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LIBRAS Língua Brasileira de Sinais e-book unidade 1 2 3 4 5 6

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ser 
educacional 
gente criando o futuro 
LIBRAS 
Língua Brasileira 
de Sinais 
© by Editora Telesapiens 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia 
autorização, por escrito, da Editora Telesapiens. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
N7541 Nobre, Etna Paloma. 
Libras: Língua brasileira de sinais [recurso eletrônico]/ Etna 
Paloma Nobre. - Recife: Telesapiens, 2019. 
116 p. : pdf 
ISBN 978-85-54921-15-6 
l.Educação 2. Libras I. Título. 
CDU 81 '221.24 
(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva - CRB 10/854) 
LIBRAS 
Língua Brasileira de Sinais 
Créditos Institucionais 
Presidente do Conselho de Administração: 
Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: 
Jânio Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: 
Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: 
Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: 
Enzo Moreira 
© 2019 by Telesapiens 
Todos os direitos reservados 
AAUTORA 
ETNA PALO MA NOBRE 
Olá. Meu nome é Etna Paloma Nobre. Sou formada 
em Letras com Especialização Lato Sensu em Educação de 
Surdos, com uma experiência técnico-profissional na área 
de Libras e Educação a Distância de mais de cinco anos. As 
minhas experiências são todas em Instituições de Ensino. 
Sou apaixonada pelo que faço e gosto de transmitir minha 
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a 
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz 
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo! 
, 
ICONOGRAFICOS 
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem 
significam: 
OBJETIVO 
Breve descrição 
do objetivo de 
aprendizagem; 
CD CITAÇÃO Parte retirada de um texto; 
A IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado; ... ,.,, 
- -, .. -
DICA 
Um atalho para resolver 
algo que foi introduzido 
no conteúdo; 
EXPLICANDO 
+ MELHOR 
Um jeito diferente e mais 
simples de explicar o que 
acaba de ser explicado; 
hD{ 
NOTA 
Uma nota explicativa 
sobre o que acaba de 
ser dito; 
RESUMINDO 
Uma síntese das 
últimas abordagens; 
DEFINIÇÃO 
Definição de um 
conceito; 
ACESSE 
Links úteis para 
fixação do conteúdo; 
SAIBA MAIS 
Informações adicionais 
sobre o conteúdo e 
temas afins; 
SOLUÇÃO 
Resolução passo a 
passo de um problema 
ou exercício; 
Íx 
EXEMPLO ,, VOCÊ SABIA? 
Explicação do conteúdo .,. Indicação de curiosidades 
ou conceito partindo de • e futos para reflexão sobre 
um caso prático; o tema em estudo; 
PALAVRA DO 
-
AUTOR 
Uma opinião pessoal e 
particular do autor da 
obra; -
REFLITA 
O texto destacado 
deve ser alvo de 
reflexão. 
, 
SUMARIO 
UNIDADE01 
O surdo no contexto histórico das sociedades, a aceitação da 
língua de sinais como língua natural da comunidade surda, 
culturas e identidades surdas ................................................ 12 
A cultura dos surdos ................................................................ 15 
Mundo solitário ........................... ............................................. 18 
Acesso e conhecimento ............................................................ 19 
Identidade surda ....................................................................... 23 
Conceito sobre Surdez e surdez na visão clinica e sócio-
antropológica ......................................................................... 25 
Aspectos filosófico e legal na educação do surdo ................. 29 
O bilinguismo na educação de surdos .................................. 32 
Escolas bilíngues na Determinação Federal nº 5.626/2005 ..... 33 
UNIDADE 02 
Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais .............. .42 
Os parâmetros da Libras ....................................................... .45 
A fonologia das Línguas de Sinais .......................................... .49 
Língua de Sinais e Classificadores ........................................... 57 
Intensificadores no discurso da Libras ..................................... 58 
Alfabeto manual e números (cardinais e quantidades); 
condições climáticas, ano sideral e calendário .................... 61 
Números ................................................................................... 62 
Valores ..................................................................................... 63 
Calendário - Dias da Semana ................................................... 64 
Meses do ano ................................................. ........................... 65 
Condições Climáticas ............................................................... 66 
Advérbios de tempo e flexões de frases na negativa, 
inten·ogativa e exclamativa ................................................... 66 
Estrutura Sintática .................................................................... 66 
Sinais de verbos e suas negativas .......................................... 68 
UNIDADE 03 
Espaço, Direção e Perspectiva ............................................... 72 
Parâmetros e Componentes ...................................................... 73 
Espaço na Libras ..................................................................... 75 
Perspectiva na Educação dos Surdos ....................................... 78 
Tempo e Numerais Ordinais ................................................. 80 
Tempo na Libras ...................................................................... 81 
Pronomes e expressões interrogativas: Quando-Passado,Quando-
Futuro, D-I-A, Que Hora, Quanta-Hora ........................................ 84 
Pronomes Pessoais ................................................................... 85 
Quando e D-I-A ........................................................................ 86 
Que-Horas e Quantas-Horas .................................................... 87 
Sinais do verbo PROCURAR e suas variações .................. 88 
UNIDADE 04 
Sinais de Diversas Profissões ................................................. 94 
Influenciadores da Profissão ................................................... 94 
Surdos x Profissões .................................................. ................ 95 
Profissão de Intérprete de Libras ............................................. 97 
Sinais de Diversas Profissões ................................................... 98 
Sinais de Diferentes Meios de Comunicação ..................... 100 
Sistema de Transição .............................................................. 102 
Libras e a Escrita de Sinais .................................................... 103 
Oralismo e Língua de Sinais .................................................. 105 
A escrita de sinais ................................................................... 106 
Módulos da Libras Conversação - Encenações Teatrais ...... 109 
Teatro em Libras ................................................................... 109 
Aspectos Cenográficos ......................................................... 112 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 9 ..._ __ 
UNIDADE 
O SURDO NA SOCIEDADE 
10 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ -INTRODUÇAO 
A LIBRAS foi idealizada para que estudantes tenham 
contato com a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais, que 
envolve os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e, 
também, as Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. 
A Língua de Sinais é a língua materna dos surdos, 
reconhecida como um meio de comunicação legal, reconhecida 
pela Lei 10.436 de 2002. É a partir dessa lei que os profissionais da 
área da pedagogia, fonoaudiologia e licenciaturas têm a garantia 
do contato com disciplina de Libras para a sua formação,o que é 
um avanço relevante tantos para esses profissionais quanto para 
a comunidade surda. 
O que você receberá aqui são informações que, com 
certeza, irão lhe auxiliar na tomada de decisões em seu percurso 
profissional, caso em sua rotina diária você encontre pessoas 
surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. 
O contexto histórico de lutas e exigências quanto a Educação 
dos Surdos no Brasil é cheio de acontecimentos, proibições e 
conquistas, será feito um retrospecto d esses fatos. A partir da 
convivência com os Surdos, conforme estudarmos, perceberemos 
que é uma comunidade que lida em sua maioria com "guetos", 
geralmente optam por parceiros com características em comum. 
Muitos se mostram inseguros com a aproximação e presença de 
ouvintes, por conta da incompreensão, este comportamento é 
resultado das ações que perduram por muitos anos, o que ainda 
perdura até hoje, porém, as dificuldades que foram vista no 
passado serviu para se chegar a um momento mais pertinente 
e acessível. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai 
mergulhar neste universo! 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 11 ..__ ___ _ 
OBJETIVOS 
Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 1, e o nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos: 
1 
2 
3 
Compreender as diferenças à respeito do surdo. 
Aplicar as técnicas de comurúcação. 
Identificar e solucionar problemas relacionados a 
convivência. 
4 Executar os procedimentos que envolvem o aprendizado e aspectos da cultura surda. 
Preparado para urna viagem sem volta mrno ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
12 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
O surdo no contexto histórico das 
sociedades, a aceitação da língua de sinais 
como língua natural da comunidade surda, 
culturas e identidades surdas 
Quais conhecimentos você tem sobre deficiência auditiva? 
Com certeza já ouviu falar a respeito dos surdos, deve ter visto 
pessoas dizendo: "todo surdo é mudo", "são muito agitados, 
se irritam fácil", "leem nossos lábios". Mas, a maioria das 
informações que adquirimos através do senso comum sobre esse 
assunto não são reais. 
Então, o objetivo deste estudo é esclarecer tais informações 
equivocadas e mostrar a realidade sobre a comunidade surda. 
A deficiência auditiva é uma diferença de atuação na 
sociedade entre um indivíduo e a sua capacidade para a retenção 
dos sons. 
A deficiência auditiva exibe uma abrangência no Brasil 
e, segundo os Decretos nº 3.298/99 e nº 5.5296/04, art. 4°, inc. 
II (BRASIL, 1999), é considerada "a perda ambilateral, restrito 
ou na totalidade, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por 
audiograma nas frequências de 500 Hertz (Hz), 1.000 Hz, 2.000 
Hz e 3.000 Hz". 
[ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter 
perda auditiva, compreende e interage com o mundo 
por meio de experiências visuais, manifestando 
sua cultura principalmente pelo uso da Língua 
Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. 
Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, 
parcial ou total, de quarenta e um decibéis ( dB) ou 
mais, aferida por audiograma nas freqüências de 
500Hz, l.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Decreto nº 
5.626 de 22 de Dezembro de 2005.) 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 13 ..__ ___ _ 
Saber diferenciar a pessoa surda, entender que a surdez 
é a perda da audição que em muitos casos ocasiona a perda 
congênita, o que por consequência surge a necessidade de 
comunicar-se pela língua de sinais, porque quem nasce surdo, 
não capta som nenhum, e por isso não adquiri a língua falada 
como forma de expressão. 
Crianças que nascem com a audição intacta podem ter 
a audição comprometida, a dificuldade pode acontecer por 
doença que causa a inutilidade da audição ou até traumatismos 
e/ou lesões. Na maioria das situações, a pessoa que aprendeu a 
expressar-se, após o ocorrido da lesão que ocasionou a perda 
auditiva, adquirirá outra forma de comunicação. Já os surdos 
de nascença, eles não são considerados deficientes porque já 
se adaptaram a outros meios compensatórios de interação e 
comunicação. 
Em ambas, mesmo com as dificuldades é importante o 
convívio na sociedade, porque em vários ambientes as duas 
caracteristicas de dificuldade auditiva estão presentes. 
+ SAIBAMAIS 
+ 
Segundo Quadros (2004), o hemisfério esquerdo do cérebro 
estabelece a linguagem, e o direito processa as informações no 
âmbito espacial. Você sabia? Isso porque a Libras é organizada 
de maneira onde a informação seja captada através de uma 
mensagem visual. Você acredita que esta língua encontra-se 
no hemisfério direito do cérebro? Negativo! Como a língua 
de sinais tem uma estrutura semelhante à língua expressa, 
neurologicamente está submissa ao hemisfério esquerdo do 
cérebro, o responsável pela linguagem. 
14 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Deixar claro essa diferença já é um bom começo para o 
entendimento da cultura surda, porque ela é bem vivenciada 
no ambiente da comunidade. 
Pertencem à cultura surda aqueles que não tem audição 
e se apropriam da língua de sinais para se expressar. Os 
deficientes auditivos, que por alguma lesão ou trauma em 
algum momento da vida, adquiriram a surdez aprenderão e 
se beneficiarão da nova forma de comunicação. 
Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de 
história visto por duas expectativas, que é o olhar doutrinário 
e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por 
pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e 
no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, 
que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos 
com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária, 
religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os 
surdos não ouviam se comunicavam pela fala, não poderiam 
ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados 
ao inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os 
membros do clero na prática da assistência a essa pessoas 
surdas, assim, os padres e demais religiosos tornaram-se 
responsáveis, zelando e cuidando da educação dos surdos. 
E diante desse olhar, antes de entender que nem todo 
surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas 
situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação 
com a surdez, como ainda não havia motivação para que 
os surdos desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que 
"todo surdo é mudo" que na verdade não deve ser usada. 
As terapias de fala auxiliaram nessa quebra de mito, 
porque desenvolvem a fala dos surdos e isso é um estímulo, 
se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente 
não é mudo. Porém, provavelmente não obteve orientações 
para o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam 
a comunicação oral. 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 15 -----
Figura 1 - Mudez x Surdez. 
Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay 
A cultura dos surdos 
As crenças criadas por falta de entendimento possibilitaram 
que muitos mitos se disseminassem, mas a partir do momento 
que foi aberto o acesso à comunicação para o surdo ele passou 
a interagir socialmente em vários ambientes dando origem 
a formação de grupos sociais, nos dando a oportunidade de 
identificar a sua cultura e peculiaridades. 
16 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ 
Figura 2 - Cultura Surda 
Fonte:Ivanovgood/Pixabay 
+ SAIBAMAIS 
+ 
Vamos refletir juntos sobre como se dá a cultura surda: vamos nos 
fazer algumas perguntas, como por exemplo, o que é cultura? ela 
está relacionada apenas aquilo que é retratado por meio da arte? 
Do conhecimento? Não, não podemos nos prender somente a isso, 
existem várias formas de expressão e entendimento do conceito 
de cultura. Muitos significados indicam o que é a cultura, mas 
vamos considerar como uma linha de comportamento que traz 
uma percepção de um grupo social, no caso, os surdos. 
Para dar uma definição de cultura surda, é coerente partir 
do senso que existe uma separaçãoque parte de ouvintes e 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 17 ..__ ___ _ 
próprios surdos que não compartilham de urna mesma cultura. 
Observe o que dizem Santana e Bergarno (2005, p. 574). 
Um outro modo de discutir a questão da cultura 
surda é bem mais complexo. Desse lado, não vale a 
pena entrar em jogos teóricos corno, por exemplo, 
se existe ou não cultura surda e seu oposto, a 
cultura ouvinte [ .. .]. Em outras palavras, seria 
preciso entender por que persistem as opiniões 
em favor da cultura surda e entender quais as 
vantagens em adotar (e defender) essa ideia. 
Assim, não parece interessante partir de urna ideia 
rígida e preconcebida do que seja ou não cultura.( 
SANTANA; BERGAMO,. 2005, p. 574) 
A história da cultura surda supera séculos, concordava-se 
que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, por 
isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a oralização não 
trazia sentido, o vocabulário não remetia a nenhum significado 
e, a partir da introdução da língua de sinais, foi possível a 
compreensão da linguagem e de tudo que lhe rodeava. 
+ SAIBAMAIS 
+ 
Diante de todo o estudo, indico o link http://culturasurda.net/ 
culturas-no-plural/ para leitura do artigo Culturas, no plural, 
em que o autor, Hugo Eiji, destaca a diversidade da cultura 
surda em vários países. A coleção online de aitefatos culturais 
das comunidades surdas carregam informações que contempla 
artes plásticas, literatura, teatro, música e dança. Disponível em: 
http: // cul turasurda.net/. 
18 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
-----
Mundo solitário 
O livro chamado O voo da gaivota, que é a autobiografia 
de uma autora surda chamada Emanuelle Laborit, relata a sua 
rotina solitária, que por orientação médica foi recomendada não 
relacionar-se com nenhum surdo, porque deveria ter em mente 
o aprendizado da língua oral. Mesmo fazendo uso do aparelho 
auditivo, as palavras expressadas oralmente não faziam sentido: 
"Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira 
desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o 
tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria 
que se esforçassem" (LABORIT, 1994, p. 39). 
Figura 3 - Surdo com aparelho auditivo. 
Fonte :Kalhh/Pixabay 
Por volta dos seus 7 anos de idade, seu pai ouviu no 
rádio uma notícia que envolvia a surdez e a língua de sinais, se 
interessou e pensou que sugeriu que para ela seria uma esperança 
de forma de comunicação. Após esse dia, a autora relata a 
importância da língua de sinais para a sua vida, seu cotidiano. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 19 ..__ ___ _ 
A esperança de um novo nascimento, o irúcio da vida 
novamente. O primeiro muro caiu. Havia ainda outros em tomo 
de mim, mas foi aberta a primeira brecha em minha prisão, iria 
compreender o mundo com os olhos e com as mãos. Sonhava. 
Estava tão impaciente! Diante de mim, havia aquele homem 
maravilhoso que me ensinava o mundo. O nome das pessoas 
e das coisas; há um sinal para Bill, um para Alfredo, um para 
Jacques, meu pai, minha mãe, minha irmã, para a casa, a mesa, 
o gato ... Vivia! E tinha tantas pe1guntas a fazer! Tantas e tantas. 
Estava ávida, sedenta de respostas,já que podiam me responder! 
(LABORIT, 1994, p. 48). 
Após esse relato, atesta-se que a língua de sinais auxilia 
em um novo sentido corno surda, abrindo os caminhos para a 
comunicação e compreensão daquilo que ainda era desconhecido, 
possibilitando a comunicação. 
Acesso e conhecimento 
A língua de sinais abriu caminhos e ajudou no 
desenvolvimentos dos surdos, possibilitando o acesso a novas 
culturas. Segundo Santana e Bergamo (2005, p. 572), "a língua e 
a cultura são dois artefatos que caminham juntos, e mais, é urna 
ferramenta na construção da cultura". 
É bem normal relacionarmos a palavra cultura à língua 
de sinais, corno se a cultura fosse formada apenas pela 
representação linguística. A língua de sinais foi urna estratégia 
de relacionamento com o mundo, ajudou a tirá-lo do isolamento 
que o cercava. 
A língua de sinais propiciou a formação de grupos sociais 
que interage e participa de urna comunidade surda. 
É notória a diferença entre a comunidade e a cultura surda, 
segundo Padden (1989, p. 5 apud FELIPE, 2007, p. 45), urna 
estudiosa linguista surda: 
20 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ 
[ ... ] uma cultura é um conjunto de comportamentos 
aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua 
própria língua, valores, regras de comportamento 
e tradições'. Ao passo que 'uma comunidade é 
um sistema social geral, no qual pessoas vivem 
juntas, compartilham metas comuns e partilham 
certas responsabilidades umas com as outras'. 
A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas 
que moram em determinadas localizações, que buscam as 
mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também pode 
ter ouvintes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de 
forma universal somente pelos surdos, pois os membros da 
cultura surda comportam-se como pessoas surdas, utilizam a 
língua de sinais e compartilham de crenças de pessoas surdas 
(FELIPE; 2007, pág.45). 
Para falar sobre a comunidade surda, precisamos entender 
que ela é regional, ou seja, formada por pessoas que moram em 
determinadas regiões, que almejam os mesmos objetivos e ela 
também pode ter ouvintes, já a cultura surda é compartilhada 
de forma mais ampla, universal, aceita somente surdos, pois 
os membros da cultura surda demonstram um comportamento 
Figura 4 - Interação e Comunicação. 
Fonte: Sasint/Pixabay 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 21 ..__ ___ _ 
singular comportam-se corno surdos, comunicam-se através da 
língua de sinais e repartem experiências e crenças. 
É importante compreender e considerá-los corno um grupo 
social, que pratica interação, se expressa e produz conhecimento 
corno qualquer outro cidadão, não entendem corno problema a 
deficiência, valorizam o uso da língua de sinais que sobrepõe a 
capacidade de expressão verbal. 
Dessa forma, quando se pensar em cultura, deve-se ter 
um conceito de um conjunto de práticas simbólicas de um 
determinado grupo: que usa a língua, as artes O.iteratura, música, 
dança, teatro), a religião, o sentimento, as ideias, as ações, o 
modo de vestir, de falar, entre tantas outras (SANTANA; 
BERGAMO, 2005, p.130). 
Esse debate de conceitos, de estudos não finda de forma 
fácil, segundo Laraia (2008, p. 63), ''provavelmente nunca 
terminará, pois urna compreensão exata do conceito de cultura 
significa a compreensão da própria natureza humana, terna 
perene da incansável reflexão humana". 
Existe urna cultura para o surdo, é a comunidade onde 
ele está inserido, onde se comunica e desenvolve signos para 
expressar interação na língua que é de sua propriedade. 
Esse reconhecimento traz urna bagagem de perseverança, 
persistência e a diversidade e aquisição pelo respeito à língua 
dos surdos. 
Há muitas realizações a se concretizarem com o 
crescimento regular da comunidade surda: 
22 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
P0 OBSERVAÇÃO 
Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato 
cultural para os surdos. Um passado imerso na obrigação 
de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros 
fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca 
mais deprimente. Diante disto, surgem novos feitos e novas 
interpretações no cotidiano. Neste sentido, se prosseguirmos 
com as velhas realidades, narradas como que no tempo colonial, 
perigamos escrever uma história de holocausto, de dominação, 
de lamentos. Mas não é por aí. .. Temos outros caminhos que, 
mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona, vivenciados 
e narrados por constituírem a genuína história natural e cultural 
dos surdos. De fato, temos nossas lutas de significação quais 
sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua 
de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades, 
por posições de igualdade, por ter intérpretes de línguade sinais 
e por serem válidos os nossos direitos. Além desses, há muitos 
espaços que possibilitam novos signos e significados que nos 
motivam, estando presentes em nosso cotidiano e que nos trazem 
algo mais desejado- encarnar essas possibilidades' como pessoas 
completamente diferentes' (PERLIM; STROBEL, 2014, p.20). 
~ ACESSE 
Indico o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker, 
2000), dirigido por Nadia Tass, que traz a história da escritora Helen 
Adams Keller, surda e cega, como ela venceu as suas dificuldades. 
O auxilio e compartilhamento da Mestre Anne Sullivan, deficiente 
visual que lhe instruiu a língua dos sinais ainda na sua fase infantil, 
Helen Keller veio a ser uma filósofa e jornalista excelente. Para 
assistir, acesse http://culturasurda.net/filmes/. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 23 ..__ ___ _ 
Identidade surda 
A história de Ernanuelle Laborit (1994) traz informações 
sobre a sociedade surda e a língua de sinais. 
[ ... ] Lugar de vida, de recreação, de aprendizado 
para os surdos. Lugar de encontro com os pais 
emedados nas mesmas dificuldades, com os 
profissionais da surdez, que colocam em causa as 
informações e as práticas do corpo médico. Pois 
eles estavam decididos a ensinar urna língua, a 
língua de sinais. Não um código, um jargão~ mas 
urna verdadeira língua. Lembrando-se da primeira 
vez em Vincennes, mamãe conta: - Senti um medo 
terrível. Confrontava-me com a realidade. Era 
corno um segundo diagnóstico. As pessoas eram 
calorosas, mas ouvi histórias sobre o sofrimento de 
crianças, o isolamento terrível que tinham vivido 
antes. Suas dificuldades de adultos, seus combates 
permanentes. Vomitei tudo aquilo. Havia me 
enganado. Tinham me enganado dizendo: 'com a 
reeducação, com o aparelho, ela vai falar. .. '. Meu 
pai conta: - Era corno se até então não houvesse 
escutado, ou não houvesse desejado escutar 'um 
dia, ela FALARÁ'. Vincennes é um outro mundo, 
o da realidade dos surdos, sem indulgência 
inútil, mas também o da esperança dos surdos. 
Certamente, o surdo chega a falar, bem ou mal, 
mas trata-se apenas de urna técnica incompleta 
para muitos deles, os surdos profundos. Com a 
língua de sinais, mais a oralização e a vontade 
voraz de comunicação que sentia em mim, iria 
fazer progressos espantosos. O primeiro, o imenso 
progresso em sete anos de existência acabara de 
acontecer: eu me chamo 'EU'. (LABORIT, 1994, 
p. 52-53), 
24 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Laborit, retrata o quanto conseguiu se encontrar, a 
proximidade com surdos e com a língua de sinais proporcionou 
uma releitura de sua identidade e a sentir-se pertencente a alguém. 
A identidade relatada foi buscada com a ajuda da 
cultura surda, que opera de maneira individual no âmbito da 
aprendizagem, diferente da vivência anterior. 
Reconhecer a si mesma pode ser chamada de uma 
identidade, há uma autenticidade para o surdo que é diferente do 
ouvinte, e até entre os próprios surdos. Há 5 possibilidades de 
identidade para o surdo: 
■ Identidade surda-Geralmente, a identidade relaciona-
se aos filhos surdos de pais surdos, instruídos a conviver com a 
percepção visual. Uma autenticidade que se destaca na atuação 
pelos direitos do surdo, que necessita da língua de sinais para 
desenvolver uma linguagem. 
■ Identidade surda híbrida - É uma percepção evidente 
nos surdos que nasceram com a audição intacta e lidam com a 
língua portuguesa e a língua de sinais. É uma analogia peculiar 
em diferentes momentos, porque são conhecedores da estrutura 
do português verbalizado. 
■ Identidade de transição - Os surdos mantidos em 
cárcere na igualdade de ouvinte, viveram parte da sua vida 
contatando pessoas que expressavam-se verbalmente e não 
relacionaram-se com surdos. Essa mudança acontece ao conhecer 
a comunidade surda e daí passarem pelo processo de "des-
ouvintização" comumente, grande número de surdos passa por 
esse estágio, posto que são filhos de ouvintes. 
■ Identidade surda incompleta - Nessa identidade, o 
surdo encontra dificuldade para assumir-se, para ingressar na 
comunidade surda por não fazer talvez uso total da língua de 
sinais, persiste percorrer ambientes que fazem parte da rotina 
dos ouvintes, não compreende e não fala na mesma simetria do 
ouvinte e por isso não está inserido em nenhum dos grupos. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 25 ..__ ___ _ 
■ Identidade flutuante - São surdos que se expõe a 
partir do dorrúnio dos ouvintes. Retratado pelo surdo que tem 
ciência ou não, que é surdo, mas a sua postura é de um ouvinte 
e insistem nisso a qualquer custo, assimilam que são surdos, 
se esforçam e pensam que a vida seria melhor corno ouvintes. 
Nessa identidade, o surdo despreza ou não tem compromisso 
com a cultura surda e vive em urna situação de conformidade 
(PERLIN, 1998). 
+ SAIBA lVIAIS 
+ 
É possível um ouvinte demonstrar urna autenticidade surda, 
em farrúlias quando os pais são surdos e os filhos ouvintes, é 
comum, o uso da língua de sinais corno língua materna, para 
apenas após um tempo adquirirem a língua pmtuguesa. 
Conceito sobre Surdez e surdez na visão 
clínica e sócio-antropológica 
Além dos mitos que ouvimos sobre a cultura surda, 
existem outras crenças sobre a língua de sinais que é 
importante sabermos ao ce1to, corno por exemplo, a mímica 
pode ser considerada sinais, a língua de sinais expressa 
pensamentos, percepções, opiniões, possibilita a discussão 
e resolução de assuntos e convicções complexos, porém, 
importante corno assuntos relacionados a nação. 
A expressão que a língua de sinais é universal também 
é mito, e essa afirmação incoerente porque não é possível 
ter urna comunicação gestual igualitária, com entendimento 
geral, para todos, da mesma maneira que existe as 
26 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
diversidades na língua falada, também a língua sinais sofre 
diferenças, ela respeita fatores gramaticais, geográficos e 
culturais. 
Há tempos que o estudo da linguística se limitava 
apenas às línguas orais, mas o advento do reconhecimento 
da língua de sinais trouxe uma nova perspectiva de 
abrangência que com o tempo vem ganhando espaço e se 
estabelecendo. As abordagens orientadas a LIBRAS vêm 
com alcance específico educacional na defesa da cultura 
surda. Essas variações não se resumem apenas à comparação 
dos processos que promove um enriquecimento do 
vocabulário, mas estão relacionadas à percepção de mundo 
e à condição de complexidade em decorrência do processo 
de aquisição da língua, aspectos culturais e até impacto 
político e social na vida dos surdos. É importante apontar 
para aspectos relacionados à organização da gramática e seu 
funcionamento. Há uma delimitação entre gesto, língua de 
sinais e aprendizado de uma segunda língua, o que gera, 
muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, por 
não terem orientação, não se identificam com outros surdos 
quando se cria um sinal determinado. 
As escolas de surdos que adotam uma proposta 
bilíngue, proporciona a interação do surdo com outros, o 
que incentiva aquisição da língua por parte das crianças, 
jovens e adultos. 
Para o surdo, o significado de cultura é compreender 
o mundo ao redor e torná-lo ao alcance e habitável, adequar 
com as suas impressões visuais, que colabora para o sentido 
das identidades surdas (STROBEL, 2008, p. 30), que 
contempla a língua, e hábitos. 
Ainda sobre os mitos que envolve a relação dos surdos, 
mesmo após a conquista da inserção da língua de sinais, 
enfrentaram impedimentos que dificultavam a aceitação por 
parte da sociedade, presença de intolerância no ambiente 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 27 ..__ ___ _ 
familiar e escolar. Segundo Strobel (2008), nas décadas de 
1970 e 1980, a aquisição de aprendizagem era indiferente, 
de controle e de disciplinarnento, as crianças surdas eram 
proibidas de se articular gestualrnente, as consequências era 
serem comparadas aos macacos, eram obrigadas a expressar-
se oralmente para seremrespeitados. 
Os surdos viam-se obrigados a todo custo a desenvolver 
a expressão oral e a leitura labial, o que gera o mito, que é 
o de que os surdos compreendem as demonstrações orais. 
Witkoski (2009) desmistifica esse mito ao expor 
que os surdos na sua maioria não fazem leitura labial, 
vários fatores envolvem o sucesso nessa técnica, corno a 
articulação, a proximidade, são fatores que colabora ou 
atrapalha a leitura labial, que para obter habilidade deve ser 
aprendido, depende muito da postura do locutor, não é urna 
prática simples, o sujeito deve estar de frente com os lábios 
do receptor, a similaridade nas articulações específicas 
letras e o conhecimento anterior das palavras proferidas 
influência no processo de leitura labial. 
[ ... ] o ambiente de conversação usual não se 
constitui num ideal de apreensão visual ao surdo; 
ao contrário. Em geral este é caracterizado pela 
presença de um falante distante, em permanente 
movimento (quando não está inclusive ausente do 
seu foco visual), que realiza trocas verbais com 
outras pessoas as quais não poderão ser observadas 
concomitantemente. Estas são as características 
mais comuns do diálogo entre ouvintes, sendo 
inclusive também as da sala de aula no ensmo 
regular (WITKOSKI, 2009, p. 569). 
28 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
A autora ainda ressalta que: 
Não é possível realizar leitura labial em toda situação, 
até porque a leitura não supre a falta de audição por conta do 
acesso às palavras expressas oralmente e identificadas pela 
leitura labial, essa ação não garante a compreensão de tudo 
o que é verbalizado. 
Essa ideia equivocada da leitura labial, que motiva 
o surdo a interagir de forma falada com um ouvinte, traz 
a tona outro mito, que os surdos ouvem algumas coisas 
que são do interesse próprio, e ainda que consigam e se 
esforcem para compreender uma informação, é muito difícil 
assimilar o diálogo na sua totalidade, até com o uso do 
aparelho auditivo existe a dificuldade em adaptar-se com os 
ruídos que o aparelho capta, o que dificulta a recepção da 
mensagem, e se o receptor não entende a língua de sinais, é 
possível que não se estabeleça uma interação. 
Veja a seguir o relato da experiência de Witkoski 
(2009, p. 571). 
Em relação a essa caracterização do comportamento do 
surdo como patológica, resgato a situação de uma linda menina 
surda, de sete anos, que conheci. Estava numa escola de surdos 
de Curitiba conversando com a professora da turma, enquanto 
acompanhava a harmonia com que os alunos interagiam através 
da língua de sinais. Nessa hora chegou a mãe de uma das alunas, 
que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando 
em Libras. Vendo o comportamento da filha, a mãe fez o seguinte 
comentário: 'Engraçado como aqui ela se comporta bem. Em 
casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não vai; 
ficar só deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às 
vezes ela começa a gritar, cada grito, que chega a doer os meus 
ouvidos!'. Perguntei se ela sabia a língua de sinais. Respondeu: 
'Não, não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar, muito 
trabalho'. (Witkoski; Surdez e preconceito. A norma da fala e o 
mito da leitura da palavra falada; 2009, p. 571) 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 29 
--------
Na situação apresentada a filha não atende ao pedido 
da mãe, que relaciona-se apenas com amigos da escola, em 
casa demonstra que é "surda", porém essa postura está 
relacionada com a apreciação que a filha tem pelo o uso da 
língua de sinais. 
Figura 6 - Língua de sinais 
Fonte: Clker-Free-Vector-Images/Pixabay 
Aspectos filosófico e legal na educação do 
surdo 
A identidade surda está ligada à língua de sinais, essa 
relação depende de como a língua de sinais é inserida como uma 
possibilidade de comunicação. 
Santana e Bergamo (2005), diz que essa relação de que a 
identidade do surdo é ligada à língua de sinais vem de pesquisas 
mostram: do contato do surdo com outro surdo que faz uso da 
língua de sinais expandem-se novas possibilidades de interação 
e compreensão, que não acontece por meio da língua oral. 
30 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
-----
Figura 7 - Criança aprende a língua de sinais. 
Fonte: OpenClipart-Vectors/Pixabay 
Vygotsky ( 1991 ), cita que as ações cognitivas essenciais 
de um ser humano tem relação direta com a sua história social, 
que traz a memória da sociedade na qual a criança desenvolve-
se socialmente, o que é bem relevante para a formação do 
pensamento, e no processo de aquisição de conhecimento, 
a língua tem um papel fundamental na designação de como a 
criança desenvolverá o seu aprendizado. 
O contato da criança com a língua de sinais influencia na 
capacidade da formação de pensamento, e o ambiente em que 
ela está inserida deverá proporcionar o servir dessa língua. 
Perlin ( 1998), chama a atenção para a aquisição de uma 
identidade que é repelida ao indivíduo no ambiente em que ele 
habita, um surdo que tem contato contínuo e direto com um 
ouvinte irá ponderar a surdez como uma deficiência tratável, e 
guiará a sua identidade sob essa perspectiva. Por outro lado, é 
positivo o surdo que tem a oportunidade de conviver e vivenciar 
uma comunidade de surdos com ouvintes, porque essa relação 
desenvolverá uma identidade que favorece e evidencia a 
diferença e não da deficiência. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 31 ..__ ___ _ 
Para Felipe (2007, p. 82), é provável identificar 
características do tipo: 
■ A maioria das pessoas Surdas sentem-se mais a vontade 
para ter relacionamento e dividir sentimentos e tal com outra 
pessoa Surda; 
■ As frases com gênero hmnorístico em tom de piadas afasta 
o desejo de conhecimento sobre a língua de sinais e sua cultura; 
■ A abordagem sobre assuntos de relacionamento, educação 
e olhar de mundo, pode ser representado em cenas teatrais. 
O surdo tem um olhar diferenciado de mundo, ele se identifica 
com as expressões faciais e corporais que são representadas com 
as mãos, que devem ser usada de forma necessária com agilidade 
e fluência, dando sentido a mensagem transmitida. 
O surdo possui urna identidade própria, independente do 
seu acesso a língua ou não, a diferença é a sua própria aceitação 
corno surdo junto com a língua de sinais, observe que aquele 
que se aceita consegue desenvolver-se e interage com o mundo 
positivamente, sob o olhar da sua comunidade e cultura surda. 
+ SAIBAMAIS 
+ 
O link abaixo exemplifica a linguística e a estrutura gramatical 
da língua de sinais, confira o vídeo com o terna Estmtura 
Gramatical da Libras, nele a estudiosa Ronice Quadros mostra 
de forma objetiva, corno funciona o uso da língua. Disporúvel 
em: https:/ /bit.ly/2Vltxov. 
32 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
O bilinguismo na educação de surdos 
Quando pesquisamos Educação bilíngue para surdos 
nos reportamos a um trabalho pedagógico que faz uso de 
línguas no desenvolvimento do processo de aprendizagem, 
de forma inclusiva. 
■ Libras - Língua de Sinais; 
■ Língua Portuguesa escrita. 
Os surdos precisam e deve ter acesso a uma educação 
bilíngue, que dê ênfase a língua de sinais como sua língua 
natural, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como 
segunda língua" (BRASIL, 2006, p. 71). 
O bilinguismo, porém, reconhecido como política pública 
brasileira, surgiu a pouco tempo, mas já existe registro de ações 
de sucesso. 
Temos um exemplo real presente na administração 
municipal de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. 
Em 2012 o município de ensino da cidade criou as Escolas 
Polo para priorizar a educação de alunos surdos. Essas instituições 
escolares regulares são de educação básica, que possuem toda a 
estrutura física e pedagógica para recepcionar e prestar atendimento 
adequado aos alunos. Alguns professores tem habilidade regular 
a Libras e são bilíngues, pois são os responsáveis pelas turmas e 
realizam os encaminhamentos das disciplinas ativas, são também 
os intérpretes de Libras.No horário oposto das aulas comuns, há 
atividades complementares prática de Libras e quem ministra é 
sempre um professor surdo. Essa é uma das iniciativas escolares 
que prioriza a educação em duas línguas. Depoimento da 
professora Nadia Aparecida Issa Pina. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 33 ..__ ___ _ 
~ ACESSE 
O Crnais, portal oficial da TV Cultura do Estado de São Paulo. 
Lá você encontra um vídeo que representa o bilinguismo, 
composto exatamente na EMEBS Professora Nadia Aparecida 
Issa Pina. Confira, leia o texto e pense sobre o modo de educação 
bilíngue exposto. Assista em: https:/ /bit.ly/31 gl UQE. 
A Determinação Federal nº 5.626, de 2005, e a Política 
Nacional de Educação Especial no Panorama da Educação 
Inclusiva, de 2008, são dois documentos essenciais que discone 
do assunto: Já ouviu falar? Vamos tratar deles agora! 
Escolas bilíngues na Determinação Federal 
nº 5.626/2005 
Mais adiante veremos os documentos oficiais, as leis e 
decretos, vamos no momento conhecer a relevância do decreto 
que apoia e estabelece o bilinguismo e a escola bilíngue no atual 
contexto educativo brasileiro. 
O Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, 
que regulamentou a Lei nºl0.436/2002 (BRASIL, 2002), 
tornando reconhecida a Língua Brasileira de Sinais corno meio 
de comunicação da comunidade surda, de mesmo modo a 
regulamentação do artigo 18 da Lei nº 10.098/2000 (BRASIL, 
2000), que trata da realização da formação de profissionais 
intérpretes para a Libras, para viabilizar a interação com os surdos. 
Encontra-se em vigor após o reconhecimento da Libras, 
em 2002, e sob a importância dos demais documentos que 
tratavam da inclusão social e ambiente escolar para surdos. 
34 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
A lei possui dizeres variados que garante a educação e a 
conservação da Libras, no status de políticas pública que garanta 
uma educação estirpe para aquisição de conhecimento que 
beneficie o surdo. A língua de sinais como ensino mandatário 
nas licenciaturas, formação específica de profissionais da área da 
educação. Essas são ações onde se estendem longos tempos para 
se solidificarem, existe a burocracia do poder público e não é só 
isso, a ausência de profissionais por outro capacitados prejudica 
a prática das diretrizes da lei. 
O objetivo do decreto é a educação dos surdos, é ampará-
los, as primeiras tratativas referente ao reconhecimento e à 
aprovação da língua de sinais e seu cumprimento de uso nos 
espaços educacionais iniciaram no ano de 1996, quando da 
execução da Câmara Técnica O Surdo e a Língua de Sinais. 
O decreto foi desenvolvido em acordo com a academia e 
com a cultura surda. O documento estabelece: 
Intitula-se Escolas de Educação Bilíngue aquelas em 
que a Libras e a escrita da Língua Portuguesa representam 
línguas de instrução inseridas no desenvolvimento do processo 
educativo. É um direito dos estudantes à escolarização em 
um período oposto ao atendimento educacional especializado 
para a complementação curricular, com aproveitamento de 
equipamentos de tecnologias de informação (BRASIL, 2005). 
Segundo o Decreto Federal (BRASIL, 2005), essa 
educação está dividida seguindo os seguintes critérios: 
■ Ensino infantil e Anos iniciais do fundamental: 
formação obrigatória de professores bilíngues para atuação em 
escolas e classes de educação. 
■ Anos finais do ensino fundamental, Médio e no Técnico 
Profissional: não se faz obrigatório que os professores sejam 
bilíngues, porém, importante conhecer as especificidades linguísticas 
e o processo de ensino-aprendizagem, dos alunos surdos. 
Imprescindível a presença de Tradutores e Intérpretes 
da Libras-Língua Portuguesa, embora, que nessas fases não se 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 35 ..__ ___ _ 
torna obrigatório que as escolas e/ou classes sejam bilíngues: 
esses rúveis de ensino também pode se realizar em escolas de 
ensino básico comum, desde que atenda as condições expostas. 
Segundo Lodi (2013, p. 54), para que a língua inicial 
de ins1Iução escolar seja a Libras, é necessário mudanças e 
reivindicações, urna vez que até mesmo a escrita das duas 
línguas é diferente. 
A presença da escrita do português nos processos 
educacionais é inerente à estruturação pedagógica, que insere 
e garante status de língua de instrução, o desenvolvimento 
de linguagem/apropriação da Libras pelos alunos surdos nos 
primeiros anos escolares é garantido e, consequentemente 
adquire-se urna base educacional. 
Após aquisição da língua materna, a Língua de Sinais, 
os alunos podem praticar com professores nativos da Língua 
Portuguesa, com o auxilio de um tradutor intérprete. 
O ensino infantil e os primeiros anos do fundamental 
deve ser cursado obrigatoriamente em escolas bilíngues, os 
demais níveis, podem ser frequentado em escolas comuns, 
sob a orientação de professores com o perfil conhecedor da 
língua e intérpretes contratados, objetivando facilitar o acesso 
aos conteúdos curriculares, em todas as atribuições didático-
pedagógicas e no auxilio e facilidade às atividades institucionais. 
Embora a escolarização do aluno surdo possa aconteça por 
intermédio de docentes que entendam as particularidades 
do ensino de surdos, fica notório que essa organização não 
descaracteriza urna escola bilíngue. 
O instrumento ao informar que as instituições federais de 
ensino devem abastar específicas constituições, também detalha 
os papéis dos agentes docentes inseridos nas escolas bilíngues: 
professor ou instrutor de Libras; tradutor e intérprete da Libras 
para a Portuguesa e vice-versa; professor para o ensino, corno 
segunda língua para os surdos, do português; e professor 
regente de classe geral, nas várias áreas de conhecimento, 
com ciência da originalidade linguística dos alunos surdos. 
36 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Frequentemente existe nas escolas, debates sobre os limites 
entre a ação do professor na sala de aula e o intérprete, e fica 
claro que o intérprete transmite a informação que é produzida 
pelo professor sem interferência sobre o raciocínio do professor. 
"É imprescindível ofertar, desde a educação infantil, 
o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como 
segunda língua para alunos surdos" (Decreto nº 5.626, de 22 
de dezembro de 2005). E para que isso seja realidade deve-se 
pensar em formas singulares de avaliação, que contemple o 
ensino de Libras e Língua Portuguesa. 
O decreto também define que se deve: 
[ ... ] adotar mecanismos de avaliação coerentes com 
aprendizado de segunda língua, na correção das 
provas escritas, valorizando o aspecto semântico e 
reconhecendo a singularidade linguística manifestada 
no aspecto formal da Língua Portuguesa; desenvolver 
e adotar mecanismos alternativos para a avaliação 
de conhecimentos expressos em Libras, desde que 
devidamente registrados em vídeo ou em outros meios 
eletrônicos e tecnológicos (Fonte: Brasil, 2005. Decreto 
nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.) 
A formação de professores para o ensino de Libras é um 
ponto importante dessa visão é que ela deve ser: 
[ ... ] posta em diálogo com a formação necessária 
para o ensino do português como segunda língua.No 
que diz respeito ao ensino de Libras, o documento, 
uma vez mais, relaciona essa formação à atuação 
nos diferentes níveis educacionais e recomenda 
que pessoas surdas tenham prioridade em todos os 
processos formativos, visando garantir, assim, que 
a apropriação dessa língua pelos alunos surdos ou 
sua aprendizagem por ouvintes, seja realizada por 
meio de seus usuários (LODI, 2013, p. 57). 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 37 ..__ ___ _ 
~ ACESSE 
É importante que você leia Decreto Federal para que você 
tenha embasamento prático e teórico na escola. Acesse-o em: 
https://bi t.ly/2MJ jx6b. 
____ 3_s____,,J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 39 ..__ ___ _ 
UNIDADE 
A CONSTRUÇÃO GRAMATICAL DA LIBRAS 
40 J ( LIBRAS - Língua Brasileirade Sinais 
----~ -INTRODUÇAO 
A disciplina de Libras foi idealizada para que estudantes 
tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura 
Surda, aos Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e as 
Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. 
A Libras é uma língua natural, reconhecida como um meio 
de comunicação legal pela Lei 10.436 de 2002, é a partir dessa 
lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia 
e licenciaturas têm a garantia do contato com a disciplina de 
Libras para a sua formação, o que é um avanço relevante tanto 
para esses profissionais como para a comunidade surda. 
O que você receberá aqui são informações que certamente 
irão lhe auxiliar na tomada de decisões, caso no seu percurso 
profissional ou na sua rotina diária você encontre pessoas surdas 
ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. 
Acredito que você já tenha assimilado que a Língua de 
Sinais Brasileira é uma língua usada nas comunidades surdas, 
então agora estudaremos juntos a parte da linguística que 
descreve a língua no âmbito da construção gramatical da Libras. 
Este material fornece informações relevantes sobre os 
fonemas na Língua de Sinais Brasileira, do ponto de vista de sua 
função na língua, que é onde começa a estrutura da gramática, 
entenderemos os parâmetros da Libras e as suas funções. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 41 ..__ ___ _ 
OBJETIVOS 
Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 2, e o nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos: 
1 
2 
3 
Obter entendimento sobre os parâmetros da Libras. 
Aprender e praticar os classificadores. 
Identificar e solucionar problemas relacionados à 
gramática da Libras. 
4 Compreender o papel e a importância intensificadores dentro do discurso. dos 
Preparado para urna viagem sem volta turno ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
42 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais 
Conhecer a Língua de Sinais é de fundamental importância, 
há inúmeras comunidade surdas espalhadas pelo país. A Libras 
foi instituída como língua pelo Decreto nº 5.626/2005. E qual é 
peso desse reconhecimento? Porque pelo que já vimos foi com o 
reconhecimento que passou a ser obrigatório o uso em todos os 
órgãos públicos, como em escolas, hospitais, prefeituras e outros 
ambientes. É possível perceber uma melhora do atendimento às 
pessoas surdas. 
Apesar da legalização ter acontecido a pouco tempo, a 
dificuldade na comunicação vem de muitos anos. Foi necessária 
uma verdadeira revolução para a aceitação da Língua de Sinais, 
pois até então, ela era tida apenas como uma linguagem expressa 
através do movimento do corpo e encarada como mímicas. 
As pesquisas da Língua de Sinais sob o olhar da linguística, 
começou a ocorrer no ano de 1957 com o observador norte-
americano William Stokoe. Em 1960, os resultados da análise 
foram notados sobre a Língua Americana de Sinais (STOKOE, 
1960) e desse momento em diante as Línguas de Sinais passaram 
a ser objeto de estudos, a linguística considerou a presença 
gramatical assim como as Línguas Orais. 
[ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter 
perda auditiva, compreende e interage com o mundo 
por meio de experiências visuais, manifestando sua 
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira 
de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se 
deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, 
de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por 
audiograma nas freqüências de 500Hz, l.000Hz, 
2.000Hz e 3.000Hz (Art. 2° do Decreto nº 5.626, de 
22 de dezembro de 2005 BRASIL, 2005) 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 43 ..__ ___ _ 
Há alguns anos, os estudos sobre linguística se limitavam 
às Línguas Orais, mas desde o início do reconhecimento da 
Língua de Sinais, um novo olhar vem sendo estabelecido. As 
pesquisas direcionadas a Libras vêm com abordagens específicas 
educacionais na defesa da cultura surda. Essas variações não 
se resumem apenas à comparação dos processos que promove 
um enriquecimento do vocabulário, mas estão relacionadas 
à percepção de mundo e à condição de complexidade em 
decorrência do processo de aquisição da língua, aspectos 
culturais e até impacto político e social na vida dos surdos. É 
importante apontar para aspectos relacionados à organização da 
gramática e seu funcionamento. Há urna delimitação entre gesto, 
Língua de Sinais e aprendizado de urna segunda língua, o que 
gera, muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, 
por não terem orientação, não se identificam com outros surdos 
quando se cria um sinal determinado. 
+ SAIBAMAIS 
+ 
O entendimento dos parâmetros contempla o perceber da fonética 
e fonologia, elas se complementam por estarem inseridas na 
linguística. O estudo da Linguística analisa as línguas nativas 
humanas, é urna ciência que estuda diferentes línguas, não se 
detém a urna análise restrita. 
44 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de 
história mediados por duas expectativas, que é o olhar doutrinário 
e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por 
pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e 
no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, 
que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos 
com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária, 
religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os 
surdos não ouviam e se comunicavam pela fala, não poderiam 
ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados ao 
inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os membros do 
clero na prática da assistência a essas pessoas surdas, assim, os 
padres e demais religiosos tornavam-se responsáveis, zelando e 
cuidando da educação dos surdos. 
E diante desse olhar, antes de entender que nem todo 
surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas 
situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação com 
a surdez, como ainda não havia motivação para que os surdos 
desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que "todo surdo é 
mudo" que na verdade não deve ser usada. 
As terapias de fala auxiliou nessa quebra de mito, porque 
desenvolvem a oralização nas pessoas surdas, e isso é o estímulo, 
se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente 
não é mudo; mas provavelmente não obteve orientações para 
o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam a 
comunicação oral. 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 45 
---------
Figura 1 - Língua de Sinais 
Fonte: OpenClipart-Vectors / Pixabay 
Os parâmetros da Libras 
A linguística explora a língua enquanto processo, preza 
pela coerência na atividade de expressar-se, a linguística é vista 
como uma ciência com características de descrição própria, 
descrever-se a si mesma, a linguística desnuda a língua, e a 
mostra de maneira autêntica. 
O estudo da linguística contempla a morfologia, a fonética, 
a fonologia, a semântica e pragmática, além disso a linguística 
tem relação com outras ciências, como a sociologia, por exemplo. 
____ 4_6~) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
Figura 2 - Fonética e Fonologia 
Fonte: GraphicMama-team / Pixabay 
A fonética explora os sons isolados, descreve os sons usados 
na linguagem humana, e a fonologia se detém a estudar sons que 
altera o significado do sentido, como pares mínimos que ressignifica 
alguma coisa, como um objeto, por exemplo, café, boné, cafuné, 
então, enquanto a fonética descreve, a fonologia explica. 
A morfologia examina os princípios internos da formação 
das palavras, com o objetivo de compreender os ajustes 
realizados entre eles (QUADROS, 2004). Essas palavras são 
produzidas por morfemas, que são as identidades significativas. 
Há morfemas que constitui vocábulo, outros são reclusos e não 
tem capacidade de habilitar palavras insubordinadas de outras 
(QUADROS, 2004). 
A sintaxeé a competência da linguística que cria e 
discorre a estrutura das sentenças de uma língua, as línguas 
possuem variadas estruturas sintáticas e, por isso, existe no seu 
desenvolvimento uma base estrutural. Quadros (2004) afirma 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 47 ..__ ___ _ 
com intensidade que a Libras carrega urna gramática de sistema 
básico que a Língua Portuguesa dominante no Brasil. 
A ordem de sequência: 
S (sujeito)+ V (verbo)+ O (objeto). 
Apesar da apresentação dessa ordem ser essencial, não 
quer dizer que as pessoas que as utiliza não se aproprie de outro 
tipo de comunicação oral. (QUADROS, 2004). 
De acordo com Quadros (2004, p. 21), "A semântica 
analisa o significado do vocábulo e da sentença". Quer dizer que, 
explora o sentido particular das palavras e também em grupos, 
que muitas vezes apresentam urna interpretação diferenciada -
a exemplo do linguajar, que são línguas regionais inerentes. A 
semântica examina os significados das sentenças, implícitos ou 
não, corno as metáforas, ironias e outros. E sob o ponto de vista 
clássico, a pragmática, que explora a linguagem na prática. 
Figura 3 -Estrutura da Comunicação 
Fonte: GraphícMama-team /Píxabay 
48 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
~ ACESSE 
Para melhor e entendimento e contribuição aos estudos, 
dedique-se clicando no link referente ao tema Estrutura 
Gramatical da Libras, onde a linguista Ronice Quadros expõe 
de forma objetiva o funcionamento da língua. Disponível em: 
https://bit. ly/2Vltxov. 
O estudo científico da língua é como uma manifestação 
natural, não delimita a análise de uma espécie de línguas, não é 
o estudo isolado do português, da Língua de Sinais Americana 
(ASL), da Língua Brasileira de Sinais, e também não se refere 
ao estudo de um conjunto de línguas com características em 
comum. Quanto mais estudarmos sobre as especificidades das 
mais diversas línguas naturais, melhor o entendimento da língua. 
A história da cultura surda supera séculos, concordava-
se que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, 
por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a língua 
verbalizada já expressava sentido, já que o vocabulário não 
remetia a nenhum significado, e a partir da introdução da Língua 
de Sinais, foi possível a compreensão da linguagem, e de tudo 
que lhe rodeava. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 49 ..__ ___ _ 
+ SAIBAMAIS 
+ 
O artigo indicado auxilia no avanço dos estudos, acesse o link 
http://culturasurda.net'culturas-no-plural/ e confira o artigo 
Culturas, no plural, do autor, Hugo Eiji, que destaca as várias 
definições da comunidade surda em diversos países. O repositório 
online também é abastecido com produções de autoria da cultura 
surda, carrega informações que envolve artes plásticas, literatura, 
teatro, música e dança. Disponível em: http://culturasurda.net'. 
Afonologia das Línguas de Sinais 
O propósito inicial da fonologia na Língua de Sinais é 
descrever as identidades mínimas da língua que são adequadas 
a formação de sinais, é ter habilidade e conhecimento para as 
normas de ajustes. 
As primeiras análises linguísticas referentes à Língua de 
Sinais deram início no periodo de 1957, no momento em que o 
estudioso William Stokoe descreve um estudo de compreensão 
da constituição dos sinais na Língua Americana de Sinais, a 
ASL (Arnerican Signs Language). Com o objetivo de trazer 
conhecimento dos sinais, ele os separou e indicou três parâmetros 
básicos: configuração de mão (CM), ponto de articulação (PA) 
e movimentos (M). 
Depois desse momento iniciaram-se pesquisas quanto a 
estrutura linguística da Libras. Autores corno Ferreira Brito (199 5), 
Quadros e Karnopp (2004) persistiram nas análises linguísticas da 
Libras para descrever a composição de seus sinais. 
Foram estabelecidos mais dois parâmetros: a orientação 
de mãos e expressões não manuais (ENM). 
50 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
---~ 
Os cinco parâmetros. 
■ Configuração de mão: São 46 configurações de mão e 
são elementos fundamentais para possibilitar a formação dos sinais. 
Figura 4 - Configurações de Mão. 
1 2 3 4 5 6 
íl[B] ~[A] ~[G] m[C] ~ ~[V] 'T [ l 
~] ~ [AJ ~G,] ~ê] ~]5,] .,-; (v·1 
~ [Bb] . ~Ai,] ~Gg] f!,(s·1 
Tui ~ [At] ~Gd] 1 [5] 
7 8 9 10 11 12 
fi"?ro1 ~[F] ~M ~ [H] ~] ~ 
~[Ô] ~[F,] cf1 {RJ ~3j ~ 
~bO] ~[FU [~ ~ [3] ~ 1,1 
13 14 15 16 17 18 19 
~ ~[K] ~I] ~RI ~t ~] ~[E] 
~ .. 1~ ~d ~ .. 1Ll 
Fonte: Ferreira Brito e Langevin, 1995 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 51 ..__ ___ _ 
Um dos parâmetros da Libras é a configuração de mãos, elas 
f orarn representadas a partir de infonnações coletadas nas irnpmtantes 
capitais brasileiras, reunidas verticalmente segwido a similitude. 
O bloco de CMs da figura refere-se somente às exposições 
ao rúvel fonético, encontradas na Libras. 
A CM pode permanecer a mesma durante a articulação de 
um sinal, ou pode alterar-se de urna configuração para outra. 
Quando acontece a alteração na configuração de mão, ocorre 
deslocamento interno da mão, fundamental mudança que 
interfere na configuração dos dedos selecionados. 
■ Ponto de articulação (PA) ou Locação (L): Lugar 
em que será realizado o sinal. O Ponto de Articulação pode se 
localizar no rosto, cabeça, braços, troncos e até pernas, corno 
acontece no sinal de "shorts". 
Pode também representar um espaço neutro, corno 
exemplifica a imagem 3. O PA exerce ação de influência no 
significado do sinal, tanto que havendo mudança de lugar, há 
também mudança de significado. Na Libras, assim corno em 
outras Línguas de Sinais que até o momento foram objetos de 
estudos, o espaço de enunciação é urna área que possui os pontos 
dentro da esfera de alcance das mãos. 
Figura 5 - Ponto de Articulação 
Fonte: Baltison, 1978. P.49 
52 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Nesse espaço interno de enunciação, define-se um número 
limitado de pontos de articulação. Alguns são mais objetivos, 
como a ponta do nariz, e outros são mais vastos, como a frente 
do tórax. 
■ Movimento (M): Este parâmetro contempla várias 
formas de movimentos importantes nas Línguas de Sinais, 
quando alterado, reflete no significado dos sinais, o que pode 
ocasionar mudança secular, necessário ter objeto e espaço. As 
mãos da pessoa que realiza o movimento representam o objeto, 
enquanto o espaço de enunciação é o espaço que abrange o corpo 
do indivíduo que enuncia. (Ferreira Brito e Langevin, 1995). O 
movimento é determinado como um parâmetro incompreensível 
por abranger um conjunto de direções, que vai de ações internas 
da mão, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais 
no espaço (Klima e Bellugi 1979). Quanto ao movimento, há 
estudos que orienta que o percurso pode estar nas mãos, pulsos e 
antebraço. Os deslocamentos direcionais podem ter um sentido 
único, duas direções ou mais. 
Figura 6 - Movimento. 
Fonte: Quadros; Karnopp. 2004. 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ) (._s_3 ___ _ 
■ Orientação da mão: É um critério determinante no 
significado do sinal. Na Libras, foram estipulados seis tipos de 
movimentos: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, 
para a direita ou para a esquerda (QUADROS, 2004). 
Figura 7 - Orientação das Mãos 
Fonte: Quadros: Kamopp, 2004 
(l'ARA 1'0RAJ 
(PIO LADO 
IPSO.AmALI 
■ Expressões não manuais (ENM): São os movimentos de 
cabeça, dos olhos, da face ou do tronco, expressam as proposições 
indicativas interrogativas, relativas, topicalização, concordância. 
54 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
+ SAIBAMAIS 
+ 
Sobre as Expressões Manuais e Não Manuais dedique-se e 
confira a aula em três vídeos produzidos pelo Instituto Nacional 
de Educação de Surdos (Ines): 
Gramática Libras - Parte 1: https://bit.ly/21Th1Jg. 
Gramática Libras - Parte 2: https://bit.ly/2Bed0ev. 
Gramática Libras - Parte 3: https://bit.ly/2oAoZR0. 
O acesso a nova cultura é originário do acesso a Língua de 
Sinais que possibilitou caminhos e auxiliou no desenvolvimentodos surdos, a língua e a cultura são construções que se 
complementam e acrescenta na ampliação da cultura. 
Geralmente associamos o termo cultura à Língua de Sinais, 
mas não podemos esquecer que a cultura não se resume somente 
a um conceito linguístico. 
A Língua de Sinais propiciou a formação de grupos 
sociais que interagem por meio dessa língua, constituindo uma 
coletividade surda. 
Felipe (2002) cita que as línguas e, consequentemente as 
culturas proporcionam novas sensações, por meio de sistemas 
que carregam categorias que, em harmonia em seus contextos, 
considera acontecimentos, qualidades, e outras situações que 
proporciona significado. 
Há línguas que fazem subclassificações apartando os 
elementos em animados e inanimados, penetrando o gênero, 
tamanho, o formato, a consistência, o número, o caso, o modo, 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 55 ..__ ___ _ 
o tempo, o aspecto e o sistema de flexão para concordância 
(FELIPE, 2002). 
Os classificadores encaixam-se na Língua de Sinais e 
nas Línguas Orais. Intitula-se classificador um afixo usado 
especificamente nas Línguas Negro-africanas, para exemplificar 
a classe nominal pertence de um vocábulo. 
Assim corno em algumas Línguas Orais e várias Línguas 
de Sinais, estão lá os classificadores, inclusive a Libras e esses 
são urna espécie de morfema gramatical e lexical, que tem a 
função de referir-se a classe a que pertence e descrever formas, 
ações verbais, etc. (FERREIRA-BRITO, 1995). 
Pizzio et al cita o linguistaAllan (1997), que aponta quatro 
tipos de classificadores nas Línguas Orais, que constituem um 
conjunto universal. 
Confira a seguir: 
Obrigatório 
1. Línguas de classificador numeral: São línguas em que 
um classificador é básico em muitas expressões quantitativas e 
em personificações anafóricas; 
2. Línguas de classificador concordante: São línguas 
em que os classificadores caminham juntos aos nomes e seus 
modificadores, predicados e pró-formas; 
3. Línguas de classificador predicativo: São dominantes os 
verbos classificadores, que diversifica o seu radical conforme as 
caracteristicas das entidades que corrrunica argumentos do verbo. 
4. Línguas de classificador intralocativo: Nela os 
classificadores nominais são in1rnduzidos em expressões 
locativas que forçadamente seguem nomes em muitos contextos. 
Referente aos tipos de classificadores, pode-se acrescentar 
e subdividir-se dentro de outras. 
56 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
A categoria que se refere às pessoas e aos animais caracteriza 
as relações naturais que se desenvolve entre o gênero feminino 
e masculino e de adulto ou criança. As que não possuem vida 
representa objetos, coisas como árvores, montanhas e outros. 
■ O tipo de classificador que representa formato 
exemplifica objetos longos, com formato arredondado que possui 
variadas superfícies. 
■ A terceira é a densidade e associa-se com material e forma. 
■ A que reúne dois grupos, é a quarta: grandes e pequenos. 
■ A quinta é a localidade, que se representa um lugar de 
concentração, um ponto. 
■ A sexta é o arranjo, que descreve um motivo específico. 
■ E a sétima representa característica quantitativa, que 
demonstra volume, por exemplo. 
- REFLITA 
Eliminar situações que já passaram e requisitar o presente para 
a cultura surda se tornou objeto. Um passado mergulhado na 
incumbência de tornarem ouvintes e, por conta disto, aceitar 
o domínio da sua história os marcou de tristeza. Diante disto, 
surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Por isso 
é inaceitável prosseguirmos com as antigas realidades, contadas 
como antigamente, no tempo da opressão. Há outros caminhos que, 
mesmo ainda não percorridos precisam ser relembrados, vividos, 
por contemplarem a autêntica história natural e cultural dos surdos. 
Sim, temos nossas persistências de significação quais sejam: a 
busca por uma Educação Bilíngue, de qualidade, por políticas 
para a Língua de Sinais no Brasil, pela conquista do conhecimento 
inserido nas universidades, e há muitos espaços que possibilitam 
novas histórias e significados que nos alegra, vivenciados em nosso 
cotidiano e que nos reporta a outras oportunidades. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 57 ..__ ___ _ 
~ ACESSE 
Não deixe de conferir o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The 
Miracle Worker, 2000), com direção de Nadia Tass. A escritora 
Helen Adams Keller, surda e cega, graças à ajuda e motivação 
da professoraAnne Sullivan, superou as suas dificuldades. Para 
assistir, acesse https://bit.ly/2VJ1 EIR. 
Língua de Sinais e Classificadores 
Pizzio et al. (2008) cita que existem várias referências de 
classificadores verbais e formas de representação. A opção por um 
classificador é fundamentada no combinado lexical relacionado à 
concordância gramatical, o que o subdivide em conjuntos. 
Conforme Pizzio et al. (2008), os classificadores que 
exercem a ação de descrever são visualmente entendidos 
conforme a sua representação de imagem. Por meio deles é 
possível entender os elementos essenciais, incorporar ações 
usando os classificadores de acordo com a necessidade. 
Essa especificidade de classificador abrange subgmpos: 
o dimensional, que expõe as dimensões, a bidimensional, que 
é o dobro das dimensões que se vê, e o tridimensional, que 
demonstra todas essas dimensões que permitem registrar a 
sensação de introdução da ênfase visual (PIZZIO et al., 2008). 
Os classificadores dentro da Língua de Sinais são 
configurações de mãos que sinalizam aquilo que se quer com 
os objetos, interação com as pessoas e até mesmo com os 
animais. Os classificadores expressam e auxilia na interação 
em todos os ambientes. 
Segundo Felipe (2007), sinalizam em concordância com 
os marcadores substituindo e estabelecendo o sujeito, o objeto 
em questão à ação verbalizada. Os classificadores auxiliam 
58 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
na representação inclusive de expressões que exigem o uso do plural. 
Alguns sinais são icônicos e confundem-se com os 
classificadores, importante atentar-se para não substituir pelo 
termo "classificadores", que são algumas configurações de 
mãos incorporadas junto a tipos de verbos específicos e que 
são exigidos, com os adjetivos que tem função de descrever 
na Língua de Sinais, por serem gesto-visuais, representam 
iconicamente qualidades de objetos (FELIPE, 2007, p. 173). 
~ ACESSE 
O texto Sistema de flexão verbal na Libras: os classificadores 
considerados marcadores de flexão de gênero, Tanya A Felipe 
trata de expor os classificadores de forma clara. Não deixe de 
acessar: https://bit.ly/2HiOH2O. 
lntensificadores no discurso da Libras 
Os intensificadores são representados tanto pelos adjetivos 
quanto verbos e intensificadores que conhecemos como 
"rápido e muito". No caso dos verbos, incorporam advérbios 
transparecendo as alterações de movimentos. Os intensificadores 
estão presentes nas expressões não manuais, que são as faciais e 
corporais (FELIPE, 2007). 
Para intensificar uma ação repetimos o sinal que representa 
a expressão corporal que é geralmente um movimento lento, até 
por conta da própria interpretação. 
Para obter sucesso na realização do sinal que demonstra 
a intensificação rápida, a ação já deve ser incorporada por um 
movimento acelerado repetido várias vezes seguidamente. 
Um bom exemplo é o sinal de feio: 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 59 ..._ ___ _ 
Figura 8 - Sinal de feio 
Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. 
Perceba que no sinal de feio há uma expressão facial que 
colabora com a interpretação, para dizer ''muito feio" é só repetir 
o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade. 
Exemplo de Feliz: 
Figura 8 - Sinal de feliz 
Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. 
Perceba que no sinal de feliz há uma expressão facial que 
colabora com a interpretação, para dizer ''mui to feliz" é só repetir 
o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade. 
Comum usar esses intensificadores em exposiçõesna Língua de Sinais, as marcas não manuais que são as 
expressões faciais e corporais são bastante utilizadas pelos 
60 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
surdos para argumentar ou explicitar na comunicação, dão 
sentido intensificado. 
As marcas morfológicas auxiliam no cumprimento desse 
papel, vamos entender: 
a) Morfema adjetivo: É o deslocar da cabeça e a direção 
do olhar, ao mesmo tempo do sinal manual, expressa um 
substantivo qualitativo. 
b) Morfemas dêiticos: É a indicação do olhar e da cabeça, 
ao mesmo tempo de um sinal relativo ao pronome, sinaliza uma 
referência de espaço singular para os referentes. 
c)Intensificador: Representa uma expressão facial 
direcionada, e alguns deslocamentos auxilia na caracterização, 
como o levantar das sobrancelhas, as bochechas cheias, os olhos 
bem abertos como se estivesse arregalado, tudo concomitante 
com o adjetivo, substantivo ou classificador. 
d) Caso modal: É uma expressão facial específica, marcada 
pela boca, simultânea com a marcação de um verbo, caracteriza um 
caso modal. 
e) Negação, reprovação: O Movimentação não manual 
marca uma expressão particular, indicada pela movimentação 
contínua da cabeça para os lados e testa enrugada, juntamente 
com um determinado sinal; a cabeça sutilmente inclinada. 
f) Morfema para grau de adjetivo: A proporção pode ser 
marcada no olhar com o movimento de dilatar ou diminuir as 
pálpebras em ação com o erguer das sobrancelhas e ao contrair 
as bochechas, tudo isso marca os graus aumentativo ou grau 
diminutivo e o superlativo. 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 61 ..__ ___ _ 
~ ACESSE 
A leitura de "O discurso verbo-visual na Língua Brasileira de 
Sinais - Libras, de Tanya A Felipe, traz o discurso verbo-visual 
na Libras. Você pode acompanhar mais exemplos do uso do 
intensificador no discurso da Língua Brasileira de Sinais, com 
imagens, situações e referências de pesquisadores do terna. 
Saiba mais em: https://bit.ly/2VxMXLK. 
Alfabeto manual e números (cardinais e 
quantidades); condições climáticas, ano 
sideral e calendário 
Encontrarmos pessoas que associam a Língua de Sinais ao 
alfabeto manual, e isto é um grande equívoco, que acontece por 
falta de informação. 
Utiliza-se o alfabeto manual em três situações: 
■ N ornes de pessoas e/ ou lugares 
■ Palavras que desconhecemos os sinais específicos. 
■ Configurar um determinado sinal. Ex.: sinal 
DESCULPAR configuração da mão em y. 
■ Soletração rítmica, trata-se de um empréstimo da 
Língua Portuguesa, sendo expressa com um ritmo próprio e em 
situações específicas. 
A-C-H-O, M-Ã-E, N-Ã-O, V-A-1. 
62 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
O alfabeto manual pode ser feito com qualquer uma das 
mãos, só o que não é possível acontecer é trocar as mãos durante 
a sinalização. 
3- Os primeiros movimentos são doloridos por conta da 
falta de prática. 
4- Na datilologia usa-se o espaço ao término da 1 .ª palavra 
(lembrando o espaço da antiga máquina de escrever manual). 
A-N-A (espaço) M-A-R-1-A 
+ SAIBAMAIS 
+ 
O alfabeto manual não é universal, difere de país para país. 
Existem apenas alguns que são semelhantes. 
Números 
Os numerais ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a 
mesma forma dos cardinais, mas aqueles possuem movimentos 
enquanto estes não possuem. Os ordinais do PRIMEIRO até o 
QUARTO têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais 
do QUINTO até o NONO têm movimentos para os lados. A 
partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais 
e ordinais". 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) (,.__6_3 ___ _ 
Figma 8 - Números O a 9. 
3oc 4oc - -- -
~ ~ . - -'-' '-' 
5oc 60< 7oc 80< goc 
~ ~ ~ ((~)) 
- "-.:: -.._,. '-' 
Fonte: Quadros; Kamopp, 2004. 
Valores 
Representam regras para valores. 
Os sinais em valores de R$ 1,00 a 4,00 por exemplo são 
realizados de forma de rotação avançando os números para 
quantidade. Observe o exemplo: 
Figma 9 - Valores de 1 a 4 
6 - -- -~ - -~ ~ 
~ - -- '-' '-' '-' 
Não é necessário usar o sinal de real pois o mesmo já está 
subentendido no contexto do movimento de rotação da mão. 
Os sinais para valores à partir de 6,00 deverão ser feitos 
com sinais de números cardinais: 
Figma 10 - Valores de 5 a 9 
64 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Calendário - Dias da Semana 
Figura 11 - Sinal de Semana 
Figura 12 - Sinais de Dias Específicos 
DEZ DIAS VINTE OIAS SOLETRAR DIAS 
Figura 13 - Sinais de Domingo a Sábado 
S'feira 6' feira Sábado Domingo 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais J (~6_5 __ _ 
Meses do ano 
Figura 14: Sinal de cada mês do ano 
~ ~ 
MÊS JANElRO FEVEREIRO (1} 
~~~ 
FEVEREIRO (2) ABIHL 
i 4w 
MAIO JUNHO JULHO 
í & ~ 
AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO 
~ & 
NOVEMBRO DEZEMBRO 
66 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ 
Condições Climáticas 
li 
Figura 15: Sinal de todas as estações do ano 
PS ESTAÇôES DO ANO sio: 
l i~ 
PRIMAVERA, QUE TEM MUITPS FLORES; 
~, i~~ 
vml>D, QUE SEMPRE É MUrTO QUENTE: 
~ lw~ ~ 
OUTONO, OUANDO PS FOLHAS CAEM; 
~~~~ 
E INIIERNO, QUANDO SEMPRE É MUrTO FRIO. 
~ ~~ 
Advérbios de tempo e flexões de frases 
na negativa, interrogativa e exclamativa 
Estrutura Sintática 
A estrutura gramatical da Libras não é a mesma da Língua 
Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente 
da Língua Oral. 
A ordem dos sinais na movimentação de um enunciado 
segue regras próprias que obedece a toda uma percepção visual-
espacial da realidade. 
Perceba como as estruturas são independentes: 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 67 ..__ ___ _ 
Íx EXEMPLO 
Libras: EU IR PARQUE 
(Verbo direcional) 
Português: " Eu irei para parque. " 
''para" - não se usa em Libras porque está incorporado ao verbo 
Libras: FLOR EU-DAR MULHERABENÇÃO 
(Verbo direcional) 
Português: "Eu dei a flor para a vovó." 
Libras: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) 
Português: "Para que serve isto?" 
Há alguns casos de omissão de verbos na Libras: 
Libras: "CINEMAO-M-E-U-H-E-R-O-I MUITO-BO@" 
Português: "O filme Meu herói é maravilhoso!" Exclamação 
Libras: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR 
Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!" 
Exclamação 
P0 OBSERVAÇÃO 
Exclamação 
Na estruturação da Libras observa-se que a mesma possui regras 
próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, 
porque esses conectivos estão incorporados ao sinal. 
68 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ----~ 
Sinais de verbos e suas negativas 
Tratando da sintaxe, as sinalizações não-manuais indicam 
tipos de construções específicos, como acontece nas sentenças 
interrogativas, afirmativas, condicionais, negativas. 
No caso vamos focar na negativa: 
■ Sentenças negativas traz um elemento de negação 
explícito, como o "não" o "nada", a expressão "nunca". 
■ Segundo Arrotéia (2005), existem duas formas de 
expressar a negação não-manual em Libras. 
■ Realizar o deslocamento da cabeça de um lado para o 
outro indicando a negação, lembrando que ele não é obrigatório, 
apenas está relacionado a questões discursivas. 
1 º A utilização de expressões faciais de negação 
onde a característica facial em que há o abaixamento 
dos cantos da boca ou arredondamento dos lábios, 
sempre agregada ao abaixamento das sobrancelhas 
e ao discreto abaixamento da cabeça. 
É obrigatório o movimento de negação da cabeça por estar 
relacionadas a questões sintáticas. 
Figura 16: Sinal de Expressão negativa 
Fonte: Freepik 
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 69 
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UNIDADE 
COLOQUIAL 
70 J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
----~ -INTRODUÇAO 
A Libras é uma disciplina idealizada para que estudantes 
tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura 
Surda e os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil; As 
Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. 
A Libras é uma língua natural reconhecida como um meio de 
comunicação legal reconhecida pela Lei 10.436 de 2002, é a partir 
dessa lei que os profissionais da área da pedagogia,

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