Prévia do material em texto
ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................... 2 ENTENDA TUDO SOBRE LIBRAS .............................................................................. 3 O QUE É LIBRAS? ....................................................................................................... 3 ASPECTOS GRAMATICAIS DA LIBRAS ..................................................................... 3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LIBRAS ........................................................... 4 LIBRAS: LÍNGUA OU LINGUAGEM? .......................................................................... 5 COMO SURGIU A LIBRAS? ........................................................................................ 6 A LIBRAS É UNIVERSAL? ........................................................................................... 7 10 CURIOSIDADES SOBRE A LIBRAS.................................................................. 7 É POSSÍVEL CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA? ......................... 10 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER LIBRAS ............................................................... 11 UM GRANDE DESAFIO DA LIBRAS ......................................................................... 12 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ..................................................................................... 18 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE ........................................................................ 23 ESTRUTURA GRAMATICAL ..................................................................................... 26 ASPECTOS ESTRUTURAIS .................................................................................. 26 AS 46 CONFIGURAÇÕES DE MÃO DA LIBRAS ................................................... 29 ESTRUTURA SINTÁTICA ...................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 63 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 ENTENDA TUDO SOBRE LIBRAS Em 2017, a repercussão deste assunto foi ainda maior. A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), uma das mais importantes para quem deseja entrar na faculdade, teve como tema da redação: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. ” Em 2018, novamente nos deparamos com a questão da língua de sinais. Em meio à disputa presidencial, o tema virou assunto depois que a esposa do, até então, presidenciável Jair Messias Bolsonaro, declarou seu amor pela causa. Em seguida, com a vitória do mesmo, a língua de sinais ganhou destaque mais uma vez, com o discurso em libras da agora primeira dama, Michelle Bolsonaro. O QUE É LIBRAS? A língua brasileira de sinais, usada pela maioria dos surdos brasileiros, é uma forma de comunicação que possui estrutura gramatical, formando um sistema linguístico. Em 2002, a lei 10.436, de 24 de abril de 2002, determinou que Libras fosse reconhecida como segunda língua oficial brasileira. ASPECTOS GRAMATICAIS DA LIBRAS A língua brasileira de sinais tem gramática própria. Deve-se o reconhecimento linguístico das línguas de sinais, como línguas verdadeiras, ao linguista William Stokoe que, em 1960, comprovou que a língua de sinais atendia a todos os critérios linguísticos de uma língua genuína. Dentre os componentes da Libras iniciaremos pelo alfabeto manual. O alfabeto manual é conhecido também como alfabeto datilológico ou datilologia, com o qual é possível soletrar 27 diferentes letras (contando também com o grafema ”ç”, que é a configuração de mão da letra C com movimento trêmulo) por meio da mão. 4 Não se deve pensar que o alfabeto manual é a língua de sinais, pois ele possui uma função específica. Na interação entre pessoas usuárias da língua de sinais, ele é utilizado para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas, elementos técnicos, palavras que ainda não possuem sinais correspondentes, ou em algumas situações de empréstimo de palavras da língua portuguesa, lembrando que cada formato de mão corresponde a uma letra do alfabeto do português brasileiro ou não. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LIBRAS As Libras é a língua materna do surdo brasileiro, isto é, a primeira língua com a qual ele tem contato. (A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - é a língua materna dos surdos brasileiros. Foi assim denominada durante a Assembleia convocada pela FENEIS, Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, em outubro de 1993). Ao contrário da língua portuguesa da modalidade oral-auditiva, que tem como canal a voz, a Libras está diretamente ligada a movimentos e expressões faciais para ser compreendida pelo receptor da mensagem. Uma frase negativa, por exemplo, será interpretada graças ao movimento da cabeça, e uma pergunta será entendida como questionamento pela expressão facial de dúvida. Tais expressões faciais podem ser consideradas complementos dos sentidos das frases ditas em Libras e, por isso, essa língua pertence à modalidade gestual-visual. Um dos principais aspectos que classificam a Libras como uma língua é a sua organização gramatical própria. As suas estruturas frasais, por exemplo, não obedecem à estrutura da língua portuguesa. Construções das orações em Libras são mais objetivas e flexíveis, mesmo que, em sua maioria, sigam o padrão sujeito-verbo-objeto. Por exemplo, a frase “Eu vou ao cinema hoje logo mais à noite”, em Libras pode ser transmitida como “Eu-cinema-hoje-noite” ou “Hojenoite-cinema”. 5 Outro ponto importante é que, na Libras, cada palavra possui um sinal próprio e, quando ainda não há um sinal, podemos identificá-la com ajuda da datilologia, ou seja, com a soletração por meio do alfabeto em Libras. LIBRAS: LÍNGUA OU LINGUAGEM? Ao contrário do que muitos acreditam, a Libras não é uma linguagem, e sim uma língua, pois é falada por um povo, possui regras, estruturas, sintaxe, semântica e pragmáticas próprias e bem definida. Já a linguagem é o mecanismo usado para transmitir nossas ideias e pode ser tanto de forma verbal quanto não verbal. CURIOSIDADES SOBRE A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS • A Libras não é universal, cada país possui a sua própria língua de sinais. • O termo 'surdo-mudo' não existe mais, pois os surdos podem aprender a falar se forem submetidos a técnicas de oralização. Por isso, o correto é dizer apenas surdo. • Na comunidade surda, cada pessoa recebe um sinal próprio. Esse sinal costuma ser algo relacionado à aparência física, como cabelos longos, uma cicatrizou até mesmo aparelho em um dos ouvidos. • Todas as regiões do país possuem faculdade de Letras-Libras para formar professores da educação básica e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais. Como exemplos, podemos citar a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a 6 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). COMO SURGIU A LIBRAS? Compreender o surgimento da Libras em nosso país é também conhecer a história da comunidade surda e ver como as primeiras conquistas de uma sociedade mais inclusiva foram sendo obtidas. O surgimento dessa língua de sinais no Brasil ocorreu graças ao trabalho desenvolvido por muitos anos pelo professor francês Hernest Huet. 7 Bastante reconhecido na educação de surdos na França, Huet veio ao Brasil em 1855 e apresentou ao Imperador Dom Pedro II um relatório com a proposta para criação de um instituto brasileiro que seria atuante na educação dos surdos. O imperador acatou a proposta do relatório. A LIBRAS É UNIVERSAL? Não. A Língua Brasileira de Sinais é utilizada somente no Brasil. Nos demais países são adotadas outras línguas, próprias de cada um deles. Exemplos: – Língua de Sinais Americana; – Língua de Sinais Chilena. Até mesmo em países nos quais o português é o idioma oficial, a língua de sinais adotada é bem diferente daquela que é utilizada aqui no Brasil. Em Portugal, por exemplo, é utilizada a Língua Gestual Portuguesa – LGP. O motivo disso é que dentro do mesmo idioma (português) há inúmeras variações quanto ao vocabulário e estrutura que precisam ser consideradas. 10 CURIOSIDADES SOBRE A LIBRAS 8 1. A estrutura da Libras difere da Língua Portuguesa. A Língua Brasileira de Sinais não apresenta artigos, tempos verbais e demais regras empregadas pelo português. 2. Expressões faciais e corporais são muito importantes. Pelo fato de a Libras ser uma linguagem gestual, ela depende bastante das expressões corporais e faciais utilizadas pelo comunicante. Elas são fundamentais para a compreensão. 3. Na Libras há regionalismos. Assim como no caso da Língua Portuguesa, a Língua Brasileira de Sinais apresenta regionalismos que precisam ser levados em consideração no momento da comunicação. 4. Desde que sejam devidamente treinados, os cães são plenamente capazes de compreender os comandos realizados em Libras. 5. Somente no ano de 2010 a profissão de tradutor e intérprete de Libras foi regulamentada. Esse fator foi bastante relevante para dar maior segurança a esses profissionais e também ampliar a adoção da Língua Brasileira de Sinais nas mais diversas situações. 9 6. O Dia Nacional de Libras é comemorado em 24 de abril. Essa data evidencia a luta da comunidade surda quanto à construção de uma sociedade mais inclusiva. 7. As provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) são realizadas em Libras. Essa medida é de grande importância para atender à alta quantidade de pessoas que apresentam surdez. De acordo com o último censo do IBGE, nosso país tem 10 milhões de pessoas com algum nível de deficiência auditiva. Esse número demonstra a importância de desenvolver ações inclusivas que proporcionem maior acessibilidade aos surdos e pessoas que apresentam outros tipos de deficiência. 8. A TV INES, do Instituto Nacional de Educação de Surdos, foi criada no ano de 2013. Trata-se da primeira web TV brasileira totalmente dedicada às pessoas surdas. A programação é bastante variada, com noticiários, programas educativos, conteúdo infantil, esportes, entrevistas etc. 9. No Youtube há inúmeros conteúdos disponibilizados em Libras. São temas variados que abrangem as áreas de educação, cultura, lazer, entretenimento, moda, maquiagem etc. Tais conteúdos são de grande relevância e favorecem o uso da Língua Brasileira de Sinais no dia a dia. 10. No Youtube, o canal oficial da Turma da Mônica disponibiliza uma playlist totalmente voltada para surdos, com traduções em Libras das animações. 10 Além de inserir a versão tradicional (direcionada para ouvintes), as animações são também disponibilizadas na versão em Libras e com o recurso de audiodescrição (que é direcionado para pessoas com deficiência visual). É POSSÍVEL CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA? O fortalecimento quanto ao ensino e aprendizagem da Libras é um dos fatores essenciais para tornar a sociedade brasileira mais inclusiva com relação às pessoas que apresentam deficiência a auditiva. Para que essa construção seja possível, diversas ações, das mais simples às complexas, devem ser adotadas por órgãos governamentais, empresas e pessoas. Por meio da soma de diversas iniciativas é possível tornar o uso dessa língua de sinais cada vez mais comum no Brasil, gerando um ciclo positivo de inclusão. Além do uso da Libras no dia a dia, é preciso desenvolver outras iniciativas que favoreçam o atendimento às necessidades específicas das pessoas surdas. Tais necessidades, como já vimos anteriormente, estão relacionadas a diversas áreas: saúde, educação, mercado de trabalho, cultura, lazer etc. Em todas elas, atualmente já é possível observar diversos avanços. No entanto, para que a Libras se torne cada vez mais frequente também é preciso investir na ampliação quanto ao uso dessa língua nas mais variadas situações do cotidiano, possibilitando que as pessoas surdas tenham pleno acesso à comunicação. Depois de aprender sobre a Libras, veja nossos demais conteúdos que abordam temas de alta relevância para surdos e ouvintes brasileiros. Todos esses temas trazem informações essenciais para que seja possível construir uma sociedade mais inclusiva. 11 A IMPORTÂNCIA DE APRENDER LIBRAS A Libras – Língua Brasileira de Sinais é uma forma de linguagem natural, criada para promover a inclusão social de deficientes auditivos. Em 2002, foi reconhecida pela Lei de nº 10.436 como como uma das línguas oficiais do país, sendo regulada pelo Decreto nº 5.626/2005. O que diferencia a Língua de Sinais das demais é que, no lugar do som, utiliza os gestos como meio de comunicação, marcados por movimentos específicos realizados com as mãos e combinados com expressões corporais e faciais. Hoje, aprender Libras é fundamental para o desenvolvimento nos aspectos social e emocional, não apenas do deficiente auditivo, mas também de todos que fazem parte do seu convívio. Ainda assim, o ensino da Língua de Sinais é bastante precário no Brasil. Muitos deficientes auditivos aprendem a linguagem em centros voltados exclusivamente para pessoas com deficiência. Aprender a Língua Brasileira de Sinais é evoluir pessoal e profissionalmente, além de incluir e fazer com que a sociedade seja mais receptiva e dê mais acesso e oportunidades às pessoas que sofrem de surdez. Saiba um pouco mais sobre a importância de aprender a Língua Brasileira de Sinais: DESTACAR-SE PROFISSIONALMENTE O domínio de Libras é um grande destaque no currículo profissional. Além do enriquecimento cultural, o profissional pode destacar-se principalmente se a empresa em que trabalha houver algum deficiente auditivo. Com a Lei nº 10.436, que torna obrigatório o setor público atender deficientes auditivos por meio da Língua Brasileira de Sinais, o que torna esse profissional muito requisitado nas empresas. POSSIBILITAR A INTEGRAÇÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL 12 Ter conhecimento de Libras é fundamental no setor pedagógico, pois as instituições educacionais têm por obrigação serem locais de inclusão e integração, nem excluir nenhum aluno por conta de alguma deficiência. Portanto, é muito importante que os profissionais da área de Pedagogiasaibam Libras. ACABAR COM O AUDISMO O audismo pode ser compreendido como uma forma de preconceito com as pessoas que têm menores ou nenhuma capacidade de audição. E isso acontece quando há descaso ou falta de interesse em adaptar a comunicação para que ela atinja as pessoas com deficiência auditiva. Não valorizar a Libras e sua relevância são uma forma de endossar a cultura negativa do autismo, por isso, aprender a Língua de Sinais e fornecer outros mecanismos de inclusão é importante para erradicar esse preconceito. UM GRANDE DESAFIO DA LIBRAS Ainda que a história da Libras tenha obtido grandes resultados com o trabalho de Ernest Huet e de todas as pessoas do Instituto, um fato marcou a história dos surdos no mundo e trouxe um imenso desafio para a Língua Brasileira de Sinais e todas as demais línguas de sinais. No dia 11 de setembro de 1880 foi realizado o Congresso de Milão, na Itália. À época, foi um grande acontecimento realizado com o intuito de analisar as abordagens utilizadas quanto à educação dos surdos no mundo todo. O uso cotidiano das línguas de sinais foi o assunto de maior relevância. Naquele momento, havia uma grande preocupação com os métodos que eram usados no ensino de surdos em todos os países. Muitos educadores defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo método oralizado. 13 Isso significava que as línguas de sinais, usadas já em diversos países, deveriam ser proibidas. E foi exatamente o que ficou decidido no Congresso de Milão. A grande maioria dos participantes votou pelo fim do uso das línguas de sinais em todo planeta e adoção exclusiva dos métodos oralizados no ensino de pessoas surdas. Essa decisão provocou grandes prejuízos quanto ao ensino da Língua Brasileira de Sinais e também de outras línguas, como por exemplo, a Língua de Sinais Americana e a Língua de Sinais Francesa, que estavam já entre as mais utilizadas. Mesmo diante dessa proibição, a Libras continuou sendo utilizada de maneira informal. Esse fator fez toda diferença para que, muito tempo depois, a Libras pudesse ser ensinada e utilizada como forma de ensino das pessoas surdas e também no dia a dia. SETE COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE SOBRE A LIBRAS 1. LIBRAS NÃO É PORTUGUÊS EM GESTOS A Língua Brasileira de Sinais é uma língua autônoma. Ele pertence à “Família Francesa” das línguas de sinais, mas isso não quer dizer também que seja igual à Língua Francesa de Sinais. Cada país tem a sua língua de sinais própria. Aliás, nós, brasileiros, falamos português, e sabemos que o português de Portugal é um pouco diferente do nosso, especialmente na fala. A Língua Brasileira de Sinais também é diferente de sua correspondente portuguesa, que se chama “Língua Gestual Portuguesa”. 14 2. LIBRAS NÃO É “A SEGUNDA LÍNGUA OFICIAL DO BRASIL” Algumas pessoas dizem que ela é “a segunda língua oficial do Brasil” porque o governo reconheceu-a como meio de expressão. Porém, a Constituição do Brasil não foi emendada: no Artigo XIII, a única língua mencionada como “língua oficial” do país é o português. O “reconhecimento oficial” da Libras significa que ela pode ser usada em circunstâncias oficiais: por exemplo, uma pessoa que só domine a Libras pode solicitar um intérprete para fazer uma prova de concurso público, assim como ter mais tempo de prova. Além disso, a Libras NÃO substitui a modalidade escrita da língua portuguesa – basta ler o Parágrafo Único da própria Lei que trata disso. 3. É CERTO DIZER QUE A LIBRAS É A “LÍNGUA NATURAL DOS SURDOS”? Mais uma vez: a palavra “surdos” engloba uma imensa diversidade. Não existe um “tipo” único de surdo nem no Brasil, nem no resto do mundo. Toda vez que você lê ou ouve a palavra “surdos” precisa estar ciente desta diversidade. Afirmar qualquer coisa como “todo surdo usa isso, todo surdo faz aquilo” possui o mesmo grau de irresponsabilidade e equívoco de afirmar algo como “todo negro faz isso, toda mulher faz aquilo“. Pensou “surdos”, lembrou que existem surdos que ouvem, surdos que não ouvem, surdos que usam Libras, surdos que não usam Libras, surdos que usam tecnologias auditivas e também usam Libras… é diversidade que não acaba mais! 15 Dito isso, vamos lá: a língua natural de uma criança é aquela usada pela família na qual ela está inserida. A competência da família em determinada língua é fundamental para a fluência da criança e para aquisição das mais altas habilidades linguísticas e cognitivas. Quanto maior a fluência da família numa determinada língua, melhor ela consegue passar isso para a criança. Isso significa que a língua de sinais é a língua natural de um bebê ou criança surda caso ele seja filho de pais surdos usuários desta língua. Quando um bebê nasce surdo numa família de ouvintes, a língua de sinais não será sua primeira língua, pelos motivos explicados acima. Caso este bebê não consiga acesso precoce aos sons (por decisão da família de não optar pela reabilitação ou quando ela não é capaz de ajudar) tanto a criança quanto a família deverão aprender uma língua que não seja transmitida pela forma auditiva, ou seja, a Libras. Este bebê vai precisar tanto que a família aprenda e se torne fluente na Libras quanto de contato com a comunidade surda usuária desta língua. Resumindo: a Libras pode ser a língua natural de alguns surdos, mas não é, nunca foi e jamais será a língua natural de todos os surdos. Lembrando mais uma vez que a surdez tem graus: leve, moderado, severo e profundo. 4. NEM TODO SURDO USA LIBRAS Nem todo surdo nasce surdo. As pessoas podem perder a audição, aos poucos ou subitamente, em qualquer momento da vida. Elas podem apenas uma parte da audição. Podem falar português perfeitamente. E, é claro, podem optar pela reabilitação auditiva. Um surdo que tenha perdido a audição depois de adquirir o português pode optar por aparelhos auditivos ou por implantes cocleares, ou não usar nada disso e ainda assim também não usar Libras. Essa é a realidade de milhões de pessoas no mundo inteiro – segundo a Organização Mundial de Saúde, são 466 milhões de pessoas com algum grau de surdez incapacitante ao redor do 16 planeta. Todo ano, a OMS faz uma extensa campanha de conscientização para alertar sobre os prejuízos da perda auditiva não tratada. A reabilitação auditiva não impede ninguém de aprender Libras, caso queira ou precise. As pessoas que acreditam que todo surdo usa Libras são aquelas que não possuem informações adequadas sobre a diversidade da surdez. 5. NEM TODO SURDO PERTENCE À CULTURA SURDA Algumas circunstâncias favoreceram o surgimento de uma “cultura surda” e de uma “identidade surda”. Antigamente, sem ajuda da tecnologia e dos recursos de acessibilidade, era fácil que os surdos ficassem apartados da sociedade. Alguns passaram até mesmo a considerar a fala e a escuta “anormais” e a repudiar os surdos que não usavam língua de sinais e optavam pela oralização e pelas posteriores tecnologias auditivas. Não questionamos o direito a uma cultura surda ou a uma identidade surda, muito pelo contrário. Somos fervorosos defensores das escolhas individuais de cada um. Apenas temos a obrigação de lembrar que a palavra “surdo”, assim, fica com dois sentidos: o primeiro indica uma pessoa que tem algum grau de surdez, e o segundo indica uma pessoa que se identifica com uma certa cultura. Nem todas as pessoas que têm deficiência auditiva se identificam com a “cultura surda”. Como não há estatísticas oficiais, e como há um grande mercado de aparelhos auditivos (cada capital e cidade brasileira possui incontáveis lojas de aparelhos auditivos), talvez não seja arriscado dizer que a maior parte das pessoas com dificuldades para ouvir não só não usa Libras como também não se identifica com a “culturasurda”. 17 6. DO QUE ACESSIBILIDADE PRECISAM OS SURDOS QUE NÃO USAM LIBRAS? Muitos surdos que optaram pela reabilitação auditiva terão resultados excelentes, mas ainda assim precisarão de ferramentas de acessibilidade. Um intérprete de libras em vídeos ou lives não tem serventia alguma para a maioria dos surdos que usam aparelhos auditivos e implantes cocleares, uma vez que não usam esta língua o recurso de acessibilidade necessário para estas pessoas são as legendas os surdos que não usam libras e não se beneficiam da reabilitação auditiva também precisam de legendas! Outro recurso de acessibilidade para surdos que ouvem, ainda pouco conhecido no brasil, mas extensamente usado no exterior, é o aro magnético o aro magnético ajuda muito no entendimento da fala humana em locais com muito ruído quando a pessoa usa aparelho auditivo ou implante coclear. Já a janela de libras é necessária para os surdos que usam libras. Resumindo: apenas a janela de libras não torna um vídeo ou live “acessível a surdos”. Sem legendas, boa parte das pessoas surdas fica excluída, sem acessibilidade. E libra não substitui o português escrito. 7. LIBRAS OBRIGATÓRIA PARA TODOS? Existe um projeto de lei em análise no senado que ignora a diversidade da surdez, colocando no mesmo saco todas as pessoas surdas e fazendo a opinião pública acreditar que as necessidades de acessibilidade e de comunicação de todos os surdos se resumem a língua de sinais. Conforme já explicamos aqui: a surdez tem graus, nem todo surdo usa libras e a libras é a língua natural de alguns surdos, não de todos. 18 Este projeto de lei quer tornar obrigatório o ensino de libras a todos os estudantes, tenham eles deficiência auditiva ou não. Que fique bem claro: não temos nada contra o aprendizado de libras para aqueles que escolheram esse caminho ou que não têm outra opção. Isso é simples de entender e requer um nível básico de interpretação de texto. Porém, o lobby que tenta fazer a opinião pública acreditar que esse é o único caminho, ignorando os milhões de surdos que ouvem e que são oralizados, precisa ser combatido através de informação de qualidade. Este é o objetivo deste post e de campanhas de conscientização que promovemos. A diversidade da surdez não pode ser ignorada como cidadãos brasileiros surdos, precisamos ter acesso igualitário à construção de políticas públicas e uso de verbas federais, estaduais e municipais no que diz respeito à acessibilidade e educação para pessoas com deficiência auditiva. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das línguas orais, pois foram produzidas dentro das comunidades surdas. A Língua de Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF) Ex: 19 Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de língua natural. VARIAÇÃO REGIONAL: representa as variações de sinais de uma região para outra, no mesmo país. 20 VARIAÇÃO SOCIAL: refere-se às variações na configuração das mãos e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal. 21 22 MUDANÇAS HISTÓRICAS: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. 23 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o ‘desenho’ no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. 24 Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários. SINAIS ICÔNICOS Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão à imagem do seu significado. Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. Cada sociedade capta facetas diferentes do mesmo referente, representadas através de seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993) conforme os exemplos abaixo: ÁRVORE LIBRAS - representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas em movimento. LSC (Língua de Sinais Chinesa) - representa apenas o tronco da árvore com as duas mãos (os dedos indicador e polegar ficam abertos e curvos). 25 SINAIS ARBITRÁRIOS São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda sua complexidade. 26 ESTRUTURA GRAMATICAL ASPECTOS ESTRUTURAIS A LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. Três são seus parâmetros principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s)-(CM), o Movimento - (M) e o Ponto de Articulação - (PA); e outros três constituem seus parâmetros menores: Região de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Disposição da(s) mão(s).(FERREIRA BRITO, 1990) 27 Parâmetros principais Os parâmetros principais são : a) configuração da mão (CM) b) ponto de articulação (PA) c) movimento (M) a) Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto manual utiliza apenas 26 destas para representar as letras. 28 QUADRO I 29 AS 46 CONFIGURAÇÕES DE MÃO DA LIBRAS (FERREIRA BRITO, 1995, p.220) b) Ponto de articulação (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o sinal. 30 c) Movimento (M): é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização do sinal. Direcionalidade do movimento a) Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante a realização de um sinal. Ex.: PROIBID@, SENTAR, MANDAR.. b) Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções diferentes. 31 Ex.: PRONT@, JULGAMENTO, GRANDE, COMPRID@, DISCUTIR, EMPREGAD@, PRIM@, TRABALHAR, BRINCAR. c) Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a realização de um sinal. Ex. : INCOMODAR, PESQUISAR 32 33 Parâmetros secundários a) Disposição das mãos : a realização dos sinais na LIBRAS pode ser feito com a mão dominante ou por ambas as mãos. Ex.: BURR@, CALMA, DIFERENTE, SENTAR, SEMPRE, OBRIGAD@ 34 b) Orientação das mãos : direção da palma da mão durante a execução do sinal da LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, para a frente, etc. . Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal. Ex. : MONTANHA, BAIX@,FRITAR. c) Região de contato : a mão entra em contato com o corpo, através do : toque : MEDO, ÔNIBUS, CONHECER. duplo toque : FAMÍLIA, SURD@, SAÚDE. risco : OPERAR, JOSÉ (nome bíblico), PESSOA. deslizamento : CURSO, EDUCAD@, LIMP@, GALINHA Componentes não manuais Além desses parâmetros, a LIBRAS conta com uma série de componentes não manuais, como a expressão facial ou o movimento do corpo, que muitas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais. A expressão facial e corporal podem traduzir alegria, tristeza, raiva, amor, encantamento, etc., dando mais sentido à LIBRAS e, em alguns casos, determinando o significado de um sinal. Ex.: O dedo indicador em [G] sobre a boca, com a expressão facial calma e serena, significa silêncio; o mesmo sinal usado com um movimento mais rápido e com a expressão de zanga, significa uma severa ordem: Cale a boca!. A mão aberta, com o movimento lento e com expressão serena, significa calma; o mesmo sinal com movimento brusco e com expressão séria, significa pára. Em outros casos, utilizamos a expressão facial e corporal para negar, afirmar, duvidar, questionar, etc. 35 Sinais faciais: em algumas ocasiões, o sinal convencional é modificado, sendo realizado na face, disfarçadamente. Exemplos: ROUBO, ATO-SEXUAL. ESTRUTURA SINTÁTICA A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece regras próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual-espacial da realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência sintática do português: 36 Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS: Observação: na estruturação da LIBRAS observa-se que a mesma possui regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão incorporados ao sinal. 37 Sistema pronominal a) Pronomes pessoais: a LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as seguintes pessoas do discurso: - no singular, o sinal para todas as pessoas é o mesmo CM[G], o que diferencia uma das outras é a orientação das mãos; • dual: a mão ficará com o formato de dois, CM [K] ou [V]; • trial: a mão assume o formato de três, CM [W]; • quatrial: o formato será de quatro, CM [54]; plural: há dois sinais : sinal composto ( pessoa do discurso no singular + grupo). configuração da mão [Gd] fazendo um círculo (nós). Primeira pessoa Singular: EU - apontar para o peito do enunciador (a pessoa que fala) Dual: NÓS – 2 38 Trial: NÓS - 3 Quatrial: NÓS - 4 Plural: Segunda pessoa Singular: VOCÊ - apontar para o interlocutor (a pessoa com quem se fala). Dual: VOCÊ - 2 39 Trial: VOCÊ - 3 Quatrial: VOCÊ - 4 Plural: VOCÊ - GRUPO VOCÊ - TOD@ Terceira pessoa Singular: EL@ - apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional. Dual: EL@ - 2 Trial: EL@ - 3 Quatrial: EL@ - 4 Plural : 40 Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente, mas deseja-se ser discreto, por educação, não se aponta para essa pessoa diretamente. Ou se faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou aponta-se para a palma da mão (voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida). b) Pronomes demonstrativos: na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar tem o mesmo sinal, sendo diferenciados no contexto. Configuração de mão [G] EST@ / AQUI - olhar para o lugar apontado, perto da 1ª pessoa. ESS@ / AÍ - olhar para o lugar apontado, perto da 2ª pessoa. AQUEL@ / LÁ - olhar para o lugar distante apontado. Tipos de referentes: • Referentes presentes. Ex.: EU, VOCÊ, EL@... • Referentes ausentes com localizações reais. Ex.: RECIFE, PREFEITURA, EUROPA... Referentes ausentes sem localização. 41 c) Pronomes possessivos: também não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece em Português: EU : ME@ IRM@ ( CM [5] batendo no peito do emissor) VOCÊ : TE@ AMIG@ ( CM [K] movimento em direção à pessoa referida) ELE / ELA : SE@ NAMORAD@ ( CM [K] movimento em direção à pessoa referida) Observação: para os possesivos no dual, trial, quadrial e plural (grupo) são usados os pronomes pessoais correspondentes. d) Pronomes interrogativos: os pronomes interrogativos QUE, QUEM e ONDE caracterizam-se, essencialmente, pela expressão facial interrogativa feita simultaneamente ao pronome. QUE / QUEM: usados no início da frase.(CM [bO]. QUEM: com o sentido de quem é e quem é são mais usados no final da frase. QUANDO: a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo (hoje, amanhã, ontem) ou a um dia de semana específico. Ex. : EL@ VIAJAR RIO QUANDO-PASSADO (interrogação) EL@ VIAJAR RIO QUANDO-FUTURO (interrogação) EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINH@ ESCOLA. VOCÊ PODER D-I-A (interrogação) QUE-HORAS? / QUANTAS-HORAS? 42 Para se referir à horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o numeral para a quantidade desejada. Ex.: CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI (interrogação) Resposta : CURSO COMEÇAR HORAS DUAS. Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade, sinaliza-se um círculo ao redor do rosto, seguido da expressão facial adequada. Ex.: VIAJAR RIO-DE-JANEIRO QUANTAS-HORAS (interrogação) POR QUE / PORQUE Como não há diferença entre ambos, o contexto é que sugere, através das expressões faciais e corporais, quando estão sendo usados em frases interrogativas ou explicativas. d) Pronomes indefinidos: NINGUÉM (igual ao sinal acabar): usado somente para pessoa; NINGUÉM / NADA (1) (mãos abertas esfregando-se uma na outra): é usado para pessoas e coisas; NENHUM (1) / NADA (2) (CM [F] balança-se a mão) é usado para pessoas e coisas e pode ter o sentido de "não ter"; NENHUM (2) / POUQUINHO (CM [F] palma da mão virada para cima): é um reforço para a frase negativa e pode vir após NADA. Tipos de verbos 43 - Verbos direcionais - Verbos não direcionais a) Verbos direcionais - verbos que possuem marca de concordância. A direção do movimento, marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto. Verbos direcionais que incorporam o objeto Ex.:TROCAR TROCAR-SOCO 44 TROCAR-BEIJO TROCAR-TIRO TROCAR-COPO TROCAR-CADEIRA b) Verbos não direcionais: verbos que não possuem marca de concordância. Quando se faz uma frase é como se eles ficassem no infinitivo. Os verbos não direcionais aparecem em duas subclasses: - Ancorados no corpo: são verbos realizados com contato muito próximo do corpo. Podem ser verbos de estado cognitivo, emotivo ou experienciais, como: pensar, entender, gostar, duvidar, odiar, saber; e verbos de ação, como: conversar, pagar, falar. - Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros modificam-se para especificar as informações. Ex.: COMER COMER-MAÇà COMER-BOLACHA COMER-PIPOCA TOMAR /BEBER TOMAR-CAFÉ TOMAR-ÁGUA BEBER-PINGA / BEBER-CACHAÇA CORTAR-TESOURA 45 CORTAR-CABELO CORTAR-UNHA CORTAR-PAPEL CORTAR-FACA CORTAR-CORPO - “ operar” CORTAR-FATIA Tipos de frases Para produzirmos uma frase em LIBRAS nas formas afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa é necessário estarmos atentos às expressões faciais e corporais a serem realizadas, simultaneamente,às mesmas. • Afirmativa: a expressão facial é neutra. • Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça, inclinando-se para cima. • Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo. • Forma negativa: a negação pode ser feita através de três processos: a) incorporando-se um sinal de negação diferente do afirmativo: 46 b) realizando-se um movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à ação que está sendo negada. c) acrescida do sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa. 47 Observação: em algumas ocasiões podem ser utilizados dois tipos de negação ao mesmo tempo. Imperativa: Saia! Cala a boca! Vá embora! Noções temporais Quando se deseja especificar as noções temporais, acrescentamos sinais que informam o tempo presente, passado ou futuro, dentro da sintaxe da LIBRAS. 48 Ex.: Presente (agora / hoje) LIBRAS - HOJE EU-IR CASA MULHER^BENÇÃO ME@ Português- "Hoje vou à casa da minha mãe" LIBRAS-AGORA EU EMBORA Português-“Eu vou embora agora.” Passado (Ontem / Há muito tempo / Passou / Já) LIBRAS- DEL@ HOMEM^IRMÃ@ VENDER CARRO JÁ Português- "O irmão dela vendeu o carro." LIBRAS-ONTEM EU-IR CASA ME@ MULHER^BENÇÃO Português- "Ontem, eu fui à casa da minha mãe." LIBRAS- TERÇA-FEIRA PASSADO EU-IR RESTAURANTE COMER^NOITE Português- "Na terça-feira passada eu jantei no restaurante." Futuro 49 (amanhã / futuro / depois / próximo) LIBRAS- EU ESTUDAR AMANHà Português- "Amanhã irei estudar " LIBRAS- PRÓXIMA QUINTA-FEIRA EU ESTUDAR Português- "Estudarei na quinta-feira que vem" LIBRAS- DEPOIS EU ESTUDAR Português- "Depois irei estudar" LIBRAS- FUTURO EU ESTUDAR FACULDADE MATEMÁTICA Português- "Um dia farei faculdade de matemática" Classificadores (Cl) Um classificador (Cl) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua. Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto de verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores na LIBRAS são marcadores de concordância de gênero para pessoas, animais ou coisas. São muito importantes, pois ajudam construir sua estrutura sintática, através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas. 50 Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. As vezes o Cl refere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma parte ou característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995) Ex.: LIBRAS- CARRO BATER POSTE Cl Verbo em Cl movimento Português- "O carro bateu no poste." LIBRAS- PRATOS-EMPILHADOS Cl Verbo em localização Português- "Os pratos estão empilhados" Tipos de classificadores a) Quanto à forma e tamanho dos seres (tipos de objetos): Cl[B]- para superfícies planas, lisas ou onduladas (telhados, papel, bandeja, porta, parede, rua, mesa, etc.) ou qualquer superfície em relação à qual se pode localizar um objeto (em cima, embaixo, à direita, à esquerda, etc.); para veículos como ônibus, carro, trem, caminhão, etc; Cl [B]- pé dentro de um sapato, bandeja, prato, livro, espelho, papel, etc; 51 Cl [V]- para pessoas (uma pessoa andando, duas pessoas andando juntas, pessoas paradas). A orientação da palma da mão é, também, um componente importante, pois pode diferenciar o sentido do sinal a depender da direção para onde estiver voltada em relação ao corpo; Cl [54]- pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas em fila ), árvores, postes; Cl: [Y]- pessoas gordas, veículos aéreos (avião, helicóptero), objetos altos e largos, de forma irregular (jarra, pote, peças decorativas, bomba de gasolina, lata de óleo, gancho de telefone, bule de café ou chá, sapato de salto alto, ferro, chifre de touro ou vaca); Cl: [C]- objetos cilíndricos e grossos (copos, vasos); 52 Cl: [G]- descreve com a extremidade do indicador, com as duas mãos, objetos ou locais (quadrado, redondo, retângulo, etc.) fios ou tiras (alças de bolsas); -localiza com a ponta do indicador, cidades, locais e outros referentes (buraco pequeno); -o indicador representa objetos longos e finos (pessoa, poste, prego); Cl: [F]- com a mão direita: objetos cilíndricos, planos e pequenos (botões, moedas, medalha, gota de água); - com as duas mãos: objetos cilíndricos longos (cano fino, cadeira de ferro ou metal, etc.). Observação: as expressões faciais tem importância fundamental na realização dos classificadores, pois intensificam seu significado. Ex.: -bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou grossas. 53 - olhos semi-fechados com o franzir da testa, ombros levantados e inclinação da cabeça para frente, para coisas estreitas ou finas: - expressão facial normal para tamanhos médios: b) Quanto ao modo de segurar certos objetos: Cl: [F]- objetos pequenos e finos (botões, moedas, palitos de fósforos, asa de xícara); Cl: [H]- segurar cigarro; 54 Cl: [C]- copos e vasos; Cl: [As]-buque de flores, faca, carimbo, sacola, mala, guarda-chuva, caneca ou chopp, pedaço de pau, etc. (funciona como parte do verbo e representa o objeto que se moveu ou é localizado). Role-Play Este é um recurso muito usado na LIBRAS quando os surdos estão desenvolvendo a narrativa. O sinalizador coloca-se na posição dos personagens referidos na narrativa, alternando com eles em situações de diálogo ou ação. FORMAÇÃO DE PALAVRAS Como já vimos anteriormente, na LIBRAS os sinais são formados a partir de parâmetros principais e secundários e através de alguns componentes nãomanuais. Há, também, uma série de outros sinais que são formados por processos de derivação, composição ou empréstimos do português. Vejamos alguns exemplos: Sinais compostos: da mesma forma que no português, teremos compostos de palavras no qual um elemento será o principal- o núcleo - e um elemento o especificador- o adjunto. É interessante observar, que na LIBRAS a estrutura não será apenas binária e, neste caso, teremos dois ou mais elementos especificadores de uma palavra-núcleo. 55 Em alguns casos, quando ao sinal acrescenta-se outro, o mesmo passa a ter outro significado. Ex.: pílula PILULA^EVITAR^GRÁVIDA “pílula anticoncepcional” PÍLULA^CALMA “calmante” PÍLULA^DOR DE CABEÇA “analgésico” médico MÉDIC@^SEXO “ginecologista’ MÉDIC@^OLHO “oftalmologista” MÉDIC@^CRIANÇA “pediatra” MÉDIC@^CORAÇÃO “cardiologista” a) Sinais compostos com formatos: há execução de um sinal convencional com acréscimo de um outro sinal na "forma" do objeto que se quer especificar. Ex.: retângulo 56 RETÂNGULO^TELEGRAMA “bilhete de telegrama” RETÂNGULO^CONSTRUÇÃO “tijolo” RETÂNGULO^DINHEIRO “cédula” RETÂNGULO^CARTA “envelope” RETÂNGULO^ÔNIBUS “passagem de ônibus” b) Sinais compostos por categorias: para classificar um sinal por categoria ou por grupo, acrescentamos à palavra-núcleo o sinal VARIADOS. Ex.: MAÇÃ^VARIADOS “frutas” CARRO^VARIADOS “meios de transportes” COR^VARIADOS “colorido” COMER^VARIADOS ‘alimentos” LEÃO^VARIADOS “animais” Gênero (feminino / masculino): é interessante observar que não há flexão de gênero em LIBRAS, os substantivos e adjetivos são, em geral, não marcados. Entretanto, quando se quer explicitar substantivos dentro de determinados contextos,a indicação de sexo é feita pospondo-se o sinal "HOMEM / MULHER", indistintamente, para pessoas e animais, ou a indicação é obtida através de sinais diferentes para um e para outro sexo: 57 Adjetivos, artigos, pronomes e numerais não apresentam flexão de gênero, apresentando-se em forma neutra. Esta forma neutra está representada pelo símbolo @. Ex.: AMIG@, FRI@, MUIT@, CACHORR@, SOLTEIR@ Adjetivos: são sinais que apresentam-se na forma neutra, não havendo, portanto, nem marca para gênero (masculino e feminino) e nem para número (singular e plural). Geralmente, aparecem na frase após o substantivo que qualificam. Ex.: GAT@ PEQUEN@ COR BRANC@ ESPERT@ “O gato é pequeno, branco e esperto.” Numerais e quantificação: a LIBRAS apresenta diferentes formas de sinalizar os numerais, a depender da situação: -cardinais: até 10, representações diferentes para quantidades e cardinais; a partir de 11 são idênticos. - ordinais: do primeiro até o nono tem a mesma forma dos cardinais, mas os ordinais possuem movimento enquanto que os cardinais não possuem. Os ordinais do 1 º ao 4 º têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais do 5º 58 até o 9 º têm movimentos para os lados. A partir do numeral dez não há mais diferenças. - valores monetários, pesos e medidas: para representar valores monetários de 1 até 9, usa-se o sinal do numeral correspondente ao valor, incorporando a este o sinal VÍRGULA ou, também, após o sinal do numeral correspondente acrescenta-se o sinal de R-S “ real”. Para os valores de 1.000 até 9.000 usa - se a incorporação do sinal VÍRGULA ou PONTO. Formas de plural: há plural na LIBRAS no uso repetido de sinais ou indicando a quantidade. Ex.: MUITO-ANO(quantidade), MUITO-ANO(duração), DOIS-DIA, TRÊS-DIA, QUATRO-DIA, TODO-DIA, DOIS-SEMANA, TRÊS-SEMANA, DOIS-MÊS, ... Classificadores possuem plural. Ex.: "Pessoas em fila." "As pessoas sentam em círculo." Intensificadores e advérbios de modo: utiliza-se a repetição exagerada para intensificar o significado do sinal. Ex.: COMER – COMER - COMER “ Comer sem parar.” FUMAR – FUMAR - FUMAR “ Fumar sem parar.” FALAR – FALAR - FALAR “ Falar sem parar.” 59 -Advérbios de modo: MUITO: utilizado como intensificador em LIBRAS e expresso através das expressões facial e corporal ou de uma modificação no movimento do sinal. RÁPIDO: para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, há uma repetição do sinal da ação e a incorporação de um movimento acelerado. Advérbios de tempo: (frequência) N-U-N-C-A : sinal soletrado; FREQUENTE e FREQUENTEMENTE: mesma configuração de mão [L], mas para a segunda ideia o sinal é feito repetidamente. SEMPRE “ continuar” e MESMO: mesma configuração de mão [V] mas no primeiro há um movimento para frente do emissor. Polissemia: há sinais que denotam vários significados apesar de apresentarem uma única forma na LIBRAS. 60 Gíria: é utilizada em LIBRAS, porém não pode ser traduzida para o português, pois o sinal a ser utilizado varia de acordo com o contexto em que ocorre. Ex.: Não tem dono; fico com ele. Conseguir namorado. (rápido) Problema meu. Eu progredi . Estou com sono, é o violino tocando (desinteresse total com relação à palestra, aulas, etc.) Que estranho, esquisito, não sabia disto. 61 Simples, vulgar. Vou ignorar isto, não farei isto, preguiça de fazer. Terei que aguentar, paciência. Alfabeto Manual: é a soletração de letras com as mãos. É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, etc., e para os vocábulos não existentes na língua de sinais. Empréstimos da língua portuguesa: alguns sinais são realizados através da soletração, uso das iniciais das palavras, cópia do sinal gráfico pela influência da 62 Língua Portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças formativas e acabam tornando-se parte do vocabulário da LIBRAS. Ex.: N-U-N-C-A "nunca" -B-R “bar”, A-L "azul" -MATEMÁTICA -MARROM, ROXO, CINZA. Esta descrição sucinta da LIBRAS não é suficiente para conhecê-la na sua estrutura linguística como um todo e, muito menos, em suas especificidades enquanto língua de uma comunidade. No entanto, parece ser um primeiro passo para que saibamos que a LIBRAS é uma língua natural com toda complexidade dos sistemas linguísticos que servem à comunicação, socialização e ao suporte do pensamento de muitos grupos sociais. Mesmo a despeito de mais de um século de proibição de seu uso nas escolas de surdos, preconceito e marginalização por parte da sociedade como um todo, as línguas de sinais resistiram, demonstrando a necessidade essencial de sua utilização entre as pessoas surdas. 63 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2005. _____. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 abr. 2002. ______. Lei no 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da língua brasileira de sinais – Libras.Diário Oficial da União, Brasília, 02 set. 2010. GESSER, A. LIBRAS? Que língua é essa? São Paulo: Parábola, 2009. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. STROBEL, K. História da Educação de Surdos. Caderno de Estudos do Curso de educação à distância Licenciatura Letras/LIBRAS. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2008. BRITO, L. F. Por uma gramática da Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, UFRJ – Departamento de Lingüística e filosofia, 1995. SILVA, Daniel Neves. "Língua Brasileira de Sinais (Libras)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/lingua-brasileira- sinaislibras.htm. Acesso em 29 de outubro de 2020. Michels, M.H. (2006). Gestão, formação docente e inclusão: eixos da reforma educacional brasileira que atribuem contornos à organização escolar. Revista Brasileira de Educação, 11(33), 406- 426. 64 Monteiro, R.M.G. (2014). Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, DF. Perlin, G. (2006). A Cultura Surda e os Intérpretes de Língua de Sinais. Revista Educação Temática Digital, 7(2), 136-147. Quadros, R.M. (1997). Educação de surdos: a aquisição da linguagem.Porto Alegre: Artes Médicas. Quadros, R.M. (2003). Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão exclusão. Florianópolis: Editora Ponto de Vista. Quadros, R.M. (2006). Políticas lingüísticas e educação de surdos em Santa Catarina: espaço de negociações. Cadernos Cedes, 26(69), 141-161. Quadros, R. M. (2012). O “Bi” em bilinguismo na educação de surdos. Em A.C.B. Lodi & C.B.F. Lacerda (Orgs.), Uma escola, duas línguas: letramento em língua portuguesa e Língua de Sinais nas etapas iniciais de escolarização (pp. 187-200, 3ª ed.). Porto Alegre: Mediação. Ribeiro, C.B. (2011). As representações familiares acerca da surdez e suas implicações no processo de escolarização. Monografia de Graduação do curso de Pedagogia não publicada, Universidade de Brasília,Brasília, DF. Ribeiro, C.B. (2013). Escolarização de surdos e desenvolvimento bicultural: trajetórias escolares de surdos: entre práticas pedagógicas e processos de desenvolvimento bicultural. Em Associação Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento (org.). IX Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Ribeiro, C.B. (2014). Narrativas e processos de desenvolvimento bicultural: trajetórias escolares de surdos jovens e adultos. Dissertação de Mestrado não publicada, Universidade de Brasília, Brasília, DF. 65 Sá, N.R.L. (2011). Escolas e classes de surdos: opção políticopedagógica legítima. Em N.R.L. Sá (Org.), Surdos: qual escola? (pp. 17-62). Manaus: Editora Valer e Educa. Sacks, O. (2010). Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras. Sánchez, C. (1999). La lengua escrita: esse esquivo objeto de lapedagogia para sordos y oyentes. Em C. Skliar (Org.), Atualidade da educação bilíngue para surdos. (pp. 35-47) Porto Alegre: Mediação. Skliar, C. (2003) Perspectivas políticas e pedagógicas da educação bilíngüe para surdos. Campinas: Mercado das Letras. Skliar, C.. (Org.). (2006). Educação & exclusão: abordagens sócioantropológicas em educação especial (5ª ed.). Porto Alegre: Mediação. (Trabalho original publicado em 1997). Slomski, V. G. (2010). Educação Bilíngue para surdos: concepções e implicações práticas (1a. ed.) Curitiba: Editora Juruá. Soares, R.S. (2013). Educação Bilíngue de surdos: desafio para formação de professores. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. Souza, R. M. & Lippe, E. M.O. (2012). Decreto 6.949/2009: avanço ou retorno em relação à Educação dos Surdos? Caleidoscópio, 10(1), 12-23. Witkoski, S.A. (2009). Surdez e preconceito: a norma da fala e o mito da leitura da palavra falada. Revista Brasileira de Educação, 14(42), 565-575. Witkoski, S. A. & Baibich-Faria, T. M. (2010). A importância da Língua de Sinais para as pessoas surdas na construção de uma linguagem plena e genuína. Revista Contrapontos, 10(3), 338-344. 66 Santana, A.P. & Bergamo, A. (2005). Cultura e identidade surdas: encruzilhada de lutas sociais e teóricas. Educação e sociedade, 26(91), 565-582. Santos, K.R.O.R.P. (2011). Formação continuada e necessidades formativas de professores na educação de surdos da rede pública da cidade do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Universidade Metodista de Piracicaba, Programa de Pós Graduação em Educação, São Paulo, Brasil. Silva, C.M.S. (2014). Processos de escolarização do Distrito Federal: o que dizem os profissionais da escola sobre a inclusão de surdos?Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, DF. Silva, C.M., Silva, D.N.H., & Silva, R.C. (2013). Inclusão e Processos de Escolarização: Narrativas de Surdos sobre Estratégias Pedagógicas Docentes. Em Associação Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento (org.). IX Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Silva, C.M., Silva, D.N.H., & Silva, R.C. (2014). Inclusão e processos de escolarização: narrativas de surdos sobre estratégias pedagógicas docentes. Psicologia em Estudo, 19(2), 261-271. Skliar, C. (1998). Os estudos em Educação: problematizando a normalidade. Em C. Skliar (Org.), A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação. Araujo, C. C. M. & Lacerda, C. B. F. de. (2008). Examinando o desenho infantil como recurso terapêutico para o desenvolvimento de linguagem de crianças surdas. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 13(2), 186- 192. Brasil. (2002). Lei Federal N. 10436 de 24 de abril de 2002: Oficializa a Língua Brasileira de Sinais em território nacional. Brasília 2002. Disponível em: . Acessado em: 15 de outubro de 2013. Brasil. (2005). Decreto N. 5626/2005: Regulamenta a Lei n. 10436/2002, que oficializa a Língua Brasileira de Sinais. Brasília, 2005. Disponível em: . Acessado em: 15 de outubro de 2013. Dizeu, L. C. T. de B. & Caporali, S. A. (2005). A Língua de Sinais Constituindo o Surdo como Sujeito. Educação & Sociedade. Campinas, 26 (91), 583-597. Fernandes, E. (1990). Problemas linguísticos e cognitivos dos surdos. Rio de Janeiro: Agir. Fernandes, E. (2000). Língua de sinais e desenvolvimento cognitivo de crianças surdas. Revista Espaço: informativo técnico-científico do INES, Rio de Janeiro, 78(13) 48-50. Fernandes, E. (2003). Linguagem e Surdez. Porto Alegre: Artmed. Freitas, M. A. E. da S. (2001). A Aprendizagem dos Conceitos Abstratos de Ciências em Deficientes Auditivos. Ensino em Re-vista, 9(1), 59-84. Góes, M. C. R. (1996). Linguagem, surdez e educação. Campinas: Autores Associados. Góes, M. C. R. (2000). Com quem as crianças dialogam? In: Góes, M. C. R.; Lacerda, C. B. F. (Org.). Surdez: processos educativos e subjetividade. (p.2950). São Paulo: Lovise. Goldfeld, M. (1997). A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São Paulo: Plexus. Guarinello, A. C. (2000). A influência da família no contexto dos filhos surdos. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Curitiba, (3), 28- 33. Harrison, K. M. P. (2000). O momento do diagnóstico de surdez e as possibilidades de encaminhamento. In: Lacerda, C.B.F.; Nakamura, H.; Lima, M.C. (Org.). Fonoaudiologia: surdez e abordagem bilíngue. (p.114-122). São 68 Paulo: Plexus. Kyle, J. O. (1999). Ambiente bilíngue: alguns comentários sobre o desenvolvimento do bilinguismo para surdos. In: Skliar, C. (Org.). Atualidades da educação bilíngue para surdos. (p.15-26). Porto Alegre: Mediação. Luria, A. & Yudovich. R. (1978). Lenguaje y desarrollo intelectual en el niño. Madri: Pablo de Rio. Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2010). Fundamentos de metodologia científica (7ª ed.). São Paulo: Atlas. Muncinelli, S. E. (2013). Libras: Língua Brasileira de Sinais. Revista Extensão em Foco, Caçador, 1(1), 27-33. Nader, J. M. V. & Pinto, R. C. N. (2011). Aquisição tardia de linguagem e desenvolvimento cognitivo do surdo. Estudos Linguísticos, São Paulo, 40(2), 929-943. Negrelli, M. E. D. & Marcon, S. S. (2006). Família e Criança Surda. Ciência, cuidado e saúde. Maringá, 5(1), 98-107. Nóbrega, J. D. et al., (2012). Identidade surda e intervenções em saúde na perspectiva de uma comunidade usuária de língua de sinais. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 17 (3), 671-679. Perlin, G. (1998). Histórias de vida surda: identidades em questão [tese]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Quadros, R. M. (1997). Educação de surdos a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas. Quadros, R. M. (1997b). Aquisição da linguagem por crianças surdas. Libras. Série Atualidades Pedagógicas, 4(3), 81-107. 69 Rodriguero, C. R. B. (2000). O Desenvolvimento da Linguagem e a Educação do Surdo. Psicologia em Estudo. 5(2), 99-116. Rossi, T. R. F. (2000). Um processo em direção ao bilinguismo. In: Lacerda, C. B. F.; Nakamura, H.; Lima, M. C. (Org.). Fonoaudiologia: surdez e abordagem bilíngue. (p.99-102). São Paulo: Plexus. Sacks, O. (1990). Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago. Santana, A. P. (2007). Surdez e linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas. São Paulo: Plexus. Schemberg, S., Guarinello, A. C., & Massi, G. (2012). O pontode vista de pais e professores a respeito das interações linguísticas de crianças surdas. Revista Brasileira de Educação Especial, 18(1), 17-32. Silva, A. B. de P. e; Zanolli, M. de L., & Pereira, M. C. da C. (2008). Surdez: relato de mães frente ao diagnóstico. Estudos de Psicologia, 13(2), 175-183. Skliar, C. (2006). Educação e Exclusão: abordagens socioantropológicas em Educação Especial. Porto Alegre: Mediação. Stelling, E. P. (1999). A relação da pessoa surda com sua família. Revista Espaço, 23(11), 45-47. Strobel, K. L. (2008). Surdos: os vestígios culturais não registrados na história [tese]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina. Vygotsky, L. S. (1984). Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. Vygotsky, L.S. (1989). Concrete human psychology. Soviet Psychology, 27(2), 53-77. 70 Vygotsky, L. S. (1998). Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. BRASIL. Declaração de Salamanca e de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Educação Inclusiva/ Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2014. 96P. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Caderno de educação especial: a alfabetização de crianças com deficiência: uma proposta inclusiva/ Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2014. 48P. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei n.º 9394/96. Brasília, 1996 BRASIL, Presidência da Republica. Lei de Libras. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.HTTP// WWW.planalto .gov.br/cuvi.03/leis/2002. acesso em: 16 de maio de 2016, ás 16 h. BRASIL. Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005. Ato 2004. Acesso em 16 de maio de 2016, as 17h. EDLER Carvalho, Rosita,1937. A Nova LDB e a Ed. Especial. Rosita Edler. Carvalho. Rio de Janeiro :WVA. 1997.Rio de Janeiro. 142p.1 Ed.2. Ed.Especial FERNANDES, Sueli Educação de surdos/Sueli Fernandes – 2 ed. Atual.- Curitiba i.b pex, 2011. GLADIS Perlin e Karin Strobel. Universidade Federal de Santa Catarina,Programas de Licenciatura e Bacharelado LIBRAS: Fonte: Portal Libras LACERDA, Cristina Broglia Feitosa ,Doutora em Educação e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Curso de Fonoaudiologia da Universidade 71 Metodista de Piracicaba (UNIMEP). E-mail: cristinalacerda@uol.com.br LACERDA, Cad.Cedes, Campinas,vol26,n.69,p.163-184,maio/ago.2006 LIMA, Amanda Denise , Artigo - quarta-feira, 15 de maio de 2013 PAULON, Simone Mainieri Documento subsidiário da política de inclusão\\ Simone Mainieri Paulon Lia Beatriz de Lucca . Freitas, Gerson Smiech Pinho – Brasília : Ministério da Educação , Secretaria de Educação Especial, 2005. 48p MANTOAN, Maria Teresa Egler, Rosangela Gavioli Pietro; Valeria Amorim Arantes, Inclusão Escolar: pontos e contrapontos – São Paulo : Summus, 2006. – p.103.