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Apostila de Educação Ambiental

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
2 
 
 Elaboração 
Professor Vitor Neves Barbosa 
 
Produção 
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração 
 
 
 
 
 
 
Email do elaborador: vitornb25@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
Apresentação 5 
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA 6 
Introdução 8 
Unidade I – Educando com o olhar para o futuro 10 
Capítulo 1 – Os seres humanos e o consumo 10 
1.1. Os processos de produção e os recursos naturais 11 
1.2. A indústria e o Consumismo 13 
1.3. A natureza e os seus recursos 14 
Capítulo 2 – Matérias-primas e a farta exploração 15 
2.1. Água doce – uma ameaça ao poder das nações 15 
2.2. Desperdício como cultura 17 
2.3. conscientização, meio ambiente e cidadania 18 
Capítulo 3 – O desenvolvimento do pensamento em relação ao meio ambiente 19 
3.1. As abordagens do pensamento ambiental 20 
3.1.1. O pensamento tradicional consevador 24 
3.1.2. O pensamento crítico libertador 25 
Unidade II – Entendendo os impactos ambientais 28 
Capítulo 1 – Impactos no ambiente 28 
1.1 Ambiente e seu conceito 28 
1.2. O Impacto Ambiental e seus conceitos 35 
Capítulo 2 – Formas de Impactos ambientais 40 
2.1. Impactos ao meio ambiente 41 
2.2. Os Impactos considerados diretos e indiretos 43 
2.3. Impactos de curta e longa duração 45 
 
4 
 
2.4. Impacto imediato 45 
2.5. Impacto de curta duração 46 
2.6. Impacto de média duração 46 
2.7. Impacto de longa duração 46 
2.8. Impactos cumulativos 47 
2.9. Gerenciamento de riscos ambientais 50 
Capítulo 3 – A Política Nacional para o Meio Ambiente 51 
3.1 Antecedentes históricos 51 
3.2. Conceitos, princípios e diretrizes 55 
3.3 Sisnama, Conama e penalidades 59 
3.3.1 Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) 59 
3.3.2 Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) 61 
3.3.3 Penalidades 62 
Unidade III – Planejamento de Educação Sustentável 62 
Capítulo 1 – A institucionalização da Educação para o meio ambiente 62 
1.1. A Educação Ambiental na Escola 63 
1.2. A criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular 64 
1.3. As práticas de Educacionais Ambientais no sistema escolar 66 
Capítulo 2 - A Educação Ambiental e o currículo escolar 67 
2.1. A Educação ambiental 67 
2.2. Projeto Político Pedagógico 69 
2.3. Cotidiano da escola: uma prática sedimentada 70 
Capítulo 3 - A formação do educador ambiental e os novos paradigmas 72 
3.1. O educador ambiental e sua formação 72 
3.2. Paradigmas da Educação Ambiental 74 
Unidade VI – Desenvolvimento Sustentável 76 
Capítulo 1 – Planejamento das cidades 76 
1.1 A crise ambiental nas cidades 76 
 
5 
 
1.2 As cidades e o meio ambiente 78 
Capítulo 2 – Sustentabilidade nas cidades e novas concepções 82 
2.1. Vulnerabilidade, riscos e desastres nas cidades 82 
2.2. Concepção de Cidades Sustentáveis 84 
2.3. Concepção de Cidades Inteligentes 86 
2.3. A adequação urbana 88 
Capítulo 3 – Desenvolvimento Sustentável 88 
3.1. Explicando: ecologia, meio ambiente, ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável
 88 
3.1.1. Conceito de ecologia 89 
3.1.2. Conceito de meio ambiente 89 
3.1.3. Conceito de ecodesenvolvimento 90 
3.1.4. Conceito de desenvolvimento sustentável 91 
3.1.5. Princípios de sustentabilidade 92 
Referências 94 
 
 
 
6 
 
Apresentação 
 
Caro aluno 
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e 
modernidade de sua estrutura formal. 
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e 
atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação 
continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo 
contemporâneo. 
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a 
facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. 
Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. 
Conselho Editorial 
 
 
 
 
 
7 
 
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA 
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma 
didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para 
reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão 
indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas 
complementares. 
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. 
 
 Provocação 
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o 
autor/conteudista. 
 Para refletir 
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e 
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É 
importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões. 
 
 
Sugestão de estudo complementar 
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for 
o caso. 
 
 Praticando 
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de 
fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 
 
8 
 
 
 Saiba mais 
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado. 
 Sintetizando 
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. 
 Para não finalizar 
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a 
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o 
módulo estudado. 
 
 
 
9 
 
Introdução 
A Educação Ambiental faz parte da formação humana. Trata-se de algo abrangente e necessário. 
Diversos são os projetos de Educação Ambiental, para todas as faixas etárias, em diferentes 
localidades. 
É um pensamento que está focado no desenvolvimento, de maneira sustentável. Assim, a 
Educação Ambiental é um caminho para a melhoria da vida dos seres humanos, lhes garantindo 
melhores condições de sobrevivência, por meio da conscientização de que o futuro depende das 
suas ações no ambiente 
A Educação Ambiental, assim, é construída na relação entre os conhecimentos e as relações 
sociais, constrói e é construída no e pelo novo paradigma da responsabilidade da ação humana 
na natureza e na sociedade. 
Sendo assim, no material de estudo, serão abordados, importantes pontos que buscam 
disseminar a cultura do pensamento ambiental, entendendo o que é, para que serve, quais os 
limites e possibilidades, para fazer com que o assunto se torne mais comum e natural na vida 
cotidiana. 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Objetivos 
> Promover de forma clara e didática o aprendizado dos alunos sobre a temática proposta 
> Analisar conceitos, caminhos e desafios da Educação Ambiental 
> Compreender o Meio Ambiente e o impacto dos seres humanos em sua degradação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade I – Educando com o olhar para o futuro 
Capítulo 1 – Os seres humanos e o consumo 
 
11 
 
 
1.1. Os processos de produção e os recursos naturais 
Podemos dizer que em torno de 2,5 milhões de anos na condição de caçadores, coletores o 
homem de forma autossustentável se integrava ao meio ambiente. Os seres humanos primitivos 
emuma relação totalmente equilibrada com o meio ambiente conseguiam a subsistência. 
Estabeleciam essa relação como parte integrante dos ecossistemas. 
Deste modo todos os recursos naturais eram preservados, podemos dizer que eram mantidos, 
sem nenhuma intervenção humana embora fossem sujeitos a qualquer extremo das condições 
climáticas como por exemplo à ventos fortes, temporal, a forte seca, calor extremo, neve entre 
outros. Vale ressaltar que, esse modo de produção ainda é comum entre alguns povos. 
Haeckel (1989) menciona essa prática comum e os diversos povos ou grupos humanos que são 
organizados em diversas categorias como: culturas, sociedades, populações, povos ou 
comunidades. Essas denominações e suas nomenclaturas costumam ser classificadas como: 
tradicionais, autóctones, rurais, locais, residentes nas áreas protegidas. Outro grupo que não 
deve ser desconsiderado são os “povos da floresta” terminologia muito utilizada para os povos 
quilombolas, indígenas, caiçaras, castanheiros entre outros que utilizam recursos necessários a 
sua sobrevivência sem que produzam impactos ambientais na apropriação e utilização dos 
recursos naturais. 
No século XXI a sociedade começa a se industrializar sendo constatado um nível elevado da 
degradação ambiental, não só a um grupo específico, mas ao planeta. A forma com que as 
sociedades se relacionam com os recursos naturais principalmente em relação a produção 
humana provoca sérios problemas ambientais. 
Existe uma harmonia na NATUREZA seja ela entre os seres vivos, ou entre os seres vivos e o 
meio ambiente. Chamamos esse fenômeno de EQUILÍBRIO ECOLÓGICO. O impacto 
ambiental acontece quando o homem desestabiliza essa harmonia. (ALMEIDA; RIGOLIN, 
2002, p. 36) 
 
12 
 
Podemos dizer que os impactos ambientais são um conflito que é estabelecido entre o recursos 
naturais e o modo de produção humano e como os seres humanos se relacionam com os recursos 
naturais causando um desequilíbrio, ou seja, rompem com o equilíbrio ecológico causando 
sérios danos ao meio ambiente. 
Para nos aprofundarmos e compreendermos esse fenômeno devemos entender essa problemática 
por um viés histórico-social, ou seja, herança de uma estrutura de funcionamento de uma 
determinada sociedade. 
A construção da sociedade humana está estritamente ligada à capacidade que o homem tinha de 
desenvolver e produzir a sua própria existência. Esta capacidade supõe uma intermediação 
homem-natureza que possibilitou a criação de técnicas e de todos os instrumentos de trabalho 
inventados para esse intermédio. 
É claro na história das civilizações humanas os seres humanos realizam trabalhos a fim de que 
cotidianamente crie e produza a sua existência - De que forma é feito isso? se apropriando dos 
recursos oferecidos pela natureza. Deste modo, "o homem não é apenas um habitante da 
natureza; ele se apropria e transforma as riquezas da natureza em meios de civilização histórica 
para a sociedade” (CASSETI, 1995, p. 123). 
Conclui-se então que o ser humano, que possui capacidade para produzir a sua própria 
existência, subordinou a natureza a fim de contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Essa 
subordinação faz com que homem e natureza percam a sua identidade, ambos são estranhos um 
ao outro ao mesmo tempo em que favorece a ideia de que o homem não se vê como parte 
integrante da natureza. 
A busca permanente da transformação dos recursos naturais em bens necessários à 
sobrevivência e manutenção da existência humana tornou-se uma ação inconsciente do homem. 
Essa ideia é a que fomenta o sistema capitalista QUANTO MAIS O HOMEM EXPLORA E SE 
APROVEITA DA NATUREZA POR MEIO DO TRABALHO, MAS ELA DEIXA LHE 
SERVIR COMO PRINCIPAL MEIO PARA O SEU TRABALHO E MEIO PARA SI. 
 
13 
 
1.2. A indústria e o Consumismo 
A evolução da história humana sempre esteve relacionada com o desenvolvimento técnico. As 
modificações na forma de produção humana por meio do avanço tecnológico sempre ocorreram 
de forma conjunta nas esferas econômica e política. Temos como exemplo que ao mesmo tempo 
em que ocorria a Revolução Industrial aconteciam concomitantemente transformações políticas 
e econômicas na Europa podemos dizer que de forma muito acelerada. 
A Inglaterra foi o berço da Revolução Industrial que aconteceu na segunda metade do século 
XVII, o estágio inicial possibilitou acumulação de capital, por meio das oficinas artesanais 
(manufaturas) responsáveis pela produção da maior parte das mercadorias consumidas na 
Europa. Esse fato e outros como por exemplo a SUPREMACIA NAVAL INGLESA, e a 
disponibilidade de mão de obra, matéria prima, mercado consumidor interno e etc fizeram da 
Inglaterra o país ideal é favorável para o começo da ERA INDUSTRIAL. 
Esse novo período histórico trouxe à baila novos conceitos e técnicas para a produção, tais como: 
produção em série, especialização da mão de obra, linha de montagem etc. Essas inovações 
favoreceram principalmente a produção "excedente", possibilitaram a construção do sistema 
capitalista do século XX e abriram mais espaço para novos mercados de consumo do que nunca. 
 Na linha de montagem, os produtos originalmente feitos por um único artesão agora são criados 
por um grupo de trabalhadores, agilizando o processo de produção, enquanto os trabalhadores 
perdem todo o conhecimento relevante. Processo de produção. A produção em massa causa 
produção excedente, que é a primeira vez na história da humanidade “as indústrias produziam 
mais do que os consumidores necessitavam”. (HOBSBAWM, 1986, p. 57). 
Esse modelo econômico levanta uma nova questão: como lidar com o superávit gerado? 
Começou o estímulo da sociedade de consumo - nasceu um novo sistema econômico, a base do 
capitalismo - que foi estimulado a satisfazer suas necessidades por meio do consumo de bens e 
serviços. Segundo Portilho (2002), o consumo “passou a funcionar como um dispositivo de 
objetos e signos mágicos para atrair a felicidade. Este talvez seja o critério absoluto da própria 
salvação”. 
 
14 
 
Baudrillard (1991) enfatiza que o mito da felicidade é medido pela felicidade, conforto e 
sugestões do sujeito. Em outras palavras, uma ideia foi introduzida na cultura da época: algo 
que vale a pena ter pelo que se tem. Porém, na visão do autor, o consumo não se baseia apenas 
na satisfação de necessidades individuais e harmoniosas, mas também na atividade social. 
Porque a necessidade se organiza de acordo com a busca objetiva da sociedade por signos e 
distinções. 
Como resultado dos modelos econômicos aplicados desde a Revolução Industrial podemos 
revelar o crescimento e concentração populacional nas cidades, degradação ambiental, pobreza 
e violência. Segundo Almeida e Rigolin (2002), a Revolução Industrial e a subsequente 
revolução tecnológica fizeram com que o ser humano deixasse de ser afetado pelo ambiente 
natural. Pelo contrário, exerce controle e exploração para o seu bem-estar. 
1.3. A natureza e os seus recursos 
De uma forma bastante simples e comum, podemos dizer que os recursos naturais são matéria e 
energia que a natureza nos oferece e coloca à disposição para que o homem transforme para seu 
uso, no sentido de proporcionar mais conforto e qualidade de vida, pois, recurso significa que 
podemos recorrer para obter outros benefícios. 
Podemos classificar os recursos naturais como renováveis ou não renováveis, ressalto que, 
porém, esse conceito precisa ser analisado. É evidente que os recursos naturais, após seu uso, 
podem ser renováveis, isto é, torna-se disponíveis novamente, ou não renováveis, aqueles que 
após uso não ficarão mais disponíveis. 
Sendo assim, os animais, vegetais de forma geral são exemplos de recursos renováveis, os 
minerais como por exemplo o minério de ferro ou a bauxita e o petróleo são classificados como 
recursos naturais não renováveis. Sendo assim, para que os recursos naturais sejam renováveisdeve haver um investimento e comprometimento político. 
No caso de um rio poluído que passe por várias cidades, caso não haja investimentos para a sua 
recuperação esse recurso natural poderá ficar indisponível para muitas gerações dessas cidades 
ribeirinhas e compromete o conceito de água como um recurso renovável. 
 
15 
 
Capítulo 2 – Matérias-primas e a farta exploração 
No nosso cotidiano, não percebemos a importância dos recursos naturais na nossa vida e a vida 
do planeta. Sequer nos damos conta – principalmente no Brasil, na maior parte de seu território 
as matérias-primas, ou seja, os recursos naturais são abundantes, embora haja, milhões de 
pessoas até mesmo no Brasil possuem acesso restrito a eles como por exemplo a água. Portanto 
refletiremos neste capítulo sobre a matéria-prima, ou seja, os recursos naturais e a farta 
exploração como a cultura do desperdício. 
2.1. Água doce – uma ameaça ao poder das nações 
A poluição ao meio ambiente, principalmente a das águas, é um dos impactos ambientais que 
mais prejudicam à saúde dos seres vivos em especial os fatores que desencadeiam: 
- o crescimento populacional mundial; 
- o processo de urbanização como consequência da Revolução Industrial; 
- e a falta de preocupação com o uso inteligente dos recursos naturais. 
A poluição das águas, nas diversas variações e formas, é um grande desafio para os governos de 
todo o mundo. 
Traremos à luz que muito embora o planeta Terra tenha sua superfície coberta de água em sua 
maior parte (75%), apenas uma pequena parte dessa água parcela – da ordem de 113 trilhões de 
m3 – pode ser usada pela vida na Terra. Apenas cerca de 3% da água do globo terrestre é doce, 
sendo que apenas 0,08% está em regiões acessíveis ao ser humano. Deste modo, o Planeta corre 
o risco de não existir mais água limpa, o que em última análise podemos traduzir como o 
comprometimento de todo tipo de vida do planeta. 
Recentemente, um estudo da conceituada revista internacional Science (julho de 2000) 
evidenciou que aproximadamente 2 bilhões de habitantes do planeta enfrentam a falta de água. 
E que provavelmente muito em breve, se dará a escassez, ou falta total da água para irrigação 
em diversos países, principalmente para os mais pobres. Os lugares do mundo mais atingidos 
pela escassez e falta de água são a África, a Ásia Central e o Oriente Médio. 
 
16 
 
É importante destacar que, entre os anos de 1990 e 1995, a necessidade por água doce aumentou 
cerca de duas vezes mais que a população mundial. Isso se dá por consequência da farta 
exploração, ou seja, o alto consumo de água em atividades industriais e zonas agrícolas. Portanto 
essa inversão é provocada justamente pelo aumento do consumo devido à intensificação da 
produção industrial e agrícola. 
Conforme o autor Vesentini (2001), no ano de 2050 a falta de água afetará até 75% da população 
mundial, ou seja, cerca de 7 bilhões de pessoas. Para este e outros autores, não é recente que se 
especula que a produção de alimentos não acompanhará o crescimento demográfico. Nas 
projeções mais pessimistas, segundo certas probabilidades a disputa pelo controle dos 
mananciais poderá estimular ações terroristas nas mais variadas partes do planeta. 
Essas previsões – julgadas como pessimistas ou até “apocalípticas” – servem de alerta para a 
seriedade do problema de falta de recursos hídricos e de como este problema deveria ser tratado 
pelos organismos internacionais. Mesmo os pesquisadores mais otimistas reconhecem e 
confirmam que a exploração excessiva das reservas de água doce terá consequências graves nos 
próximos anos, provocando até mesmo tensões entre países, talvez guerras. 
Em março de 2003 foi discutido no 1.º Fórum Alternativo Mundial da Água, realizado em 
Florença (Itália), a relação entre controle dos recursos hídricos e soberania nacional, ou seja, o 
poder das nações. Neste evento, o economista e professor da Universidade Católica de Lovanio 
(Bélgica), Riccardo Petrella, enfatizou a insistência das grandes potências econômicas em 
inserir cláusulas sobre o uso de recursos hídricos em tratados comerciais internacionais. Pediu 
atenção para regiões que já apresentam uma situação política e econômica conturbada, como é 
o caso do Oriente Médio, já que o acesso à água já é escasso para grande parcela da população, 
seja por questões políticas, religiosas ou econômicas. Essa parte do mundo dispõe de apenas 1% 
da água doce do planeta, mas concentra 5% da população mundial. 
Tanto no encontro lá em Kyoto como no de Florença foi discutido sobre a crescente pressão dos 
organismos internacionais em favor da privatização dos serviços de abastecimento de água. De 
forma paralela, surgiram vozes denunciando a exploração excessiva dos depósitos superficiais 
de água doce e dos aquíferos – águas subterrâneas. 
 
17 
 
2.2. Desperdício como cultura 
A forma do desenvolvimento econômico atualmente é um convite ao desperdício (SANTOS, 
1996), automóveis, eletrodomésticos, roupas e outros serviços não estão sendo projetados para 
durar por razões de consumo, que estão na base do modelo econômico capitalista. A atratividade 
para o consumo dobra o desenvolvimento dos recursos naturais: embalagens complexas e 
produtos descartáveis (não recicláveis ou biodegradáveis) aumentam a quantidade de resíduos 
no meio ambiente. 
No Brasil ao longo dos anos, devido a fartura de recursos naturais, a preocupação com o seu 
consumo e uso adequado foi muito pouco trabalhada, ainda segundo o mesmo autor Milton 
Santos essa situação se agrava por se tratar de um território extenso e abundante em 
biodiversidade. 
Nos países subdesenvolvidos, conhecidos também como periféricos, ao qual a sua economia é 
primitiva e baseada na agropecuária e exportação de matéria prima, o ritmo do crescimento 
demográfico e da urbanização não é acompanhado pela expansão da infraestrutura, 
principalmente em relação à rede de saneamento básico. Boa parcela dos dejetos humanos e do 
lixo das cidades e industrial ainda é despejado sem tratamento adequado na atmosfera, nas águas 
e no solo. 
Houve a necessidade de aumentar o número das exportações para sustentar o desenvolvimento 
interno, este fato estimula a extração dos recursos minerais, piorando ainda mais esse quadro. 
Esse modelo de exploração traz consequências gravíssimas para o solo devido à expansão da 
agricultura sobre novas áreas, fazendo aumentar o desmatamento e a superexploração da terra. 
Sendo assim, surgem algumas inquietações: De qual maneira o Brasil poderá ser afetado tendo 
em vista a cultura do desperdício? É provável que passemos dificuldades com a escassez de 
água, sendo detentores de cerca de 11,6% dos 3% da água doce disponível no planeta? 
A dimensão continental, ou seja nossa vertente continental, está ligada à nossa visão de 
sustentabilidade, desenvolveu uma “cultura” infinita deste recurso, isto é um consumo longe do 
princípio da sustentabilidade, onde a maioria das pessoas, ou seja, a população não liga para a 
 
18 
 
sua escassez. O alto índice de desperdício de água no Brasil, em torno de 70%, mostra que esse 
problema é ignorado e pode limitar a soberania de alguns países do planeta. 
Deste modo, chamo a atenção para o encontro em Kyoto e para o Fórum realizado em Florença. 
Em que ambos foram realizadas discussões sobre a crescente pressão dos organismos 
internacionais em favor da privatização dos serviços de abastecimento de água. Em posição 
contrária, levantaram-se vozes que denunciaram a exploração excessiva dos depósitos 
superficiais de água doce e dos aquíferos, ou seja, das águas subterrâneas. As atenções dos 
representantes dos diversos países presentes se voltaram para o Aquífero Guarani, a maior 
reserva de água doce do planeta. 
O Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo e 
está localizado na região centro-leste da América do Sul,entre 12º e 35º de latitude sul e 47º e 
65º de longitude oeste. Ele ocupa uma área de 1,2 milhões de km2 , estendendo-se pelo Brasil, 
Paraguai, Uruguai e Argentina. 
Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro. Ele ocupa dois terços da área total e abrange 
os estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. 
Sendo assim, o Brasil torna-se um alvo vulnerável frente às grandes potências que não dispõe 
deste recurso em abundância e que poderão vir a sofrer com a escassez. 
2.3. conscientização, meio ambiente e cidadania 
Para zelar pela não só pela qualidade de vida, mas também a continuidade da vida no planeta, 
as sociedades humanas devem adotar uma nova postura mudando radicalmente suas ações em 
relação à natureza. Eis aí o papel do especialista em Educação Ambiental. 
Criar novos paradigmas de consumo e uma relação benéfica entre homem-meio só será possível 
por meio de uma conscientização coletiva sobre a esgotabilidade dos recursos naturais. Sendo 
assim, a Educação Ambiental torna-se uma ferramenta útil e eficaz para a romper esses 
paradigmas antigos e modificar comportamentos juntamente com a criação de novos paradigmas 
de consumo e preservação ambiental. 
 
19 
 
Para Jacobi (1999), a relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel 
cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos 
sociais que se tornam cada vez mais complexos e riscos ambientais que se intensificam. 
E ainda para Jacobi, as políticas ambientais, e também os programas educacionais relacionados 
à conscientização sobre a crise ambiental, exigem abordagens cada vez mais novas que vão além 
da simples aplicação de conhecimentos científicos e técnicos pré-existentes, integrando 
contradições e criando uma realidade desigual. O desafio é desenvolver uma educação ambiental 
crítica e inovadora em dois níveis, formal e informal. Portanto, a educação ambiental deve ser, 
antes de mais nada, um ato político de mudança social. O objetivo é encontrar uma perspetiva 
sobre o comportamento global que liga as pessoas, a natureza e o universo, em relação ao facto 
de os recursos naturais estarem em declínio e os humanos serem a principal causa desta 
degradação. 
Para o mesmo autor, quando nos referimos à Educação Ambiental, a colocamos num contexto 
mais amplo, o de educar para a cidadania, configurando-se como elemento determinante para 
consolidar o conceito de sujeito cidadão. O desafio de fortalecer a cidadania para toda população 
e não só uma parcela, e não para um grupo restrito, se concretiza a partir da possibilidade de 
cada pessoa ter seus direitos e deveres, e perceber-se, portanto, em ator corresponsável pela 
defesa da qualidade de vida. 
Assista ao vídeo Ilha das Flores, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=Hh6ra-18mY8&ab_channel=bonatounirio 
 
Capítulo 3 – O desenvolvimento do pensamento em relação ao meio 
ambiente 
A problemática ambiental vivenciada no presente é evidenciada pelo pensamento de Leff, Por 
desconhecimento do meio ambiente, aliado ao fato de que a preocupação com o meio ambiente 
é um problema muito recente na história da humanidade. Os filósofos gregos reconheceram o 
meio ambiente como a inter-relação entre os seres vivos e o meio ambiente físico, que tem sido 
objeto de estudo em vários textos hindus, judeus e islâmicos. Considera-se que uma das 
primeiras obras escritas, que revela essa preocupação, seja do século passado. 
https://www.youtube.com/watch?v=Hh6ra-18mY8&ab_channel=bonatounirio
 
20 
 
Ela data de 1968, no livro intitulado: Os Limites do Crescimento Econômico, de Dennis L. 
Meadows, publicado pelo Clube de Roma. Na referida obra, o autor evidencia a preocupação 
com o crescimento econômico pela limitação do uso dos recursos naturais. Mais recente ainda 
é o locus acadêmico sobre o tema. 
Existe um corte geracional de ambientalistas, a saber: a primeira geração é composta pelos 
fundadores, hoje com mais de 55 anos de idade, ligados à esfera pública; a segunda geração, 
composta por ambientalistas, hoje com mais de 35 anos de idade, considerados educadores 
ambientais e os responsáveis pelo início do locus acadêmico sobre o tema; e a terceira geração, 
composta por ambientalistas, com menos de 35 anos, que já se beneficiam das pesquisas 
acadêmicas. 
3.1. As abordagens do pensamento ambiental 
A Educação Ambiental seja considerada como uma necessidade da sociedade contemporânea, 
não é uma modalidade de educação cujos princípios, objetivos e estratégias sejam iguais para 
todos aqueles que a praticam. Essa ideia significa que há diferenças conceituais que promovem 
a construção de diferentes práticas educativas em relação ao meio ambiente. 
A diferença entre esses conceitos pode ser resumida em grandes grupos. Aqueles que acreditam 
que a educação ambiental tem a missão de promover mudanças nos comportamentos 
ecologicamente inadequados (educação ambiental com fundamentos disciplinares e éticos como 
o “ambiente de treinamento”), e aqueles que pensam em educação ambiental (a educação 
ambiental tem como foco a transferência de conhecimento) e aqueles que percebem a educação 
ambiental como uma política que têm a responsabilidade de transferir conhecimento científico 
e técnico sobre os processos ambientais que levam ao desenvolvimento de melhores relações de 
educação e liberalização), a fim de construir uma sociedade sustentável do ponto de vista 
social(Educação Ambiental transformadora e emancipatória). 
Percebe-se que, nessas diferentes abordagens, a Educação Ambiental pode ser adaptadora, 
fundamentada nas teorias não críticas da Educação, ou ser transformadora, fundamentada nas 
teorias críticas da Educação (SAVIANI, 1994). 
 
21 
 
A educação com função adaptadora à sociedade, tal qual ela vem se desenvolvendo, é o 
fundamento filosófico-político da educação moderna. As instituições educativas 
(principalmente a família e a escola) sempre estiveram vinculadas estrategicamente às relações 
de produção. 
Com a Revolução Industrial, a escola foi se consolidando como principal instituição de 
formação para o trabalho – para o trabalho moderno e industrial. Essa formação não diz respeito 
somente à dimensão técnica dos processos de trabalho, pois durante muito tempo o capital se 
beneficiou da desqualificação do trabalhador, mas principalmente à dimensão política: a 
formação cultural (ideológica) dos indivíduos para o trabalho industrial. Essa dimensão diz 
respeito à formação dos indivíduos para as novas relações de trabalho exigidas pela indústria e 
fundamentadas no controle do tempo, na eficiência, na ordem e na disciplina, na subserviência 
etc. Então, a educação adaptadora, disciplinatória, tem origem histórica nas teorias não críticas 
da educação geradas no início do processo de industrialização e a seu serviço. 
Por outro lado, a teoria crítica da educação tem a mesma identidade que o pensamento crítico 
no campo do conhecimento pedagógico. Identificamos Paulo Freire (19211997) como um dos 
principais representantes dessa ideia, bem como no livro Pedagogia do Oprimido, na percepção 
política do tema da educação para a mudança social como princípio das regras da educação. 
Saviani (1943) também foi um importante teórico no aprimoramento da pedagogia crítica, na 
compreensão da educação e da educação como um meio de mudança social e na documentação 
da importância do conteúdo e da cultura na educação. Para a pedagogia crítica, a função da 
educação é ser uma ferramenta dos problemas sociais para mudar a prática social. O pensamento 
de Marx é a principal referência epistemológica da pedagogia crítica. 
Ele contém um grande corpo de ideias complexas e às vezes intrigantes que surgiram das ideias 
de Marx (1818-189) e de seu colaborador intelectual Engels (1820-1895). Na teoria marxista de 
interpretaçãoda realidade, esses pensadores identificaram as formações econômicas da 
sociedade capitalista como condições históricas determinantes da vida dos sujeitos considerando 
o trabalho, em sua dimensão filosófica e histórica, como a dimensão central dessas relações. 
 
22 
 
Nesse sentido, as categorias de totalidade, concreticidade, historicidade e contraditoriedade são 
perpassadas por um movimento dialético que dá forma à relação homem-natureza e à educação. 
A história é, então, a força construtiva das relações sociais, e as relações sociais, a força 
construtiva da relação dos sujeitos com o ambiente em que vivem. As ideias educativas que 
emergem dessa concepção histórica das relações sociais dizem respeito à formação humana. 
O desenvolvimento integral dos sujeitos, a busca do homem unilateral e o processo de 
humanização, que é um processo histórico, concreto e dialético, expresso pela sua prática social, 
fazem a estrutura das ideias educativo-pedagógicas desse referencial. A configuração de uma 
possível teoria educacional marxista vem sendo construída por várias abordagens e tendências 
ao pensamento marxista e ao pensamento educacional. Nesse sentido, um dos principais teóricos 
de grande influência no meio educacional, também no Brasil, é o italiano Antonio Gramsci 
(1891-1937). 
Os temas educativos e seus pensamentos sobre escola, como outros temas abordados no 
conjunto de sua obra, têm referenciais nas concepções marxistas de homem e de sociedade e 
tomam a centralidade do trabalho como base teórica. Assim, o trabalho como princípio 
educativo é a síntese de sua contribuição às teorias educacionais. 
A escola formativa, desinteressada, é a expressão gramsciana de uma proposta educativa em que 
a preparação para o trabalho não é o objetivo da educação (técnica, de treinamento, 
profissionalizante), mas o princípio (filosófico e político, humanizador) da organização da 
educação e do ensino. A Educação Ambiental na perspectiva da transformação social, de 
inspiração gramsciana, se traduz na defesa da transformação do caráter organizacional do 
trabalho na sociedade capitalista, instrumento e meta do processo educativo. 
Um outro teórico marxista de grande influência no meio educacional brasileiro é o 
russo/soviético Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), sua teoria tem contribuído 
significativamente para a construção de teorias educacionais de inspiração marxista. A forma 
como se dá o desenvolvimento humano e particularmente o funcionamento intelectual humano 
em sua dimensão histórica e social foram objetos de estudo dele e seus parceiros de estudos, 
tendo como base o método materialista histórico e dialético e como contexto histórico-cultural 
a revolução socialista e o desafio da construção do socialismo soviético. 
 
23 
 
A relação dialética homem-natureza, como vimos anteriormente, é mediada por instrumentos, 
os conhecimentos, que são fornecidos e modificados pela cultura. Os conhecimentos são 
produtos e produtores sociais e históricos. Essa teoria da formação humana traz consequências 
para a educação, traçando diretrizes e alternativas para propostas pedagógicas, inclusive no 
âmbito escolar. 
Para Vygotsky (198), o contexto histórico e social do conhecimento constitui o princípio 
organizador do processo ensino-aprendizagem. A aquisição desse conhecimento como 
ferramenta no processo de humanização intencional modifica as pessoas, seus saberes, sua 
história e sociedade, e detalha culturalmente o desvio no processo. 
A formação de atores ambientalmente responsáveis envolvidos na construção de uma sociedade 
sustentável, é o alicerce filosófico, político, teórico e metodológico da educação ambiental, é 
uma ação política intencional, um processo educacional deliberado. Portanto, é necessária uma 
sistematização da educação e da metodologia. Educação ambiental é educação, formação de 
pessoas, educação nos mais diversos aspectos - portanto, é um processo de apropriação pelos 
sujeitos humanos, histórica e coletivamente construído pelas próprias pessoas. ("SAVIANI, 
1994). 
O processo de educação ambiental preocupa-se com o social, a mudança, associada à relação 
entre a cidadania e o meio ambiente, a relação histórica do homem com o meio ambiente e as 
formas da história da relação entre a matéria e entre a matéria e o meio ambiente. Esta 
participação política no campo da educação é o resultado de uma aquisição crítica e reflexiva 
do conhecimento ambiental, que é a construção de valor ético para relações responsáveis entre 
os atores e entre os atores e o meio ambiente, podendo-se reservar espaço para seu 
aperfeiçoamento. 
Um importante desvio de conhecimento começa com um conceito mais complexo de meio 
ambiente. Este é um campo como um conjunto de muitas decisões, além do biológico, redutor 
e compreensão do meio ambiente, levando em consideração suas características sociais, 
históricas e dinâmicas. 
 Nesse sentido, Leff (2001, p. 224) afirma que 
 
24 
 
o ambiente não é, pois, o meio que circunda as espécies e as populações biológicas, é uma categoria sociológica (e 
não biológica), relativa a uma racionalidade social, configurada por comportamentos, valores e saberes, como 
também novos potenciais produtivos. 
Os novos potenciais produtivos, enxergam o ambiente como tema fundante do processo de 
construção do saber ambiental, um tema a ser problematizado, discutido, gerando diversas ações 
voltadas para a construção de um novo pensamento de uma nova racionalidade ambiental, uma 
racionalidade em que a sustentabilidade, a justiça e a democracia estejam sempre presentes, uma 
racionalidade social e ambiental. 
A Educação Ambiental para a sustentabilidade, capaz de atuar na formação de sujeitos sociais 
críticos e emancipados, participativos, que se pautem pela construção de uma sociedade em que 
a sustentabilidade seja entendida também como democracia, equidade, justiça, autonomia e 
emancipação, é nossa referência neste estudo. 
Esses aspectos significam superar a ideia, muito presente nas propostas de Educação Ambiental, 
de que a Educação Ambiental tem como objetivo a “mudança de comportamento” dos sujeitos 
em busca de comportamentos considerados ambientalmente corretos, configurando-se, como 
um adestramento ambiental. Nesse sentido, temos também que buscar a superação do caráter 
moralista e moralizante que temos observado em algumas ações educativas ambientais para que 
seja possível a construção da Educação Ambiental crítica e emancipatória. 
3.1.1. O pensamento tradicional consevador 
Para entendermos a evolução do pensamento ambiental, precisamos retornar às suas origens. 
Podemos dizer que a preocupação ecológica nasce ligada à área das Ciências Naturais e que o 
locus acadêmico deu origem a uma nova área do conhecimento – a Ecologia. 
Posto a mesa a preocupação com o meio ambiente inicialmente nos reporta a uma apreensão 
com os efeitos nocivos ao meio ambiente mais evidentes a partir da Revolução Industrial, o 
pensamento conservacionista foi a tônica da Ecologia. Essas áreas, cuja existência distinta nem 
sempre é claramente reconhecida, surgiram informalmente e se ampliaram como reflexo de uma 
ecologia historicamente desenvolvida. 
 
25 
 
Deste modo dados históricos nos mostram que a ECOLOGIA NATURAL, primeira abordagem 
a surgir, é uma área exclusivamente do pensamento ecológico que se dispõe a estudar 
funcionamento dos sistemas naturais (florestas, oceanos etc.), evidenciando e compreendendo 
as leis que regem a dinâmica de vida da natureza. Para estudar essa dinâmica, a Ecologia Natural, 
apesar de estar ligada principalmente ao campo da Biologia, se vale de elementos de várias 
outras ciências naturais, como Química, Física, Geologia etc. 
O pensamento ecológico conservacionista ainda muito presente nos dias atuais, influenciou 
sobremaneira as primeiras gerações de ambientalistas. Esse período é marcado pela criaçãode 
“Unidades de Conservação Ambiental”. A criação do Parque Nacional de Yellowstone, em 
1872, nos Estados Unidos, tornou-se um ícone desta época e mostra como esse pensamento se 
alastrou pelo mundo devido a esse modelo. 
Em seguida, foram criados os parques de Yosemite, General Grant, Sequoia e, finalmente, o de 
Mount Ranier, em 1899. Outros países seguiram o exemplo norte-americano, tais como o 
Canadá – que criou seus parques a partir de 1885 –, a Nova Zelândia, a partir de 1894, a 
Austrália, a África do Sul e o México, a partir de 1898, a Argentina a partir de 1903, o Chile, a 
partir de 1926, o Equador, a partir de 1936. No Brasil, a primeira iniciativa para a criação de 
uma área protegida ocorreu em 1876, como sugestão do engenheiro André Rebouças (inspirado 
na fundação do Parque de Yellowstone) de se criar dois parques nacionais: um em Sete Quedas 
e outro na Ilha do Bananal. 
No entanto, data de 1937 a criação do primeiro parque nacional brasileiro: o Parque Nacional 
de Itatiaia. É importante destacar que o pensamento conservacionista, por ter se originado nos 
efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente, aborda com ênfase a questão econômica e 
reflete as questões capitalistas nas suas formas de reprodução. 
3.1.2. O pensamento crítico libertador 
Para Lago e Pádua (1998) existem no quadro do atual pensamento ecológico pelo menos quatro 
grandes áreas: Ecologia Natural, Ecologia Social, Conservacionismo e Ecologismo. Isso se deve 
à mudança de paradigmas sociais que vêm tomando corpo nas últimas duas décadas, fazendo 
com que o pensamento ambiental se aproxima das Ciências Sociais, pois os recursos naturais 
 
26 
 
passaram a ser vistos como finitos, o que exige que se pense numa nova forma na relação 
produção–consumo. 
Pensamento crítico libertador, ou seja, emancipatório privilegia a complexidade, o holismo, o 
sistêmico, o socioambientalismo. É uma visão multidisciplinar que busca não descontextualizar 
o homem do meio. 
Para Enrique Leff, um dos maiores representantes dessa corrente de pensamento, “a crise 
ambiental não é crise ecológica, mas crise da razão” (2001, p. 217). Para esse autor, 
[...] um dos focos privilegiados da crítica ao modelo de desenvolvimento ilimitado a partir de uma base de recursos 
finita. Essa contradição básica tem sido analisada de diversas perspectivas, todas elas evidenciando a 
insustentabilidade da proposta a longo prazo. A disponibilidade limitada de matérias-primas, a velocidade de 
reprodução dos recursos renováveis e a capacidade de absorver os detritos do sistema industrial são insuficientes 
para acompanhar o ritmo de crescimento acelerado, por um longo tempo. Mais cedo ou mais tarde, tal situação 
conduziria a um colapso ecológico. 
Conclui-se que a abordagem da Ecologia Social nasce a partir do momento em que a reflexão 
ecológica privilegia os múltiplos aspectos da relação entre os homens e o meio ambiente, 
especialmente a maneira pela qual a ação humana costuma impactar de forma negativa a 
natureza. Essa área do pensamento ecológico, portanto, se aproxima intimamente do campo das 
ciências sociais e humanas e defende a questão da limitação dos recursos naturais. 
A terceira grande área do pensamento ecológico – o Conservacionismo – nasceu justamente da 
percepção da destrutividade ambiental da ação humana. Trata-se de uma área do conhecimento 
de cunho totalmente prático e engloba o conjunto das ideias e estratégias de ação voltadas para 
a luta em favor da preservação da natureza e dos recursos naturais. Esse tipo de preocupação 
deu origem aos inúmeros grupos e entidades que formam o amplo movimento existente hoje em 
dia em defesa do ambiente natural. 
Por fim, consideram também outro fenômeno ainda recente, mas cada vez mais importante, do 
surgimento de uma nova área do pensamento ecológico, denominado Ecologismo, que tem 
como base vem se constituindo como um projeto político de transformação social, calcado em 
princípios ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e comunitária. 
 
27 
 
A base da ideia do Ecologismo é que a resolução da atual crise ecológica não pode ser obtida 
através da conservação parcial do meio ambiente, mas com grandes mudanças econômicas, 
culturais e relacionais entre o homem e a natureza. 
Essas ideias foram defendidas em alguns países pelos chamados “Verdes”, onde o crescimento 
eleitoral foi particularmente notável na Alemanha e na França. 
A palavra ecologia tem uma expansão tão grande no seu uso social portanto é raro que outras 
palavras sejam muito amplas em seu uso social. Ao longo de um século, deixou o estreito campo 
da biologia para se espalhar no espaço das ciências sociais, passando a nomear uma série de 
movimentos sociais organizados em torno de questões ambientais e, eventualmente, 
especificados como um todo. 
Podemos, portanto, concluir que o ambientalismo emergente e seu conteúdo fortemente 
conservador podem ser explicados pela proximidade de trajetórias acadêmicas baseadas nas 
ciências naturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
Unidade II – Entendendo os impactos ambientais 
Capítulo 1 – Impactos no ambiente 
A terminologia meio ambiente vem sendo utilizado com diversas finalidades, nos mais 
diferentes segmentos da sociedade. Os motivos evidentes são devido a preocupação com o 
ambiente que variam da consciência da sociedade perante os problemas ambientais que vêm 
atingindo a humanidade. Sendo assim, neste capítulo serão apresentados, de forma técnica e 
embasada, os conceitos de ambiente, impactos ambientais e a avaliação de impacto ambiental. 
Também apresentaremos as principais discussões conceituais da literatura especializada, que 
são amplamente debatidas no meio acadêmico, bem como as definições e os instrumentos 
jurídicos brasileiros acerca dos temas. 
1.1 Ambiente e seu conceito 
Os impactos ambientais têm sido a grande preocupação de todas as comunidades do nosso 
planeta nas últimas décadas, seja eles pelas mudanças provocadas pela ação do homem no 
ambiente natural, seja pela resposta que a natureza dá a essas ações – como, por exemplo, 
mudanças climáticas, crise hídrica, desertificação, poluição dos oceanos etc. Esses temas são 
pauta das principais conferências internacionais, como as conferências do clima e do meio 
ambiente e os fóruns econômicos e sociais. 
Deste modo, o conceito de ambiente permite diversas interpretações e tem sido amplamente 
debatido e discutido nas áreas técnica, científica, jurídica e política. Freitas (2003) nos aponta 
algo importante, em que a expressão meio ambiente, adotada no Brasil é criticada pelos 
estudiosos, pois o termo meio e ambiente, no sentido enfocado, significam a mesma coisa. 
Logo, tal emprego importaria em redundância. Um exemplo dessa discussão é que, na Itália e 
em Portugal, usa-se apenas a palavra ambiente. 
 
29 
 
Conforme Sánchez (2013), o conceito de ambiente na área de gestão ambiental é amplo, 
multifacetado e maleável. O ambiente pode ser amplo, pois pode incluir tanto os recursos 
naturais como a sociedade. Por outro lado, pode ser multifacetado, porque pode ser apreendido 
sob diferentes formas. Por fim, maleável, porque, ao ser amplo e multifacetado, pode ser 
reduzido ou ampliado de acordo com as necessidades envolvidas na análise. 
Os estudos ambientais e as suas contribuições especializadas são, na maioria das vezes, 
divididos em três grandes grupos referidos como meios: físico, biótico e antrópico, cada um 
desses agrupando favorece o conhecimento à diversas disciplinas e afins. Por outro lado, em 
relação a cada um desses grupos, Sánchez (2013, p. 21), afirma, “ambiente é o meio de onde a 
sociedade extrai os recursos essenciais à sobrevivência e os recursos demandados pelo processo 
de desenvolvimento socioeconômico”. Esses recursos são geralmente denominados naturais. 
Por outro lado, o mesmo autor comenta que 
 
[...] o ambienteé também o meio de vida, de cuja integridade depende a manutenção de funções 
ecológicas essenciais à vida. Desse modo, emergiu o conceito de recurso ambiental, que se refere não 
mais somente à capacidade da natureza de fornecer recursos físicos, mas também de prover serviços e 
desempenhar funções de suporte à vida. (SÁNCHEZ, 2013, p. 21) 
 
Sendo assim, a teoria e o conceito de ambiente permeiam dois campos: As áreas de matéria-
prima e recursos naturais atendem às necessidades humanas, e as zonas de nutrição têm a mesma 
realidade. O meio ambiente não é apenas definido como o meio ambiente natural intocado, que 
tem suas próprias necessidades de conservação e conservação, mas também um recurso natural 
potencial que ajuda a fornecer matéria-prima para o desenvolvimento tecnológico e social. 
O termo meio ambiente foi usado pela primeira vez (milieu ambiance) como menciona Silva 
(2009), citando Vladimir Passos de Freitas (2003, p. 17), foi em 1835, pelo naturalista francês 
Geoffrey de Saint-Hilaire, em sua obra Études progressives d ́un naturaliste, em que milieu 
significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo e ambience indica tudo que está à sua 
volta. Silva (2009), citando Edgar Morin (1988), comenta que, de forma geral, o ambiente é o 
conjunto de agentes presentes na Terra que agem de forma constante sobre os seres vivos, 
devendo estes se adaptar, relacionar-se e interagir para sobreviver. 
 
30 
 
No campo jurídico é complicado definir meio ambiente, pois como bem lembra Edis Milaré 
(2001, p. 165), “o meio ambiente pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais 
facilmente intuído que definível, em virtude da riqueza e complexidade do que encerra”. Em 
1981, o conceito legal sobre meio ambiente no Brasil surgiu, pela primeira vez, no que dispõe 
o art. 3°, inciso I, da Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, 
dizendo que meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
Esse conceito e suas definições traz inúmeros debates, pois seu foco está em um conceito restrito 
ao meio ambiente natural, sendo incompleto e inadequado para a realidade brasileira, pois não 
alcança de forma mais aprofundada todos os bens jurídicos protegidos – como, por exemplo, o 
patrimônio cultural e histórico. Conforme comenta José Afonso da Silva, o termo meio ambiente 
deve ser abrangente e globalizante, “[...] abrangente de toda a natureza, o artificial e original, 
bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, 
as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico. 
(SILVA, 2004, p. 20). 
No sentido de preencher os espaços vazios, a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu 
artigo 225, aborda o conceito de meio ambiente, enquanto um bem jurídico tutelado, 
compreendendo-o em três aspectos principais e dois aspectos complementares. Entre os 
principais aspectos estão o natural, o artificial e o cultural; entre os secundários, o meio ambiente 
do trabalho e patrimônio genético: 
• Meio ambiente natural – é composto por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna. São todas as 
relações entre os seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação de ambos os lados de forma 
recíproca entre as espécies e as interações destas com o ambiente físico que ocupam. 
• Meio ambiente artificial – é composto pelo espaço urbano (incluindo edificações), rural e 
construído/manejado, e também por todas suas inter-relações humanas. 
• Meio ambiente cultural – pode-se considerar o patrimônio cultural nacional, que está incluso 
as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais. 
• Meio ambiente do trabalho – disposto no artigo 200, inciso VIII, da CF/88, é o local onde 
homens e mulheres desenvolvem suas atividades laborais. Sendo assim, para que esse local seja 
 
31 
 
considerado adequado para o trabalho, deverá apresentar, além de condições saudáveis, é 
necessário a ausência de agentes que coloquem em risco o corpo físico e a saúde mental dos 
trabalhadores. 
• Patrimônio genético – podemos considerar toda informação de origem genética, que se faz 
presente em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, 
na forma de moléculas e substâncias provenientes do metabolismo desses seres vivos e de 
extratos obtidos destes organismos estejam vivos ou mortos. 
Quando discutimos o tema avaliação de impacto ambiental, é importante abordarmos também 
algumas definições de ambiente, pois são inúmeras as traduções e interpretações existentes 
sobre esse conceito. 
Somando aos conceitos jurídicos expostos, sob o olhar das ciências naturais podemos elencar 
algumas definições também que são amplamente utilizadas em estudos sobre avaliação de 
impactos ambientais. 
Para Odum e Barrett (2007), ambiente é considerado como os organismos vivos e seu ambiente 
inerte (abiótico) estão inseparavelmente ligados e relacionam-se entre si. Isso corresponde a 
qualquer unidade que inclua a totalidade dos organismos, ou seja, as comunidades de uma área 
determinada (abrangência geográfica definida) interagindo com o ambiente físico em uma 
relação que a corrente de energia produza cadeia trófica, diversidade biológica e ciclos de 
materiais (troca de matérias entre as parte vivas e não vivas). 
O termo ambiente segundo Santos (1996) está relacionado com a base física e material da vida, 
ou seja, abrange a camada de vida que envolve a Terra, denominada biosfera, e a atmosfera. É 
composta, portanto, de condições externas e influências, afetando a vida, a totalidade do 
organismo das sociedades ou a infraestrutura dos ecossistemas e biótica, que é inteiramente 
responsável pela sustentação e sobrevivência das relações das populações de todas as formas de 
vida. 
Além dos autores mencionados acima, Gliessman (2000) também descreve o ambiente de um 
organismo como uma série de efeitos de forças e fatores externos bióticos e abióticos que 
influenciam o desenvolvimento, crescimento, estrutura e organismo. 
 
32 
 
A localização geográfica de um determinado organismo deve ser entendida como uma 
localização dinâmica em constante mudança, com todos os fatores ambientais interagindo, como 
relações predatórias dinâmicas, presas, organismos de dispersão de sementes e clima, sendo 
afetada pelas condições. 
Por outro lado, outros autores acreditam que o ambiente não se resume ao espaço físico e suas 
relações com o meio biológico, pois é, antes de tudo, a conclusão que o ser humano tem dele no 
tempo e no espaço. O meio ambiente não é considerado estático, pois os seres vivos têm uma 
interação dinâmica com os seres não vivos. 
A ideia de relações dinâmicas também foi mencionada por James Lovelock em um estudo 
realizado para a NASA em 1970 com o objetivo de buscar vida em outros planetas. Uma maneira 
é comparar a atmosfera de outros planetas, especialmente Marte, Júpiter e Terra. Neste 
experimento, concluiu-se que não existe vida onde a atmosfera está muito próxima do equilíbrio 
perfeito, ao contrário da Terra, que é instável e reflete as trocas gasosas entre a atmosfera e os 
seres vivos. 
O ambiente ainda pode ser traduzido, como toda e qualquer inter-relação abrangendo as relações 
em suas multiplicidades. O autor ainda comenta que o ambiente é especialmente a relação entre 
os seres humanos e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna), bem como suas 
próprias relações sociais, culturais, históricas e políticas. 
A relação de muitas maneiras complexas aumentam e sustentam a biodiversidade em todas as 
partes do globo, sejam naturais, artificiais e / ou culturais, nos mais diversos ambientes estão 
crescendo. Organismos vivos e não vivos, quando isolados, não constroem o ambiente pois não 
estabelecemrelacionamentos. 
Ao analisar esses conceitos sobre ambientes, podemos ver que eles têm coisas em comum e são 
semelhantes. Mas em outras ocasiões, eles se contrapõe pois, adotam políticas ambientais 
contemporâneas que dizem respeito ao foco antropocêntrico e se preocupam apenas aos fatores 
ambientais necessários para a existência humana, e claramente não dão importância aos 
produtos e serviços ambientais. 
Não fornece benefícios específicos diretamente. Essas políticas públicas não consideram planos 
de médio e longo prazo para o uso sustentável dos recursos naturais e não reconhecem que a 
 
33 
 
conservação do meio ambiente envolve diversas inter-relações, por isso as grandes corporações 
econômicas são caracterizadas pelo lucro. E esses são os fatores abióticos. 
Esses valores antropocêntricos sobre o ambiente se tornaram uma das principais causas da 
degradação ambiental; percebe-se devido ao uso dos recursos naturais a todo custo, motivo que 
tem sido identificado por estarmos vivendo sob as regras de uma ética antropocêntrica. 
A visão antropocêntrica turva o olhar a um ambiente dinâmico, podemos perceber, que o 
ambiente está estritamente ligado direta e profundamente com o conhecimento e a cultura 
especialmente a cultura tradicional e local. Como por exemplo a percepção de uma pessoa, parte 
de uma pequena comunidade que vive em uma floresta tropical na Amazônia, tendo ao seu redor 
a maior biodiversidade da Terra e convivendo com todas essas espécies de forma sábia e 
tranquila. Por muitos anos, essa pessoa utilizará e se apropriará de forma tradicional como 
sustento para sua família. Por uma outra vertente, uma pessoa que esteja acostumada com os 
hábitos da vida urbana, estando no ambiente de floresta tropical, não perceberá todas as formas 
de vida ao seu redor e, por muitas vezes, não se adapta por conta do medo e desconforto. 
Devido às atividades humanas, às características ambientais da Terra sofreram uma série de 
mudanças como por exemplo as doenças, disponibilidade reduzida de recursos, mudanças na 
paisagem natural e mudanças no clima da Terra que não são desejadas pelos próprios humanos. 
E por esse fato incontestável é que em meados do século XX, nos anos 1960, nos Estados 
Unidos, começou o processo de discussão e debates sobre o tema, especialmente sobre os 
impactos negativos ao ambiente e de que forma poderíamos medir esse impacto com o objetivo 
de melhorar a qualidade ambiental. 
No Brasil, o diagnóstico de impactos ambientais surgiu devido às exigências de organismos 
financiadores internacionais, para que somente depois ser considerada uma informação 
importante e necessária ao sistema de licenciamento ambiental, e então só na década de 80 é que 
passou a ser integrada oficialmente como um instrumento do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente – Sisnama. 
A Constituição Federal de 1988 definiu como responsabilidade do poder público e da 
coletividade zelar por um ambiente qualitativo para que as atuais e as gerações futuras usufruam, 
e foi exigido que, para a instalação de qualquer obra ou atividade potencialmente causadora de 
degradação ambiental, fosse realizado um estudo prévio sobre os impacto ambientais, assunto 
 
34 
 
cuja normatização anterior era uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – 
Conama, a Resolução 1/86, de 23 de janeiro de 1986. 
Conforme definido na Resolução 1/86, define-se como impacto ambiental “qualquer alteração 
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma 
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afeta a 
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as 
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais”. 
Esta definição é bem ampla e destaca tanto os aspectos relacionados à qualidade de vida e à 
saúde do homem, como os aspectos referentes aos ecossistemas e ambientes naturais, incluindo 
a biota e os recursos naturais. 
O impacto ambiental pode ser quantificado numericamente, por exemplo, quanto dispomos de 
uma área com uma extensão conhecida que será alterada ao analisar este processo, sua duração 
e seu grau de permanência. Nesse sentido, é comum classificar os impactos ambientais de acordo 
com diferentes critérios: 
Tipo – o embate pode ser classificado em direto, quando seus efeitos são decorrentes de alguma 
etapa da atividade geradora a causa, enquanto os impactos indiretos decorrem de algum efeito 
secundário do empreendimento. 
Categoria de impacto – os impactos podem ser bons ou positivos, quando causam melhoria nos 
meios biótico, físico e socioeconômico, ou então ruins ou negativos, quando seus efeitos sobre 
alguns destes meios instigam a provocar algum tipo de alteração indesejável. 
Área de abrangência – os impactos podem ser classificados como locais, quando seus efeitos 
ocorrem na área de influência direta do empreendimento, ou regionais quando seus efeitos 
manifestam-se na área de influência indireta. 
Duração – tais impactos podem ser momentâneos, como muitos que são registrados na fase de 
implantação de um determinado empreendimento, ou duráveis, quando os efeitos incidem de 
forma contínua sobre algum dos meios considerados. 
Reversibilidade – um impacto pode ser reversível, quando seus efeitos são temporários e podem 
ser diminuídos; ou irreversível, quando seus efeitos, uma vez estabelecidos, não têm 
 
35 
 
possibilidades de retorno à condição original. temos como exemplo a supressão da vegetação 
pelo enchimento de um reservatório de hidrelétrica este é considerado um impacto irreversível. 
Magnitude – os impactos podem ser classificados em graus como forte, médio, fraco e variável, 
dependendo da intensidade com que manifestam seus efeitos. 
Prazo – os impactos na maioria das vezes são a curto, médio e longo prazo, há alguns que são 
percebidos de imediato, quando acontece logo no início de um empreendimento, ou a médio 
prazo, quando seus efeitos manifestam-se depois de um certo tempo de execução do 
empreendimento, ou então a longo prazo, quando seus efeitos manifestam-se normalmente após 
alguns anos de implantação e operação de um certo empreendimento. 
Os impactos de um empreendimento devem ser listados em matrizes de análise, onde há a 
classificação de cada impacto sendo feita segundo diferentes critérios, buscando definir 
possibilidades de sinergismo entre os impactos, e considerando as diferentes fases de 
empreendimento. 
As fases normalmente são consideradas como: as fases de planejamento, implantação e operação 
– podendo em alguns casos haver a etapa de desativação, como acontece em alguns tipos de 
mineração e em aterros sanitários. 
1.2. O Impacto Ambiental e seus conceitos 
A superfície das áreas degradadas aumenta a cada dia em todo o mundo a uma taxa muito rápida. 
A flora, a fauna e a riqueza cultural foram perdidas e permaneceram apenas nos arquivos e 
memórias dos antigos. O surgimento de problemas sociais e ambientais (como uma ameaça à 
existência de vida na Terra) é um fenômeno relativamente novo para a humanidade. 
Quando as pessoas se afastam do processo natural, elas começam a ver o meio ambiente como 
um conjunto de recursos disponíveis e não mais como um todo equilibrado. 
Essa forma de relacionamento provoca sérias mudanças no ambiente natural, que também é 
afetado pelas mudanças na natureza. Uma diferença importante entre as duas formas de mudança 
é que as mudanças humanas ocorrem muito rapidamente, enquanto as mudanças naturais 
ocorrem em uma escala de tempo muito lenta. 
 
36 
 
As mudanças provocadas pelos homens, advindas de suas atividades, têm como consequência 
os embates ambientais, que podem ser de grandezas diferenciadas – como, por exemplo, a 
construção de uma hidrelétrica, que gera um grande impacto ambiental e de forma significativa, 
e a construção deuma ponte que liga dois bairros em uma cidade, de certa forma gera um 
pequeno impacto. 
No Brasil, nesse contexto, a análise de potenciais impactos ambientais provenientes de 
atividades humanas surgiu pela primeira vez pelo Decreto-Lei 1.413/75, do governo federal. O 
referido diploma legal introduziu em nosso ordenamento jurídico o zoneamento das áreas 
críticas de poluição. 
No início da década de 80, somente era exigido o estudo de impacto ambiental para a instalação 
de pólos petroquímicos, cloroquímicos e carboquímicos, instalações nucleares e outras, 
definidas em lei, para zoneamento estritamente industrial em áreas críticas de poluição. O 
instrumento legal era a Lei 6.803/80, que estabeleceu de forma clara e precisa a necessidade da 
avaliação do impacto ambiental dos empreendimentos industriais. 
Um ano mais tarde, por meio da Lei 6.938/81, fomentada em razão dos altos índices de poluição 
verificados em centros industriais como Cubatão, no estado de São Paulo, e Vale dos Sinos, no 
Rio Grande do Sul, marcou-se uma mudança significativa e qualitativa no sistema legal de 
proteção ambiental, pois buscou-se criar um sistema estruturado e organicamente coerente de 
medidas a serem adotadas para alcance dos objetivos fixados naquele texto normativo. A 
avaliação de impacto ambiental (AIA), por força da Lei 6.938/81, foi elevada à condição de 
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9, III). 
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (6.938/81) contribuiu para o avanço, de forma 
significativa, a gestão ambiental no Brasil, principalmente no que se refere ao licenciamento 
ambiental, tendo como grande resultado a previsão da avaliação de impactos ambientais, ainda 
que de forma genérica, em relação à lei do zoneamento industrial, pois esta se limitava a 
contemplar o EIA tão somente para atividades industriais. 
A regulamentação da referida lei foi feita por Resolução do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente – Conama (Resolução 001/86), que foi e ainda é muito criticada por juristas e técnicos 
da área, que consideram como adequada para se ter segurança jurídica a regulamentação por 
decretos ou leis. 
 
37 
 
De acordo com a Resolução 001/86 do Conama, impacto ambiental pode ser definido como: 
Art. 1° Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das 
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de 
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II – as atividades sociais e econômicas; 
III – a biota; 
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V – a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986) 
Conforme o inciso II do artigo 6° dessa resolução, o impacto ambiental pode ser positivo ou 
negativo, podendo proporcionar ônus ou benefícios sociais. Após a publicação da referida 
resolução, as avaliações de impactos ambientais começaram a ser concretizadas, especialmente 
em grandes obras. 
Os principais impactos ambientais previstos na Resolução 01/86 do Conama são: 
• recursos hídricos – afetam quantidade, qualidade, acesso e sazonalidade; 
• fauna – afetam a população, bem como seu fluxo gênico e seus habitats; 
• flora – afetam a composição e densidade da vegetação natural, produtividade, espécies-chaves 
e conectividade entre ambientes; 
• saúde – afetam a proliferação de vetores e patologias; 
• solos – afetam e provocam erosões, perdas de produtividade agrícola, aumento da salinidade e 
perda de nutrientes; 
• ecossistemas especiais – afetam ecossistemas vulneráveis e com baixa resiliência (baixa 
capacidade de auto recuperação). 
Os impactos ambientais possuem dois aspectos principais: a magnitude e a importância. A 
magnitude se refere a grandeza de um impacto em termos, podendo ser medida a alteração no 
 
38 
 
valor de um fator de interesse – como, por exemplo, a velocidade da correnteza de um rio antes 
e depois do impacto ambiental. Por meio de diversos métodos, o impacto ambiental deverá ser 
medido com indicadores quantitativos ou qualitativos dos meios físico, biótico e 
socioeconômico. 
A importância corresponde ao nível de significação de um impacto em relação ao fator 
ambiental afetado e a outros impactos como, por exemplo, a mineração de determinada área que 
provoca e gera a extinção de uma espécie endêmica, resultado da ação do impacto ambiental. 
Assim, mesmo com uma magnitude pequena, ou seja, que tenha ocorrido em uma pequena área, 
os impactos poderão ter uma grande importância. 
Os impactos ambientais podem ser múltiplos e gerados por ações dos seres humanos, sendo 
importante conhecer suas diversas características. 
a) Características de valor: 
◦ Impacto positivo ou benéfico – quando a ação é resultado de melhoria da qualidade ambiental, 
podendo ser de um ou mais fatores, como, por exemplo, o aumento e elevação da vegetação 
natural em uma determinada região proveniente de projetos de restauração florestal. 
◦ Impacto negativo ou adverso – Quando as ações prejudicam a qualidade do meio ambiente. 
Isso pode ser devido a um ou mais indicadores, por exemplo, a morte de um peixe em um 
determinado rio próximo à ação em questão. 
b) Características de ordem: 
◦ Impacto direto – são consideradas as modificações ambientais que mostram uma relação 
inicial, de primeira ordem, com um fator importante. Por exemplo, uma mortandade de peixes 
devido a um derrame de produto tóxico num rio. 
Impacto indireto – quando por exemplo uma ação é induzida desencadeia uma sequência de 
modificações de segunda ordem. Por exemplo, as chuvas ácidas, que têm sua origem na poluição 
atmosférica por óxidos de enxofre, nitrogênio e outros elementos químicos. 
Características espaciais: 
Impacto local – quando a ação afeta apenas o próprio lugar e seus arredores. 
 
39 
 
Impacto regional – é quando um efeito se ecoa por um território além das imediações do local 
onde se dá a ação. 
Impacto estratégico – quando é afetado um componente ambiental de importância coletiva ou 
nacional. 
Características temporais ou dinâmicas: 
Impacto imediato – quando o efeito surge no momento em que a ação é executada. Como já 
mencionamos, a mortandade de peixes advindos de produtos tóxicos da ação é um exemplo. 
Impacto em médio ou longo prazo – quando o efeito se manifesta depois de passar certo tempo 
após a ação. Por exemplo, a eutrofização de cursos d'água decorrentes da deposição de 
fertilizantes de áreas agrícolas e carreados para os rios por enxurradas de chuva. 
Impacto temporal – quando o efeito ainda permanece, mas por um tempo determinado após a 
execução da ação como, por exemplo, o período de adaptação de ecossistemas represados. 
Impacto permanente – quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar 
num horizonte temporal conhecido. Por exemplo, a modificação do leito de um rio. 
Considerando tais características, podemos notar que elas estão inter relacionadas e, dependendo 
do grau do impacto em sua magnitude, importância e ações de tornar menos intenso que 
chamamos de mitigação e compensação a serem desenvolvidas após a execução da ação, os 
impactos ambientais podem retroceder conforme a possibilidade de o fator ambiental afetado 
retornar às suas condições originais. 
Entre os impactos totalmente irreversíveis e os reversíveis existem infinitas gradações. Reverter 
um fator ambiental às suas condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou como sendo 
resultado de uma possível intervenção humana. 
É de suma importância deixar claro que uma característica dos impactos ambientais é que ocorre 
desigualdades nos resultados da ação conforme a distribuição social, uma vez que, de forma 
global, a classe mais pobre sempre tem sido a mais afetada, como, por exemplo, por meio da 
redução de acesso à água potável, da reacomodação habitacionalem áreas urbanas periféricas e 
da perda de identidade com seu local de origem. 
 
40 
 
A CF/88 significou uma profunda mudança na natureza jurídica do estudo de impacto ambiental. 
Atualmente, o EIA é um instituto constitucional cuja importância vem aumentando, 
especialmente após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1992 (Rio 92). 
A Carta Magna, dedicando capítulo próprio ao meio ambiente, elevou-o à categoria. 
O bem que é de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida foi incumbindo ao Poder 
Público e à coletividade o dever de preservá-lo e defendê-lo para as presentes e as gerações 
futuras. 
Para assegurar o direito fundamental de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
(CF/88, art. 5°, LXXIII), a Lei Maior encarregou ao Poder Público (em suas três esferas: federal, 
estadual e municipal) o papel de exigir o EIA para a instalação de obra ou atividade com 
potencial de causar degradação ambiental significativa, devendo, inclusive, assegurar a sua 
publicidade (art. 225, §1°, IV). 
Assim, os parâmetros estabelecidos na Constituição não determinam penalidades ou sanções, 
mas têm o poder de realmente criar regras executórias para garantir a proteção do meio 
ambiente. 
Com a prerrogativa de o direito de todos não ser exclusivamente a proteção do meio ambiente 
em si ou de determinado ambiente, mas sim o equilíbrio ecológico e a qualidade do ambiente, 
consideram-se essas qualidades como o bem da vida a ser tutelado, definido pela Constituição 
da República como “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” 
(BRASIL, 1988). 
Entretanto, foi somente a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a 
Eco 92, que estados e municípios maiores começaram a criar materiais legais acerca do tema, 
dando mais especificidade e argumentação técnica para os estudos sobre os impacto ambiental, 
que por muitas vezes eram subjetivos, especialmente em pequenas obras. 
 
 
Capítulo 2 – Formas de Impactos ambientais 
Os estudos sobre os impactos ambientais para a obtenção de licenças de instalação e operação, 
devem abarcar as definições e os tipos de impactos ambientais que serão acometidos por um 
 
41 
 
determinado empreendimento, para que sirvam como subsídio aos planos de mitigação, 
compensação e recuperação ambiental. 
Sendo assim, neste capítulo apresentaremos, de forma técnica e embasada, os tipos de impactos 
ambientais com foco nos impactos ambientais diretos e indiretos, na temporalidade e nos 
impactos cumulativos. 
2.1. Impactos ao meio ambiente 
Como a Revolução Industrial e a sociedade do consumo, que foram estimuladas pelo sistema 
capitalista, vêm promovendo grandes modificações nos ecossistemas do nosso planeta 
justamente por meio de ações de alto impacto ambiental. Vale salientar que chamamos aqui de 
impacto ambiental as alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, resultantes das ações antrópicas ou não. Entre as ações mais importantes destacam-se 
Poluição 
Fenômeno que pode alterar as propriedades físicas, químicas ou biológicas de um ecossistema 
e pode afetar a qualidade de vida das espécies em determinados locais, ou as propriedades físico-
químicas dos minerais existentes. Desde a Revolução Industrial, que o impacto da poluição no 
meio ambiente tornou-se mais frequente. Alguns dos impactos ambientais que ocorrem em 
diferentes escalas e como resultado da poluição são descritos a seguir. 
Inversão térmica 
Chamamos de inversão térmica o fenômeno meteorológico que ocorre principalmente nas 
metrópoles onde há grande concentração de indústrias e Consequentemente grande quantidade 
de partículas poluentes em suspensão no ar. 
A inversão térmica ocorre quando uma camada de ar frio se sobrepõe a uma camada de ar quente, 
impedindo o movimento ascendente do ar e fazendo com que os poluentes se mantenham 
próximos à superfície. As inversões térmicas são fenômenos meteorológicos que ocorrem 
durante todo o ano, sendo que, no inverno, elas são mais baixas, principalmente no período 
noturno. Sua área de abrangência é local. 
Em um território com muitas indústrias e de tenha muita circulação de veículos, como o das 
cidades, a inversão térmica pode levar a altas concentrações de poluentes, podendo ocasionar 
 
42 
 
sérios problemas respiratórios, atingindo principalmente idosos e crianças. O fenômeno da 
inversão térmica vem se tornando um grave problema de saúde pública nos grandes centros 
urbanos. 
Chuvas ácidas 
A junção de poluentes em suspensão na atmosfera, principalmente do dióxido de enxofre e de 
nitrogênio, ao entrar em contato com o nitrogênio presente na atmosfera, acumula-se até atingir 
o ponto de saturação. Após atingir esse ponto, essas substâncias se juntam e resultam sob a 
forma de chuvas ácidas. Ao caírem na crosta terrestre carregam uma boa parte dos poluentes 
que estavam em suspensão. As águas das chuvas, assim como o orvalho, a geada, a neve, e até 
mesmo a neblina, ficam carregadas de ácido sulfúrico ou ácido nítrico. Ao se precipitar sobre a 
superfície, alteram a composição química do solo e das águas, isso destrói florestas e lavouras, 
atacando até mesmo estruturas metálicas como monumentos e edificações. 
Efeito estufa 
Chamamos de efeito estufa o fenômeno de aquecimento do globo terrestre causado por alto grau 
de poluição atmosférica. 
O gás que causa esse efeito impede a dispersão da luz solar. Os principais são compostos de 
dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e clorofluorcarbono. A maior parte vem da queima 
de combustíveis fósseis. 
Nos últimos anos, o aumento da industrialização e da população mundial e, consequentemente, 
o aumento da poluição e a emissão desses gases vêm sendo apontados como as principais causas 
desse fenômeno. Outro fato que agrava e é apontado pelos cientistas é o desmatamento de 
florestas, principalmente quando causado por queimadas. Segundo as estimativas do Painel 
Internacional sobre Mudanças Climáticas, a temperatura média global subiu 0,6°C no século 
XX e esse aumento pode elevar-se em mais de 1°C até 2030. 
Percebe-se como ponto extremamente relevante o seguinte: na realidade, o efeito estufa já existe 
na Natureza e sem ele o Sol não conseguiria aquecer a Terra o suficiente para que ela fosse 
habitável. Portanto, o efeito estufa não é maléfico à Natureza. O que é altamente prejudicial ao 
planeta é justamente o aumento e sua intensificação. 
 
43 
 
São as principais consequências do aquecimento global na Terra: 
- derretimento das calotas polares, causando o aumento do nível dos mares e oceanos; 
- a perda da biodiversidade; 
- o aumento da incidência de doenças transmissíveis por mosquitos e outros vetores e a 
intensificação de fenômenos tais como: secas, inundações, furacões, tempestades tropicais, 
desertificação, aumento da fome gerado pela perda de áreas agricultáveis; 
- o aumento do fluxo migratório em várias regiões do planeta, problemas com o 
abastecimento de água doce, entre outros. 
2.2. Os Impactos considerados diretos e indiretos 
 
Os impactos ambientais possuem dentre essas características a natureza de ordem, ou seja, 
podem ser diretos, como, por exemplo, uma área diretamente afetada construção de uma 
hidroelétrica, ocorre que rios são represados e, de forma rápida, a paisagem muda, formando 
grandes lagos, deixando inundado ecossistemas ribeirinhos, cultivos agrícolas ou até mesmo 
aglomerados humanos. 
Esses efeitos também podem ser indiretos, como por exemplo a construção de uma hidroelétrica 
que, por formar uma barragem no curso do rio, provoca modificações das dinâmicas de 
corredeiras, afetando os tipos de peixes que ocorrem naquele local. Essa influência vai desde a 
redução da população de determinadas espécies até o aumento expressivo de outras. 
Os impactos ambientais diretos são modificações ou perturbações de primeira ordem em 
determinados

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