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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2024 - VOLUME 4 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S Disponibilizado Por Alexandria LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 England win Women’s Euro 2022, but the biggest winner is the sport itself It is perhaps unfair to draw too many comparisons between the men and women’s game, but with both reaching a Euro final Wembley within 12 months, it is inevitable that both occasions will be measured against each other. A year ago, the men’s final was marred by disgraceful scenes of fan violence outside the stadium, with ticketless supporters rushing the turnstiles and physically intimidating children in order to illegally enter the ground. An inquiry has since confirmed excessive alcohol and drug consumption during a day of carnage before and after England’s biggest game since 1966. For the women’s final, the atmosphere was completely different. It was welcoming and inclusive, as young families were able to mingle without fear of being attacked or verbally abused. There were no abusive chants, and no booing of national anthems from a crowd of 87,192 – a record for both the men’s and women’s European championships, surpassing the men’s 1964 final, in which 79,115 watched Spain play the Soviet Union in Madrid. It was a day when football showed that it can still take place in an atmosphere of civility. OGDEN, M. Disponível em: . Acesso em: 6 ago. 2022. [Fragmento] O texto comenta os contrastes entre as partidas das seleções masculina e feminina inglesas de futebol na final do campeonato europeu. Ao compará-las, o autor aponta que a final masculina A. marcou a primeira vitória inglesa desde 1966. B. recebeu um número menor de famílias no estádio. C. ficou marcada pela invasão de torcedores sem ingresso. D. perdeu torcedores devido a episódios de violência. E. ultrapassou o recorde de público da final de 1964 em Madri. Alternativa C Resolução: No primeiro parágrafo, o autor do texto revela que, no ano anterior, a final masculina havia sido marcada por cenas de violência dos torcedores fora do estádio, alguns dos quais estavam sem ingressos, pulando as catracas e intimidando crianças para conseguirem entrar ilegalmente no estádio. Logo, a alternativa correta é a C. As demais alternativas estão incorretas porque: A) A final masculina foi a mais importante para a Inglaterra desde 1966, mas, como o texto não informa quem ganhou o jogo, não é possível afirmar que foi a primeira vitória inglesa desde aquele ano. B) O texto não informa se houve um número menor de famílias no estádio na final masculina, embora destaque a presença de famílias na final feminina. D) O texto ressalta que houve episódios de violência durante a final masculina, mas não diz que essa final perdeu torcedores por esse motivo. E) Foi a final feminina que ultrapassou o recorde anterior de público, não a masculina. QUESTÃO 02 WATTERSON, B. Disponível em: . Acesso em: 4 mar. 2024. A partir da leitura dessa tirinha, infere-se que Calvin cita a expressão linear time em sua resposta como forma de A. demonstrar seu conhecimento sobre o assunto. B. negar a hipótese através do método científico. C. pôr à prova a verdadeira definição do tempo. D. questionar qual é a relevância dos testes. E. descreditar a importância da pergunta. MSEM E9ZQ ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: No trecho apresentado, Sylvia Plath escreve que ama as pessoas como um colecionador de selos ama a coleção dele. Em sua visão, toda história, todo acontecimento e qualquer conversa é como matéria- -prima. Assim, ela traça um paralelo entre o amor de um colecionador de selos pela coleção dele e o seu próprio amor para demonstrar o tratamento das histórias alheias como seu acervo particular, como aponta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a autora não afirma, em momento algum, que tem vontade de agradar o seu público com boas narrativas. Além disso, essa explicação não tem relação com a comparação do enunciado. A alternativa B está incorreta, pois a autora não cita o colecionador de selos para demonstrar a possibilidade de escrever relatos de grupos minoritários, mas sim para dizer que as histórias alheias são como uma coleção para ela. Além disso, não é possível inferir que seu interesse nessas histórias alheias é limitado a grupos minoritários. Como explicado anteriormente, trata-se da visão da autora de que a vida dos demais é um tipo de fonte de inspiração e que, se ela pudesse, gostaria de ser todas essas pessoas (I would like to be everyone). A alternativa C está incorreta, pois, apesar de a autora desejar “viver sob a pele” dessas pessoas, ela reconhece que não é onisciente e que precisa viver sua própria vida. Além disso, esse desejo é o de experienciar a vida, e não somente as emoções dessas pessoas. A alternativa D está incorreta porque a autora não afirma reconhecer-se como impessoal enquanto poeta. Ela diz que o seu amor por essas pessoas não é impessoal e também não é completamente subjetivo, mas não faz juízo de valor sobre a sua própria impessoalidade. QUESTÃO 04 Pre-2020, office culture was synonymous with the ‘cool’ office: think places to lounge, stocked pantries and in-office happy hours that went all out. In past years, these perks drew many workers to the office. The world of work looks and feels entirely different than just a few years ago – yet many companies are still intent on recreating the office cultures workers left behind as they abandoned their desks in 2020. Yet swaths of employees simply aren’t interested in going backward. Instead of trust-falls and cold brew on tap, employees are demanding flexible work, equitable pay and a focus on humanity in the workplace that transcends the perks they sought years earlier. One major factor in this changing attitude is that many employees feel office culture simply isn’t applicable in a remote – and hybrid-first world, where the physical office can feel superfluous. Office culture that was once meant to get employees excited doesn’t have the same pull when workplaces are only one-third full. STONE, L. ‘Office culture’ as we know it is dead. Workers have other ideas. Disponível em: . Acesso em: 4 mar. 2024. [Fragmento adaptado] SWTN Alternativa E Resolução: Calvin, ao realizar um exame, depara-se com uma pergunta, da qual ele desconhece a resposta, sobre um acontecimento no dia 16 de dezembro de 1773. Então, sua estratégia é citar que ele não acredita na linearidade do tempo e que, portanto, responder à pergunta é impossível e não tem importância. No último quadrinho, ele afirma que, em momentos de dúvida, deve-se negar todos os termos e definições. Assim, ele cita a linearidade do tempo para descreditar a importância da pergunta, negando-a porque desconhece a resposta correta. Dessa forma, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque ele não cita a linearidade do tempo como forma de demonstrar seu conhecimento sobre o assunto, mas sim para negar a importância da data e o evento que nela ocorreu. A alternativa B está incorreta porque ele não nega uma hipótese, mas sim defende uma. A data do passadoque a realidade vivida pelos indivíduos nas organizações mostra-se cada vez mais individualista e competitiva, focando a obediência sem questionamentos, levando o indivíduo a vivenciar conflitos pautados em duas realidades: o trabalho que os identifica como um ser ativo na sociedade e pertencente a uma organização e a empresa que o explora e o ignora. Assim, a obediência passiva, atrelada à necessidade de sobrevivência e de manutenção do emprego, implica a falência do processo criativo, na medida em que leva à sujeição e à aceitação apática. GARCIA, I.; TOLFO, F. Assédio moral no trabalho: uma responsabilidade coletiva. Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 1, abr. 2011. Disponível em: . Acesso em: 29 fev. 2024. [Fragmento adaptado] Na introdução do artigo científico, a reflexão das autoras sugere que o assédio moral no ambiente de trabalho A. decorre de uma estrutura opressiva. B. resulta de comportamentos passivos. C. inibe o foco na produtividade laboral. D. reflete a obediência dos trabalhadores. E. alimenta a criatividade do colaborador. Alternativa A Resolução: Logo no início do texto, as autoras sugerem que a questão do assédio moral tem raízes num contexto social e organizacional mais amplo. A partir disso, a análise delas indica que esse contexto social e organizacional baseia-se em uma sociedade fundamentada no foco na produtividade em detrimento do ser humano, que, refletida nas organizações de trabalho, promove uma cultura individualista e competitiva, exigindo do trabalhador uma obediência sem questionamento. As autoras colocam essas características (e, posteriormente, suas consequências) como ponto em comum nas relações de trabalho, de forma a identificar, então, uma estrutura que fortalece o assédio moral no ambiente de trabalho. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta: o texto indica que a estrutura exige o comportamento passivo do trabalhador, logo, ele é uma característica do assédio moral, não um motivo pelo qual ele ocorre. A alternativa C está incorreta: o texto aponta que uma das raízes do problema é justamente o foco na produtividade, que é algo visado / enaltecido, não inibido. A alternativa D está incorreta: a obediência dos trabalhadores não é pontuada, no texto, como elemento causador de assédio moral. Por fim, a alternativa E está incorreta: o texto pontua justamente o contrário, indicando que o assédio moral implica a falência do processo criativo. ANRE ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 24 2ª Carta – Ah! tu, meu Sancho Pança, tu que foste da Baratária o chefe, não lavraste nem uma só sentença tão discreta! E que queres, amigo, que suceda? Esperavas, acaso, um bom governo do nosso Fanfarrão? Tu não o viste em trajes de casquilho*, nessa corte? E pode, meu amigo, de um peralta formar-se, de repente, um homem sério? Carece, Doroteu, qualquer ministro apertados estudos, mil exames. E pode ser o chefe onipotente quem não sabe escrever uma só regra onde, ao menos, se encontre um nome certo? *Casquilho: pessoa que se veste com refinamento exagerado. GONZAGA, T. A. Cartas Chilenas. Disponível em: . Acesso em: 1 fev. 2024. [Fragmento adaptado] Ainda que um intervalo de cinco séculos separe a poesia árcade das cantigas de maldizer, o fragmento de Cartas Chilenas e o gênero português assemelham-se, pois ambos A. identificam a pessoa ridicularizada explicitamente. B. denunciam a corrupção da administração pública. C. valem-se da ambiguidade das palavras nas sátiras. D. manifestam-se através de uma linguagem irônica. E. apontam a vaidade de governadores ambiciosos. Alternativa A Resolução: A obra Cartas chilenas é de autoria do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga e teve como propósito denunciar a corrupção da administração de Luís da Cunha Menezes, governador de Minas Gerais, quando o estado ainda era classificado como capitania, na segunda metade do século XVIII. Ainda que o nome do político não esteja exposto no fragmento da questão, há indícios do apontamento da vaidade e corrupção de uma figura de autoridade, nos fragmentos “Esperavas, acaso, um bom governo / do nosso Fanfarrão? Tu não o viste / em trajes de casquilho, nessa corte?” e “E pode, meu amigo, de um peralta / formar-se, de repente, um homem sério?”. Portanto, a crítica explícita a uma autoridade é a característica presente nesta poesia árcade e nas cantigas portuguesas de maldizer, como aponta corretamente a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois as críticas estão direcionadas particularmente a uma pessoa, não a toda administração pública de forma generalizada. A alternativa C está incorreta, pois as palavras que têm como objetivo apontar o governador estão postas em seus significados literais, de forma assertiva, não sugerem flutuações ou possibilidades de interpretação. A alternativa D está incorreta, pois a figura de linguagem “ironia” constrói-se a partir da negação do que é dito, isto é, declara-se um enunciado com o objetivo de comunicar seu revés. No entanto, no caso do fragmento de Cartas chilenas, as frases são elaboradas através de um discurso literal, assertivo. A alternativa E está incorreta, pois a vaidade do governador mineiro é apontada particularmente nessa obra, não sendo um traço compartilhado pelos gêneros árcade e cantigas de maldizer. FG4O LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 25 BECK, A. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2024. Na tirinha, Armadinho vale-se de uma espécie de adjetivação para A. restringir o sentido da droga à qual se refere. B. introduzir, no primeiro quadro, o assunto do trabalho. C. omitir o sujeito da oração principal a partir da forma verbal “escolhi”. D. conferir suspense ao tema da apresentação por meio do aposto “o poder”. E. explicitar, no segundo quadro, o complemento nominal, a expressão “à sociedade”. Alternativa A Resolução: O elemento que contribui para a quebra de expectativa característica do gênero tirinha é o uso da palavra “droga”, no primeiro quadrinho. Abordada em contexto escolar, na apresentação de um trabalho por uma criança, a palavra motiva o leitor a associar seu significado a um composto químico que cause dependência. Essa associação é intensificada no segundo quadrinho, quando o personagem restringe a droga a que se refere àquela “que mais vicia e causa danos à sociedade”. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois, no primeiro quadrinho, há uma afirmativa que anuncia o tema do trabalho de Armandinho sem se valer de estratégias de adjetivações para a elaboração do anúncio. A alternativa C está incorreta, pois a omissão do sujeito principal da forma verbal “escolhi” não é viabilizada por qualquer tipo de adjetivo ou processo de adjetivação como mencionado pelo enunciado. A alternativa D está incorreta, pois o que confere suspense à apresentação de Armandinho não é o aposto em si, mas a pausa sugerida pelas reticencias nos quadrinhos 2 e 3. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a adjetivação serve a um propósito restritivo, referindo-se à droga, não a expressão “à sociedade”. QUESTÃO 26 Estamos assistindo novamente ao recrudescimento das atividades garimpeiras ilegais que, na verdade, estão espalhadas por toda a Amazônia e, também, em partes do Cerrado. As Terras Indígenas Yanomamis ainda apresentam focos de garimpos ilegais e muitos indígenas ainda estão sofrendo e até morrendo pela ação nefasta do garimpo ilegal. O número de mortes ainda está em patamares inaceitáveis. Em outra localidade da Amazônia, no estado do Amapá, um estudo publicado recentemente pelo IEPÉ (Instituto de Pesquisa e Formação Indígena) demonstrou que a atividade garimpeira ilegal na região do Lourenço, dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, cresceu maisde 300% no período de um ano. Em Rondônia, no rio Madeira, a situação é caótica. E por aí vai. Tudo isso para extrair o precioso metal que atende, fundamentalmente, à poderosa indústria de joias, cujos principais consumidores são os extratos mais ricos das sociedades de várias partes do mundo. Ou seja, podemos afirmar que a destruição da Amazônia e seus povos originários é, também, causada por quem consome joias de ouro. Será que um anel, um relógio, ou um colar de ouro pode ser considerado símbolo de status ou é símbolo de destruição da Amazônia? ESPÍRITO SANTO, C. V. O garimpo ilegal de ouro e a destruição da Amazônia. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2024. [Fragmento] Ao tratar sobre o garimpo ilegal na Amazônia, o artigo de opinião reitera sua tese a partir de um(a) A. dado numérico de valor expressivo. B. pergunta retórica destinada ao leitor. C. ironia ao referenciar a matéria-prima. D. constatação da reincidência do problema. E. identificação do perfil do público comprador. WD9Y Z6SH ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Apresentada a tese, contrária às atividades garimpeiras na Amazônia, as consequências da atividade ilegal e aqueles que estão envolvidos no crime, por compor a cartela de clientes que impulsionam esse tipo de mercado, o fragmento termina com uma pergunta direcionada ao leitor, cuja resposta é óbvia, dadas as informações anteriores. Um anel, um relógio ou um colar de ouro é considerado pelo autor do texto um símbolo de destruição da Amazônia e dos que nela vivem, por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois o dado numérico a que se refere a alternativa é o aumento de 300% na atividade garimpeira ilegal, informação que compõe a contextualização do tema. A alternativa C está incorreta, pois a referenciação ao ouro como “precioso metal” é feita no texto como uma estratégia coesiva, para evitar a repetição desnecessária do termo. A alternativa D está incorreta, pois a constatação da reincidência do problema se dá no início do texto, em “Estamos assistindo novamente”, quando a tese defendida ainda não havia sido apresentada. A alternativa E está incorreta, pois a identificação do público comprador faz parte da construção da contextualização da situação-problema, não resume a totalidade da tese do autor. QUESTÃO 27 Quanto seria mais ditoso! Quanto Melhor lhe fora o acabar a vida Na frente do inimigo, em campo aberto, Ou sobre os restos de abrasadas tendas, Obra do seu valor! Tinha Cacambo Real esposa, a senhoril Lindóia, De costumes suavíssimos e honestos, Em verdes anos: com ditosos laços Amor os tinha unido; mas apenas Os tinha unido, quando ao som primeiro Das trombetas lho arrebatou dos braços A glória enganadora. Ou foi que Balda, Engenhoso e sutil, quis desfazer-se Da presença importuna e perigosa Do índio generoso; e desde aquela Saudosa manhã, que a despedida Presenciou dos dous amantes, nunca Consentiu que outra vez tornasse aos braços Da formosa Lindóia e descobria Sempre novos pretextos da demora. GAMA, B. O Uraguai. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972. 371N O Arcadismo brasileiro ganhou novas nuances se comparado com o movimento europeu, graças à organização da sociedade no Brasil Colônia, nos anos 1700. A influência dos elementos coloniais na produção literária da época fica evidente no fragmento de O Uraguai por meio do(a) A. contemplação dos acontecimentos no instante presente. B. culto à natureza como resultado da crítica à vida urbana. C. ambientação em um refúgio idealizado pacífico e bucólico. D. exaltação da figura feminina como ideal de beleza e moral. E. nativismo presente na figura do índio como bom selvagem. Alternativa E Resolução: O movimento árcade tem como principal influência a cultura grega e o Renascimento, afastando-se dos excessos do Barroco. Entre as principais características do movimento, destacam-se a racionalidade e a simplicidade, elementos que levam às principais temáticas das obras deste momento, como a fugere urbem, fuga da cidade, o locus amoenus, a ideia de um ambiente bucólico e ideal, e a necessidade de se aproveitar o presente, expressa pelo lema carpe diem. É importante destacar que o movimento brasileiro ganhou características próprias ao longo do seu desenvolvimento, expressando a ideologia dos colonos que se apossaram do território americano e subjugaram as populações indígenas, impondo-lhes outra cultura. Uma figura interessante que surge nas produções dessa época e que se estende ao Romantismo é a figura do bom selvagem, o mito do homem natural, que se concretiza no fragmento de O Uraguai na representação do relacionamento de Cacambo e Lindóia. Desse modo, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o lema carpe diem é também característico do Arcadismo europeu. Ademais, a obra como um todo trata da guerra entre jesuítas e índios contra portugueses e espanhóis e o fragmento demonstra como o conflito impede o relacionamento amoroso de Cacambo e Lindóia. A alternativa B está incorreta, pois o elemento natural retratado no fragmento se restringe à figura do índio, aqui idealizado. A alternativa C está incorreta, pois o texto apresenta consequências do conflito na vida do casal, o que elimina do fragmento a ideia de um refúgio pacífico e bucólico. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois a idealização no texto estende-se também a Cacambo. LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 28 Um estudo publicado na revista Science Advances mostrou que, desde o ano 1950, o mundo já produziu mais de 8,3 bilhões de toneladas de plásticos. Dessa quantidade exorbitante de resíduo sólido, a metade foi feita apenas nos últimos anos, o que aponta um crescimento descontrolado da prática nociva ao meio ambiente. A Organização das Nações Unidas já vem trabalhando a conscientização dos territórios há alguns anos, incentivando que os países parem de investir nesse tipo de indústria. Portanto, para que o plástico de uso único pare de ser um problema – seja com o banimento ou redução de produção –, é necessário que as pessoas se conscientizem e façam pressão nos governos. Desta forma, todos podem lutar por um mundo mais limpo e saudável, sem a necessidade de consumir produtos que podem facilmente ser substituídos por alternativas ecologicamente corretas. NÓBREGA, A. Plástico de uso único: o que é e seus impactos. Disponível em: . Acesso em: 30 jan. 2024. [Fragmento adaptado] Percebe-se, no texto, uma argumentação direcionada à A. proposição de substitutos para os plásticos. B. responsabilidade social de mudança do cenário. C. denúncia de descaso governamental com a ecologia. D. necessidade de banimento dos materiais em questão. E. crítica ao consumo de materiais nocivos ao ambiente. Alternativa B Resolução: O último parágrafo do fragmento do texto apresenta como uma das saídas para o problema do plástico de uso único a conscientização e cobrança das pessoas aos governos. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois menciona-se de forma generalizada a substituição dos plásticos de uso único por alternativas ecologicamente corretas, sem especificá-las. A alternativa C está incorreta, pois as instituições governamentais são citadas duas vezes no texto, na primeira de forma indireta, ao mencionar o trabalho de conscientização e incentivo da ONU na redução da produção de plásticos, e, na segunda ocorrência, localizando-as como a instância a que as pessoas devem recorrer em suas reivindicações. Assim, em nenhuma das menções há denúncias contra os governos. A alternativa D está incorreta, pois o banimento é uma das opções previstas pelo fragmento de texto, bem como a redução de sua produção. Portanto, ambos os argumentos são válidos e utilizadosno texto, sem que um se sobreponha ao outro. A alternativa E está incorreta, pois a constatação de que o plástico é nocivo ao meio ambiente permeia a argumentação na forma de senso comum, ou seja, não se manifesta como parte efetiva dos argumentos para mudança do cenário. QUESTÃO 29 COSTA, J. Disponível em: . Acesso em: 4 fev. 2024. A imagem é um cartaz sobre elementos da cultura indígena presentes no cotidiano brasileiro. Considerando esse contexto, a sentença presente demonstra uma opinião de que o A. crescimento do país possibilitou a compreensão da história dos primeiros habitantes. B. colonizador transformou os objetos artesanais em produtos para retorno financeiro. C. desenvolvimento nacional incorporou aspectos culturais dos povos originários. D. povo brasileiro precisa da produção indígena para garantir a sua subsistência. E. linguajar indígena está presente nas construções culturais da sociedade. LOGJ DTME ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A sentença “A sua história começa com a minha!” demonstra, relacionada às imagens presentes, que ocorreu uma incorporação de elementos indígenas durante o desenvolvimento da sociedade brasileira, pois é possível inferir que o enunciador da frase é o responsável pela elaboração dos elementos visuais disponibilizados, ou seja, os povos indígenas. Dessa forma, a história da identidade brasileira começa com a dos povos indígenas, por isso, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois o que se entende é que os elementos incorporados no cotidiano dos brasileiros têm origem indígena, ainda que se desconheça esse fato. A alternativa B está incorreta, pois não há elementos na imagem que relacionem os objetos à atividade mercadológica, apenas é possível relacionar sua presença ao cotidiano do povo brasileiro. A alternativa D está incorreta, pois não se trata de uma relação de dependência, mas da constatação de uma herança cultural passada de um povo para o outro. A alternativa E está incorreta, pois vai além dos termos linguísticos utilizados, com a adesão dos objetos sinalizados. QUESTÃO 30 Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras, e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e foram-se para cima. [...] Bastará dizer-vos que até aqui, como quer que eles um pouco se amansassem, logo duma mão para outra se esquivavam, como pardais, do cevadoiro. Homem não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais; e tudo se passa como eles querem, para os bem amansar. CAMINHA, P. V. A carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: . Acesso em: 5 fev. 2024. [Fragmento] No texto, há uma característica do período do Quinhentismo na representação dos indígenas marcada pela A. análise de seu modo de vida despreocupado. B. exposição da relação harmônica com o europeu. C. percepção de sua conexão com os elementos naturais. D. descrição de aspectos relacionados à inocência natural. E. avaliação de suas capacidades através da visão europeia. Alternativa D Resolução: Ao mencionar os indígenas, o autor descreve-os de forma inocente, falando de suas danças e diversão, além de apresentar a comparação com os animais, o que gera uma imagem da inocência natural do ser humano “não civilizado”, selvagem. Assim, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não seria modo de vida despreocupado, mas inocente e curioso sobre os viajantes. A alternativa B está incorreta, pois a relação harmônica não é um traço característico do Quinhentismo. Além disso, a harmonia é uma informação ressaltada no texto como algo passageiro, que não encobre as menções a atitudes esquivas e a necessidade de “amansar” os povos indígenas mencionados. Essa menção, já no final do fragmento, possibilita a inferência de que a relação entre colono e colonizadores nem sempre foi harmoniosa. A alternativa C está incorreta, pois os elementos naturais são destacados com o objetivo de traçar uma comparação entre o perfil comportamental dos povos indígenas, por vezes bravios, como “animais monteses” e desconfiados como “pardais do cevadoiro”. Essa estratégia serve para demonstrar a natureza selvagem dos homens, não para destacar a conexão entre a natureza, ainda que a possuíssem. A alternativa E está incorreta, pois não há uma avaliação das capacidades dos indivíduos, mas uma descrição de seus modos. 6XS9 LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 31 Canto I 2 Não falaremos do Três Vezes Hermes nem do modo como em ouro se transforma o que não tem valor – apenas devido à paciência, à crença e às falsas narrativas. Falaremos de Bloom e de sua viagem à Índia. Um homem que partiu de Lisboa. 10 Falaremos da hostilidade que Bloom, o nosso herói, revelou em relação ao passado, levantando-se e partindo de Lisboa numa viagem à Índia, em que procurou sabedoria e esquecimento. E falaremos do modo como na viagem levou um segredo e o trouxe, depois, quase intacto. TAVARES, G. M. Uma viagem à Índia. São Paulo: Leya, 2010. [Fragmento] O texto anterior dialoga com a tradição literária do gênero épico, pois recupera a A. virtude de espírito conferida ao europeu. B. conexão religiosa entre o herói e o divino. C. relação entre o herói e figuras mitológicas. D. jornada de um herói em busca de aventura. E. imagem do herói como representante real. Alternativa D Resolução: O gênero épico comporta narrativas históricas em versos que apresentam um episódio heroico da história de um povo. A narrativa se volta para ações nobres realizadas por heróis virtuosos e é permeada por elementos tradicionais, como figuras da mitologia. O fragmento de Uma viagem à Índia deixa clara a referência estrutural ao gênero épico, ao organizar-se em versos que se dividem em cantos e apresentar o prólogo, parte da estrutura dos textos épicos. Apesar de ressignificar elementos clássicos do gênero, o fragmento deixa evidente a presença da figura do herói, Bloom, que parte em uma viagem em busca de sabedoria e esquecimento, a sua aventura. Desse modo, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois o herói é hostil à tradição e é apresentado como um homem moderno qualquer, sem nenhuma virtude específica. A alternativa B está incorreta, pois o texto recusa as crenças e apresenta os textos clássicos como falsas narrativas, distanciando Bloom da religiosidade ou da divindade. ZROV A alternativa C está incorreta, pois a mitologia é apresentada como contraposição a Bloom, deixando claro que essa narrativa não lida com feitos grandiosos. A alternativa E está incorreta, pois a hostilidade revelada em relação ao passado se transfere também para sua terra natal, Lisboa, não havendo vínculo que estabeleça Bloom como representante do povo lisboeta, ou de alguma realeza. QUESTÃO 32 A lente do amor grudou na retina e trouxe a realidade para a paixão. Agora, nela, vêem-se poros abertos, veias desconcertantes e azuis ao lado das narinas, que inspiram e expiram o cansaço enfisêmico dos pulmões que já inflaram de êxtase e susto, espera e dor. Como é engraçada a miopia dos amantes histéricos. Mas os olhos podem descansar do criativo, as lentes revelam o cabelo debaixo da peruca e, abaixo do cabelo, o couro. Que por vezes escama e coça e dá vontade de escalpelar. Como é engraçada averdade que ninguém quer ouvir. E aqueles, antes cegos, quase idiotas, reconhecem primeiro a sombra, depois os relevos, enfim as cores e as texturas. E as lentes preenchem a transparência, entupindo-a de estômagos, pâncreas, fígados e intestinos; não dando mais para ver-se – vê-se o outro. Então há o horror, e por fim, que é começo, o amor. Como é engraçada a vida, posto que é só isso. YOUNG, F. A lente do amor. In: ______. Dores do amor romântico. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. O eu lírico mobiliza recursos de linguagem com o objetivo de tematizar no poema a A. transposição da identidade do amante para o ser amado. B. simbologia subjetiva para a compreensão dos sentimentos. C. ironia das relações nos comentários particulares do eu lírico. D. evolução do sentimento idealizado à aceitação real do outro. E. reação fisiológica das etapas de um relacionamento amoroso. SFGB ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O poema elabora o tema do amor através da ideia de que a visão dos enamorados está corrompida durante o período da paixão. Essa visão é caracterizada pela interferência de fatores que impedem a percepção da realidade, como uma lente, a miopia, alcançando até a cegueira. Quando então a paixão é substituída pelo amor, o ser amado consegue ser visto, reconhecido em sua totalidade. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois as identidades não se misturam, elas ficam ocultas até que a lente do amor permite sua percepção. A alternativa B está incorreta, pois, ainda que o tema do amor proporcione a subjetividade, os símbolos utilizados para representar os sentimentos foram objetivos, como a lente, o distúrbio visual “miopia”, os órgãos que preenchem o espaço do ser amado. A alternativa C está incorreta, pois os comentários entre as estrofes do poema tratam das relações entre as pessoas, mas não se constroem a partir de ironias. A alternativa E está incorreta, pois os elementos relacionados à fisiologia humana são utilizados como forma de preencher corretamente a percepção do ser amado, servindo como apoio para a descrição de apenas uma das etapas do relacionamento amoroso. QUESTÃO 33 Dia sim, dia não, surge alguma nova “técnica” que precisa ser observada se você quiser fazer um café impecável. Primeiro veio o mandamento da água em temperatura precisamente controlada. Recentemente, descobriram que é preciso umedecer os grãos antes de moer. Agora dizem até que o expresso deve ser extraído sobre uma esfera congelada, para não perder os compostos voláteis. As novidades não param. E assim o simples preparo de um bom café se torna uma sequência de passos extenuantes. Café, nunca custa lembrar, é uma bebida de massa. Pobre, rico, brancos e pretos, todos bebem café no Brasil. A bebida está presente em quase 100% dos lares, de norte a sul do país. Não deve, pois, estar cercado de tanta burocracia. Tal qual um bom feijão com arroz não requer uma infinidade de equipamentos e técnicas dificílimas, também o preparo do café não deve envolver tamanha pedantaria. LUCENA, D. A gourmetização exagerada está acabando com o prazer de tomar um cafezinho? Disponível em: . Acesso em: 29 fev. 2024. [Fragmento adaptado] A progressão textual auxilia na concepção da tese de David Lucena sobre a gourmetização do café, pois, para evidenciar seu posicionamento, o autor A. enumera práticas modernas de preparo. B. questiona a efetividade de ferramentas. C. referencia outros alimentos brasileiros. D. considera as descobertas científicas. E. constata a popularidade da bebida. 19XY Alternativa E Resolução: Para contextualizar o tema da gourmetização, especificamente do consumo de café, o texto progride para o argumento do autor sobre a popularidade da bebida, como forma de refutar a necessidade de equipamentos e procedimentos que a gourmetização tenta impor ao preparo. Por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois a enumeração de novas práticas se apresenta no texto com indícios da reprovação do autor, a saber, o uso de aspas na palavra “técnica”, o uso de palavras como “mandamento” e “extenuantes”, que significa “exaustivo”. A alternativa B está incorreta, pois, apesar de abordar a grande quantidade de equipamentos que estão agora envolvidos na produção do café, não se questiona sua funcionalidade, mas sua necessidade. A alternativa C está incorreta, pois a menção ao feijão com arroz faz parte da estratégia de exemplificação da tese do autor, que se baseia na popularidade dos alimentos e a incoerência em superelaborar sua produção. A alternativa D está incorreta, pois a descoberta sobre a necessidade de umedecer os grãos é uma das técnicas apresentadas como novidades desnecessárias pelo autor. QUESTÃO 34 FRAGONARD, J.-H. Le Petit Parc. [entre 1764 e 1765]. Óleo sobre tela, 37 × 45 cm. Coleção do Museu Wallace Collection, Londres. Os elementos da obra de Fragonard propõem um(a) A. exaltação do trabalho rural, expondo a relação humana com o ambiente. B. fuga da urbanidade por meio da expressão etérea do cenário retratado. C. aspecto divino aos momentos de contemplação do ser humano. D. valorização do amor na abordagem da relação juvenil inocente. E. resgate da simplicidade pelo trabalho familiar de subsistência. 62A8 LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resoluções: A obra remete ao ambiente bucólico afastado das questões urbanas, demonstrando a tranquilidade da vida no campo, traço característico do Classicismo. Por isso, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois não se trata de exaltação do trabalho, mas de uma valorização da vida no campo. A alternativa C está incorreta, pois não se pode dizer que se trata de uma representação de momento de contemplação, mas de um dia no cotidiano do interior. A alternativa D está incorreta, pois não se trata de amor dos jovens, visto que o foco da obra está na construção da natureza. A alternativa E está incorreta, pois não se trata de simplicidade, visto que o ambiente se apresenta de forma imponente. QUESTÃO 35 Diz das bananas: “Também há uma fruta que lhe chamam bananas, e pela língua dos índios pacovas: há na terra muita abundância delas: perecem-se na feição com pepinos, nascem numas árvores muito tenras e não são muito altas, nem têm ramos senão folhas muito compridas e largas. Esta é uma fruta muito saborosa e das boas que há na terra, tem uma pele como de figo, a qual lhes lançam fora quando as querem comer e se come muitas delas fazem dano à saúde e causam febre a quem se desmanda nelas. E assadas maduras são muito sadias e mandam-se dar aos enfermos. Estas pequenas têm dentro em si uma cousa estranha, a qual é que quando as cortam pelo meio com uma faca ou por qualquer parte que seja acha-se nelas um sinal à maneira de crucifixo, e assim totalmente o parecem’’. Diz da sensitiva: “esta planta deve ter alguma virtude muito grande a nós encoberta, cujo efeito não será pela ventura de menos admiração, porque sabemos de todas as ervas que Deus criou ter cada uma particular virtude com que fizessem diversas operações naquelas cousas para cuja utilidade foram criadas; quanto mais esta que a natureza nisto tanto quis assinalar, dando-lhe um tão estranho ser e diferente de todas as outras cousas”. GANDAVO, P. M. Tratado da Terra do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 29 fev. 2024. [Fragmento] Na linguagem do cronista português, verifica-se a tentativa de ressaltar o caráter exótico do Novo Mundo ao A. realizar comparações entre alimentos brasileiros e europeus. B. atribuir autoria divina aos alimentos até então desconhecidos. C. documentar a nomenclatura da banana numa língua indígena. D. acrescentar características misteriosas às descrições das frutas.E. revelar funções utilitárias além do benefício nutricional das frutas. TKXA Alternativa D Resolução: Em alguns momentos do texto, o cronista português elabora, junto com a descrição da banana, certo grau de mistério em “Estas pequenas têm dentro em si uma cousa estranha”, “acha-se nelas um sinal à maneira de crucifixo”, “esta planta deve ter alguma virtude muito grande a nós encoberta”. O tom de mistério contribui para perpetuar o caráter exótico do Novo Mundo, por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois as comparações realizadas entre a banana e os pepinos e figos se dá como parte da estratégia descritiva adotada pelo cronista para aproximar o leitor da aparência da fruta, partindo dos alimentos a que ele tem acesso. A alternativa B está incorreta, pois não apenas aos alimentos se atribui autoria divina, mas a toda a fauna e flora do novo continente. Além disso, essa autoria corresponde à crença cristã católica da época e não é característica apenas do período das crônicas de viagens. A alternativa C está incorreta, pois, apesar de mencionar que a banana recebe o nome de “pacova” numa língua indígena, o objetivo do texto é descrever a fruta e seus usos. A alternativa E está incorreta, pois, ainda que se mencione a utilidade medicinal da banana, não é este fragmento descritivo que contribui para ressaltar o caráter exótico do novo mundo. QUESTÃO 36 SÃO LOURENÇO Dizei-me o que quereis desta minha terra em que nos vemos. GUAIXARÁ Amando os índios queremos que obediência nos prestem por tanto que lhes fazemos. Pois se as coisas são da gente, ama-se sinceramente. SÃO SEBASTIÃO Quem foi que insensatamente, um dia ou presentemente? os índios vos entregou? Se o próprio Deus tão potente deste povo em santo ofício corpo e alma modelou! GUAIXARÁ Deus? Talvez remotamente pois é nada edificante F3LC ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO a vida que resultou. São pecadores perfeitos, repelem o amor de Deus, e orgulham-se dos defeitos. AIMBIRÊ Bebem cuim a seu jeito, como completos sandeus ao cauim rendem seu preito. Esse cauim é que tolhe sua graça espiritual. Perdidos no bacanal seus espíritos se encolhem em nosso laço fatal. SÃO LOURENÇO Não se esforçam por orar na luta do dia a dia. Isto é fraqueza, de certo. ANCHIETA, J. Auto representado na festa de São Lourenço. Disponível em: . Acesso em: 5 fev. 2024. [Fragmento] No auto de José de Anchieta, o objetivo textual catequizador é percebido no(a) A. disputa dos seres místicos pela posse dos nativos. B. explanação do viver indígena enquanto falha espiritual. C. reconhecimento do trabalho desempenhado pelo santo. D. atribuição da posse da terra indígena aos santos da Igreja. E. valorização dos ritos cristãos para fortalecer o ser humano. Alternativa B Resolução: O objetivo catequizador do texto é percebido na abordagem do modo de vida dos indígenas, projetando uma figura diabólica e seu assistente como os responsáveis por aqueles que não se converterem ao cristianismo. A posse dos indígenas justifica-se pelo desvio espiritual, perceptível principalmente em “Perdidos no bacanal / seus espíritos se encolhem / em nosso laço fatal” e “Não se esforçam por orar / na luta do dia a dia. Isto é fraqueza, de certo”. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois não se trata de possuir os nativos de forma literal. A primeira fala de Guaixará aponta a reivindicação à obediência dos nativos. A alternativa C está incorreta, pois o ofício mencionado na fala de São Sebastião não se refere a um trabalho executado por ele, mas por Deus, no momento de criação do povo indígena. A alternativa D está incorreta, pois a declaração que menciona a posse da terra parte da primeira fala de São Lourenço, que questiona seu interlocutor: “Dizei-me o que quereis desta / minha terra em que nos vemos”. Dessa frase, infere-se a posse da terra por parte do santo católico, mas este tema não é debatido entre ele e a figura diabólica com quem dialoga. A alternativa E está incorreta, pois o rito cristão mencionado, a oração, não faz parte das práticas dos indígenas e São Lourenço comenta que a ausência desse costume configura uma fraqueza espiritual dessas pessoas. QUESTÃO 37 Tenho tanto sentimento Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar; E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar. PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990. Os recursos sonoros escolhidos para estruturar o poema anterior enriquecem os sentidos construídos no texto, pois A. os versos que rimam reforçam um paralelismo semântico. B. as palavras que se repetem ecoam as três vozes do eu poético. C. a constância das rimas contrasta com a inconstância do eu lírico. D. o ritmo frenético demonstra a luta entre o eu, o mundo e a verdade. E. os sons consonantais recorrentes refletem uma proposta de união. XK5F LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: No poema, há uma divisão dos sentimentos em reais, de “Uma vida que é vivida”, e imaginados, de “outra vida que é pensada”. O texto apresenta o esquema de rimas ABCBAC / ABCABC / ABCABC, cuja regularidade contrapõe-se à inconstância do eu lírico. Este, por exemplo, tem muito sentimento, mas reconhece que isso são, de fato, pensamentos. Por isso, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois os versos que rimam não possuem necessariamente paralelismo semântico, ou seja, não há semelhança entre os significados presentes nos elementos que rimam. A alternativa B está incorreta porque o eu lírico do poema fala por si (“sou sentimental”) e por um “nós” que representa “todos que vivemos”, totalizando apenas duas vozes. A alternativa D está incorreta, porque o eu lírico se mostra dividido entre dois espaços: um do sentimento vivido (“sou sentimental”) e outro do sentimento pensado (“tudo isso é pensamento”). A alternativa E está incorreta, pois o poema mostra um eu lírico dividido entre o viver e o pensar. QUESTÃO 38 PREFEITURA DE SANTA CRUZ DO RIO PARDO. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2024. Os elementos verbais e não verbais da campanha governamental visam A. identificar o Carnaval enquanto evento propício à violência. B. pautar a necessidade de denunciar casos de violência sexual. C. conscientizar a população a respeito da ideia de consentimento. D. promover um lema enquanto medida de segurança nas festividades. E. alertar os homens sobre o dever de respeitar as decisões das mulheres. Alternativa C Resolução: O slogan “Não é não!” busca reforçar, por meio da repetição, a qualidade de negação de uma proposta. Ou seja, ele enfatiza que a recusa de alguém deve ser respeitada, pois qualquer desrespeito à vontade do outro constitui assédio, como expresso na frase “Depois do não, tudo é assédio!” presente na campanha, conscientizando, dessa forma, a respeito da necessidade do consentimento nas interações humanas, conforme aponta corretamente a alternativa C. A alternativa A está incorreta: a campanha busca conscientizar a população como meio de evitar acontecimentos violentos, mas não há, no cartaz, elementos que demarquem o Carnaval como um evento perigoso / violento. A alternativa B está incorreta: o texto verbovisual não tematiza a denúncia de crimes de violência sexual. A alternativa D está incorreta: o lema funciona como o mote da campanha, mas não caracteriza uma medida de segurança. Por fim, a alternativaE está incorreta: a campanha não faz recorte de gênero, de forma a indicar que o respeito à vontade / decisão do outro independe de gênero e deve vir de todas as pessoas. 77R7 ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 39 Apesar de todo o esforço dos atletas de diversas modalidades, os esportes paraolímpicos recebem uma visibilidade ínfima se comparados aos olímpicos. Eles carecem de divulgação e investimento, o que é diretamente sentido pelos atletas durante as competições. “A gente fica muito triste. O Pan-Americano, por exemplo, ninguém vê, não tem uma rede de televisão que divulga, que mostra, que lança, que bomba, sabe?”, desabafa Míriam Pio, atleta de para-taekwondo. A principal fonte de renda dos atletas são os patrocínios, contratos em que uma marca oferece financiamento para aquele esportista em troca de divulgação do nome ou produtos da empresa. Para isso, tais marcas precisam identificar os atletas como influenciadores que têm um grande alcance de pessoas. Atualmente, Míriam e Cristiane Alves, do halterofilismo adaptado, não possuem nenhum patrocínio e elas não são exceção. Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, dos 309 atletas brasileiros, 131 não tinham patrocínio algum, 36 realizaram permutas, 41 fizeram vaquinhas para arrecadar dinheiro e 33 conciliaram o esporte com outros empregos. VELOSO, I. Como a falta de visibilidade afeta os esportes paraolímpicos. Disponível em: . Acesso em: 1 fev. 2024. [Fragmento adaptado] A reportagem organiza as informações de forma que a falta de visibilidade dos esportes paraolímpicos tem como causa a A. existência de outros atletas sem qualquer tipo de patrocínio. B. carência de apoio mercadológico à modalidade paraolímpica. C. confirmação dos fatos descritos através da fala de uma das atletas. D. precisão das informações numéricas referentes aos Jogos de Tóquio. E. banalização e descaso dos esportes praticados pelos atletas brasileiros. Alternativa B Resolução: O texto constrói sua linha discursiva de forma a alinhar o fator financeiro à visibilidade dos esportes paraolímpicos. Essa problemática se estende tanto aos eventos quanto aos atletas, a citar a divulgação do Pan-Americano e o número de atletas sem investimento nos jogos Paralímpicos de Tóquio. Por isso, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a falta de patrocínio dos atletas não é a causa para a falta de visibilidade dos esportes. Ambos os fatores funcionam como exemplos para sustentar a tese de que a modalidade paraolímpica possui uma visibilidade ínfima se comparada à olímpica. As alternativas C e D estão incorretas, uma vez que a fala da atleta Míriam Pio tem como função gerar credibilidade ao que se declara a respeito da divulgação dos jogos; e os dados numéricos, explicitar a realidade dos patrocínios dos atletas. No entanto, nem a fala da atleta nem os números expressam a causa para a falta de visibilidade da modalidade. A alternativa E está incorreta, pois fatores como “banalização” e “descaso” podem ser inferidos a partir dos dados apresentados, mas não são colocados explicitamente na notícia como a causa da falta de visibilidade da modalidade olímpica. QUESTÃO 40 Um pedaço de tecido quadrado multicolorido, como um xadrez pintado a sete cores. Assim é a whipala, bandeira típica dos povos andinos nas cores vermelha, amarela, branca, verde, azul e violeta, que, no idioma aimará (da etnia homônima), significa “objeto flexível, ondulante e quadriculado”, ou ainda “felicidade ou triunfo que ondula ao vento”. Inventada no período pré-colonial por etnias que compunham o Império Inca (1438-1533) na região dos Andes, a whipala foi criada como símbolo sagrado usado na agricultura, em festas, cerimônias e outros eventos sociais dos povos andinos. Após a colonização espanhola, o emblema colorido foi também associado à resistência política indígena. Alimentada desses significados, a whipala resistiu ao tempo, ultrapassou as antigas fronteiras incas e hoje é símbolo da cultura e de manifestações políticas de indígenas na Bolívia (onde é bandeira oficial), no Peru, no norte da Argentina e do Chile, no sul do Equador e no oeste do Paraguai. VICK, M. O que é a whipala. E qual sua relevância para povos andinos. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2024. Ao apresentar a whipala, o autor tem como principal objetivo evidenciar o(a) A. simbologia política de resistência dos povos originários. B. significado inferido através do aspecto físico da bandeira. C. influência da bandeira como símbolo da união latino-americana. D. resposta aos problemas encadeados pela colonização espanhola. E. apagamento das construções indígenas na história do povo andino. HØ8U 94EP LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A reportagem tem como objetivo apresentar a bandeira wiphala, sua origem, história e importância para a resistência política andina. Ao descrever a bandeira multicolorida, o autor chama a atenção para a diversidade de culturas e etnias que cada uma das cores representa, bem como sua expansão representativa no continente americano. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois a proposta do fragmento de texto é apresentar a bandeira sob uma ótica diversa, abordando também seu aspecto físico, mas não apenas ele, uma vez que discorre sobre seu significado e adoção por diversos países. A alternativa C está incorreta, pois, ainda que tenha ultrapassado as fronteiras do Peru, país de origem, não são tecidas considerações sobre as relações políticas, econômicas ou culturais entre os demais países que adotaram a bandeira. A alternativa D está incorreta, pois a bandeira existia previamente à colonização espanhola. O que é trazido no excerto é a ampliação de seu significado após a dominação colonizadora. A alternativa E está incorreta, pois, ao contrário do que propõe a alternativa, a bandeira nasceu como símbolo dos povos andinos. QUESTÃO 41 Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2024. Na campanha governamental, observa-se o uso da função conativa da linguagem para o encorajamento do turismo. A partir disso, como estratégia de persuasão, tem-se a A. motivação pela arte e gastronomia. B. recepção calorosa dos estrangeiros. C. promoção do comércio interestadual. D. divulgação dos pratos típicos brasileiros. E. comparação de elementos culturais regionais. Alternativa A Resolução: A campanha apresenta imagens de pratos típicos tanto no canto direito da imagem quanto na composição da letra “o” da palavra “pronto”, além da imagem de um teatro no canto superior esquerdo, de forma, então, a relacionar a noção de estar “pronto para o turismo” com a oferta de culinária e arte disponível no país, conforme aponta corretamente a alternativa A. A alternativa B está incorreta: não há elementos na campanha que indiquem a receptividade do brasileiro com estrangeiros. A alternativa C está incorreta: a arte e a culinária não indicam um estado específico do Brasil, mas buscam representar de forma genérica o país como um todo. A alternativa D está incorreta: os pratos representados ilustram a culinária brasileira, mas não são especificados ou tematizados centralmente, logo, o objetivo da campanha não é de divulgação desses pratos em si, uma vez que eles foram colocados como elemento de persuasão ao turismo no Brasil. Por fim, a alternativa E está incorreta: a campanha não indica os estados a que pertencem as imagens utilizadas, uma vez que pauta uma ideia geral sobre o Brasil, logo, não há comparação entre as culturas regionais. VN2R ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 42 Contra fatos não há argumentos. Nem mesmo opiniões de antepassados. O diário de Colombo era o passado; a carta de Vespúcio, o futuro. Mundus Novus informa a vitória, por um, dos sonhose cobiça de muitos reinos. Desfaz um dogma estruturante da religiosa geografia da Idade Média. Confirma uma esperança agora observável. Sempre que voltava à Europa, prestava contas aos seus patrocinadores. Escrevia seus relatórios, memorandos, e-mails de viagem. O que relatavam estas cartas, precioso depositório de informações a correr o mundo civilizado? Contavam de tudo. Dos céus e dos mares. Das tempestades e da bonança. Das estrelas que guiavam e das estrelas que confundiam. Das novas terras, dos mares e dos rios. Animais e peixes nunca vistos. Vespúcio comunicava o espanto e a admiração. A perda de fôlego, diante de tudo, nunca dantes visto. Suas cartas de fluxo livre ajudaram a tecer a rede das comunicações do século XVI. Moldavam e influenciavam investimentos, jogos do poder, artes e ciências. Forjavam a pauta do futuro, a agenda do amanhã. Subsidiavam a dúvida renascentista na sua batalha contra a fé medieval. Retiravam da Igreja a tarefa de dizer a geografia do mundo. FALCÃO, J. Mundus Novus: por um novo direito autoral. Revista Direito GV, São Paulo, v. 1, n. 2, jun.-dez. 2005. [Fragmento] A chamada Literatura de Viagem tem como característica principal o registro das viagens das navegações europeias. A carta Mundus Novus, de Américo Vespúcio, consagrou sua relevância histórica, de acordo com o texto, porque A. dialogava diretamente com os governos colonizadores. B. combatia a crença da Igreja sobre a formação da Terra. C. valorizava a capacidade exploratória do Novo Mundo. D. atuou como agente de mudança em diversas áreas. E. alcançou os patrocinadores influentes da corte. Alternativa D Resolução: O texto indica que Américo Vespúcio colocava todos os detalhes e pormenores de sua viagem nas cartas. Isso empolgou os portugueses, bem como os outros reinos para desbravarem o Novo Mundo, interferindo diretamente na economia, na arte e na ciência. Portanto, a alternativa D está correta. As alternativas A e E estão incorretas, pois as cartas eram enviadas aos patrocinadores da viagem, governos colonizadores, mas também as cartas de Colombo e demais viajantes também eram, não sendo este dado aquilo que destacou Américo Vespúcio. A alternativa B está incorreta, pois os relatos iam de encontro aos ensinamentos da Igreja, mas Vespúcio não escrevia com esse objetivo. A alternativa C está incorreta, pois não havia uma valorização explícita, era a descrição rica que gerava o valor da terra. QUESTÃO 43 A volta forçada às aulas presenciais e a imunidade de rebanho Isto é não apenas um escândalo, mas um crime cometido em nome do lucro e permitido pelas leis do livre-mercado. Acabo de ler uma nota técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), chamada “Educação: a pandemia da covid-19 e o debate da volta às aulas presenciais”. Após detalhada análise do tema, com dados estatísticos sob diferentes ângulos, a conclusão segue rigorosamente as recomendações dos cientistas e da maioria, quase absoluta, dos chefes de Estado do mundo. “O foco das preocupações das autoridades públicas e das organizações da sociedade civil há de ser fixado na preservação da vida e da saúde das pessoas, para se evitar que a falta de ação conjunta e eficaz dos poderes públicos condene milhões de crianças e adultos a uma estação ainda maior de privações”. Se o leitor prestar atenção, verá que as autoridades e grupos empresariais que estão defendendo a volta forçada às aulas presenciais no Brasil são os mesmos que defendem a imunidade de rebanho. Não importa se isto aumenta em milhares de mortes que poderiam ser evitadas. Neste particular, os estudos demonstram que, quando a maioria dos governadores e prefeitos se opôs à insensatez do Governo Federal e orientaram o isolamento e o distanciamento social, foram poupadas milhares de vidas. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2020. [Fragmento adaptado] OR8M QVG3 LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No subtítulo do texto, é apresentado o uso do pronome “isto”, que A. retrata, morfologicamente, o objetivo de nomear algo ou alguém. B. evidencia, morfologicamente, a intenção de caracterizar algo ou alguém. C. possui uma relação anafórica de termos ou ideias presentes no texto. D. compreende uma relação catafórica de termos ou ideias presentes no texto. E. demonstra, morfologicamente, o intuito de tratar sobre o tempo na narrativa. Alternativa D Resolução: O termo “isto” tem o objetivo de antecipar uma determinada ideia presente no texto, ou seja, é um recurso catafórico. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois não é papel do pronome demonstrativo nomear algo ou alguém, mas retomar algo ou alguém dentro de um texto ou referir-se a algo ou alguém que ainda não apareceu no texto. A alternativa B está incorreta, pois o papel de qualificar algo ou alguém é próprio da classe dos adjetivos. A alternativa C está incorreta, pois uma relação anafórica se dá por meio dos pronomes “isso”, “esse”, “disso” ou “desse”. A alternativa E está incorreta, pois o tempo da narrativa é marcado por verbos e advérbios. QUESTÃO 44 Estamos a caminho do primeiro trilionário da história. Dos 150 maiores patrimônios do mundo, 67 pertencem a pessoas e empresas, e não a países. Um punhado de 2 668 bilionários concentra US$ 13 trilhões, quase equivalente ao PIB da China – com sua população de 1,4 bilhão de pessoas. E, no entanto, o jornalismo cobre o século 21 como se fosse o século 20. A humanidade jamais foi tão global quanto é hoje: • estamos na era das mudanças climáticas; • temos um destino em comum a discutir; • nunca um único sistema econômico operou sem rivais sobre virtualmente todos os cantos do mundo; • atravessamos uma globalização que abriu guerra contra as culturas locais, o pensamento singular, os outros mundos possíveis; • vivemos problemas semelhantes, causados pelo mesmo punhado de forças econômicas, muito embora o grau do drama varie de acordo com raça, classe, gênero, território. E, no entanto, não temos qualquer coesão social. Justamente quando ser sistêmico é urgente, o jornalismo segue preso à armadilha da fragmentação criada pela viralização à base de piadas e apelações. PERES, J. Jornalismo sistêmico no século da fragmentação. Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2024. Ao tratar sobre o jornalismo contemporâneo, observa-se, no editorial, que a argumentação fundamenta-se na A. visão negativa sobre a globalização contemporânea. B. crítica da ausência de sistematização das informações. C. denúncia da desigualdade social observada no mundo. D. defesa da capacidade jornalística de informar a população. E. crença na legitimidade da difusão de notícias através do humor. Alternativa B Resolução: O editorial propõe uma crítica à fragmentação da informação jornalística, sugerindo que os problemas atuais revolvem em torno de uma questão comum a todas as pessoas e que, portanto, deveriam ser tratados como tal, a partir da criação de uma unidade coesa de jornalismo, que trate das notícias de forma contextualizada global e socialmente. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta: o texto não indica um julgamento de valor sobre a globalização, apenas aponta sua existência e implicações. A alternativa C está incorreta: a observação da desigualdade social no mundo serve de argumento para defender a tese do texto, que gira em torno da necessidade de sistematização das informações. A alternativa D está incorreta: o texto fundamenta-se na crítica ao modo como é feito o jornalismo contemporâneo, logo, sugere que o jornalismo, da forma em que se apresenta hoje, não é capaz de informar satisfatoriamente a população. Por fim, a alternativa E está incorreta: o texto propõe, na realidade, uma crítica ao jornalismo que utiliza o humor para construir suas notícias, colocando essa prática no que o autorchama de “armadilha da fragmentação”. AAWO ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 45 TEXTO I – Ovo de Colombo, deputado! A coisa mais fácil do mundo. Por exemplo: o senhor quer descobrir em quem votou fulano, empregado seu, pessoa que lhe deve obediência. [...] O senhor pode fazer tantas combinações quantos forem os eleitores cujos votos há interesse em descobrir. Na apuração, aparece o truque. E não se perde um voto, que cédulas iguais não o inutilizam... Sigilo! Voto secreto!... Bobagens, Dr. Paulo, bobagens... PALMÉRIO, M. Vila dos Confins. São Paulo: Abril Cultural, 1983. TEXTO II Me orgulho de ter influído com Vila dos Confins. E o digo sem nenhuma falsa modéstia. Me lembro bem que, quando o Ministro Luís Gallotti assumiu a presidência do Superior Tribunal Eleitoral, fez uma longa citação do meu livro, que era um romance, afinal. E o mencionava como se tivesse sido escrito por uma autoridade em legislação eleitoral. Também o Ministro Edgard Costa citou o Vila dos Confins como documento que patenteasse a fragilidade da lei que vigorava àquela ocasião. Você, Ary, atingiu bem o alvo quando ligou esse meu trabalho na Câmara, em benefício da revisão da Lei Eleitoral, com o meu romance. PALMÉRIO, M. In: SALES, H.; PROENÇA, I. C. Seleta. Organização, estudo e notas de Ivan Cavalcanti Proença. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio; Brasília: INL e Ministério da Educação e Cultura, 1974. [Fragmento adaptado] O texto I confirma as ideias abordadas pelo autor no texto II, pois nota-se na narrativa o esforço em A. denunciar a corrupção da Lei Eleitoral da época. B. elaborar um romance com autoridade legislativa. C. explicitar a ocorrência de fraudes na cidade mineira. D. apontar a ilegitimidade do voto computado em papel. E. apresentar um diálogo com uma autoridade do tribunal. Alternativa A Resolução: No texto II, há uma declaração do autor Mário Palmério a respeito da citação de seu romance, entre outras atividades, em benefício da revisão da Lei Eleitoral. É possível verificar no fragmento de Vila dos Confins, texto I, a explicitação de métodos de burlar o sigilo do voto eleitoral. Assim, vê-se que a ficção foi capaz de apresentar uma situação verificável na realidade e interferir nela, sendo reconhecida e citada por autoridades envolvidas na Lei Eleitoral. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, o que se comprova no texto II, quando o autor cita que o Ministro Luís Gallotti cita seu livro “como se tivesse sido escrito por uma autoridade em legislação eleitoral”. Logo, a frase trata-se de uma hipótese, já que o autor não elaborou o romance com autoridade legislativa. A alternativa C está incorreta, pois o personagem propõe uma forma de burlar o sigilo do voto e, desde a perspectiva do autor, no texto II, sua obra contribuiu para a realização de uma mudança efetiva, a revisão da Lei Eleitoral. Dessa forma, mais que explicitar, a obra contribuiu como uma denúncia do quadro. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o personagem proponha formas de conseguir burlar o sistema do voto computado em papel, a fala do autor, no texto II, não valida ou invalida este tipo de sistema. Palmério direciona seu debate sobre a citação da obra a outro contexto: o de revisão da Lei Eleitoral. A alternativa E está incorreta, pois a menção ao Superior Tribunal Eleitoral é colocada como uma surpresa pelo autor do romance, motivo pelo qual se orgulha. No entanto, a obra não foi elaborada propondo-se a estabelecer esse diálogo. 2E2J LCT – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I O crime de tráfico de animais silvestres está inserido no inciso III do artigo 29 da lei 9.605/98, que proíbe a venda, exportação, aquisição, guarda em cativeiro ou transporte de ovos ou larvas, sem a devida autorização. Além do crime de tráfico, o artigo descreve como ato ilícito as condutas de matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécies silvestres, sem permissão da autoridade competente. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. Venda de animais silvestres. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2024. [Fragmento adaptado] TEXTO II O tráfico de animais contribui para o desequilíbrio ecológico, causando mudanças na cadeia alimentar dos habitats em que foram retirados. Além disso, reduz consideravelmente a biodiversidade de um determinado ambiente. A retirada constante de animais de uma mesma espécie pode levar a extinções locais ou totais, afetando também outras espécies com as quais ela se relaciona. A redução das populações de animais de uma espécie também é um fator favorável à extinção pelo fato de facilitar o cruzamento entre parentes, o que empobrece a diversidade genética e dificulta a adaptação dos animais às mudanças ambientais. Outras consequências ambientais são: a introdução de espécies exóticas, a disseminação de doenças e a interrupção de processos ecossistêmicos e serviços ecológicos como a polinização, a dispersão das sementes, o controle populacional de outros animais e, em médio e longo prazos, a extinção das espécies sobrexplotadas. AZEVEDO, J. O tráfico de animais contribui para a extinção de espécies e pode causar desequilíbrio nos ecossistemas. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2024. [Fragmento] TEXTO III Seja para pesquisas científicas i legais, para colecionadores particulares ou para aquisição de animais de companhia, o tráfico atua com as mais diversas espécies brasileiras. “A maior parte dos animais traficados no Brasil são as aves, seja pelo belo canto, como o trinca-ferro, bicudo e canário-da-terra, ou pela bela plumagem. No entanto, eu diria que todos os animais da nossa biodiversidade são vulneráveis ao tráfico”, explica o coordenador da Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres). Além das aves, oferecidas como animais de estimação ou para a venda das penas, a lista conta com as tartarugas, consideradas iguarias culinárias; jabutis, comercializados para colecionadores; e diversos mamíferos. “Os primatas em geral também são muito procurados, principalmente como animais de companhia”. De acordo com o levantamento de dados, as espécies também são traficadas para comercialização do couro, para pesquisas científicas ilegais e para colecionadores. “O tráfico para colecionadores particulares talvez seja o mais cruel e prejudicial, porque visa as espécies mais ameaçadas de extinção. Quanto mais ameaçado for um animal, mais procurado ele se torna”, comenta o coordenador da ONG. BUCHERONI, G. Onde está a fauna brasileira? Panorama do tráfico de animais revela futuro preocupante. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2024. [Fragmento adaptado] TEXTO IV AGÊNCIA CÂMARA. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2024. INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”; 4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. PWQM PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “O combateao tráfico de animais silvestres no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: O COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo- -argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada: o combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil. No texto I, o estudante terá acesso a uma espécie de resumo do inciso III do artigo 29 da lei 9.605/98, responsável por proibir diversas atividades relacionadas ao tráfico de animais silvestres, tais como venda, exportação, aquisição, guarda em cativeiro ou transporte de ovos ou larvas sem autorização adequada. Além disso, o mesmo artigo considera ilícitas outras condutas, como matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécies silvestres sem a devida permissão das autoridades competentes. O texto II apresenta uma série de consequências nefastas para o meio ambiente provenientes do tráfico de animais, como o comprometimento da biodiversidade, o desequilíbrio dos ecossistemas e a ameaça à sobrevivência das espécies. No texto III, o aluno terá acesso a um variado número de exemplos sobre quais espécies de animais são mais traficadas e quais os interesses por trás desses crimes. É possível perceber que o tráfico de animais silvestres no Brasil abrange uma intensa diversidade de espécies, como aves (valorizadas por seu canto e plumagem), tartarugas (consumidas como iguarias culinárias), jabutis (para colecionadores), mamíferos e primatas (que são desejados como companhias), entre outros, representando uma séria ameaça à biodiversidade e à sobrevivência das espécies. Por fim, o texto IV é um texto verbovisual que apresenta, imageticamente, um exemplo de pássaro muito traficado no Brasil, a arara-azul. Além disso, o texto traz informações precisas acerca da quantidade de animais traficados no país, quantos desses morrem antes de chegar ao consumidor final e o valor financeiro que é movimentado pelo comércio ilegal de animais silvestres. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e as informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema vinculado às demandas de meio ambiente, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca das dificuldades e problemas vinculados ao combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil. Desde uma perspectiva geral dos textos-base, é possível afirmar que cabe, por meio dos quatro, a construção de argumentos de autoridade, já que todos referenciam fontes confiáveis, que geram credibilidade, se utilizadas de forma adequada. A partir do texto I, o estudante poderá elaborar sua argumentação ou tese por meio de um respaldo legal, o inciso III do artigo 29 da lei 9.605/98, que proíbe variadas atividades relacionadas ao tráfico de animais silvestres, bem como outras ações, como matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécies silvestres sem a devida permissão. LCT – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A partir do texto II, o aluno poderá desenvolver um parágrafo argumentativo acerca da importância do combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil, utilizando, para fazê-lo, exemplos das diversas consequências negativas que tal prática acarreta ao meio ambiente, como o comprometimento da biodiversidade, o desequilíbrio dos ecossistemas e a ameaça à sobrevivência das espécies. O texto III, por sua vez, pode auxiliar o estudante na contextualização do tema, ao mencionar as variadas espécies que são traficadas e com quais objetivos e / ou interesses. Por fim, a partir do texto IV, um texto verbovisual, o estudante poderá comprovar, por meio de dados a respeito da quantidade de animais traficados no país, quantos desses morrem antes de chegar ao consumidor final e o valor financeiro que é movimentado pelo comércio ilegal de animais silvestres, além de poder argumentar sobre a urgente necessidade de se combater mais efetivamente essa prática no Brasil. Além disso, é possível que o aluno associe as informações presentes na imagem ao texto I, evidenciando que, apesar da existência de leis que concernem ao tema, há dados preocupantes no que diz respeito à sua falha aplicação. A relação conflitante entre essas duas informações pode servir para reforçar, portanto, a necessidade de intensificar o combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. É esperado que a proposta de intervenção apresente cincoelementos estruturantes: ação (o que deve ser feito); agente (quem realizará); meio / modo (como a ação será concretizada ou por meio de que instrumento); finalidade (para que a ação será feita); detalhamento. Considerando esses aspectos, pode-se propor, por exemplo, que o Estado, a partir do Ministério do Meio Ambiente e dos órgãos executivos, incentive as políticas de fiscalização, visando diminuir ou erradicar o tráfico de animais silvestres no Brasil. Tal ação poderá ser feita por meio da criação de programas de monitoramento das espécies, além de pressionar o Legislativo a tornar mais severas as punições contra os praticantes desse crime. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 TEXTO I BRANDÔNIO Costuma também este gentio, para efeito de mostrar maior fereza e bizarria, furar o rosto pelo beiço de baixo e também pelas queixadas por onde metem umas pedras verdes ou brancas de feição de botoques, com as quais têm para si que andam galantes e gentis-homens. BRANDÃO, A. F. Diálogos das grandezas do Brasil. Recife: Massangano, 1997. TEXTO II Têm uns costumes em seu modo de viver e gentilidades; os quais não adoram nenhuma coisa, nem têm nenhum conhecimento da verdade, nem sabem mais que há morrer e viver. São mais bárbaros que quantas criaturas Deus criou. SOUSA, G. S. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Recife: Massangana, 2000. [Fragmento adaptado] As visões acerca dos povos nativos americanos demonstradas nos textos convergem na medida em que A. revelam uma postura etnocêntrica com a cultura indígena. B. apontam a abertura dos povos nativos às tradições europeias. C. comprovam a superioridade sociocultural dos povos europeus. D. evidenciam a simplicidade da organização social dos ameríndios. E. mostram uma percepção idealizada da relação com os indígenas. Alternativa A Resolução: Os textos, ao descreverem os nativos e seus costumes, demonstram uma incompreensão acerca da cultura dos povos originários da América, que é analisada a partir dos valores dos invasores europeus, isto é, a partir de uma percepção etnocêntrica. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois não há nos textos elementos que permitam afirmar uma abertura ou um interesse dos nativos pela cultura europeia. A alternativa C está incorreta, pois, embora acreditassem em uma pretensa superioridade cultural europeia, essa ideia apenas reforça o eurocentrismo com o qual o encontro entre essas diferentes culturas foi marcado. BFDO Contrariamente ao indicado na alternativa D, apesar de os europeus não compreenderem a cultura indígena em suas próprias bases, é sabido que ela era, e ainda é, extremamente rica e complexa. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois não há uma idealização da relação entre nativos e europeus, mas uma visão equivocada acerca da cultura dos indígenas. QUESTÃO 47 O toyotismo é reconhecido pelo pioneirismo na utilização do método Kanban. As ideias sobre o método foram idealizadas pelo engenheiro Taiichi Ohno e inspiradas na dinâmica dos supermercados estadunidenses, onde as prateleiras eram reabastecidas quando esvaziadas. Como o espaço de cada item era limitado, somente se traziam mais itens quando havia necessidade. Assim, o Kanban constitui-se em um conjunto de cartões que indica a quantidade necessária de matéria-prima ou de peças intermediárias a serem adquiridas ou produzidas para suprir cada etapa do processo produtivo. MORDINI, M. Toyotismo: modelo de produção inteligente. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Econômicas) – Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2024. [Fragmento adaptado] O método abordado visa atender ao seguinte princípio toyotista: A. Geração de estoques mínimos. B. Exploração do trabalho repetitivo. C. Supressão da organização flexível. D. Eliminação das atividades terceirizadas. E. Desvalorização da demanda consumidora. Alternativa A Resolução: Um dos aspectos da organização industrial toyotista é a presença de estoques mínimos nas fábricas, o que é viabilizado pelo emprego do método Kanban. Este é composto por um conjunto de cartões que indicam precisamente a quantidade de insumos que devem ser adquiridos para suprir cada etapa do processo produtivo. A alternativa B está incorreta, pois a exploração do trabalho repetitivo é uma característica do fordismo, em que cada operário executa continuamente uma única tarefa específica dentro da linha de montagem. A alternativa C está incorreta, pois o toyotismo caracteriza-se pela flexibilidade da organização industrial. A alternativa D está incorreta, pois as indústrias toyotistas caracterizam-se pela terceirização de determinadas atividades. A alternativa E está incorreta, pois a produção toyotista é realizada de acordo com a demanda do mercado. 32N4 CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 48 Sócrates – Mas, há algum assunto por causa do qual possamos ficar inimigos e entrar em conflito um com o outro, se discordarmos e não pudermos chegar a uma decisão? Examina o que estou te dizendo, pois talvez não esteja ao teu alcance uma resposta pronta. Vê se assim sucede com o que é justo e o que é injusto, o que é belo e o que é feio, o que é bom e o que é mau. Não são estes os assuntos por causa dos quais nos tornamos inimigos uns dos outros, se estivermos em desacordo e não pudermos atingir uma decisão satisfatória? Se é que nos tornam os inimigos eu e tu e todos os outros homens? PLATÃO. As grandes obras. [S.l.]: Editora Mimética, 2019. E-book. Conforme o pensamento socrático, o bom, o belo e o justo são elementos que participam da(s) A. constituição das Formas inteligíveis. B. elaboração dos discursos retóricos. C. prática dos tribunais democráticos. D. escolha dos objetos dramáticos. E. etapas da lógica silogística. Alternativa A Resolução: Sócrates, por meio de diálogos registrados por Platão, frequentemente discutia sobre a natureza das Formas ou Ideias, que são modelos perfeitos e eternos das coisas do mundo sensível. Essas Formas são universais e transcendem a realidade física, representando o verdadeiro conhecimento. Portanto, as concepções de bom, belo e justo participam da constituição das Formas inteligíveis, pois são ideias universais e imutáveis que estão além das manifestações particulares no mundo sensível. Desse modo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta porque, para o filósofo, os referidos conceitos são fundamentais na busca pela verdade e na compreensão das virtudes morais, não estando atrelados apenas à habilidade de persuadir por meio da retórica, área radicalmente criticada por Platão. A alternativa C está incorreta, pois, mesmo que Sócrates tenha sido julgado e condenado à morte em Atenas, sua preocupação central não estava na prática específica dos tribunais democráticos, mas sim na busca pela verdade e na compreensão das virtudes éticas. Ele questionava e discutia o que é o bom, o belo e o justo, independentemente do contexto político ou jurídico. A alternativa D está incorreta, já que o texto não demonstra o interesse direto na escolha dos objetos dramáticos, que se refere às decisões dos dramaturgos sobre os temas de suas peças teatrais. A alternativa E está incorreta porque as etapas silogísticas do raciocínio lógico foram teorizadas por Aristóteles, após o autor do texto. QUESTÃO 49 A produção de ideias, das representações e da consciência está, a princípio, direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens; elaé um fato, e não uma hipótese. No caso, a hipótese é a da linearidade do tempo defendida por Calvin por não conseguir responder à questão corretamente. As alternativas C e D estão incorretas porque Calvin não põe à prova a verdadeira definição do tempo nem questiona qual é a relevância dos testes ao citar a linearidade do tempo. Como explicado, ele apenas rejeita a importância da pergunta sobre um acontecimento do passado e cita a tal linearidade porque não sabe a resposta correta. QUESTÃO 03 “I love people. Everybody. I love them, I think, as a stamp collector loves his collection. Every story, every incident, every bit of conversation is raw material for me. My love’s not impersonal yet not wholly subjective either. I would like to be everyone, a cripple, a dying man, a whore, and then come back to write about my thoughts, my emotions, as that person. But I am not omniscient. I have to live my life, and it is the only one I’ll ever have. And you cannot regard your own life with objective curiosity all the time...” PLATH, S. The Unabridged Journals of Sylvia Plath. New York: Anchor, 2000. [Fragmento] No excerto do livro que reúne as anotações pessoais de Sylvia Plath, irreverente escritora norte-americana, a autora compara o amor de um colecionador de selos pela coleção dele com o seu próprio amor para demonstrar o(a) A. vontade de agradar o seu público com boas narrativas. B. possibilidade de escrever relatos de grupos minoritários. C. desejo de experimentar emoções através da onipotência. D. reconhecimento de sua impessoalidade como poeta. E. tratamento das histórias alheias como seu acervo particular. 6E6L LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O artigo trata das mudanças na cultura empresarial nos períodos pré e pós-pandêmicos. Diante das informações apresentadas, a falta de atração dos trabalhadores pelo retorno dos modelos antigos recai sobre o(a) A. conflito de interesses na definição de benefícios. B. preferência por mudanças físicas nos escritórios. C. superficialidade do regime presencial de trabalho. D. pagamento de salários mais justos e igualitários. E. flexibilidade de atuação durante o expediente. Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, muitas empresas ainda tentam recriar a cultura empresarial do período pré- -pandêmico (pré-2020), marcada pela presença de espaços de convivência, prateleiras com alimentos e bebidas disponíveis e happy hours no ambiente de trabalho, como tentativa de atrair seus colaboradores para o escritório. Entretanto, muitos trabalhadores não estão interessados nesse modelo antigo e demandam mais flexibilidade, salários mais justos e um foco maior no quesito humano no ambiente de trabalho. Assim, a falta de atração dos colaboradores por esses modelos antigos recai sobre o conflito de interesses na definição de benefícios. De um lado, eles demandam flexibilidade e igualdade e, por outro lado, as empresas parecem estar preocupadas em oferecer um escritório “descolado”. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque a falta de atração dos colaboradores não tem relação com as mudanças físicas no escritório, como informa o texto. Como anteriormente explicado, as mudanças propostas no ambiente físico não são atrativas para os trabalhadores. A alternativa C está incorreta porque a superficialidade citada é em relação ao espaço físico do escritório, e não ao regime presencial de trabalho. As alternativas D e E estão incorretas, pois são pontos que justamente atendem às expectativas dos trabalhadores, portanto, não podem ser considerados como motivadores para a falta de atração deles pelo retorno dos modelos antigos. QUESTÃO 05 By design, Holy Spider is relentless. Director and co-writer Ali Abbasi’s film lets the prowling of its serial killer set the rhythm: A pattern emerges after the first time we see Iran-Iraq War veteran Saeed Azimi (Mehdi Bajestani) murder a sex worker in the holy city of Mashhad. The frame fills with the faces of these women, their hijabs pushed back and their hair exposed, their lipstick bold and dark, and their expressions somewhere between sneers and surrender. FFHP We know what will happen to them – what Saeed will do to them – and Abbasi doesn’t let us look away. Holy Spider argues that the cyclical nature of misogyny makes these kinds of crimes inevitable. That finger-pointing is at its most precise and most upsetting in the film’s final moments. And although Abbasi says in the film’s press notes that he doesn’t see Holy Spider as a “‘theme’ movie about certain social problems,” it is. The director also didn’t “want to let Saeed’s story and persona saturate the film,” but it does, to meaningful effect. HADADI, R. Disponível em: Acesso em: 20 set. 2023 (Adaptação). O texto é uma análise de Roxana Hadadi sobre o filme Holy Spider, inspirado em um caso real de assassinatos em série em 2001, no Irã. A autora da análise demonstra discordar do posicionamento do diretor do filme porque, segundo ela, A. a história foca diretamente a problemática das altas taxas de homicídio no Irã. B. o plano-sequência retrata as mulheres iraquianas de forma misógina. C. o uso inapropriado de hijabs tem destaque na construção das cenas. D. a personalidade do serial killer é representada irrealisticamente no contexto. E. as temáticas sociais estão de fato presentes no longa- -metragem. Alternativa E Resolução: No final da análise, a autora discorda da fala do diretor do filme, que alega que Holy Spider não é um filme temático sobre alguns problemas sociais, além de que não era sua intenção que a história de Saaed e sua pessoa saturassem o filme. Segundo Hadidi, o filme é sim temático e toca nas questões sociais, e a história focada em Saeed e sua persona saturam o filme, mas com efeito importante. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a análise não discute ou expõe as taxas de homicídio no Irã. A alternativa B está incorreta porque o filme não retrata as mulheres de forma misógina, mas sim expõe a natureza cíclica da misoginia. Além disso, a história se passa no Irã, não no Iraque. A alternativa C está incorreta, pois o exemplo do uso de hijabs é utilizado pela autora para embasar sua análise, não para discordar das falas do diretor. A alternativa D está incorreta porque a autora apenas diz que acredita que a história e persona de Saeed é saturada no longa, não que autor tenha retratado sua personalidade de forma irrealista. ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 ALBERTO, A. Disponível em: . Acesso em: 6 fev. 2024. Na tirinha, a expressão te re creo indica que a personagem A. supõe que a realidade seja algo que engana. B. surpreende-se com a postura otimista do amigo. C. ironiza as informações sobre o contexto de fora. D. demonstra insegurança em relação ao mundo real. E. espanta-se com as novidades expostas pelo amigo. Alternativa C Resolução: O texto da tirinha em análise é uma releitura da alegoria da caverna, história presente no livro A República, de Platão, segundo a qual alguns homens estavam presos em uma caverna desde a infância e, de lá, conseguiam ver apenas sombras. Após um deles ser liberado, conseguiu acessar o mundo real e observar que a realidade não era composta apenas por sombras. Nesse contexto, a expressão te re creo – composta pelo prefixo re para indicar intensificação e pelo verbo creo, que significa “acreditar” –, é usada ironicamente pela personagem, que busca expressar de modo verbal que acredita no que ouve, mas seus gestos demonstram o contrário, revelando pouca atenção às novidades. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativaé a linguagem da vida real. [...] São os homens que produzem suas representações, suas ideias, etc., mas os homens reais, atuantes, tais como são condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças produtivas e das relações que elas correspondem, inclusive as mais amplas formas que estas podem tomar. MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 18-19. [Fragmento] Em relação à ideia exposta no texto, a ideologia para Marx é um fenômeno histórico resultado do(a) A. modo de produção econômico. B. atividade do partido comunista. C. avanço do mercado fetichizado. D. individualização do corpo social. E. consciência de classe proletária. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A porque a ideologia é o meio de manutenção dos privilégios da classe burguesa, operando para legitimar, sem uso da força, a exploração do trabalhador. É através dela que o indivíduo considera natural sua posição no sistema produtivo. A alternativa B é incorreta porque a ideologia não se vincula a nenhuma organização proletária, sendo necessário o uso do Estado e do capital para sua fixação e transmissão. A alternativa C é incorreta, pois o fetiche da mercadoria deriva da ideologia que transforma as relações sociais de produção estabelecidas entre pessoas em relações econômicas. A alternativa D é incorreta, já que os processos de individualização são característicos do capitalismo tardio. A alternativa E é incorreta, pois, para Marx, a tomada de consciência de classe pelo proletariado significa perceber a inversão da realidade pautada pela ideologia, e não a criação ou manutenção de aparatos de dominação ideológica. 8WZE UENG ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa D também está incorreta, pois, ainda que aspectos religiosos exercessem, em alguma medida, influência sobre os assuntos políticos, a charge não faz uma crítica a esse fato. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a charge não se refere a uma pretensa divisão social das atividades laborais, visto que, de modo geral, o terceiro estado era responsável por elas. QUESTÃO 51 A Organização Mundial do Comércio (OMC) tenta garantir não só um comércio mais aberto mas também um comércio justo, coibindo práticas comerciais como o dumping e os subsídios, que distorcem os preços e as condições de comércio entre os países. Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2022 (Adaptação). O texto refere-se ao seguinte princípio da OMC: A. Tratamento especial de países subdesenvolvidos. B. Previsibilidade das normas e tarifas comerciais. C. Não discriminação dos países-membros. D. Proibição de restrições quantitativas. E. Garantia da concorrência leal. Alternativa E Resolução: Um dos princípios da OMC é a garantia da concorrência leal, que visa assegurar um comércio justo e sem distorções dos preços dos produtos. Para tanto, a organização coíbe práticas comerciais desleais que distorcem as condições de concorrência entre os países. Entre essas práticas, tem-se a concessão de subsídios, que consiste no fornecimento de apoio financeiro às atividades produtivas internas de um país, reduzindo artificialmente os custos de produção e os preços dos produtos subsidiados. Há também o dumping, que consiste na venda de mercadorias por preços abaixo dos praticados no mercado para prejudicar e eliminar os concorrentes. A alternativa A está incorreta, pois o princípio do tratamento diferencial de países subdesenvolvidos lista medidas que os países desenvolvidos devem implementar, como abrir mão da reciprocidade em negociações tarifárias, para dar um tratamento mais favorável para países em desenvolvimento e contribuir para a sua inserção no comércio internacional. A alternativa B está incorreta, pois a previsibilidade das normas e tarifas comerciais refere-se ao cumprimento de acordos comerciais, incluindo, sobretudo, compromissos tarifários sobre mercadorias. A alternativa C está incorreta, pois a não discriminação dos países-membros consiste na aplicação aos demais países de uma vantagem ou privilégio comercial concedido a um país. A alternativa D está incorreta, pois a proibição de restrições quantitativas impede a imposição de restrições quantitativas (proibições e quotas) sobre as importações. PFRH QUESTÃO 50 Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2024 A charge evidencia uma importante característica da sociedade francesa do século XVIII, que contribuiu para a eclosão da Revolução Francesa de 1789, identificada na A. homogeneidade cultural dos grupos sociais franceses. B. restrição à participação política aos grupos abastados. C. desigualdade na organização socioeconômica francesa. D. interferência religiosa nos assuntos de natureza política. E. existência de uma divisão social das atividades laborais. Alternativa C Resolução: Na sociedade francesa do Antigo Regime, o clero e a nobreza, primeiro e segundo estados, respectivamente, gozavam de privilégios, como a isenção do pagamento de impostos. O terceiro estado abrigava a maioria da população francesa e era responsável pelo sustendo do Estado, seja por meio do trabalho ou através do pagamento de impostos para a Coroa, para os senhores e para a Igreja. A charge representa os três Estados, utilizando figuras femininas, ressaltando justamente a exploração a que era submetido o terceiro estado na sociedade francesa do Antigo Regime, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois as diferenças entre os grupos sociais franceses extrapolavam a dimensão econômica, sendo também de ordem cultural. A alternativa B está incorreta, pois, ainda que o primeiro e o segundo estados gozassem de privilégios políticos, como a exclusividade na ocupação de alguns cargos, o terceiro estado também participava, ainda que de forma limitada, da política francesa. Além disso, tal aspecto extrapola a interpretação da charge. NITB CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 52 Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz, há de ser nessa conformidade. Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo. Para podermos viver, nos há de dar rede, tarrafa [instrumento de pesca] e canoas. Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossa aprovação. Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença, e poderemos cada um tirar jacarandás [madeira de lei] ou qualquer pau sem darmos parte para isso. Poderemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos impeça nem seja preciso licença. REIS, J. J.; SILVA, E. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. [Fragmento adaptado] O texto reforça que o escravismo desenvolvido nos engenhos de açúcar na América Portuguesa foi caracterizado pela A. construção de relações harmoniosas entre senhores e cativos. B. instauração de uma legislação de amparo aos negros subjugados. C. estruturação de um modelo de trabalho baseado na não violência. D. adoção de diferentes estratégias de resistência pelos escravizados. E. fruição de relativa autonomia pelos escravizados na organização social. Alternativa D Resolução: O texto demonstra que os escravizados valeram-se de um espaço de negociação para pleitear com o senhor de engenho diferentes demandas, como dias de “folga”, instrumentos para atividades de subsistência, escolha de feitores e liberdade para suas práticas culturais. A construção desses espaços de negociação revela que os escravizados utilizaram diferentes estratégias de resistência ao cativeiro, que iam além do uso da violência contra senhores e feitores e dasfugas, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois, apesar da existência de um espaço de negociação, a relação entre senhores e escravizados foi marcada pelo conflito e violência. A alternativa B está incorreta, pois, apesar da existência da obrigação do senhor em relação aos escravizados, como alimentação, vestimentas e tratamento no caso de enfermidades, tal aspecto não está presente no texto. A alternativa C está incorreta, pois os espaços de negociação não representavam a regra do sistema escravista brasileiro, que foi marcado pela violência. WCAY Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a possibilidade de negociação não implicava o gozo por parte dos escravizados de alguma forma de autonomia na organização social dos engenhos, que era definida pelos senhores. QUESTÃO 53 Esse “algo”, todavia, não parece ser um elemento, e sim a causa de que isto seja carne e aquilo seja uma sílaba, e do mesmo modo em todos os demais casos. Pois bem, essa é a substância de cada ser, porque é a causa primeira da existência. Nem todas as coisas, todavia, são substâncias; só o são os seres que existem por si mesmos e que possuem uma natureza própria; e evidentemente é essa espécie de natureza que não é um elemento, mas um princípio. ARISTÓTELES. Metafísica (Livro VII). Porto Alegre: Editora Globo, 1969. p. 179. O texto aborda parte do entendimento de causalidade para Aristóteles, na qual as “causas” permitem A. organizar as ciências que dependem da experiência. B. identificar os objetos que derivam das Formas. C. descartar as ilusões que ocorrem no mundo. D. eleger as práticas que derivam da prudência. E. conhecer as coisas que existem no Universo. Alternativa E Resolução: Na passagem citada, Aristóteles discute a importância das causas primeiras na compreensão da existência dos seres. Ele argumenta que essas causas não são simplesmente elementos constituintes, mas sim princípios fundamentais que explicam por que algo é o que é. Portanto, compreender as causas permite adquirir conhecimento sobre as coisas que existem no Universo, pois ajuda a entender sua natureza essencial e por que elas são como são. Por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois, embora Aristóteles reconheça a importância das causas na compreensão da realidade, sua abordagem não se limita à organização das ciências empíricas. Ele também se preocupa com as causas primeiras e fundamentais que explicam a existência e a natureza dos seres, indo além do âmbito puramente experimental. A alternativa B está incorreta, já que a passagem das Formas aos objetos é uma discussão filosófica presente na teorização platônica. Aristóteles a discute, mas não a endossa nesses termos. A alternativa C está incorreta, pois, apesar da compreensão das causas poder ajudar a discernir a verdade da ilusão, a passagem não se concentra na ideia de descartar ilusões, sobretudo porque, diferentemente de Platão, Aristóteles não considera a diversidade dos objetos do mundo como produto de algum tipo de estado ilusório das coisas. A alternativa D está incorreta, pois a passagem não aborda a relação entre as causas e as práticas derivadas da prudência. Em vez disso, ela se concentra na natureza das substâncias e sua causa primeira. IUYØ ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 54 O plano de Colbert era simples: primeiro assegurou-se de que todos os artigos que Luís XIV considerasse essenciais para promover sua imagem de o mais rico, sofisticado e poderoso monarca da Europa fossem produzidos na França e por trabalhadores franceses; depois, certificou-se de que o maior número de pessoas possível seguisse servilmente os ditames do Rei Sol e adquirisse os mesmos artigos de luxo produzidos na França que o rei exibia em Versalhes. DEJEAN, J. A essência do estilo: como os franceses inventaram a alta-costura, gastronomia, a sofisticação e o glamour. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 16. O modelo de planejamento mercantilista expresso no texto valoriza a relação entre A. consumismo e prestígio real. B. industrialismo e gosto popular. C. metalismo e capacidade produtiva. D. populismo e hegemonia econômica. E. tradicionalismo e efervescência cultural. Alternativa A Resolução: Conforme o texto demonstra, a construção da imagem do rei Luís XIV como rico, poderoso e sofisticado atendia ao interesse de fortalecer seu poder, assim como o de incentivar o consumo dos artigos de luxo. O incentivo a esse tipo de artigo foi uma das premissas do mercantilismo francês, também conhecido como Colbertismo, o que torna a alternativa A correta. A alternativa B está incorreta, pois, embora o industrialismo seja uma caraterística do modelo mercantilista francês, a estratégia expressa no texto não se relaciona ao gosto popular, mas ao do monarca. A alternativa C está incorreta, pois o ideal metalista não está expresso no texto. A alternativa D está incorreta, pois a finalidade da vestimenta exagerada do rei não atendia a uma demanda “populista”, mas ao engrandecimento da figura real. Além do fato de que o Colbertismo não levou, na prática, à hegemonia econômica da França no cenário mundial. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o planejamento colbertista não focava o tradicionalismo, e sim a inovação, ao ditar a moda da elite francesa. QUESTÃO 55 TEXTO I Estalactites e estalagmites são formações minerais derivadas do carbonato de cálcio originadas no interior de cavernas pela dissolução e recristalização de minerais. As cavernas se formam pela dissolução dos calcários. A água enriquecida de carbonato de cálcio penetra pelas fraturas da rocha e, ao chegar no teto da caverna, o seu gotejamento forma as estalactites (no teto) e as estalagmites (no piso). Se uma estalactite se une a uma estalagmite – com o crescimento contínuo –, forma-se uma coluna. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2024 (Adaptação). TEXTO II Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2024. As formações referidas no texto e na imagem são originadas a partir do(a) A. incisão pluvial de ravinas. B. abrasão marinha de encostas. C. intemperismo físico de rochas. D. metamorfismo termal de minerais. E. deposição química de sedimentos. YTTN ONBA CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: O texto e a imagem referem-se a formações rochosas de origem sedimentar química, pois elas são formadas a partir da dissolução e posterior recristalização de minerais. A alternativa A está incorreta, pois as ravinas são sulcos no solo realizados pela ação erosiva das águas da chuva. A alternativa B está incorreta, pois a abrasão marinha leva à formação de falésias, que são paredões íngremes rochosos encontrados em áreas litorâneas. A alternativa C está incorreta, pois o intemperismo físico consiste na fragmentação mecânica das rochas, sendo causado por agentes como o gelo e a variação da temperatura. A alternativa D está incorreta, pois o metamorfismo termal leva à formação de rochas metamórficas. Ele consiste na transformação de rochas preexistentes quando submetidas a um aumento da temperatura. QUESTÃO 56 Eu, o Rei, faço saber a vós que vendo Eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com que melhor e mais seguramente se possam ir para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito de meus reinos e senhorios e dos naturais deles ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza em um lugar conveniente para daí se dar favor e ajuda às outras povoações e se ministrar Justiça e prover nas coisas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de minha fazenda. E pela muita confiança que tenho em vós que em caso de tal qualidade e de tanta importância me sabereis servir com aquela fieldadee diligência que se para isso requer hei por bem de vós enviar por governador às ditas terras do Brasil no qual cargo e assim no fazer da dita fortaleza tereis a maneira seguinte da qual fortaleza e terra da Bahia vós haveis de ser capitão. REGIMENTO que levou Tomé de Sousa Governador do Brasil. Almerím, 17 dez. 1548. Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), códice 112, fis 1-9 (Adaptação). As determinações presentes no trecho do documento revelam a preocupação da Coroa portuguesa em A. centralizar a estrutura político-administrativa da colônia. B. promover a efetiva ocupação do território da América lusa. C. romper com as relações patrimonialistas no interior do Império. D. viabilizar a substituição do sistema de capitanias hereditárias. E. conciliar os interesses dos povos originários com as pretensões da Coroa. Alternativa A Resolução: O Regimento de 1548, apresentado na questão, instituía na América Portuguesa o Governo-Geral. XHSX Assim, a colônia portuguesa passou a ser administrada a partir da capitania da Bahia, o que implicava uma centralização político-administrativa colonial e assinalava uma maior presença da Coroa. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois a instituição do sistema de capitanias hereditárias é que tinha o objetivo de ocupar o território. A alternativa C está incorreta, pois a instituição do Governo-Geral, que contava com membros de famílias abastadas ou, de alguma forma, ligadas ao rei, contribuiu para a persistência da prática patrimonialista no interior do Império português. A alternativa D também está incorreta, pois, ainda que a fragilidade do sistema de capitanias hereditárias tenha levado a Coroa portuguesa a criar o Governo-Geral, esse sistema não foi suprimido, e cabia aos governadores-gerais prestar auxílio às capitanias. O próprio regimento afirma que é dever do rei “conservar e enobrecer as capitanias”. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a criação do Governo-Geral não tinha como objetivo a conciliação com os indígenas, mas sim a melhoria da nascente estrutura colonial portuguesa. QUESTÃO 57 As despesas com o transporte de minério de ferro é um dos custos que mais impactam o preço final do produto. Assim, as empresas procuram realizar essa atividade de forma mais eficiente e econômica, diversificando a modalidade de transportes. Em um passado não tão distante, o transporte do minério por meio de dutos (minerodutos) era visto como uma atividade intrigante e arriscada. Entretanto, atualmente, graças ao avanço da tecnologia e da engenharia, esse tipo de transporte de minério é considerado uma das atividades mais seguras, confiáveis e econômicas. Apesar do alto custo fixo de investimento inicial, o transporte dutoviário apresenta maior vantagem econômica quando comparado a outros modais para grandes volumes de cargas a longas distâncias. Isso porque, após a instalação dos dutos, o custo variável é relativamente baixo e o funcionamento, normalmente, é constante, o que promove maior confiabilidade operacional e menor interferência por fatores externos. CARVALHO, I.; MARTINEZ, C.; VIANA, E. Custo energético do bombeamento de polpa de minério de ferro – um estudo de caso. I Simpósio Nacional de mecânica dos fluidos e hidráulica, Ouro Preto, ago. 2022. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2024 (Adaptação). Nas atividades ligadas à mineração, o texto indica que o uso do modal de transporte mencionado contribui para o(a) A. eliminação da geração de rejeitos. B. restrição dos locais de exploração. C. intensificação das perdas de cargas. D. incremento da competitividade dos produtos. E. aumento dos congestionamentos de veículos. 9B3O ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O texto aponta que o transporte de minérios através de dutos apresenta um custo operacional relativamente baixo. Isso contribui para reduzir a oneração do preço final do produto com as despesas de frete, tornando-os mais competitivos. A alternativa A está incorreta, pois a extração de minério de ferro gera rejeitos, como a lama derivada do seu beneficiamento e solo e fragmentos de rochas desprovidos de materiais de interesse econômico (“estéril”). A alternativa B está incorreta, pois a disponibilidade de locais de exploração depende da formação geológica, que condiciona a ocorrência do minério de ferro, que é associada à presença de rochas cristalinas. A alternativa C está incorreta, pois, como o texto indica, o transporte dutoviário apresenta como vantagem uma elevada segurança. A alternativa E está incorreta, pois o transporte por minerodutos substitui o escoamento via caminhões, contribuindo para reduzir os congestionamentos em rodovias. QUESTÃO 58 TEXTO I Consideramos as seguintes verdades evidentes por si mesmas, a saber, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-lo ou aboli-lo, e instituir novo governo. DECLARAÇÃO de Independência dos Estados Unidos. In: SYRETT, H. C. (org.). Documentos históricos dos Estados Unidos. São Paulo: Cultrix, 1960. [Fragmento adaptado] TEXTO II Para os índios, a Independência foi negativa, pois, a partir dela, aumentou-se a pressão expansionista dos brancos sobre os territórios indígenas. Para os escravos, foi um ato que em si nada representou. [...] O movimento de independência significava um fato histórico novo e fundamental: a promulgação da soberania “popular” como elemento suficientemente forte para mudar e derrubar formas estabelecidas de governo, e da capacidade, tão inspirada em Locke, de romper o elo entre governantes e governados quando os primeiros não garantissem aos cidadãos seus direitos fundamentais. KARNAL, L. (org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. [Fragmento adaptado] A análise dos textos anteriores reforça que a A. emancipação política resultou da rejeição de um sentimento nacionalista entre os colonos. B. aspiração revolucionária presente no processo de independência tinha um alcance limitado. C. ruptura das colônias inglesas com a Coroa viabilizou a ampliação da participação política popular. D. independência das Treze Colônias representou uma subversão da estrutura social estabelecida. E. circulação das ideias iluministas entre os colonos assegurou a construção de uma sociedade igualitária. Alternativa B Resolução: Embora o trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos apresentada na questão afirme que “todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade”, o segundo texto reforça que muitos grupos sociais estadunidenses, como os indígenas e escravizados, não foram contemplados pelos ideais revolucionários da independência do país, permanecendo à margem da sociedade. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois somente após a Guerra de Secessão, na segunda metade do século XIX, é que haverá a consolidação de um sentimento nacionalista nos Estados Unidos. Além disso, esse aspecto não é tratado pelo texto. A alternativa C está incorreta, pois, como mencionado anteriormente, mesmo com a emancipação política, muitos grupos sociais não gozaram plenamente de direitos políticos e socioeconômicos nos Estados Unidos. A alternativa D está incorreta, pois a participação política continuou limitada aos grupos economicamente dominantes da sociedade. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, mesmo após aindependência, a sociedade estadunidense privilegiava os brancos, anglo-saxões e protestantes. TBS6 CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta, pois o movimento gravitacional de massa consiste no deslocamento de rocha, solo e / ou vegetação ao longo de uma encosta, causado por fatores como a ação da gravidade e da água da chuva, sendo um exemplo os deslizamentos de terra. QUESTÃO 60 TEXTO I Com o mercantilismo, os Estados intervêm diretamente na economia, procurando assegurar o crescimento político e econômico e fortalecer as classes ou grupos ligados ao Estado. [...] Começa um fenômeno de aproximação entre o rei [...] e a burguesia comercial. Essa burguesia das cidades pode financiar a organização de Estados centralizados, através do surgimento de funcionários reais remunerados – que exercem funções burocráticas – e da formação de exércitos nacionais permanentes. PRODANOV, C. C. O mercantilismo e a América. São Paulo: Contexto, 1998 (Adaptação). TEXTO II A fim de ajudá-los no grande investimento necessário a esse estabelecimento, concedemos aos ditos industriais a soma de 180 000 libras, soma essa que conservarão por 12 anos sem o pagamento de juros, e no fim desse tempo serão chamados a nos devolver apenas 150 000 libras e as restantes lhes serão dadas como prêmio. HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1984 (Adaptação). O ponto de convergência entre as práticas político- -econômicas indicadas nos textos consiste no(a) A. fortalecimento das medidas do exclusivismo metropolitano. B. preocupação em garantir uma balança comercial favorável. C. favorecimento de determinados grupos sociais pelo Estado. D. fomento de práticas de acumulação de riquezas pelo Estado. E. proteção do comércio nacional contra a concorrência externa. Alternativa C Resolução: Os textos demonstram que, por meio das práticas mercantilistas, as monarquias modernas europeias interferiam na economia, buscando estimular a produção interna. Para isso, favoreciam os grupos burgueses ligados às atividades mercantes e industriais, concedendo a eles alguns privilégios e até mesmo monopólios. Portanto, a alternativa C está correta. As demais alternativas estão incorretas, pois, embora apresentem características do mercantilismo, elas não estão presentes nos textos. 7LØP QUESTÃO 59 TEXTO I Os inselbergs são formas de relevo residuais constituídas por afloramentos rochosos isolados que emergem abruptamente acima das áreas que os cercam. No Brasil, são encontrados em locais como as paisagens do sertão semiárido nordestino. POREMBSKI, S. Inselbergs tropicais: tipos de hábitats, estratégias adaptativas e padrões de diversidade. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 4, out.-dez. 2007. Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2024 (Adaptação). TEXTO II Pedra da Galinha Choca – Quixadá (Ceará) Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2024. O texto e a imagem referem-se a uma forma de relevo cuja modelagem resulta do(a) A. exploração mineral de ferro. B. desgaste desigual de rochas. C. dissolução hídrica de calcários. D. transporte turbilhonar de seixos. E. movimento gravitacional de massa. Alternativa B Resolução: Os inselbergs são formas de relevo residuais formadas a partir do desgaste desigual de rochas. Aquelas mais resistentes aos processos intempéricos e erosivos sofrem um menor desgaste do que as rochas menos resistentes adjacentes. Com isso, sobressaem-se na paisagem, constituindo afloramentos rochosos isolados, que se elevam abruptamente em relação ao seu entorno. A alternativa A está incorreta, pois os inselbergs são formados a partir de dinâmicas naturais; a exploração do minério de ferro gera alterações na paisagem como o desmatamento e a abertura de cavas. A alternativa C está incorreta, pois a dissolução hídrica de calcário está associada aos relevos cársticos; marcados por feições como grutas, cavernas e dolinas. A alternativa D está incorreta, pois se refere a um processo erosivo que ocorre no leito dos rios. 1SNG ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 61 A importância das substâncias metálicas na indústria mineral brasileira remonta aos tempos da Colônia: as incursões dos bandeirantes em busca de metais preciosos definiram novas rotas para a ocupação do interior do Brasil e culminaram com a exploração de ouro, inicialmente na região de Minas Gerais. Ao longo da história, conforme aumentou a ocupação do território e o conhecimento geológico, novas descobertas de depósitos minerais metálicos foram feitas, e substâncias como o manganês e o ferro passaram a ter maior importância. Em 2021, as substâncias da classe dos metálicos responderam por cerca de 89% do valor total da produção mineral brasileira, destacando-se substâncias como alumínio, cobre, cromo, estanho, ferro, manganês, nióbio, níquel, ouro, vanádio e zinco. O valor da produção dessas substâncias apresenta uma participação predominante do ferro, cuja produção é concentrada, principalmente, nos estados do Pará e Minas Gerais. ANM. Anuário Mineral Brasileiro: principais substâncias metálicas. Brasília: Agência Nacional de Mineração – ANM, 2023. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2024 (Adaptação). O aspecto da indústria mineral brasileira abordado no texto deve-se à seguinte condição geológica do território: A. Presença de escudos cristalinos. B. Atuação do tectonismo cenozoico. C. Uniformidade da composição litológica. D. Predominância de bacias sedimentares. E. Inexistência de terrenos pré-cambrianos. Alternativa A Resolução: O texto aponta uma grande participação dos minerais metálicos na produção mineral do Brasil. A ocorrência desse tipo de mineral está associada às rochas cristalinas (magmáticas e metamórficas). Portanto, eles são explorados nos escudos cristalinos, que são uma estrutura geológica correspondente a cerca de 36% do território brasileiro. A alternativa B está incorreta, pois o Cenozoico corresponde à era geológica mais recente, na qual o território brasileiro apresentou estabilidade tectônica por estar situado no interior da Placa Sul- -Americana e, assim, não abrigar limites entre placas. A estrutura geológica gerada pelo tectonismo cenozoico são os dobramentos modernos, que não estão presentes no Brasil. A alternativa C está incorreta, pois o território nacional dispõe de uma heterogeneidade da composição litológica, apresentando diferentes rochas de origem cristalina ou sedimentar. A alternativa D está incorreta, pois, apesar das bacias sedimentares serem predominantes no Brasil (cerca de 64% do território), os minerais metálicos não são encontrados neste tipo de estrutura geológica. T4NS Os recursos de valor econômico explorados nas bacias sedimentares são os combustíveis fósseis. A alternativa E está incorreta, pois os escudos cristalinos brasileiros são terrenos antigos formados no Pré-Cambriano. QUESTÃO 62 A hierarquia das estruturas de ensino, simples e claramente identificável, e, muito particularmente, a divisão absolutamente nítida entro o primário (daí, os “primários”) e o secundário, estabelecia uma relação estreita de homologia com hierarquia social; e isso contribuía muito para persuadir aqueles que não se sentiam feitos para a Escola de que não eram feitos para as posições que podem ser alcançadas (ou não) pela Escola, ou seja, as profissões não manuais e, muito especialmente, as posições dirigentes no interior dessas profissões. BOURDIEU, P.; CHAMPAGNE, P. Os excluídos do interior. In: NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A. (org.). Escritos de Educação. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 219. Nesse trecho, Bourdieu entende que a Escola, ao se orientar pela reprodução do capital simbólico, A. simplifica a sabedoria popular. B. incentiva a reflexão autônoma.C. possibilita a mobilidade social. D. traduz o conhecimento erudito. E. reproduz a violência simbólica. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E porque a Escola estabelece suas regras e conhecimentos considerados corretos a partir das regras das classes dominantes. Assim, quanto mais distante da realidade do aluno estão essas regras, mais dificuldade ele terá de dominar os requisitos de sucesso escolar, sendo este sucesso um dos fatores centrais que determinam a posição social do indivíduo, constituindo clara desvantagem imposta pela classe social. A Escola reproduz ao invés de amenizar as diferenças sociais. A alternativa A é incorreta, pois a Escola tradicionalmente exclui conhecimentos populares de suas atribuições e avaliações, o que aumenta os entraves ao conhecimento encontrados pelas classes populares. A alternativa B é incorreta, uma vez que a Escola não busca a autonomia do aluno, mas a adequação, transmissão e reprodução de conhecimentos, tácitos ou não, valorizados pela classe dominante. A alternativa C é incorreta, pois a Escola acentua as condições que afastam as classes populares dos meios de alterar sua posição social. A alternativa D é incorreta porque a Escola não traduz o conhecimento erudito, sobretudo para os alunos que não têm acesso a esse conhecimento socialmente. Ela reproduz e avalia com base no domínio desse conhecimento. FMBU CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 63 A China apresentou uma resposta às ondas de calor que atingiram boa parte do Hemisfério Norte em 2023: queimar mais carvão mineral para manter um suprimento estável de eletricidade para ar-condicionado. Mesmo antes disso, a China já era responsável por emitir uma grande quantidade dos gases do efeito estufa mundiais relacionados à energia. Dessa forma, por razões de segurança energética e política interna, a China está reafirmando sua aposta no carvão mineral. BRADSHER, K. Ondas de calor agravam dependência do carvão para energia na China. Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2024. [Fragmento adaptado] A situação relatada no texto traz como consequência para a China o(a) A. esgotamento do setor industrial. B. interrupção do abastecimento elétrico. C. substituição das matérias-primas fósseis. D. enfraquecimento das mudanças climáticas. E. comprometimento da sustentabilidade ambiental. Alternativa E Resolução: Em 2023, a China recorreu à estratégia de consumir mais carvão mineral para gerar eletricidade. Isso compromete a sustentabilidade ambiental, uma vez que se trata de um recurso natural não renovável cuja utilização emite gases poluentes que contribuem para o aquecimento global. A alternativa A está incorreta, pois o consumo de carvão mineral é também realizado para atender a demanda energética das indústrias. A alternativa B está incorreta, pois o texto indica que a China consumiu mais carvão mineral justamente para garantir o abastecimento elétrico. A alternativa C está incorreta, pois o carvão mineral é um combustível fóssil. A alternativa D está incorreta, pois o uso do carvão mineral gera emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), que causam o aquecimento global. QUESTÃO 64 Ora, enquanto os outros animais vivem com imagens sensíveis e recordações, e pouco participam da experiência, o gênero humano vive também da arte e de raciocínios. Nos homens, a experiência deriva da memória. De fato, muitas recordações do mesmo objeto chegam a constituir uma experiência única. A experiência parece um pouco semelhante à ciência e à arte. Com efeito, os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência. ARISTÓTELES. Metafísica. 2. ed. Ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentário de Giovanni Reale. São Paulo: Edições Loyola, 200. p. 3. De acordo com o texto, o ser humano se diferencia dos demais animais por A. negar instintos a partir da ética. B. gerar mitos a partir das memórias. C. produzir arte a partir das vivências. D. estabelecer verdades a partir da intuição. E. adquirir conhecimentos a partir das experiências. Alternativa E Resolução: De acordo com o texto de Aristóteles, o ser humano se diferencia dos demais animais por adquirir ciência e arte por meio da experiência. Isso é evidenciado pela afirmação de que “os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência”. Portanto, a capacidade humana de adquirir conhecimento e produzir arte a partir das experiências vividas é destacada como uma das características distintivas da espécie. Logo, está correta a alternativa E. As alternativas A e C estão incorretas, pois o texto de Aristóteles discute a capacidade humana de adquirir conhecimento e produzir arte por meio da experiência, destacando a diferença entre os seres humanos e os demais animais nesse aspecto. Portanto, não há fundamentação para relacionar a capacidade de negar instintos com a ética com base no texto fornecido. A alternativa B está incorreta, já que o filósofo não faz menção à criação de mitos a partir das memórias como uma característica que diferencia os seres humanos dos outros animais. A alternativa D está incorreta porque não há referência à intuição como meio de estabelecer verdades no texto-base fornecido na questão. 25ZW 7YB6 ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 65 Os limites transformantes ocorrem entre placas tectônicas que se deslocam lateralmente. O atrito entre as placas é grande e causa nas rochas esforços e deformações. Um exemplo muito conhecido de limite transformante é o que ocorre entre a Placa Norte-Americana e a do Pacífico, que levou à formação da Falha de San Andreas, na Califórnia (EUA). Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2024 (Adaptação). O tipo de limite entre placas mencionado no texto é responsável pela A. geração de abalos sísmicos. B. expansão da crosta oceânica. C. formação de fossa submarina. D. colisão de blocos continentais. E. criação de cadeias montanhosas. Alternativa A Resolução: O texto aponta que a movimentação das placas tectônicas gera grandes esforços nas rochas. Quando estes atingem o limite de resistência das rochas, ocorrem rupturas, gerando movimentos nos blocos rochosos que se rompem. Isso libera energia, que se propaga na forma de ondas sísmicas. A alternativa B está incorreta, pois a expansão da crosta oceânica ocorre nos limites divergentes, ou seja, nos quais as placas afastam entre si. Isso gera uma fenda por onde o magma ascende e extravasa, solidificando-se e originando uma nova crosta. A alternativa C está incorreta, pois as fossas submarinas são formadas nos limites em que há a colisão entre uma placa tectônica continental e uma oceânica. Esta, por ser mais densa, mergulha sob a continental em direção ao manto, sendo parcialmente destruída, o que configura o processo de subducção e gera a fossa. A alternativa D está incorreta, pois, nos limites transformantes, as placas não colidem; mas sim deslizam lateralmente entre si. A alternativa E está incorreta, pois as cadeias de montanhas continentais são formadas nos limites convergentes entre as placas tectônicas. Já as cadeias submarinas (dorsais oceânicas) são formadas nos limites divergentes. Nos limites transformantes, as feições geradas são as falhas transformantes. QUESTÃO 66 Assim, devemos saber que existem dois modos de combater: um, com as leis; o outro, com a força. O primeiro modo é próprio do homem; o segundo, dos animais. Porém, como o primeiro muitas vezes mostra-se insuficiente, impõe-se um recurso ao segundo. [...] Não pode nem deve um soberano prudente cumprir suas promessas quando um tal cumprimento ameaça voltar-se contra ele e quando se diluem as próprias razões que o levaram a prometer. Se os homens fossem todos bons, bom não seria esse preceito; mas, visto que eles são pérfidos e que, em teu favor, tampouco honrariam a sua palavra, [...] tu não tensde sentir-te no dever de, em seu favor, honrar a tua. Aliás, razões jamais faltam a um príncipe para fundamentar o descumprimento das suas promessas. [...] Todavia, terás de saber como colorir essa face da tua natureza, fazendo-te um grande simulador e um dissimulador. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (Adaptação). A teoria do contexto absolutista apresentada anteriormente fundamenta-se na A. crença de uma dimensão divina do poder político. B. associação da autoridade real à vontade do povo. C. separação das ações do rei de aspectos morais. D. defesa de um governo de caráter democrático. E. abolição das leis na organização da sociedade. Alternativa C Resolução: Em sua obra O Príncipe, Maquiavel se concentra nas maneiras que o governante tem de alcançar e manter o seu poder. No excerto apresentado, Maquiavel afirma que “Não pode nem deve um soberano prudente cumprir suas promessas quando um tal cumprimento ameaça voltar-se contra ele e quando se diluem as próprias razões que o levaram a prometer”, ou seja, a ação política não deve estar vinculada a aspectos morais. Portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois Maquiavel rompe com a cultura cristã medieval. Para o filósofo, o rei não possui uma dimensão divina. A alternativa B também está incorreta, pois, para Maquiavel, o poder político não está relacionado à existência de um contrato social, em que o povo legitimasse o poder do príncipe. A alternativa D está incorreta, pois não há na teoria de Maquiavel a defesa do modelo democrático. De modo geral, a obra de Maquiavel é associada a governos tirânicos. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, embora o texto mencione que, quando as leis se mostram insuficientes, impõe-se o recurso da força, isso não significa que na sociedade absolutista não existissem leis na organização social. GRST FZNA CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 67 As mudanças da paisagem causadas por atividades mineradoras não se restringem a áreas naturais ou isoladas. Em situações em que as minas se encontram próximas às áreas urbanas, a transformação também ocorre no ambiente construído. Assim ocorreu na cidade de Congonhas, em Minas Gerais, onde a Vila Operária de Casa de Pedra, construída pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) nos anos 1950, foi “desmobilizada” 30 anos mais tarde para permitir a ampliação de uma mina. No momento de sua demolição, a vila contava com quase trezentas casas, cinema, praça de esportes, grupo escolar, igreja, hospital e uma população de quase 3 mil pessoas. MILANEZ, B. Mineração, ambiente e sociedade: impactos complexos e simplificação da legislação. Boletim regional, urbano e ambiental, v. 16, jan.-jun. 2017. Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2024 (Adaptação). O texto evidencia a seguinte repercussão causada pela implantação da atividade econômica mencionada: A. Diminuição da arrecadação tributária. B. Estagnação do progresso tecnológico. C. Encolhimento de investimentos produtivos. D. Crescimento do desemprego populacional. E. Desterritorialização de comunidades locais. Alternativa E Resolução: O texto refere-se a uma situação em que a implantação da atividade mineradora causou a remoção de comunidade locais de seu território, visto que a expansão de uma mina levou à demolição de uma vila. A alternativa A está incorreta, pois as atividades econômicas são alvo da cobrança de tributos. Assim, a sua expansão causa uma ampliação da arrecadação tributária estatal. A alternativa B está incorreta, pois a expansão da mineração, e de toda a sua cadeia produtiva, pode estimular o desenvolvimento tecnológico de modo a promover a sua otimização. A alternativa C está incorreta, pois a instalação e a expansão das atividades mineradoras requerem a realização de investimentos produtivos. A alternativa D está incorreta, pois, nas áreas de instalação da mineração, há uma ampliação dos postos de trabalho, vinculados direta ou indiretamente às suas atividades. QUESTÃO 68 Os senhores de engenho sentiram-se ameaçados, pois consideravam-se mais “donos” de Pernambuco do que os novos comerciantes. Afinal, haviam gasto seus próprios recursos para expulsar os holandeses do Brasil. Por isso passaram a chamar os homens de negócio do Recife de mascates, que era uma expressão pejorativa. 83T5 UMH7 No sentido original, mascate era o vendedor ou mercador ambulante, que vendia mercadorias sem grande valor de porta em porta. A “nobreza da terra” usava essa palavra para demonstrar o desprezo que tinha pelos novos comerciantes. Os recifenses, por seu lado, respondiam chamando os arruinados de pés-rapados. SILVA, L. G. Guerra dos mascates. São Paulo: Ática, 1995. p. 44. O texto indica que a ocorrência da chamada Guerra dos Mascates de 1710, em Pernambuco, está relacionada, entre outros aspectos, à A. competição pelo controle das relações comerciais da região. B. decadência da produção açucareira na região de Olinda. C. interferência metropolitana nos assuntos internos da colônia. D. consolidação de Recife como centro político da capitania. E. disputa por território entre portugueses e povos indígenas. Alternativa B Resolução: A aristocracia de Olinda, antes rica e poderosa, vivia uma crise econômica e, em muitos casos, recorria aos empréstimos dos comerciantes portugueses de Recife, cidade marcada por uma profunda expansão econômica desde a presença holandesa na região na primeira metade do século XVII. Os moradores de Recife eram tratados pejorativamente de mascates pelos olindenses e, por sua vez, chamavam os fazendeiros de Olinda de pés-rapados, já que viviam em plena decadência e pobreza. Em 1709, devido ao desenvolvimento econômico de Recife, o rei Dom João V elevou a região à condição de vila, o que desagradou os olindenses, já que a emancipação de Recife daria maior poder aos fortalecidos comerciantes. Dessa forma, pode-se constatar que a elite de Olinda, fragilizada pela perda do poder econômico, encontrava-se prestes a também ver a diminuição de seu domínio político. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois o conflito entre olindenses e recifenses foi marcado pela disputa em torno da preponderância econômica e política na capitania de Pernambuco, e não pelo controle do comércio em si. A alternativa C está incorreta, pois, ainda que a elevação de Recife à vila pelo rei Dom João V revele a interferência da Coroa nas questões internas da Colônia, esse aspecto não está presente no excerto apresentado. A alternativa D também está incorreta, pois a elevação de Recife à condição de capital da capitania será uma consequência do conflito. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o centro da guerra dos mascates envolvia a disputa entre fazendeiros olindenses e comerciantes recifenses. ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 69 O Brasil apresenta condições naturais vantajosas para a geração de energia elétrica oriunda de fontes renováveis, como através das hidrelétricas, possuindo inclusive a maior bacia hidrográfica do mundo. No entanto, esse tipo de geração sofre oscilações, principalmente, devido a crises hídricas cada vez mais recorrentes, cujas secas e escassez têm papel crucial no ciclo hidrológico e na disponibilidade de água. Assim, é importante investir no aproveitamento de outras fontes renováveis e competitivas para minimizar esses efeitos. Esse é o caso da energia solar, que apresentou um crescimento na geração elétrica de 64% em 2022 em relação ao ano anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). ALMEIDA, P. O consumo de combustíveis fósseis e o alarmante efeito nos biomas brasileiros. Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2024(Adaptação). O texto indica que uma forma de promover a segurança energética é através da A. diversificação da matriz elétrica. B. limitação do consumo residencial. C. expansão das termoelétricas fósseis. D. ampliação das importações petrolíferas. E. supressão do aproveitamento hidráulico. Alternativa A Resolução: O texto aponta que a geração de energia elétrica através de usinas hidrelétricas sofre oscilações, ocorrendo uma queda em momentos de escassez de chuvas. Assim, para garantir a segurança energética, é importante diversificar as fontes que compõem a matriz elétrica, aproveitando outras formas de geração energética, como a solar. A alternativa B está incorreta, pois o texto não propõe a limitação do consumo residencial, mas sim o aproveitamento de outras fontes renováveis e competitivas. A alternativa C está incorreta, pois o texto aponta para a expansão do uso de fontes renováveis de energia e as termoelétricas fósseis consomem recursos naturais não renováveis, como o carvão mineral. A alternativa D está incorreta, pois o petróleo também é um recurso natural não renovável. Além disso, o texto não recomenda ampliar as importações energéticas, mas sim aproveitar as condições naturais vantajosas do Brasil para produzir energia. A alternativa E está incorreta, pois o texto não indica a suspensão da geração de energia através das usinas hidrelétricas, e sim sugere que haja uma complementariedade dessa forma de geração de energia elétrica com outras fontes renováveis. MQN2 QUESTÃO 70 A liberdade política, em um cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que cada um tem sobre a sua segurança; e para que se tenha esta liberdade, é preciso que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão. Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura, o Poder Legislativo está reunido ao Poder Executivo, não existe liberdade; porque se pode temer que o mesmo monarca ou o mesmo Senado crie leis tirânicas para executá-las tiranicamente. Tampouco existe liberdade se o poder de julgar não for separado do Poder Legislativo e do Executivo. MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 2000. De acordo com as ideias iluministas apresentadas no trecho, a liberdade política é garantida pela A. construção de uma sociedade fundamentada na igualdade. B. consagração do poder político pela autoridade religiosa. C. instituição de um modelo político de partição dos poderes. D. subordinação de determinadas atividades jurídicas e políticas. E. participação plena dos indivíduos na organização política. Alternativa C Resolução: Para Montesquieu, é natural que o homem abuse do poder, ferindo a liberdade política, sendo possível, desse modo, que os governos acabem se convertendo ao despotismo. Para que isso não ocorra, é preciso frear a concentração do poder em um único indivíduo ou grupo de pessoas. Para isso, é preciso um equilíbrio do poder por meio de sua divisão, que, para Montesquieu, deve ser tripartido em: Executivo, Legislativo e Judiciário. Portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois o texto não estabelece uma relação entre liberdade política e a existência de uma sociedade igualitária. A alternativa B está incorreta, pois, de modo geral, os iluministas buscavam romper com a influência da religião sobre o campo político. A alternativa D está incorreta, pois no trecho está presente a defesa de uma divisão dos poderes, e não uma subordinação de atividades jurídicas e políticas. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois não há no excerto aspectos que indiquem que a liberdade política está baseada na participação plena dos indivíduos na política. NFND CH – PROVA I – PÁGINA 48 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 71 Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si mesmas, independentemente da sua utilidade e amam, acima de todas, a sensação da visão. Com efeito, não só em vista da ação, mas mesmo sem ter nenhuma intenção de agir, nós preferimos o ver, em certo sentido, a todas as outras sensações. E o motivo está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimento do que todas as outras sensações e nos torna manifestas numerosas diferenças entre as coisas. ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edições Loyola, 2002. O trecho ressalta a importância dos sentidos no processo de A. deleite dos prazeres. B. percepção das ideias. C. refutação de hipóteses. D. investigação do mundo. E. questionamento da mitologia. Alternativa D Resolução: Aristóteles diferencia-se de seu mestre, Platão, ao compreender que a sensibilidade humana participa de modo fundamental do processo de construção do conhecimento. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois ela exprime uma compreensão aproximada à do epicurismo. A alternativa B está incorreta, pois o texto-base não discute a função da sensibilidade na percepção das ideias. Além disso, ela apresenta uma linguagem platônica, posto que, para Aristóteles, o mundo sensível é importante para a percepção dos conceitos universais. A alternativa E está incorreta porque, dado o distanciamento histórico e a consolidação da filosofia, a disputa entre mito e filosofia já estava superada. Portanto, não há grandes preocupações, no pensamento aristotélico, em relação a essa questão. QUESTÃO 72 Mas Colombo não estava tão longe de certas concepções correntes durante a Idade Média acerca da realidade física do Éden que descresse de sua existência em algum lugar do globo. E nada o desprendia da ideia, verdadeiramente obsessiva em seus escritos, de que precisamente as novas Índias, para onde o guiara a mão da Providência, situavam-se na orla do Paraíso Terreal. Se à altura do Pária chega ele a manifestar com mais veemência essa ideia, o fato é que muito antes, e desde o começo de suas viagens de descobrimento, a tópica das “visões do paraíso” impregna todas as suas descrições daqueles sítios de magia e lenda. HOLANDA, S. B. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2000. p. 19. O texto indica que o contexto da Expansão Marítima europeia, dos séculos XV e XVI, foi marcado, entre outros aspectos, pela A. superação do pensamento mítico medieval pelo racionalismo. B. oposição às narrativas fantásticas dos viajantes europeus. C. caracterização do mundo fundamentada no relativismo cultural. D. estruturação de um conhecimento amplo acerca do mundo. E. construção de um imaginário influenciado pela cultura cristã. Alternativa E Resolução: No trecho, fica evidente as imagens utilizadas por Colombo para descrever suas experiências com o desconhecido nas Américas e de como a ideia de Éden estava encrustada em suas observações. A presença desse elemento reforça que o imaginário europeu do período foi fortemente influenciado pelo pensamento mítico-religioso da Idade Média, marcado pela cultura cristã. Portanto, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois, apesar do avanço técnico do período, o pensamento racional conviveu com o pensamento mítico-religioso. A alternativa B está incorreta, pois as narrativas maravilhosas e fantásticas de viajantes europeus contribuíram fortemente para a construção desse imaginário mítico. A alternativa C está incorreta, pois a representação do mundo está baseada em uma perspectiva etnocêntrica, cristã e europeia. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois a descrição de Colombo parte de uma perceptiva eurocêntrica, não baseando-se, portanto, em um conhecimento amplo acerca do mundo. 6HQS Q76W ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 49BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 73 Os dobramentos modernos são igualmente conhecidos como dobramentos terciários ou cadeias orogênicas. Eles são uma estrutura geológicarecentemente formada, sendo que correspondem às grandes cadeias de montanhas originadas do choque entre placas tectônicas no Período Terciário. São exemplos de dobramentos modernos a Cordilheira dos Andes (na América do Sul), os Alpes (na Europa), as Montanhas Rochosas (na América do Norte) e a Cordilheira do Himalaia (na Ásia). Em função da movimentação das placas, algumas dessas cadeias montanhosas continuam em processo de soerguimento. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2024 (Adaptação). A estrutura geológica descrita no texto é marcada pela ocorrência de A. rochas de origem cristalina. B. terrenos com altitudes modestas. C. reservas de combustíveis fósseis. D. regiões com estabilidade sísmica. E. depósitos de detritos sedimentares. Alternativa A Resolução: Os dobramentos modernos correspondem a um tipo de estrutura geológica composto por rochas de origem cristalina (magmáticas e metamórficas), o que tem relação com a sua formação, que leva à ocorrência de processos que originam esses tipos de rochas (vulcanismo, plutonismo e metamorfismo). A alternativa B está incorreta, pois os dobramentos modernos correspondem às grandes cadeias de montanhas, que abrigam as maiores altitudes das superfícies continentais. As alternativas C e E estão incorretas, pois as reservas de combustíveis fósseis e os depósitos de detritos estão presentes nas bacias sedimentares. A alternativa D está incorreta, pois, por serem formados a partir da colisão de placas tectônicas, os dobramentos modernos abrigam áreas com forte instabilidade sísmica. QUESTÃO 74 Ciente dos interesses da Holanda, a população de Salvador já esperava um ataque. Desde o fim da trégua era plausível avaliar que o recomeço do conflito hispano- -neerlandês desaguaria na América Portuguesa. [...] Nova tentativa de ocupação teve início em 9 de maio de 1624. No entanto, os holandeses não passaram dos limites da cidade. [...] [Eles] não se deram por vencidos. Miraram a próspera capitania de Pernambuco, que na época rivalizava com a Bahia. Pernambuco possuía 121 engenhos [...] e despertou a atenção dos diretores da Companhia [das Índias Ocidentais]. PFØD BYOF Ademais, se de Salvador a Luanda se gastava 35 dias, do Recife eram apenas 29, diferença que não passaria despercebida aos holandeses. Com tantos motivos a favor, o ataque se iniciou em 1630 e contou com 65 embarcações e 7 280 homens: Olinda, a capital, caiu no dia 14 de fevereiro desse mesmo ano. SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 59 (Adaptação). De acordo com o texto, as invasões holandesas à região Nordeste do Brasil Colonial tinham como objetivo A. auxiliar a população local contra a metrópole lusa. B. estancar a comercialização de escravizados. C. recuperar o lucrativo comércio açucareiro. D. propiciar o culto à fé calvinista na região. E. reestruturar o cultivo da cana-de-açúcar. Alternativa C Resolução: O texto aponta a estratégia dos holandeses de mirar em regiões como Pernambuco, conhecidas por sua produção açucareira, como forma de expandir seu controle econômico na América Portuguesa. O texto menciona a rivalidade entre Salvador e Pernambuco, destacando a atenção dos holandeses para com a próspera capitania pernambucana, que possuía numerosos engenhos de açúcar. Além disso, a referência ao tempo de viagem mais curto entre Recife e Luanda, em comparação com Salvador, sugere uma óbvia vantagem comercial que os holandeses perceberam para colocar em prática os planos da conquista de Pernambuco. Portanto, a invasão holandesa tinha como principal objetivo recuperar o comércio açucareiro da região nordeste do Brasil Colonial, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o auxílio à população local contra a metrópole lusa não encontra respaldo no texto fornecido. A alternativa B está incorreta, pois, embora o comércio de escravizados fosse uma parte significativa da economia colonial, não é mencionado como um objetivo específico das invasões holandesas. Além disso, os holandeses fizeram a invasão aos domínios portugueses em duas frentes, Pernambuco e Angola, o que auxiliou na sua própria comercialização de escravizados. A alternativa D está incorreta, pois, embora a questão dos conflitos religiosos fosse relevante na Europa na época, o texto se concentra principalmente nos interesses econômicos e comerciais dos holandeses na Região Nordeste do Brasil. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois não há indícios de que os holandeses invadiram a região com o objetivo de reestruturar ou modificar a produção açucareira, mas sim de assumir o controle sobre uma atividade econômica lucrativa já estabelecida. CH – PROVA I – PÁGINA 50 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 75 O responsável disto é o vosso Górgias. De fato, chegado à vossa cidade, captou, como amante da sabedoria, os mais ilustres dos Alévadas. Naturalmente, este costume habituou-vos a responder sem medo e com perícia se alguém vos perguntar algo, como é apanágio dos que sabem. Ele mesmo, Górgias, punha-se ao dispor dos Gregos que desejassem perguntar-lhe qualquer coisa, e a ninguém deixava sem resposta. JABOUILLE, V. Górgias – Testemunhos e Fragmentos. Lisboa: Edições Colibri, 1993. De acordo com o trecho, a atividade sofista caracteriza-se pelo(a) A. exame das crenças populares. B. transmissão dos mitos gregos. C. investigação dos fenômenos naturais. D. desenvolvimento de técnicas discursivas. E. questionamento das organizações políticas. Alternativa D Resolução: Os sofistas eram mestres na arte da retórica e da argumentação persuasiva. Eles ensinavam habilidades de debate, persuasão e oratória, visando principalmente à capacidade de convencer os outros de um ponto de vista, independentemente de sua veracidade objetiva. Essa habilidade era especialmente valorizada na Grécia Antiga, onde a retórica desempenhava um papel crucial na política, na educação e no sistema judicial. Os sofistas, como Górgias mencionado no texto, eram conhecidos por sua habilidade em responder a perguntas com destreza e persuasão. Desse modo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois os sofistas utilizavam amplamente as crenças populares no intuito de fortalecer seus discursos sobre um determinado ponto; já que, se a pessoa concordar com uma premissa, é provável que ela concorde com a conclusão do raciocínio que pode derivar dessa crença. A alternativa B está incorreta porque os sofistas não se concentravam na transmissão dos mitos gregos, que era mais comum entre os poetas épicos e os aedos. Eles estavam mais preocupados com o desenvolvimento das habilidades de debate e argumentação. A alternativa C está incorreta, posto que enquanto alguns pré-socráticos, como os filósofos da escola jônica, dedicavam-se à investigação dos fenômenos naturais, os sofistas concentravam-se nas questões humanas, sociais e políticas, como a natureza da justiça, da virtude e da sociedade. A alternativa E está incorreta, já que os sofistas só questionavam as organizações políticas caso fosse de seu melhor proveito para o discurso. Há relatos de sofistas professores de tiranos, monarcas, aristocratas, comerciantes, artesões, etc. em diversas pólis, dos mais variados regimes. B5IW QUESTÃO 76 Esse choque revela o status divino que o astro do futebol tinha em seu país, onde seus torcedores o apelidaram de “D10S” em homenagem ao famoso número em sua camisa e em referência à palavra Deus em espanhol, Dios. A dor pela perda do ícone não é sentida apenas nas ruas e na interminável lista de jogadores e treinadores de futebol que compartilham seus sentimentos por meio de entrevistas e publicações nas redes sociais. Para alguns na Argentina, a comoção popular que a morte de Maradona gerou é semelhante à causada na época da morte da ex-primeira-damaargentina Eva Perón, outro ícone de origens humildes que muitos idolatraram como uma figura mítica. Como aconteceu em 1952, muitos argentinos saíram às ruas de forma espontânea nesta quarta-feira (25/11) para se encontrar e lamentar a partida de seu ídolo, o que nem mesmo a pandemia do coronavírus conseguiu evitar. SMINK, V. Morre Diego Maradona: o choque e a dor na Argentina com a perda do ‘Deus do futebol’. BBC News Mundo, 26 nov. 2020.Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2024. [Fragmento] Considerando a teoria weberiana sobre os tipos de autoridade e os impactos da morte de Diego Maradona descritos no texto, é possível afirmar que o jogador exercia uma autoridade A. carismática, por suas habilidades técnicas marcantes. B. tradicional, por seus vínculos com clubes famosos. C. popular, por suas doações a pessoas vulneráveis. D. racional, por seu trabalho como técnico nacional. E. emocional, por seu impacto entre os argentinos. Alternativa A Resolução: A morte de Maradona evidenciou o tipo de autoridade carismática que ele exercia sobre seus seguidores. Sua figura transcendia o futebol e representava esperança e orgulho para muitos argentinos. O texto destaca a idolatria popular em torno de Maradona, o apelido “D10S” e a comoção nacional com sua morte, características da autoridade carismática. Portanto, a alternativa que melhor define a autoridade exercida por Diego Maradona, segundo a teoria weberiana e o contexto do texto, é a A. A alternativa B está incorreta porque a ligação com clubes famosos não é o foco principal da relação entre Maradona e seus seguidores. A alternativa C está incorreta porque, embora relevantes, as doações de Maradona não definem o tipo de autoridade que ele exercia. A alternativa D está incorreta porque o trabalho como técnico nacional não foi o principal fator de sua influência carismática. Por fim, a alternativa E está incorreta porque “emocional” não é um dos tipos de autoridade definida por Weber. XO6Y ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 51BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 77 Ao chegar no fim dos anos 1970, os chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura) haviam estruturado plataformas modernas de exportação, bem como criado uma indústria nacional dinâmica de bens de consumo duráveis de capital. Isso se deu tanto através da atração de empresas estrangeiras como da constituição de empresas nacionais exportadoras e grandes grupos nacionais – como no caso coreano –, capazes de competir com as grandes corporações multinacionais que já dominavam os mercados internacionais. MEDEIROS, B. A industrialização na periferia sul-asiática e brasileira até os anos 1970: das semelhanças às divergências. Revista Iniciativa Econômica, v. 4, n. 1, Araraquara, jan.-jun. 2018. Disponível em: . Acesso em: 8 jan. 2024 (Adaptação). O modelo de industrialização abordado baseia-se no(a) A. enfoque do mercado externo. B. limitação da iniciativa privada. C. incremento da carga tributária. D. reforço do protecionismo estatal. E. estagnação da inovação tecnológica. Alternativa A Resolução: O modelo de industrialização adotado pelos Tigres Asiáticos é conhecido como plataformas de exportação, que é centrado, como a própria denominação indica, na produção destinada ao mercado externo. A alternativa B está incorreta, pois esse modelo de industrialização foi adotado por empresas da iniciativa privada. A alternativa C está incorreta, pois, nos Tigres Asiáticos, para atrair a instalação de empresas, foram adotadas medidas como a oferta de incentivos fiscais com a redução de impostos. A alternativa D está incorreta, pois esse modelo de industrialização envolveu a adoção de políticas neoliberais, marcadas pela redução da intervenção estatal na economia. O protecionismo, por sua vez, consiste na intervenção econômica estatal a fim de proteger as atividades econômicas nacionais da concorrência estrangeira. A alternativa E está incorreta, pois o modelo de industrialização dos Tigres Asiáticos foi marcado pela promoção do desenvolvimento tecnológico. QUESTÃO 78 Se o verdadeiro coração do complexo da cana-de-açúcar era formado por senhores e escravos, havia um mundo social que girava ao redor dessa constelação: agregados e lavradores de cana. Os agregados compunham um setor bastante alargado, [...] e, se não era importante economicamente, tinha relevância política e social, pois oferecia apoio irrestrito a ele e lhe engrossava a influência em suas respectivas regiões. Eram parentes sem propriedade, políticos locais, comerciantes, homens livres, mas não possuíam autonomia econômica ou social. Por isso mesmo se tornavam dependentes. SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. O texto apresenta determinadas características da sociedade açucareira do Brasil Colonial, no que se refere ao(à) A. estrutura social hierarquizada com possibilidades de mobilidade. B. constante relação de conflito entre senhores e escravizados. C. política de favorecimento que alimentava o mandonismo local do senhor. D. poder de interferência do senhor de engenho nas decisões da metrópole. E. rivalidade comercial no cultivo da cana entre senhores e pequenos produtores. Alternativa C Resolução: A sociedade açucareira no Brasil Colonial se estruturava de maneira hierárquica e controlada pelo senhor de engenho, que representava o topo do modelo social vigente. No texto, é destacado o corpo social que fazia parte dessa estrutura, como agregados e lavradores de cana, que ficavam sob a tutela do senhor de engenho. Os agregados viviam dos favores do senhor de engenho e, como descrito no texto, ofereciam apoio irrestrito, aumentando, assim, a influência desses senhores na região. Dessa forma, alimentava-se a prática do mandonismo local, o que torna a alternativa C correta. A alternativa A está incorreta, pois, nessa estrutura hierarquizada, a possibilidade de mobilidade social era muito reduzida, além de o texto não abordar esse aspecto. A alternativa B está incorreta, pois, embora existissem intensas relações de conflito entre senhores e escravizados, esse também não é um aspecto tratado no texto. A alternativa D está incorreta, pois, embora o senhor de engenho adquirisse grande poder e influência local, não se pode afirmar que esse poder de interferência refletisse nas decisões da metrópole. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto não aborda rivalidades comerciais entre senhores de engenho e pequenos produtores. PSCT ZK16 CH – PROVA I – PÁGINA 52 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 79 Os ventos mudaram, significativamente, a realidade de municípios do Rio Grande Norte, estado que é um dos líderes na produção de energia eólica do Brasil. Entre esses municípios, destaca-se o de João Câmara; com 29 parques eólicos e 327 aerogeradores, segundo dados de 2022. Antes da instalação dos parques, não havia grandes investimentos de caráter industrial e operacional no município. A população vivia basicamente da agricultura de subsistência. A implantação dos parques eólicos e das muitas turbinas aerogeradoras atraiu vultosos volumes de investimentos, ampliando o Produto Interno Bruto do município e gerando renda e emprego para a população, sendo de grande importância para o desenvolvimento da região. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2024 (Adaptação). O texto enfatiza que a expansão da geração de energia de origem eólica contribui para A. esgotar os recursos naturais. B. preservar as paisagens naturais. C. impulsionar o dinamismo econômico. D. fortalecer as desigualdades regionais. E. retardar o desenvolvimento infraestrutural. Alternativa C Resolução: O texto evidencia que a expansão da geração da energia eólica contribui para incrementar o dinamismo da economia das regiões que abrigam os parques eólicosao atrair investimentos, diversificar as atividades econômicas, gerar emprego e renda e ampliar o Produto Interno Bruto (PIB). A alternativa A está incorreta, pois a energia eólica deriva de um recurso natural renovável (a força dos ventos). A alternativa B está incorreta, pois a implantação dos parques eólicos altera as paisagens naturais através da instalação dos aerogeradores e da expansão de equipamentos de infraestrutura, como estradas. A alternativa D está incorreta, pois, ao dinamizar as economias locais, a expansão da geração de energia eólica acaba contribuindo para diminuir desigualdades regionais. A alternativa E está incorreta, pois a instalação de parques eólicos já representa a expansão da infraestrutura energética. Além disso, essa instalação demanda a implementação de outras obras infraestruturais, como estradas. QUESTÃO 80 As principais transformações ocorridas no século IV a.C., na sociedade grega, ocorreram, principalmente, a partir das conquistas de Felipe II e, particularmente, de Alexandre Magno. Alexandre deu prosseguimento às suas intenções hegemônicas, numa perspectiva de consolidação de um vasto domínio político, que provocaram alterações significativas em toda estrutura da sociedade antiga, com destaque para a sociedade grega. Esta perdeu a independência das pólis com a implantação da monarquia universalista idealizada por Alexandre. SOUZA, O. M.; MELO, J. J. P. A Educação do homem helenista: a proposta de Epicuro. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2019. [Fragmento adaptado] A organização política citada no texto colocou em crise os paradigmas da sociedade helênica ao A. escravizar os gregos para sustentar a expansão do Império Macedônico. B. reestruturar as pólis gregas de acordo com os interesses das oligarquias. C. forçar a mudança do status de cidadão grego para a de súdito do imperador. D. propagar o helenismo como forma de aniquilar as tradições seculares gregas. E. eliminar a cultura grega para dar lugar à monarquia universalista macedônica. Alternativa C Resolução: A) INCORRETA – A dominação dos macedônicos não significou a escravização do povo grego. B) INCORRETA – A dominação da Macedônia substituiu o modelo político grego por uma configuração imperial, não beneficiando necessariamente interesses oligárquicos. C) CORRETA – Com a invasão do Império Macedônico, os gregos foram obrigados a viver sob a dominação de uma cultura estrangeira, perdendo sua principal referência ético-política: a cidadania, a vida na comunidade e as suas leis. D) INCORRETA – O helenismo não significou a extinção da cultura grega, e sim sua fusão à cultura oriental durante o expansionismo dos macedônios. E) INCORRETA – A dominação macedônica absorveu a cultura grega e a fundiu com elementos da cultura oriental. ZLTG LZQR ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 53BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 81 O problema da seca do Rio Amazonas tem se agravado nos últimos anos, e registrou recorde em 2022, de acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o que impactou substancialmente a navegação na região. Consequentemente, entre outubro e novembro de 2022, houve uma restrição de 40% a 50% na capacidade de navegação pela via. Isso porque, independentemente do tamanho do navio, todas as embarcações sofrem restrição de capacidade quando a profundidade fica abaixo de 14 metros. Para profundidades abaixo de 9,5 metros, por exemplo, o risco à navegação é elevado por impactar na manobrabilidade dos navios, gerando prejuízos à performance dos motores e equipamentos de bordo. TROMPOWSKY, M. A seca do Rio Amazonas e os impactos logísticos e econômicos para a Região Norte. Portos e Navios, ed. 737, set.-out. 2023. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2024 (Adaptação). A situação relatada no texto evidencia uma característica do modal de transporte abordado, que é a A. flexibilidade das rotas viárias. B. agilidade dos fluxos escoados. C. inviabilidade para trajetos longos. D. dependência das condições naturais. E. inadequação para cargas volumosas. Alternativa D Resolução: A realização do transporte hidroviário é condicionada por fatores naturais, pois requer a disponibilidade de rios com determinado volume de água e situados em terrenos de topografia mais regular. O texto evidencia essa condição ao relatar que a escassez de chuvas na região do Rio Amazonas comprometeu a navegação em seu curso. A alternativa A está incorreta, pois, ao depender da existência de condições hidrográficas que possibilitem a navegação, as rotas do transporte hidroviário não são flexíveis. A alternativa B está incorreta, pois o transporte hidroviário é considerado relativamente lento, principalmente quando comparado com outros modais, como o rodoviário. A alternativa C está incorreta, pois o transporte hidroviário, ao apresentar custos operacionais relativamente baixos, é considerado adequado para interligar longas distâncias. A alternativa E está incorreta, pois o transporte hidroviário, em função da grande capacidade de carga e dos custos operacionais baixos, é apropriado para escoar cargas volumosas, como produtos agrícolas e minerais. 4E6Q QUESTÃO 82 Quanto aos nativos deste país, encontro-os totalmente selvagens e primitivos, alheios a toda decência; mais ainda, [...] e estúpidos, como estacas de jardim, espertos em todas as perversidades e ímpios, homens endemoniados que não servem a ninguém senão o diabo [...]. É difícil dizer como se pode guiar a esta gente o verdadeiro conhecimento de Deus e de seu mediador Jesus Cristo. MICHAËLIUS, J. In: KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. O relato de 1628, de autoria de Jonas Michaëlius, fez parte de um conjunto de opiniões em relação aos indígenas durante a colonização da América Inglesa, revelando uma A. percepção idealizada sobre os índios, considerando-os seres místicos. B. visão de que os nativos são incivilizados perante o padrão europeu. C. disposição para a integração desses povos ao corpo social da colônia. D. aceitação das diferenças culturais presentes nas sociedades indígenas. E. missão de subjugação indígena para proteção dos colonizadores ingleses. Alternativa B Resolução: O texto apresentado é de Jonas Michaëlius, e parte de um ponto de vista europeu, que fez parte de um conjunto de opiniões acerca dos indígenas que viviam na América Inglesa. De acordo com esse pensamento, como os índios não têm uma cultura semelhante à europeia, seriam considerados incivilizados. Essa perspectiva parte de uma visão etnocêntrica, que não consegue ver outro tipo de civilização, mas apenas dois grupos: os que são civilizados do seu ponto de vista e os que não são, o que torna a alternativa B correta. A alternativa A está incorreta, pois, embora a visão idealizada em relação aos povos originários estivesse presente em muitos imaginários da época, nesse relato, a visão de indígenas como seres místicos não é apresentada. A alternativa C está incorreta, pois no trecho não existe menção a uma intenção de integrar esses povos ao corpo social colonial. A alternativa D está incorreta, pois, ao contrário do indicado, não há uma aceitação das diferenças culturais dos indígenas pelos europeus conquistadores. Inclusive, o processo que ocorre é uma tentativa de aculturação. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, embora a subjugação indígena tenha ocorrido na América Inglesa, não foi um aspecto tratado no texto. 7XVE CH – PROVA I – PÁGINA 54 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 83 A política local – e particularmente a política urbana – encontra-se hoje desesperadamente sobrecarregada, a tal ponto que não consegue mais operar. E nós pretendíamos reduzir as consequências da globalização incontrolável justamente com os meios e com os recursos que a própriaA está incorreta porque não é possível afirmar que a personagem que usa a expressão te re creo acredite que a realidade engane; ela duvida do que se conta sobre a realidade. As alternativas B e E estão incorretas porque a personagem não demonstra surpresa ou espanto. A alternativa D está incorreta porque a fala da personagem não expressa insegurança em relação ao mundo real, mas ironia. 7JNK QUESTÃO 02 ¿Se acuerda, lector, qué tiempos aquellos, eran más humanos y humanas los nuestros, no se conocían Bill Gates ni teclados, los muchachos de antes comían asados? ¿Se acuerda de cuando los amigos se juntaban en las casas, en un bar, en el cine, en la cancha, en la sesión de terapia, en la esquina, en la unidad básica, donde sea, pero “se juntaban”? Ahora, ¿sabe qué? ¿Se acuerda de cuando Roberto Carlos cantaba “quiero tener un millón de amigos”? Bueno, ¡se metió en feisbuk, y si no tiene un millón, le deben faltar poquitos! Esos nuevos vínculos, esa nueva forma de estar en vez de ser, donde lo virtual es más que lo virtuoso, es el tema de nuestro suplemento de esta semana. Que usted, lector, podrá leer en su versión impresa... ¡o en su pantalla, sin moverse de su casa! RUDY. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2024. [Fragmento] No artigo de opinião, o ponto de vista defendido pelo autor relaciona-se à(s) A. tentativa de retomada de hábitos culturais. B. esperança de haver humanidade na internet. C. demandas sociais por espaços de convivência. D. necessidade humana de interações presenciais. E. transformações negativas das relações sociais. Alternativa E Resolução: No trecho do artigo de opinião, o autor apresenta situações que proporcionavam o encontro de pessoas no tempo passado, quando não se conhecia Bill Gates ou teclados. Ele enfatiza que, independentemente do lugar, as pessoas se reuniam, algo que não acontece atualmente, demonstrando uma transformação negativa em relação ao passado. Ao esclarecer o tema do artigo, o autor joga com os termos virtual e virtuoso, expressando que a nova forma de ser e de estar no mundo propiciada pelos recursos digitais não valoriza aquilo que tem virtude e valor. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o autor não propõe a retomada de hábitos, mas relembra-os e mostra-se saudoso. A alternativa B está incorreta porque o autor expressa que, no tempo passado, as pessoas eram mais humanas, mas não aborda se tem esperança de haver humanidade na internet. A alternativa C está incorreta porque não é mencionada no texto a existência de demandas por espaços de convivência. A alternativa D está incorreta porque o autor não aborda no texto a necessidade humana de interações sociais. T1BM LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Es Sudamérica mi voz Americana soy, y en esta tierra yo crecí. Vibran en mí milenios indios y centurias de español. Mestizo corazón que late en su extensión, hambriento de justicia, paz y libertad. Yo derramo mis palabras y la Cruz del Sur bendice el canto que yo canto como un largo crucifijo popular. Otra emancipación, le digo yo les digo que hay que conquistar y entonces sí mi continente acunará una felicidad, con esa gente chica como usted y yo que al llamar a un hombre hermano sabe que es verdad y que no es cosa de salvarse cuando hay otros que jamás se han de salvar. SOSA, M. Cantata sudamericana. Buenos Aires: Philips, 1972. [Fragmento adaptado] Na canção, a voz e o canto do eu poético são usados para A. questionar o domínio que não gera a liberdade. B. lamentar os conflitos entre indígenas e europeus. C. estabelecer o vínculo com os demais americanos. D. demonstrar a integração entre as nações americanas. E. incitar uma transformação política e social do território. Alternativa E Resolução: Na canção, o eu poético utiliza sua voz e seu canto para expressar o desejo por justiça, paz e liberdade. Essas conquistas viriam por meio de outra emancipação, uma vez que uma delas (os processos de independências) já aconteceu. Isso proporcionaria felicidade ao continente. Desse modo, o eu poético incita uma transformação política e social da América Latina. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o texto não aborda o domínio ou o poder, mas mudanças sociais. M5HH A alternativa B está incorreta porque o eu poético menciona que vibram nele milenios indios e centurias de español, não tratando de conflitos raciais, mas sim de mestiçagem. A alternativa C está incorreta porque a canção, embora mencione un hombre hermano, não se refere aos americanos para estabelecer vínculo entre o eu poético e eles. A alternativa D está incorreta porque o texto não menciona nações americanas, referindo-se somente ao continente de modo geral. QUESTÃO 04 El fútbol es una de las aficiones más populares en redes sociales. […] Los hashtags deportivos más usados en Twitter son futboleros. Alrededor de las cuentas de los equipos se sitúa la comunidad futbolera, que discute, anima, critica, ríe y con todo ello contribuye a la creación de todo el universo narrativo balompédico en Internet. Los partidos, con sus horas previas y posteriores, son los momentos de mayor actividad. Todo lo que envuelve a cada encuentro puede ser un tema de conversación. La Cadena SER y la empresa de análisis semántico con inteligencia artificial Séntisis estudiaron casi 2 millones de comentarios de 110 000 usuarios de Twitter en 20 partidos de competiciones españolas desde noviembre de 2016 a enero de 2018. Tres de cada cuatro tuits expresaban emociones. Risa, asombro, enfado, indignación. Lo que dicen esas 110 000 cuentas no dista demasiado de lo que se puede escuchar en un estadio. Salvo que en Twitter los comentarios se lanzan públicamente y permanecen registrados. Uno de cada cinco tuits analizados era ofensivo. Sin embargo, la palabra respeto era la más repetida. Y el 22% de los mensajes exponían o pedían comportamientos ejemplares. Pero las redes no solo viven del puro texto. Los memes y los GIFs de fabricación casera, cuyo éxito es fruto de un ingenio inapelable, se han convertido en elementos básicos de este lenguaje. PEDRAZA, J. Disponível em: . Acesso em: 10 maio 2018. A análise de 110 000 contas em uma rede social, feita para o estudo divulgado no texto, demonstra sobre o teor das mensagens que A. o conteúdo do discurso de dentro e do discurso de fora da rede social é semelhante. B. o discurso virtual se vale predominantemente de mensagens textuais. C. os comentários feitos nos estádios são registrados na rede social. D. as emoções mais expostas pelos usuários são o tédio e a indignação. E. a maioria das mensagens representam comportamentos exemplares. CELA ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A alternativa A está correta, pois, no quarto parágrafo, o autor informa que aquilo que se discute nas 110 000 contas analisadas não se distancia daquilo que se pode escutar em um estádio de futebol. Ou seja, os conteúdos dos tuítes e dos comentários e gritos dos torcedores nos campos de futebol é semelhante. A alternativa B está incorreta, pois, no último parágrafo, se declara que há também GIFs e memes, gêneros que misturam linguagem verbal e não verbal, cujo uso tornou-se elemento básico da linguagem dos usuários no Twitter. A alternativa C está incorreta, pois, conforme deixa claro o quarto parágrafo, o que acontece nos estádios é semelhante ao que se registra na rede social, mas não é possível abarcar nela tudo o que se diz pelos torcedores no campo de futebol. A alternativa D está incorreta, pois, além de tédio e indignação, registraram-se riso e assombro na pesquisa. A alternativa E está incorreta, pois, de acordo com o que se diz no último parágrafo do texto, apenas 22% das mensagens postadasglobalização tornou penosamente inadequados. BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2009. p. 12. Considerando o texto, para Bauman, o esvaziamento da política é um dos efeitos do(a) A. domínio das corporações supranacionais. B. patrocínio das agremiações educacionais. C. extermínio das manifestações individuais. D. violação das legislações emancipatórias. E. judicialização das condições migratórias. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A porque Bauman entende que as corporações transnacionais estabeleceram campos sociais cujas fronteiras foram diluídas, tornando o Estado um regulador do sistema financeiro, enquanto os indivíduos são impelidos a se responsabilizar tanto pela própria existência quanto pelos problemas locais, aumentando a insegurança e desconfiança com o sistema político. A alternativa B é incorreta, pois a ideia de Bauman para a educação não é centrada nas formas de patrocínio e financiamento, embora haja o reconhecimento de que as noções de consumo também atingiram esse campo. Para o autor, o problema está no descompasso entre a forma como a educação é entendida e aplicada pelas instituições e o que ela deveria ser como agente da preparação de indivíduos para lidar com o mundo cada vez mais líquido, sendo este descompasso fruto da desorganização social após a modernidade sólida. A alternativa C está incorreta, pois, apesar das identidades individuais cada vez mais padronizadas pela identidade de consumidor, as manifestações individuais são incentivadas ao invés de exterminadas na modernidade líquida, estimuladas sobretudo pelas mídias sociais. A alternativa D é incorreta, porque uma legislação realmente emancipatória seria possível somente se a política operasse de modo global, sendo as violações das inciativas locais sintomas da desorganização e encolhimento do Estado. A alternativa E é incorreta porque a questão migratória, na concepção de Bauman, é um dos efeitos da globalização e continuará sendo um problema enquanto os aparatos locais de poder, seja justiça ou outras instituições, forem os únicos responsáveis pela solução do problema. Essa questão é um dos sintomas da redução do papel do Estado, e a não causa de seu esvaziamento. QXUS QUESTÃO 84 Surgia, de fato, uma nova experiência civilizacional profundamente distinta da nordestina. A riqueza nova perdurou por muitas décadas e marcou definitivamente a extensão geográfica do Brasil rumo a oeste, além de ter definido povoados e caminhos que viriam dar o sustentáculo ao mercado interno de longa distância. Em poucas décadas emergiu uma urbanização de magnitude desconhecida até então na Colônia. Ano a ano aportavam no Brasil entre 8 e 10 mil portugueses. Em 1710, Antonil estimara que, entre brancos, negros e mestiços, Minas já teria 30 mil habitantes enfurnados nas grotas, barrancos, matos, córregos e casebres que a mineração fazia brotar. MATOS, R. A discussão do antiurbanismo no Brasil Colonial. Revista Geografias, v. 7, n. 2, 2011. O texto revela que a economia mineradora no século XVIII contribuiu para transformações no território brasileiro, resultantes, entre outros aspectos, da A. ampliação da livre circulação de escravizados. B. alocação de recursos metropolitanos para o Nordeste. C. inauguração de mecanismos de controle metropolitano. D. intensificação do fluxo migratório para a região aurífera. E. separação das regiões em núcleos econômicos distintos. Alternativa D Resolução: A economia mineradora no século XVIII teve um impacto significativo nas transformações do território brasileiro. O texto menciona que, em poucas décadas, uma urbanização significativa ocorreu nas regiões das minas, com um grande número de portugueses chegando anualmente. Isso indica uma intensificação do fluxo migratório para a região aurífera em busca das oportunidades econômicas proporcionadas pela mineração, acarretando a ocupação efetiva e o avanço das fronteiras coloniais em direção ao interior. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois, embora a economia mineradora tenha aumentado a demanda por trabalho de escravizados, não necessariamente ampliou a sua livre circulação. Na verdade, os escravizados eram frequentemente restritos a certas áreas de trabalho nas minas e, portanto, não tinham liberdade de circulação. Além de esse não ser um aspecto abordado no texto. A alternativa B está incorreta porque a economia mineradora não resultou na alocação de recursos metropolitanos para o Nordeste. Na verdade, o epicentro econômico foi deslocado para o Sudeste. A alternativa C está incorreta, pois a economia mineradora não resultou na inauguração de mecanismos de controle metropolitano, já aplicados em outras regiões. Além disso, tal aspecto não está presente no texto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a economia mineradora não resultou na separação das regiões em núcleos econômicos distintos. Pelo contrário, contribuiu para uma integração econômica mais ampla do território brasileiro, à medida que novos centros urbanos surgiam e o mercado interno de longa distância se desenvolvia. CFHV ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 55BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 85 A criação de uma união econômica e monetária foi uma ambição recorrente da União Europeia desde o final da década de 1960. Uma união deste tipo implica a coordenação das políticas econômicas e orçamentárias, uma política monetária comum e uma moeda comum, o euro. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2022 (Adaptação). No contexto de um bloco econômico, a implantação de uma união econômica e monetária proporciona a vantagem de A. reforçar a autonomia dos países. B. limitar a circulação de pessoas. C. facilitar as trocas comerciais. D. romper com o regionalismo. E. fortalecer o protecionismo. Alternativa C Resolução: A União Europeia é um bloco econômico cujo grau de integração alcançou o estágio de uma união econômica e monetária, o que implica a adoção de uma moeda única, que vigora na chamada zona do euro. O objetivo da adoção da moeda única era de fortalecer o mercado no interior do bloco ao facilitar as transações comerciais, o que se deve a fatores como a diminuição de burocracias e a redução de custos de transação e conversão de moedas. A alternativa A está incorreta, pois o texto aponta que a implantação de uma união econômica e monetária implica a coordenação entre os países-membros de uma política econômica, orçamentária e monetária em comum. Portanto, eles perdem a autonomia para definir de forma isolada essas políticas. A alternativa B está incorreta, pois uma união econômica e monetária abrange um mercado comum, dentro do qual há a livre circulação de pessoas, capitais e mercadorias. A alternativa D está incorreta, pois a formação de blocos econômicos representa uma tendência de regionalismo, através da qual um grupo de países associa-se para estabelecer relações econômicas privilegiadas entre si. A alternativa E está incorreta, pois a integração em blocos econômicos implica a redução pelos países de barreiras comerciais, o que fortalece a liberalização dos mercados, e não o protecionismo. QUESTÃO 86 Ao longo do século XVI, a noção de infinito já tinha evoluído e, em meados do século, houve um grande impulso para investigar tanto o macrocosmo quanto o microcosmo. Nesse sentido, o ano de 1453 é simbólico, pois viu a publicação do livro de Copérnico sobre os corpos celestiais e da obra de Vesalius sobre o corpo humano. Os mundos que se escondem dentro do homem e os mundos que há ao redor dele eram quase que literalmente escancarados. FEØE 3JUZ O impacto direto das ideias de Vesalius deveu-se, na sua maior parte, aos desenhos anatômicos que a tipografia podia reproduzir a partir de gravuras. Assim que se começou a utilizar o telescópio, no século XVII, Galileupôde produzir desenhos de estrelas e de planetas para além das teorias de Copérnico. MANN, N. (org.). Renascimento. Madrid: Folio, 2006. p. 121 (Adaptação). Ao abordar o período do Renascimento, o texto anterior evidencia o A. antropocentrismo. B. individualismo. C. naturalismo. D. humanismo. E. mecenato. Alternativa C Resolução: A valorização da natureza e do seu estudo também foi uma característica do Renascimento. Se para muitos homens medievais a natureza era fonte de medo, para os renascentistas, ela deveria ser investigada. Por meio da observação dos fenômenos naturais, portanto, os renascentistas puderam aguçar seus conhecimentos científicos, assim como o seu espírito crítico. A natureza humana também foi alvo de preocupações, o que fez com que surgissem estudos mais aprofundados sobre o corpo humano. Os estudos sobre o Universo e seu funcionamento também foram comuns, dando origens a teorias sobre a dinâmica celeste, como o heliocentrismo. Portanto, a alternativa C está correta. As demais alternativas, apesar de serem características do Renascimento, não são indicadas pelo texto. QUESTÃO 87 A fim de aproveitar a energia solar em sua residência situada na cidade de Joinville-SC, um morador decidiu instalar placas fotovoltaicas. Desconsiderando obstáculos para a captação de energia solar, como árvores e / ou construções, as placas fotovoltaicas aproveitarão ao máximo a energia solar quando estiverem voltadas para o A. Leste, já que o Sol nascendo no Oriente garantiria a máxima obtenção energética. B. Sul, já que o verão, mesmo não sendo rigoroso na região, é marcado por dias de céu claro. C. Norte, devido à posição do Sol ao longo das estações do ano. D. Oeste, já que no período da tarde são registradas as maiores temperaturas. E. Sudoeste, já que no inverno a radiação nessa porção da Terra é reduzida. 6HV9 CH – PROVA I – PÁGINA 56 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: Em função do movimento de translação do planeta e da inclinação do eixo terrestre em relação ao plano da sua órbita, os raios solares, ao longo do ano, incidem perpendicularmente apenas na região do planeta entre o Trópico de Câncer (cerca de 23, 5° N) e o Trópico de Capricórnio (cerca de 23, 5° S). Assim, como a cidade de Joinville, localizada no estado de Santa Catarina, está situada abaixo (ao sul) do Trópico de Capricórnio, os raios solares nunca incidem perpendicularmente sobre ela, mas apenas de forma inclinada e proveniente da direção norte. Portanto, um morador de Joinville que irá instalar placas fotovoltaicas deve colocá-las voltadas para o norte para assegurar maior captação de energia solar ao longo de todas as estações do ano. A alternativa A está incorreta, pois, como o Sol nasce a leste e na cidade de Joinville sempre incide a partir da direção norte, os raios solares provêm da direção nordeste apenas no período da manhã. A alternativa B está incorreta, pois, em Joinville, o Sol nunca incide a partir da direção sul. A alternativa D está incorreta, pois, como o Sol se põe a oeste e na cidade de Joinville sempre incide a partir da direção norte, os raios solares se originam da direção noroeste apenas no período da tarde. A alternativa E está incorreta, pois, na cidade catarinense, o Sol nunca incide a partir da direção sul e incide a partir da direção noroeste apenas no período da tarde. QUESTÃO 88 “Bill of Rights” HUME, D. The History of England. Londres: Bolt Court, 1803. A alegoria anterior, produzida após a Revolução Gloriosa de 1688, representa a A. participação popular inglesa no regime político. B. transformação do regime republicano inglês. C. consolidação da ordem liberal na Inglaterra. D. aprovação de leis de perseguição religiosa. E. eleição de membros do Parlamento inglês. Alternativa C Resolução: Declarado rei pelo Parlamento, Guilherme I foi submetido à Declaração dos Direitos, ou Bill of Rights, documento que estabeleceu a hegemonia do Parlamento sobre a monarquia e concedeu tolerância religiosa aos puritanos. O ato de apresentar a Declaração de Direitos a William III e Mary II sublinha a ideia de que esses direitos não são concedidos pela monarquia, mas são inerentes e consagrados em lei. Isso simboliza o reconhecimento e a aceitação dos princípios de soberania parlamentar, governo limitado e liberdades individuais como fundamentais para a governança da nação. No geral, a gravura serve como uma representação visual dos ideais e princípios subjacentes à Declaração de Direitos de 1689. Ela encapsula a transição do absolutismo monárquico para a governança constitucional e o legado duradouro da Revolução Gloriosa na formação das concepções modernas de governo e direitos individuais. VNØU ENEM – VOL. 4 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 57BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Estavam estabelecidas, portanto, as bases para a monarquia parlamentar e a consolidação da ordem liberal que passaria a vigorar na Inglaterra a partir de então. Portanto, a alternativa C está correta. As alternativas A e E estão incorretas, pois a alegoria representa a apresentação das leis aos mais novos monarcas ingleses do período. A alternativa B está incorreta, pois o regime monárquico na Inglaterra não foi substituído pelo republicanismo. Contrariamente ao indicado pela alternativa D, a Bill of Rights foi responsável pela tolerância religiosa em relação aos puritanos. QUESTÃO 89 Totalmente ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu à terra, aqui se eleva da terra ao céu. MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. Expoente do pensamento marxista, a máxima apresentada vincula o materialismo histórico à A. investigação das leis naturais da existência humana. B. compreensão das relações de produção da vida material. C. imposição dos valores socialistas na sociedade de classes. D. extinção dos sistemas ideológicos da sociedade burguesa. E. assimilação das racionalidades individuais no mundo social. Alternativa B Resolução: O materialismo histórico é um método de análise da realidade que consiste na explicação do desenvolvimento histórico das sociedades a partir de suas relações de produção da vida material. Dessa maneira, é por meio dessa perspectiva que Marx atesta, ao contrário da filosofia alemã, sobretudo Hegel, que é a ação dos indivíduos e suas condições materiais de existência que definem os aspectos abstratos da vida. Assim sendo, a alternativa correta é a B, visto que ela apresenta a base do materialismo histórico. A alternativa A está incorreta, visto que as leis naturais são parte da argumentação de Comte; a alternativa C é incorreta porque o materialismo busca compreender as relações materiais, não impor o socialismo; a alternativa D está incorreta porque o materialismo histórico é um método de análise da realidade e, como a burguesia detém os meios de produção, ele não extingue os elementos ideológicos da superestrutura; por fim, a alternativa E está incorreta porque a questão da racionalidade tange à teoria de Weber. QUESTÃO 90 A ação eólica fica registrada tanto nas formas de relevo quanto nos depósitos sedimentares, respectivamente formados pela sua atividade destrutiva (erosão) ou construtiva (sedimentação). Portanto, o transporte e a posterior deposição de partículas sedimentares pelo vento produzem registros geológicos peculiares, testemunhos desse tipo de atividade. SÍGOLO, J. Processos eólicos e produtos sedimentares. In: TEIXEIRA, W. et al (org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. [Fragmento] A atuação dos processos exógenos mencionados resulta no(a) A. formação de dunas. B. acúmulo de lateritos. C. assoreamento de rios. D. abertura de voçorocas. E. deslizamento de encostas. Alternativa A Resolução: A deposição de sedimentos pela ação dos ventos gera feições como as dunas, que são constituídas pela acumulação de areias. A alternativaB está incorreta, pois os lateritos resultam do intemperismo químico, que leva à formação de solos com uma crosta ferruginosa. A alternativa C está incorreta, pois o assoreamento de rios é causado pela deposição de sedimentos em seus leitos, que são retirados do solo e transportados pela ação erosiva das águas das chuvas. A alternativa D está incorreta, pois as voçorocas são grandes crateras originadas sobre o solo, sobretudo em vertentes. A incisão dessas crateras é realizada pela erosão pluvial. A alternativa E está incorreta, pois o deslizamento de encostas é causado pela ação da água da chuva combinada a outros fatores, como a ação da gravidade e a ocupação antrópica de áreas declivosas. X61Q UUVB CH – PROVA I – PÁGINA 58 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINOexpunham ou pediam comportamentos exemplares. QUESTÃO 05 Disponível em: . Acesso em: 6 fev. 2024. O infográfico, sobre as línguas indígenas da América do Sul e do México, foi elaborado com a intenção de A. sistematizar dados para a promoção de políticas públicas. B. apresentar as mudanças linguísticas ocorridas no território. C. informar sobre idiomas em risco de extinção nas localidades. D. problematizar o baixo número de falantes de idiomas tradicionais. E. construir um panorama numérico dos falantes dos idiomas indígenas. Alternativa E Resolução: No infográfico em análise, há informações sobre o quantitativo de pessoas que falam determinadas línguas indígenas na América do Sul e no México, apresentando um panorama numérico dos falantes. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque não é possível inferir que os dados levantados servirão à criação de políticas públicas. A alternativa B está incorreta porque, por meio dos dados, não é possível saber sobre transformações que ocorreram nas línguas do território. A alternativa C está incorreta porque, embora o infográfico apresente línguas com poucos falantes, como a Nukak, não é possível inferir que todos os idiomas apresentados estejam em risco de extinção. A alternativa D está incorreta porque, ainda que o leitor possa se questionar sobre o motivo de algumas línguas terem poucos falantes, não há elementos no texto que problematizem o número de falantes das línguas indígenas. 8O4J LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Atitude sustentável Se você e sua família mudarem pequenas atitudes, e as tiverem como hábito, o mundo pode ser bem melhor. • Economize água e energia elétrica. • Recicle embalagens. • Separe o lixo e o deixe na coleta seletiva. • Plante árvores. • Recicle o papel e o utilize como rascunho. • Não queime o lixo. • Quando for fazer compras, leve a sacola sustentável para o supermercado. Assim você evita de trazer inúmeras sacolas plásticas para casa. Disponível em: . Acesso em: 21 out. 2017. O texto anterior pode ser caracterizado como exemplar da tipologia injuntiva porque A. descreve o conceito de sustentabilidade e as ações relacionadas. B. informa as pessoas sobre a possibilidade de um mundo melhor. C. explica as causas e consequências das atitudes sustentáveis. D. convence o leitor das vantagens de mudar atitudes e hábitos. E. apresenta um método para concretizar ações sustentáveis. Alternativa E Resolução: Textos injuntivos caracterizam-se por apresentarem uma metodologia para a concretização de uma ação, neste caso, para realizar atitudes sustentáveis. Assim, está correta a alternativa E. A descrição proposta na alternativa A está incorreta por adequar-se ao tipo descritivo. A informação sobre a possibilidade de um mundo melhor, proposta na B, e a explicação sugerida na C também não se aplicam por serem características do tipo expositivo. Por fim, o convencimento proposto na D é uma característica do tipo argumentativo, não injuntivo. QUESTÃO 07 BUSCANDO A CRISTO A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas cobertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. MØIV U6SM A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me, A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. MATOS, G. Disponível em: . Acesso em: 4 fev. 2024. O soneto de Gregório de Matos, enquanto representante do Barroco no Brasil, traz como característica o(a) A. aparente contradição nas ações da divindade para a salvação do fiel. B. abordagem do desejo humano de se equiparar aos seres celestiais. C. releitura poética de fatos históricos que permeiam a cultura cristã. D. reconhecimento da igualdade do ser humano diante do salvador. E. exagero na descrição dos aspectos da situação retratada. Alternativa A Resolução: O soneto “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos, organiza-se a partir de uma dualidade na abordagem, descrevendo o sofrimento divino por meio do qual o pecador alcança a salvação. Na primeira estrofe, percebe-se a posição dos braços de Cristo, abertos, mas percebidos ora de forma amorosa para receber o fiel, ora de forma dolorosa por escolher não o castigar. Na segunda estrofe, o foco está nos olhos de Cristo, percebidos também na dualidade entre a dor sofrida e o amor direcionado ao eu lírico. Por isso, a alternativa A está correta. As alternativas B e D estão incorretas, pois não há o desejo de se equiparar à figura divina, nem o reconhecimento da igualdade do ser humano a Cristo, uma vez que o eu lírico o reconhece como lado patente, superior. A alternativa C está incorreta, pois, apesar de o eu lírico recorrer à imagem da crucificação de Jesus Cristo, a descrição está permeada de uma leitura subjetiva da cena, não tendo como foco a narrativa da sucessão de acontecimentos. Portanto, não há um projeto de releitura do momento, mas sim uma interpretação subjetiva de preceitos gerais da cultura cristã (no caso, a salvação) a partir de um momento emblemático da história do cristianismo. A alternativa E está incorreta, pois a descrição não ocorre de forma exagerada, apenas são citados aspectos que remetem ao momento da crucificação para a construção do contexto. ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 Paz e política externa: é possível vislumbrar paz em meio à violência? Quando nos referimos à paz, não falamos apenas de negociação e resolução pacífica de conflitos armados internacionais. Partimos da ideia de que a paz é mais do que a ausência de guerras, e pode ser definida pela presença de condições básicas para o pleno desenvolvimento das capacidades humanas em harmonia com o meio ambiente. Isso significa trabalhar ativamente para promover justiça social, igualdade de gênero, igualdade racial, acesso justo à saúde, educação e cultura, ou seja, condições mínimas para viver com dignidade. A construção da paz requer um olhar cuidadoso para enxergar e compreender as diferentes necessidades humanas, em contextos distintos, que exigem medidas proativas para aumentar a equidade nas sociedades. Portanto, política externa voltada para e pela paz exige olhar para injustiças e promover direitos humanos emancipatórios, que são a base para superar desigualdades e reparar injustiças históricas perpetradas local e globalmente. Estamos nos referindo, portanto, a tentativas de transcender – ou, pelo menos, de começar a reparar em – diferentes violências cometidas historicamente e cotidianamente, sejam elas físicas, estruturais ou culturais. AYRES, G. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2021. [Fragmento] Os textos utilizam diferentes estratégias para introduzir e desenvolver ideias. No artigo de opinião, a conjunção que inicia o segundo parágrafo relaciona as ideias para A. vincular ações políticas à busca pela paz. B. expressar a dificuldade dos conflitos. C. ignorar as distinções dos contextos. D. identificar que a paz é uma utopia. E. defender a ausência de guerras. Alternativa A Resolução: O uso do conectivo “portanto” no início do segundo parágrafo constrói uma relação de causa e efeito entre o conceito de paz e a política externa defendida – sendo esse conectivo um elemento de coesão textual. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B é incorreta, pois a autora aborda a dificuldade da questão antes do uso do conectivo. A alternativa C é incorreta, pois a autora não ignora o contexto; pelocontrário, afirma ser importante reconhecer as necessidades específicas de cada cultura. A alternativa D é incorreta, pois a autora não afirma que a paz seja uma utopia, ela aponta o caminho para efetivação do conceito de paz a que se refere, citando, por exemplo, a reparação de desigualdades históricas. 3ZA7 A alternativa E é incorreta, pois a autora diz que é comum associar a paz a um período sem guerras, mas ela não defende essa tese, ao contrário, a aprofunda no primeiro parágrafo, explicando no que consiste a concepção de paz em que acredita. QUESTÃO 09 A crise climática é a maior ameaça aos direitos humanos de nosso tempo. De florestas em chamas a cidades escaldantes, de fazendas áridas a regiões litorâneas castigadas por tempestades, a mudança climática tem um impacto crescente na vida e meios de subsistência em todo o mundo. Se governos não agirem com coragem – e rapidamente – para reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, a situação pode piorar de forma inimaginável. O aumento do nível do mar e a escassez massiva de alimentos podem expulsar centenas de milhões de pessoas de suas casas. HUMAN RIGHTS WATCH. Crise climática. Disponível em: . Acesso em: 4 fev. 2024. [Fragmento] Para introduzir seu posicionamento sobre o tema das mudanças climáticas no planeta, o autor do texto optou por A. direcionar o discurso a governos de forma generalizada. B. apresentar repercussões ambientais perceptíveis. C. elaborar um discurso baseado em contradições. D. elencar as possíveis causas para a crise atual. E. abordar previsões de conhecimento comum. Alternativa B Resolução: Para iniciar a abordagem sobre o tema da crise climática, o texto expõe consequências factuais, que podem ser, inclusive, conhecidas pelos leitores ao listar “florestas em chamas a cidades escaldantes, de fazendas áridas a regiões litorâneas castigadas por tempestades”. Assim, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que os governos sejam citados de forma generalizada, sem especificar uma nação em especial, cobra-se deles a necessidade de agir diante do problema. A estratégia adotada na introdução não serve para direcionar o conteúdo a eles. A alternativa C está incorreta, pois toda a linha argumentativa é coerente à urgência para adoção de medidas contra a crise climática adotada pelo autor. A alternativa D está incorreta, pois o texto aponta fatores que já estão acontecendo e efeitos que serão percebidos no futuro, caso as autoridades não tomem as atitudes devidas. A alternativa E está incorreta, pois não é possível afirmar que as previsões realizadas ao final do fragmento sejam de conhecimento comum. ZZ5V LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 10 Opioides: qual é o cenário brasileiro de consumo das drogas? De acordo com os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, atualmente, nosso país apresenta duas realidades distintas no que diz respeito a medicamentos opioides. Por um lado, o Brasil é conhecido por ter “um manejo ruim da dor”, prescrevendo poucos medicamentos desse tipo para pacientes que realmente precisam, incluindo pessoas com dor crônica, como alguns pacientes oncológicos, ou que estão se recuperando de traumas físicos como cirurgias extensas. Na avaliação do anestesista Rodrigo Souza, os reflexos desse período com pouco uso de opioides são notados até hoje, “tanto na prescrição por médicos quanto na aceitação dos pacientes brasileiros, que costumam ser mais conservadores para tomar esse tipo de remédio”. Por outro lado, o uso recreativo – e ilegal – alarma os médicos. O anestesista explica que muitos começam a usar medicamentos como a codeína depois que cartelas de remédios sobram de algum tratamento. Para evitar novos dependentes, o neurologista Claudio Fernandes Corrêa afirma que, do ponto de vista médico, o primeiro passo é não prescrever opioides para qualquer paciente com dor nos prontos-socorros. GRANCHI, G. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2024. [Fragmento adaptado] Quanto à circulação e ao uso de opioides no Brasil, a matéria aborda que o(a) A. brasileiro desconhece as possibilidades de uso do medicamento. B. acesso à codeína deve ser controlado após o devido tratamento. C. receio da dependência tem dificultado a aceitação de remédios. D. fármaco deve ser retirado de tratamentos de caráter paliativo. E. limitação da prescrição regula o consumo da população. Alternativa E Resolução: O texto aponta que a circulação de opioides no Brasil não é grande devido à baixa prescrição desses medicamentos e à baixa aceitação dos pacientes brasileiros mais conservadores. Levando em consideração o manejo ruim da dor e o medo de gerar dependentes, os médicos tendem a dificultar o acesso a esse tipo de medicação. Por isso, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o brasileiro conhece o medicamento, inclusive uma parte da população tem receio de utilizá-lo. MITY A alternativa B está incorreta, uma vez que a codeína é um exemplo de medicamento utilizado no texto como forma de ilustrar uma maneira de gerar dependentes em opioides. A alternativa C está incorreta, pois a dificuldade na aceitação de remédios está restrita a um perfil particular de brasileiros conservadores. A alternativa trata o tema de forma abrangente, estendendo a informação a todos os brasileiros. Tratamentos de caráter paliativo tem como objetivo atenuar o sofrimento causado por uma doença grave e potencialmente fatal. Esse tipo de tratamento é referenciado no primeiro parágrafo do texto, ao mencionar pacientes oncológicos (que possuem câncer) e pessoas com dor crônica. Neste caso, o texto menciona que se prescrevem poucos medicamentos opioides para esses grupos particulares de pacientes, sustentando o argumento do “manejo ruim da dor”, mas não se afirma que esses medicamentos devem ser suspendidos. Logo, também está incorreta a alternativa D. QUESTÃO 11 porque uma mulher boa é uma mulher limpa e se ela é uma mulher limpa ela é uma mulher boa há milhões, milhões de anos pôs-se sobre duas patas a mulher era braba e suja braba e suja e ladrava porque uma mulher braba não é uma mulher boa e uma mulher boa é uma mulher limpa há milhões, milhões de anos pôs-se sobre duas patas não ladra mais, é mansa é mansa e boa e limpa FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. A representação da figura feminina está vinculada à progressão textual do poema. Dessa forma, o encadeamento das estrofes relaciona-se à A. animalização da mulher ao escapar do padrão social estabelecido. B. reformulação do conceito de bondade com o processo evolutivo. C. transformação dos instintos naturais pelo processo civilizatório. D. adaptação de um padrão comportamental por imposição social. E. associação entre a ideia de sujeira e o indivíduo aculturado. 8ØGØ ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: A primeira estrofe do poema constata a primeira imposição a que a sociedade submete uma mulher para que seja classificada como “boa”. A partir de então, desenvolve-se a ideia de como era a figura feminina antes, “há milhões, milhões de anos” até alcançar os padrões estabelecidos para “boa”, “limpa” e “mansa”. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois a progressão da poesia evidencia o contrário proposto pela alternativa, ou seja, o abandono dos traços animalescos da mulher para enquadrar-se ao padrão social recomendado. A alternativa B está incorreta, uma vez que há apenas uma formulação de bondade na poesia, a que a mulher tenta se encaixar, elaborada de forma a antepor a bondade à sujeira, consequente à animalidade. A alternativa C está incorreta, pois as justificativas para a transformação dopadrão comportamental feminino não fazem parte da construção gradual de uma civilização, mas em resposta às definições colocadas sobre o que é uma mulher “boa”. A alternativa E está incorreta, pois as características atribuídas à mulher “braba”, “suja” que “ladrava” e se punha “sobre duas patas” direciona a inferência da poesia para um viés animalesco, mas não necessariamente sem cultura. QUESTÃO 12 Não existe amor em SP Um labirinto místico Onde os grafites gritam Não dá pra descrever Numa linda frase De um postal tão doce Cuidado com doce São Paulo é um buquê Buquês são flores mortas Num lindo arranjo Arranjo lindo, feito pra você Não existe amor em SP Os bares estão cheios de almas tão vazias A ganância vibra, a vaidade excita Devolva minha vida e morra Afogada em seu próprio mar de féu Aqui ninguém vai pro céu CRIOLO. Não existe amor em SP. Disponível em: . Acesso em: 5 fev. 2024. [Fragmento] Para transmitir sua perspectiva sobre São Paulo na música, o eu lírico A. chama atenção para suas experiências negativas. B. esclarece sua lógica através de frases explicativas. C. descreve a cidade a partir de construções metafóricas. D. reivindica reações por meio de declarações imperativas. E. elabora personificações caricatas de estabelecimentos. Alternativa C Resolução: Para falar sobre a cidade de São Paulo, o eu lírico recorre a construções como “Um labirinto místico / Onde os grafites gritam” e “São Paulo é um buquê / Buquês são flores mortas / Num lindo arranjo”. Essas descrições têm como objetivo associar as características do labirinto com grafites e o buquê de flores mortas ao que compartilham com a cidade. As comparações explícitas entre esses elementos configuram a figura de linguagem metáfora, por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que destaque adjetivos negativos, o eu lírico fala sobre o aspecto da cidade sem narrar experiências particulares. A alternativa B está incorreta, pois os versos da canção organizam-se através da concatenação de frases adjetivas e expositivas. A alternativa D está incorreta, pois, mesmo que haja um verso com enunciado imperativo (“Devolva minha vida e morra”), a estratégia para transmitir a perspectiva sobre a cidade está pautada em frases expositivas. A alternativa E está incorreta, pois há menção apenas a um estabelecimento comercial, um bar. O fragmento da música se concentra em caracterizar São Paulo através de frases expositivas que estabelecem comparações entre os elementos citados e a cidade. Ø5MV LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 13 Pode uma subalterna falar? E duas? No desenvolvimento de Torto Arado, o leitor encontrará Belonísia e Bibiana, duas das tantas representantes das vozes e memórias silenciadas ao longo de nossa história, a narrar as suas trajetórias de angústias, desejos, impressões diante da condição social análoga ao processo de escravidão que ainda parece imperar em nosso território, mas com outros nomes perversos e disfarçados. Em sua escrita engenhosa, delicada e coesa, o autor, em seu lugar de fala, haja vista a experiência no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e as pesquisas meticulosas ao longo de sua formação acadêmica, reflete sobre uma herança de desigualdades que não é, como já mencionado, coisa do passado, mas uma dura e absurda realidade do nosso estarrecedor tempo presente. Ao passo que a narrativa avança, observamos o quão Belonísia e Bibiana agem contra as forças que reagem em prol do mencionado determinismo traçado para suas histórias de vida. CAMPOS, L. Crítica | Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. Disponível em: . Acesso em: 1 fev. 2024. [Fragmento] Considerando as perguntas que iniciam o texto como uma estratégia discursiva aplicada à resenha, seu objetivo é A. promover uma quebra de expectativa. B. adicionar ao discurso um tom sarcástico. C. propor uma inovação à escrita do gênero. D. associar a leitura às respostas dos leitores. E. introduzir particularidades da obra resenhada. Alternativa E Resolução: As duas perguntas que iniciam o texto cumprem a função de chamar a atenção do leitor para respostas que a obra resenhada traz. Detalhes importantes do tema abordado no livro são apresentados como forma de perguntas retóricas que serão respondidas ao longo da resenha, por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois, ao contrário do que propõe, as perguntas buscam gerar expectativa nos leitores que seguem a leitura do parágrafo. A alternativa B está incorreta, uma vez que um tom sarcástico adicionaria ao enunciado a ideia de ofensa e zombaria. O resenhista não tem interesse em depreciar o conteúdo das frases; o que ele propõe na construção do discurso da resenha com as perguntas é a ideia de fomentar a curiosidade e o pensamento crítico dos leitores. A alternativa C está incorreta, pois o uso de perguntas retóricas é recorrente no gênero resenha, não se tratando de uma estratégia inovadora. A alternativa D está incorreta, pois a resposta para as perguntas realizadas no início do texto é dada de forma positiva, no desenvolvimento de todo o parágrafo ao apresentar as duas personagens anteriormente referenciadas como “subalternas”. QUESTÃO 14 Patentes de sementes são injustas e injustificáveis. Uma patente ou qualquer direito de propriedade intelectual é um monopólio garantido pela sociedade em troca de benefícios. Mas a sociedade não se beneficia de sementes tóxicas e não renováveis. Estamos perdendo biodiversidade e diversidade cultural, estamos perdendo nutrição, sabor e qualidade em nossos alimentos. Sobretudo, estamos perdendo nossa liberdade fundamental de decidir quais sementes plantaremos, como iremos cultivar nosso alimento e o que iremos comer. Em todo o mundo, as comunidades estão armazenando e trocando sementes de diversas maneiras, conforme cada contexto. Estão criando e recriando liberdade – para a semente, para os protetores das sementes, para a vida e para todas as pessoas. Quando conservamos uma semente, também renovamos e restauramos o conhecimento – o conhecimento da reprodução e da conservação, o conhecimento do alimento e da agricultura. A uniformidade tem sido usada como medida pseudocientífica para criar monopólios de propriedade intelectual sobre sementes. Uma vez que uma empresa tem patente sobre sementes, ela empurra para os agricultores suas produções patenteadas para receber royalties. SHIVA, V. A batalha das sementes. Disponível em: . Acesso em: 29 fev. 2024. [Fragmento adaptado] No excerto do artigo de Vandana Shiva, o embasamento da tese proposta tem como um de seus pilares a A. defesa da uniformidade dos plantios. B. resistência à quebra dos monopólios. C. desqualificação da ciência na lavoura. D. proteção da pluralidade na agricultura. E. preservação das práticas empresariais. NNAX 96YZ ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: Observa-se, no artigo, o posicionamento de Vandana Shiva sobre a patentização das sementes. A ativista coloca essa atividade como algo que cria monopólios que não são benéficos à sociedade, pois as sementes patenteadas são tóxicas e não renováveis, o que faz com que haja uma grande perda de biodiversidade e nutrição, uma vez que essa prática cerceia as possibilidades de plantio e cultivo dos alimentos pelos agricultores. Logo, o posicionamento crítico da ativista se dá a favor da proteção da pluralidade na agricultura, conforme afirma corretamente a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a autora prega justamente o oposto, uma vez que considera vital a diversidade da produção agrícola. A alternativa B está incorreta porque Vandana Shiva defende justamente o contrário, uma vez que ela entende que os monopólios não oferecem benefícios à população. A alternativaC está incorreta, pois a temática do texto volta-se ao problema das patentes nas sementes e à criação de monopólios; não está em debate, no texto, o uso da ciência nas lavouras, logo, não há um julgamento de valor sobre ela. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a ativista posiciona-se de forma contrária às práticas empresariais (que, neste caso, são as patentes e monopólios), logo, não há interesse em sua preservação, mas sim no seu desmantelamento. QUESTÃO 15 Como os povos originários do Brasil lidaram com a colonização, que queria acabar com o seu mundo? Quais estratégias esses povos utilizaram para cruzar esse pesadelo e chegar ao século XXI ainda esperneando, reivindicando e desafinando o coro dos contentes? Vi as diferentes manobras que os nossos antepassados fizeram e me alimentei delas, da criatividade e da poesia que inspirou a resistência desses povos. A civilização chamava aquela gente de bárbaros e imprimiu uma guerra sem fim contra eles, com o objetivo de transformá-los em civilizados que poderiam integrar o clube da humanidade. Há centenas de narrativas de povos que estão vivos e nos ensinam mais do que aprendemos nessa humanidade. Nós não somos as únicas pessoas interessantes no mundo, somos parte do todo. Isso talvez tire um pouco da vaidade dessa humanidade que nós pensamos ser, além de diminuir a falta de reverência que temos o tempo todo com as outras companhias que fazem essa viagem cósmica com a gente. “Como os índios vão fazer diante disso tudo?”, perguntaram. Falei: “Tem quinhentos anos que os índios estão resistindo, eu estou preocupado é com os brancos, como que vão fazer para escapar dessa”. A gente resistiu expandindo a nossa subjetividade, não aceitando essa ideia de que nós somos todos iguais. Ainda existem aproximadamente 250 etnias que querem ser diferentes umas das outras no Brasil. KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. [Fragmento adaptado] De acordo com o fragmento, entende-se que, para o autor, em relação à cultura, os indígenas A. defendem a separação entre as diferentes populações. B. valorizam os antepassados para afirmar sua existência. C. desenvolvem sua resistência por meio de lutas ideológicas. D. buscam sua inserção na sociedade dos povos colonizadores. E. resistem às opressões por entenderem a diversidade humana. Alternativa E Resolução: O autor expõe que os indígenas não buscam ser inseridos em um padrão definido do que seja humanidade, afirmando que eles compreendem a diversidade humana, o que os ajuda a resistirem às pressões e opressões sociais. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que o autor afirme que há aproximadamente 250 etnias querendo ser diferentes umas das outras, a constatação das diferentes identidades não é superior à compreensão que os povos indígenas têm de que fazem parte do todo. A alternativa B está incorreta, pois, ainda que haja no texto uma citação aos antepassados (o reconhecimento de ser com eles que o autor aprendeu algumas manobras de resistência), o argumento central da resistência cultural está no entendimento da diversidade. A alternativa C está incorreta, pois o fragmento do texto não comunica qualquer tipo de embate a partir de ideologias, ou seja, códigos de conduta, dos povos indígenas. A alternativa D está incorreta, pois os povos colonizadores eram os que queriam inserir os povos indígenas em sua concepção de sociedade e humanidade. VOL1 LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 16 Quando pensamos em desenvolver ações de promoção da saúde mental em pessoas em situação de rua, deparamo-nos com alguns desafios, em geral relacionados com situações sociais precárias. Um ponto importante é que uma pessoa em situação de rua vive constantemente sob tensão, insegurança e incerteza, pois é exposta a um número maior de fatores estressantes do que alguém que não está na mesma situação. A literatura existente sobre promoção da saúde é bastante focada em educação e informação à pessoa, e preconiza que os profissionais devem ajudar a promover uma mudança no indivíduo. Porém, normalmente essa ideia parte do princípio de que essa pessoa tem acesso ao que precisa e é apenas uma questão de fazer escolhas diferentes. Com a população em situação de rua, na maioria das vezes, não há escolha: deve-se dormir onde há local disponível, comer o que é oferecido e tomar banho quando der. Considerando esse contexto, as ações de promoção da saúde (geral e mental) à população em situação de rua envolvem uma melhora dos próprios serviços de assistência social e de saúde, e deve haver uma facilitação do acesso a eles. CARVALHO, L.; SANTANA, C. Promoção da saúde mental e prevenção de transtornos mentais. In: SANTANA, C.; ROSA, A. (org.). Saúde mental das pessoas em situação de rua: conceitos e práticas para profissionais da assistência social. São Paulo: Epidaurus Medicina e Arte, 2016. [Fragmento] Para apontar a abordagem necessária para atender as pessoas em situação de rua, o texto desenvolve-se por meio da A. explicitação da visão limitada dos assistentes sociais. B. persuasão emotiva para envolvimento comunitário. C. comparação dos níveis de estresse experienciados. D. contextualização dos serviços de saúde no Brasil. E. exposição do cenário social desses indivíduos. Alternativa E Resolução: O texto aborda a situação da realidade das pessoas em situação de rua, que não têm fácil acesso a aspectos básicos, como água, comida e moradia. Assim, levando em consideração os fatores a que são expostos, diferentemente da população que possui moradia regular, a abordagem ao grupo em situação de rua deve ser diferenciada. Por isso, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que se proponha, nas linhas finais do fragmento, a necessidade de melhorar os serviços de assistência social e de saúde, os profissionais da área não são particularmente responsabilizados como fio condutor do desenvolvimento do texto. Há, em outro momento, menção à literatura que direciona esses profissionais, novamente sem culpabilizá-los, mas focando a adaptação também do referencial teórico à realidade das pessoas em situação de rua. A alternativa B está incorreta, pois as perguntas elaboradas não têm o objetivo de ofender ou zombar da obra referenciada, ao contrário, é possível observar no discurso do autor do texto o apreço pela obra. A alternativa C está incorreta, pois a comparação dos níveis de estresse experienciados serve como um dos exemplos que buscam ilustrar a premissa maior do texto: o desenvolvimento de ações de promoção da saúde mental personalizado para as pessoas em situação de rua. A alternativa D está incorreta, pois nenhum tipo de panorama ou cartilha de atendimento dos serviços de saúde no Brasil é trazido como parte da contextualização do texto. QUESTÃO 17 É menino, a cara do pai, a cara da mãe, esse menino vai ser safado, só quer saber das meninas, só brinca com as meninas, nem parece menino, mas é menino, tem pipi de menino, tem que botar ele no futebol, não é possível que ele odeie futebol, todo menino gosta de futebol, ele ainda vai descobrir que gosta, tem que levar ele pro estádio, ele tem é que passar mais tempo com o pai, isso é falta de pai, ele tem é que sair da aba da mãe, ele tem é que ir pra uma escola só de meninos, isso é falta de porrada. DUVIVIER, G. É menino. Folha de S.Paulo, 2013. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2024. [Fragmento] O fragmento da crônica de Gregório Duvivier faz uma crítica à ideia de masculinidade a partir de A. exemplos contraditórios de ações femininas. B. situações cotidianas de interação social. C. noções difundidas pelo senso comum. D. expressões agressivas dos meninos. E. afirmações feitas pelos familiares. ØHYB NØMD ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINOAlternativa C Resolução: A alternativa C está correta, pois o fragmento da crônica de Gregório Duvivier critica as noções difundidas pelo senso comum sobre masculinidade. O autor apresenta uma série de expectativas e estereótipos de gênero associados aos meninos, como interesse em futebol e distância das atividades consideradas femininas. Essas noções refletem crenças arraigadas na sociedade sobre como os meninos devem se comportar e se relacionar, apresentando uma visão limitante sobre gênero e desconsiderando a individualidade de cada um. A alternativa A está incorreta, pois o texto não apresenta exemplos contraditórios de ações femininas, mas sim questiona os estereótipos de masculinidade. A alternativa B está incorreta, pois, embora o fragmento apresente situações cotidianas de interação social, elas representam apenas uma parte da descrição de estereótipo de gênero proposta no texto, esta sim o fator central da crítica do autor. A alternativa D está incorreta, pois o texto não aborda as expressões agressivas dos meninos, mas sim as expectativas sociais em relação ao comportamento masculino. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois as afirmações feitas pelos familiares caracterizam apenas uma parte da proposta de descrição de um estereótipo de gênero, este sim o cerne da crítica feita pelo autor. QUESTÃO 18 Proponho-me falar de encontros, ocorridos no contexto de um movimento complexo que designamos de Fronteiras Urbanas, iniciado em 2010 como um projeto de investigação etnográfica em educação comunitária, envolvendo uma comunidade acadêmica e duas comunidades locais da Costa da Caparica. Recorto alguns episódios, inscritos em breves narrativas, poemas e textos de gênero inclassificável, onde a reflexão e a descrição se mesclam e dialogam. Os episódios são organizados em torno de conceitos, agrupados pela sua letra inicial, convergindo numa rede de significações que renova o seu potencial compreensivo e para a qual são convocadas vozes que falam da experiência e outras que a teorizam. A poesia surge como um instrumento de multi, inter e transculturalidade, de inclusão e de identidade, mas também de insatisfação, conscientização política e despertar da sensibilidade aos outros e ao mundo. CAETANO, A. P. Transpondo fronteiras urbanas. Encontros e mediações num projeto de educação comunitária. 2016. In: GOMES, C. A. et al (coord.). Atas do XIII Congresso SPCE - Fronteiras, diálogos e transições na educação. Viseu: Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Viseu. [Fragmento adaptado] O texto é o resumo de um artigo acadêmico sobre os encontros e as mediações em um projeto de educação comunitária. No fragmento, para introduzir a temática do texto, a autora A. enfatiza a importância da função poética em sua leitura. B. relaciona ciência e poesia a partir da ideia de oposição. C. constrói uma relação com episódios do cotidiano do leitor. D. monta um panorama das ideias a serem desenvolvidas. E. contrapõe teoria e prática no processo de investigação. Alternativa D Resolução: A autora do fragmento apresenta um breve resumo da estrutura do seu texto, de sua proposta de trabalho e dos temas que o leitor encontrará ao longo da leitura. Essa é uma estratégia de introdução que permite que o leitor visualize mentalmente o texto em sua completude. Desse modo, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois a poesia surge no texto como um resultado do movimento Fronteiras Urbanas. A alternativa B está incorreta, pois a ciência se apresenta no texto como uma forma de analisar os episódios ali recortados e a função da poesia no movimento, não estando, portanto, em oposição à poesia. A alternativa C está incorreta, pois o texto se contextualiza dentro de um movimento específico em 2010 voltado para a educação comunitária. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois teoria e prática são divisões gerais conferidas às vozes que se manifestam nos episódios analisados pela autora. QUESTÃO 19 Texto é uma unidade linguística de sentidos que resulta da interação entre quem o produz e o leitor / ouvinte. Embora seja composto de palavras, frases, períodos, ou mesmo unidades maiores, o texto não se define pela soma de suas partes. O que faz uma produção escrita ou oral ser considerada um texto é a possibilidade de se estabelecer uma coerência global a partir de um conjunto de pistas apresentadas. As pistas podem ser linguísticas – os recursos coesivos, construções sintáticas, vocabulário, etc. – ou podem ser inferidas da situação de produção desse texto – propósitos comunicativos, interlocutores, gênero discursivo, esfera social de circulação, suporte, etc. Para compreender um texto, ou seja, para reconstruir o seu sentido global, é necessário que o leitor / ouvinte procure pistas – explícitas e implícitas – para ajudá-lo a reconstruir os sentidos que ele supõe terem sido os pretendidos por quem o produziu. MENDONÇA, M. Texto. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2024. [Fragmento] LG8T 9I9F LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Segundo a autora, para ser definida como “texto”, uma estrutura linguística depende da A. combinação de recursos a partir do equilíbrio de elementos sintáticos e léxicos. B. construção de sentidos a partir de um conjunto de dicas apresentadas pelo autor. C. composição de uma unidade verbal a partir de diferentes tipos de elaboração frasal. D. sobreposição de parágrafos a partir do desenvolvimento de uma temática crescente. E. modificação de significados atribuídos pelo autor a partir de pistas explícitas e implícitas. Alternativa B Resolução: Segundo a autora, a definição de “texto” defendida vai além da simples soma das partes de uma produção escrita ou oral, “é a possibilidade de se estabelecer uma coerência global a partir de um conjunto de pistas apresentadas”. Dessa forma, o texto é uma unidade que viabiliza a construção de sentidos pelo que está contido nele. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois, segundo a autora, os elementos sintáticos e léxicos fazem parte das pistas linguísticas dadas pelo texto, ou seja, compreendem uma parcela potencial de significado, não do todo. A alternativa C está incorreta, pois as possibilidades de elaboração das unidades linguísticas, independentemente de sua extensão, devem levar em consideração os sentidos provocados pela interação entre quem o produz e o ouvinte. A alternativa D está incorreta, pois constituir-se como um texto vai além do acúmulo e / ou sobreposição de unidades de texto escrito, uma vez que a autora leva em consideração os textos orais e a capacidade de ambos os tipos de texto – orais ou escritos – articularem ideias com seus interlocutores. A alternativa E está incorreta, pois a autora defende a possibilidade de haver a inferência de significados apresentados através de pistas, e não sua subversão. QUESTÃO 20 De fato, adultos manifestam, em relação à linguagem infantil, duas atitudes básicas: 1. uma é a chamada baby talk, que consiste basicamente numa linguagem pseudoinfantil (que vai do “au-au” a “sotaques” que podem ser representados por “axim” e “mamãeginha”), provavelmente inócua; 2. a outra é a da correção pura: a criança diz “fazi” e a mãe lhe diz “fiz” – com muitos etecéteras. Pois é esta segunda metodologia de ensino que merece toda defesa e deve ser seguida na escola. O aluno erra, o professor corrige: simples assim. Eventualmente, se explica, e assim se podem ir introduzindo, “ao natural”, conceitos de gramática explícita: é “nós vamos” não “nós vai”, porque o verbo concorda com o sujeito (se os alunos perguntarem o que é isso, pode-se responder que logo aprenderão; se insistirem, as noções podem ser introduzidas; o que é inócuo é que a “gramática” seja uma lista de conceitos que vão sendo “explicados” sem que façam sentido). POSSENTI, S. O cochilo da gramática. Disponível em: .Acesso em: 04 abr. 2017. [Fragmento] No texto do linguista Sírio Possenti, a respeito do ensino da Língua Portuguesa, é defendida a tese de que A. o ensino teórico e sistemático da língua deve ser abolido no Ensino Fundamental. B. a correção dos erros linguísticos de uma criança deve ser constante e aleatória. C. a combinação entre a dificuldade e a correção deve acontecer espontaneamente. D. os erros devem ser aceitos em todas as situações para conferir autenticidade à fala. E. as estratégias usadas devem ser diferentes daquelas do ensino de qualquer língua materna. Alternativa C Resolução: Sírio Possenti afirma que a metodologia adequada de ensino da Língua Portuguesa consiste em corrigir a criança, quando esta disser algo em desacordo com a norma culta, explicando pouco a pouco os conceitos gramaticais. O autor, portanto, condena a metodologia que prevê que sejam listados conceitos descontextualizados dos alunos. Assim, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta porque o autor critica o método de ensino da língua, não o ensino em si. A alternativa B está incorreta porque a correção da criança deve acontecer somente quando esta disser algo incorreto, não a todo momento e sem um contexto específico. A alternativa D está incorreta porque o autor não afirma que os erros devem ser sempre aceitos, o que, aliás, contrariaria qualquer proposta de ensino. A alternativa E está incorreta porque, ao expor a atitude “2”, de “correção pura”, o autor associa o ensino da norma culta e de conceitos gramaticais ao ensino da língua materna. WEEY ENEM – VOL. 4 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa A está incorreta, pois, ainda que o viajante associe o dilúvio bíblico à crença do grande mar que provocou o afogamento dos antepassados da comunidade indígena em questão, este tipo de correlação não é comum às crônicas de viagens, aparecendo pontualmente neste texto. A alternativa B está incorreta, pois a crença e os rituais descritos são compartilhados por toda aquela comunidade indígena; não há dados que sustentem a ideia de que os pajés as impõem. A alternativa D está incorreta, pois a observação e a análise dos fatos fazem parte de uma metodologia científica, já presente no período das Grandes Navegações, no entanto, a visão de Hans Staden é permeada de suas crenças religiosas e suas motivações para a investigação dos rituais são particulares. A alternativa E está incorreta, pois a descrição está focada numa comunidade indígena particular. QUESTÃO 22 Propriedade intelectual, ferramenta do colonialismo “A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava sustentada na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado para o seio da civilização sempre foi justificado pela noção de que existe um jeito de estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma concepção de verdade, que guiou muitas das escolhas feitas em diferentes períodos da história.” (KRENAK, 2019, p. 11) No trecho, Ailton Krenak aponta para o papel-chave da existência de uma “verdade” para a legitimação de uma configuração social específica. É nesse sentido que, para pensarmos caminhos em direção a uma revolução social profunda do mundo, com saúde para todos os povos, precisamos enfrentar a colonialidade do saber. LOPES, L. Propriedade intelectual, ferramenta do colonialismo. Disponível em: . Acesso em: 29 fev. 2024 (Adaptação). Na introdução do texto, a citação de Krenak auxilia na construção da tese na medida em que A. inaugura o tom irônico que permeará todo o texto. B. subverte a ideia de humanidade dos colonizadores. C. fornece subsídio histórico para legitimar o argumento. D. propõe uma nova elaboração do conceito de “verdade”. E. enfatiza a qualidade do conhecimento dos povos colonizados. O53C QUESTÃO 21 Quando o pajé, o feiticeiro, finalmente transforma em deus todos os chocalhos, cada um pega o seu, chama-o de “querido filho”, faz para ele uma pequena barraca na qual o coloca, estende-lhe comida e pede-lhe tudo de que necessita, exatamente como pedimos ao verdadeiro Deus. Agora esses são os seus deuses. Quanto ao verdadeiro Deus, que criou o céu e a terra, eles não dão atenção. Eles creem, de acordo com tradições antigas, que o céu e a terra sempre existiram. Tampouco sabem qualquer coisa sobre o início do mundo, apenas contam que certa vez houve um grande mar onde todos os antepassados se afogaram. Somente alguns deles teriam se salvado numa grande barca e outros em grandes árvores. Penso que devia se tratar do dilúvio. No início, quando cheguei entre eles e me falaram dos maracás, pensei que talvez fosse uma ilusão do diabo. Pois me contaram várias vezes como essas coisas falavam. Quando, depois, fui à cabana onde estavam os adivinhos que deviam fazer os maracás falar, todos tiveram de sentar-se. Mas eu saí da cabana quando reconheci a fraude e pensei comigo mesmo: que gente tola e iludida. STADEN, H. Duas viagens ao Brasil. 1. ed. Porto Alegre: L&PM Editores, 2008. Hans Staden registrou suas experiências de viagens ao Brasil no período das Grandes Navegações. Sua escrita evidencia uma característica que permeia as crônicas de viagens, percebida atualmente como uma A. correlação entre marcos temporais cristãos e indígenas. B. constatação da manipulação das comunidades por pajés. C. descrição etnocêntrica da religiosidade de povos indígenas. D. investigação de rituais amparada pela metodologia científica. E. generalização de hábitos baseada na observação de um grupo. Alternativa C Resolução: Ao discorrer sobre a religiosidade de um povo indígena, Hans Staden tece considerações como “Quanto ao verdadeiro Deus, [...] eles não dão atenção”, “exatamente como pedimos ao verdadeiro Deus” e adjetivações como “o feiticeiro” e “que gente tola e iludida”. Essas construções evidenciam o juízo de valor do viajante que julgava a cultura do outro pela sua, considerando-se superior, revelando, então, uma visão etnocêntrica do mundo. Por isso, a alternativa correta é a C. 1MGA LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 4 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto estabelece uma argumentação voltada ao conceito de colonialidade do saber, isto é, a dominação do padrão de saber dos países colonizadores em detrimento dos países colonizados, que tem seus conhecimentos invisibilizados ou negados. Para isso, a autora utiliza uma citação de Krenak com o objetivo de contextualizar historicamente essa problemática, selecionando um trecho que insere a problemática da colonialidade do saber como algo que se inicia na própria premissa teórica que justificou a colonização do mundo. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta: apesar de haver ironia na citação de Krenak (“trazendo-a para essa luz incrível”), essa figura de linguagem não permeia o restante do texto. A alternativa B está incorreta: a ideia proposta é de subversão dos conceitos de conhecimento e verdade, não de humanidade. A alternativa D está incorreta: Krenak fala criticamente sobre a concepção de “verdade” dos povos colonizadores, mas não propõe uma nova definição desse conceito. Por fim, a alternativa E está incorreta: a fala de Krenak não apresenta julgamento de valor a respeito do conhecimento dos povos colonizados. QUESTÃO 23 Ao estudar o tema assédio moral, é relevante buscar as raízes desse tipo de violência no contexto social e organizacional mais amplo, pois elas podem estar atreladas aos fundamentos de uma sociedade que vê na economia capitalista a resposta a todos os seus problemas e em organizações de trabalho cada vez mais sem compromisso com o ser humano, em que o foco é o aumento constante da produtividade em curto prazo. Nesse sentido, é importante ressaltar