AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FALA E DA LINGUAGEM - Resumo

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AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FALA E DA LINGUAGEM 
 A apostila "AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FALA E DA LINGUAGEM" aborda de forma 
 abrangente o processo de desenvolvimento da linguagem, desde a fase pré-linguística até a 
 aquisição da linguagem escrita, explorando os aspectos biológicos, cognitivos e sociais envolvidos. O 
 texto destaca a importância da comunicação, da interação social e da estimulação adequada para o 
 desenvolvimento da linguagem, além de abordar as dificuldades e os distúrbios que podem ocorrer 
 nesse processo. 
 Introdução: 
 ● A comunicação humana é diferenciada da comunicação animal pela capacidade de 
 simbolizar, pela gramática e pela diversidade de sistemas de comunicação. 
 ● A linguagem é fundamental para o desenvolvimento e a aprendizagem, sendo a base para a 
 leitura e a escrita. 
 Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem: 
 ● A aquisição da linguagem depende de fatores neurobiológicos e sociais, como o 
 desenvolvimento cerebral, a interação social e a qualidade dos estímulos do meio. 
 ● A linguagem auxilia a cognição (memória, atenção, percepção) e a comunicação (gestos, 
 olhar, fala). 
 ● O desenvolvimento da linguagem engloba a forma (sons, estrutura da frase), o conteúdo 
 (significados) e o uso (adequação ao contexto). 
 Etapas do Desenvolvimento da Linguagem: 
 ● Comunicação não-verbal: olhar, expressões faciais, tônus muscular, apontar. 
 ● Produção dos sons: inicia-se com fonemas labiais, progredindo para outros sons e 
 combinações. 
 ● Estrutura das sílabas: progride de sílabas simples (consoante-vogal) para mais complexas. 
 ● Estrutura de frases: inicia-se com frases de uma palavra, evoluindo para frases telegráficas 
 e frases complexas. 
 ● Diálogo: desenvolve-se gradualmente, passando pelas fases de especularidade, 
 complementaridade e reciprocidade. 
 ● Brincadeira: progride de brincadeiras construtivas para brincadeiras simbólicas e jogos com 
 regras. 
 Desenvolvimento da Comunicação: 
 ● Linguagem: sistema simbólico para representar significados (fonologia, prosódia, sintaxe, 
 morfologia, semântica, pragmática). 
 ● Fala: realização motora da linguagem (articulação dos sons). 
 ● O desenvolvimento da comunicação envolve a observação do vocabulário, extensão frasal, 
 complexidade sintática, entonação, articulação, uso da linguagem e fluência. 
 ● A criança se comunica desde o nascimento por meio do choro, olhar e gestos, evoluindo para 
 vocalizações, balbucios, primeiras palavras e conversação. 
 ● A integridade auditiva e das estruturas de produção da fala são essenciais para o 
 desenvolvimento da linguagem. 
 Distúrbios da Comunicação na Infância: 
 ● Etiologia: fatores orgânicos, intelectuais/cognitivos e emocionais. 
 ● Classificação: impedimentos na audição, linguagem e fala. 
 ● Prevalência: eleva-se dos 3 aos 8 anos, com maior prevalência em meninos e em famílias 
 com baixo nível socioeconômico. 
 ● Sinais de alerta: ausência de contato visual, não reação a sons, fala incompreensível, 
 vocabulário restrito, dificuldades de interação. 
 ● Prevenção e Intervenção: estimulação precoce, orientação familiar, detecção precoce, 
 terapia fonoaudiológica. 
 Bases Biológicas da Linguagem: 
 ● A linguagem envolve uma rede de neurônios em diversas áreas cerebrais, incluindo o lobo 
 temporal (área auditiva, área de Wernicke), lobo frontal (área de Broca) e lobo parietal. 
 ● O hemisfério esquerdo é dominante para a linguagem na maioria das pessoas, mas o 
 hemisfério direito também participa. 
 Piaget, Vygotsky e Maturana: 
 ● Piaget: a linguagem tem origem no estágio sensório-motor, com o desenvolvimento da função 
 simbólica. A fim de que se possa compreender essa concepção divergente dos dois autores, é 
 importante salientar que para Vygotsky (1998) o desenvolvimento da fala segue o curso das demais 
 operações mentais, as quais ocorrem em quatro estágios: 
 (a) estágio natural ou primitivo, que corresponde à fala pré-intelectual e ao pensamento pré-verbal; 
 (b) estágio da psicologia ingênua , no qual acontece o exercício da inteligência prática em virtude 
 da experiência da criança com as propriedades físicas do seu corpo e dos objetos que a circundam; 
 (c) estágio das operações com signos exteriores usados como auxiliares na solução de 
 problemas, caracterizado pela fala egocêntrica; 
 (d) estágio do crescimento interior . Neste, as operações externas se interiorizam e passam por 
 mudança no processo, a criança passa a operar com relações intrínsecas e signos interiores. 
 ● Vygotsky: a linguagem e o pensamento se desenvolvem em conjunto, com a palavra como 
 elo de ligação. Posteriormente, a criança passa à etapa do pensamento por complexos. Neste modo 
 de pensamento, os componentes estão ligados de maneira concreta e factual, isto é, ainda há 
 carência de abstração 24 e de lógica. O pensamento por complexos envolve cinco tipos básicos de 
 complexos: 
 (a) associativo, que se baseia em relações de semelhança ou diferenças percebidas entre as 
 coisas; 
 (b) coleções, uma combinação de objetos ou impressões concretas proporcionada pela experiência 
 prática; 
 (c) cadeia : uma conexão dinâmica e consecutiva de elos isolados numa só corrente, com a emissão 
 de significados de um elo para outro (a formação em cadeia denota a gênese concreta e factual do 
 pensamento por complexos); 
 (d) difuso, o qual caracteriza-se pela fluidez do próprio atributo que une os seus elementos. Nele, 
 conjuntos de imagens ou objetos perceptualmente concretos são construídos através de ligações 
 difusas e indeterminadas; e, por fim, 
 (e) o pseudoconceito. Este complexo constitui a ponte entre complexos e o estágio final e mais alto 
 do desenvolvimento da formação de conceitos 
 ● Maturana: a linguagem é um comportamento que emerge da interação social e não está 
 impressa na biologia humana. Maturana (2001) afirma que as palavras referem-se a outras palavras, 
 à situações e à ações, evidenciando que os significados são relativos às ações que elas coordenam. 
 Em outros termos, portanto, as palavras funcionam com nós das redes de coordenações 
 consensuais de ações, as quais, se funcionarem numa certa dinâmica de coordenação de ações, 
 dão origem à simbolização e explicitam que estar na linguagem é estar também num domínio de 
 reflexão, de formulação e organização de experiências, não apenas num domínio de coordenação de 
 ações. 
 Dificuldades no Percurso: 
 ● O texto descreve diferentes tipos de dificuldades de linguagem, como atraso simples de 
 linguagem, desvio fonológico, distúrbio específico da linguagem (DEL), gagueira, taquifemia, 
 taquilalia e alterações semântico-pragmáticas. 
 ● Cada dificuldade é caracterizada por sintomas específicos, como trocas na fala, frases 
 desestruturadas, vocabulário restrito, dificuldades de compreensão e interação social. 
 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM 
 O desenvolvimento da linguagem na primeira infância é um marco importante, e a apostila detalha as 
 etapas pelas quais as crianças geralmente passam nesse processo. O Conselho Federal de 
 Fonoaudiologia fornece informações sobre essas etapas: 
 1º ao 3º mês de vida: 
 ● A comunicação se dá principalmente por meio do choro com variações de entonaçãoe sons. 
 ● A partir da terceira semana, o bebê consegue indicar fome, sono ou desconforto. 
 ● O bebê começa a compreender sinais de comunicação, como entonação da voz e expressões 
 faciais, respondendo com sorrisos ou acalmando-se ao ouvir a voz da mãe. 
 4º ao 6º mês de vida: 
 ● A criança emite mais sons, movimentando a boca e variando a voz, como em preparação 
 para a fala. 
 7º mês ao 1º ano de vida: 
 ● Inicia-se a produção de consoantes como "m", "b" e "p" em sílabas e junções sem significado, 
 como "angu" e "mamamama". 
 ● A criança responde ao ser chamada pelo nome e compreende expressões simples como 
 "não", "tchau", "dá" e "vem". 
 1 a 2 anos: 
 ● Surgem as primeiras palavras com significado, como "mamãe" e "papai", que são mais fáceis 
 de pronunciar. 
 ● A partir dos 18 meses, a criança aprende novas palavras com mais facilidade. 
 ● A compreensão acompanha a fala, e a criança consegue manter pequenos diálogos. 
 ● É natural que a criança fale palavras erradas, pois ainda não domina todos os sons. O foco 
 deve estar na quantidade de palavras que ela conhece. 
 2 a 3 anos: 
 ● A criança aprende de 200 a 400 palavras novas. 
 ● Começa a formular frases com 3 a 4 palavras e a contar pequenas histórias com a ajuda de 
 um adulto. 
 3 a 4 anos: 
 ● O vocabulário se expande para aproximadamente 600 palavras. 
 ● A criança usa preposições, plural e expressa sentimentos em frases mais longas, no 
 presente, passado e futuro. 
 ● Diálogos se tornam mais fáceis, e as histórias contadas possuem mais detalhes. 
 ● A fala é facilmente compreendida, apesar de algumas trocas de letras. 
 4 a 5 anos: 
 ● A criança conta histórias sozinha e usa frases maiores com noção de tempo e condições. 
 ● A fala é clara e compreensível, com domínio da maioria dos sons. 
 É importante lembrar que cada criança se desenvolve em seu próprio ritmo, mas a observação 
 dessas etapas e o acompanhamento profissional adequado podem auxiliar na detecção precoce de 
 eventuais dificuldades e garantir o desenvolvimento pleno da linguagem. 
 Aprendizagem da Linguagem Escrita: 
 ● A aprendizagem da leitura e da escrita depende do domínio da linguagem oral, da capacidade 
 de simbolização e de fatores biológicos e ambientais. 
 ● O processo de leitura envolve a análise visual e o processamento linguístico, incluindo a 
 conversão grafema-fonema e a leitura global da palavra. 
 Dificuldades de Aprendizagem da Linguagem Escrita: 
 ● Dislexia: dificuldade específica na leitura e escrita, podendo ser de desenvolvimento ou 
 adquirida. 
 ● Disgrafia: alteração no traçado das letras. 
 ● Disortografia: alteração ortográfica na escrita das palavras. 
 Intervenções: 
 ● As intervenções para dificuldades de linguagem devem ser individualizadas e baseadas na 
 avaliação dos déficits da criança. 
 ● A estimulação precoce, a orientação familiar e a terapia fonoaudiológica são fundamentais 
 para o desenvolvimento da linguagem. 
 ● O tratamento da dislexia deve focar nas habilidades de leitura e no processamento fonológico, 
 com atividades lúdicas e envolvimento da família. 
 Em suma, a apostila oferece um guia completo para a compreensão do desenvolvimento da 
 linguagem, das dificuldades que podem surgir nesse processo e das intervenções necessárias para 
 garantir uma comunicação eficaz e uma aprendizagem bem-sucedida.