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W BA 08 59 _V 1. 1 GERÊNCIA DE RISCOS 2 Marcos Antonio Dias São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 GERÊNCIA DE RISCOS 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ Dias, Marcos Antonio D541g Gerência de riscos / Marcos Antonio Dias, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 44 p. ISBN 978-65-89965-13-8 1. Conceito de risco. 2. Segurança de sistemas e subsistemas. 3. Categorização de risco. I. Título. CDD 621.389 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 8 SP-010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. 4 SUMÁRIO Os riscos no ambiente de trabalho ___________________________ 05 Engenharia de segurança e a identificação de riscos ________ 19 Categorização de riscos pela sinalização _____________________ 34 Controle de riscos ___________________________________________ 47 Gerenciamento de riscos ocupacionais ______________________ 60 Programa de gerenciamento de risco ________________________ 77 GERÊNCIA DE RISCOS 5 Os riscos no ambiente de trabalho Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Discutir de forma normativa os fundamentos da teoria da gerência de riscos. • Mostrar a evolução da gerência de riscos e revisar as melhores práticas. • Estudar a natureza dos riscos empresariais e a classificação dos riscos puros e riscos especulativos. 6 1. Introdução A palavra risco tornou-se comum e amplamente usada no vocabulário do século XXI, considerando circunstâncias pessoais (saúde, pensões, seguros, investimentos etc.), a sociedade (terrorismo, desempenho econômico, segurança alimentar etc.) e negócios (governança corporativa, estratégia, continuidade de negócios etc.). Muitas das instituições que a humanidade também construiu, podem ser vistas como uma forma de abordar incertezas, incluindo política, religião, filosofia, tecnologia, leis, ética e moralidade (HILLSON, 2006). Portanto, parece que a sabedoria humana foi capaz de identificar padrões de incerteza e desenvolver heurísticas para confortá-los. Como resultado, não só o risco está em todos os lugares, mas também o gerenciamento de risco. Como afirmado por Hillson (2006), assim como a presença de risco é reconhecida e aceita como inevitável em todos os campos da atividade humana, então, há uma unidade correspondente para abordar o risco na medida do possível. 1.1 A evolução histórica Alguns historiadores acreditam que o conceito de risco surgiu por meio dos jogos. As pessoas em civilizações antigas jogavam, com dados e ossos, jogos que evoluíram para xadrez e damas há mais de 2.000 anos. Há algumas evidências históricas de que o jogo deu origem à probabilidade, a teoria vem dos escritos de Dante e Galileu (muitos outros). Os matemáticos Pascal e Fermat escreveram sobre jogos de azar nos anos 1600 – uma correspondência que se acredita ter dado origem à moderna teoria da probabilidade. O Código de Hamurabi é um código babilônico bem preservado, da antiga Mesopotâmia, que remonta a cerca de 1754 AC. É um dos escritos 7 decifrados mais antigos de extensão significativa. Quase 300 preceitos de grande interesse: • Se um construtor construir incorretamente uma casa para alguém e essa casa cair e matar o seu dono, então, esse construtor será condenado à morte. • Se matar o filho do dono, o filho daquele construtor será morto. • Se estragar os bens, ele fará uma indenização por tudo o que foi arruinado, e se ele não construiu corretamente a casa e ela cair, ele deve reerguê-la com seus próprios recursos. O conceito de risco e as avaliações de risco têm uma longa história. Mais de 2.400 anos atrás, os atenienses ofereceram sua capacidade de avaliar o risco antes de tomar decisões (BERNSTEIN, 1996). Contudo, avaliação de risco e gerenciamento de risco como campo científico é algo novo, possuindo não mais do que 30–40 anos. Nesse período, os fundamentos ideias e princípios sobre como avaliar e gerenciar adequadamente o risco são abordados primeiramente em revistas científicas, artigos e conferências. Em grande medida, essas ideias e princípios ainda formam a base para o campo nesse início de século XXI – eles são os blocos de construção para a avaliação de risco e prática de gerenciamento que são vistos desde os anos 1970 e 1980. No entanto, o campo se desenvolveu consideravelmente desde então. O que se segue tem como objetivo fornecer uma breve cronologia das principais mudanças no gerenciamento de riscos que ocorreram desde o seu início. Essas mudanças são discutidas em termos das diferentes fases ou idades do gerenciamento de risco: a era tecnológica, a era humana, a era organizacional e a era dos sistemas. 8 1.1.1 Primeira era do gerenciamento de risco – a tecnologia A primeira era do gerenciamento de risco começou com a Revolução Industrial, em 1750-1760, e a invenção da máquina a vapor. A maioria dos acidentes foi devido à falha de tecnologia, ferindo os trabalhadores e o público. O foco do gerenciamento de risco era garantir que a tecnologia fosse segura para uso. “Se a tecnologia for segura, então estaremos seguros”. Essa visão de gerenciamento de risco tornou-se parte do que é conhecido como era técnica ou a era da tecnologia. Essa era técnica viu melhorias na capacidade de identificar a parte quebrada –a parte da tecnologia que falhou – e evitar falhas de um único componente. Técnicas sofisticadas, como avaliação de risco probabilística, para o gerenciamento de tecnologia de risco, foram desenvolvidas para esse fim. Falhas tecnológicas, problemáticas por tanto tempo, agora podiam ser projetadas para fora do sistema. Isso é o que a maioria das pessoas pensava até o colapso do reator de Three Mile Island (TMI). O acidente foi uma surpresa para engenheiros e gerentes. Apesar de todas as avaliações de risco e recursos de segurança tecnológica, o reator derreteu. A Comissão do Presidente em TMI descobriu que as causas eram problemas relacionados com as pessoas e não problemas de equipamento. À medida que o hardware e o software se tornaram cada vez mais confiáveis, a contribuição humana para os acidentes tornou-se cada vez mais aparente. Em resposta, foi necessário que o foco do gerenciamento de risco se expandisse para que o elemento humano – o fator humano –, assim como a tecnologia, fosse abordado, criando assim a segunda era do gerenciamento de risco: a idade dos fatores humanos. 9 1.1.2 Segunda era do gerenciamento de risco–o ser humano Essa era de gerenciamento de risco se expandiu para enfocar tanto o ser humano – desempenho humano – quanto a tecnologia. Os sistemasem toda organização, principalmente na área operacional. Detectar e gerenciar o risco deve ser prioridade para as empresas. O risco vem em muitas formas e afeta todas as funções de uma organização, portanto, eles precisam ser mitigados – e as implicações para organizações que não o fazem podem ser muito significativas. O nível de risco que as empresas enfrentam muda continuamente, com novos riscos emergindo e outros se tornando menos críticos. Por ser proativo e monitorar regularmente sua exposição, o responsável pelo gerenciamento de risco estará pronto para agir em todo momento. Pelo fato de o risco está em toda parte, é muito importante ter um processo de gerenciamento de risco em vigor. Assim, é fundamental treinar os funcionários sobre o que constitui risco, para que saibam o que procurar e como podem contribuir para a gestão de riscos. 2. O controle de risco O controle de risco é uma medida para eliminar ou reduzir o risco associado a um perigo. Ou seja, o intuito é que o perigo não represente um risco ou que esse risco seja minimizado para os funcionários que têm que entrar em uma área ou trabalhar em equipamentos durante a jornada de trabalho. O controle fornece um meio pelo qual os riscos podem ser avaliados sistematicamente em relação a um conjunto de ações (a hierarquia de controles) a serem definidas. Esse processo envolve a análise dos dados coletados durante as etapas de identificação de perigos e avaliação de riscos, além do desenvolvimento de um plano estratégico para controlar os riscos identificados. 49 O processo de controle de risco começa considerando os riscos classificados como mais altos, indo até os menos significativos. Cada risco deve ser examinado levando em consideração a hierarquia de controles. Isso fornece um método de avaliação sistemático de cada risco para determinar, em primeiro lugar, se o perigo causal pode ser eliminado e, caso contrário, para encontrar o método de controle mais eficaz para cada risco. 2.1 Hierarquia de controle A hierarquia de controle cria uma abordagem sistemática para a gestão da segurança e saúde ocupacional no local de trabalho, fornecendo uma estrutura para selecionar as medidas de controle mais eficazes a fim de eliminar ou reduzir o risco de certos perigos que foram identificados como sendo causados pelas operações e processos da empresa. A hierarquia de controle tem cinco níveis de medidas de controle. A medida mais eficaz está no topo da hierarquia e a menos eficaz está na parte inferior. Portanto, a ideia é começar do topo da hierarquia ao escolher a medida de controle apropriada. Quando a eliminação não for viável, medidas devem ser tomadas para reduzir o risco seguindo a hierarquia na ordem recomendada. A ideia é não atuar/passar simplesmente para a medida de controle mais fácil de implementar. A hierarquia de controle é mostrada na Figura 1. 50 Figura 1 – Pirâmide da hierarquia de riscos Fonte: adaptada de Niosh (2015, [s.p.]). O controle de risco pode ser aplicado na origem do perigo, por meio de controles de engenharia, controles administrativos e equipamentos de proteção individual (EPI). Quando os controles ocorrem na origem do perigo, eles podem ser classificados como: a. Eliminação – Remoção total de atividades de trabalho perigosas, ferramenta, processo, máquina ou substância. Essa é a melhor forma de proteger os funcionários. Por exemplo, a marcação a laser de semicondutores elimina o uso de solvente para marcação com tinta, e o corte a laser elimina o risco de ruído das serras elétricas. b. Substituição – Envolve a substituição do perigo por outro que apresente um baixo risco. Por exemplo, substituição de solventes orgânicos por desengraxantes à base de água ou substituição da pulverização manual por processos de automação. Eliminação e substituição são as medidas mais eficazes de redução de riscos e as melhores formas de proteger os funcionários. Essas medidas 51 de controle devem ser implementadas durante a fase de concepção ou desenvolvimento da atividade de trabalho ou projeto. Quando os controles de engenharia são aplicados, eles podem ser classificados como: a. Redesenho – Trabalhos e processos podem ser retrabalhados para se tornarem mais seguros. Por exemplo, os contêineres podem ser mais fáceis de segurar e levantar. b. Isolamento – Se um perigo não pode ser eliminado ou substituído, ele deve ser isolado, contido ou mantido afastado de funcionários. Por exemplo, uma sala de controle isolada e com ar condicionado pode proteger os operadores de um produto químico tóxico ou emissões de gases perigosos. c. Automação – Processos perigosos podem ser automatizados ou mecanizados. Por exemplo, robôs controlados por computador podem lidar com soldagem por pontos em operações em fábricas de automóveis. Deve-se tomar cuidado para proteger os funcionários de riscos robóticos. d. Barreiras – Um perigo pode ser bloqueado antes de atingir os funcionários. Por exemplo, cortinas especiais podem evitar ferimentos nos olhos causados pela radiação do arco de soldagem. A proteção adequada do equipamento protegerá os funcionários de entrar em contato com peças móveis. e. Absorção – Os defletores podem bloquear ou absorver o ruído. Os sistemas de bloqueio podem isolar as fontes de energia durante o reparo e a manutenção. Normalmente, quanto mais um controle mantém um perigo longe dos funcionários, mais eficaz ele é. f. Diluição – Alguns perigos podem ser diluídos ou dissipados. Por exemplo, os sistemas de ventilação podem diluir os gases tóxicos antes que eles cheguem aos operadores. Os controles de engenharia devem ser priorizados em relação às medidas administrativas e às proteções individuais. Proteções individuais (EPI) 52 não neutralizam e nem reduzem o risco de acidentes, apenas diminuem o dano em caso de acidente. Por esse motivo, essa deverá ser a última medida a ser adotada em um processo de gestão de risco. Os controles de engenharia conseguem neutralizar ou reduzir o risco com mais eficiência. Os controles administrativos que podem ser aplicados para controle de risco são os seguintes: a. Procedimentos de trabalho seguro – Os funcionários são orientados a utilizar de práticas de segurança padronizadas. Espera-se que o empregador garanta que os funcionários sigam essas práticas. Os procedimentos de trabalho devem ser revisados periodicamente. b. Supervisão e treinamento – Treinamento inicial em procedimentos de trabalho seguro e treinamento de atualização devem ser fornecidos. Assim como uma supervisão apropriada para auxiliar os funcionários na identificação de possíveis perigos e na avaliação do trabalho e dos procedimentos. c. Revezamento de trabalho e outros procedimentos podem reduzir o tempo que os funcionários estão expostos a um perigo. Por exemplo, os funcionários podem fazer revezamento de atividades quando elas envolverem movimentos repetitivos de tendões e músculos para evitar lesões por trauma cumulativo. Processos ruidosos podem ser programados quando não há ninguém no local de trabalho. d. Programas de limpeza, reparo e manutenção (Housekeeping) incluem limpeza, eliminação de resíduos e limpeza de derramamento. Importante lembrar que ferramentas, equipamentos e máquinas são menos propensas a causar ferimentos se forem mantidas limpas e prontas para uso. e. Higiene – As práticas de higiene no ambiente laboral, reduzem os riscos de contaminação, além de contribuir para um ambiente mais saudável entre os colaboradores. Uniformes e vestimentas utilizadas nas atividades laborais devem ser higienizadas corretamente, levando em consideração as recomendações dos fabricantes. As boas práticas não permitem o consumo de alimentos nos setores produtivos, devendo ser consumidos em locais apropriados, indicados pelo empregador. 53 E por fim, o controle de riscos pode ser feito com o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI). Além dos já amplamente conhecidos, comoluvas, óculos de proteção, protetores auriculares, capacetes ou toucas descartáveis, botas, entre outros, há também as roupas especiais. Essas roupas podem ser usadas, por exemplo, quando a atividade exige trabalho em abatedouros e câmara térmica. É importante lembrar, no entanto, que os EPIs são usados quando outras medidas de controle não são viáveis e quando uma proteção adicional é necessária. Os funcionários devem ser treinados para usar e manter o equipamento de maneira adequada. O empregador e os funcionários devem compreender as limitações do equipamento de proteção individual. Espera-se que o empregador exija que os funcionários usem corretamente seus equipamentos sempre que necessário. Deve-se ter cuidado para garantir que o equipamento esteja em boa condição de uso. Caso contrário, o EPI pode colocar a saúde do funcionário em risco, fornecendo uma ilusão de proteção. 2.2 A qualidade e o controle de riscos Os produtos de qualidade consistentes não são sustentáveis, a menos que sejam apoiados, implementados, unificados e correlacionados com outros sistemas de gestão da qualidade nas áreas de segurança e saúde ocupacional, meio ambiente, recursos humanos, finanças e gestão de projetos. Os processos das organizações modernas são baseados na implementação das normas e padrões relacionados à qualidade, segurança e saúde ocupacional, e meio ambiente. Esses três pilares são fortemente administrados por abordagens no campo da gestão de riscos e isso é definido por uma abordagem de gestão integrada. Com o foco na qualidade pode-se apresentar uma comparação do sistema de qualidade, definido conforme a ABNT NBR ISO 9.001 (ABNT, 2015a), com o sistema de Saúde e Segurança do Trabalho amparado pela OHSAS 18001:2007 e/ou ABNT NBR ISO 45.001. 54 É geralmente reconhecido que, as normas da série ISO 9.000 (ABNT, 2015b) são baseadas na abordagem de processo e oito princípios de gestão da qualidade: foco no cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem de sistema para gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisão e relações mutuamente benéficas com fornecedores. No contexto da NBR ISO 9.001 (ABNT, 2015a), os requisitos do sistema de gestão são descritos em cinco capítulos: sistemas de gestão da qualidade, responsabilidade da gestão, gestão de recursos, realização do produto e medição, análise e melhoria. Como uma síntese da literatura e dos requisitos da família das normas ISO 9.000, foram resumidos os benefícios da gestão da qualidade (assimilados com efeitos positivos) com relação aos oito princípios. A síntese dos benefícios desses princípios pode ser usada pela gestão da organização como uma estrutura para orientar as abordagens de desempenho aprimorado. O Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SSO) fornece um conjunto de ferramentas que aumentam a eficiência da gestão de riscos e segurança relacionada a todas as atividades de trabalho da organização, e os objetivos mais importantes da implementação de estratégias e as táticas no campo são: • Princípios fundamentais para orientar as políticas de promoção, ação e gestão de SSO. • Medidas gerais de proteção, por exemplo, guarda de máquinas, exame médico de trabalhadores jovens ou limitação do peso das cargas a serem transportadas por um único trabalhador. • Proteção em ramos específicos da atividade econômica. • Proteção de profissões e categorias específicas de trabalhadores com necessidades específicas de saúde ocupacional (como mulheres ou jovens trabalhadores); • Proteção contra riscos específicos. 55 • Medidas e procedimentos organizacionais relativos à inspeção do trabalho ou indenização por lesões e doenças ocupacionais. Em relação aos objetivos identificados anteriormente, o Quadro 1 mostra as vantagens e as desvantagens da implementação de um sistema de gestão de SSO. Quadro 1 – Vantagens da implementação de um sistema de gestão 1. VANTAGENS 1.1 Suporte para gestão de risco: - Priorizar o planejamento, organização, controle, monitoramento e revisão das medidas de mitigação de risco. - Ajudar na alocação dos recursos corretos, alcançando eficácia e eficiência. 1.2 Foco em Segurança e Saúde Ocupacional - Apoiar os funcionários com uma maior compreensão dos riscos de SSO. - Obter o equilíbrio certo no controle de todos os riscos. 1.3 Os objetivos devem ter a mesma importância que outros objetivos do negócio: - Implementar de forma correta a área de segurança de modo que haverá garantia que os objetivos de Segurança e Saúde Ocupacional sejam bem definidos, concentrando-se na política e no processo de definição de objetivos e sua entrega por meio do programa de gestão. 1.4 Comprovar a conformidade legal: - Demonstrar conformidade legal e comprovar integração com outros sistemas de gestão como qualidade e meio ambiente. 1.5 Integração do sistema de suporte: - Fornecer uma abordagem holística de gestão de riscos de negócios. - Formalizar a abordagem sistemática para conformidade, no sentido de encorajar a confiança na abordagem interna da organização. 1.6 Melhoria contínua: - Permitir que as organizações melhorem áreas que não estão operando de forma eficaz ou eficiente, usando revisões de processo e auditorias para identificar sistematicamente as oportunidades de melhoria. - Aprimorar os processos de conhecimento e estimular a participação dos colaboradores nas questões de saúde e segurança. - Rever regularmente a gestão dos relatórios e resultados de auditoria, com o objetivo de atender aos requisitos de governança. Fonte: adaptado de Who [...] (2015). 56 Quadro 2 – Desvantagens da implementação de um sistema de gestão 2. DESVANTAGENS 2.1 Burocracia e tempo para implementar: - O sistema gera papelada excessiva; - Desenhar e implementar um sistema de gestão de SST pode ser muito demorado; 2.2 Grande demanda de recursos: - SSO exige que os recursos sejam alocados em todas as funções e em todos os níveis da organização; - Isso pode ser compensado pela inclusão e envolvimento de funcionários, entre eles gerentes e representantes de segurança; - Se parte do trabalho for terceirizado, certificar-se de verificar se os resultados correspondem às necessidades da organização; 2.3 O comportamento humano pode não ser totalmente abordado: - A mudança de comportamento humano pode ser difícil se houver muita ênfase nos requisitos de burocracia/papelada de uma implementação formal do sistema de gestão de SSO; 2.4 Os organismos de certificação e garantia ainda estão aprendendo: - Pode haver conflito quando as interpretações dos auditores de saúde e segurança são diferentes daquelas do setor ou organização que está sendo auditada; - A pressão para obter a certificação para o sistema de gestão de SST pode criar estresse em gerentes e funcionários; Integração: - Existe o risco de diluição dos esforços de saúde e segurança ou de criação de desigualdade entre a gestão da qualidade, saúde e segurança e meio ambiente; 2.5 Resistência à mudança: - Barreiras à mudança são invariavelmente erguidas na forma de novos sistemas; 2.6 Os gerentes não entendem o sistema SSO: - Exigem tempo, treinamento e motivação para garantir que se tornem defensores do sistema e não inimigos internos; - Requerem comunicação eficaz para conquistar as pessoas; - Há uma tendência de anotar o que é feito em tempo real e adotar por meio do sistema de gestão de SSO Fonte: adaptado de Who [...] (2015). A partir do momento que as empresas adotam a ISO 9.001, ISO 14.000 e ISO 45.001, elas colocam sob um mesmo teto todas as áreas da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do trabalho. As empresas estão selecionando um único gestor como responsável pelas três áreas, uma vez que existe a integração entre elas. Como resultado, 57 ocorre o cumprimento dos padrões de produção estabelecidos, o cumprimento das obrigações legais, bem como o envolvimento nos processos organizacionais, no sentido de promover a melhoria contínuadas condições de saúde e segurança. Partindo do princípio de que os sistemas serão auditados, as empresas podem ter os seus sistemas certificados (BARSANO; BARBOSA, 2013). 2.3 As instalações e o controle de riscos As atividades desenvolvidas nas empresas exigem que os trabalhadores se envolvam em atividades de risco, como soldagem oxiacetileno, soldagem a laser, corte de metal, processamento da matéria- prima, movimentação e levantamento de peso. Além disso, campos magnéticos, gases comprimidos e radiações prejudiciais podem impactar negativamente a saúde de um trabalhador. Os riscos do local de trabalho podem levar a uma serie de mortes por dia no Brasil e no mundo. Além de causar danos irreparáveis aos trabalhadores, os acidentes de trabalho causam prejuízos indiretos às máquinas, ao meio ambiente e impactam negativamente a produtividade do trabalho. Portanto, é vital identificar os riscos ocupacionais potenciais e tomar medidas para minimizar os acidentes de trabalho. A maioria dos acidentes ocorre por falta de ações e equipamentos de segurança, treinamento inadequado ou inconsistente dos funcionários ou segurança comprometida. A segurança no local de trabalho, em uma fábrica, é alcançável, desde que sejam conhecidas as fontes potenciais de riscos ocupacionais e as formas de evitá-los. A avaliação de risco eficaz pode ajudá-los a ficar ciente dos perigos presentes na planta e esclarecer a necessidade de manutenção e reparos de equipamentos. Os fabricantes podem adotar os Modos de Análise de Efeitos da Falha (FMEA) para prever as falhas potenciais e problemas de segurança no processo de fabricação. A técnica usa fatores como a gravidade do 58 problema, sua ocorrência e facilidade de detecção para conduzir uma avaliação de risco abrangente do piso da instalação. Por vezes, algumas áreas de fabricação costumam ser confusas e desorganizadas. Uma área de trabalho desorganizada, com piso molhado ou gorduroso e cabos de alimentação espalhados, ou mangueiras de cilindro de gases de soldagem (oxigênio, acetileno, argônio etc.), pode aumentar o risco de acidentes de trabalho evitáveis. Como resultado, é fundamental manter os corredores, passarelas e a estação de trabalho limpos e livres de objetos e equipamentos que possam causar escorregões, quedas e incêndios. Se o piso ao redor da estação de trabalho estiver molhado ou gorduroso, coloque uma barricada com fita isolante ao redor dessa área. Também é importante eliminar a sucata, aparas de metal e materiais inflamáveis, colocando-os em caixas designadas. As passarelas devem estar livres de racks, paletes, mangueiras, cabos de alimentação e outros equipamentos. Além disso, deve-se organizar todos os equipamentos e acessórios de forma ordenada, reduzindo, assim, o risco de acidentes graves. Da mesma forma, é fundamental exigir que os trabalhadores usem o equipamento de segurança necessário. Ademais, independentemente do colaborador ser aprendiz ou especialista, ele deve ser treinado para seguir o protocolo de segurança, reduzindo, assim, o risco de acidentes e lesões. Além disso, como as diretrizes nacionais de segurança para a indústria de manufatura estão sempre mudando, é necessário ministrar treinamentos periódicos aos trabalhadores, garantindo que apenas pessoal qualificado opere as máquinas. Além de educar os trabalhadores sobre como evitar os acidentes comuns de trabalho, o treinamento certo pode ajudá-los a descartar sucata com segurança, relatar defeitos no equipamento e gerenciar os requisitos de manutenção, se houver. 59 O controle de risco na segurança do trabalho sempre será um desafio para as empresas, uma vez que é necessário a adoção, ou adaptação, de uma nova cultura para apoiar as novas realidades do local de trabalho. O estilo e o método de liderança em segurança precisam mudar à medida que novas tecnologias são adotadas. Os líderes precisarão desenvolver e melhorar os métodos de trabalho dos funcionários, não apenas direcioná-los. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 9001: sistema de gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 9000: Sistema de Gestão da Qualidade: Fundamentos e Vocabulário. Rio de Janeiro, ABNT, 2015b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 31.000: gestão de riscos: diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 45.001: sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional: requisitos com orientações de uso. Rio de Janeiro, ABNT, 2018b. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Controle de riscos: prevenção de acidentes no ambiente ocupacional. São Paulo: Editora Erica, 2013. NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH (NIOSH). Hierarchy of controls. 2015. Disponível em: https://www.cdc.gov/niosh/topics/ hierarchy/. Acesso em: 29 ago. 2021. WHO European Centre for Environment and Health. Guidelines on Quality Management in Multidisciplinary Occupational Health Services. 2015. Disponível em: https://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0006/119778/ E68239.pdf. Acesso em: 29 ago. 2021. 60 Gerenciamento de riscos ocupacionais Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Conhecer a Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. • Definir o Gerenciamento de Riscos Operacional. • Estudar a avaliação de riscos. 61 1. Gerenciamento de riscos operacionais As Normas Regulamentadoras foram criadas por uma Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) através da Portaria nº 11 de 17 de maio de 2002, que nessa época, eram da responsabilidade do Ministério do Trabalho. A Secretaria do Trabalho (2021, p. 1) comenta que: [...] A elaboração e a revisão das normas regulamentadoras são realizadas, em 2021, pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, adotando o sistema tripartite paritário, preconizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores. Nesse contexto, a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é a instância de discussão para construção e atualização das normas regulamentadoras, com vistas a melhorar as condições e o meio ambiente do trabalho. Em resumo, o governo precisa arrecadar impostos para cuidar da saúde e educação das pessoas. Os cidadãos precisam ter trabalho para gerar renda e pagar tributos ao governo, e trabalhar com segurança com a finalidade de evitar acidentes. Os empresários, por sua vez, precisam ter máxima produção a um custo mínimo, no sentido de cumprir todas as obrigações legais e ter lucro. A partir da CTPP são criadas e revisadas as Normas Regulamentadoras e, numa análise crítica, nem sempre as Normas Regulamentadoras atendem as exigências e necessidades dos três atores da CTPP. 1.1 Fundamentos jurídicos Os pilares desse estudo estão centrados nas normas: A NR-01: Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais, no item 1.1.1, destaca que: 62 [...] O objetivo desta Norma é estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras - NR relativas a segurança e saúde no trabalho e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho – SST. (BRASIL, 2020, p.1) A NBR ISO 31000: Gestão de riscos: Princípios e diretrizes, na introdução, faz o seguinte comentário: [...] Gerenciar riscos é iterativo e auxilia as organizações no estabelecimento de estratégias, no alcance de objetivos e na tomada de decisões fundamentadas...Gerenciar riscos considera os contextos externo e interno da organização, incluindo o comportamento humano e os fatores culturais. (ABNT, 2018a, p.vi) A NBR 45001: Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional: Requisitos com orientação para usotem como fator de sucesso: [...] A implementação de um sistema de gestão de SSO é uma decisão estratégica e operacional para uma organização. O sucesso do sistema de gestão de SSO depende de liderança, compromisso e participação de todos os níveis e funções da organização. (ABNT, 2018b, p. v) 1.2 Fluxograma de trabalho e dimensionamento do SESMT Nesse primeiro momento, é importante tratar de forma abrangente a gestão de saúde e segurança operacional, isto é, elaborar um fluxograma que, teoricamente, atenda a todas as empresas, como mostrado na Figura 1. Na prática, uma grande parte das empresas não possuem a Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (GSSO). 63 Figura 1 – Fluxograma do gerenciamento de risco Fonte: elaborada pelo autor. Dependendo do porte da empresa e complexidade dos seus processos produtivos, é necessário efetivar um corpo de profissionais com atribuições específicas na área de segurança e saúde ocupacional. Os profissionais que compõem os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) são os responsáveis diretos pela gestão de saúde e segurança ocupacional. O Quadro 1 dimensiona o SESMT em relação ao número de funcionários e o grau de risco da empresa. Quadro 1 – Dimensionamento do SESMT Grau de risco Nº dos empregados no estabelecimento 50 a 100 101 a 250 251 a 500 501 a 1.000 1001 a 2000 2001 a 3500 3501 a 5000 Acima de 5000 para cada grupo de 4000 ou fração acima de 2000 ** Técnicos 1 Técnico seg.do trabalho 1 1 1 2 1 Engenheiro seg. do trabalho 1* 1 1* Aux. enfermagem do trabalho 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1* Médico do trabalho 1* 1* 1 1* 64 2 Técnico seg.do trabalho 1 1 2 5 1 Engenheiro seg. do trabalho 1* 1 1 1* Aux. enfermagem do trabalho 1 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 1 3 Técnico seg.do trabalho 1 2 3 4 6 8 3 Engenheiro seg. do trabalho 1* 1 1 2 1 Aux. enfermagem do trabalho 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 2 1 4 Técnico seg.do trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3 Engenheiro seg. do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 Aux. enfermagem do trabalho 1 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 (*) Tempo parcial (mínimo de 3 h). (**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento de faixas de 3501 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou fração acima de 2000. Obs.: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas. Saúde e repouso. Clínicas e estabelecimentos similares. com mais de 500 (quinhentos) empregados, deverão contratar um enfermeiro em tempo integral. Fonte: Brasil (2016, p. 35). Nota: o grau de risco é encontrado no Quadro I da NR-04 (BRASIL, 1978) e está relacionado ao Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que, por sua vez, é encontrado no Cartão do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). 1.3 Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho O Sistema de Gestão de Saúde e Segurança pode ser definido como um conjunto de ações e procedimentos com objetivo de reduzir os riscos ocupacionais, mantendo uma cultura de segurança e melhorando a produtividade. Gerenciar saúde e segurança não precisa ser complicado, caro ou demorado. A certificação em um padrão internacional de saúde 65 e segurança ocupacional sinaliza que uma determinada organização implantou um sistema de gestão visando controlar os riscos a níveis aceitáveis, garantido a saúde e integridade de seus colaboradores. Os padrões são baseados no processo de gerenciamento “planejar– fazer–verificar–agir” e foram projetados para serem compatíveis com os padrões de gerenciamento ISO 9.001 (ABNT, 2015a) (qualidade), ISO 14.001 (ABNT, 2015b) (ambiental) e ISO 45.001 (ABNT, 2018b) (saúde e segurança). Com vistas a melhoria do desempenho e em um clima de valorização da saúde ideal, organizações de todos os tamanhos e setores da indústria estão implementando sistemas de gestão, uma vez que entenderam que segurança e a saúde ocupacional são essenciais para o sucesso geral de qualquer organização. Deixar de assumir a responsabilidade pela saúde e segurança ocupacional dentro de sua organização pode levar a consequências sérias, como multas e interdições, além de passivos trabalhistas, desgastando a imagem da empresa perante a sociedade e seus clientes. 1.3.1 Elementos-chave de um sistema de gestão de saúde e segurança Independentemente do tamanho ou tipo da organização, os melhores sistemas de gestão de saúde e segurança aplicam em uma abordagem de bom senso, baseada em uma compreensão completa dos perigos e riscos específicos que a organização enfrenta diariamente. Isso requer liderança e gerenciamento proativos, incluindo o desenvolvimento de processos apropriados, levando em consideração plano de atendimento de emergências (PAE). Também é necessária uma força de trabalho competente e bem treinada, operando em um ambiente de confiança. Além do mais, é necessária uma abordagem de entrega consistente e sustentada. 66 Um sistema de gestão de saúde e segurança verdadeiramente eficaz estabelece e mantém uma cultura de segurança que permeia toda a organização. A atitude e os comportamentos da gerência e dos trabalhadores devem exibir um forte compromisso com um ambiente de trabalho mais seguro, ou o sistema não produzirá os resultados desejados. A estrutura de sistemas de gestão de saúde e segurança envolve: identificação de requisitos legais e outros; uma estrutura clara para autoridade e responsabilidade; objetivos mensuráveis para melhoria contínua; abordagem estruturada para avaliação de risco; abordagem planejada e documentada para saúde e segurança; e o monitoramento de questões de saúde e segurança e auditoria de desempenho. Um sistema de gestão de saúde e segurança pode trazer diversos benefícios, entre os quais, pode-se destacar: redução de acidentes e doenças ocupacionais; redução no estresse e um aumento na produtividade; redução na probabilidade de pagar custas judiciais e indenizações; melhoria no risco de subscrição (está relacionado aos itens com seguro da empresa). A conscientização de toda organização garante o atendimento legal da legislação referente à saúde e à segurança ocupacional. O fato de a empresa colocar um foco mais forte na gestão de saúde e segurança ajuda a gerar consciência sobre a importância da segurança no local de trabalho em toda a organização. Por sua vez, os trabalhadores farão da segurança o foco principal enquanto realizam suas atividades diárias. 1.3.2 Melhoria da moral dos funcionários Quando os trabalhadores sabem que seu empregador está preocupado com sua saúde e segurança, eles se sentem melhor em vir para o 67 trabalho todos os dias e são mais propensos a encarar seus empregos com uma atitude positiva. A moral elevada tende a melhorar a satisfação no trabalho, o que pode, em última análise, diminuir a rotatividade de funcionários. As pessoas querem trabalhar para empresas que valorizem seus funcionários. Implementar um sistema de gestão de saúde e segurança demonstra que a organização se preocupa com o bem-estar de seus funcionários, o que pode ajudá-lo a atrair candidatos com melhor capacitação. 1.4 Gestão de risco A gestão de risco é o processo de formulação e implementação de uma série de ações para mitigar os perigos identificados como sendo importantes no processo de avaliação de risco. O programa de gerenciamento de riscos vai ao encontro da identificação dos riscos, e o processo de determinação do risco associado a eles é a avaliação de risco. Os perigos reconhecidos podem ser gerenciados com uma variedade de ajustes nas práticas de trabalho, equipamentos e instalações, evitando gaps na trajetória da empresa, de modo que ela não caia perante os cliente e concorrentes, como ilustrado na Figura 2. Dependendo da situação, as principais modificações se concentram nos controles de engenharia (instalações e equipamentos), ou nas mudanças administrativas(como delegação de autoridade de tomada de decisão para o nível correto ou revisão dos procedimentos de segurança estabelecidos), e em outros casos, ainda, na adoção de dispositivos relacionados à segurança, equipamentos de proteção ou métodos de pesquisa. 68 Figura 2 – Os riscos na empresa Fonte: LeoWolfer/iStock.com. Os programas de treinamento devem ser ajustados de acordo com essas mudanças para garantir sua eficácia. Claramente, diferentes pessoas devem estar envolvidas para alcançar avanços apropriados nos vários elementos que contribuem para a melhoria da saúde e segurança do trabalhador. A pesquisa básica e aplicada também pode ser necessária para identificar, avaliar e desenvolver os meios para lidar com novos perigos específicos e para garantir sua praticidade e uso do local de trabalho. É importante reconhecer que muitos fatores influenciam o gerenciamento de riscos. Fatores externos, tais como valores públicos, política, economia, questões jurídicas e questões técnicas podem influenciar o processo de gerenciamento de risco localmente (como no ajuste de procedimentos operacionais padrão) ou nacionalmente (como no ajuste de diretrizes e regulamentos). Em alguns casos, as influências externas forçam decisões e ações excessivamente conservadoras de gerenciamento de risco; mais frequentemente, essas influências, especialmente as restrições fiscais, levam a decisões e ações de gestão de risco aquém das ideais. 69 Para ser eficaz, a gestão de riscos deve ter dois elementos: um plano específico de saúde e segurança ocupacional e uma cultura de segurança e ambiente de trabalho adequados. A cultura de segurança é frequentemente considerada um dado adquirido, embora seja fundamental na construção de um sistema de gerenciamento de risco eficaz e um ambiente de trabalho saudável. Em um nível básico, a cultura de segurança é a maneira como a administração institucional e os funcionários de uma organização se sentem em relação ao risco; sentimentos, atitudes e percepções sobre o risco, influenciarão a forma como ele é gerenciado. A cultura de segurança dá o tom de uma organização, influenciando a consciência de seu pessoal na condução de suas atividades diárias. A cultura de segurança abrange a tolerância de uma organização ao risco em suas atividades operacionais diárias e processos de tomada de decisão. Quanto maior o grau em que a administração reconhece a necessidade de gerenciamento de risco, maior será seu compromisso com o estabelecimento de padrões e protocolos para identificar, avaliar e gerenciar riscos, e mais benéfico será o programa de gerenciamento de risco. 1.5 Gerenciamento de riscos ocupacionais Desde o século XXI é reconhecido que a causa mais comum de acidentes é a variabilidade do desempenho humano. Essa abordagem é diferente do paradigma de erro humano tradicional. No entanto, deve-se destacar que apesar da mudança de paradigma, o fator mais importante para a melhoria da segurança do trabalho ainda é a conscientização dos colaboradores. Uma opção consiste em moldar atitudes seguras no local de trabalho por meio de treinamento adequado e implementação de procedimentos de prevenção de risco. A Figura 3 exemplifica a condição segura de trabalho, mostrando trabalhadores usando os EPIs e EPCs necessários para a execução do trabalho. 70 Figura 3 – Funcionário trabalhando na condição segura Fonte: RainStar/iStockphoto.com. Na avaliação de risco ocupacional, o principal problema é a alta subjetividade e a necessidade resultante de combinar informações quantitativas e qualitativas nas avaliações de segurança. Os métodos utilizados para avaliar o risco ocupacional foram mais frequentemente adotados na área de estimativa quantitativa de riscos, o que exigiu o ajuste do seu sistema de classificação para efeitos de avaliação dos riscos ocupacionais. O objetivo geral de uma avaliação de risco é garantir que ninguém sofra danos como resultado das atividades no local de trabalho. As três principais razões para avaliar e gerir o risco são: • Dano humano: o motivo mais forte para a avaliação de risco no local de trabalho é evitar que ocorram danos às pessoas como resultado das atividades no local de trabalho. As atividades do local de trabalho são inerentemente perigosas, no entanto, ninguém 71 espera arriscar a vida ou a saúde física ou psicológica como consequência de executar um trabalho. Existe, portanto, o dever moral dos empregadores de tomar as medidas adequadas para garantir a saúde e a segurança de seus empregados. A avaliação de risco é o principal meio pelo qual isso pode ser planejado com eficácia. • Efeitos legais: os empregadores têm obrigações legais em relação à saúde e segurança, e caso elas não sejam cumpridas eles podem sofrer severas penalidades, até mesmo multas ou prisão. Uma avaliação de risco adequada pode fornecer evidências de que um empregador tomou as medidas corretas para cumprir essas obrigações. A legislação afirma que os empregadores devem assumir total responsabilidade pelas medidas de bem-estar, segurança e saúde de todos os empregados. De acordo com a lei, o empregador é obrigado a fornecer ferramentas e equipamentos de segurança adequados, além de garantir a capacitação desses trabalhadores. • Efeitos econômicos: os empregadores desejarão minimizar os custos financeiros, em consequência dos acidentes no local de trabalho. Os prejuízos incluem não apenas o custo direto de danos a máquinas e equipamentos, mas a perda de produção, a diminuição nas vendas e o aumento do prêmio de seguro etc. Um requisito fundamental para o gerenciamento de riscos no local de trabalho é consultar os trabalhadores afetados por questões de saúde e segurança. Os trabalhadores devem estar envolvidos na identificação de perigos, avaliação de riscos e processos de controle de riscos. Quando os trabalhadores são representados pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), os seus representantes devem estar envolvidos no processo de consulta. A identificação, avaliação e controle de perigos no local de trabalho é um processo contínuo que deve ser realizado em vários momentos, incluindo: 72 • No início de um ciclo produtivo ou atividade. • Sempre que identificado um novo perigo e risco. • Quando uma mudança no local de trabalho pode introduzir ou alterar um perigo. Por exemplo, quando ocorrem mudanças no equipamento, nas práticas, nos procedimentos ou no ambiente de trabalho. • Como parte da resposta a um incidente no local de trabalho, mesmo quando não ocorreu um ferimento. • Onde novas informações sobre um risco se tornam disponíveis ou preocupações sobre um risco são levantadas pelos trabalhadores • Em horários programados regularmente e apropriados para o local de trabalho. Frequentemente, é mais fácil e eficaz eliminar os perigos se as abordagens de gerenciamento de risco forem usadas nos estágios de planejamento e projeto de produtos, processos e locais de trabalho. O procedimento para gerenciamento de risco (envolvendo identificação de perigo, avaliação de risco e controle) é um guia prático para ajudar a tornar todos os locais de trabalho da empresa mais seguros para trabalhadores, contratados e visitantes. Isso ajudará a gerência e os trabalhadores, por meio de consultas, a cumprir as normas regulamentadoras. As normas regulamentadoras exigem que as empresas identifiquem, avaliem e controlem os perigos no local de trabalho com o objetivo de eliminá-los ou minimizá-los, até onde for razoavelmente praticável. 1.5.1 Etapas de avaliação de risco ocupacional Embora muitas vezes não haja regras fixas sobre como uma avaliação de risco deve ser realizada, é importante a adoção de uma abordagem 73 estruturada que permitirá que todos os riscos ou perigos relevantes sejam considerados. A Engenharia de Segurança categorizou as etapas das avaliações de risco ocupacional no local de trabalho em cinco etapas, conforme indicado a seguir:Etapa 1: identificar os perigos. Esse é o processo de identificação de todos os perigos que existem no local de trabalho. Os empregadores e os funcionários devem estar cientes de todos os riscos possíveis, mas são os significativos que são importantes. As equipes que realmente executam as tarefas são provavelmente as melhores pessoas para avaliá-las, embora a familiaridade com o trabalho possa torná-las menos objetivas quanto aos perigos potenciais. O perigo pode ser identificado por uma pesquisa passo a passo para identificar a substância e os materiais no local de trabalho, como produtos químicos usados, máquinas etc. Etapa 2: decidir quem pode ser prejudicado e como. Esse é o processo de determinar quem pode estar em risco, ou seja, os grupos de funcionários e outros que podem ser afetados no caso de um incidente ou acidente envolvendo o perigo. Atenção especial deve ser dada a uma equipe inexperiente, trabalhadores individuais ou temporários, e às necessidades particulares de funcionários com deficiência, mulheres grávidas e crianças. Etapa 3: avaliar os riscos e decidir sobre as precauções. É nessa etapa que é avaliada a importância dos riscos e sugerido o que deve ser feito para proteger as pessoas. Devem ser implementados sistemas e procedimentos de trabalho adequados para verificar a probabilidade de um acidente ocorrer. Etapa 4: registrar as descobertas. Os resultados significativos da avaliação devem ser registrados e mantidos. Deve haver registros de 74 todos os perigos, os riscos que eles apresentam e quais precauções existem para proteger as pessoas de perigos. Esses registros escritos são uma referência importante para uso futuro, não apenas como base para análise de riscos, mas também como informações para agentes de fiscalização, ou mesmo como evidências em qualquer processo judicial decorrente de acidente envolvendo o risco. 1.6 Os dados estatísticos no gerenciamento de riscos O desempenho da segurança é tradicionalmente avaliado através da aplicação de métodos estatísticos para a análise de dados de acidentes e lesões. Os indicadores de acidentes ou lesões incluem o número, frequência, gravidade, taxas e seus custos, que geralmente são referidos como indicadores defasados (retrospectivos). Esses indicadores enfocam os resultados de segurança e medem as falhas dos programas de segurança. Indicadores principais (prospectivos), como auditorias de segurança, análise de risco e clima de segurança, são aplicados por organizações que adotam a NBR 45001 (2018b) para medir o sucesso de um sistema (COOPER; PHILLIPS, 2004). O clima de segurança normalmente é um indicador importante para avaliar o desempenho de segurança nas organizações. Embora seja comum empregar separadamente os indicadores de atraso e de avanço para medir o desempenho de segurança, Cooper e Phillips (2004) sugeriram a aplicação de uma combinação desses indicadores para medir os impactos dos programas de segurança em uma organização. A avaliação da eficácia das intervenções de Saúde e Segurança Ocupacional ajudará as organizações a determinar se eles usaram seus recursos para atingir os objetivos de Saúde e Segurança Ocupacional. O objetivo final das organizações na condução das intervenções é a prevenção de lesões e doenças ocupacionais. As organizações 75 tentam aplicar estratégias de prevenção de forma eficaz; no entanto, algumas empresas não medem sua eficácia. Vários fatores, incluindo a participação dos funcionários em atividades de segurança, treinamento de segurança, o comprometimento dos gestores e seu envolvimento com a segurança, bem como a boa comunicação entre gestores e funcionários estão relacionados a menores taxas de acidentes de trabalho nas organizações. As organizações que normalmente investigam seus acidentes têm bons sistemas de registro e recompensa, usam regras e procedimentos de segurança para realizar atividades de maneira segura e empregam um sistema de feedback para práticas de gestão de segurança que afetam o desempenho da segurança. A identificação de perigos, a proteção da máquina, a existência de um comitê de segurança, limpeza e o fornecimento de equipamentos de proteção individual aumentam o desempenho da segurança nos locais de trabalho. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 9001: Sistema de Gestão da Qualidade: Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 14001: sistema de gestão ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 31.000: Gestão de riscos: Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 45.001: Sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional: Requisitos com orientações de uso. Rio de Janeiro, ABNT, 2018b. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Normas Regulamentadoras - NR. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/ orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs. Acesso em: 8 set. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-01: disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: 2020. Disponível em: 76 . Acesso em 31 ago. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-04: serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Brasília, DF: 2016a. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2021. COOPER, M. D.; PHILLIPS R. A. Exploratory analysis of the safety climate and safety behavior relationship. 2004. Journal of Safety Research, v. 35, p. 497-512, 2004. 77 Programa de gerenciamento de risco Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Conhecer o programa de gerenciamento de riscos. • Descrever o inventario de riscos e o plano de ação do programa de gerenciamento de riscos. • Analisar o processo formal de avaliação de riscos ocupacionais. 78 1. Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) O objetivo principal de uma empresa é gerar lucro para continuar existindo. Dependendo da atividade, pessoas passam a interagir com máquinas e instalações, a partir daqui entra uma variável não controlada, que é a possibilidade da ocorrência de acidentes. Como as empresas crescem, contratam mais pessoas e compram mais máquinas, a quantidade de acidentes pode crescer também. Portanto, independentemente do tamanho da empresa, é necessário reduzir ao máximo possível os acidentes, justificando a grande importância de ter um Programa de Gerenciamento de Riscos. Para um Programa de Gerenciamento de Riscos ser implantado, dois itens são essenciais: o inventário de riscos e o plano de ação. Ambos são maneiras de garantir que uma ação seja tomada antes que ocorra um acidente. 1.1 Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGRO) Uma empresa pode ter mais de um PGR, por exemplo, PGR financeiro, PGR patrimonial. Recomenda-se, quando o assunto é destacar o PGR na área de Segurança do Trabalho, incluir o “O” de ocupacional, ou seja, PGRO. O gerenciamento de risco é uma atividade contínua, não tem validade, pois a vigência do PGRO termina quando a empresa encerra as atividades. Um outro item que é muito questionado está relacionado ao tipo de risco que o programa abrange. Na prática, a empresa precisa incluir todo tipo de risco que afeta a saúde do trabalhador, o qual esteja relacionado com as atividades desenvolvidas, como os fatores de risco psicossociais. 79 O Programa de Gerenciamento de Risco determina a forma como o gerenciamento de riscoserá realizado dentro da instituição, sendo estabelecido pela NR-01 (BRASIL, 2020a), e pelo Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho da empresa. Os documentos mínimos que foram criados pela NR- 01 (BRASIL, 2020a) são o inventário de riscos ocupacionais e o plano de ação. Cabe lembrar que o gerenciamento de riscos tem uma série de outros documentos previstos em outras Normas Regulamentadoras (NRs), como o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 2020b), sendo interpretado como um subprograma do gerenciamento de risco, além do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRQ) (NR-09) (BRASIL, 2020c) e a Ergonomia (NR-17) (BRASIL, 2018). O inventário de riscos é uma ferramenta gerencial e de comunicação de riscos. Não é laudo de avaliação de ambiente de trabalho, nem relatório, é um documento que sintetiza todas as informações referentes aos riscos existentes no ambiente de trabalho e quais medidas de proteção estão sendo adotadas relacionadas a esses riscos. É uma ferramenta gerencial e de comunicação de risco. De posse desse documento as pessoas sabem quais são os riscos existentes e o que a empresa de fato está fazendo para eliminar ou reduzir os riscos. O plano de ação informa as ações prevista pela empresa, além da determinar o prazo de implantação das ações. A norma não estabelece o prazo, mas é recomendado que a empresa execute o plano de ação em conjunto com os outros planos existentes, implantados ou em implantação na empresa. A recomendação é que o inventario de risco e o plano de risco sejam revistos a cada 2 anos. Cabe aqui um questionamento aos empregadores, no cenário do início do século XXI: quais são as maiores desvios e preocupações dos responsáveis por organizações em matéria de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), no Brasil? 80 Entre as várias respostas tem-se: insalubridade, periculosidade, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) (devido à estabilidade no emprego), justiça do trabalho, exames médicos, aposentadoria especial, EPIs, PPP, LTCAT, eSocial, treinamentos, e, finalmente, a prevenção. Nota-se uma inversão de valores, tanto por parte dos empregadores como dos empregados, onde a prevenção deveria ser o primeiro item. A NR-01 (BRASIL, 2020a), tem a pretensão de tentar mudar a realidade enraizada nas empresas. Na NR-01 (BRASIL, 2020a, [s.p.]), item 1.5 Gerenciamento de riscos ocupacionais, subitens: [...] 1.5.1 O disposto neste item deve ser utilizado para fins de prevenção e gerenciamento de riscos ocupacionais. 1.5.2 Para fins de caracterização de atividades ou operações insalubres ou perigosas, devem ser aplicadas as disposições previstas na NR-15 – Atividades e operações insalubres e NR-16 – Atividades e operações perigosas. No mundo real, é impossível separar a prevenção do gerenciamento de riscos. Na prática e na maioria das empresas, os funcionários procuram os direitos, com atenção à insalubridade e à periculosidade, e não na prevenção. 1.1.1 Objetivos e resultados da avaliação de risco A avaliação de riscos cria conhecimento, consciência e preparo dentro de uma organização. O conhecimento dos perigos e suas implicações é necessário para prevenir e lidar com ocorrências perigosas. Os principais objetivos e resultados da avaliação de risco são: (i). Fornecer aos colaboradores, conhecimento, consciência e compreensão suficientes dos riscos de perigos para a segurança e 81 saúde e, em particular, os riscos de eventos de acidentes graves, a fim de serem capazes de gerenciar as instalações com segurança. (ii). Conscientizar os colaboradores dos riscos de perigos de mercadorias perigosas que podem causar danos a pessoas, propriedades e meio ambiente e, em particular, os riscos de incidentes graves, a fim de serem capazes de gerenciar a instalação com segurança. (iii). Fornecer uma base para identificar, avaliar, definir e justificar a seleção ou rejeição de medidas de controle para eliminar ou reduzir o risco e estabelecer as bases para demonstrar que os riscos foram reduzidos a um nível que é tão baixo quanto razoavelmente praticável. (iv). Fornecer as informações específicas exigidas pela legislação. As avaliações de risco são fundamentais para projetar e operar uma instalação com segurança. O desenvolvimento sistemático, a implementação, o uso e o acompanhamento da avaliação de risco são contribuições importantes para o gerenciamento de risco em todas as fases do ciclo de vida de uma instalação. Uma avaliação de risco detalhada para a instalação deve abranger: (i). Todos os potenciais eventos de acidentes graves e todos os aspectos de risco às pessoas, propriedade e meio ambiente (ii). Todos os riscos associados a emergências, como inundação e vendaval. (iii). Todos os riscos associados a incêndios e explosões. (iv). Todos os aspectos do projeto, construção, instalação, manutenção e modificação da instalação. (v). Todo o ciclo de vida de uma instalação ou um período explicitamente definido. 82 Uma avaliação de risco contínua é realizada em uma base regular como resultado de: (vi). Problemas relatados pela força de trabalho. (vii). Lições aprendidas com relatórios de acidentes ou quase acidentes, tanto localizados quanto externos. (viii). Quaisquer mudanças ou melhorias significativas que precisem ser feitas. (ix). Mudanças na tecnologia ou outros fatores que significam controles de risco melhores e mais eficazes. 1.1.2 Temas vinculados Os seguintes temas foram desenvolvidos para fornecer informações no sentido de auxiliar terceiros e operadores com avaliação e gerenciamento de risco, e o desenvolvimento da avaliação de segurança do trabalho formal: • Identificação de perigo. • Eventos de acidentes graves, medidas de controle e padrões de desempenho. • Demonstração de redução dos riscos a um nível que é tão baixo quanto razoavelmente praticável. Esses três temas, juntamente desse material, fornecem informações para a identificação eficaz de perigos, avaliação e gestão de riscos, incluindo a identificação de eventos de acidentes graves e medidas de controle. O Quadro 1 dá um exemplo do processo de avaliação de segurança formal geral que pode ser usado por terceiros e operadores para identificar e gerenciar os perigos e riscos dentro de suas organizações e para atender aos requisitos dos regulamentos relevantes. 83 Quadro 1 – Processo de avaliação de riscos Identificação dos perigos Inventário de riscos Medidas de controle Performance padrão Identificar os perigos e as prováveis causas. Documente os controles já em vigor. Avalia as consequências e a probabilidade de identificar o nível de risco inicial. Identificar e documentar medidas de controle de mitigação adicionais. Avaliação de risco para garantir que controles adicionais trarão o risco para o nível tão baixo quanto razoavelmente praticável. Reveja os perigos para identificar potenciais eventos de acidentes graves. Avaliar o nível de risco para verificar se todos os controles reduzirão a probabilidade do evento ocorrer e reduzir o nível de risco. Desenvolver padrões de desempenho para todos os eventos de acidentes graves, juntamente de procedimentos de apoio/ processo de auditoria, a fim de garantir a viabilidade contínua das medidas de controle. Estabeleça um processo para avaliação de risco contínua – certifique- se de que os controles permaneçam no lugar e todos os níveis de risco sejam tão baixos quanto razoavelmente praticáveis. Comunicar às partes interessadas relevantes e fornecer orientações sobre procedimentos e processos associados aos padrões de desempenho. Fonte: adaptado de ABNT (2018). 84 O Quadro 1 mostra como o processo de identificação de perigo, avaliação de risco, identificação de eventos de risco, medidas de controle identificadas, redução de riscos e gerenciamento de risco contínuo podem ser alcançados. 1.1.3 Avaliação de risco A avaliação de risco é oelemento-chave de uma avaliação formal de segurança. Uma avaliação de risco visa informar e melhorar o conhecimento do terceiro ou do operador e compreender a natureza dos riscos na instalação e o que pode ser necessário para eliminar ou minimizar esses riscos e reduzi-los. O processo de avaliação de risco leva em consideração o objetivo da avaliação de risco, o nível de risco previsto, os detalhes necessários nos resultados da avaliação. Para que terceiros e operadores adquiram o nível necessário de informações e entendam os riscos que afetam suas instalações e os gerenciem de acordo, a técnica de avaliação de riscos deve ser crítica. Algumas técnicas comuns de avaliação de risco e os pontos-chave de cada abordagem estão listados no Quadro 2. 85 Quadro 2 – Técnicas de análise de risco Técnica Método de avaliação de risco. Aspectos principais da técnica de análise de risco Qualitativo Método da matriz de risco. • Probabilidade e consequências expressas em uma escala descrita em palavras. • Produção de risco não é expressa como um valor numérico. • Ênfase é colocada no agrupamento relativo de perigos (por exemplo, em insignificante, tolerável e intolerável) ou na classificação aproximada de perigos do mais alto ao mais baixo. • Os participantes do workshop de avaliação de risco estimam o risco específico do local/instalação, resultando em uma maior propriedade dos resultados de risco. • Com base em julgamento subjetivo, portanto, um maior potencial de incerteza. • Difícil de calcular o risco cumulativo. • Frequentemente usado como uma avaliação de risco preliminar ou ferramenta de triagem. • Frequentemente usado para operações ou avaliações de risco baseadas em tarefas. • Adequado para instalações simples ou onde a exposição da força de trabalho é baixa. • Pode levar em consideração questões intangíveis, como impacto sobre o público e a reputação da empresa. Semiquantitativo Método de matriz de risco. • Gera um valor de risco numérico (embora esse valor não seja um valor absoluto de risco). • Fornece maior capacidade de discriminar os perigos na base do risco. • Melhor para avaliar o risco cumulativo, embora ainda grosseiro e difícil para grandes instalações. • Alguns métodos fornecem uma técnica mais estruturada para compreender a eficácia dos controles. Quantitativo Árvore de falha. Árvore de eventos. Método de matriz de risco. Avaliação quantitativa de riscos. • Confirmar a o grau de risco da atividade. • A dificuldade em criar soluções universais. Fonte: adaptado de Fonseca (2020). 86 O Quadro 2 apresenta os métodos utilizados para avaliação de riscos. No entanto, a entrada usada para o processo de identificação de perigo deve estar disponível durante a avaliação e análise do risco para fins de referência e qualquer esclarecimento das atividades que ocorrem na empresa incluindo: • Desenhos do local, contendo fluxos de processo, leiaute, pipeline e diagramas de processo e instrumentação (P&IDs). • Descrição detalhada dos equipamentos instalados e seu modo de operação. Novos equipamentos e atividades devem ser identificados e, caso necessário, nova avaliação deverá ser executada. • Detalhes dos perigos associados aos produtos químicos utilizados, armazenados ou produzidos nos processos da empresa. • Informações sobre os incidentes e acidentes já ocorridos no processo. Se já houver várias avaliações de risco conduzidas para a instalação em análise, por exemplo, estudo de perigo e operabilidade (HAZOP - Hazard and Operability Study), e/ou o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), então, os resultados dessas avaliações de risco podem precisar ser levados em consideração para dar profundidade geral à avaliação de risco. Todas essas avaliações de risco fazem parte da avaliação formal, identificação dos eventos de acidentes graves e as medidas de controle relevantes e elementos críticos de segurança que precisam ser documentados dentro de um caso de segurança. 87 1.1.4 Equipe de avaliação de risco O conhecimento e a competência dos participantes do trabalho são essenciais para o resultado bem-sucedido de qualquer processo de avaliação de risco. Os itens a seguir devem ser considerados ao selecionar os participantes: • O escopo geral do processo proposto e as atividades a serem conduzidas durante a fase da instalação sob revisão, por exemplo, projeto, construção, operacional ou desativação. • Quais especialistas no assunto serão convidados a participar do trabalho, por exemplo, liderança, engenharia, design, operacional, entre outros. • Incluir pessoal com conhecimento profundo da instalação, ou instalações semelhantes, se apropriado. • Quais áreas da força de trabalho em geral precisam atender, levando em consideração quaisquer áreas interativas dentro das instalações, escalas de serviço, operações simultâneas e impactos de terceiros. Considere nomear um facilitador do trabalho para orientar os participantes durante o processo de avaliação de risco. Um facilitador deve ter o nível apropriado de independência, experiência e conhecimento da técnica adotada para o processo de avaliação de risco e quaisquer padrões ou códigos de prática aplicáveis. 1.1.5 Envolvimento da força de trabalho na avaliação de risco O envolvimento da força de trabalho deve ser parte integrante do processo de avaliação de risco. No caso de um processo de avaliação de risco proposto se referir a uma nova instalação, onde a força de trabalho 88 ainda não foi totalmente identificada e implementada, o envolvimento de membros da força de trabalho de uma instalação semelhante deve ser considerado. A avaliação de risco considera a experiência dos operadores, aliada ao conhecimento técnico e ao conhecimento do trabalho, principalmente se for uma instalação nova. Os membros da força de trabalho convidados a participar do processo de avaliação de risco devem estar envolvidos: • No desenvolvimento do processo de avaliação de risco. • Na formação da equipe e agendamento do trabalho. • Nos trabalhos relevantes realizados. • Na revisão dos resultados do trabalho. • Na implementação de quaisquer ações decorrentes do processo. • Auxiliar no fornecimento de feedback dos resultados do trabalho para o resto da força de trabalho. 1.1.6 Processo de avaliação de risco Todas as avaliações de risco precisam considerar a probabilidade e as consequências de cada evento de acidentes potencialmente graves e todos os outros riscos não avaliados como muito baixos ou insignificantes. Para garantir a consistência dos resultados em uma avaliação de risco, é essencial que as suposições sejam documentadas e registradas desde o início ou quando identificadas no processo de avaliação de risco. 89 Convém que isso inclua as definições de limite ou categoria e os critérios de aceitabilidade de risco da organização. Uma matriz de risco é uma ferramenta-chave para a avaliação de risco. O mesmo formato de matriz deve ser usado em todo o processo, caso contrário, existirá uma inconsistência nos resultados da avaliação. A probabilidade de ocorrência de um evento precisa ser estimada durante a avaliação de risco. Ao usar um processo de avaliação de risco qualitativo, isso geralmente se baseia na seleção de uma categoria em uma matriz de risco. Os participantes do trabalho frequentemente basearão a seleção em sua experiência e justificarão sua decisão usando dados históricos de eventos de acidentes. Para um processo de avaliação de risco quantitativo mais complexo, a frequência pode ser selecionada usando um banco de dados de falha e dados de eventos históricos, cujos detalhes devem ser documentados na avaliação de risco. A análise da árvore de eventos pode ser usada para determinar a probabilidade provável de eventos crescentes, como incêndios e explosões, após um evento inicial. O material de orientação para a estimativa de probabilidade deve ser documentado para garantir a consistência em váriasavaliações de risco. Para uma matriz de risco, sugere-se que as categorias de probabilidade sejam atribuídas a frequências quantitativas (por exemplo, pelo menos uma vez por ano, 1:10 anos, 1:100 anos) para permitir a correlação com o histórico de eventos de acidentes e bancos de dados de falhas. A estimativa da probabilidade de eventos de frequência muito baixa pode ser difícil e não confiável. As seguintes opções podem ser usadas para facilitar a estimativa da probabilidade de ocorrência de eventos de frequência extremamente baixa: 90 • Referindo-se às frequências em termos de experiência na instalação, em outras áreas da organização, na indústria local e internacionalmente. • Referindo-se ao material de orientação da indústria ou bancos de dados de frequência de falha. • Uso de árvores de falhas para analisar a combinação de fatores contribuintes que podem levar a um evento perigoso. A probabilidade deve ser determinada com base no perigo, não na confiabilidade dos controles instalados. Caso contrário, a probabilidade pode ser determinada como baixa com base na premissa de que o controle é confiável quando, de fato, pode não ser. Todas as suposições feitas e referências usadas durante a determinação da estimativa de probabilidade devem ser totalmente documentadas. Isso fornece evidências de uma análise robusta e pode ser benéfico para riscos futuros. A gravidade e a magnitude de um evento de acidente grave são definidas como: • A gravidade de um evento de acidente grave no contexto dos requisitos regulamentares é um evento conectado a uma instalação, incluindo um evento natural, com potencial para causar múltiplas fatalidades de pessoas na instalação ou perto dela. • A magnitude do evento de acidente grave é o tamanho ou escala do efeito criado pelo evento de acidente grave dentro do qual uma série de fatalidades podem ocorrer. Os resultados possíveis precisam incluir a consideração do que pode dar errado se as medidas adotadas para eliminar ou prevenir eventos de acidentes não estiverem presentes ou forem implementadas incorretamente e deixarem de funcionar como previsto. 91 A possibilidade do evento se intensificar ou acelerar, ou de um evento desencadear outro, deve ser levada em consideração ao se considerar os eventos mais prováveis, pois isso pode afetar a adequação das medidas de controle em vigor. Isso é importante ao avaliar a adequação do gerenciamento de emergência. Os resultados da análise de consequências podem ser usados para influenciar aspectos de projeto, bem como procedimentos e controles operacionais e na definição de arranjos de resposta a emergências. As estimativas de consequência podem ser qualitativas ou quantitativas. Para avaliação qualitativa de risco, a consequência precisa ser definida, como “lesão com perda de tempo”, “fatalidade única” ou “mortes múltiplas”. Estimativas quantitativas de consequências podem ser produzidas por meio de modelagem de consequências. É preciso certificar-se de que esse tipo de modelagem seja executado por pessoal com treinamento e experiência adequados. Exemplos de consequências que podem ser modeladas incluem: • Incêndios na casa de bombas de piscina. • Explosões confinadas e parcialmente confinadas. • Liberação de fumaça tóxica e efeitos. • Dispersão de gás (inflamável ou tóxico). • Queda de objetos. • Impacto de colisão. • Perda de estabilidade estrutural. 92 • Perda de contenção resultando em incêndio e/ou explosão. • Explosão do processo. • Busca e resgate. • Equipamento operando com pressão acima da pressão máxima de trabalho. Os resultados da modelagem de consequências podem ser usados em conjunto com a análise de risco qualitativa para justificar a consequência das categorias selecionadas. De acordo com a NR-01 (BRASIL, 2020a), o gerenciamento de risco deve constituir o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que, por sua vez, deve ter o inventario de riscos e o plano de ação. Portanto, o levantamento dos riscos ocupacionais, que tem como constituinte a identificação, avaliação e controle de riscos precisa ser conhecido e providenciada a sua eliminação, quando possível. Consequentemente, cada operação precisa entender suas limitações e base de habilidades. Este trabalho é baseado na experiência e não pretende esgotar o assunto. Recomenda-se que o aluno busque explorar as indicações de leitura e se aprofunde no tema. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO 31.000: Gestão de riscos: Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018a. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-01: disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília, DF: 2020a. Disponível em: . Acesso em 31 ago. 2021. 93 BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-07: programa de controle médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: 2020b. Revisão: Portaria SEPRT n.º 6.734, de 10 de março de 2020b. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/ pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-07_ atualizada_2020.pdf. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-09: Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: 2020c. Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março de 2020. Disponível em: . Acesso em: 3 jan. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-17: Ergonomia. Brasília, DF: 2018. Disponível em: . Acesso em: 16 set. 2021. FONSECA, C. T. M. Avaliação dinâmica de riscos. 2020. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Portugal, 2020. 94 BONS ESTUDOS!foram projetados para serem tolerantes a erros humanos, de modo que nem a ação humana, nem as falhas isoladas resultariam em acidentes. Muito desse trabalho se concentrou em interfaces homem-máquina e leiaute de espaço de trabalho. “Se o humano estiver seguro, então estaremos seguros”. Essa visão de gerenciamento de risco continuou até acidentes como o acidente do ônibus espacial Challenger e o derretimento do reator de Chernobyl. Os profissionais de segurança foram novamente solicitados a repensar sua abordagem para gerenciar os riscos. Mais do que simplesmente falhas técnicas ou erro humano, também foi encontrada/ identificada uma propensão dentro do gerenciamento para conter problemas potencialmente sérios. Esses acidentes e outros, geraram outra mudança de paradigma no gerenciamento da segurança. Não era mais suficiente simplesmente focar na tecnologia ou no ser humano. Fatores organizacionais, como cultura de gerenciamento e segurança, também precisam ser tratados para manter as operações seguras. Isso marcou o início da terceira era do gerenciamento de risco: a era organizacional. 1.1.3 Terceira era do gerenciamento de risco–a organização Essa era de gerenciamento de risco se expandiu para se concentrar na organização, bem como no ser humano e na tecnologia. O gerenciamento de risco nessa era organizacional via o erro humano e as falhas técnicas mais como consequência do que como causa. Os erros eram vistos como a ponta do iceberg para condições latentes mais sérias e problemas superiores na organização, por exemplo, liderança fraca para segurança/risco ou cultura de segurança/risco. 10 Sem remover esses problemas e outros existentes em níveis mais altos na organização, as falhas na ponta aguda continuariam, ou seja, os erros e as falhas técnicas continuarão a aparecer. Novos modelos de gerenciamento de segurança e avaliações surgiram, o que permitiu aos gestores de segurança encontrar e, em seguida, remover os pontos fracos superiores na organização que poderiam levar a acidentes graves no futuro. “Se a organização estiver segura, então estaremos seguros”. Essa visão continuou até acidentes como o desastre do ônibus espacial Columbia, em 2003. Mais do que simplesmente falhas isoladas no nível organizacional ou falhas humanas e tecnológicas evidentes, o Columbia Accident Investigation Board (CAIB) encontrou causas nas interações humanas, tecnológicas e organizacionais complexas e interdependentes presentes no momento do acidente. “Sistemas falham de maneiras complexas”. Ao tentar descrever com precisão essa complexidade, esse acidente considerou que as medidas de controle poderiam ser mais bem delineadas para evitar que tais acidentes voltassem a ocorrer. Esse e outros acidente provocaram outra mudança de paradigma no gerenciamento de risco. Não era mais suficiente simplesmente focar nos fatores tecnológicos, humanos e organizacionais de forma isolada. A interação e a interdependência complexas também precisam ser descritas, sinalizando o nascimento da era atual do gerenciamento de segurança: a era de sistemas. 1.1.4 Quarta era do gerenciamento de risco – os sistemas Essa abordagem (sistema) visa compreender a complexidade do trabalho do dia a dia, descrevendo as muitas vezes complexas inter- relações e interdependências entre a tecnologia, o ser humano e a organização. Isso permite que a descrição da organização reflita mais de perto a verdadeira realidade do trabalho no início do século XXI: pessoas 11 trabalhando juntas usando tecnologia complexa em vários locais e divisões dentro da organização. Sem usar essa abordagem de risco por sistema, as pessoas efetivamente estão vendo apenas parte da imagem, ou apenas algumas peças do quebra-cabeça. Adotar a abordagem sistêmica, significa ver mais claramente como cada peça do quebra-cabeça se encaixa, afeta e é dependente de outras peças. Isso não só fornece uma imagem mais completa ou real do contexto, mas também significa que as medidas de controle e as medidas tomadas serão mais eficientes e eficazes para evitar acidentes. Isso é diferente das outras idades do gerenciamento de risco, em que falhas isoladas ou de componentes eram identificadas, e a última pessoa na fila da cadeia do acidente era considerada culpada. Identificar a montante, os fatores contextuais como errôneos, por exemplo, era uma cultura de gerenciamento de risco e de segurança pobre, que não descrevia realmente por quais motivos eles apareciam. 1.2 Natureza dos riscos empresariais/corporativos A ABNT NBR 1SO 31.000/2018 (Gestão de Risco–Princípios e Diretrizes), define risco como o efeito da incerteza sobre os objetivos, e gestão de risco como as atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização em relação ao risco (ABNT, 2018). O conceito de risco tem mais de uma linha de desenvolvimento. A primeira é uma abordagem financeira centrada na administração de empresas e seguros, e a segunda é orientada para a engenharia de segurança. Além disso, existem a terceira e a quarta abordagens que são orientadas pela ciência do gerenciamento de desastres e pela lei. O conceito de gerenciamento de risco está se espalhando não apenas entre empresas, mas em vários campos, incluindo nação, administração, sociedades locais, institutos educacionais, institutos médicos, residências e indivíduos. 12 J. H. Fayol (1916), da França, primeiro apontou a importância do gerenciamento de risco na administração de empresas. Ele abordou a função de segurança como uma atividade corporativa e a definiu como proteção de recursos e funcionários em seu artigo de 1916, Administration Industrielle et Générale. Desde esse artigo, o gerenciamento de risco passou a significar gerenciamento, know-how, sistemas e contramedidas para superar o risco. Na década de 1960, os campos de engenharia de segurança no Japão começaram a adotar métodos de gerenciamento de risco. O principal motivo foi que, na época, os sistemas das máquinas rapidamente se tornaram complexos e eles precisavam de outras maneiras para analisar os riscos. Para sistemas de engenharia reais, os engenheiros desenvolveram métodos de análise, por exemplo, a análise de árvore de falhas, que estima a probabilidade de falha funcional com base em eventos causais e dados de confiabilidade; além da análise de árvore de eventos, que analisa o progresso de eventos dos sistemas. Após a eclosão do acidente TMI nos EUA, em 1979, os métodos de gerenciamento de risco mostraram um maior desenvolvimento desde a primeira metade da década de 1980. As análises do acidente TMI mostraram que os fatores humanos e o erro humano apresentam sérios efeitos na segurança do sistema. Assim, a avaliação de risco e a análise de acidentes passaram a envolver pessoas e organizações, além dos aspectos técnicos e de engenharia dos sistemas de máquinas, na avaliação geral do sistema. Os sistemas de máquina têm funções complexas interligadas e, ao mesmo tempo, apresentam funções distribuídas em amplas áreas na Internet. O avanço das tecnologias em comunicação mecânica e de informação impulsionou mais pesquisas no desenvolvimento de métodos de gerenciamento de risco, e o gerenciamento de risco, agora, desempenha um papel central na engenharia de resiliência. 13 O gerenciamento de risco foi originalmente iniciado e desenvolvido em campos de desastres provocados pelo homem, portanto, a sua história no tratamento de desastres naturais é relativamente nova. É difícil para o ser humano controlar fenômenos naturais que causam desastres naturais. Além disso, terremotos e erupções vulcânicas têm baixa frequência de ocorrência, assim, seus mecanismos, necessários para avaliar as magnitudes das forças externas, não foram bem esclarecidos, mesmo na década de 1980. Por esse motivo, na prevenção de desastres para se preparar contra desastres naturais, era comum estabelecer os padrões, ao máximo, nos registros anteriores. Esse método só funciona para evitaro mesmo desastre novamente e não segue a linha de gerenciamento de risco. O gerenciamento de riscos contra desastres naturais se espalhou no Japão após o Grande Terremoto Hanshin-Awaji de 1995. Em caso de desastres sísmicos, por exemplo, o gerenciamento de risco leva a estimativa de danos com o seguinte procedimento: i) Estabelecer o modelo de origem para analisar o terremoto; ii) Estimar a força do movimento do solo ou intensidade sísmica em cada ponto de interesse; iii) Estimar a magnitude dos danos causados por diferentes resistências do movimento do solo; iv) Coletar estimativas de danos em locais de interesse e mostrá-las em um mapa. O desenvolvimento das teorias de geociências desde a década de 1970 e o acúmulo de dados de medição permitiram chegar a um modelo razoável de fonte de terremotos no item (i). O rápido avanço das teorias e da tecnologia de simulação da propagação das ondas sísmicas também fez a estimativa da distribuição espacial das intensidades do movimento sísmico em (ii), com base nos modelos de origem em (i). Uma série de equações empíricas práticas foram propostas para relacionar a taxa de danos de edifícios com as intensidades de movimento do terremoto. Portanto, multiplicar a taxa de danos estimada pelo número de edifícios ou pelo número de pessoas que vivem em áreas específicas dá a magnitude dos danos necessários para (iii). A coleta dos resultados de (iii) leva a (iv), que são de fato publicados na forma de mapas de 14 perigo ou estimativa de danos. Organizações locais e corporações começaram a se preparar contra desastres em estilos de gerenciamento de risco com base nas estimativas de danos de (iv). Nesse início do século XXI, o significado de gerenciamento de risco tem uma grande variedade, dependendo de quem o executa, contra qual risco e das diferenças no conceito de gerenciamento. No campo do gerenciamento de riscos corporativos, a estrutura de gerenciamento de riscos corporativos (ERM–Enterprise Risk Management), anunciada em 2004 pelo Comitê de Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway – COSO – e revisada em 2016, é amplamente aceita (COSO, 2017). O conceito de risco, no passado, era definido como combinação das consequências de um evento e a probabilidade de ocorrência associada (ABNT, 20091) ou combinação da probabilidade de ocorrência de dano e a gravidade desse dano (ISO, 2014). A ABNT NBR ISO 31000:2018 e o ABNT ISO Guia 73:2009 adicionaram a essas definições o efeito da incerteza sobre os objetivos. No pano de fundo da mudança na definição de risco está o conceito de gerenciamento de risco para lidar não só com os riscos que causam efeitos negativos, mas também com os riscos com efeitos positivos quando são tomadas decisões para assumir os riscos. 1.3 Riscos puros e riscos especulativos Uma melhor compreensão e gestão de todos os riscos que podem afetar a organização levarão a um melhor desempenho e vantagem competitiva, especialmente quando os perigos e ameaças são identificados, e os riscos avaliados e controlados, da mesma forma que para oportunidades e recompensas. O gerenciamento de riscos pode ser definido como a mitigação dos efeitos adversos de riscos puros e especulativos aos quais uma organização está exposta. Temos dois tipos de risco, a saber: risco puro e risco especulativo. 1 Temos duas normas técnicas Guia 73. A AMN ISO Guia 73/2019 é uma norma Mercosul e tem adaptações para o Mercosul, por isso 2019. A ABNT ISO GUIA 73:2009 atende a ABNT e sua última alteração foi em 2009. 15 O risco puro, também conhecido como risco absoluto, é uma categoria de risco em que os resultados são uma perda ou nenhuma perda e não há oportunidade de ganho. São exemplos de risco puro: • Morte prematura. • Incêndio. • Crime. • Desastres naturais. • Impactos ambientais. • Doenças ocupacionais. • Produto e obrigações contratuais. Existem produtos disponíveis para mitigar perigos de risco puro, como o seguro residencial, que ajuda a proteger os proprietários contra a destruição de propriedades e/ou bens. Nota-se que os riscos puros podem resultar apenas na preservação do status quo ou perda para a organização. Riscos especulativos podem resultar em ganho ou perda – como na frase especular para acumular. É uma opção consciente, portanto, requer a opinião da pessoa que está procurando assumir o risco, logo, é um ato voluntário. Ao mesmo tempo, é difícil prever o resultado do risco especulativo, uma vez que a quantidade exata de ganho ou perda é desconhecida. Seguem exemplos de risco especulativo: • Novos produtos. • Mudança de fornecedores. • Novas restrições comerciais. • Novas condições de mercado. 16 O gerenciamento de risco é usado em organizações para considerar os possíveis impactos de riscos significativos previsíveis no desempenho da organização; para responder adequadamente a mudanças internas e externas na percepção de risco; para conceber opções estratégicas a fim de eliminar ou controlar todos os riscos significativos e seus impactos; para vincular essas opções à estrutura geral de decisão e controle usada pela organização. Em um mundo de incertezas, pode-se considerar o risco como abrangendo a provisão potencial tanto de uma oportunidade de ganhos quanto de uma perspectiva negativa de perdas. Para uma empresa e para os indivíduos, o risco é um componente a ser considerado dentro de um objetivo geral de maximizar o valor associado ao risco. Como alternativa, tem-se o desejo de minimizar os prejuízos associados ao colapso financeiro ou outras consequências adversas. A Figura 1 mostra os objetivos do controle de risco, utilizando um diagrama de Venn para ajudar a visualizar os resultados de risco e a recompensa. Figura 1 – Objetivos do controle de risco Fonte: adaptada de Fonseca e França (2011). 17 Um diagrama de Venn é uma ilustração que usa círculos para mostrar as relações entre coisas ou grupos finitos de coisas. Círculos que se sobrepõem têm algo em comum, enquanto os círculos que não se sobrepõem não compartilham essas características. Os diagramas de Venn ajudam a representar visualmente as semelhanças e diferenças entre dois conceitos. Nota-se que na área de sobreposição como o conjunto em que minimizamos, o risco é minimizado e o valor maximizado. As medidas de controle de risco incluem ações que podem ser tomadas para reduzir o potencial de exposição ao perigo, ou a medida de controle pode ser remover o perigo ou reduzir a probabilidade de realização do risco de exposição a esse perigo. Uma medida de controle simples seria a proteção segura das partes móveis do maquinário, eliminando o potencial de contato, maximizando o seu valor e minimizando o prejuízo. Neste capítulo, foi desenvolvida inicialmente, a evolução histórica da gerência de riscos, e numa breve viagem no tempo, comentou- se também sobre o Código de Hamurabi, de 1754 a.C., mostrando as consequências que um construtor teria a depender da maneira que atuaria na construção de uma casa. A partir desse ponto comentou-se sobre as eras sob a ótica do gerenciamento de riscos, e foram citadas as eras tecnológica, humana, a organizacional e os sistemas. O uso operacional da gestão de risco no modelo de negócios torna os gestores muito mais focados na identificação de questões problemáticas (“saber o que fazer”) e na implementação de planos e cronogramas explícitos para resolver/reduzir riscos identificados de classificação alta e média (“saber como e quando fazer”). Uma das ferramentas utilizadas pelas empresas é o Enterprise Risk Management (ERM), que foi definido como um processo, efetuado por uma entidade tipo conselho de administração, gestão e outro pessoal. O gerenciamento de riscos corporativos foi projetado para identificar eventos potenciais que podem afetar a entidade. Sua função também 18 é gerenciar os riscos para estar dentro de seu apetite ao risco, a fim de fornecer garantia razoável em relação ao cumprimento dos objetivos da entidade.Neste ponto foram apresentados os conceitos de risco empresarial, risco puro e risco especulativo. Referências ASOCIACIÓN MERCOSUR DE NORMALIZACIÓN (AMN). AMN ISO Guia 73: Gestão de riscos: Vocabulário. Rio de Janeiro: AMN, 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ISO GUIA 73: Gestão de Riscos: Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 31000: Gestão de riscos: diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. BERNSTEIN, P. L. Against the Gods: The Remarkable Story of Risk. John Wiley and Sons, New York, 1996. COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION (COSO). Enterprise risk management: Integrating with strategy and performance– Executive summary. COSO, 2017. Disponível em: https://www.coso.org/ Documents/2017-COSO-ERM-Integrating-with-Strategy-and-Performance-Executive- Summary.pdf. Acesso em: 28 ago. 2021. FAYOL, H. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1964 [1916]. FONSECA, R. V.; FRANÇA, A. S. de. Pré-cálculo. Pará: Centro de Ciências Sociais e Educação/UEPA–Universidade do Pará, 2011. GOMES, P. Conheça as competências para o século XXI. Porvir, 2012. Disponível em: https://porvir.org/conheca-competencias-para-seculo-21/. Acesso em: 28 ago. 2021. HILLSON, D. The Risk Management Universe: a guide tour. BSI Standards. 2006. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO/IEC Guide 51: Safety aspects: guidelines for their inclusion in standards. Suíça: ISO, 2014. 19 Engenharia de segurança e a identificação de riscos Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Conhecer a engenharia de segurança. • Identificar os riscos no ambiente de trabalho. • Analisar as consequências dos riscos. 20 1. Introdução A engenharia passou por uma revolução tecnológica, mas as técnicas básicas de engenharia aplicadas na engenharia de segurança, criadas em um mundo analógico mais simples, mudaram muito pouco ao longo dos anos. Uma nova abordagem relacionada à segurança, baseada no pensamento sistêmico, que é mais eficaz, menos custosa e mais fácil de usar do que as técnicas atuais, procura melhorar a segurança e gerenciar riscos. Em essência, o esforço consciente da engenharia de segurança e da administração para implementar medidas de segurança e garantir que as regras sejam cumpridas obriga os funcionários a estarem sempre conscientes da segurança. Uma visão mais ampla da segurança é necessária para que a gestão da fábrica possa formular políticas corretas em relação à segurança industrial que sejam proporcionais aos padrões internacionais, compatíveis com as políticas nacionais e, ao mesmo tempo, atendam aos objetivos organizacionais de prestação de cuidados de saúde de qualidade e satisfação pessoal. 1.1 Engenharia de segurança A formação de um engenheiro de segurança do trabalho deve ser caracterizada por uma sólida formação básica nas áreas de matemática, estatística, física e química, e pelos conhecimentos necessários para aplicar nas especialidades da engenharia pertinente. Por isso, esse profissional deve possuir conhecimentos para a prática dos atos de engenharia, que se baseiam na capacidade de conceber soluções, gerir, planejar, executar e supervisionar, interligando-se com outras especialidades e profissionais (coordenação em segurança e saúde no trabalho) e na elaboração de projetos relacionados às áreas de segurança, higiene e saúde do trabalho. 21 1.2 Identificação de riscos O governo do Brasil, como muitos outros países, delega o controle técnico dos perigos àqueles que os criam, concentrando seu papel na formulação de políticas e avaliação dos sistemas de gestão relacionados à segurança. A resposta da indústria é o uso de processos de gerenciamento de risco (BRASIL, 2020). Entre as normas relativas a esse assunto, tem-se a ABNT NBR 31000/2018, Gestão de Riscos – Diretrizes; a Norma Regulamentadora NR 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais; o PMBOK–7ª Edição – A Consolidação das Metodologias Híbridas (PMI, 2021); a Norma Regulamentadora NR 17 – Ergonomia, entre outras. Com a finalidade de melhor entender e interpretar os termos, cabe aqui as seguintes definições, de acordo com a ABNT NBR 31000 (BRASIL, 2018): • Danos – lesões físicas ou danos à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente. • Perigo – uma fonte de dano potencial ou uma situação com potencial para dano. • Identificação de perigo–o processo de reconhecimento de que existe um perigo e a definição de suas características. • Risco – combinação da frequência, ou probabilidade, de ocorrência e a consequência de um evento perigoso especificado. • Avaliação de risco – o processo geral de análise de risco (identificação e estimativa) e avaliação de risco (medição e tolerância). • Gestão de risco – a aplicação sistemática de políticas de gestão, procedimentos e práticas para as tarefas de análise, avaliação e controle de risco. 22 De acordo com a OIT (2013), a identificação de risco no local de trabalho é uma das principais ferramentas para melhorar as condições de segurança e saúde ocupacional no trabalho. Assim, ela desempenha um papel importante na proteção dos trabalhadores e empresas, bem como no cumprimento das leis em muitos países. A identificação de risco ajuda a todos a se concentrarem nos riscos que realmente importam no local de trabalho – aqueles com potencial para causar danos reais. Uma avaliação de risco bem conduzida no local de trabalho contribuirá para a proteção dos trabalhadores, eliminando ou minimizando os perigos e riscos relacionados ao trabalho. Essa avaliação de risco deve, também, beneficiar as empresas por meio de uma melhor organização das práticas de trabalho, aumentando potencialmente a produtividade (OIT, 2013). Para fornecer uma visão geral do gerenciamento de risco para estabelecimentos industriais, será de grande importância ter a compreensão dos elementos-chave do gerenciamento de risco, procurando compreender e familiarizar com as principais abordagens, como mostra a Figura 1, embora esses conceitos sejam unilaterais para muitas disciplinas, categorias de risco e grupos de perigo. Figura 1 – Uma visão da gerência de risco Fonte: adaptada de Campbell (2007, p. 74). 23 Para garantir que o risco tenha sido minimizado e um outro perigo não tenha sido criado, as novas medidas de segurança precisam ser testadas cuidadosamente antes do trabalho começar novamente. A consulta entre o empregador e outras pessoas no local de trabalho ajudará a chegar a uma decisão segura. O Ciclo de Gerenciamento de Risco estabelecido é mostrado na Figura 2 (BRASIL, 2018). Embora não expresse cada uma dessas etapas, as definições deste são parafraseadas abaixo: Figura 2 – Ciclo do gerenciamento de risco Fonte: elaborada pelo autor. A identificação de riscos é formalizada após perigos significativos terem sido identificados. A análise de perigos inclui a identificação, classificação e avaliação de técnicas de mitigação associadas para estabelecer se os perigos podem ser evitados ou se eles não afetarão a confiabilidade de um sistema de trabalho. Onde os perigos são eliminados e/ou suas consequências são consideradas insignificantes, a análise pode ser interrompida nesse ponto e as suposições e julgamentos decisórios documentados. 24 A estimativa do risco (ou o cálculo do risco) pode ser expressa como taxas de mortalidade previstas, gráficos de frequência versus consequência e/ou taxas de perdas esperadas. Um método comum é determinar um nível de risco combinando a frequência do evento de perigo e a gravidade das consequências associadas. A atribuição de valores de frequência e gravidade, além das ponderações associadas, permite que o nível de risco seja estimado como o produto desses dois termos, por exemplo: 1.2.1 Gravidade versus frequência = nível de risco Os valores de frequência e gravidade podem ser estimados por métodosqualitativos ou quantitativos. Os métodos qualitativos são classificados por argumentos descritivos, como um intervalo “baixo a alto”, ou enumerados em uma escala predefinida, enquanto os exemplos quantitativos incluem: análise estatística, por exemplo, regressão e/ou mínimos quadrados; métodos de inteligência artificial, como sistemas especialistas; teoria da probabilidade; Inferência Bayesiana. A avaliação de risco determina se o risco é tolerável ou garante uma resposta. Essa fase pode ser conduzida usando métodos quantitativos, qualitativos ou uma combinação dos dois. A tolerância ao risco, ou evolução do risco, ainda é uma área em desenvolvimento na pesquisa da dinâmica humana. Um exemplo de tolerância ao risco é se as empresas decidem ou não fazer novos projetos/ampliações. A tolerância ao risco foi associada a um melhor desempenho de tomada de decisão e eficiência de recursos, além de custos mais baixos e durações de projeto mais curtas. No entanto, há, sem dúvida, um ato de malabarismo entre resultados bons e ruins, assumindo grandes riscos para possibilitar a oportunidade, equilibrando o resultado. 25 A resposta ao risco inclui prevenção ou eliminação de perigo; retenção, em que o risco cai abaixo de um determinado nível ou intervalo, considerado aceitável ou tolerável, nenhuma outra resposta é necessária; transferência do risco para um terceiro (ou seja, contratando subcontratado ou prêmios de seguro); redução da gravidade ou frequência associada a um determinado perigo, isso pode produzir um risco residual que fica dentro de uma zona tolerável. O monitoramento de riscos garante que as respostas estejam sendo executadas de forma adequada durante todo o ciclo de vida do sistema, instalação ou atividade. Isso pode ser alcançado por meio de auditorias e/ou análises de avaliação. A identificação de riscos na produção está relacionada aos fios expostos, trabalhadores cansados, equipamento malconservado. As instalações de manufatura estão repletas de riscos, tanto ocultos quanto expostos. Esses perigos podem resultar em ferimentos graves ou morte. A seguir estão algumas das maiores preocupações de segurança em qualquer ambiente de fabricação. Máquinas e equipamentos sem manutenção adequada podem ser muito perigosos. Mesmo o equipamento com proteção contra falhas pode funcionar mal se não realizar verificações de manutenção regulares. Para minimizar o risco, é necessário ter o equipamento inspecionado regularmente por um profissional, interno ou contratado. Além disso, não se deve depender apenas dessas inspeções espaçadas, mas certificar-se de que os funcionários saibam como fazer uma inspeção rápida antes e depois de usar cada peça do maquinário. As pessoas que têm contato regular com o seu equipamento devem saber como é a aparência de uma máquina, como “cheira” e qual o barulho típico quando está funcionando corretamente. Eles devem saber como detectar sinais de alerta imediatamente, como fios expostos, odores de queimado ou panes elétricos, oscilações anormais, ruídos 26 de trituração ou raspagem, ou quaisquer outros sons irregulares. Se uma máquina for considerada potencialmente insegura, ela deve ser desligada imediatamente para reparos. Os trabalhadores do setor não devem tentar consertar equipamentos com defeito por conta própria, sem primeiro alertar um supervisor. A manutenção adequada só o levará até certo ponto. Muitas máquinas, quando em produção, são perigosas, independentemente de estarem funcionando exatamente como deveriam. Considerando os produtos químicos, por exemplo, não é possível simplesmente remover o risco de um produto químico perigoso fazendo uma verificação rápida, mas é necessário ter certeza de que todos os produtos químicos estão devidamente rotulados e que os funcionários estão equipados para manuseá-los adequadamente. Muitas máquinas aquecem rapidamente e apresentam risco de incêndio, mesmo quando operando de forma correta. É responsabilidade do empregador conhecer os limites do equipamento e comunicá-los a todos os trabalhadores. Os espaços confinados são outro perigo permanente que pode ser difícil de tratar. Como existem espaços confinados na maioria dos ambientes de manufatura, é importante que seus funcionários entendam os riscos de ficarem presos ou se encontrarem em uma área sem oxigênio. O ideal é abordar esse risco com treinamento, incluir exaustores e equipamentos de resgate em espaço confinado, e sempre certificar- se de que os funcionários nessas condições trabalhem em pares. O treinamento adequado é a melhor defesa contra esse tipo de perigo. As instalações de uma empresa são tão seguras quanto as pessoas que nela trabalham. Os funcionários devem receber treinamento regular em todos os equipamentos com os quais possam entrar em contato. Deve-se considerar incluir e/ou reciclar vários tipos de operações, como também verificar se tudo está funcionando como deveria. 27 Conforme as máquinas são atualizadas e substituídas, o treinamento deve ser repetido. Os trabalhadores também devem ser submetidos a treinamentos periódicos de segurança, para que conheçam as melhores práticas, e mais atuais, para manter a segurança deles próprios e de seus colegas de trabalho. Isso deve incluir resposta de emergência para queimaduras ou outros ferimentos, como reconhecer os sintomas de exposição a gás ou produtos químicos e quem contatar durante uma emergência. Além disso, todos os funcionários devem saber como e quando evacuar uma instalação. Em caso de emergência, o fácil acesso ao equipamento médico é crucial. A instalação deve ser abastecida com uma variedade de equipamentos de primeiros socorros, incluindo itens gerais de resposta a primeiros socorros, bem como alguns adaptados ao ambiente de trabalho específico, e devem ser bem identificados. Todos os funcionários devem ter pelo menos um treinamento mínimo para usar o equipamento de primeiros socorros. Em muitos casos, é necessário ter funcionários especialmente treinados em primeiros socorros e em resgate em espaço confinado. Um funcionário que se torna complacente com a segurança pode ser um grande risco para a empresa. 1.2.2 A identificação de riscos no transporte, armazenagem e manuseio de materiais Os sistemas de transporte de materiais são usados em ambientes de manufatura e produção para levar materiais de um local para outro. O manuseio de materiais consiste na movimentação, no armazenamento, na proteção e no controle de materiais durante todo o processo de fabricação e distribuição, incluindo seu consumo e descarte. Coordenação e controle são necessários para mover materiais que atuam como entradas para o processo e movimentar/remover materiais como saídas do processo. O manuseio de materiais é frequentemente 28 esquecido no esquema geral de produção. O custo de manuseio de materiais é significativo e custa em média cerca de 20-25% da despesa total da mão de obra de fabricação. Os fatores que podem influenciar o projeto e identificação do risco de um sistema de manuseio de materiais são: as características do material a ser manuseado; questões de vazão, roteamento e programação; considerações decorrentes do layout da planta escolhido; e a aplicação do princípio de carga unitária. Entre os vários tipos de equipamentos de transporte de materiais que podem ser identificados, tem-se: caminhões industriais; veículos guiados automatizados; monotrilhos e veículos guiados por trilhos; empilhadeiras; talhas e guindastes. Os veículos guiados por sistemas automáticos usam tipos específicos de tecnologia de orientação (de veículos) para realizar a operação do sistema, incluindo: fios-guia embutidos; tiras de pintura; e veículos autoguiados ou autônomos. Dois pontos surgem com o gerenciamento e coordenação de veículos não tripulados, são eles: o controle de tráfego e o despacho de veículos. O controle de tráfego minimiza a interferência entre os veículos e evita colisões. Doissistemas podem ser usados para atingir esses objetivos: detecção a bordo dos veículos e controle de zona. Em um veículo guiado por sistemas automáticos, quando em funcionamento, os veículos devem ser despachados em tempo hábil, da maneira que estiverem e quando forem necessários. Os recursos de segurança associados aos veículos guiados por sistemas automáticos incluem: velocidades de movimento menores que o ritmo de caminhada; parada automática do veículo; sensores de detecção de obstáculos; para-choques de emergência; luzes de aviso e sirenes. 29 A identificação de riscos em tanques, silos e tubulações, na maioria das vezes, está vinculada à aplicação da NR-33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados (BRASIL, 2019). Para trabalho em espaço confinado é recomendada a Análise Preliminar de Risco (APR): avaliação inicial dos riscos potenciais, suas causas, consequências e medidas de controle, sendo obrigatório possuir o documento de Permissão de Entrada e Trabalho (PET) – documento escrito contendo o conjunto de medidas de controle, visando à entrada e desenvolvimento de trabalho seguro, além de medidas de emergência e resgate em espaços confinados. Na maioria das vezes, a segurança do local de trabalho afeta diretamente a produtividade e o bem-estar de sua força de trabalho, o que afeta diretamente a qualidade da produção de seu negócio. Portanto, os empregadores devem se esforçar para criar um ambiente seguro que ofereça um nível de risco aceitável para todos os funcionários. Além disso, os funcionários devem ser rápidos na identificação de situações e condições no local de trabalho que possam comprometer sua segurança ou expô-los a níveis de risco inaceitáveis. Um exemplo prático pode ser associado aos acidentes elétricos uma vez que são muito comuns no local de trabalho e são causados pela exposição desprotegida a tomadas elétricas de alta tensão. Queimaduras elétricas, incêndios elétricos e choques elétricos são três tipos principais de acidentes elétricos. Choques elétricos ocorrem quando o contato corporal com a eletricidade faz com que a corrente passe pelo corpo e, em casos graves, pode causar insuficiência cardíaca ou respiratória. Muitas vezes, as queimaduras elétricas são consequências de choques elétricos e podem ser internas ou externas. Incêndios elétricos ocorrem quando uma fiação não isolada ou circuitos quebrados entram em 30 contato com materiais inflamáveis no local de trabalho, como algodão e aparas de madeira. Quando os trabalhadores precisam fazer uso de cabos de extensão defeituosos ou trabalhar em ambientes repletos de linhas de energia expostas, eles correm o risco direto de acidentes elétricos. Essa exposição pode resultar em ferimentos leves a graves, especialmente queimaduras, parada cardíaca e até mesmo morte (por eletrocussão), em muitos casos. Outros cenários que podem resultar em acidentes elétricos incluem o seguinte: tomadas elétricas ocultas na área de trabalho; equipamento ou instalação insegura; falta de equipamento de proteção individual; fraco controle das atividades de trabalho; fiação elétrica não isolada; falta de treino e falha em isolar circuitos antes de trabalhar. Aqui estão algumas coisas a fazer em caso de acidentes elétricos: Especialmente choques e queimaduras acontecem no local de trabalho, é necessário, então, evitar tocar na vítima com as mãos, evitar remover bolhas ou carne queimada do corpo da vítima e evitar esfregar pomadas nas queimaduras. Para proteger os funcionários e impedir acidentes por choque elétrico no local de trabalho, empregadores e funcionários devem tomar cuidado extra para praticar hábitos de segurança no local de trabalho. Especificamente, aqui estão algumas precauções: sempre inspecionar a área de trabalho com antecedência para ver se há fios não isolados, cabos quebrados e circuitos elétricos expostos; não fazer uso de equipamento elétrico defeituoso em todos os momentos; os trabalhadores devem usar equipamento de proteção individual e isolar os equipamentos elétricos antes de trabalhar neles, além de ter um sistema rápido para relatar e documentar incidentes de choque elétrico no local de trabalho. 31 Um outro exemplo, que ocorre com frequência nas empresas, são os acidentes com produtos químicos. Os produtos químicos tóxicos no local de trabalho também podem prejudicar a segurança dos funcionários, especialmente quando são expostos a essas substâncias sem os devidos cuidados. A exposição a produtos químicos pode resultar em uma série de efeitos, desde câncer e falência de órgãos, até em morte. Existem diferentes produtos químicos tóxicos aos quais os funcionários podem ser expostos ao realizar as tarefas diárias no local de trabalho. Normalmente, esses produtos químicos são classificados de acordo com o tipo de dano que podem causar ao corpo, conforme segue: • Corrosivos: são produtos químicos que podem causar danos corporais irreversíveis, como o ácido clorídrico. • Irritantes: a exposição a produtos químicos irritantes pode resultar em inflamação reversível da área de contato da pele. Exemplos de produtos químicos irritantes incluem solventes fortes. • Teratógenos: essa classe de produtos químicos pode causar defeitos de nascença quando os funcionários são expostos a eles. Um teratógeno popular no local de trabalho é a talidomida. • Sensibilizantes: um sensibilizador, como um isocianato, pode desencadear reações alérgicas após a exposição. • Mutagênicos: a exposição a esse tipo de produtos químicos pode levar a mutações gênicas negativas e danos aos cromossomos. Um bom exemplo desse produto químico é o benzeno. • Carcinógenos: um carcinógeno é uma substância química que pode desencadear o crescimento maligno nas células do corpo, potencialmente causando câncer. O amianto é um agente cancerígeno comum. 32 Os funcionários podem ser expostos a esses produtos químicos por inalação, contato direto ou indireto com a pele, ingestão e injeção. Ao contrário de outros acidentes de trabalho, os efeitos das exposições químicas são geralmente graduais e de longo prazo e seus impactos são de longo alcance. Algumas dicas de segurança no local de trabalho para evitar a exposição a produtos químicos perigosos: usar equipamento de proteção pessoal ao manusear produtos químicos no local de trabalho; monitorar a segurança diária dos funcionários usando o formulário de revisão de segurança dos funcionários. Os funcionários que trabalham em indústrias que exigem o uso de máquinas e ferramentas, como construção ou transporte, correm o risco de acidentes com máquinas e ferramentas. Em muitos casos, esses acidentes são causados pelo uso de equipamentos defeituosos, falta de conhecimento adequado, defeitos do produto ou negligência das precauções de segurança estipuladas. Exemplos comuns de acidentes com máquinas e ferramentas no local de trabalho são: uma queimadura causada por um aquecedor defeituoso na fábrica; quedas de uma escada com defeito ou andaime instável; cortes de ferramentas quebradas ou arestas de ferramentas afiadas; lesões causadas pelo uso de ferramenta errada; perda auditiva por trabalhar na fábrica sem protetores de ouvido; lacerações ou amputações em decorrência do uso de equipamentos sem mecanismos de segurança; lesões por esmagamento devido ao emaranhamento da máquina. A cultura de segurança abrange a tolerância de uma organização ao risco em suas atividades operacionais diárias e processos de tomada de decisão. Quanto maior o grau em que a administração reconhece a necessidade de gerenciamento de risco eficaz na organização, maior será seu compromisso com o estabelecimento de padrões e protocolos para identificar, avaliar e gerenciar riscos 33 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 31000: Gestão de riscos: diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-01: disposições gerais e gerenciamentode riscos ocupacionais. Brasília, DF: 2020. Disponível em: . Acesso em 31 ago. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-33: segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados. Brasília, DF: 2019. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2021. CAMPBELL, J. M.; SMITH, S. Safety hazard and risk identification and management in infrastructure management: a project overview. Edinburgh. Scotland: School of Engineering and Electronics. The University of Edinburgh, 2007. INTERNATIONAL LABOUR OFFICE (OIT). Training Package on Workplace Risk Assessment and Management for Small and Medium-Sized Enterprises. Génova, Itália: Programme on Safety and Health at Work and the Environment (SafeWork), 2013. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). PMBOOK Guide – A guide to the Project Management Body of Knowledge. 7. ed. São Paulo: Global Standard, 2021. 34 Categorização de riscos pela sinalização Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Apresentar os conceitos sobre os fundamentos jurídicos da caracterização de riscos. • Descrever a identificação dos riscos na caraterização de riscos. • Conhecer a sinalização dos riscos através das cores. 35 1. Sinalização de segurança Os empresários estão sendo forçados a se adaptar aos novos riscos apresentados pelas mudanças climáticas, legislação, normas técnicas, clientes e demandas dos investidores por produtos e processos mais sustentáveis. A fim de se manterem competitivas, as organizações estão trabalhando para conhecer o cenário de risco e entender como as novas tecnologias, incluindo processos, podem ajudar a reduzir o risco. Embora o risco seja central para qualquer tipo de negócio, as empresas estão apenas começando a entender e responder de forma proativa aos riscos encontrados nas empresas. O gerenciamento de risco na perspectiva da segurança do trabalho é amplamente creditado por reduções no risco de acidentes graves e melhor desempenho da indústria de processos. Práticas de segurança de processo e sistemas formais de gerenciamento de segurança já existem em algumas empresas há muitos anos. No entanto, após um aumento inicial, as atividades de gerenciamento de segurança de processo parecem ter estagnado em muitas organizações. As investigações continuam a identificar o desempenho inadequado do sistema de gestão como um dos principais contribuintes para o incidente/acidente. E as auditorias revelam um histórico de descobertas repetidas, indicando problemas crônicos cujos sintomas são corrigidos continuamente, sem abordar com eficácia as causas técnicas e culturais. 1.1 Os fundamentos juridicos O tema classificação de riscos está suportado em fundamentos jurídicos, que estabelecem qualificações e dispositivos legais, infralegais e regulamentadores, proporcionando a validade jurídica ao tema. Os principais fundamentos da classificação de riscos são: 36 • Constituição da República Federativa do Brasil (atualizada até a edição da Emenda Constitucional nº 109 de 15 de março de 2021). • Norma regulamentadora NR-26 – Sinalização de segurança. • Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sancionadas pelo Decreto lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, com a redação dos artigos 154 a 201 CLT dada pela Lei 6.154 de 22 de dezembro de 1977, revisada pela Lei nº 13.647 de 13 de julho de 2017. 1.2 Identificação e análise de riscos Identificação de perigos e análise de riscos é um termo coletivo que abrange todas as atividades envolvidas na identificação de perigos. Seu objetivo é avaliar o risco nas instalações, ao longo de seu ciclo de vida, para garantir que os riscos aos funcionários, ao público e/ou ao meio ambiente sejam controlados de forma consistente dentro da tolerância de risco da organização. Esses estudos geralmente abordam três questões de risco principais em um nível de detalhe compatível com os objetivos da análise, estágio do ciclo de vida, informações disponíveis e recursos. As três principais questões de risco são: • Perigo – O que pode dar errado? • Consequências – O quão ruim poderia ser? • Probabilidade – Com que frequência isso pode acontecer? Os riscos ambientais para um fabricante estão relacionados à sua posição geográfica e à localização de suas fábricas, que podem estar expostas ao aumento do nível do mar, inundações, ventos fortes e eventos climáticos imprevisíveis. Os locais de fabricação também podem ser vulneráveis a interrupções na cadeia de suprimentos e instabilidade na rede elétrica e na infraestrutura de transporte. Todos esses fatores podem desvalorizar os ativos existentes. 37 Os riscos de transição estão associados à mudança de tecnologia ou processos, como integração de inteligência artificial (IA) e robótica em operações de manufatura avançadas, mudança de fontes de energia ou combustível ou mudança para matérias-primas mais sustentáveis ou novas fontes de materiais. A utilização de novas tecnologias e processos também pode exigir que a equipe seja treinada novamente ou tenha seus conhecimentos reciclados e as cadeias de suprimentos reestruturadas para aumentar a resiliência, levar em consideração as geopolíticas e atender às necessidades de políticas e regulamentos. Os riscos operacionais estão relacionados à eficiência das operações do processo. As medidas de risco operacional incluem o consumo de recursos por unidade de produção, rendimento do produto, geração de resíduos ou emissões e manutenção necessária e tempo de inatividade. O risco operacional pode ser reduzido garantindo que as operações sejam robustas, o que pode ser habilitado por meio de redundância e gerenciamento da cadeia de suprimentos. O gerenciamento da segurança do processo, também chamado de gerenciamento de risco, é amplamente creditado por reduções no risco de acidentes graves e melhor desempenho da indústria de processos. Práticas de segurança de processo e sistemas formais de gerenciamento de segurança já existem em muitas empresas há muitos anos. No entanto, após um aumento inicial, as atividades de gerenciamento de segurança de processo parecem ter estagnado em muitas organizações. As investigações de incidentes continuam a identificar o desempenho inadequado do sistema de gestão como um dos principais contribuintes para o incidente/acidente. E as auditorias revelam um histórico de descobertas repetidas, indicando problemas crônicos cujos sintomas são corrigidos continuamente, sem abordar com eficácia as causas técnicas e culturais. 38 Os seguintes princípios-chave devem ser abordados ao desenvolver, avaliar ou melhorar qualquer sistema de gestão de risco: i) Manter uma prática confiável: quando uma empresa identifica ou define uma atividade a ser realizada, essa empresa provavelmente deseja que a atividade seja realizada de forma correta e consistente ao longo da vida desse processo e de outros processos semelhantes. Para que o sistema de gestão de risco seja executado de forma confiável em uma instalação envolvendo uma variedade de pessoas e situações, os seguintes recursos essenciais devem ser considerados: • Documentar o sistema de gestão de risco pretendido. • Integrar as atividades da identificação de perigos e análise de riscos (hazard identification and risk analysis–HIRA) ao ciclo de vida de projetos ou processos. • Definir claramente o escopo analítico da identificação de perigos e análise de riscos e garantir uma cobertura adequada. • Determinar o escopo físico do sistema de risco. • Envolver pessoal competente. • Fazer julgamentos de risco consistentes. • Verificar se as práticas de identificação deperigos e análise de riscos permanecem eficazes. ii) Avaliar riscos e tomar decisões baseadas em riscos: uma vez que os perigos foram identificados e os riscos associados analisados, a aceitabilidade do risco deve ser avaliada. Algumas empresas podem julgar um risco aceitável se o sistema estiver em conformidade com um padrão mínimo, como um regulamento ou código, enquanto outras empresas podem exigir que os riscos atendam aos critérios de risco toleráveis internos ou mesmo sejam reduzidos ao mínimo razoavelmente praticável. Algumas empresas podem julgar o risco inaceitável em quaisquer circunstâncias e exigir que o processo seja realocado ou abandonado, 39 a menos que uma alternativa inerentemente mais segura possa ser encontrada. A International Occupational Hygiene Association (IOHA) descreve os agentes químicos, físicos, biológicos e ergonômicos. Um perigo químico é um tipo de risco ocupacional causado pela exposição a produtos químicos no local de trabalho, podendo causar efeitos prejudiciais à saúde, em curto, médio ou longo prazo. Existem muitos tipos de produtos químicos perigosos, incluindo neurotoxinas, agentes imunológicos, agentes dermatológicos, carcinógenos, toxinas reprodutivas, toxinas sistêmicas, agentes pneumoconióticos, sensibilizantes, entre outros. Esses perigos podem causar riscos físicos e/ou para a saúde. Dependendo do produto químico, os riscos envolvidos podem ser variados. Os perigos biológicos, também conhecidos como riscos biológicos, referem-se a substâncias biológicas que representam uma ameaça à saúde dos organismos vivos, principalmente dos humanos. Isso pode incluir amostras de um microrganismo, vírus ou toxina (de uma fonte biológica) que podem afetar a saúde humana. Também pode incluir substâncias prejudiciais a outros animais. Um perigo físico é um agente, fator ou circunstância que pode causar danos com ou sem contato. Eles podem ser classificados como tipo de risco ocupacional ou risco ambiental. Os riscos físicos incluem riscos ergonômicos, radiação, estresse por calor e frio, riscos de vibração e riscos de ruído. Riscos ergonômicos são condições físicas que podem representar risco de lesão ao sistema musculoesquelético, como os músculos ou ligamentos da parte inferior das costas, tendões ou nervos das mãos/pulsos ou ossos ao redor dos joelhos, entre outros, resultando em um distúrbio musculoesquelético. Os riscos ergonômicos incluem posturas inadequadas, posturas estáticas, demanda de forças excessivas, movimentos repetitivos ou intervalos curtos entre as atividades. O risco de um distúrbio musculoesquelético é frequentemente ampliado quando vários fatores estão presentes ou quando a vibração do corpo inteiro ou da mão/braço, iluminação insuficiente ou ferramentas, equipamentos ou estações de 40 trabalho mal projetados produzem interações negativas adicionais com o trabalhador/usuário. Os riscos ergonômicos ocorrem em ambientes ocupacionais e não ocupacionais, como em oficinas, canteiros de obras, escritórios, casa, escola ou espaços e instalações públicas. No sentido de fornecer informações sobre os riscos descritos, um dos recursos está em utilizar a sinalização de segurança, que é um indicador visual e/ou sonoro para uma determinada atividade ou situação. 1.3 A sinalização dos riscos A NR-01 (BRASIL, 2020)–Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais, no item 1.5.7.3.2, Inventário de riscos ocupacionais, na letra d, apresenta dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes fisicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17 (BRASIL, 2018) A NR-05 define a atribuição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, como: [...] A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver. (BRASIL, 2019a, item 5.16) O Quadro 1, com base na Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 19941 (DOU de 30/12/94 – Seção 1 – páginas 21.280 a 21.282, republicada em 15/12/95 – Seção 1 – páginas 1.987 a 1.989), da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, descreve a Classificação dos principais riscos em grupos, de acordo com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes. Nota: essa é a primeira publicação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). 1 Republicada por ter saído com incorreção, do original, no D.O. de 30-12-94, Seção 1, páginas 21.280 a 21.282. 41 Quadro 1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua natureza e a padronização das cores correspondentes. Grupo 1 Verde Grupo 2 Vermelho Grupo 3 Marrom Grupo 4 Amarelo Grupo 5 Azul Riscos físicos Riscos químicos Riscos Biológicos Riscos ergonômicos Riscos de acidentes Ruídos. Vibrações. Radiações ionizantes. Radiações não ionizantes. Frio. Calor. Pressões anormais. Umidade. Poeiras. Fumos. Névoas. Neblinas. Gases. Vapores. Substâncias, compostos ou produtos químicos. Vírus. Bactérias. Protozoários. Fungos. Parasitas. Bacilos. Esforço físico intenso. Levantamento e transporte manual de peso. Exigência de postura inadequada. Controle rígido de produtividade. Imposição de ritmos excessivos. Trabalho em turno e noturno. Jornadas de trabalho prolongadas. Monotonia e repetitividade. Outras situações causadoras de stress físico e/ ou psíquico. Arranjo físico inadequado. Máquinas e equipamentos sem proteção. Ferramentas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada. Eletricidade. Probabilidade de incêndio ou explosão. Armazenamento inadequado. Animais peçonhentos. Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Fonte: adaptado de Brasil (1994). Partindo do princípio de que os grupos de riscos são identificados por cores, o mesmo raciocínio foi utilizado para as cores de segurança e cores de tubulações. A sinalização nas empresas obedece as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e pode-se citar as ABNT NBR 42 7.195/2018–Cores para segurança, e a ABNT NBR 6.493/2019–Emprego das cores para identificação de tubulações, representadas nos Quadros 2 e 3, respectivamente. Quadro 2 - Cores para segurança conforme NBR 7.195 Cor Normal Cor de Contraste Onde deve-se empregar 3.1.1 Vermelha 3.1.1.1 É a cor empregada para identificar e distinguir equipamentos de proteção e combate a incêndio, e sua localização, bem como os acessórios destes equipamentos (válvulas, registros, filtros etc.). 3.1.1.2 A cor vermelha não pode ser utilizada para indicar perigo. 3.1.1.3 A cor vermelha também é utilizada em sinais de parada obrigatória e de proibição, bem como nas luzes de sinalização de tapumes, barricadas etc., e em botões para paradas de emergência. 3.1.1.4 Nos equipamentos de soldagem oxiacetilênica, a mangueira de acetileno deve ser de cor vermelha (e a de oxigênio de cor verde). 3.1.2 Laranja 3.1.2.1 É a cor utilizada para indicar “perigo”, podendo ser utilizada na pintura completa ou com contraste (faixa). 3.1.2.2 Deve ser utilizada em equipamentos de salvamento aquático, como boias circulares, coletes salva-vidas, flutuadores salva-vidas, baleeiras, botes de resgate e similares. 3.1.2.3 Recomenda-se a utilização quando a apreciação de riscos indicar e for tecnicamente viável. Por exemplo, em partes móveis de máquinas e equipamentos. 3.1.3 Amarela 3.1.3.1 É a cor utilizada para indicar “advertência”. 3.1.3.2 Recomenda-se a utilização, por exemplo, em: a) corrimãos, parapeitos e rodapé de escadas; b) faixas no piso de entrada de elevadores de carga e plataformas de carga; c) meios ou diferenças de nível onde haja necessidade de chamar atenção; d) faixas de circulação conjunta de pessoas e empilhadeiras, máquinas de transporte de cargas e outros veículos similares;e) faixas em torno das áreas de sinalização dos equipamentos de combate a incêndio; f) partes superiores e laterais de passagens que apresentem risco; g) equipamentos de transporte e movimentação de materiais, pontes rolantes, pórticos e caçambas; h) pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estruturas e equipamentos que apresentem risco de colisão; i) cavaletes, cancelas e outros dispositivos para bloqueio de passagem; j) faixas de delimitação de áreas destinadas à armazenagem; k) fundos de letreiros em avisos de advertência. 43 3.1.4 Verde 3.1.4.1 É a cor utilizada para caracterizar “condição segura”. 3.1.4.2 Deve ser utilizada para identificar, por exemplo: a) localização de caixas de equipamentos de primeiros socorros e emergência; b) caixas contendo equipamentos de proteção individual; c) chuveiros de emergência e lava-olhos; d) localização de macas; e) faixas de delimitação de áreas seguras quanto a riscos mecânicos; f) sinalização de portas de entrada das salas de atendimento de urgência; g) sinalização para rota de fuga. 3.1.4.3 Nos equipamentos de soldagem oxiacetilênica, a mangueira de oxigênio deve ser de cor verde (e a de acetileno de cor vermelha). 3.1.5 Azul É a cor utilizada em sinais de ação obrigatória, por exemplo, uso de equipamento de proteção individual (EPI) ou outras ações similares. 3.1.6 Violeta É a cor utilizada para indicar os perigos provenientes das radiações penetrantes e partículas nucleares. É empregada, por exemplo, em: a) portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou que foram contaminados por materiais radioativos; b) locais onde tenham sido enterrados materiais radioativos e equipamentos contaminados por materiais radioativos; c) recipientes de materiais radioativos ou refugos de materiais radioativos e equipamentos contaminados por materiais radioativos; d) sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. 3.1.7 Branca É a cor utilizada, por exemplo em: a) faixas para demarcar passadiços, passarelas e corredores pelos quais circulam exclusivamente pessoas; b) áreas em torno dos equipamentos de primeiros socorros e outros equipamentos de emergência. Fonte: adaptado de ABNT (2018). Quadro 3 – Cores para identificação de tubulações, conforme ABNT NBR 6.493/2019 Alaranjado Produtos químicos não gasosos. Amarelo Gases não liquefeitos. 44 Verde Água, exceto a destinada a combater incêndio. Azul Ar comprimido. Branco Vapor. Preto Inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (por exemplo, óleo combustível, asfalto, alcatrão, piche). Marrom Materiais fragmentados (minérios), petróleo bruto. Cinza-Claro Vácuo. Cinza-Escuro Eletroduto. Alumínio Gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (por exemplo, óleo Diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, solventes). Fonte: adaptado de ABNT (2019a). Um sistema de cores consistente, denotando a relação cor-risco, alerta os funcionários sobre riscos à segurança. Conhecer o sistema aumenta a segurança do funcionário. Um exercício de integração dos funcionários é fazer um tour pela operação, apontando os diferentes exemplos de cores usados e os perigos identificados. Todos os funcionários devem estar familiarizados com o sistema de codificação de cores A sinalização do local de trabalho é um processo simplificado e padronizado, e tem como objetivo a identificação dos riscos, no sentido de evitar acidentes, preservar a vida dos trabalhadores e os ativos da empresa. O uso das cores foi a solução encontrada para atender às 45 necessidades da area da Segurança do Trabalho, e a padronização das cores através das normas técnicas teve abrangência mundial, facilitando, desse modo, a interpretação do risco por parte dos trabalhadores. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6.493: Emprego das cores para identificação de tubulações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7.195: Cores para segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2019b. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 ago. 2021. BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 109, de 15 de março de 2021. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc109.htm. Acesso em: 28 ago. 2021. BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 1943. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 28 ago. 2021. BRASIL. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm. Acesso em: 28 ago. 2021. BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 28 ago. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-05: comissão interna de prevenção de acidentes. Brasília, DF: 2019a. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. NR-09: programa de prevenção de riscos ambientais. Brasília, DF: 2019b. Disponível em: . Acesso em: 3 jan. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Secretaria do Trabalho. NR-17: Ergonomia. Brasília, DF: 2018. Disponível em: . Acesso em: 16 set. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Secretaria do Trabalho. NR-26: Sinalização de segurança. Brasília, DF: 2015. Disponível em: . Acesso em: 16 set. 2021. BRASIL. Portaria SSST nº 25 DE 29 de dezembro de 1994. Aprova a Norma Regulamentadora nº 9–Riscos Ambientais, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1994. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/ legislacao/?id=181316. Acesso em: 28 ago. 2021. JOSÉ FILHO, W. L. CLT Organizada para Anotações. 4. ed. São Paulo: Editora Magistrados Trabalhistas, 2021. Disponível em: http://www.magistradotrabalhista. com.br/2017/04/clt-organizada-para-anotacoes.html. Acesso em: 12 maio 2021. PONZETTO, G. Mapa de Riscos Ambientais: aplicado à Engenharia de Segurança do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Editora LTR. 152 p. 47 Controle de riscos Autoria: Marcos Antonio Dias Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Explicar o controle de riscos. • Conhecer a hierarquia de controle de riscos. • Compreender a qualidade no controle de riscos. 48 1. Introdução O risco é um elemento que ocorre