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ser educacional gente criando o futuro LIBRAS Língua Brasileira de Sinais © by Editora Telesapiens Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora Telesapiens. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) N7541 Nobre, Etna Paloma. Libras: Língua brasileira de sinais [recurso eletrônico]/ Etna Paloma Nobre. - Recife: Telesapiens, 2019. 116 p. : pdf ISBN 978-85-54921-15-6 l.Educação 2. Libras I. Título. CDU 81 '221.24 (Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva - CRB 10/854) LIBRAS Língua Brasileira de Sinais Créditos Institucionais Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz Diretor-presidente: Jânio Diniz Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira © 2019 by Telesapiens Todos os direitos reservados AAUTORA ETNA PALO MA NOBRE Olá. Meu nome é Etna Paloma Nobre. Sou formada em Letras com Especialização Lato Sensu em Educação de Surdos, com uma experiência técnico-profissional na área de Libras e Educação a Distância de mais de cinco anos. As minhas experiências são todas em Instituições de Ensino. Sou apaixonada pelo que faço e gosto de transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! , ICONOGRAFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam: OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendizagem; CD CITAÇÃO Parte retirada de um texto; A IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado; ... ,.,, - -, .. - DICA Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo; EXPLICANDO + MELHOR Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado; hD{ NOTA Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito; RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens; DEFINIÇÃO Definição de um conceito; ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo; SAIBA MAIS Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins; SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema ou exercício; Íx EXEMPLO ,, VOCÊ SABIA? Explicação do conteúdo .,. Indicação de curiosidades ou conceito partindo de • e futos para reflexão sobre um caso prático; o tema em estudo; PALAVRA DO - AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra; - REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão. , SUMARIO UNIDADE01 O surdo no contexto histórico das sociedades, a aceitação da língua de sinais como língua natural da comunidade surda, culturas e identidades surdas ................................................ 12 A cultura dos surdos ................................................................ 15 Mundo solitário ........................... ............................................. 18 Acesso e conhecimento ............................................................ 19 Identidade surda ....................................................................... 23 Conceito sobre Surdez e surdez na visão clinica e sócio- antropológica ......................................................................... 25 Aspectos filosófico e legal na educação do surdo ................. 29 O bilinguismo na educação de surdos .................................. 32 Escolas bilíngues na Determinação Federal nº 5.626/2005 ..... 33 UNIDADE 02 Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais .............. .42 Os parâmetros da Libras ....................................................... .45 A fonologia das Línguas de Sinais .......................................... .49 Língua de Sinais e Classificadores ........................................... 57 Intensificadores no discurso da Libras ..................................... 58 Alfabeto manual e números (cardinais e quantidades); condições climáticas, ano sideral e calendário .................... 61 Números ................................................................................... 62 Valores ..................................................................................... 63 Calendário - Dias da Semana ................................................... 64 Meses do ano ................................................. ........................... 65 Condições Climáticas ............................................................... 66 Advérbios de tempo e flexões de frases na negativa, inten·ogativa e exclamativa ................................................... 66 Estrutura Sintática .................................................................... 66 Sinais de verbos e suas negativas .......................................... 68 UNIDADE 03 Espaço, Direção e Perspectiva ............................................... 72 Parâmetros e Componentes ...................................................... 73 Espaço na Libras ..................................................................... 75 Perspectiva na Educação dos Surdos ....................................... 78 Tempo e Numerais Ordinais ................................................. 80 Tempo na Libras ...................................................................... 81 Pronomes e expressões interrogativas: Quando-Passado,Quando- Futuro, D-I-A, Que Hora, Quanta-Hora ........................................ 84 Pronomes Pessoais ................................................................... 85 Quando e D-I-A ........................................................................ 86 Que-Horas e Quantas-Horas .................................................... 87 Sinais do verbo PROCURAR e suas variações .................. 88 UNIDADE 04 Sinais de Diversas Profissões ................................................. 94 Influenciadores da Profissão ................................................... 94 Surdos x Profissões .................................................. ................ 95 Profissão de Intérprete de Libras ............................................. 97 Sinais de Diversas Profissões ................................................... 98 Sinais de Diferentes Meios de Comunicação ..................... 100 Sistema de Transição .............................................................. 102 Libras e a Escrita de Sinais .................................................... 103 Oralismo e Língua de Sinais .................................................. 105 A escrita de sinais ................................................................... 106 Módulos da Libras Conversação - Encenações Teatrais ...... 109 Teatro em Libras ................................................................... 109 Aspectos Cenográficos ......................................................... 112 LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 9 ..._ __ UNIDADE O SURDO NA SOCIEDADE 10 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ -INTRODUÇAO A LIBRAS foi idealizada para que estudantes tenham contato com a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais, que envolve os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e, também, as Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. A Língua de Sinais é a língua materna dos surdos, reconhecida como um meio de comunicação legal, reconhecida pela Lei 10.436 de 2002. É a partir dessa lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia e licenciaturas têm a garantia do contato com disciplina de Libras para a sua formação,o que é um avanço relevante tantos para esses profissionais quanto para a comunidade surda. O que você receberá aqui são informações que, com certeza, irão lhe auxiliar na tomada de decisões em seu percurso profissional, caso em sua rotina diária você encontre pessoas surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. O contexto histórico de lutas e exigências quanto a Educação dos Surdos no Brasil é cheio de acontecimentos, proibições e conquistas, será feito um retrospecto d esses fatos. A partir da convivência com os Surdos, conforme estudarmos, perceberemos que é uma comunidade que lida em sua maioria com "guetos", geralmente optam por parceiros com características em comum. Muitos se mostram inseguros com a aproximação e presença de ouvintes, por conta da incompreensão, este comportamento é resultado das ações que perduram por muitos anos, o que ainda perdura até hoje, porém, as dificuldades que foram vista no passado serviu para se chegar a um momento mais pertinente e acessível. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 11 ..__ ___ _ OBJETIVOS Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 1, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1 2 3 Compreender as diferenças à respeito do surdo. Aplicar as técnicas de comurúcação. Identificar e solucionar problemas relacionados a convivência. 4 Executar os procedimentos que envolvem o aprendizado e aspectos da cultura surda. Preparado para urna viagem sem volta mrno ao conhecimento? Ao trabalho! 12 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ O surdo no contexto histórico das sociedades, a aceitação da língua de sinais como língua natural da comunidade surda, culturas e identidades surdas Quais conhecimentos você tem sobre deficiência auditiva? Com certeza já ouviu falar a respeito dos surdos, deve ter visto pessoas dizendo: "todo surdo é mudo", "são muito agitados, se irritam fácil", "leem nossos lábios". Mas, a maioria das informações que adquirimos através do senso comum sobre esse assunto não são reais. Então, o objetivo deste estudo é esclarecer tais informações equivocadas e mostrar a realidade sobre a comunidade surda. A deficiência auditiva é uma diferença de atuação na sociedade entre um indivíduo e a sua capacidade para a retenção dos sons. A deficiência auditiva exibe uma abrangência no Brasil e, segundo os Decretos nº 3.298/99 e nº 5.5296/04, art. 4°, inc. II (BRASIL, 1999), é considerada "a perda ambilateral, restrito ou na totalidade, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hertz (Hz), 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz". [ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis ( dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, l.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Decreto nº 5.626 de 22 de Dezembro de 2005.) LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 13 ..__ ___ _ Saber diferenciar a pessoa surda, entender que a surdez é a perda da audição que em muitos casos ocasiona a perda congênita, o que por consequência surge a necessidade de comunicar-se pela língua de sinais, porque quem nasce surdo, não capta som nenhum, e por isso não adquiri a língua falada como forma de expressão. Crianças que nascem com a audição intacta podem ter a audição comprometida, a dificuldade pode acontecer por doença que causa a inutilidade da audição ou até traumatismos e/ou lesões. Na maioria das situações, a pessoa que aprendeu a expressar-se, após o ocorrido da lesão que ocasionou a perda auditiva, adquirirá outra forma de comunicação. Já os surdos de nascença, eles não são considerados deficientes porque já se adaptaram a outros meios compensatórios de interação e comunicação. Em ambas, mesmo com as dificuldades é importante o convívio na sociedade, porque em vários ambientes as duas caracteristicas de dificuldade auditiva estão presentes. + SAIBAMAIS + Segundo Quadros (2004), o hemisfério esquerdo do cérebro estabelece a linguagem, e o direito processa as informações no âmbito espacial. Você sabia? Isso porque a Libras é organizada de maneira onde a informação seja captada através de uma mensagem visual. Você acredita que esta língua encontra-se no hemisfério direito do cérebro? Negativo! Como a língua de sinais tem uma estrutura semelhante à língua expressa, neurologicamente está submissa ao hemisfério esquerdo do cérebro, o responsável pela linguagem. 14 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Deixar claro essa diferença já é um bom começo para o entendimento da cultura surda, porque ela é bem vivenciada no ambiente da comunidade. Pertencem à cultura surda aqueles que não tem audição e se apropriam da língua de sinais para se expressar. Os deficientes auditivos, que por alguma lesão ou trauma em algum momento da vida, adquiriram a surdez aprenderão e se beneficiarão da nova forma de comunicação. Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de história visto por duas expectativas, que é o olhar doutrinário e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária, religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os surdos não ouviam se comunicavam pela fala, não poderiam ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados ao inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os membros do clero na prática da assistência a essa pessoas surdas, assim, os padres e demais religiosos tornaram-se responsáveis, zelando e cuidando da educação dos surdos. E diante desse olhar, antes de entender que nem todo surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação com a surdez, como ainda não havia motivação para que os surdos desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que "todo surdo é mudo" que na verdade não deve ser usada. As terapias de fala auxiliaram nessa quebra de mito, porque desenvolvem a fala dos surdos e isso é um estímulo, se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente não é mudo. Porém, provavelmente não obteve orientações para o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam a comunicação oral. LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 15 ----- Figura 1 - Mudez x Surdez. Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay A cultura dos surdos As crenças criadas por falta de entendimento possibilitaram que muitos mitos se disseminassem, mas a partir do momento que foi aberto o acesso à comunicação para o surdo ele passou a interagir socialmente em vários ambientes dando origem a formação de grupos sociais, nos dando a oportunidade de identificar a sua cultura e peculiaridades. 16 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Figura 2 - Cultura Surda Fonte:Ivanovgood/Pixabay + SAIBAMAIS + Vamos refletir juntos sobre como se dá a cultura surda: vamos nos fazer algumas perguntas, como por exemplo, o que é cultura? ela está relacionada apenas aquilo que é retratado por meio da arte? Do conhecimento? Não, não podemos nos prender somente a isso, existem várias formas de expressão e entendimento do conceito de cultura. Muitos significados indicam o que é a cultura, mas vamos considerar como uma linha de comportamento que traz uma percepção de um grupo social, no caso, os surdos. Para dar uma definição de cultura surda, é coerente partir do senso que existe uma separaçãoque parte de ouvintes e LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 17 ..__ ___ _ próprios surdos que não compartilham de urna mesma cultura. Observe o que dizem Santana e Bergarno (2005, p. 574). Um outro modo de discutir a questão da cultura surda é bem mais complexo. Desse lado, não vale a pena entrar em jogos teóricos corno, por exemplo, se existe ou não cultura surda e seu oposto, a cultura ouvinte [ .. .]. Em outras palavras, seria preciso entender por que persistem as opiniões em favor da cultura surda e entender quais as vantagens em adotar (e defender) essa ideia. Assim, não parece interessante partir de urna ideia rígida e preconcebida do que seja ou não cultura.( SANTANA; BERGAMO,. 2005, p. 574) A história da cultura surda supera séculos, concordava-se que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a oralização não trazia sentido, o vocabulário não remetia a nenhum significado e, a partir da introdução da língua de sinais, foi possível a compreensão da linguagem e de tudo que lhe rodeava. + SAIBAMAIS + Diante de todo o estudo, indico o link http://culturasurda.net/ culturas-no-plural/ para leitura do artigo Culturas, no plural, em que o autor, Hugo Eiji, destaca a diversidade da cultura surda em vários países. A coleção online de aitefatos culturais das comunidades surdas carregam informações que contempla artes plásticas, literatura, teatro, música e dança. Disponível em: http: // cul turasurda.net/. 18 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----- Mundo solitário O livro chamado O voo da gaivota, que é a autobiografia de uma autora surda chamada Emanuelle Laborit, relata a sua rotina solitária, que por orientação médica foi recomendada não relacionar-se com nenhum surdo, porque deveria ter em mente o aprendizado da língua oral. Mesmo fazendo uso do aparelho auditivo, as palavras expressadas oralmente não faziam sentido: "Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria que se esforçassem" (LABORIT, 1994, p. 39). Figura 3 - Surdo com aparelho auditivo. Fonte :Kalhh/Pixabay Por volta dos seus 7 anos de idade, seu pai ouviu no rádio uma notícia que envolvia a surdez e a língua de sinais, se interessou e pensou que sugeriu que para ela seria uma esperança de forma de comunicação. Após esse dia, a autora relata a importância da língua de sinais para a sua vida, seu cotidiano. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 19 ..__ ___ _ A esperança de um novo nascimento, o irúcio da vida novamente. O primeiro muro caiu. Havia ainda outros em tomo de mim, mas foi aberta a primeira brecha em minha prisão, iria compreender o mundo com os olhos e com as mãos. Sonhava. Estava tão impaciente! Diante de mim, havia aquele homem maravilhoso que me ensinava o mundo. O nome das pessoas e das coisas; há um sinal para Bill, um para Alfredo, um para Jacques, meu pai, minha mãe, minha irmã, para a casa, a mesa, o gato ... Vivia! E tinha tantas pe1guntas a fazer! Tantas e tantas. Estava ávida, sedenta de respostas,já que podiam me responder! (LABORIT, 1994, p. 48). Após esse relato, atesta-se que a língua de sinais auxilia em um novo sentido corno surda, abrindo os caminhos para a comunicação e compreensão daquilo que ainda era desconhecido, possibilitando a comunicação. Acesso e conhecimento A língua de sinais abriu caminhos e ajudou no desenvolvimentos dos surdos, possibilitando o acesso a novas culturas. Segundo Santana e Bergamo (2005, p. 572), "a língua e a cultura são dois artefatos que caminham juntos, e mais, é urna ferramenta na construção da cultura". É bem normal relacionarmos a palavra cultura à língua de sinais, corno se a cultura fosse formada apenas pela representação linguística. A língua de sinais foi urna estratégia de relacionamento com o mundo, ajudou a tirá-lo do isolamento que o cercava. A língua de sinais propiciou a formação de grupos sociais que interage e participa de urna comunidade surda. É notória a diferença entre a comunidade e a cultura surda, segundo Padden (1989, p. 5 apud FELIPE, 2007, p. 45), urna estudiosa linguista surda: 20 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ [ ... ] uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições'. Ao passo que 'uma comunidade é um sistema social geral, no qual pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras'. A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas que moram em determinadas localizações, que buscam as mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também pode ter ouvintes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de forma universal somente pelos surdos, pois os membros da cultura surda comportam-se como pessoas surdas, utilizam a língua de sinais e compartilham de crenças de pessoas surdas (FELIPE; 2007, pág.45). Para falar sobre a comunidade surda, precisamos entender que ela é regional, ou seja, formada por pessoas que moram em determinadas regiões, que almejam os mesmos objetivos e ela também pode ter ouvintes, já a cultura surda é compartilhada de forma mais ampla, universal, aceita somente surdos, pois os membros da cultura surda demonstram um comportamento Figura 4 - Interação e Comunicação. Fonte: Sasint/Pixabay LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 21 ..__ ___ _ singular comportam-se corno surdos, comunicam-se através da língua de sinais e repartem experiências e crenças. É importante compreender e considerá-los corno um grupo social, que pratica interação, se expressa e produz conhecimento corno qualquer outro cidadão, não entendem corno problema a deficiência, valorizam o uso da língua de sinais que sobrepõe a capacidade de expressão verbal. Dessa forma, quando se pensar em cultura, deve-se ter um conceito de um conjunto de práticas simbólicas de um determinado grupo: que usa a língua, as artes O.iteratura, música, dança, teatro), a religião, o sentimento, as ideias, as ações, o modo de vestir, de falar, entre tantas outras (SANTANA; BERGAMO, 2005, p.130). Esse debate de conceitos, de estudos não finda de forma fácil, segundo Laraia (2008, p. 63), ''provavelmente nunca terminará, pois urna compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana, terna perene da incansável reflexão humana". Existe urna cultura para o surdo, é a comunidade onde ele está inserido, onde se comunica e desenvolve signos para expressar interação na língua que é de sua propriedade. Esse reconhecimento traz urna bagagem de perseverança, persistência e a diversidade e aquisição pelo respeito à língua dos surdos. Há muitas realizações a se concretizarem com o crescimento regular da comunidade surda: 22 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ P0 OBSERVAÇÃO Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato cultural para os surdos. Um passado imerso na obrigação de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca mais deprimente. Diante disto, surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Neste sentido, se prosseguirmos com as velhas realidades, narradas como que no tempo colonial, perigamos escrever uma história de holocausto, de dominação, de lamentos. Mas não é por aí. .. Temos outros caminhos que, mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona, vivenciados e narrados por constituírem a genuína história natural e cultural dos surdos. De fato, temos nossas lutas de significação quais sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades, por posições de igualdade, por ter intérpretes de línguade sinais e por serem válidos os nossos direitos. Além desses, há muitos espaços que possibilitam novos signos e significados que nos motivam, estando presentes em nosso cotidiano e que nos trazem algo mais desejado- encarnar essas possibilidades' como pessoas completamente diferentes' (PERLIM; STROBEL, 2014, p.20). ~ ACESSE Indico o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker, 2000), dirigido por Nadia Tass, que traz a história da escritora Helen Adams Keller, surda e cega, como ela venceu as suas dificuldades. O auxilio e compartilhamento da Mestre Anne Sullivan, deficiente visual que lhe instruiu a língua dos sinais ainda na sua fase infantil, Helen Keller veio a ser uma filósofa e jornalista excelente. Para assistir, acesse http://culturasurda.net/filmes/. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 23 ..__ ___ _ Identidade surda A história de Ernanuelle Laborit (1994) traz informações sobre a sociedade surda e a língua de sinais. [ ... ] Lugar de vida, de recreação, de aprendizado para os surdos. Lugar de encontro com os pais emedados nas mesmas dificuldades, com os profissionais da surdez, que colocam em causa as informações e as práticas do corpo médico. Pois eles estavam decididos a ensinar urna língua, a língua de sinais. Não um código, um jargão~ mas urna verdadeira língua. Lembrando-se da primeira vez em Vincennes, mamãe conta: - Senti um medo terrível. Confrontava-me com a realidade. Era corno um segundo diagnóstico. As pessoas eram calorosas, mas ouvi histórias sobre o sofrimento de crianças, o isolamento terrível que tinham vivido antes. Suas dificuldades de adultos, seus combates permanentes. Vomitei tudo aquilo. Havia me enganado. Tinham me enganado dizendo: 'com a reeducação, com o aparelho, ela vai falar. .. '. Meu pai conta: - Era corno se até então não houvesse escutado, ou não houvesse desejado escutar 'um dia, ela FALARÁ'. Vincennes é um outro mundo, o da realidade dos surdos, sem indulgência inútil, mas também o da esperança dos surdos. Certamente, o surdo chega a falar, bem ou mal, mas trata-se apenas de urna técnica incompleta para muitos deles, os surdos profundos. Com a língua de sinais, mais a oralização e a vontade voraz de comunicação que sentia em mim, iria fazer progressos espantosos. O primeiro, o imenso progresso em sete anos de existência acabara de acontecer: eu me chamo 'EU'. (LABORIT, 1994, p. 52-53), 24 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Laborit, retrata o quanto conseguiu se encontrar, a proximidade com surdos e com a língua de sinais proporcionou uma releitura de sua identidade e a sentir-se pertencente a alguém. A identidade relatada foi buscada com a ajuda da cultura surda, que opera de maneira individual no âmbito da aprendizagem, diferente da vivência anterior. Reconhecer a si mesma pode ser chamada de uma identidade, há uma autenticidade para o surdo que é diferente do ouvinte, e até entre os próprios surdos. Há 5 possibilidades de identidade para o surdo: ■ Identidade surda-Geralmente, a identidade relaciona- se aos filhos surdos de pais surdos, instruídos a conviver com a percepção visual. Uma autenticidade que se destaca na atuação pelos direitos do surdo, que necessita da língua de sinais para desenvolver uma linguagem. ■ Identidade surda híbrida - É uma percepção evidente nos surdos que nasceram com a audição intacta e lidam com a língua portuguesa e a língua de sinais. É uma analogia peculiar em diferentes momentos, porque são conhecedores da estrutura do português verbalizado. ■ Identidade de transição - Os surdos mantidos em cárcere na igualdade de ouvinte, viveram parte da sua vida contatando pessoas que expressavam-se verbalmente e não relacionaram-se com surdos. Essa mudança acontece ao conhecer a comunidade surda e daí passarem pelo processo de "des- ouvintização" comumente, grande número de surdos passa por esse estágio, posto que são filhos de ouvintes. ■ Identidade surda incompleta - Nessa identidade, o surdo encontra dificuldade para assumir-se, para ingressar na comunidade surda por não fazer talvez uso total da língua de sinais, persiste percorrer ambientes que fazem parte da rotina dos ouvintes, não compreende e não fala na mesma simetria do ouvinte e por isso não está inserido em nenhum dos grupos. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 25 ..__ ___ _ ■ Identidade flutuante - São surdos que se expõe a partir do dorrúnio dos ouvintes. Retratado pelo surdo que tem ciência ou não, que é surdo, mas a sua postura é de um ouvinte e insistem nisso a qualquer custo, assimilam que são surdos, se esforçam e pensam que a vida seria melhor corno ouvintes. Nessa identidade, o surdo despreza ou não tem compromisso com a cultura surda e vive em urna situação de conformidade (PERLIN, 1998). + SAIBA lVIAIS + É possível um ouvinte demonstrar urna autenticidade surda, em farrúlias quando os pais são surdos e os filhos ouvintes, é comum, o uso da língua de sinais corno língua materna, para apenas após um tempo adquirirem a língua pmtuguesa. Conceito sobre Surdez e surdez na visão clínica e sócio-antropológica Além dos mitos que ouvimos sobre a cultura surda, existem outras crenças sobre a língua de sinais que é importante sabermos ao ce1to, corno por exemplo, a mímica pode ser considerada sinais, a língua de sinais expressa pensamentos, percepções, opiniões, possibilita a discussão e resolução de assuntos e convicções complexos, porém, importante corno assuntos relacionados a nação. A expressão que a língua de sinais é universal também é mito, e essa afirmação incoerente porque não é possível ter urna comunicação gestual igualitária, com entendimento geral, para todos, da mesma maneira que existe as 26 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ diversidades na língua falada, também a língua sinais sofre diferenças, ela respeita fatores gramaticais, geográficos e culturais. Há tempos que o estudo da linguística se limitava apenas às línguas orais, mas o advento do reconhecimento da língua de sinais trouxe uma nova perspectiva de abrangência que com o tempo vem ganhando espaço e se estabelecendo. As abordagens orientadas a LIBRAS vêm com alcance específico educacional na defesa da cultura surda. Essas variações não se resumem apenas à comparação dos processos que promove um enriquecimento do vocabulário, mas estão relacionadas à percepção de mundo e à condição de complexidade em decorrência do processo de aquisição da língua, aspectos culturais e até impacto político e social na vida dos surdos. É importante apontar para aspectos relacionados à organização da gramática e seu funcionamento. Há uma delimitação entre gesto, língua de sinais e aprendizado de uma segunda língua, o que gera, muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, por não terem orientação, não se identificam com outros surdos quando se cria um sinal determinado. As escolas de surdos que adotam uma proposta bilíngue, proporciona a interação do surdo com outros, o que incentiva aquisição da língua por parte das crianças, jovens e adultos. Para o surdo, o significado de cultura é compreender o mundo ao redor e torná-lo ao alcance e habitável, adequar com as suas impressões visuais, que colabora para o sentido das identidades surdas (STROBEL, 2008, p. 30), que contempla a língua, e hábitos. Ainda sobre os mitos que envolve a relação dos surdos, mesmo após a conquista da inserção da língua de sinais, enfrentaram impedimentos que dificultavam a aceitação por parte da sociedade, presença de intolerância no ambiente LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 27 ..__ ___ _ familiar e escolar. Segundo Strobel (2008), nas décadas de 1970 e 1980, a aquisição de aprendizagem era indiferente, de controle e de disciplinarnento, as crianças surdas eram proibidas de se articular gestualrnente, as consequências era serem comparadas aos macacos, eram obrigadas a expressar- se oralmente para seremrespeitados. Os surdos viam-se obrigados a todo custo a desenvolver a expressão oral e a leitura labial, o que gera o mito, que é o de que os surdos compreendem as demonstrações orais. Witkoski (2009) desmistifica esse mito ao expor que os surdos na sua maioria não fazem leitura labial, vários fatores envolvem o sucesso nessa técnica, corno a articulação, a proximidade, são fatores que colabora ou atrapalha a leitura labial, que para obter habilidade deve ser aprendido, depende muito da postura do locutor, não é urna prática simples, o sujeito deve estar de frente com os lábios do receptor, a similaridade nas articulações específicas letras e o conhecimento anterior das palavras proferidas influência no processo de leitura labial. [ ... ] o ambiente de conversação usual não se constitui num ideal de apreensão visual ao surdo; ao contrário. Em geral este é caracterizado pela presença de um falante distante, em permanente movimento (quando não está inclusive ausente do seu foco visual), que realiza trocas verbais com outras pessoas as quais não poderão ser observadas concomitantemente. Estas são as características mais comuns do diálogo entre ouvintes, sendo inclusive também as da sala de aula no ensmo regular (WITKOSKI, 2009, p. 569). 28 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ A autora ainda ressalta que: Não é possível realizar leitura labial em toda situação, até porque a leitura não supre a falta de audição por conta do acesso às palavras expressas oralmente e identificadas pela leitura labial, essa ação não garante a compreensão de tudo o que é verbalizado. Essa ideia equivocada da leitura labial, que motiva o surdo a interagir de forma falada com um ouvinte, traz a tona outro mito, que os surdos ouvem algumas coisas que são do interesse próprio, e ainda que consigam e se esforcem para compreender uma informação, é muito difícil assimilar o diálogo na sua totalidade, até com o uso do aparelho auditivo existe a dificuldade em adaptar-se com os ruídos que o aparelho capta, o que dificulta a recepção da mensagem, e se o receptor não entende a língua de sinais, é possível que não se estabeleça uma interação. Veja a seguir o relato da experiência de Witkoski (2009, p. 571). Em relação a essa caracterização do comportamento do surdo como patológica, resgato a situação de uma linda menina surda, de sete anos, que conheci. Estava numa escola de surdos de Curitiba conversando com a professora da turma, enquanto acompanhava a harmonia com que os alunos interagiam através da língua de sinais. Nessa hora chegou a mãe de uma das alunas, que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando em Libras. Vendo o comportamento da filha, a mãe fez o seguinte comentário: 'Engraçado como aqui ela se comporta bem. Em casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não vai; ficar só deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às vezes ela começa a gritar, cada grito, que chega a doer os meus ouvidos!'. Perguntei se ela sabia a língua de sinais. Respondeu: 'Não, não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar, muito trabalho'. (Witkoski; Surdez e preconceito. A norma da fala e o mito da leitura da palavra falada; 2009, p. 571) LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 29 -------- Na situação apresentada a filha não atende ao pedido da mãe, que relaciona-se apenas com amigos da escola, em casa demonstra que é "surda", porém essa postura está relacionada com a apreciação que a filha tem pelo o uso da língua de sinais. Figura 6 - Língua de sinais Fonte: Clker-Free-Vector-Images/Pixabay Aspectos filosófico e legal na educação do surdo A identidade surda está ligada à língua de sinais, essa relação depende de como a língua de sinais é inserida como uma possibilidade de comunicação. Santana e Bergamo (2005), diz que essa relação de que a identidade do surdo é ligada à língua de sinais vem de pesquisas mostram: do contato do surdo com outro surdo que faz uso da língua de sinais expandem-se novas possibilidades de interação e compreensão, que não acontece por meio da língua oral. 30 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----- Figura 7 - Criança aprende a língua de sinais. Fonte: OpenClipart-Vectors/Pixabay Vygotsky ( 1991 ), cita que as ações cognitivas essenciais de um ser humano tem relação direta com a sua história social, que traz a memória da sociedade na qual a criança desenvolve- se socialmente, o que é bem relevante para a formação do pensamento, e no processo de aquisição de conhecimento, a língua tem um papel fundamental na designação de como a criança desenvolverá o seu aprendizado. O contato da criança com a língua de sinais influencia na capacidade da formação de pensamento, e o ambiente em que ela está inserida deverá proporcionar o servir dessa língua. Perlin ( 1998), chama a atenção para a aquisição de uma identidade que é repelida ao indivíduo no ambiente em que ele habita, um surdo que tem contato contínuo e direto com um ouvinte irá ponderar a surdez como uma deficiência tratável, e guiará a sua identidade sob essa perspectiva. Por outro lado, é positivo o surdo que tem a oportunidade de conviver e vivenciar uma comunidade de surdos com ouvintes, porque essa relação desenvolverá uma identidade que favorece e evidencia a diferença e não da deficiência. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 31 ..__ ___ _ Para Felipe (2007, p. 82), é provável identificar características do tipo: ■ A maioria das pessoas Surdas sentem-se mais a vontade para ter relacionamento e dividir sentimentos e tal com outra pessoa Surda; ■ As frases com gênero hmnorístico em tom de piadas afasta o desejo de conhecimento sobre a língua de sinais e sua cultura; ■ A abordagem sobre assuntos de relacionamento, educação e olhar de mundo, pode ser representado em cenas teatrais. O surdo tem um olhar diferenciado de mundo, ele se identifica com as expressões faciais e corporais que são representadas com as mãos, que devem ser usada de forma necessária com agilidade e fluência, dando sentido a mensagem transmitida. O surdo possui urna identidade própria, independente do seu acesso a língua ou não, a diferença é a sua própria aceitação corno surdo junto com a língua de sinais, observe que aquele que se aceita consegue desenvolver-se e interage com o mundo positivamente, sob o olhar da sua comunidade e cultura surda. + SAIBAMAIS + O link abaixo exemplifica a linguística e a estrutura gramatical da língua de sinais, confira o vídeo com o terna Estmtura Gramatical da Libras, nele a estudiosa Ronice Quadros mostra de forma objetiva, corno funciona o uso da língua. Disporúvel em: https:/ /bit.ly/2Vltxov. 32 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ O bilinguismo na educação de surdos Quando pesquisamos Educação bilíngue para surdos nos reportamos a um trabalho pedagógico que faz uso de línguas no desenvolvimento do processo de aprendizagem, de forma inclusiva. ■ Libras - Língua de Sinais; ■ Língua Portuguesa escrita. Os surdos precisam e deve ter acesso a uma educação bilíngue, que dê ênfase a língua de sinais como sua língua natural, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como segunda língua" (BRASIL, 2006, p. 71). O bilinguismo, porém, reconhecido como política pública brasileira, surgiu a pouco tempo, mas já existe registro de ações de sucesso. Temos um exemplo real presente na administração municipal de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. Em 2012 o município de ensino da cidade criou as Escolas Polo para priorizar a educação de alunos surdos. Essas instituições escolares regulares são de educação básica, que possuem toda a estrutura física e pedagógica para recepcionar e prestar atendimento adequado aos alunos. Alguns professores tem habilidade regular a Libras e são bilíngues, pois são os responsáveis pelas turmas e realizam os encaminhamentos das disciplinas ativas, são também os intérpretes de Libras.No horário oposto das aulas comuns, há atividades complementares prática de Libras e quem ministra é sempre um professor surdo. Essa é uma das iniciativas escolares que prioriza a educação em duas línguas. Depoimento da professora Nadia Aparecida Issa Pina. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 33 ..__ ___ _ ~ ACESSE O Crnais, portal oficial da TV Cultura do Estado de São Paulo. Lá você encontra um vídeo que representa o bilinguismo, composto exatamente na EMEBS Professora Nadia Aparecida Issa Pina. Confira, leia o texto e pense sobre o modo de educação bilíngue exposto. Assista em: https:/ /bit.ly/31 gl UQE. A Determinação Federal nº 5.626, de 2005, e a Política Nacional de Educação Especial no Panorama da Educação Inclusiva, de 2008, são dois documentos essenciais que discone do assunto: Já ouviu falar? Vamos tratar deles agora! Escolas bilíngues na Determinação Federal nº 5.626/2005 Mais adiante veremos os documentos oficiais, as leis e decretos, vamos no momento conhecer a relevância do decreto que apoia e estabelece o bilinguismo e a escola bilíngue no atual contexto educativo brasileiro. O Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei nºl0.436/2002 (BRASIL, 2002), tornando reconhecida a Língua Brasileira de Sinais corno meio de comunicação da comunidade surda, de mesmo modo a regulamentação do artigo 18 da Lei nº 10.098/2000 (BRASIL, 2000), que trata da realização da formação de profissionais intérpretes para a Libras, para viabilizar a interação com os surdos. Encontra-se em vigor após o reconhecimento da Libras, em 2002, e sob a importância dos demais documentos que tratavam da inclusão social e ambiente escolar para surdos. 34 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ A lei possui dizeres variados que garante a educação e a conservação da Libras, no status de políticas pública que garanta uma educação estirpe para aquisição de conhecimento que beneficie o surdo. A língua de sinais como ensino mandatário nas licenciaturas, formação específica de profissionais da área da educação. Essas são ações onde se estendem longos tempos para se solidificarem, existe a burocracia do poder público e não é só isso, a ausência de profissionais por outro capacitados prejudica a prática das diretrizes da lei. O objetivo do decreto é a educação dos surdos, é ampará- los, as primeiras tratativas referente ao reconhecimento e à aprovação da língua de sinais e seu cumprimento de uso nos espaços educacionais iniciaram no ano de 1996, quando da execução da Câmara Técnica O Surdo e a Língua de Sinais. O decreto foi desenvolvido em acordo com a academia e com a cultura surda. O documento estabelece: Intitula-se Escolas de Educação Bilíngue aquelas em que a Libras e a escrita da Língua Portuguesa representam línguas de instrução inseridas no desenvolvimento do processo educativo. É um direito dos estudantes à escolarização em um período oposto ao atendimento educacional especializado para a complementação curricular, com aproveitamento de equipamentos de tecnologias de informação (BRASIL, 2005). Segundo o Decreto Federal (BRASIL, 2005), essa educação está dividida seguindo os seguintes critérios: ■ Ensino infantil e Anos iniciais do fundamental: formação obrigatória de professores bilíngues para atuação em escolas e classes de educação. ■ Anos finais do ensino fundamental, Médio e no Técnico Profissional: não se faz obrigatório que os professores sejam bilíngues, porém, importante conhecer as especificidades linguísticas e o processo de ensino-aprendizagem, dos alunos surdos. Imprescindível a presença de Tradutores e Intérpretes da Libras-Língua Portuguesa, embora, que nessas fases não se LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 35 ..__ ___ _ torna obrigatório que as escolas e/ou classes sejam bilíngues: esses rúveis de ensino também pode se realizar em escolas de ensino básico comum, desde que atenda as condições expostas. Segundo Lodi (2013, p. 54), para que a língua inicial de ins1Iução escolar seja a Libras, é necessário mudanças e reivindicações, urna vez que até mesmo a escrita das duas línguas é diferente. A presença da escrita do português nos processos educacionais é inerente à estruturação pedagógica, que insere e garante status de língua de instrução, o desenvolvimento de linguagem/apropriação da Libras pelos alunos surdos nos primeiros anos escolares é garantido e, consequentemente adquire-se urna base educacional. Após aquisição da língua materna, a Língua de Sinais, os alunos podem praticar com professores nativos da Língua Portuguesa, com o auxilio de um tradutor intérprete. O ensino infantil e os primeiros anos do fundamental deve ser cursado obrigatoriamente em escolas bilíngues, os demais níveis, podem ser frequentado em escolas comuns, sob a orientação de professores com o perfil conhecedor da língua e intérpretes contratados, objetivando facilitar o acesso aos conteúdos curriculares, em todas as atribuições didático- pedagógicas e no auxilio e facilidade às atividades institucionais. Embora a escolarização do aluno surdo possa aconteça por intermédio de docentes que entendam as particularidades do ensino de surdos, fica notório que essa organização não descaracteriza urna escola bilíngue. O instrumento ao informar que as instituições federais de ensino devem abastar específicas constituições, também detalha os papéis dos agentes docentes inseridos nas escolas bilíngues: professor ou instrutor de Libras; tradutor e intérprete da Libras para a Portuguesa e vice-versa; professor para o ensino, corno segunda língua para os surdos, do português; e professor regente de classe geral, nas várias áreas de conhecimento, com ciência da originalidade linguística dos alunos surdos. 36 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Frequentemente existe nas escolas, debates sobre os limites entre a ação do professor na sala de aula e o intérprete, e fica claro que o intérprete transmite a informação que é produzida pelo professor sem interferência sobre o raciocínio do professor. "É imprescindível ofertar, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos" (Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005). E para que isso seja realidade deve-se pensar em formas singulares de avaliação, que contemple o ensino de Libras e Língua Portuguesa. O decreto também define que se deve: [ ... ] adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos (Fonte: Brasil, 2005. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.) A formação de professores para o ensino de Libras é um ponto importante dessa visão é que ela deve ser: [ ... ] posta em diálogo com a formação necessária para o ensino do português como segunda língua.No que diz respeito ao ensino de Libras, o documento, uma vez mais, relaciona essa formação à atuação nos diferentes níveis educacionais e recomenda que pessoas surdas tenham prioridade em todos os processos formativos, visando garantir, assim, que a apropriação dessa língua pelos alunos surdos ou sua aprendizagem por ouvintes, seja realizada por meio de seus usuários (LODI, 2013, p. 57). LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 37 ..__ ___ _ ~ ACESSE É importante que você leia Decreto Federal para que você tenha embasamento prático e teórico na escola. Acesse-o em: https://bi t.ly/2MJ jx6b. ____ 3_s____,,J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 39 ..__ ___ _ UNIDADE A CONSTRUÇÃO GRAMATICAL DA LIBRAS 40 J ( LIBRAS - Língua Brasileirade Sinais ----~ -INTRODUÇAO A disciplina de Libras foi idealizada para que estudantes tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura Surda, aos Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e as Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. A Libras é uma língua natural, reconhecida como um meio de comunicação legal pela Lei 10.436 de 2002, é a partir dessa lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia e licenciaturas têm a garantia do contato com a disciplina de Libras para a sua formação, o que é um avanço relevante tanto para esses profissionais como para a comunidade surda. O que você receberá aqui são informações que certamente irão lhe auxiliar na tomada de decisões, caso no seu percurso profissional ou na sua rotina diária você encontre pessoas surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. Acredito que você já tenha assimilado que a Língua de Sinais Brasileira é uma língua usada nas comunidades surdas, então agora estudaremos juntos a parte da linguística que descreve a língua no âmbito da construção gramatical da Libras. Este material fornece informações relevantes sobre os fonemas na Língua de Sinais Brasileira, do ponto de vista de sua função na língua, que é onde começa a estrutura da gramática, entenderemos os parâmetros da Libras e as suas funções. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 41 ..__ ___ _ OBJETIVOS Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1 2 3 Obter entendimento sobre os parâmetros da Libras. Aprender e praticar os classificadores. Identificar e solucionar problemas relacionados à gramática da Libras. 4 Compreender o papel e a importância intensificadores dentro do discurso. dos Preparado para urna viagem sem volta turno ao conhecimento? Ao trabalho! 42 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais Conhecer a Língua de Sinais é de fundamental importância, há inúmeras comunidade surdas espalhadas pelo país. A Libras foi instituída como língua pelo Decreto nº 5.626/2005. E qual é peso desse reconhecimento? Porque pelo que já vimos foi com o reconhecimento que passou a ser obrigatório o uso em todos os órgãos públicos, como em escolas, hospitais, prefeituras e outros ambientes. É possível perceber uma melhora do atendimento às pessoas surdas. Apesar da legalização ter acontecido a pouco tempo, a dificuldade na comunicação vem de muitos anos. Foi necessária uma verdadeira revolução para a aceitação da Língua de Sinais, pois até então, ela era tida apenas como uma linguagem expressa através do movimento do corpo e encarada como mímicas. As pesquisas da Língua de Sinais sob o olhar da linguística, começou a ocorrer no ano de 1957 com o observador norte- americano William Stokoe. Em 1960, os resultados da análise foram notados sobre a Língua Americana de Sinais (STOKOE, 1960) e desse momento em diante as Línguas de Sinais passaram a ser objeto de estudos, a linguística considerou a presença gramatical assim como as Línguas Orais. [ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, l.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Art. 2° do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 BRASIL, 2005) LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 43 ..__ ___ _ Há alguns anos, os estudos sobre linguística se limitavam às Línguas Orais, mas desde o início do reconhecimento da Língua de Sinais, um novo olhar vem sendo estabelecido. As pesquisas direcionadas a Libras vêm com abordagens específicas educacionais na defesa da cultura surda. Essas variações não se resumem apenas à comparação dos processos que promove um enriquecimento do vocabulário, mas estão relacionadas à percepção de mundo e à condição de complexidade em decorrência do processo de aquisição da língua, aspectos culturais e até impacto político e social na vida dos surdos. É importante apontar para aspectos relacionados à organização da gramática e seu funcionamento. Há urna delimitação entre gesto, Língua de Sinais e aprendizado de urna segunda língua, o que gera, muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, por não terem orientação, não se identificam com outros surdos quando se cria um sinal determinado. + SAIBAMAIS + O entendimento dos parâmetros contempla o perceber da fonética e fonologia, elas se complementam por estarem inseridas na linguística. O estudo da Linguística analisa as línguas nativas humanas, é urna ciência que estuda diferentes línguas, não se detém a urna análise restrita. 44 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de história mediados por duas expectativas, que é o olhar doutrinário e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária, religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os surdos não ouviam e se comunicavam pela fala, não poderiam ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados ao inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os membros do clero na prática da assistência a essas pessoas surdas, assim, os padres e demais religiosos tornavam-se responsáveis, zelando e cuidando da educação dos surdos. E diante desse olhar, antes de entender que nem todo surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação com a surdez, como ainda não havia motivação para que os surdos desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que "todo surdo é mudo" que na verdade não deve ser usada. As terapias de fala auxiliou nessa quebra de mito, porque desenvolvem a oralização nas pessoas surdas, e isso é o estímulo, se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente não é mudo; mas provavelmente não obteve orientações para o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam a comunicação oral. LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 45 --------- Figura 1 - Língua de Sinais Fonte: OpenClipart-Vectors / Pixabay Os parâmetros da Libras A linguística explora a língua enquanto processo, preza pela coerência na atividade de expressar-se, a linguística é vista como uma ciência com características de descrição própria, descrever-se a si mesma, a linguística desnuda a língua, e a mostra de maneira autêntica. O estudo da linguística contempla a morfologia, a fonética, a fonologia, a semântica e pragmática, além disso a linguística tem relação com outras ciências, como a sociologia, por exemplo. ____ 4_6~) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais Figura 2 - Fonética e Fonologia Fonte: GraphicMama-team / Pixabay A fonética explora os sons isolados, descreve os sons usados na linguagem humana, e a fonologia se detém a estudar sons que altera o significado do sentido, como pares mínimos que ressignifica alguma coisa, como um objeto, por exemplo, café, boné, cafuné, então, enquanto a fonética descreve, a fonologia explica. A morfologia examina os princípios internos da formação das palavras, com o objetivo de compreender os ajustes realizados entre eles (QUADROS, 2004). Essas palavras são produzidas por morfemas, que são as identidades significativas. Há morfemas que constitui vocábulo, outros são reclusos e não tem capacidade de habilitar palavras insubordinadas de outras (QUADROS, 2004). A sintaxeé a competência da linguística que cria e discorre a estrutura das sentenças de uma língua, as línguas possuem variadas estruturas sintáticas e, por isso, existe no seu desenvolvimento uma base estrutural. Quadros (2004) afirma LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 47 ..__ ___ _ com intensidade que a Libras carrega urna gramática de sistema básico que a Língua Portuguesa dominante no Brasil. A ordem de sequência: S (sujeito)+ V (verbo)+ O (objeto). Apesar da apresentação dessa ordem ser essencial, não quer dizer que as pessoas que as utiliza não se aproprie de outro tipo de comunicação oral. (QUADROS, 2004). De acordo com Quadros (2004, p. 21), "A semântica analisa o significado do vocábulo e da sentença". Quer dizer que, explora o sentido particular das palavras e também em grupos, que muitas vezes apresentam urna interpretação diferenciada - a exemplo do linguajar, que são línguas regionais inerentes. A semântica examina os significados das sentenças, implícitos ou não, corno as metáforas, ironias e outros. E sob o ponto de vista clássico, a pragmática, que explora a linguagem na prática. Figura 3 -Estrutura da Comunicação Fonte: GraphícMama-team /Píxabay 48 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ ~ ACESSE Para melhor e entendimento e contribuição aos estudos, dedique-se clicando no link referente ao tema Estrutura Gramatical da Libras, onde a linguista Ronice Quadros expõe de forma objetiva o funcionamento da língua. Disponível em: https://bit. ly/2Vltxov. O estudo científico da língua é como uma manifestação natural, não delimita a análise de uma espécie de línguas, não é o estudo isolado do português, da Língua de Sinais Americana (ASL), da Língua Brasileira de Sinais, e também não se refere ao estudo de um conjunto de línguas com características em comum. Quanto mais estudarmos sobre as especificidades das mais diversas línguas naturais, melhor o entendimento da língua. A história da cultura surda supera séculos, concordava- se que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a língua verbalizada já expressava sentido, já que o vocabulário não remetia a nenhum significado, e a partir da introdução da Língua de Sinais, foi possível a compreensão da linguagem, e de tudo que lhe rodeava. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 49 ..__ ___ _ + SAIBAMAIS + O artigo indicado auxilia no avanço dos estudos, acesse o link http://culturasurda.net'culturas-no-plural/ e confira o artigo Culturas, no plural, do autor, Hugo Eiji, que destaca as várias definições da comunidade surda em diversos países. O repositório online também é abastecido com produções de autoria da cultura surda, carrega informações que envolve artes plásticas, literatura, teatro, música e dança. Disponível em: http://culturasurda.net'. Afonologia das Línguas de Sinais O propósito inicial da fonologia na Língua de Sinais é descrever as identidades mínimas da língua que são adequadas a formação de sinais, é ter habilidade e conhecimento para as normas de ajustes. As primeiras análises linguísticas referentes à Língua de Sinais deram início no periodo de 1957, no momento em que o estudioso William Stokoe descreve um estudo de compreensão da constituição dos sinais na Língua Americana de Sinais, a ASL (Arnerican Signs Language). Com o objetivo de trazer conhecimento dos sinais, ele os separou e indicou três parâmetros básicos: configuração de mão (CM), ponto de articulação (PA) e movimentos (M). Depois desse momento iniciaram-se pesquisas quanto a estrutura linguística da Libras. Autores corno Ferreira Brito (199 5), Quadros e Karnopp (2004) persistiram nas análises linguísticas da Libras para descrever a composição de seus sinais. Foram estabelecidos mais dois parâmetros: a orientação de mãos e expressões não manuais (ENM). 50 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ---~ Os cinco parâmetros. ■ Configuração de mão: São 46 configurações de mão e são elementos fundamentais para possibilitar a formação dos sinais. Figura 4 - Configurações de Mão. 1 2 3 4 5 6 íl[B] ~[A] ~[G] m[C] ~ ~[V] 'T [ l ~] ~ [AJ ~G,] ~ê] ~]5,] .,-; (v·1 ~ [Bb] . ~Ai,] ~Gg] f!,(s·1 Tui ~ [At] ~Gd] 1 [5] 7 8 9 10 11 12 fi"?ro1 ~[F] ~M ~ [H] ~] ~ ~[Ô] ~[F,] cf1 {RJ ~3j ~ ~bO] ~[FU [~ ~ [3] ~ 1,1 13 14 15 16 17 18 19 ~ ~[K] ~I] ~RI ~t ~] ~[E] ~ .. 1~ ~d ~ .. 1Ll Fonte: Ferreira Brito e Langevin, 1995 LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 51 ..__ ___ _ Um dos parâmetros da Libras é a configuração de mãos, elas f orarn representadas a partir de infonnações coletadas nas irnpmtantes capitais brasileiras, reunidas verticalmente segwido a similitude. O bloco de CMs da figura refere-se somente às exposições ao rúvel fonético, encontradas na Libras. A CM pode permanecer a mesma durante a articulação de um sinal, ou pode alterar-se de urna configuração para outra. Quando acontece a alteração na configuração de mão, ocorre deslocamento interno da mão, fundamental mudança que interfere na configuração dos dedos selecionados. ■ Ponto de articulação (PA) ou Locação (L): Lugar em que será realizado o sinal. O Ponto de Articulação pode se localizar no rosto, cabeça, braços, troncos e até pernas, corno acontece no sinal de "shorts". Pode também representar um espaço neutro, corno exemplifica a imagem 3. O PA exerce ação de influência no significado do sinal, tanto que havendo mudança de lugar, há também mudança de significado. Na Libras, assim corno em outras Línguas de Sinais que até o momento foram objetos de estudos, o espaço de enunciação é urna área que possui os pontos dentro da esfera de alcance das mãos. Figura 5 - Ponto de Articulação Fonte: Baltison, 1978. P.49 52 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Nesse espaço interno de enunciação, define-se um número limitado de pontos de articulação. Alguns são mais objetivos, como a ponta do nariz, e outros são mais vastos, como a frente do tórax. ■ Movimento (M): Este parâmetro contempla várias formas de movimentos importantes nas Línguas de Sinais, quando alterado, reflete no significado dos sinais, o que pode ocasionar mudança secular, necessário ter objeto e espaço. As mãos da pessoa que realiza o movimento representam o objeto, enquanto o espaço de enunciação é o espaço que abrange o corpo do indivíduo que enuncia. (Ferreira Brito e Langevin, 1995). O movimento é determinado como um parâmetro incompreensível por abranger um conjunto de direções, que vai de ações internas da mão, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço (Klima e Bellugi 1979). Quanto ao movimento, há estudos que orienta que o percurso pode estar nas mãos, pulsos e antebraço. Os deslocamentos direcionais podem ter um sentido único, duas direções ou mais. Figura 6 - Movimento. Fonte: Quadros; Karnopp. 2004. LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ) (._s_3 ___ _ ■ Orientação da mão: É um critério determinante no significado do sinal. Na Libras, foram estipulados seis tipos de movimentos: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita ou para a esquerda (QUADROS, 2004). Figura 7 - Orientação das Mãos Fonte: Quadros: Kamopp, 2004 (l'ARA 1'0RAJ (PIO LADO IPSO.AmALI ■ Expressões não manuais (ENM): São os movimentos de cabeça, dos olhos, da face ou do tronco, expressam as proposições indicativas interrogativas, relativas, topicalização, concordância. 54 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ + SAIBAMAIS + Sobre as Expressões Manuais e Não Manuais dedique-se e confira a aula em três vídeos produzidos pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines): Gramática Libras - Parte 1: https://bit.ly/21Th1Jg. Gramática Libras - Parte 2: https://bit.ly/2Bed0ev. Gramática Libras - Parte 3: https://bit.ly/2oAoZR0. O acesso a nova cultura é originário do acesso a Língua de Sinais que possibilitou caminhos e auxiliou no desenvolvimentodos surdos, a língua e a cultura são construções que se complementam e acrescenta na ampliação da cultura. Geralmente associamos o termo cultura à Língua de Sinais, mas não podemos esquecer que a cultura não se resume somente a um conceito linguístico. A Língua de Sinais propiciou a formação de grupos sociais que interagem por meio dessa língua, constituindo uma coletividade surda. Felipe (2002) cita que as línguas e, consequentemente as culturas proporcionam novas sensações, por meio de sistemas que carregam categorias que, em harmonia em seus contextos, considera acontecimentos, qualidades, e outras situações que proporciona significado. Há línguas que fazem subclassificações apartando os elementos em animados e inanimados, penetrando o gênero, tamanho, o formato, a consistência, o número, o caso, o modo, LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 55 ..__ ___ _ o tempo, o aspecto e o sistema de flexão para concordância (FELIPE, 2002). Os classificadores encaixam-se na Língua de Sinais e nas Línguas Orais. Intitula-se classificador um afixo usado especificamente nas Línguas Negro-africanas, para exemplificar a classe nominal pertence de um vocábulo. Assim corno em algumas Línguas Orais e várias Línguas de Sinais, estão lá os classificadores, inclusive a Libras e esses são urna espécie de morfema gramatical e lexical, que tem a função de referir-se a classe a que pertence e descrever formas, ações verbais, etc. (FERREIRA-BRITO, 1995). Pizzio et al cita o linguistaAllan (1997), que aponta quatro tipos de classificadores nas Línguas Orais, que constituem um conjunto universal. Confira a seguir: Obrigatório 1. Línguas de classificador numeral: São línguas em que um classificador é básico em muitas expressões quantitativas e em personificações anafóricas; 2. Línguas de classificador concordante: São línguas em que os classificadores caminham juntos aos nomes e seus modificadores, predicados e pró-formas; 3. Línguas de classificador predicativo: São dominantes os verbos classificadores, que diversifica o seu radical conforme as caracteristicas das entidades que corrrunica argumentos do verbo. 4. Línguas de classificador intralocativo: Nela os classificadores nominais são in1rnduzidos em expressões locativas que forçadamente seguem nomes em muitos contextos. Referente aos tipos de classificadores, pode-se acrescentar e subdividir-se dentro de outras. 56 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ A categoria que se refere às pessoas e aos animais caracteriza as relações naturais que se desenvolve entre o gênero feminino e masculino e de adulto ou criança. As que não possuem vida representa objetos, coisas como árvores, montanhas e outros. ■ O tipo de classificador que representa formato exemplifica objetos longos, com formato arredondado que possui variadas superfícies. ■ A terceira é a densidade e associa-se com material e forma. ■ A que reúne dois grupos, é a quarta: grandes e pequenos. ■ A quinta é a localidade, que se representa um lugar de concentração, um ponto. ■ A sexta é o arranjo, que descreve um motivo específico. ■ E a sétima representa característica quantitativa, que demonstra volume, por exemplo. - REFLITA Eliminar situações que já passaram e requisitar o presente para a cultura surda se tornou objeto. Um passado mergulhado na incumbência de tornarem ouvintes e, por conta disto, aceitar o domínio da sua história os marcou de tristeza. Diante disto, surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Por isso é inaceitável prosseguirmos com as antigas realidades, contadas como antigamente, no tempo da opressão. Há outros caminhos que, mesmo ainda não percorridos precisam ser relembrados, vividos, por contemplarem a autêntica história natural e cultural dos surdos. Sim, temos nossas persistências de significação quais sejam: a busca por uma Educação Bilíngue, de qualidade, por políticas para a Língua de Sinais no Brasil, pela conquista do conhecimento inserido nas universidades, e há muitos espaços que possibilitam novas histórias e significados que nos alegra, vivenciados em nosso cotidiano e que nos reporta a outras oportunidades. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 57 ..__ ___ _ ~ ACESSE Não deixe de conferir o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker, 2000), com direção de Nadia Tass. A escritora Helen Adams Keller, surda e cega, graças à ajuda e motivação da professoraAnne Sullivan, superou as suas dificuldades. Para assistir, acesse https://bit.ly/2VJ1 EIR. Língua de Sinais e Classificadores Pizzio et al. (2008) cita que existem várias referências de classificadores verbais e formas de representação. A opção por um classificador é fundamentada no combinado lexical relacionado à concordância gramatical, o que o subdivide em conjuntos. Conforme Pizzio et al. (2008), os classificadores que exercem a ação de descrever são visualmente entendidos conforme a sua representação de imagem. Por meio deles é possível entender os elementos essenciais, incorporar ações usando os classificadores de acordo com a necessidade. Essa especificidade de classificador abrange subgmpos: o dimensional, que expõe as dimensões, a bidimensional, que é o dobro das dimensões que se vê, e o tridimensional, que demonstra todas essas dimensões que permitem registrar a sensação de introdução da ênfase visual (PIZZIO et al., 2008). Os classificadores dentro da Língua de Sinais são configurações de mãos que sinalizam aquilo que se quer com os objetos, interação com as pessoas e até mesmo com os animais. Os classificadores expressam e auxilia na interação em todos os ambientes. Segundo Felipe (2007), sinalizam em concordância com os marcadores substituindo e estabelecendo o sujeito, o objeto em questão à ação verbalizada. Os classificadores auxiliam 58 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ na representação inclusive de expressões que exigem o uso do plural. Alguns sinais são icônicos e confundem-se com os classificadores, importante atentar-se para não substituir pelo termo "classificadores", que são algumas configurações de mãos incorporadas junto a tipos de verbos específicos e que são exigidos, com os adjetivos que tem função de descrever na Língua de Sinais, por serem gesto-visuais, representam iconicamente qualidades de objetos (FELIPE, 2007, p. 173). ~ ACESSE O texto Sistema de flexão verbal na Libras: os classificadores considerados marcadores de flexão de gênero, Tanya A Felipe trata de expor os classificadores de forma clara. Não deixe de acessar: https://bit.ly/2HiOH2O. lntensificadores no discurso da Libras Os intensificadores são representados tanto pelos adjetivos quanto verbos e intensificadores que conhecemos como "rápido e muito". No caso dos verbos, incorporam advérbios transparecendo as alterações de movimentos. Os intensificadores estão presentes nas expressões não manuais, que são as faciais e corporais (FELIPE, 2007). Para intensificar uma ação repetimos o sinal que representa a expressão corporal que é geralmente um movimento lento, até por conta da própria interpretação. Para obter sucesso na realização do sinal que demonstra a intensificação rápida, a ação já deve ser incorporada por um movimento acelerado repetido várias vezes seguidamente. Um bom exemplo é o sinal de feio: LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 59 ..._ ___ _ Figura 8 - Sinal de feio Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. Perceba que no sinal de feio há uma expressão facial que colabora com a interpretação, para dizer ''muito feio" é só repetir o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade. Exemplo de Feliz: Figura 8 - Sinal de feliz Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. Perceba que no sinal de feliz há uma expressão facial que colabora com a interpretação, para dizer ''mui to feliz" é só repetir o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade. Comum usar esses intensificadores em exposiçõesna Língua de Sinais, as marcas não manuais que são as expressões faciais e corporais são bastante utilizadas pelos 60 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ surdos para argumentar ou explicitar na comunicação, dão sentido intensificado. As marcas morfológicas auxiliam no cumprimento desse papel, vamos entender: a) Morfema adjetivo: É o deslocar da cabeça e a direção do olhar, ao mesmo tempo do sinal manual, expressa um substantivo qualitativo. b) Morfemas dêiticos: É a indicação do olhar e da cabeça, ao mesmo tempo de um sinal relativo ao pronome, sinaliza uma referência de espaço singular para os referentes. c)Intensificador: Representa uma expressão facial direcionada, e alguns deslocamentos auxilia na caracterização, como o levantar das sobrancelhas, as bochechas cheias, os olhos bem abertos como se estivesse arregalado, tudo concomitante com o adjetivo, substantivo ou classificador. d) Caso modal: É uma expressão facial específica, marcada pela boca, simultânea com a marcação de um verbo, caracteriza um caso modal. e) Negação, reprovação: O Movimentação não manual marca uma expressão particular, indicada pela movimentação contínua da cabeça para os lados e testa enrugada, juntamente com um determinado sinal; a cabeça sutilmente inclinada. f) Morfema para grau de adjetivo: A proporção pode ser marcada no olhar com o movimento de dilatar ou diminuir as pálpebras em ação com o erguer das sobrancelhas e ao contrair as bochechas, tudo isso marca os graus aumentativo ou grau diminutivo e o superlativo. LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 61 ..__ ___ _ ~ ACESSE A leitura de "O discurso verbo-visual na Língua Brasileira de Sinais - Libras, de Tanya A Felipe, traz o discurso verbo-visual na Libras. Você pode acompanhar mais exemplos do uso do intensificador no discurso da Língua Brasileira de Sinais, com imagens, situações e referências de pesquisadores do terna. Saiba mais em: https://bit.ly/2VxMXLK. Alfabeto manual e números (cardinais e quantidades); condições climáticas, ano sideral e calendário Encontrarmos pessoas que associam a Língua de Sinais ao alfabeto manual, e isto é um grande equívoco, que acontece por falta de informação. Utiliza-se o alfabeto manual em três situações: ■ N ornes de pessoas e/ ou lugares ■ Palavras que desconhecemos os sinais específicos. ■ Configurar um determinado sinal. Ex.: sinal DESCULPAR configuração da mão em y. ■ Soletração rítmica, trata-se de um empréstimo da Língua Portuguesa, sendo expressa com um ritmo próprio e em situações específicas. A-C-H-O, M-Ã-E, N-Ã-O, V-A-1. 62 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ O alfabeto manual pode ser feito com qualquer uma das mãos, só o que não é possível acontecer é trocar as mãos durante a sinalização. 3- Os primeiros movimentos são doloridos por conta da falta de prática. 4- Na datilologia usa-se o espaço ao término da 1 .ª palavra (lembrando o espaço da antiga máquina de escrever manual). A-N-A (espaço) M-A-R-1-A + SAIBAMAIS + O alfabeto manual não é universal, difere de país para país. Existem apenas alguns que são semelhantes. Números Os numerais ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a mesma forma dos cardinais, mas aqueles possuem movimentos enquanto estes não possuem. Os ordinais do PRIMEIRO até o QUARTO têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais do QUINTO até o NONO têm movimentos para os lados. A partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais e ordinais". LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) (,.__6_3 ___ _ Figma 8 - Números O a 9. 3oc 4oc - -- - ~ ~ . - -'-' '-' 5oc 60< 7oc 80< goc ~ ~ ~ ((~)) - "-.:: -.._,. '-' Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. Valores Representam regras para valores. Os sinais em valores de R$ 1,00 a 4,00 por exemplo são realizados de forma de rotação avançando os números para quantidade. Observe o exemplo: Figma 9 - Valores de 1 a 4 6 - -- -~ - -~ ~ ~ - -- '-' '-' '-' Não é necessário usar o sinal de real pois o mesmo já está subentendido no contexto do movimento de rotação da mão. Os sinais para valores à partir de 6,00 deverão ser feitos com sinais de números cardinais: Figma 10 - Valores de 5 a 9 64 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Calendário - Dias da Semana Figura 11 - Sinal de Semana Figura 12 - Sinais de Dias Específicos DEZ DIAS VINTE OIAS SOLETRAR DIAS Figura 13 - Sinais de Domingo a Sábado S'feira 6' feira Sábado Domingo LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais J (~6_5 __ _ Meses do ano Figura 14: Sinal de cada mês do ano ~ ~ MÊS JANElRO FEVEREIRO (1} ~~~ FEVEREIRO (2) ABIHL i 4w MAIO JUNHO JULHO í & ~ AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO ~ & NOVEMBRO DEZEMBRO 66 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Condições Climáticas li Figura 15: Sinal de todas as estações do ano PS ESTAÇôES DO ANO sio: l i~ PRIMAVERA, QUE TEM MUITPS FLORES; ~, i~~ vml>D, QUE SEMPRE É MUrTO QUENTE: ~ lw~ ~ OUTONO, OUANDO PS FOLHAS CAEM; ~~~~ E INIIERNO, QUANDO SEMPRE É MUrTO FRIO. ~ ~~ Advérbios de tempo e flexões de frases na negativa, interrogativa e exclamativa Estrutura Sintática A estrutura gramatical da Libras não é a mesma da Língua Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente da Língua Oral. A ordem dos sinais na movimentação de um enunciado segue regras próprias que obedece a toda uma percepção visual- espacial da realidade. Perceba como as estruturas são independentes: LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 67 ..__ ___ _ Íx EXEMPLO Libras: EU IR PARQUE (Verbo direcional) Português: " Eu irei para parque. " ''para" - não se usa em Libras porque está incorporado ao verbo Libras: FLOR EU-DAR MULHERABENÇÃO (Verbo direcional) Português: "Eu dei a flor para a vovó." Libras: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) Português: "Para que serve isto?" Há alguns casos de omissão de verbos na Libras: Libras: "CINEMAO-M-E-U-H-E-R-O-I MUITO-BO@" Português: "O filme Meu herói é maravilhoso!" Exclamação Libras: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!" Exclamação P0 OBSERVAÇÃO Exclamação Na estruturação da Libras observa-se que a mesma possui regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão incorporados ao sinal. 68 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ Sinais de verbos e suas negativas Tratando da sintaxe, as sinalizações não-manuais indicam tipos de construções específicos, como acontece nas sentenças interrogativas, afirmativas, condicionais, negativas. No caso vamos focar na negativa: ■ Sentenças negativas traz um elemento de negação explícito, como o "não" o "nada", a expressão "nunca". ■ Segundo Arrotéia (2005), existem duas formas de expressar a negação não-manual em Libras. ■ Realizar o deslocamento da cabeça de um lado para o outro indicando a negação, lembrando que ele não é obrigatório, apenas está relacionado a questões discursivas. 1 º A utilização de expressões faciais de negação onde a característica facial em que há o abaixamento dos cantos da boca ou arredondamento dos lábios, sempre agregada ao abaixamento das sobrancelhas e ao discreto abaixamento da cabeça. É obrigatório o movimento de negação da cabeça por estar relacionadas a questões sintáticas. Figura 16: Sinal de Expressão negativa Fonte: Freepik LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 69 ...__ UNIDADE COLOQUIAL 70 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ -INTRODUÇAO A Libras é uma disciplina idealizada para que estudantes tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura Surda e os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil; As Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. A Libras é uma língua natural reconhecida como um meio de comunicação legal reconhecida pela Lei 10.436 de 2002, é a partir dessa lei que os profissionais da área da pedagogia,
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