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Sistema Imune Tipos de imunidade: Inata: ➔ o indivíduo já nasce com ela ➔ é inespecífica ➔ não duradoura (4-7 dias) ➔ é eficiente, mas ataca tudo sem especificidade (fagocitam qualquer microrganismo que adentra o organismo) ➔ não confere memória- quando o organismo é atacado pelo mesmo agente pela 2° vez, não existe reconhecimento a esse agente ➔ baseada em barreiras físicas (pele, pH, SMC, saliva) e químicas (lisozima, interleucinas, citocinas) ➔ células envolvidas: macrófagos, neutrófilos e NK Adquirida: ➔ é específica ➔ duradoura ➔ forma células de memória ➔ formada por dois tipos ➔ celular: atua através de células (linfócito B e T) ➔ humoral: atua através de linfócitos Como funciona a resposta adquirida? Quando um agente estranho entra dentro de um organismo, existem microrganismos extra e intracelulares. Quando se trata dos extracelulares, esses são fagocitados por CAA (macrófagos e células dendríticas) que digerem todo seu agente e expõe pequenos peptídeos- que são os antígenos, em sua membrana e sinalizam para a Th1 (que liberam substâncias e estimulam a vinda de mais macrófagos e LTc para o local de invasão), já as Th2 também liberam substâncias químicas e estimulam a vinda LB para secretarem anticorpos; Mariana Tenório Imunoensaios Existem dois tipos de testes diagnósticos, os diretos e os indiretos Diretos: ➔ detectam o agente ➔ utilizados quando a doença está ativa no organismo (em viremia ou bacteremia) ➔ Ex: - PCR (teste molecular para detectar um pedaço específico do agente) - Esfregaço (sanguíneo, urina, fezes) - Raspado de pele - Isolamento (viral ou bacteriano) - Imunofluorescência - Soroneutralização - Teste de aglutinação Indiretos: ➔ detectam anticorpos ➔ Ex: - IDGA - Elisa (testes rápidos) - Imunoensaio - Maleinização - Tuberculinização (medem resposta celular e não de anticorpos) Vacinas É uma mimetização de uma infecção natural, que tem como objetivo estimular uma resposta imune com formação de anticorpos Resposta primária: ➔ 1° fase: Período de latência - animal se prepara para produzir anticorpos (4-10 dias) ➔ 2° fase: Período de crescimento - fase em que há crescimento limite de anticorpos ➔ 3° fase: Período de diminuição - cai a concentração de anticorpos Resposta secundária: ➔ Quando há reforço vacinal ➔ Anticorpos permanecem por mais tempo ➔ Gera memória imunológica Tipos de vacinas ➔ Viva - quando o agente é vivo, porém enfraquecido por substâncias alquilantes ou por cultura - resposta mais efetiva - possibilita causar doença ➔ Morta - agente morto - + seguro - resposta menos eficaz ➔ Genética - quando uma parte do DNA do agente é isolado - baixo risco de desenvolver a doença Frações que a compõe ➔ Fração antigênica - é o antígeno em sí (que estimula uma resposta) Mariana Tenório ➔ Fração não-antigênica - veículo: substância que homogeiniza o antígeno - estabilizador: mantém a estrutura e preserva função do antígeno - adjuvante: potencializa a ação de uma vacina (hidróxido de alumínio) Novas diretrizes vacinais Vacinas para cães ➔ V10 - leptospirose - parvovirose - cinomose - hepatite infecciosa canina - coronavirose - parainfluenza ➔ Leishmaniose ➔ Tosse dos canis - bordetella - bordetella e parainfluenza ➔ Antirrábica ➔ Giardia ➔ Leptospirose Vacinas para gatos ➔ V3 - parvovírus felino (panleucopenia) - herpesvírus felino (rinotraqueíte) - calicivírus felino ➔ V4 - v3 + clamidofilose ➔ V5 - v4 + FELV (leucemia) Categorização vacinal ➔ Essenciais: doença com morbidade significativa, grave ou fatal - V10, V3, Antirrábica ➔ Não-essenciais: localização ou estilo de vida que colocam os animais em risco * - FELV - * se o local em que o animal vive for endêmico para determinada doença, a vacina se torna essencial ➔ Não-recomendadas: ausência de evidência científica - Giardia e Coronavirose Protocolo vacinal antigo (1957) Cão 45 dias 1° dose 21 dias 2° dose 21 dias 3° dose Anualme nte V10 V10 V10 + Raiva V10 + Raiva Gato 8-9 sem 1° dose 21 dias 2° dose 21 dias 3° dose Anualme nte V3 V3 V3 + Raiva V3 + Raiva Deve-se evitar a vacina anualmente, pois aumentam as chances do animal desenvolver efeitos adversos devido a uma hiperestimulação do antígeno ao organismo. O animal mais velho também já tem menor janela imunológica, o que diminui sua resposta imune. Mariana Tenório Em gatos pode-se desenvolver sarcoma de aplicação; Novo protocolo vacinal (WASA, 2020) Cães filhotes 6-8 sem 10-12 sem +/- 16 sem 6-12 meses ou 12 m após a 3° 1° dose 2° dose 3° dose 4° dose V10 Lepto Tosse dos canis V10 Lepto Tosse dos canis V10 Raiva Leish manio se V10 Raiva Leish manio se Reforço Trienal (3 anos) V10 Raiva Obs.: ➔ As vacinas consideradas não essenciais (Leptospirose e Tosse dos canis), só necessitam de duas doses ➔ A vacina de Leishmaniose é dada a partir de 16 semanas e necessita de 3 doses ➔ Cães mais velhos e nunca vacinados devem tomar 2 doses das essenciais ➔ Pode ser realizado o teste de titulação antes de aplicar outra dose de vacina Gatos filhotes 6-8 sem 10-12 sem +/- 16 sem 6-12 meses ou 12 m após a 3° 1° dose 2° dose 3° dose 4° dose V3 FELV V3 Raiva FELV V3 Raiva FELV V3 FELV Reforço Trienal (3 anos) V3 Raiva FELV Obs.: ➔ A vacina da FELV deve ser dada a partir de 8 semanas ➔ Aplicar sempre nas extremidades dos membros, para evitar sarcoma de aplicação Mariana Tenório CINOMOSE Def.: Doença infectocontagiosa causada por um Morbillivirus, sendo caracterizada como multissistêmica que afeta carnívoros domésticos e silvestres Etiologia ➔ É um Morbillivirus (CDV) ➔ Família Paramyxoviridae ➔ RNA, fita simples ➔ Envelopado Resistência viral Epidemiologia ➔ Ocorre mundialmente ➔ Afeta canídeos domésticos e selvagens ➔ Brasil é enzoótico para a CDV, devido a fatores como: - persistência do vírus no ambiente - aparecimento de novas cepas - desenvolvimento da doença em animais vacinados ➔ No inverno há maiores ocorrências ➔ Morbidade: 25-75 % ➔ Letalidade: 50-90 % ➔ Cães com idade entre 60-90 dias tem maiores chances de contaminação - devido a queda de anticorpos maternos ➔ Não tem relação com sexo ou raça ➔ O cão doente torna-se reservatório e fonte de infecção ➔ A eliminação viral ocorre por saliva, exsudatos respiratórios/ conjuntivais, urina, fezes; ➔ A transmissão ocorre por meio de aerossóis e gotículas contendo secreções oculares, nasais e excreções urinárias e digestivas ➔ O vírus é eliminado 7 dias após a infecção ➔ Podem eliminar o vírus até 90 dias após infecção ➔ O período de incubação varia de 1-4 semanas ➔ Há também transmissão via placentária, onde ocorre hipoplasia do esmalte dentário Patogenia ➔ É dividida em duas fases ➔ A primeira está relacionada com o curso do vírus no organismo em geral Mariana Tenório ➔ Já a segunda fase, está relacionada com as alterações em cada sistema Neuropatogenia ➔ A cinomose progride da doença sistêmica para a neurológica devido a uma falha do sistema imune na invasão viral no cérebro e medula ➔ Cães filhotes desenvolvem desmielinização ➔ O vírus penetra nas células endoteliais vasculares das meninges, nas células do plexo coróide e células ependimárias ➔ O acometimento neurológico pode causar: - Encefalite aguda - Encefalite multifocal do cão adulto - Encefalite do cão velho Clínica ➔ Cães acometidos por cinomose tem histórico de: - falta de vacinação - doses incompletas - colostro da mãe com baixos anticorpos - exposição com cães infectados ➔ Os sinais clínicos são sistêmicos e acometem o sist. digestório, respiratório, neurológico e epiteliais ➔ Após 6 dias do período de incubação, ocorre o 1° pico febril (+/- 41° C), corrimento seroso ocular e nasal ➔ Após 2-3 dias quando o animal não apresenta sinais aparentes, ocorre o 2° pico febril, que progridem para os sinais gástricos, respiratórios e etc ➔ Sinais respiratórios: - rinite - conjuntivite - secreção nasal (serosa → purulenta) - broncopneumonia (bacteriana 2ária B. bronchiseptica) - tosse (seca → produtiva) MarianaTenório ➔ Sinais digestivos: - diarreia catarro-hemorrágica - vômitos - desidratação - perda de peso ➔ Sinais epiteliais/tegumentar: - hiperqueratose nasal - doença dos coxins (hiperqueratose) - pústulas abdominais (dermatite vesicular ou pustular) ➔ Sinais oftálmicos: - congestão conjuntival - secreção ocular (serosa → purulenta) ➔ Sinais neurológicos: - podem se apresentar tardiamente, semanas, meses ou anos após a recuperação - sinais conforme porção do SNC afetado (aguda= subst. cinzenta + destruição neuronal. Crônica = subst. branca + desmielinização) ➔ Outros sinais: - hipoplasia de esmalte dentário - cardiomiopatia (cães com menos de 7 dias de idade) - artrite reumatóide Diagnóstico ➔ É baseado no histórico, sinais clínicos e exames complementares ➔ Histórico: - não vacinados - não ingeriram colostro materno - mães não vacinadas - aglomerações recentes ➔ Patologia clínica: - Anemia (destruição de eritrócitos ou diminuição na produção, se dá pela presença do vírus nos eritrócitos ou deposição de imunocomplexos na membrana) - Linfopenia (depleção dos tecidos linfóides) - Trombocitopenia (aumento de anticorpos anti plaquetas) - Inclusão de corpúsculo de Lentz (observadas em estágios iniciais da doença) Mariana Tenório ➔ Bioquímico: - hipoalbuminemia (devido a não ingestão proteica) ➔ LCR: - ↑ proteínas e ↑ leucócitos ➔ Diagnóstico por imagem: - radiografia pode indicar pneumonia ➔ Métodos sorológicos: - Elisa (detecta aumento de IgG ou IgM no soro de cães) ➔ Isolamento viral: - pode resultar em falso negativo se o animal não estiver em fase aguda da doença - faz-se cultura de linfócitos ➔ Biologia molecular: - RT-PCR - detecta RNA viral - pode-se utilizar sangue periférico, swab conjuntival, secreção nasal, urina ➔ Imunofluorescência direta: - pode realizar por swab conjuntival, nasal e vaginal - só detecta o antígeno em infecções com 3 semanas quando o vírus está nas células epiteliais ➔ Imunocromatografia (teste rápido): - detecta qualitativamente o antígeno em mucosa nasal, saliva, conjuntiva, urina, soro - pode dar falso negativo quando a amostra não contém o antígeno Melhores testes ➔ Elisa ➔ RT-PCR ➔ Imunocromatografia Diagnósticos diferenciais ➔ Raiva ➔ Ingestão de plantas tóxicas ➔ Parvovirose ➔ HIC ➔ Toxoplasmose Tratamento ➔ Não é específico ➔ De acordo com a sintomatologia e infecções secundárias ➔ Nutrição e hidratação: - Antieméticos (caso haja vômito): Metoclopramida - Solução de Ringer (pode adicionar glicose 2,5 ou 5%) - Vit. E (antioxidante) - Vit. C (fator trófico dos tecidos mesenquimais) - Vit. A (proteção e regeneração dos epitélios) - Complexo B (regeneradores da fisiologia nervosa e estimuladores de apetite) ➔ Antimicrobianos: - Utilizados devidos às infecções secundárias Mariana Tenório - Utilizar de amplo espectro - Amoxicilina + ácido clavulânico - Enrofloxacino ➔ Anticonvulsivantes: - Fenobarbital ➔ Corticosteróides: - Utilizados para reduzir edema cerebral e dilatação pupilar - Utilizar doses antiinflamatórias - Evitar em filhotes - Prednisona ➔ Antivirais: - Ribavirina Prognóstico ➔ Reservado para animais que não apresentam sinais neurológicos ➔ Desfavorável para os que apresentam Profilaxia e Controle ➔ Filhote deve ingerir o colostro materno ➔ Vacina polivalente a partir de 6-8 semanas ➔ Deixar o animal em locais arejados e ventilados, com constante desinfecção ➔ Evitar aglomerações ➔ Cães infectados devem ser separados dos demais contactantes Mariana Tenório Hepatite Infecciosa Canina (HIC) Def.: Doença infectocontagiosa superaguda ou aguda, caracterizada por quadros de vasculite generalizada comprometimento hepático Etiologia ➔ Adenovírus tipo I (AVC-1) ➔ DNA, não envelopado ➔ Tem relação antigênica com o Adenovírus tipo II, envolvida na traqueobronquite infecciosa canina (tosse dos canis) Resistência viral Epidemiologia ➔ Afeta canídeos domésticos e selvagens ➔ Acomete os mais jovens (8 semanas a 1 ano) ➔ Sem fatores predisponente (sexo, raça, estação do ano, clima) ➔ Acomete ninhadas de fêmeas não vacinadas ➔ morbidade ↑ (50% soroconvertem e são assintomáticos, devido a grande circulação viral) ➔ letalidade ↑ quando há manifestação clínica presente (80% acometidos) ➔ Fonte de infecção são os animais doentes que eliminam o vírus por todas as secreções corporais ➔ A transmissão pode ser direta ou indireta - direta: oronasal ou aerossóis - indireta: fômites contaminados, água, alimentos ➔ Os animais doentes eliminam por todas secreções e excreções durante f. aguda ➔ Os convalescentes eliminam pela urina por 6-12 m após período de recuperação Patogenia Clínica ➔ Período de incubação é de 2-5 dia ➔ Na manifestação hiperaguda, a morte ocorre em 24 h ou menos (por isso é confundida com envenenamento) ➔ Os sinais se caracterizam por: - Febre (41° C) - Taquicardia - Taquipnéia - Episódios de vômito - Descarga ocular serosa - Linfadenomegalia cervical - Edema em região de pescoço - Hemorragias - Ausculta pulmonar com ruídos - Abdômen proeminente com acúmulo de fluido Mariana Tenório - Icterícia é extremamente incomum ➔ ‘’Blue eyes’’ - ocorre pela replicação viral nas células endoteliais da córnea, causando deposição de imunocomplexos - causa uma uveíte imunomediada ➔ A insuf. hepática e a encefalopatia hepática causa coma invariavelmente - a encefalopatia hepática é resultante da exposição do SNC a substâncias neurotóxicas circulantes no sangue, em consequência à insuficiência hepática - as subst. neurotóxicas são aquelas inapropriadamente metabolizadas pelo fígado, como amônia, falsos neurotransmissores, ác. graxos de cadeia curta ➔ As consequências de evolução das f.agudas: - necrose centrolobular restrita= OCORRE REGENERAÇÃO - progressão necrose centrolobular = FIBROSE HEPÁTICA/ CIRROSE ➔ A vasculite glomerular causa→ infecção tubular persistente → nefrite intersticial → eliminação viral por urina (INSUF. RENAL NÃO É ESTABELECIDA); Diagnóstico ➔ É baseado no histórico, lesões macro e microscópicas, exames complementares ➔ Histórico: - idade inferior a 1 ano - ausência de vacinação - sinais clínicos ➔ Patologia clínica: - discreta anemia - leucopenia grave - linfopenia - trombocitopenia (devido ao aumento do consumo de plaquetas pela vasculite e ação direta do vírus nessas células) ➔ Bioquímicos: - aumento de ALT (necrose dos hepatócitos) ➔ Líquido abdominal: - exsudato de coloração amarelada a avermelhada - aumento de células inflamatórias e de proteína ➔ LCR: - aumento de proteína - pleocitose (aumento de leucócitos no líquor) ➔ Isolamento viral: - considerado padrão-ouro para o diagnóstico Mariana Tenório - após 5 dias de viremia o vírus pode ser isolado de várias secreções e excreções (sangue, urina) ➔ PCR: - detecta baixo número de cópias de DNA - pode ser realizado da urina e sangue ➔ Lesões macroscópicas (pós-mortem): - edema de vesícula biliar - pleura visceral com hemorragia - vasculite generalizada - fígado aumentado de volume ➔ Lesões microscópicas: - necrose centrolobular no fígado - espessamento alveolar Tratamento ➔ Não é específico, é de acordo com a sintomatologia do animal ➔ Suporte eletrolítico e nutricional: - Solução de Ringer simples - Transfusão sanguínea - Complexo B (cofatores de oxirredução) - Vit. C (auxilia na recuperação tecidual e acidificação da urina, reduzindo a absorção de amônia pelos rins) ➔ Antieméticos: - Metoclopramida - Clorpromazina - Maropitant ➔ Antimicrobianos: - Devem ser de amplo espectro e que não apresentem efeitos colaterais - Ceftiour - Ampicilina Profilaxia e Controle ➔ Manter os animais em ambientes limpos e desinfectados ➔ Não compartilhar o mesmo comedouro e bebedouro dos animais ➔ Vacinação Mariana Tenório Coronavirose Canina Def.: Caracterizada por uma doença infecciosa que causa danos gastrointestinais e enterites Etiologia ➔ Coronavírus canino CCoV ➔ RNA ➔ Envelopado ➔ Tem relação gênica com coronavírus felino Resistência viral Epidemiologia ➔ Doença mais suscetívelem neonatos e jovens ➔ A fonte de infecção são os cães doentes ➔ Vias eliminação: - fezes e secreções respiratórias (2 semanas – 180 dias) - excreção 3 – 14 pós infecção - cães sadios excretam por longos períodos ➔ Porta de entrada são as vias respiratórias e trato digestório ➔ A transmissão é fecal-oral, por meio de água e alimentos contaminados, bem como fômites ➔ Fatores predisponentes: - filhotes (mães soronegativas) - ↑ densidade canina (canis, abrigos) - ↓ sanidade Patogenia O vírus da coronavirose age nas criptas das células intestinais (diferente do parvovírus que age nas microvilosidades). Ele vai se replicar nas criptas, mas raramente irá destruí-las.Caso ocorra, a lâmina própria será atingida fazendo com que haja translocação bacteriana e risco d septicemia; Clínica ➔ Sinais: vírus da coronavirose (CCoV-1)- Entéricos - sinais variam bastante (indepentende de sexo, raça ou idade) - fezes “cor de tijolo”, fétidas, fluidas, raramente contém sangue - geralmente diarreia repentina, precedida por vômitos - anorexia, letargia, desidratação ➔ A maioria dos cães se recuperam com 8 a 10 dias Mariana Tenório ➔ É uma doença sistêmica rara, o óbito ocorre por infecções mistas ➔ Sinais: vírus da parvovirose canina (CCoV-2)- Pantrópicos - sinais e lesões mais severas (infecção simples e mista) - vários órgãos parenquimatosos; - febre, letargia, anorexia, vômito, ataxia, convulsão - óbito em 2 a 3 dias após sinais clínicos Lesões macro e microscópicas (CCoV-1) ➔ MACRO: - alças dilatadas, preenchidas com conteúdo aquoso amarelo-esverdeado - linfonodos mesentéricos ↑ e edematosos ➔ MICRO: - atrofia e fusão de vilosidade intestinal com aprofundamento de cripta - celularidade ↑ em lâm. própria - ↑ secreção de céls. mucosas e achatamento de superfície celular Lesões macro e micro por CCoV-2 ➔ MACRO: - enterite hemorrágica, efusão serosanguinolenta abdominal - consolidação pulmonar bilateral multifocal, infarto renal - ↑ linfonodos esplênicos e mesentéricos ➔ MICRO: - broncopneumonia fibropurulenta, infarto córtex renal - depleção linfóide Diagnóstico ➔ É difícil, deve-se basear nos sinais clínicos e epidemiológicos e laboratoriais ➔ Clínico: - diarreia em neonatos, aquosa, cor de tijolo, vômito antecedendo diarreia ➔ Laboratorial: - RT-PCR ou real time PCR – diretamente de fezes - Imunocromatografia (teste rápido) Diagnóstico diferencial ➔ Salmonelose ➔ HIC ➔ Parvovirose ➔ Cinomose Tratamento ➔ Terapia de suporte: - Fluidoterapia ➔ Globulinas específicas Profilaxia e Controle ➔ Evitar contato com animal doente/ infectado Mariana Tenório ➔ Evitar superlotação (canis, abrigos) ➔ Proceder eficiente sanitização ➔ Evitar desmame precoce ➔ Controlar infecções concomitantes ➔ Vacinação NÃO RECOMENDADA pela WSAVA Mariana Tenório Panleucopenia Felina Def.: Enfermidade aguda, altamente contagiosa, com elevada incidência em gatos de 2 a 4 meses de idade, é caracterizada por manifestações gastroentéricas, alterações hematológicas e distúrbios neurológicos/ visuais Etiologia ➔ Parvovírus felino (PVF) ➔ DNA ➔ Não envelopado Resistência viral Epidemiologia ➔ É um vírus ubíquo (caracterizado por alta contagiosidade e resistência ambiental) ➔ Todos os felinos são expostos/infectados até o 1° ano de vida (Ac colostrais protetores até 3m idade) ➔ Tem maior incidência do final do verão e início do outono ➔ Acomete animais jovens (2 a 4 meses de idade) e gatos não imunizados de qualquer faixa etária ➔ Morbidade até 100% ➔ Letalidade 50-90% - jovens com forma clássica ➔ A transmissão pode ser: - indireta (fecal-oral em ambientes com fezes contaminadas) - direta (contato direto) - transplacentária (resulta em síndrome cerebelar e miocardite) - através de veículos animados ou inanimados (insetos, pulgas, mosquitos, roedores, humanos, fômites) ➔ A eliminação viral ocorre de 1 a 2 dias e até 6 semanas após recuperação ➔ O PVF é eliminado em todas as secreções corpóreas durante a doença ativa, principalmente urina e fezes Patogenia Clínica ➔ Período de incubação varia de 2 a 10 dias (média 5 dias) ➔ A doença apresenta-se de forma subclínica, hiperaguda, aguda e fatal Forma subclínica ➔ Ocorre em animais adultos e não é diagnosticada Mariana Tenório Forma hiperaguda ➔ Ocorre em filhotes não vacinados (gatis, abrigos) ➔ Causa grave depressão, coma, choque séptico, morte súbita em menos de 12 h ➔ Semelhante a um quadro de intoxicação ➔ óbito antes de êmese, diarreia, desidratação; ➔ Letalidade 100% ( 2 a 5 meses idade) Forma aguda ➔ Os sinais incluem: - febre (40 ̊C ou superior) ou hipotermia (casos graves-evolução) - protrusão 3a pálpebra - depressão extrema, anorexia - vômitos amarelados, tingidos de sangue e sem relação à alimentação - diarreia menos freqüente, porém tardia, fétida, líquida-pastosa e pode ter estrias fibrosas - em casos graves: hematoquezia - desidratação - desconforto abdominal à palpação, meteorismo, alças preenchidas de líquido, - linfadenopatia mesentérica ➔ Se o animal não morrer em 5 dias e sem complicações = rápida recuperação ➔ Em fêmeas prenhes infectadas ou vacinadas durante a gestação podem apresentar distúrbios reprodutivos (infertilidade, mumificação, abortamento) ➔ Se houver infecção do feto: - morte súbita, ou alterações neurológicas não progressivas (comprometimento cerebelar – ataxia, incoord. motora, dismetria, perda de reflexos, convulsões; - além de perda da acuidade visual (lesões na retina e nervo óptico) - manifestações decorrentes de cardiomiopatia congênita Diagnóstico ➔ Se baseia nos sinais clínicos e epidemiológicos, além dos testes ➔ Clínico: - afeta gatos jovens (2-4 m) - gatos que tiveram contato com outros - histórico de imunização ➔ Patologia clínica: - leucopenia - linfopenia - neutropenia inicial, seguida de neutrofilia com desvio à esquerda - anemia não regenerativa - trombocitopenia - aumento de hematócrito - aumento de ALT e AST (moderado) - aumento de creatinina ➔ Testes laboratoriais: - hemaglutinação (HI) e inibição da hemaglutinação (HA): faz-se sorologia pareada, 3 dias após os sintomas e 2 semanas depois - Elisa: detecção do vírus nas fezes após 24-48 h da infecção - PCR: detecta o vírus nas fezes - imunocromatografia: teste rápido, utiliza-se swab retal ou fezes frescas Mariana Tenório Diagnóstico diferencial ➔ Intoxicação ➔ Toxoplasmose aguda ➔ Corpos estranhos (perfurantes) Tratamento ➔ Tem o objetivo de restabelecer e manter equilíbrio hidroeletrolítico, garantir recuperação epitélio entérico e prevenir infecções secundárias ➔ Utiliza-se da terapia de suporte: - Fluidoterapia (ringer com lactato) - Suplementação de potássio ➔ Antieméticos (metoclopramida) ➔ Antimicrobianos (ampicilina, cefalotina) ➔ Transfusão de plasma ou sangue em anemias graves ➔ Vit. B Profilaxia e Controle ➔ Desinfecção do ambiente e utensílios ➔ Evitar aglomeração de animais ➔ Separar os infectados ➔ Vacinação Mariana Tenório Peritonite Infecciosa Felina (PIF) Def.: Doença infecciosa caracterizada por vasculite imunomediada e inflamação piogranulomatosa Etiologia ➔ Coronavírus entérico (FCoV) ➔ RNA ➔ Envelopado Epidemiologia ➔ Órgãos alvos: - trato respiratório - trato gastrointestinal - tecidos neurológicos ➔ A maioria dos gatos que habitam gatis são sorotipos positivos para FCoV, em razão do alto fluxo de animais ➔ Mais comum em gatos com mais de 2-3 anos ➔ Predisposição racial em Persas, Sagrado da Birmânia e Bengal ➔ Fontes de infecção: - fezes - secreções orofaríngeas ➔ Transmissão direta e indireta: - lambeduras mútuas - fômites ➔ Situações em que o gato se encontra após infecção: - portador transitório (excretam o vírus por certo período e desenvolve ac) - portador por toda a vida (excretam o vírus continuamente pelas fezes) - resistentes (não excretam o vírus) - desenvolvem a PIF Patogenia ➔ Forma efusiva: - ocorre vasculite pela presença de complexos antígenos-anticorpos - aminas são liberadas nas células endoteliais e causam retraçãocom extravasamento de líquido e proteínas na cavidade ➔ Forma não-efusiva: - ocorre inflamação granulomatosa devido a reação imune dos vasos ➔ A forma efusiva ou não é determinada com a resposta imune do animal ao vírus Clínica ➔ PIF efusiva: - curso clínico agudo - caracterizada por efusões abdominais e/ou pleurais - febre não responsiva - perda de peso - diarréia crônica - dispneia ➔ PIF não-efusiva: - curso clínico lento e insidioso (parece benigno, mas pode ser ou tornar-se grave e perigoso) - febre - pleurite - polidipsia/poliúria - paresia dos posteriores - nistagmo - convulsões - uveíte - nódulos múltiplos - fragilidade dérmica Mariana Tenório Diagnóstico ➔ Se baseia no histórico, sinais clínicos e exames auxiliares: - é essencial que tenha ocorrido uma oportunidade para a infecção por FCov, ex: exposição a um gatil - gatos de qualquer idade, seja mais frequente nos mais velhos - especialmente de raça pura - sinais neurológicos ➔ O diagnóstico DEFINITIVO da PIF se dá por um imunoistoquímico ou imunofluorescência direta através de uma necrópsia, portanto enquanto o animal estiver vivo não há confirmação do mesmo Algoritmo-diagnóstico das PIF´s PIF efusiva (úmida) ➔ É essencial que tenha ocorrido uma oportunidade para a infecção por FCov ➔ Cerca de 70% dos gatos com PIF são de raça pura ➔ Qualquer idade, mas 50% dos gatos com PIF tem mais de 2 anos ➔ Há, geralmente, episódio de stress nas semanas que antecedem a apresentação ➔ O gato apresenta distensão abdominal e/ou dispnéia (o exame físico revela a presença de derrame, que pode ser abdominal, pleural, pericárdico ou escrotal) ➔ Deve-se analisar o líquido: - Cor amarelada, translúcido, inodoro, quiloso - presença de proteina (↑ 35g/l) - presença de albumina/globulina (↑ 0,8g/l) - presença de neutrófilos e macrófagos - prova de rivalta Mariana Tenório PIF-não efusiva (seca) ➔ É essencial que tenha ocorrido uma oportunidade para a infecção por FCov ➔ Cerca de 70% dos gatos com PIF são de raça pura ➔ Qualquer idade, mas 50% dos gatos com PIF tem mais de 2 anos ➔ Ocorreu, geralmente, episódio de stress semanas a meses antes da apresentação clínica ➔ Febre moderada persistente mais de 4 dias ➔ Perda de peso/ incapacidade de ganhar peso normalmente, ou seja atraso no crescimento ➔ Apático, letárgico, pálido ➔ Anorexia ➔ Sinais intra-oculares (uveíte, precipitados ceráticos, flare aquoso, cuffing dos vasos retinianos) ➔ Sinais neurológicos (ataxia, convulsões, nistagmo) ➔ Aumento dos linfonodos mesentérico ➔ Icterícia ➔ Renomegalia ➔ Análise sanguínea: - albumina/globulina (↓ 0,4) - hiperglobulinemia - bilirrubina elevada - hematócrito (↓ 30%) - anemia não-regenerativa - linfopenia - hiperproteinemia Teste de Rivalta ➔ Utilizada para detectar incidência de PIF efusiva ➔ Detecta o aumento de quantidade de proteína em uma efusão e não necessariamente a PIF ➔ Seu negativo tem 97% de eficácia ➔ Como fazer: - em 10 mL de água coloca-se 2-3 gotas de vinagre e posteriormente a efusão - se o resultado for POSITIVO: forma-se uma gota ou ‘’estrutura’’ - se for NEGATIVO: a efusão se desfaz sem formar nenhuma estrutura Teste de rivalta + Teste de rivalta - Tratamento ➔ Não existe protocolo definido para a PIF Mariana Tenório ➔ O tratamento baseia-se em melhorar a qualidade de vida e tratar os sintomas ➔ Em geral recomenda-se o uso de antiinflamatórios esteroidais e imunomoduladores Diagnóstico diferencial ➔ Toxoplasmose ➔ Infecções fúngicas ➔ Neoplasias Profilaxia e Controle ➔ Desinfecção de ambiente e comedouros dos animais ➔ Evitar aglomeração de animais ➔ Vacinação Mariana Tenório Parvovirose Canina Def.: Doença infectocontagiosa aguda, que se caracteriza por manifestações gastrointestinais, além de efeitos imunossupressores Etiologia ➔ DNA ➔ Não envelopado ➔ Dois tipos: - CPV-1: apatogênico - CPV-2: patogênico Resistência viral ➔ Vírus extremamente estável e resistente às influências ambientais como: calor, dessecamento ➔ Resiste cerca de 6 meses ou mais em objetos, panos, gaiolas (quando não desinfetados corretamente) ➔ É sensível a hipoclorito de sódio a 5% (30 min) Epidemiologia ➔ Doença endêmica ➔ Acomete os mais jovens (menor que 1 ano) ➔ Maior predisposição em raças de grande porte, como: Rottweiler, Pastor alemão, Pitbull, Doberman - tem crescimento rápido e consequente maior a mais rápida multiplicação de tecidos ➔ O reservatório e fonte de infecção são os cães doentes ➔ os cães que apresentam a forma clínica da doença começam a eliminar o vírus nas fezes ao redor de 3 dias antes do quadro clínico ➔ A transmissão ocorre por via oral por ingestão de água e alimentos contaminados ➔ Quanto mais velho o animal for acometido, melhor o prognóstico Patogenia ➔ Em razão da viremia, o agente se dissemina em células que apresentam altas taxas de mitose ➔ A multiplicação nas células da cripta ocasiona colapso das vilosidades, necrose do epitélio germinativo e lesões na lâmina própria ➔ Com a necrose das células da cripta, há perda da capacidade absortiva e estabelecimento de grave diarreia Mariana Tenório ➔ Também causam necrose das células precursoras mielóides na medula óssea ➔ Filhotes onde a mãe foi infectada pelo vírus pode desenvolver miocardite (estas células miocárdicas apresentam alta atividade mitótica) Clínica Forma entérica ➔ Apatia ➔ Vômitos frequentes sem conteúdo sólido ➔ Diarreia líquida, escura e fétida ➔ Evolui para diarreia sanguinolenta ➔ Hipertermia (40 a 45° C) ➔ Profunda desidratação ➔ Dor abdominal ➔ Sinais respiratórios: - crepitação - ruídos de roce pleural - áreas de silêncio a auscultação ➔ Em cães muito jovens pode ocorrer anemia (devido a baixa contagem de eritrócitos) Forma cardíaca ➔ A miocardite pelo parvovírus pode ocorrer por infecção intrauterina ou contaminação fecal-oral em filhotes entre 3-12 semanas ➔ Pode ocorrer insuficiência cardíaca subaguda em filhotes com 8 semanas - após exercícios intensos os animais apresentam dispnéia, taquipnéia, cianose - abdômen distendido Diagnóstico ➔ Se baseia nos sinais clínicos, epidemiologia e exames complementares ➔ Sinais clínicos: - presença de vômito e diarreia sanguinolenta de início súbito - desidratação - apatia ➔ Epidemiologia: - cães jovens (menor que 1 ano) - ausência de vacinação ou esquema vacinal incompleto - histórico de contato com outros animais ➔ Exames hematológicos: - intensa leucopenia (sinal de prognóstico desfavorável) - linfopenia - anemia em animais muito jovens ➔ Métodos diretos: Isolamento viral: - o vírus é isolado das fezes dos animais doentes nos primeiros 10 dias do início dos sinais clínicos Mariana Tenório Imuno-histoquímica: - pode ser obtida pelas fezes e tecidos (primeiros 10 dias dos sinais clínicos) Teste de ELISA: - realizado a partir das fezes - sensível e específico Biologia molecular: - PCR ou RT-PCR das fezes ➔ Métodos indiretos: Teste ELISA indireto: - amostra de soro sanguíneo Lesões macro e microscópicas: - congestão da serosa intestinal - enterite catarral-hemorrágica - pneumonia - lesões intestinais - aumento de linfonodos Tratamento ➔ Correção hidroeletrolítica e energética: - Fluidoterapia (ringer com lactato) - Vit do complexo B e vit C ➔ Antieméticos e protetores gástricos: - Metoclopramida - Omeprazol ➔ Antimicrobianos: - Ceftriaxona - Enrofloxacino - Sulfonamida Diagnóstico diferencial ➔ Coronavirose ➔ Isosporose ➔ Verminose Profilaxia e Controle ➔ Vacinação - seguir recomendações ➔ Limpeza e desinfecção de instalações, canis ➔ Evitar sair com filhotes até os 4 meses de idade ➔ Os filhotes só devem sair a passeio 15 dias após a 2° dose da vacina ➔ Separar animais doentes de outros contactantes Mariana Tenório Imunodeficiência Felina (FIV) Def.: É uma síndrome que causa declínio no número de linfócitos T (CD4+), associada a alterações imunológicas que tornam o animal suscetível a infecções secundárias. Etiologia ➔ Vírus que pertence ao gênero Lentivirus, no qual também está o HIV ➔ RNA fitasimples envelopado ➔ O vírus apresenta a enzima transcriptase reversa (capaz de produzir uma cópia DNA) Resistência viral ➔ O vírus é suscetível a desinfetantes, sabão, calor e dessecação ➔ Inativado em temperatura ambiente Epidemiologia ➔ Acomete mais animais adultos e machos (animais de vida livre) ➔ A transmissão ocorre através da inoculação da saliva ou sangue, por meio de mordedura ou feridas ➔ Na fase inicial da doença os gatos transmitem o vírus mais facilmente do que na fase terminal ➔ Ocorre também transmissão via intrauterina da mãe para o filhote ou ingestão de colostro/leite Patogenia ➔ A replicação viral ocorre nos órgãos linfóides ➔ Ocorre diminuição no número das CD4+ ➔ O pico da carga viral ocorre entre 8-12 semanas ➔ Os anticorpos se tornam detectáveis por volta de 2-4 semanas Clínica ➔ A infecção pelo FIV progride lentamente, fazendo com que não exista uma distinção de transição da fase assintomática para as condições mórbidas ➔ Os sinais são inespecíficos ou passam despercebidos ➔ Alguns podem apresentar febre, perda de apetite e menor atividade física durante a fase aguda, além de linfadenomegalia ➔ Durante os últimos estágios da infecção, os sinais são decorrentes de infecções oportunistas, como neoplasias e doenças neurológicas ➔ As manifestações mais comuns da FIV são: Estomatite/Gengivite: - pode ser encontrada em qualquer estágio da infecção Mariana Tenório - é de causa indeterminada - a coinfecção pelo calicivírus resulta em estomatite, com o surgimento de lesões odontoclásticas Diarréia: - lesões inflamatórias e excessivo crescimento bacteriano podem sugerir as causas da diarreia Doenças oculares: - ocorre uveíte anterior que pode ser resultado de toxoplasmose Sinais de comprometimento do SNC: - a alteração comportamental é a alteração mais comum - pode ocorrer convulsões, alteração no padrão do sono Síndrome do depauperamento: - dependendo da cepa viral envolvida, a perda de peso e das condições orgânicas podem ser consequências visíveis Diagnóstico ➔ Se baseia no histórico, bem como sinais clínicos e exames complementares. Porém nenhum achado laboratorial é patognomônico ➔ Alterações hematológicas: - neutropenia e linfopenia (na fase aguda) - anemia - trombocitopenia ➔ Alterações bioquímicas: - hiperproteinemia - azotemia por IRC ➔ Testes sorológicos: SNAP ELISA - são testes razoavelmente sensíveis e específicos - teste de triagem que detecta Ac - o resultado em filhotes menores que 6 meses devem ser analisados cuidadosamente, pois o que pode ser detectado são os anticorpos passivos da mãe - a resposta humoral só é detectada no período de 8 semanas após a infecção - em casos de resultados negativos, o teste deve ser repetidos após 3 semanas ➔ Biologia molecular: PCR - é mais sensível e específico - detecta material genético viral - em casos de teste negativo, ele também deve ser repetido se a clínica persistir em se tratar de FIV Tratamento ➔ Todos os gatos com suspeita de FIV devem passar por teste confirmatório ➔ Se confirmado, deve passar por exame clínico periódico anual ou semestral, além de exames complementares (hematológicos e bioquímicos) ➔ Para as infecções secundárias: - utilizar antibióticos ou antifúngicos (evitar uso de Griseofulvina) ➔ Nos casos de estomatite: - limpeza periódica dos dentes - uso de antibióticos (Metronidazol, Prednisona) - extrações dentárias em casos mais avançados ➔ Para anemia arregenerativa: - uso de eritropoetina ➔ Proceder a esterilização de machos e fêmeas positivos para a FIV, a fim de diminuir o estresse do cio Mariana Tenório Profilaxia e Controle ➔ Segregação de animais infectados, evitando o contato dos felinos FIV + com os livre da infecção ➔ A vacina não está disponível nacionalmente e não é eficaz contra a FIV ➔ Castração - diminui a agressividade e saída do animal Mariana Tenório LEUCEMIA VIRAL FELINA (FELV) Def.: Doença infectocontagiosa que causa ampla gama de síndromes clínicas, como neoplasias, doenças degenerativas e coinfecções. Etiologia ➔ O FELV é um retrovírus ➔ RNA simples ➔ Pancitotrópico (tem tropismo pela MO) ➔ Envelopado ➔ Possui a enzima transcriptase reversa Resistência Viral ➔ Sensível a desinfetantes, sabão, calor e dessecação ➔ Inativado em temperatura ambiente Epidemiologia ➔ A transmissão horizontal é a forma mais comum ➔ A principal forma de infecção é pelo prolongado contato com a saliva e secreção nasal de gatos infectados, através de mordeduras ou arranhaduras ➔ Também pode ocorrer transmissão vertical, por lambeduras ou leite materno ➔ Acomete mais machos adultos (6-9 anos) - são aqueles que têm acesso a rua e/ou não são castrados ➔ Os filhotes são mais suscetíveis a infecção, enquanto os adultos são mais resistentes ➔ Não há predisposição racial ➔ É uma infecção que causa aumento significativo de células CD4 e CD8, além de doenças secundárias como: CRF e CGE Patogenia ➔ A evolução da FELV é extremamente variável entre os felinos infectados ➔ Após exposição oronasal, o vírus se replica nos tecidos linfóides ➔ Se a resposta imune ocorrer rapidamente, o vírus não atinge o tecido mielóide e a infecção é debelada pela produção de anticorpos ➔ Se a produção de Ac for tardia, ocorre viremia transitória (pode durar até 3 meses) ➔ Se o vírus atingir os tecidos epiteliais, a viremia tornará persistente ➔ O gato virêmico pode transitar o vírus por longos períodos Estágios da infecção por FELV Infecção abortiva (‘’regressiva’’) ➔ O felino torna-se imunocompetente e consegue interromper a replicação viral ➔ Não elimina o vírus totalmente, mas ele não desenvolve viremia ➔ Esses gatos apresentam altos títulos de anticorpos neutralizantes Mariana Tenório ➔ Vírus não chega na medula óssea ➔ É de raro acontecimento ➔ Testes diagnósticos dão negativo Infecção regressiva (‘’transitória → latente’’) ➔ Os felinos desenvolvem resposta imune parcial ➔ Ocorre disseminação do vírus nos tecidos linfóides, glândula salivar e medula óssea ➔ Viremia ocorre durante no máximo 16 semanas e há eliminação de partículas infectantes pela saliva ➔ Muitos gatos são capazes de interromper a viremia logo após infecção da medula óssea ➔ Mesmo que a viremia cesse, a infecção pode ser reativada em casos de estresse: - gestação - cio - altas doses de corticosteróides ➔ Os testes diagnósticos darão negativos ➔ É uma infecção pouco significativa, porém não descarta-se que a possibilidade de reativação viral, pois é uma viremia transitória Infecção progressiva (‘’persistente’’) ➔ O felino infectado desenvolve resposta imune incopetente ➔ A replicação viral ocorre na medula óssea, mucosas e epitélio glandular ➔ A eliminação viral ocorre nas secreções, sobretudo na saliva ➔ A maioria dos gatos desenvolvem doenças associadas pelo FELV no período de 3 anos ➔ Os testes de antígenos darão positivos num período de 2 a 3 semanas após a exposição ➔ É diferenciada da infecção regressiva através de repetidos testes para detecção de antígenos em 2-3 semanas após infecção ➔ É de extrema importância clínica Infecção atípica (‘’focal’’) ➔ Corresponde a +/- 10% dos casos ➔ O vírus encontra-se sequestrado em epitélios como: - glândula salivar - glândula mamária - bexiga ➔ Atinge a medula óssea ➔ Felino desenvolve resposta imune parcial Clínica ➔ A infecção por FELV pode resultar em diversas doenças e síndromes clínicas ➔ Prevalecem neoplasias, mielossupressão e doenças infecciosas ➔ A sobrevida dos felinos virêmicos que vivem em locais com alta densidade populacional é de 2 a 3 anos no máximo ➔ Os que vivem nas mesmas condições, porém isolados é muito maior ➔ A maior parte dos felinos apresentam anemia Mariana Tenório (arregenerativa) e imunossupressão ➔ A gravidade da infecção é inversamente proporcional a idade Síndromes e doenças associadas a FELV Neoplasias ➔ Linfoproliferativas: - linfoma e leucemia linfática ➔ Mieloproliferativas: - todas as linhagens das células hematopoiéticas são suscetíveis a FELV - células anormaispodem ser observadas nos esfregaços de sangue - sinais das leucemias: pirexia, fraqueza, perda de peso, anemia, hepatomegalia, contagens celulares aberrantes ➔ Mielodisplasias: - resultam em citopenias (pancitopenia periférica) ➔ Fibrossarcomas: - a recombinação do FELV-A com os oncogenes celulares podem dar origem ao FeSV - o FeSV é tumorigênico e dão origem a neoplasias altamente malignas - os tumores se expandem rapidamente e formam nódulos cutâneos ou subcutâneos ➔ Outros: - osteocondromas (causam exostoses cartilaginosas nos ossos planos) - neuroblastoma olfatório Síndromes de supressão da medula óssea ➔ A supressão da medula óssea é causada pela replicação ativa do vírus ➔ O FELV pode causar distúrbios da medula óssea pela indução da expressão de antígenos na superfície celular, resultando em destruição das células ➔ Alguns distúrbios podem ser causados, como: - anemia hemolítica imunomediada - trombocitopenia - pancitopenia - leucemias - neutropenia Anemias ➔ A maioria é do tipo não regenerativa ➔ Diversas formas de anemia podem ser apresentadas: - anemia hemolítica (por Mycoplasma spp) - anemia hemolítica imunomediada - aplasia eritróide pura - anemia da doença crônica - anemia aplásica Imunossupressão ➔ Causa grande morbidade e mortalidade ➔ Decorrente da diminuição de macrófagos, linfócitos T (CD4+) ➔ As respostas imunes humorais a antígenos são retardadas e diminuídas Mariana Tenório ➔ Estas condições aumentam a exposição do felino a doenças infecciosas, como: - micoplasmose - toxoplasmose - gengivite/estomatite - pneumonia/rinite - enterites - conjuntivite Outras síndromes ➔ Alterações reprodutivas: - infertilidade - abortamento - natimortalidade ➔ Enterites hemorrágicas ➔ Síndrome de definhamento do filhote: - ocorre falha na ingestão do leite - desidratação - atrofia do timo Diagnóstico ➔ O ideal é que todo felino seja submetido a um teste de FELV, principalmente aqueles oriundos de abrigos ou que foram introduzidos em lares com outros contactantes ➔ Testes diretos: - SNAP ELISA: detecta o antígeno. Tanto se o teste positivar ou negativar, ele deve ser repetido com 3 semanas, pois é um teste de triagem e não confirmatório - PCR: detecta a presença de ácidos nucleicos virais. Realizada do sangue ou tecidos, também deve ser repetido, pois é um teste de triagem ➔ O diagnóstico também deve se basear no histórico do animal, ausência ou não de vacina e seus sinais clínicos Prognóstico ➔ É bom para aqueles que produzem anticorpos nos primórdios da infecção ➔ É reservado para aqueles que apresentam viremia persistente ➔ Os proprietários devem ser informados a respeito da evolução crônica e lenta da doença (estima-se um tempo de 2-3 anos de vida) ➔ Animais saudáveis podem permanecer por meses a anos sem apresentar nenhuma manifestação Tratamento ➔ Os alimentos crus devem ser evitados ➔ Os felinos infectados devem ser avaliados pelo menos 2 vezes ao ano ➔ O animal que é positivado e não vacinado, deve receber a vacina (evita que ele entre na fase sindrômica para outras doenças secundárias) ➔ As diferentes afecções oportunistas devem ser tratadas isoladamente com medidas específicas ➔ Medidas de suporte devem ser tomadas, com o uso de antiinflamatórios, analgésicos, fluidoterapia e terapia nutricional ➔ Transfusão de sangue pode ser benéfica em pacientes com anemia intensa Mariana Tenório Profilaxia e Controle ➔ Os felinos infectados devem ser permanecidos isolados ➔ Teste de todos os gatos que compartilham o mesmo ambiente ➔ Desinfecção ambiental e de fômites ➔ Vacinação (levando sempre em consideração o risco de sarcoma de aplicação) Mariana Tenório Raiva Def.: É uma zoonose causada por um vírus que pode provocar encefalomielite em mamíferos e humanos. É uma doença de importância socioeconômica e de saúde pública. Mariana Tenório