereceu e graças a sua capacidade de adaptação, o homem pode evoluir 
através dos tempos. Daí a ligação entre meio ambiente e sociedade. 
O atual modelo social surgiu a partir do desenvolvimento das atividades 
econômicas decorrentes do comércio. Este, por sua vez, propiciou o surgimento de 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 6 
uma nova estrutura geográfica das sociedades, que passaram a ser caracterizadas pelo 
binômio Centro/Periferia. 
A contradição nas relações Homem-Natureza consiste principalmente nos 
problemas dos processos industriais criados pelo Homem. Esse processo é visto como 
gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior expectativa de vida. 
Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se não fizesse parte dele. Com 
todo esse processo industrial e com a era tecnológica, a humanidade conseguiu 
contaminar o próprio ar que respira, a água que bebe, o solo que provém os alimentos, 
os rios, destruir florestas e os habitats animais. Todas essas destruições colocam em 
risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. 
O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo 
do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se compor. Muitos 
desastres naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. Ao contrário 
de muitos que pensam que a natureza é violenta, pode ser, mas seu maior agressor é 
o homem, que não se deu conta de que deve sua existência a ela. 
Todos esses processos industriais transformam o meio ambiente, poluindo o ar, 
a água, o solo, destruindo florestas, fazendo com que muitas pessoas se afastem e 
não tenham contato com o mundo natural, ou seja, interagindo em equilíbrio com 
todos os seres do planeta. Os sentidos básicos do homem como o instinto, a emoção 
e a espiritualidade se perdem sem essa interação com a natureza. 
Mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre sua intervenção 
no mundo natural, o que podemos até considerar um avanço, mediante as grandes 
degradações que já ocorreram até agora, ainda não há coerência suficiente. Ou seja, 
muitas ações deveriam ser colocadas em prática para a preservação do meio ambiente 
como um todo. O que vemos atualmente é que os índices de degradação 
aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um mundo melhor 
para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento 
econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e como consequência, 
consumir mais recursos naturais, ocasionando a degradação, sem se preocupar e 
muitas vezes sem saber, que esses recursos muitos são renováveis e não são infinitos. 
Os problemas ambientais já vêm de longa data, desde a época em que o sistema 
industrial se desenvolveu na Europa e depois se transferiu para a América do Norte, 
aumentando cada vez mais a pressão sob o planeta. Recentemente, os problemas 
ambientais se agravaram, devido ao crescimento populacional desenfreado e suas 
vontades de viver num mundo industrial e tecnológico. O maior problema do planeta 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
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hoje, é entender e resolver as relações Homem - Terra, para que se consiga viver em 
harmonia e em equilíbrio com o Planeta. 
O meio ambiente vem se constituindo em uma das mais importantes dimensões 
da vida humana e é objeto de análise de diferentes grupos e classes que compõem a 
sociedade contemporânea. Sociedade esta que se baseia na produção e no consumo, 
gerando incertezas quanto à possibilidade de evitar ou recompensar os problemas 
causados pela modernização industrial. 
Na atualidade, a abordagem da questão ambiental está a exigir de cada um de 
nós em particular e, acima de tudo, da sociedade como ser social (nós somos 
componentes desse ser coletivo) uma tomada de posição mais imperativa. Somos 
cônscios que esta, por si só, não é capaz de pôr um ponto final nas profundas mazelas 
que vêm sendo cometidas contra o patrimônio natural/social, cujos efeitos nocivos 
incidem direta e indiretamente sobre todos os seres vivos. Entretanto, é possível 
paralisar e mesmo retroceder o processo de destruição apesar de estarmos convictos 
de que a eliminação definitiva do perigo ecológico-ambiental passa, necessariamente, 
pela liquidação das relações de propriedade privada e de antagonismos de classes. 
Essa tomada de ação consciente, podemos assim dizer, tende a crescer em nossos dias 
em direção a uma crescente uniformização de entendimentos das causas reais 
geradoras da nefasta desestabilização do ambiente natural. 
Se no passado não muito distante a palavra de ordem traduzia-se em postura 
mais contemplativa, em conservacionismo puro etc., hoje, o impacto da destruição 
atinge-nos muito mais concretamente em virtude de ter-se ampliado de forma 
considerável o quadro das violações, premeditadas ou não, em razão do maior 
desenvolvimento anarquista das forças produtivas que estruturam o modo de 
produção capitalista. A nova palavra de ordem passa a ser cada vez mais impositiva, 
em razão de a perspectiva de salvar gerações futuras de vivências degradadas 
incorpora-se como atributo de valor maior na consciência social de significativos 
segmentos de nossa sociedade. 
O desenvolvimento harmônico de uma sociedade depende, basicamente, de uma 
biosfera sadia como sistema integrado e autorregulado suficiente para dar 
continuidade a sua reprodução nova se, o homem no processo de sua produção 
material respeitar as suas leis de funcionamento e evolução. Para tanto, há que se 
pautar por uma conduta superior orientada no sentido de tornar consciente e 
planificada a relação interdependente Homem-Natureza, a fim de que se possa criar 
um meio propício — nos parâmetros naturais e sociais — à vivência dos seres vivos. 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
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É necessário questionar que não basta, simplesmente, conhecer as causas 
determinantes da profunda desestabilização do binômio Homem-Natureza; não é 
suficiente apelar, pelas leis científicas que regem os fenômenos naturais e os sociais; 
pelos princípios éticos, humanísticos, religiosos, estéticos etc. Como também para a 
consciência do ser humano no sentido de que assuma uma conduta de respeito à 
natureza e à sociedade; que não é suficiente invocar a vontade, a bondade, a 
compreensão, a fraternidade, bom senso, enfim, por toda e qualquer “postura de 
pedinte”, para pôr fim ao contínuo processo de violação e destruição do binômio 
Natureza-Homem. 
O surgimento do homem na Terra,necessitado de uma perfeita interação com 
ela seus elementos constituintes, e esta interação, principalmente como meio de 
sobrevivência, tornou-se cada vez mais conflitantes, associados ao desenvolvimento 
humano e ao crescimento social permitiu sua ampliação ao domínio dos elementos 
da natureza e consequentemente a intensidade e extensão dos impactos ambientais 
Convive-se então com um cenário de crise econômica com baixa capacidade de 
geração de emprego, e uma crise ambiental sem precedentes, que não se sabe onde 
está, e nem onde vai chegar, sabe-se apenas que é uma questão real, e que tem 
reunido pessoas, e organizações de todo mundo. As sociedades sustentáveis 
combatem o desperdício, privilegiam o coletivo e o bem comum, não viola os direitos 
humanos, ou seja, defende a biodiversidade sociocultural. 
A palavra desenvolver, na sua origem, tem o sentido de “desembrulhar”, 
“desenrolar”, “libertar” ou “expandir uma coisa que estava embrulhada ou envolvida”. 
Com essa definição percebe-se que o desenvolvimento é fundamentalmente 
caracterizado por hábitos, costumes e pensamentos de um povo que se desenvolve 
com o passar do tempo mais que apresenta para a sua nação um crescimento. 
Nenhum desenvolvimento pode vir de fora para dentro, principalmente, de forma 
imposta eliminando a particularidade e característica de cada um. O que se tem mais 
observado na sociedade moderna é uma imposição de desenvolvimento dos países 
desenvolvidos em relação aos países em desenvolvimento. Será esse o sentido real de 
desenvolvimento? Será que esse tipo de desenvolvimento traz maior dignidade ao ser 
humano? Será essa a única ou a melhor maneira de contribuir para a melhoria das 
condições de vida dignas para o ser humano? 
A importação de modelos desenvolvimentistas tem resultado em enorme 
fracasso para a maioria da população mundial. É a partir da Segunda Guerra Mundial, 
que cresce o interesse sobre os modelos de crescimento econômico. As necessidades, 
Geografia Ambiental | 
Introdução 
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metas e participação do ser humano foram marginalizados em benefícios dos 
objetivos macroeconômicos. A expansão acelerada e a ininterrupta da 
internacionalização da economia capitalista, o crescimento do comércio, configurou-
se um processo de integração seletiva de alguns países periféricos da economia 
mundial, incorporados aos planos de expansão do capital mediante uma nova divisão 
internacional do trabalho. Este processo é marcado também pela perca sem 
precedentes da capacidade do poder do Estado. As decisões internas de cada país 
dependem e em grande escala das decisões internacionais, cada vez mais, é maior a 
dependência dos países dos países em desenvolvimento em relação às grandes 
corporações e ao capital estrangeiro. Uma das alternativas é a formação de blocos 
econômicos ou barreiras de cada Estado, que são obrigados a cumprir uma série de 
exigência para enquadrar neste novo contexto. O resultado é uma inevitável 
uniformização dos padrões, gostos, costumes e valores culturais, levando a uma 
hegemonia cultural ou massificação de algumas culturas. 
Este processo leva a acreditar em um desenvolvimento não como redução 
gradativa das desigualdades socioeconômicas, mas como eliminação da pobreza; mas 
na prática, segue em outra direção, é um desenvolvimento social acompanhado de 
um real processo de democratização do poder. 
Hoje, predomina a crença de que o problema da fome, do desemprego, das 
favelas, da violência parece solucionar por meio de três pilares: Internacionalizar, 
promover abertura e privatizar. 
Nesta concepção de desenvolvimento não faz referência as prioridades sociais, 
fortalece e amplia a competitividade, a eficiência com a redução dos salários, a 
expulsão e o desligamento de trabalhadores da economia formal. 
Neste processo, países ricos e poderosos tornam-se mais poderosos, e os pobres, 
mais miseráveis; e a capacidade financeira do Estado para atender as demandas 
urgentes das massas leva ao desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta 
de segurança e deterioração generalizada da qualidade de vida. Vive-se num mundo 
em que a indeterminação atinge o ser. O novo traz uma incerteza insuperável de 
organização e de desintegração, não fornece nenhum caminho certo para o futuro; 
tudo está em constante transformação e isso acarreta mudança no mundo dos 
conceitos. 
Esta crise desenvolvimentista é sempre uma crise global que causa impacto não 
somente na economia, mas também na política, na educação, na cultura etc. 
Geografia Ambiental | 
Crescimento Populacional e as Ações Sobre o Meio Ambiente 
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O desenvolvimento sustentável pregado pelo mercado se interpreta como a 
necessidade de organizar as atividades produtivas através do estímulo, da iniciativa e 
da criatividade privada, que em si não resolve o problema das pessoas em desfrutar 
de um acesso equitativo das oportunidades. 
 
2 Crescimento Populacional e as Ações Sobre o Meio Ambiente 
A taxa de crescimento da população mundial diminui, mas ainda assim aumenta 
rapidamente. Calcula-se que no ano 1 da Era Cristã, o número de habitantes de nosso 
planeta era de aproximadamente 250 milhões. Em 1650, atingimos a marca de 500 
milhões de habitantes; de 1 bilhão, em 1800; de 3 bilhões, em 1960 e em 2018, são 
cerca de 7,6 bilhões de habitantes. 
A Terra está superpovoada? Se estiver, quais medidas devem ser tomadas para 
diminuir o crescimento populacional? Alguns argumentos que o planeta já está lotado, 
e em especial os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde altas taxas de 
consumo de recursos ampliam o impacto ambiental de cada pessoa. Outros 
encorajam o crescimento populacional como forma de estimular o crescimento 
econômico. 
Aqueles que não acreditam que a Terra está superpovoada apontam que a 
expectativa de vida média de 7,6 bilhões de pessoas é maior hoje que já foi em 
qualquer época do passado, e está previsto que aumentará ainda mais. De acordo 
com essas pessoas, o mundo pode suportar mais alguns bilhões de habitantes. 
Também acreditam que o crescimento populacional representa o recurso mais valioso 
do mundo para solucionar problemas ambientais e outros, e para estimular o 
crescimento econômico em razão do aumento de consumidores. 
Alguns consideram qualquer forma de regular a população uma violação de 
credos religiosos. Outros veem isso como uma invasão da privacidade e liberdade 
pessoal para se ter o número de filhos que quiser. Determinados países em 
desenvolvimento e alguns membros das minorias de países desenvolvidos consideram 
o controle populacional uma forma de genocídio, cujo intuito é impedir que sua 
economia e suas forças políticas cresçam. 
Já os que propõem a diminuição e uma possível interrupção do crescimento 
populacional têm uma visão diferente. Elas apontam que falhamos ao suprir as 
necessidades básicas de cerca de um em cada cinco indivíduos. 
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Aqueles que propõem a diminuição no crescimento populacional advertem que 
há duas sérias consequências caso as taxas de natalidade não declinem de forma 
drásticas. Primeira, em algumas áreas, a taxa de mortalidade pode aumentar em razão 
do declínio das condições de saúde e ambientais (algo que acontece hoje em 
determinadas regiões da África). Segunda, o uso de recursos e os danos ambientais 
podem se intensificar conforme mais consumidores aumentam suas já grandes 
pegadas ecológicas (é a quantidade de água e terra biologicamente produtiva 
necessária para fornecer a cada pessoa os recursos que ela usa e para absorver os 
resíduos gerados com o uso desses recursos) em países desenvolvidos e em alguns 
países em desenvolvimento, como China e Índia, que estão passando por um rápido 
crescimento econômico. 
As pegadas ecológicas da humanidade ultrapassama capacidade ecológica da 
Terra de repor seus recursos renováveis e de absorver em cerca de 21%. Se as 
estimativas estiverem corretas, estamos usando os recursos renováveis 21% mais 
rápido do que a Terra leva para renová-los. Em outras palavras, seriam necessários os 
recursos de 1,21 planetas Terra para sustentar indefinidamente nossa produção e 
consumo atuais de recursos renováveis. 
O aumento da população e consequente crescimento do consumo podem elevar 
os estresses ambientais, como doenças infecciosas, danos na biodiversidade, 
desmatamento de florestas tropicais, redução da pesca, escassez da água, poluição 
dos mares e mudanças climáticas 
Os que defendem este ponto de vista reconhecem que o crescimento 
populacional não é a única causa desses problemas. No entanto, eles argumentam 
que a adição de centenas de milhões de pessoas em países desenvolvidos e bilhões 
de pessoas em países em desenvolvimento só podem intensificar os problemas 
ambientais e sociais existentes. 
Estes analistas acreditam que as pessoas devem ter liberdade de gerar quantos 
filhos quiserem, mas somente se isso não reduzir a qualidade de vida das pessoas 
agora e no futuro, seja pelo enfraquecimento da capacidade da Terra de sustentar a 
vida, seja por rupturas sociais. 
Existe, então, esta perspectiva que reconhece o problema ambiental, mas atribui 
ao fator demográfico um papel secundário, procurando situar a questão em termos 
de instituições socioeconômicas, padrões de acesso à terra e desigualdades sociais. 
Neste veio também existem algumas tentativas de inverter os termos da equação, 
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atribuindo à pressão sobre os recursos o papel positivo de promover o progresso 
técnico. 
A relação entre população e meio ambiente vem sendo interpretada 
predominantemente através da abordagem neomalthusiana, segundo a qual o 
equilíbrio ambiental apresenta-se como produto do tamanho e crescimento da 
população, havendo assim, uma relação direta entre crescimento demográfico e 
pressão sobre recursos naturais. Disso resulta a conclusão imediata da necessidade do 
controle populacional. 
Essa visão simplista, no entanto, não relaciona a questão ambiental aos aspectos 
ligados ao desenvolvimento e ao crescimento econômico, ou seja, não incorpora que 
os padrões de produção e consumo, até então conhecidos, são extremamente 
devastadores e poluidores. 
Assim, para a linha de pensamento neomalthusiana, apenas a dimensão 
demográfica é considerada, colocando-se na esfera do crescimento populacional o 
centro dos problemas econômicos, sociais e ambientais. A redução do crescimento da 
população dos países subdesenvolvidos bastaria para eliminar os problemas 
ambientais, além de contribuir para uma diminuição da população pobre. 
Assim, os problemas ambientais globais, exceto no caso da perda de 
biodiversidade, seriam resultado, majoritariamente, do padrão de consumo dos países 
mais industrializados. Enquanto isso, os países menos industrializados estariam 
envolvidos em problemas como a desertificação, o desmatamento, enchentes, 
esgotamento de recursos naturais, além de problemas emergentes como poluição do 
ar e chuva ácida. 
A contribuição relativa dos diferentes países para os diversos problemas 
ambientais apresenta-se de forma diferenciada. Atualmente, pode-se concluir que os 
países de industrialização mais avançada possuem a maior parcela de 
responsabilidade, provocando a maioria dos problemas ambientais mais sérios, como 
o efeito estufa, a diminuição da camada de ozônio e o acúmulo de lixo tóxico 
Portanto, não se pode atribuir o atual grau de degradação ambiental global 
apenas ao crescimento da população, mas principalmente aos padrões de produção 
e consumo que vêm caracterizando a industrialização e o consumo. Desse modo, a 
trajetória futura da problemática ambiental mundial dependerá basicamente da 
evolução de dois fatores: 
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Crescimento Populacional e as Ações Sobre o Meio Ambiente 
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a) do grau de incorporação de países atualmente subdesenvolvidos aos 
padrões de produção e consumo que prevalecem nas sociedades 
industrializadas; 
b) do ritmo de desenvolvimento e adoção de tecnologias que permitam 
padrões de produção e consumo mais condizentes com o bem-estar 
ambiental, tanto nos países atualmente desenvolvidos, como naqueles 
que deverão se desenvolver durante o intervalo. 
O crescimento da população, aliado a um consumo excessivo e a uma economia 
globalizada, tem trazido grandes preocupações por parte de ambientalistas, 
sociólogos, ecologistas, dentre outros setores. O planeta está no seu limite de suporte 
e seu capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos 
socioambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego às 
reações adversas da natureza que por sua vez vêm castigando várias regiões a nível 
global. 
Tais fatores foram desencadeados por uma desordem econômica e social, devido 
a um modelo predatório que continua ocorrendo de forma heterogênea, tornando 
difícil qualificá-los. 
O que temos é uma sociedade que continua querendo dominar a natureza, ao 
invés de interagir com ela, apresentando uma ação predatória e potencialmente 
ameaçadora da vida na Terra. Tem-se, ainda, a falta de projetos que questione as 
desigualdades sociais e os princípios de uma justiça ambiental que são temas 
importantes da busca pela sustentabilidade. 
A natureza passa a ser objeto mercadológico engendrado num processo de 
privatização do uso do meio ambiente comum, especificamente do ar e da água, o 
qual a humanidade depende. E é o custo econômico e social desse comércio que torna 
preocupante, já que passa a ser inadequado no auxílio ao desenvolvimento. 
A sociedade em que vivemos pode e deve ser planejada com padrões de menor 
porte e com produção descentralizada em bases sólidas, em termos tecnológicos, 
disponíveis democraticamente e gerados a partir das necessidades da coletividade. 
Porém, muitos estudiosos na área questionam sobre o tempo disponível que se tem 
para uma sensibilização e conscientização da população em nível global. As 
catástrofes já ocorrem em escalas cada vez maiores. A própria meteorologia se tornou 
um tanto quanto imprevisível e o homem, vítima de si mesmo, continua insistindo em 
usar intensivamente - e de forma errônea - os recursos naturais. 
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Uma Sociedade do Consumo 
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Por outro lado, não é preciso ser tão pessimista quanto ao assunto em questão. 
Tem-se caminhado - e muito - em busca de soluções, mas, é preciso estar atento a 
banalização feita em muitos discursos à cerca dos termos meio ambiente, 
desenvolvimento sustentável, ecoturismo entre outros. Existe uma grande diferença 
entre fazer declarações politicamente corretas e se comportar de forma não 
condizente com a declaração. 
Portanto, na qualidade de membros do planeta Terra é preciso, urgentemente, 
perceber que a sustentabilidade deve existir tanto nos ecossistemas quanto na 
sociedade humana, bem como nas formas sociais de apropriação e uso desses 
recursos do ambiente. 
 
3 Uma Sociedade do Consumo 
A industrialização atual resulta de um processo evolutivo iniciado com a 
Revolução Industrial ocorrida na Europa e particularmente na Inglaterra a partir do 
século XVIII. Esse período industrial significou a passagem de uma sociedade rural e 
artesanal para uma sociedade urbana e industrial. Dessa forma, podemos dizer que 
como a produção, o consumo é um fator fundamental para a produção do modelo de 
acumulação capitalista. 
A partir da segunda metade do século XX, os níveis de consumo cresceram 
rapidamente nos diversos países. A redução dos custos de transporte de mercadoria 
e a rápida apropriação das inovações tecnológicas provenientes da TerceiraRevolução 
Industrial tornaram possível às empresas colocar no mercado, a preços relativamente 
acessíveis e em grande quantidade, novos tipos de bens de consumo, objetos que 
iriam mudar os hábitos da população e criar necessidades. Desde então, existe uma 
disputa acirrada entre as grandes corporações para “abocanhar” partes cada vez 
maiores de mercado consumidor dos países em que desenvolvem suas atividades. 
O consumo hoje vem tornando-se um dos grandes problemas causadores da 
destruição do meio ambiente. Por quê? Simplesmente porque todo o material 
necessário para a fabricação de celulares, computadores, roupas, carros, asfalto, casas 
etc., vêm da natureza; e como, a cada dia que passa, o mundo tem mais gente, a 
necessidade das indústrias de retirarem matérias-primas do meio ambiente torna-se 
mais agressiva. E para onde vai todo o material que descartamos? Para os bueiros, 
rios, para o ar que respiramos. 
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Uma Sociedade do Consumo 
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Produtos que consomem uma enorme variedade de recursos extraídos da 
natureza, não são oferecidos como necessidades, e tornaram-se emblemáticos na 
sociedade de consumo que se traduz como democrática, pois teoricamente, todo esse 
poder está ao alcance dos ricos e dos pobres. 
Este descaso já vem de longe, o meio ambiente está sofrendo profundas 
alterações, às vezes são rastro de destruição jamais recuperados, ou seja, perdidas, 
pondo em perigo a sua própria existência, pois através desta destruição é que pode 
estar algum tipo de cura jamais conhecidos. 
O ritmo consumista está trazendo problemas seríssimos, insustentáveis, não se 
pode nem medir o valor da perda só assistindo o planeta responder de forma 
dramática. Os cenários como shoppings, arranha-céus, indústrias, são considerados 
normais, os valores relacionados com a natureza não têm valor, na verdade é tratada 
como empecilho ao progresso. 
Estas construções levam a várias complicações, pois muitas delas são feitas sem 
medir o impacto que podem causar. Ruas, quando chove, ficam inundadas. Carros 
parecem que têm mais que gente, um trânsito louco, poluição constante. 
Os recursos ecológicos são elementos do meio ambiente necessários à vida, mas 
são tratados com desprezo e muito abuso. Os alimentos fornecidos pelas plantas e 
animais, água e ar são muito importantes à sobrevivência de qualquer ser vivo. Já o 
aço e petróleo, por que tanto apreço? 
É frequente o prejuízo ambiental, por causa deste descaso, não havendo 
fronteiras que impeçam os poluentes de cruzarem, afetando todo tipo de vida. A 
natureza vem reclamando e respondendo as agressões sofridas, através de várias 
manifestações, ocasionadas por causa da poluição que o homem produz. 
Temos o costume de comprar coisa sem necessitarmos, sem verificarmos de 
onde veio aquele produto, e isso, ajuda bastante para a degradação de nossos 
recursos naturais. Não bastando este problema, o consumismo realizado da maneira 
que vem sendo feito, tem influência negativa na pobreza, aumentando as 
desigualdades sociais, danificando o meio ambiente e as condições de vida de pessoas 
mais pobres. Para termos uma ideia, nosso planeta possui aproximadamente 7,6 
bilhões de pessoas, onde 1/3 tem acesso ao consumo. Se esta forma predatória de 
consumir fosse igual para todos os 7,6 bilhões de pessoas do nosso planeta, iríamos 
precisar de quase 3 planetas Terra para satisfazer nossas necessidades. 
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Meio Ambiente, Sociedade e Tecnologia 
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Então, o que queremos dizer é: o consumo precisa ser consciente. Precisamos ter 
a ideia de que não é simplesmente porque temos dinheiro que podemos comprar 
tudo o que vemos pela frente e ninguém sairá em desvantagem. É claro que nos 
sentimos bem quando compramos algo novo, mas o planeta Terra não está 
suportando mais a exploração do ser humano de seus recursos naturais. 
 
4 Meio Ambiente, Sociedade e Tecnologia 
A preocupação com o meio ambiente acabou por se tornar uma matéria que 
ganhou uma necessária evidência no cenário sociojurídico. Depois de muitos anos 
sendo considerado apenas um meio pelo qual o homem busca suprir suas 
necessidades pessoais, o meio ambiente vem adquirindo personalidade, o que de 
alguma forma lhe confere o status de pessoa dotada de dignidade, na exata proporção 
do bem jurídico que constitui seu objeto. 
Igualmente, a Constituição Federal de 1988 inovou ao falar sobre este tema, 
mostrando uma preocupação e reconhecimento para com este, dedicando um 
capítulo de seu texto para tratar de meio ambiente. Essa preocupação, tão em voga, 
modernamente, fez com que despertasse globalmente, um interesse maior por esse 
tema. 
Os debates e discussões científicas apontam para a necessidade de se repensar 
a utilização do meio de uma forma sustentável. A ideia, que no passado se tinha, de 
que os recursos naturais eram ilimitados foi modificada e reestruturada. Desse modo, 
o meio ambiente deixou de ser um modo de suprir as necessidades humanas, para ser 
tudo aquilo que envolve a pessoa e que com ela interaja. 
O desafio para a sociedade atual está em remodelar a própria natureza humana 
para repensar que o meio ambiente não é mais um mero fornecedor de matéria-prima 
e alimento, mas sim algo maior que carece de atenção. 
Nesse sentido, ocorre um embate entre como conter o desenvolvimento 
tecnológico que venha a utilizar o meio ambiente como mero objeto de pesquisa e 
manter a evolução da ciência e economia, sem fazer com que esgotem os recursos 
naturais da biodiversidade. A atual meta que a sociedade tem a cumpri é a de 
equacionar os pilares da tecnologia, economia, meio ambiente e sociedade, de forma 
a harmonizar seus interesses sem que um destes se já enfraquecido. 
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Desse modo, na atualidade, surge uma nova visão no qual, busca-se uma nova 
perspectiva de ação, que relacione homem e meio ambiente, verificando que os 
recursos naturais se esgotam, ou seja são finitos e que o principal agente desse quadro 
é o próprio ser humano. Assim, procura-se fazer um panorama de conhecimento que 
aponte como norte a formação de um cidadão ecológico, que tenha um pensamento 
sustentável. 
Com o processo e a globalização como também o estreitamento das distâncias 
entre nações, tem-se o aumento da interdependência entre países, tornando o mundo 
uma aldeia global. Destarte soma-se a isso o aumento populacional, os avanços da 
biotecnologia e as relações de consumo. Em decorrência disso, riscos que eram locais, 
também se globalizaram, afetando a todos indistintamente, o que provocou 
mudanças nos hábitos da sociedade, provocando uma dicotomia entre os interesses 
da economia e os do meio ambiente. 
Não se pode negar o fato de que o progresso, oriunda das inovações 
tecnológicas com ligação direta com as ciências biológicas, tem contribuído para a 
descoberta de muitas espécies de seres vivos, que ainda não haviam sido descobertas, 
como também de novos compostos derivados da fauna e da flora que podem 
proporcionar ao ser humano umas expectativa maior no que toca a sua longevidade 
de vida. Contudo atrelado a esse progresso surgem outras preocupações relacionadas 
com a vida humana, entre tantas as mais importantes e fundamentais são o direito a 
vida e a preservação do meio ambiente. Nessa lógica é que surge a polêmica discussão 
acerca da existência de uma efetiva proteção, como também do uso sustentável dos 
recursos naturais. 
Os problemas ambientais, quando se fala em sustentabilidade devem ser 
priorizados, devendo haver uma crescente mudança no comportamento individual e 
social, havendo uma reformulação nos processos de conhecimento da sociedade de 
modo a permitir a formação de uma consciência ambientam que permeie a execução 
de uma gestão ambiental visando atingir valores sociais e mudanças decomportamento. 
O comportamento humano vem sendo questionado, isso porque acorre uma 
modificação deste a cada catástrofe que a sociedade é submetida. A degradação 
ambiental não é processo visível apenas atualmente. A sociedade moderna sofre hoje 
o impacto das novas tecnologias e desta forma vem gradativamente acelerando esse 
processo no decorrer da história das civilizações. 
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As inferências ambientais decorrentes da ocupação dos espaços e da 
urbanização acontecem em níveis incomparáveis com a capacidade dos ecossistemas, 
o que resulta em esgotamento dos recursos naturais e, por conseguinte, a sua 
degradação. 
Neste sentido no que toca a legislação pátria acerca desse tema aponta José 
Afonso da Silva: 
 
“O ambientalíssimo passou a ser tema de elevada importância nas 
Constituições mais recentes. Entra nelas deliberadamente como 
direito fundamental da pessoa humana, não como simples 
aspecto da atribuição de órgãos ou entidades públicas, como 
ocorria em Constituições mais antigas. A Constituição de 1988 foi, 
portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão 
ambiental. Pode-se dizer que é uma Constituição eminentemente 
ambientalista”. (2010, p. 43) 
 
Assim, o direito ao ambiente equilibrado passou a gozar de integral amparo 
constitucional, embora a legislação infraconstitucional já expressasse uma 
preocupação com a normatização de questões ligadas a esse tema. A proteção 
ambiental em consequência disso deixa de ser considerada uma garantia de um 
interesse menor ou incidental, se comparado com outras normas. Neste sentido 
também afirma Lester R. Brown (1990), que as questões sobre a segurança do meio 
ambiente compartilham hoje do mesmo palco com os tradicionais assuntos 
econômicos e militares que sempre estiveram em cena. 
Quanto ao momento propício para o debate e construção da cidadania 
ecológica, afirma o autor supracitado, que a oportunidade de construir um alicerce 
duradouro será perdida se não aproveitarmos logo a ocasião. Assim, para nos pormos 
a caminho, precisamos apenas parar de resistir ao empurrão e abraçar o impulso que 
nos atrai rumo à construção de uma sociedade sustentável (BROWN, 1990, p. 238). 
O crescimento, mesmo que acelerado, não deve ser sinônimo de 
desenvolvimento. O desenvolvimento vai além, exige um equilíbrio, evita a armadilha 
da competitividade, a autodestruição baseada na depreciação da força de trabalho e 
dos recursos naturais. O pensamento deve estar articulado, também, às gerações 
futuras. Entende-se que o ser humano passa a se dar conta de que é preciso uma 
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mudança radical na sua maneira de “estar no mundo”, quando sofre as consequências 
diretamente no planeta, passando a viver de forma mais organizada e comprometida 
com o seu modo de viver e de se relacionar. 
Morato Leite (2011), ao desenvolver reflexões a respeito da Teoria do Risco e a 
sua influência no Estado e no Direito menciona que se faz necessário demonstrar ao 
público que a racionalidade jurídica na esfera do ambiente ultrapassa um olhar 
técnico, dogmático e monodisciplinar, havendo a necessidade de se adotarem noções 
oriundas de outras áreas do saber, buscando com isso compreender a crise ambiental 
através de uma visão transdisciplinar e de um enfoque mais sociológico do risco. 
Ost (1995) aborda que a crise ecológica, refere-se à desfloração sistemática das 
espécies animais, sem dúvida; mas, antes de mais e sobretudo, a crise da nossa 
representação da natureza, a crise da nossa relação com a natureza. 
Ademais, seguindo a premissa do autor supracitado, a crise ecológica sob o 
prisma ético jurídico, impõe a questão axiológica do que devemos fazer. Cabe ressaltar 
que está temática é vislumbrada a partir da problemática cultural do vínculo e do 
limite. Já que enquanto não for repensada a nossa relação com a natureza e enquanto 
não formos capazes de descobrir o que dela nos distingue e o que a ela nos liga, os 
nossos esforços serão em vão, como o testemunha a tão relativa efetividade do direito 
ambiental e a tão modesta eficácia das políticas públicas neste domínio. 
A crise ecológica que se vive ainda na visão de Ost caracteriza-se por ser, 
simultaneamente, a crise do vínculo e a crise do limite. No qual como já abordado, a 
crise do vínculo vislumbra discernir o que liga o homem a natureza e em se tratando 
dos limites refere-se ao fato de discernir o que distingue um do outro. 
Nesse sentido o autor passa a ideia de que a questão ambiental na atualidade 
deve ser vista de uma forma dialética do vínculo e do limite, pois para ele a única 
forma de fazer justiça a um (homem) e outra (natureza), é tornar clara 
simultaneamente suas semelhanças e diferenças, através da elaboração de um saber 
ecológico necessariamente interdisciplinar. 
O direito ambiental por sua vez tem a tarefa de ligar os vínculos e demarcar os 
limites, impondo a lei e demarcando que cada coisa tem o seu lugar e que cada um 
tem o seu papel. Em outras palavras, precisa-se de uma consolidação de um saber 
ambiental para construir um pensamento crítico que seja capaz de construir uma 
racionalidade ambiental, que se baseie em um aporte multidisciplinar de 
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conhecimento, desde uma epistemologia ambiental, que permita a aplicação de uma 
educação ambiental e o desenvolvimento de uma ecologia política Crítica. 
Nesse sentido, a construção de novos saberes baseados em uma racionalidade 
crítica, capaz de compreender a complexidade dos fatores que levam a formação de 
uma consciência ambiental é o caminho para a formação de uma cidadania ecológica, 
que possa garantir o equilíbrio entre a relação homem e ambiente. Diante deste 
contexto, a Cidadania Ambiental é permanente e comprometedora, pois significa 
adotar uma metodologia problematizadora, sendo sujeito de sua história e apontando 
caminhos. Utilizando-se da educação ambiental para refletir e transformar as atitudes 
em sua trajetória de maneira a ter uma melhor qualidade de vida na sua realidade e, 
sucessivamente, manter o ecossistema equilibrado e sustentável. (LEFF, 2004). 
De acordo com Freire (1980), somente o homem é capaz de tomar distância 
frente ao mundo, admirando-o ou objetivando, somente ele é capaz de agir 
conscientemente sobre a realidade objetivada, a práxis humana, a unidade 
indissolúvel entre a ação e minha reflexão sobre o mundo. 
A conscientização desvela a realidade, ela não pode existir fora da práxis, ou seja, 
sem o ato ação-reflexão, constituindo de maneira permanente, o modo de ser ou de 
transformar o mundo que caracteriza os homens. Segundo Freire a conscientização é 
um compromisso histórico e consciência histórica é inserção crítica na história, implica 
que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Uma 
nova realidade deve tomar-se como objeto de uma nova reflexão crítica. 
Na atualidade um dos objetivos vitais da nova geração deve ser a formação de 
cidadãos que atuem em favor de uma política baseada nos valores éticos e morais de 
uma sustentabilidade. O desenvolvimento que tem como premissa o caráter 
predatório dos recursos naturais em detrimento de um progresso econômico deve ser 
rechaçado para que não se desencadeie um aumento, ainda maior, das desigualdades 
socioambientais. 
Ser sustentável implica em assegurar que o crescimento seja gerenciado por 
interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos, formados a partir de uma 
educação ambiental que vise a formação de um sentimento de corresponsabilização 
para com o meio ambiente como também a constituição de valores éticos. O modelo 
de desenvolvimento vivenciado pela sociedade atual deve para isso ser desconstruído, 
para que se possa suprimiras atividades humanas ecologicamente predatórias, de 
uma sociedade tida como de risco e consumo. 
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Assim a busca por essa participação social em massa é importante para que eles 
se tornem os locutores dos debates que definiram o destino da humanidade, no 
momento que se identificará os problemas, os objetivos e a soluções para a crise 
ambiental. 
Para Leonardo Boff existem algumas críticas a esse modelo, no qual o autor faz 
algumas observações acerca dos seguintes fatores: Desenvolvimento ecologicamente 
viável – sento uma linguagem puramente político empresarial e traz consigo um 
caráter antropocêntrico, pois o ser humano encontra-se no centro como se não 
existisse um meio ambiente ao seu redor que também carece de cuidados. Nesse 
sentido aponta o autor: “É contraditório, pois desenvolvimento e sustentabilidade 
obedecem a lógica diferentes e que se contrapõe. O desenvolvimento, como vimos, é 
linear, deve ser crescente, supondo a exploração da natureza, gerando profundas 
desigualdades – riqueza de um lado e pobreza do outro – e privilegia a acumulação 
individual. Portanto, é um termo que vem do campo da economia política 
industrialista/capitalista. 
A categoria Sustentabilidade, ao contrário, provém ao âmbito da biologia e da 
ecologia, cuja lógica é circular e inclusiva. Representa a tendência dos ecossistemas 
ao equilíbrio dinâmico, à cooperação e à coevolução, e responde pelas 
interdependências de todos com todos, garantindo a inclusão de cada um, até os mais 
fracos. É equivocado, porque alega como causa aquilo que é efeito. Alega que a 
pobreza é a principal causa da degradação ecológica. Portanto, seríamos tentados a 
pensar: quanto menos pobreza, mais desenvolvimento sustentável e menos 
degradação, o que efetivamente não é assim. 
Socialmente Justo: se há uma coisa que o atual desenvolvimento 
industrial/capitalista não pode dizer de si mesmo é que seja socialmente justo. (BOFF, 
2013, p. 46-48) 
Sendo assim, de acordo com o autor o modelo de desenvolvimento sustentável 
proposto naquele momento tinha uma fundamentação vazia e retórica, assim como o 
seu discurso de sustentabilidade. Esse conceito tem uma visão política que tem como 
objetivo tirar desviar a atenção dos reis problemas. 
Desse modo, o grande desafio é o de criar um modo sustentável de vida, no qual, 
a sustentabilidade vai além dos conceitos de crescimento e desenvolvimento, e de uso 
de recursos. Ela deve ser planetária cobrindo tonos os territórios da realidade, que vão 
das pessoas, tomadas individualmente, às comunidades, à cultura, à política, à 
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indústria, às cidades e particularmente ao Planeta Terra com seus ecossistemas. (BOFF, 
2013) 
O ser humano ao fazer reconhecimento, real daquilo que o cerca, irá perceber 
que este envolvido por uma crise no qual o desequilíbrio tomou conta do que aquilo 
que Leonardo Boff chama de Sistema Terra e do Sistema Sociedade. Instaura-se um 
mal-estar cultural generalizado, com uma sensação de vulnerabilidade, no qual o ser 
humano está exposto a um risco eminente, onde a qualquer momento possa ocorrer 
uma catástrofe. 
 
4.1 A Questão Ambiental 
A primeira percepção da humanidade sobre a questão ambiental e a existência 
de um risco ambiental em escala global, deu-se na década de 1950, com o 
experimento de armas nucleares, causando poluição nuclear. Na ocasião, percebeu-
se que os problemas ambientais não estão restritos apenas aos locais de realização 
dos testes, uma vez que podem ocorrer chuvas radiativas a milhares de quilômetros 
desses locais (NASCIMENTO, 2012). 
Outros fatos importantes que antecederam a tomada de uma consciência 
ecológica, sobre os riscos da industrialização, ocorreram ainda no final da década de 
1950, com a degradação de Londres, com a contaminação do rio Tâmisa e poluição 
do ar, seguido pelo caso Minamata, no Japão (BERNARDES & FERREIRA, 2007). Além 
disso, no ano de 1962, nos Estados Unidos, a bióloga Rachel Carson, publicou o livro 
“Primavera Silenciosa” denunciando os perigos do uso dos pesticidas e os efeitos 
negativos da industrialização no campo, uma vez que os produtos químicos matavam 
os insetos e pragas prejudiciais, mas também, destruíam o solo e envenenavam as 
pessoas. No final da década de 1960, ocorreram ainda inúmeros acidentes ambientais 
como o derramamento de petróleo na costa oeste da Inglaterra e no Alasca, poluindo 
mares e oceano, contaminando praias e matando inúmeros animais (BERNARDES & 
FERREIRA, 2007; NASCIMENTO, 2012). 
Para Foladori (2002) e Silva (2010), a tomada de consciência da crise ambiental 
se consolida no final da década de 60 e início da década de 70, visto que, nesse 
período ocorreu uma crise no modo de produção e começou-se a questionar o 
modelo de desenvolvimento existente e o modo de acumulação de capital, uma vez 
que a ideia de crescimento econômico implantado, não estava melhorando a vida da 
maioria da população. Nesse período, surgiram inúmeras publicações e congressos 
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que ressaltavam a necessidade de rediscutir o modelo de desenvolvimento, baseado 
no capitalismo e no crescimento ilimitado. 
Por essa razão, Bernardes & Ferreira (2007) e Sauer & Ribeiro (2012), consideram 
a questão ambiental ampla e, como resposta a problemática do meio ambiente, tem-
se a formulação do conceito de desenvolvimento sustentável que propõe a inclusão 
de critérios ambientais na atividade produtiva, com a finalidade de assegurar o 
crescimento econômico, respeitando as condições de renovação e a capacidade dos 
ecossistemas existentes. Em virtude disso, surgiram debates em torno da problemática 
do meio ambiente, influenciados pelos movimentos ecológicos, na tentativa de 
incorporar as questões ambientais na agenda econômica e social, culminaram com a 
realização do Clube de Roma e a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o 
Meio Ambiente, realizada no ano de 1972, em Estolcomo, na Suécia. 
As teses do Clube de Roma, apresentadas no relatório intitulado “Os Limites do 
Desenvolvimento”, defendiam o crescimento zero e apontaram o crescimento 
demográfico e a pressão por este exercida sobre os recursos naturais da terra, como 
grandes responsáveis pela degradação ambiental (BERNARDES & FERREIRA, 2007). 
Para Silva (2010) os ideólogos do capital buscaram justificar que os problemas 
ambientais são criados por razões externas aos processos produtivos, como o 
aumento populacional e o comportamento humano em geral, responsabilizando os 
países “pobres” pela degradação do planeta e isentando os países ricos da condição 
de poluidores, uma vez que estes têm o crescimento populacional controlados, o que 
não ocorre nos países em desenvolvimento. 
De acordo com Ignacy Sachs (2009), a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Homem e o Meio Ambiente, realizada em 1972, foi antecedida pelo encontro de 
Founex, em 1971, realizado pelos organizadores da Conferência de Estocolmo, com o 
intuito de discutir pela primeira vez as conexões entre o desenvolvimento e o meio 
ambiente. A Conferência de Estocolmo trouxe a dimensão do meio ambiente na pauta 
da agenda econômica internacional e foi acompanhada por uma série de encontros 
internacionais, que resultou no Encontro da Terra no Rio de Janeiro. 
Segundo Silva (2010), a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio 
Ambiente, realizada em 1972, colocou ao debate questões que gerassem conflitos e, 
trouxe o contraponto às teses neomalthusianas defendendo o crescimento 
econômico como condição para a melhoria das condições de vida da população, 
ressaltando o “progresso” trazido pela indústria. No relatório “Nosso Futuro Comum” 
definiu-se o conceito de desenvolvimento sustentável como aquelecapaz de suprir as 
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necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras suprir 
suas próprias necessidades”. 
Para Sauer & Ribeiro (2012), a Conferência das Nações Unidas é considerada um 
marco na questão ambiental, uma vez que, a partir da sua ocorrência as discussões 
acerca do meio ambiente se intensificaram e deram origem a uma série de debates 
em todo o mundo, marcando o início dos movimentos ambientalistas. Na década de 
1970, na Europa tem-se a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente – PNUMA e da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento – CMMDA, que na conferência do ano de 1982, dirigida pela ex-
primeira-ministra norueguesa Gro Harlen Brandtland, produziu um relatório que foi 
publicado no ano de 1987, intitulado “Nosso Futuro Comum” com a missão de propor 
uma agenda global para a mudança (NASCIMENTO, 2012; SAUER & RIBEIRO, 2012). 
Cabe ressaltar que, vinte anos após a conferência de Estocolmo, sobreveio a II 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, 
mundialmente conhecida como Rio-92, nela verificou-se que a poluição e a 
degradação de ecossistemas haviam aumentado, mesmo com o avanço tecnológico 
ocorrido (ROMEIRO 2012; SERAMIM & LAGO, 2016). Como consequência da Rio-92, 
teve-se a criação Convenção da Biodiversidade e das Mudanças Climáticas que deu 
origem ao Protocolo de Kyoto, a Declaração do Rio e o principal deles foi a Agenda 
21 (NASCIMENTO, 2012). 
A Declaração do Rio, assim como a conferência de Estocolmo relacionou meio 
ambiente e desenvolvimento, por meio de uma boa gestão dos recursos naturais, sem 
afetar o modelo econômico vigente. Em meio a contradições entre países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, ficou ainda mais evidente quando os Estado 
Unidos se negaram a assinar o protocolo de Kyoto, mesmo com alerta do risco 
imediato do aquecimento global, visto que os Estados Unidos é maior poluidor do 
mundo e consequentemente o principal causador do efeito estufa, ((BERNARDES & 
FERREIRA, 2007; NASCIMENTO, 2012). Cabe ressaltar que a Agenda 21 é o documento 
mais importante da Rio-92, pois, traz ponderações sobre as condições para execução 
de práticas educativas, ambientalmente sustentáveis, em direção a propostas 
pedagógicas que apontam para mudança de comportamento e atitudes, ao 
desenvolvimento da organização social e da participação coletiva (SERAMIM & LAGO 
2016; JACOBI et al., 2012). 
Por fim, a Agenda 21 em seu conteúdo, comporta a regulamentação do 
desenvolvimento voltado para a sustentabilidade, compõe um importante diagnóstico 
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em torno dos efeitos da degradação do meio ambiente e estabelece metas a serem 
alcançadas (UNEP, 2011). Nessa perspectiva, a Agenda 21 apresenta-se como 
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em 
escala planetária, que compõe métodos de proteção ambiental, justiça social e 
eficiência econômica. A Agenda 21 tem como função servir de base para que os 179 
países que assinaram o acordo possam elaborar e implementar sua própria Agenda 
21 Nacional, seguindo os valores que deverão permear a educação orientada para a 
sustentabilidade, tais como: cooperação, democracia e participação, a igualdade de 
direitos, o combate à pobreza e o respeito à diversidade cultural (SERAMIM & LAGO 
2016; JACOBI et al., 2012). 
 
4.2 Contexto Atual da Crise Ambiental 
Diante da relevância da questão ambiental, no ano de 1997, ocorreu o primeiro 
ciclo de avaliação dos resultados da Conferência Rio-92, conhecido como Fórum 
Rio+5, identificando as experiências bem-sucedidas, estabelecendo novas 
prioridades, garantindo a continuidade da implementação das determinações. 
De acordo com Ignacy Sachs (2009), a Rio+5 não conseguiu reverter a tendência 
de aumento da separação Norte-Sul, sem perspectivas de reversão. No ano 2000, a 
Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU deu seu aval para a realização da 
Rio+10, o que ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, com objetivo de avaliar os 
resultados obtidos nos dez anos seguintes à Eco-92. As repercussões das iniciativas 
estabelecidas desde então vêm envolvendo governos e empresas com a meta de 
alcançar o Desenvolvimento Sustentável no século XXI estabelece posições políticas 
que pedem alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e aumento da 
assistência financeira aos países pobres (SERAMIM & LAGO 2016; JACOBI et al., 2012). 
Para Ignacy Sachs (2012), o Brasil foi escolhido para sediar a segunda Cúpula da 
Terra no Rio, a Rio+20, em razão do papel de liderança que tem exercido na busca de 
estratégias de desenvolvimento social includente e ambientalmente saudáveis, tanto 
no âmbito nacional como em nível global. Por essa razão, no ano de 2009, a 
Assembleia Geral da ONU, em reunião, resolveu realizar no ano de 2012, vinte anos 
após a primeira Cúpula da Terra no Rio, a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que teve como foco “A Economia Verde no 
Contexto do Desenvolvimento Sustentável e da Erradicação da Pobreza” e “Estrutura 
Internacional para o Desenvolvimento Sustentável” (UNEP, 2011, p. 17). 
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Segundo Diniz & Bermann (2012), a Economia Verde ganhou projeção a partir 
da Conferência Rio+20. O conceito de Economia Verde é mais contemporâneo que o 
conceito de desenvolvimento sustentável, porém, não o substitui. A Economia Verde 
é o modelo econômico que se traduz em “[...] melhoria do bem-estar da humanidade 
e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos 
ambientais e escassez ecológica” (UNEP, 2011, p.17). Como era de se esperar a Rio+20 
publicou o documento intitulado “O Futuro que Nós Queremos”, que foi aceito pelos 
principais líderes mundiais, com o objetivo de superar alguns desafios como: 
 
“[...] crescimento populacional, mudanças climáticas e emissão de 
gases, demanda crescente por energia, a demanda por recursos 
naturais a ser superior a capacidade de regeneração do planeta, 
redução das florestas; diminuição da quantidade de água potável 
disponível; crescimento da utilização do solo e situações 
relacionadas à segurança alimentar” (SERAMIM & LAGO, 2016, 
p.115). 
 
Além disso, nessa conferência foi renovado o compromisso político com o 
desenvolvimento sustentável e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento 
sustentável para as próximas décadas, por meio da avaliação do progresso e as 
principais lacunas, na implementação das decisões, o que mais tarde foi confirmado 
na Conferência das Partes sobre o Clima (COP 15). 
Assim, a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima - COP 15, foi realizada no ano 
de 2009, em Copenhague, na Dinamarca e mobilizou líderes de 192 países, com a 
finalidade de dar um rumo mais sustentável ao planeta. Nela, os líderes das nações de 
todo o mundo tiveram a oportunidade de definir um novo acordo para redefinir a 
economia e política global em busca de soluções para os desafios climáticos, capazes 
de reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa, principais responsáveis 
pelas alterações do clima global, dentre eles, o superaquecimento do planeta (BRASIL, 
2009). 
Neste cenário, o Brasil se apresenta como o quinto maior emissor mundial de 
gases causadores do efeito estufa e estabeleceu como meta a redução de 36,1% a 
38,9% a emissão desses gases até 2020 e comprometeu-se em conter o 
desmatamento na Amazônia em 80%, até 2020. Como medida para reduzir a emissão 
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Visões Sobre a Sustentabilidade 
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de gases de efeito estufa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 
desenvolveu uma técnica de recuperaçãode pastos, que integrada a lavoura e 
pecuária, juntas podem responder por 12% do compromisso assumido pelo governo 
brasileiro. O Brasil comprometeu-se ainda a reduzir o desmatamento no cerrado, 
utilizar carvão vegetal ao invés de mineral no setor siderúrgico, a fim de diminuir a 
emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o Congresso Nacional aprovou a 
Política Nacional de Mudança do Clima, sendo avaliada pelo Banco Interamericano de 
desenvolvimento (BID), como “ambiciosas” e “possíveis” (BRASIL, 2009). 
 
5 Visões Sobre a Sustentabilidade 
Até a década de 1960, o homem não se preocupava com questões relacionadas 
ao meio ambiente, ele era orientado pelo pensamento dos economistas da época que 
pregavam entre outras coisas que, os recursos naturais deveriam ser explorados de 
forma a gerar o máximo de riquezas possíveis, como se fossem inesgotáveis e as 
questões relacionadas ao bem-estar da população, condições de vida e o provimento 
de suas necessidades básicas eram entendidas como medidas que prejudicavam a 
exploração dos recursos naturais de forma plena. 
A partir da década de 1970, passa-se a discutir a ideologia do desenvolvimento 
sustentável, nos limites da economia de mercado, oferecendo soluções de mercado à 
crise ecológica. Assim, a Conferência da Nações Unidas sobre o Homem e o Meio 
Ambiente, surge com a finalidade de evitar conflitos e garantir a manutenção da 
ordem estabelecida, buscando evitar conflitos e garantir a manutenção da ordem 
estabelecida, porém, não deixa claro como conciliar preservação e crescimento. A 
conferência de Estocolmo, produziu o relatório Brundtland, no qual constituiu o 
conceito de sustentabilidade mais abrangente e completo (GUIMARÃES, 2007). 
De certo, o relatório Brundtland, chama a atenção do mundo para novas formas 
de desenvolvimento econômico, com o mínimo de impacto ao meio ambiente e 
definiu três princípios básicos a serem cumpridos para que se alcance o 
desenvolvimento sustentável que são: desenvolvimento econômico, proteção 
ambiental e equidade social. Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável surge 
na década de 1970, com o nome de ecodesenvolvimento, baseado no crescimento 
econômico sustentado, no longo prazo, como condição necessária para melhoria das 
condições de vida da população, acompanhado de melhor distribuição das riquezas 
geradas e respeito ao meio ambiente (ROMERO, 2012) 
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Segundo Sachs (1993), o conceito de desenvolvimento sustentável, nasceu com 
a Conferência de Estocolmo, no ano de 1972, inicialmente com o nome de 
ecodesenvolvimento, posteriormente foi renomeado para o termo que se conhece 
hoje. Para alcançar o desenvolvimento sustentável deveria ser alcançado 
simultaneamente três critérios fundamentais, a eficiência econômica, a justiça social e 
a prudência ecológica. 
Assim, Sachs (1993) desenvolveu a partir do conceito de ecodesenvolvimento, as 
cinco dimensões da sustentabilidade, a social, a econômica, a ecológica, a espacial e 
a cultural. Em resumo, Sachs definiu: 
a) Sustentabilidade Social, diz respeito a redução das diferenças sociais 
entre ricos e pobres, com melhor distribuição espacial das riquezas 
geradas, visando suprir as necessidades básicas da população; 
b) Sustentabilidade Econômica, decorre da eficiência econômica e baseia-
se na gestão e manejo eficiente dos recursos possibilitando o aumento 
da produção e da riqueza gerada, por meio de um investimento púbico e 
privado, com o mínimo de dependência externa; 
c) Sustentabilidade Ecológica, diz respeito ao uso dos recursos mais 
renováveis, inerentes aos variados ecossistemas, com o menor débito 
para o meio ambiente, permitindo que a natureza encontre novos 
equilíbrios, por meio de processos de utilização que obedeçam a seu ciclo 
temporal; 
d) Sustentabilidade espacial/geográfica, busca-se um equilíbrio entre a 
sociedade e a natureza, com base na desconcentração de populações e 
atividades produtivas; 
e) Sustentabilidade Cultural, busca a preservação dos ecossistemas, 
respeitando a cultura de cada local. 
Para Nascimento (2012), o desenvolvimento sustentável está fundamentado nas 
três dimensões da sustentabilidade, a econômica, a social e a ambiental. De acordo 
com Nascimento (2012), a primeira dimensão que deve ser citada é a ambiental, uma 
vez que o modo de produção e consumo deve ser compatível com a base material em 
que a economia está inserida, como subsistema do meio natural, permitindo que o 
ecossistema se mantenha auto reparável ao longo do tempo. A segunda é a dimensão 
econômica, na qual conjectura-se o aumento da eficiência produtividade e do 
consumo, com vistas a economia crescente dos recursos naturais, principalmente 
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fontes fósseis de energia e de recursos frágeis, por meio de uma contínua inovação 
tecnológica que leve o homem a sair do ciclo fóssil de energia e expandir a 
desmaterialização da economia. Por fim, a terceira e última dimensão é a social, que 
traduz uma sociedade sustentável como aquela em que todos os seus cidadãos 
tenham o mínimo necessário para uma vida digna, que seja implantado a justiça social, 
de forma que ninguém concentre bens, recursos naturais e energéticos mais do que 
precisa, para que não venham prejudicar a outros. 
Por conseguinte, Mendes (2008), descreve que o desenvolvimento sustentável 
tem como meta a geração de riquezas e sua distribuição de forma que possa melhorar 
a qualidade de vida da população e preservação do planeta, buscando contemplar 
seis aspectos prioritários, que devem ser compreendidos como metas: a provisão das 
necessidades básicas da população, tais como: alimentação, educação, saúde e lazer; 
a solidariedade para com as futuras gerações; O envolvimento de toda população; a 
garantia da integridade dos recursos naturais; a criação de um sistema social que 
garanta emprego, segurança social e respeito as culturas; e a implantação de 
programas educativos. 
De acordo com Godard (1997), a proposta de desenvolvimento sustentável não 
tem sua origem no relatório Brundtland, mas, em três correntes teóricas, nos meios 
científicos e dos especialistas, ligadas a análise do desenvolvimento econômico e suas 
consequências sobre o meio ambiente. A primeira corrente de pensamento foi 
coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que se dedicou 
a promover “as estratégias de ecodesenvolvimento”, fundamentado no atendimento 
as necessidades fundamentais das populações menos favorecidas, com prioridade 
para os países em desenvolvimento, na adaptação das tecnologias e dos modos de 
vidas às potencialidade e dificuldades de cada eco zona. Esta abordagem focaliza as 
populações a partir de formas de subsistência desenvolvida, através de agricultura 
familiar de subsistência e economia urbana informal e encontrou limitações nos 
aspectos econômicos e políticos, tendo em vista que defendia a necessidade de 
discutir o ecodesenvolvimento, a partir de mudanças nas políticas nacionais e 
reestruturação das relações econômicas. 
Assim, a segunda corrente teórica surge a partir da confrontação com novos 
conceitos e modelos desenvolvidos pela ciência da natureza. Os teóricos dessa 
corrente apresentam questionamentos sobre a autogestão do sistema econômico, 
impossibilidades da extrapolação das soluções locais para globais, impossibilidades 
de reciclagem das matérias-primas, devido a problemas de entropia e impossibilidade 
de troca entre capital natural e capital produtivo (GODARD, 1997). Por fim, a terceira 
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abordagem pode ser considerada como uma continuidade da teoria neoclássica do 
equilíbrio e do crescimento econômico, onde alguns autores defendem que não existe 
relação entre crescimento

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