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APOSTILA-GERÊNCIA-DE-RISCOS

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 
2 GERÊNCIA ..................................................................................................... 5 
3 RISCOS .......................................................................................................... 6 
4 A evolução do homem e o risco ...................................................................... 9 
5 a evolução do prevencionismo ..................................................................... 10 
6 erro humano ................................................................................................. 14 
7 Conceituação e definição de termos ............................................................. 18 
7.1 Perigo ..................................................................................................... 18 
7.2 Desvio .................................................................................................... 18 
7.3 Segurança .............................................................................................. 19 
7.4 Dano....................................................................................................... 19 
7.5 Causa ..................................................................................................... 20 
7.6 Sistema .................................................................................................. 20 
7.7 Probabilidade ......................................................................................... 20 
7.8 Confiabilidade ........................................................................................ 20 
7.9 Sinistro ................................................................................................... 21 
7.10 Incidente ............................................................................................. 21 
7.11 Perdas................................................................................................. 21 
7.12 Ato inseguro ........................................................................................ 21 
7.13 Condição insegura .............................................................................. 22 
7.14 Fator pessoal de insegurança ............................................................. 22 
7.15 Nível de exposição .............................................................................. 22 
7.16 Acidente .............................................................................................. 22 
7.17 Risco ................................................................................................... 23 
8 riscos ocupacionais....................................................................................... 24 
 
3 
 
9 TÉCNICAS PARA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS ................ 27 
10 Brainstorming ............................................................................................ 31 
10.1 Aplicação da técnica de Brainstorming ............................................... 32 
11 Listas de Verificação (Checklist) ................................................................ 32 
12 GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS .................................. 33 
12.1 UMA NOVA PROPOSTA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............ 34 
12.2 NR-1, ISO 45.001 e SGSSO e suas similaridades ............................. 36 
12.3 Relação SGSSO e a ISO 45.001 ........................................................ 36 
12.4 PGR - Definições, origem e abrangência. ........................................... 38 
13 constatações ............................................................................................. 46 
14 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 47 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para 
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça 
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
5 
 
2 GERÊNCIA 
 
Fonte: pixabay.com 
 
 
Gerência é uma designação utilizada para especificar a função de coordenação dos 
colaboradores de um empresa, órgãos governamentais e entidades do terceiro setor, no 
gerenciamento das tarefas da equipe. Este é um termo diretamente relacionado ao 
monitoramento e coordenação do comportamento ou efeitos das atividades dentro das 
organizações. 
Normalmente, o termo “gerência” também se refere a um grupo de colaboradores 
que pertencem aos níveis mais altos das organizações e estes possuem como 
responsabilidade a coordenação de recursos da empresa, representação da 
organização perante a parceiros, controle de metas e objetivos a alcançar, portanto, este 
é responsável tanto pelo sucesso como pelo fracasso da organização. 
Na interpretação de REED (1989), o papel dos gestores costuma assumir, nas 
abordagens sobre gestão por ele criticadas, distintas caracterizações, a saber: 
Na perspectiva técnica, cabe aos gerentes a busca de resultados eficientes, 
obtidos pelos instrumentos e técnicas formais que, em determinados momentos, 
impõem-se às suas ações; 
Na perspectiva política, o corpo gerencial é considerado como agente calculador 
que utiliza espaços de poder em ambientes de grandes incertezas, sob os quais têm 
 
6 
 
pouco controle, buscando fazer valer seus objetivos e interesses nas “arenas” 
organizacionais 
Na perspectiva crítica, os gestores são portadores e defensores da transmissão 
de uma ordem econômica que é dissimulada por meio de instrumentos ideológicos. 
Normalmente, a gestão comanda um departamento e pode ou não acumular 
funções de gerenciamento em outros departamentos. Essas funções incluem organizar, 
planejar e executar atividades para promover o trabalho dos membros da organização. 
Portanto, o gestor deve cuidar dos processos e do pessoal do departamento onde atua, 
planejar ações, tomar decisões e delegar tarefas 
 
3 RISCOS 
 
Fonte: https://bit.ly/3ChOtDZ 
Risco é a ameaça ou perigo de um evento específico. Correr o risco é vivenciar eventos 
perigosos, ou seja, eventos imprudentes podem levar a certas consequências. O termo 
risco é utilizado em muitas situações, como risco ambiental, de epidemia, de morte, 
biológico, de acidente, financeiro, etc. 
Padoveze (2010, p. 612) classifica o conceito de risco nas perspectivas abaixo: 
Risco como oportunidade: Implícito no conceito de risco e retorno. Quanto maior 
o risco, maior o potencial de retorno, e necessariamente, de perda. Neste contexto, a 
 
7 
 
gestão de riscos significa utilizar técnicas para maximizar as oportunidades e minimizar 
os riscos. 
Risco como perigo ou ameaça: Refere-se a eventos potencialmente negativos 
como: perdas financeiras, fraudes, danos à reputação, roubo ou furto, morte ou 
injúria, falhas de sistemas ou demandas judiciais. Neste cenário, a gestão de riscossignifica implementar ações administrativas para reduzir a probabilidade de eventos 
negativos sem incorrer em custos excessivos ou paralisar a organização. 
Risco como incerteza: Relacionado à distribuição de todos os resultados 
possíveis, sejam positivos ou negativos. Neste panorama, a gestão de risco procura 
reduzir a variância entre os resultados planejados x reais. 
Segundo WHARTON56 a palavra risq, em árabe, significa algo que lhe foi dado (por 
Deus) e do qual você tirará proveito, possuindo um significado de algo inesperado e 
favorável ao indivíduo. Em latin, riscum conota algo também inesperado, mas 
desfavorável ao indivíduo. Em grego, uma derivação do árabe risq, esta palavra relata a 
probabilidade de um resultado sem imposições positivas ou negativas. O francês risque 
tem significado negativo, mas ocasionalmente possui conotações positivas, enquanto 
que, em inglês, risk possui associações negativas bem definidas. 
Portanto, de um ponto de vista mais científico, o significado do termo risco pode ser 
o resultado inesperado de uma ação ou decisão, seja um resultado positivo ou negativo, 
ou um resultado indesejável e a possibilidade de sua ocorrência. No entanto, vemos o 
risco como a incerteza de eventos inesperados que ocorrem em sistemas industriais. 
Nesse sentido, são múltiplas as definições do termo “risco” buscando um significado 
mais completo. 
De acordo com Sommerville, 2003, o risco é a probabilidade de que alguma 
circunstância adversa realmente venha a acontecer, e pode afetar tanto o projeto de 
software em desenvolvimento quanto a organização. Muitos outros autores também 
definem riscos não apenas como sendo uma probabilidade, mas também como sendo 
algo que já aconteceu. Normalmente, a gerência de risco não controla esse tipo de risco, 
ou seja, a gerência de risco gerencia apenas os possíveis riscos antes da ocorrência do 
fato possível, sendo assim uma gerência preventiva. 
 
8 
 
Sommerville, 2003, ainda defende que os riscos podem ocorrer por diversas 
decorrências, como requisitos mal definidos, dificuldade de estimar prazos e recursos, 
dependência de habilidades individuais, mudanças nos requisitos, entre outros. 
DE CICCO e FANTAZZINI, (1994), atribuem dois significados à palavra risco. O 
primeiro, influenciado pelo trabalho de BASTIAS, (1977), associa o risco a "uma ou mais 
condições que podem variar e ter potencialidade necessário para causar danos, que 
podem ser entendidos como lesões a pessoas, equipamentos e instalações danificados, 
impactos negativos ao meio ambiente, perda de material no processo ou diminuição da 
capacidade de produção". Desta forma, a um risco sempre estará associada uma 
probabilidade de que ocorra efeitos adversos. No segundo significado atribuído à 
palavra, risco "indica uma possibilidade de possíveis danos em um período específico 
de tempo ou determinados de ciclos operacionais", e pode ser relacionado à 
probabilidade de que haja uma ocorrência de acidente multiplicado pelo dano decorrente 
deste acidente, em unidades operacionais, monetárias ou humanas. 
A identificação dos riscos permite aos gestores estimar o custo de evitar ou reduzir 
riscos, ou seja, reduzir a possibilidade de problemas. Depois de entender o custo, pode-
se escolher se deseja tomar medidas preventivas. Às vezes, esperar que o risco ocorra é 
mais vantajoso do que tentar mitigar o risco para aumentar o custo do projeto, por 
exemplo, quando a identificação dos riscos que requerem recursos significativos para 
mitigar o risco. 
Nesse ponto, duas tendências óbvias podem ser observadas na definição de 
risco, uma está abordando o risco de forma objetiva e a outra está abordando o risco de 
forma subjetiva. Do ponto de vista objetivo, o risco representa a possibilidade de eventos 
adversos, que podem ser facilmente quantificados por meio de métodos estatísticos. Do 
ponto de vista subjetivo, o risco está relacionado à possibilidade de acidentes e depende 
de uma avaliação separada da situação, não podendo ser quantificado. 
 
9 
 
4 A EVOLUÇÃO DO HOMEM E O RISCO 
 
Fonte: https://bit.ly/3MkrqwN 
As atividades humanas inerentes, desde o início, estão inerentemente associadas 
a riscos potenciais. E, com certa frequência, rocasionam em lesões físicas, incapacidade 
temporária ou permanente e morte. (RUPPENTHAL, 2013). 
Nesse contexto, as atividades de caça e pesca, vitais para os primórdios da 
existência humana, foram afetadas por acidentes que muitas vezes reduziram a 
produtividade por traumas físicos. Quando o homem das cavernas se tornou artesão, 
descobrindo minérios e metais, conseguiu facilitar seu trabalho fazendo as primeiras 
ferramentas. E, assim, surgiram as primeiras doenças ocupacionais, causadas pelos 
materiais de uso na confecção de artefatos e ferramentas. (RUPPENTHAL, 2013). 
A primeira informação que se tem sobre a necessidade de segurança no 
trabalho, alusiva à preservação da saúde e da vida dos trabalhadores, está 
registrada em um documento egípcio, Papiro Anastácio V, quando o descreve. 
Condições de trabalho de um pedreiro: “Se trabalhares sem roupas, teus braços 
se desgastam e tu te devoras a ti mesmo, pois, não tens outro pão que os seus 
dedos”. Desta forma, o homem evoluiu para a agricultura e o pastoreio, chegou 
à fase do artesanato e alcançando à era industrial, sempre acompanhada de 
novos e diferentes riscos que afetam a vida e a saúde. (RUPPENTHAL, 2013). 
Ser atento aos perigos, encontrar formas de controlar ocasiões de risco, promover 
técnicas de proteção, efetuar pesquisas sobre materiais de produtos mais seguros, 
procurar por esses materiais em especifico, aplicar os conhecimentos adquiridos a uma 
 
10 
 
filosofia de preservação, foram ações importantes que caracterizaram a evolução 
humana ao longo da sua jornada. A princípio, os requisitos de segurança dominaram 
preocupações individuais. Só muito lentamente, historicamente, o conceito de proteção 
individual foi substituído pelo de proteção tribal. (RUPPENTHAL, 2013). 
O conceito de prevenção evoluiu com a racionalidade e capacidade 
organizacional da espécie humana, desenvolvendo a habilidade de antecipar e 
reconhecer os riscos das suas atividades (RUPPENTHAL, 2013). 
O estudo da relação entre o homem e o trabalho sobre os riscos decorrentes 
dessa relação começou de forma mais ampla com o médico italiano Bernardino 
Ramazzini, considerado o pai da medicina do trabalho. Outros estudiosos apresentaram 
suas contribuições para o tema, ao longo dos anos, o que levou a uma evolução e 
mudança de conceitos que expandiam sua abordagem. (RUPPENTHAL, 2013). 
Nesse contexto, os acidentes ocupacionais passam eventos incontroláveis e 
aleatórios para se tornarem eventos indesejáveis e causas conhecidas e evitáveis. 
Mudando, assim, o modelo tradicional de segurança, baseado em trabalhos estatísticos 
(RUPPENTHAL, 2013). 
5 A EVOLUÇÃO DO PREVENCIONISMO 
Ruppenthal (2013) nos mostra que: 
O início da Revolução Industrial em 1780, a invenção da máquina a vapor por 
James Watts em 1776 e do regulador automático de velocidade em 1785, 
marcaram profundas alterações tecnológicas no mundo. Foi esse avanço 
tecnológico que permitiu a organização das primeiras fábricas modernas, a 
extinção das fábricas artesanais e o fim da escravatura, significando uma 
revolução econômica, social e moral (RUPPENTHAL, 2013). 
Também foi com o surgimento das primeiras indústrias que os acidentes de 
trabalho e as doenças profissionais se alastraram, tomando grandes proporções. Os 
acidentes de trabalho e as doenças eram provocados por substâncias e ambientes 
inadequados devido às condições em que as atividades fabris se desenvolviam. Grande, 
também, era o número de doentes e mutilados (RUPPENTHAL, 2013). 
Melhorias apareceram com trabalhadores especializados e treinados para lidar 
com dispositivos que necessitavamde atenção especial para garantir a maior proteção 
 
11 
 
e melhor qualidade. Tentativas isoladas eram realizadas para controlar acidentes e 
doenças ocupacionais. No entanto, esta situação de acidentes e baixa durou até a 
Primeira Guerra Mundial. (RUPPENTHAL, 2013). 
Depois da Primeira Guerra Mundial surgiram as primeiras tentativas científicas de 
proteção dos trabalhadores, que tratavam de pesquisas sobre doenças, condições 
ambientais e arranjo de máquinas, dispositivos e sistemas, bem como das proteções 
necessárias para evitar que ocorra acidentes e incapacidades. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, se desenvolveu o movimento prevencionista, 
devido a percepção de que a capacidade industrial dos países em conflito seria o ponto 
crucial para determinar o vencedor. Essa capacidade seria mais facilmente atingida com 
uma quantidade maior de trabalhadores em produção ativa. Daí em diante, a higiene e 
segurança do trabalho passou a ser uma função importante nos processos produtivos. 
Nos países da América Latina, as preocupações com acidentes e doenças 
ocupacionais surgiram mais tarde. No Brasil, os primeiros passos começaram no início 
da década de 1930, sem grandes resultados. Na década de 1970, o Brasil foi apontado 
em primeiro lugar em acidentes do trabalho (RUPPENTHAL, 2013). 
Ainda com Ruppenthal (2013): 
A segurança do trabalho, para ser entendida como prevenção de acidentes na 
indústria, deve preocupar-se com a preservação da integridade física do 
trabalhador, mas também precisa ser considerada como fator de produção. Os 
acidentes, provocando ou não lesão no trabalhador, influenciam negativamente 
na produção através da perda de tempo e outras consequências tais como: 
perdas materiais, diminuição da eficiência do trabalhador acidentado ao retornar 
ao trabalho, aumento da renovação de mão de obra, elevação dos prêmios de 
seguro de acidente e moral dos trabalhadores afetada (RUPPENTHAL, 2013). 
Os custos sobre acidentes de trabalho são um empecilho ao plano de 
desenvolvimento socioeconômico de qualquer país. Porque, chegam na forma de gastos 
com assistência médica e reabilitação dos trabalhadores incapacitados, indenizações e 
pensões direcionadas aos trabalhadores enfermos ou suas famílias, prejuízos 
financeiros referentes de recesso na produção, danos materiais aos equipamentos, 
perdas de insumos, perda de prazos na entrega de produtos e outros imprevistos que 
prejudicam o andamento normal do processo produtivo (RUPPENTHAL, 2013). 
Desta forma, os pesquisadores dedicam-se a estudar novas e melhores meios de 
preservar a integridade física do homem e do ambiente em que atua, por meio do 
controle e prevenção de perigos potenciais. 
 
12 
 
Assim, inicialmente, surgiram e se desenvolveram ações voltadas à prevenção de 
danos causados às pessoas, consequências das atividades laborais. Regras e 
regulamentos foram estabelecidos com o propósito social de reparar danos a saúde e 
lesões pessoais. No entanto, a medida em que a preocupação quanto a reparação das 
lesões se acumulava, estudiosos como H. W. Heinrich e R. P. Blake, apontavam outro 
enfoque. Indicavam a importância das ações para evitar acidentes antes de se tornar 
uma realidade concreta. Juntamente ao seguro social, desenvolveram-se estudos e 
técnicas que propiciaram a evolução do prevencionismo (RUPPENTHAL, 2013). 
De acordo com Ruppenthal (2013): 
O engenheiro H. W. Heinrich em seus estudos chegou ao seguinte resultado 
proporcional: 1:29:300, isto é, 1 lesão incapacitante para 29 lesões leves e 300 
acidentes sem lesões. Essa proporção originou a pirâmide de Heinrich. 
 
 
Figura 1.1 Piramide de Heirich. Fonte: CTISM, adaptado de DeCicco; Fantazzini, 2003 
Ampliando esses estudos, o engenheiro Frank E. Bird Jr., analisou acidentes 
ocorridos em 297 empresas, representando 21 grupos de indústrias diferentes 
com mais de 1.750.000 operários, chegando à uma proporção de 1:10:30:600. 
1 lesão incapacitante, 10 lesões leves, 30 acidentes com danos à propriedade e 
600 incidentes. A partir dessas relações 1-10-30-600 é possível concluir que o 
esforço de ação deve ser dirigido para a base da pirâmide e não apenas para os 
eventos resultantes em lesão grave ou incapacitante. Isso porque, as lesões 
principais são eventos raros e dessa forma, muitas oportunidades para uma 
aprendizagem sobre prevenção estão disponíveis em eventos menos graves, 
principalmente incidentes, primeiros socorros e atos inseguros (RUPPENTHAL, 
2013). 
 
13 
 
 
 
Figura 1.2: Pirâmide de Bird. Fonte: CTISM, adaptado de De Cicco; Fantazzini, 2003 
Um estudo realizado em 2003 demonstrou uma grande diferença na proporção 
de acidentes graves e quase acidentes, constatando que para cada morte há 
pelo menos 300.000 comportamentos de risco (RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
Figura 1.3: Conocophillips marine safety pyramid. Fonte: CTISM 
 
14 
 
Esses comportamentos de risco podem incluir ignorar dispositivos de segurança 
em máquinas ou executar uma função por meio de atalhos que resultam na 
eliminação dos fatores de segurança do processo de produção (RUPPENTHAL, 
2013). 
 
6 ERRO HUMANO 
O comportamento humano nem sempre é consistente e lógico, por isso não segue 
padrões rígidos estabelecidos. Fatores humanos podem afetar significativamente a 
confiabilidade do sistema e também nas perdas acidentais. O erro humano é uma 
mudança incomum em relação a uma norma ou padrão estabelecido. Portanto, a 
identificação do erro humano não é simples e direta, mas depende de uma definição 
clara do comportamento ou resultado esperado. O processo de percepção e aceitação 
do risco e de tomada de decisão, é uma característica dos principais fatores do erro 
humano. A Figura 1.4, representa o hexágono das causas do erro humano (COUTO, 
2009 apud RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
Figura 1.4: Hexágono de causas de erro humano. Fonte: CTISM, adaptado de Couto, 2009 
 
15 
 
O erro humano por falta de atenção e inerente a natureza humana. São 
exemplos: 
 
O erro humano por condições ergonômicas inadequadas está relacionado a 
situação ou condições de trabalho, como por exemplo: 
 
 
São exemplos de erro humano por ausência de aptidões físicas ou 
cognitivas: 
 
16 
 
 
 
 
 
 
São exemplos de erro humano por falta de capacidade: 
 
 
 
O erro humano por falta de formação ou informação acontece quando 
há: 
 
 
17 
 
 
 
Causas do erro humano por falta de motivação: 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
que ocorra a sua falha, reduzindo-se, dessa maneira, a probabilidade de erro humano. 
Mesmo assim, mesmo com todos os riscos conhecidos, a possibilidade de erro humano 
ainda existe, pois cada indivíduo organiza e interpreta as situações de forma diferente. 
(RUPPENTHAL, 2013). 
 
7 CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÃO DE TERMOS 
Agora, serão apresentados alguns conceitos relevantes para o prosseguimento 
dos estudos sobre o processo de gerenciamento de riscos. 
7.1 Perigo 
 
 
 
 
7.2 Desvio 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte ou situação (estado) com potencial para causar lesões, doenças, 
danos materiais, danos ambientais ou uma combinação destes. Mudanças nas 
condições podem causar danos como: ferimentos pessoais, danos a 
equipamentos, instalações e meio ambiente, perda de materiais no processo ou 
redução da capacidade de produção. (RUPPENTHAL, 2013). 
 
É uma ação ou condição com potencial, direta ou indiretamente, para 
criar danos a pessoas, impacto patrimonial ou ecológico, em desconformidade 
com os padrões trabalhistas, procedimentos, requisitos legais ou regulatórios, 
requisitos do sistema de gestão ou boas práticas. A noção de desvio é 
semelhante à de perigo, com a diferença de que um desvio está associado ao 
não cumprimentode requisitos pré-definidos. (RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
19 
 
Portanto, todo desvio é um risco, mas nem todos os riscos são desvios, como 
perigos naturais ou riscos de mudanças não padronizadas e processos inovadores. 
Desvios são frequentemente evidenciados por inspeções in loco, e são um importante 
componente na auditoria comportamental. Perigos podem ser identificados tanto in loco 
quanto por análise a priori ou técnicas de análises de risco. O encadeamento de perigos 
ou desvios normalmente são os responsáveis por acidentes (RUPPENTHAL, 2013). 
7.3 Segurança 
Ruppenthal (2013) diz que: 
Segurança é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzido 
por saúde, paz e harmonia. E a segurança do trabalho é a garantia do estado 
de bem-estar físico e mental do trabalhador para a empresa, e, se possível, fora 
do ambiente dela. É um compromisso acerca de uma relativa proteção da 
exposição a perigos (RUPPENTHAL, 2013). 
7.4 Dano 
É a negativa resultante do acidente que cria prejuízo. Gravidade da perda 
humana, material ou financeira que pode ocorrer no caso de falha no controle do risco. 
A probabilidade e a extensão da exposição podem não mudar e, mesmo assim, haverá 
uma diferença na gravidade do dano. 
Os danos podem ser: 
 
 
 
 
 
 
 Pessoais – lesões, ferimentos, perturbação mental. 
 Materiais – danos em aparelhos, equipamentos. 
 Administrativo – prejuízo monetário, desemprego em massa. 
 
 
20 
 
7.5 Causa 
De acordo com Ruppenthal (2013) diz que: 
Origem, de caráter humano ou material, relacionada com o evento catastrófico 
ou acidente, pela materialização de um perigo, resultando em danos. É aquilo 
que provocou o acidente, sendo responsável por sua ocorrência, permitindo que 
o risco se transformasse em dano. Antes do acidente existe o risco. Após o 
acidente existe a causa. Existem três tipos de causas: atos inseguros, condições 
inseguras e fator pessoal de insegurança (RUPPENTHAL, 2013). 
7.6 Sistema 
 
 
 
 
 
 
7.7 Probabilidade 
 
 
 
 
7.8 Confiabilidade 
 
 
 
 
 
 É um arranjo ordenado de componentes que estão interconectados e que 
atuam e interagem com outros sistemas, para realizar alguma tarefa ou função 
previamente definida (objetivo), em um ambiente. Um sistema pode conter ainda 
vários outros sistemas básicos, chamados subsistemas (RUPPENTHAL, 2013). 
 
É a chance de ocorrer uma falha que pode gerar um determinado 
acidente. Essa falha pode ser de um equipamento ou componente do mesmo, 
podendo ser ainda uma falha humana. 
É quantitativamente determinada como sendo a probabilidade que um 
componente, dispositivo, equipamento ou sistema desempenhe 
satisfatoriamente suas funções por um determinado espaço de tempo e sob um 
dado conjunto de condições de operação (RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
21 
 
7.9 Sinistro 
É uma perda sofrida por uma organização, garantida por seguro ou por outros 
meios. 
7.10 Incidente 
Ainda com Ruppenthal (2013): 
Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos, que por 
algum fator, não leva ao acidente. Também denominado de quase acidente. 
Esse evento é muitas vezes atribuído ao anjo da guarda. O estudo dos 
incidentes leva ao conhecimento sobre as causas, que poderiam vir a tornar-se 
acidentes (RUPPENTHAL, 2013). 
7.11 Perdas 
As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a perdas mensuráveis, ou 
imateriais, quando se referem a fatores de difícil mensuração, como a imagem de uma 
empresa. 
7.12 Ato inseguro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É qualquer ação, consciente ou inconsciente, realizado pelo trabalhador ou 
empresa, capaz de provocar danos ao trabalhador, a seus companheiros ou a 
máquinas, materiais e equipamentos. Está diretamente ligada a falha humana. Os 
atos inseguros são cometidos por imprudência, imperícia ou negligência. Exemplo: 
a falta de treinamento, excesso de trabalho, pressa, teimosia, curiosidade, 
improvisação e autoconfiança (RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
22 
 
7.13 Condição insegura 
 
 
 
 
 
 
7.14 Fator pessoal de insegurança 
Os problemas pessoais de um indivíduo podem causar acidentes, como 
problemas de saúde, problemas familiares, dívidas, alcoolismo, uso de substâncias 
tóxicas, entre outros. 
7.15 Nível de exposição 
Trata-se de enfrentar um risco que promove a sua realização como causa de um 
acidente e danos consequentes. A gravidade varia de acordo com as medidas de 
controle aplicadas, a saber: 
 
 
7.16 Acidente 
Ruppenthal (2013) diz que: 
Toda ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento 
não previsto, ou se previsto, não é possível precisar quando acontecerá. Há 
diferentes conceitos para acidente, os principais são o legal e o prevencionista. 
Conceito legal – acidente é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a 
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que 
São irregularidades ou deficiências no ambiente de trabalho que colocam em 
risco a integridade física e a saúde do trabalhador, bem como o patrimônio material 
da empresa. A falta de limpeza e organização no ambiente de trabalho, assim como 
máquinas e equipamentos sem proteção ou com a segurança improvisada, são 
fatores que geram a condição insegura (RUPPENTHAL, 2013). 
 
 
23 
 
cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade 
laboral para o trabalho. Conceito prevencionista – acidente é uma ocorrência 
não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo 
normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos 
trabalhadores ou danos materiais (RUPPENTHAL, 2013). 
8 RISCO ALGUMAS DFINIÇÕES 
Risco é uma derivação da antiga língua italiana denominada “risicare”, que 
representa evolução social, científica e tecnológica do ser humano em “ousar”, que 
possibilita uma “escolha” do homem e não um destino divinamente determinado. 
Alguns autores como como Ruppenthal (2013) costumam definir risco como: 
 a possibilidade de um evento adverso que possa afetar negativamente a 
capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos. Nesse contexto, 
o risco é considerado um evento indesejável. No entanto, ao se apostar na Mega 
Sena, corre-se o risco de ganhar, o que, de forma alguma, é algo negativo ou 
indesejável. Para esses autores, a possibilidade de um evento conduzir-se a um 
resultado favorável é chamada de chance, enquanto a possibilidade de um 
evento conduzir-se a um resultado desfavorável é de risco (RUPPENTHAL, 
2013). O risco poderá ter pelo menos três significados: 
 
 
 
 
24 
 
 
9 RISCOS OCUPACIONAIS 
Historicamente, as conceituações sobre os riscos ocupacionais foram concebidas 
de modo a vincular relações diretas entre as doenças profissionais e os acidentes de 
trabalho, o que fez surgir a formulação segundo a qual os riscos poderiam ser 
determinados a partir de suas consequências visíveis. Ou seja, uma perspectiva que 
concebe o risco ocupacional como decorrência do ambiente físico, das máquinas e dos 
equipamentos, dos produtos e de substâncias tóxicas, sem considerar as 
particularidades de processos de trabalhos singulares, da variabilidade humana e, 
sobretudo, sem levar em conta dimensões não mensuráveis ou invisíveis, como aquelas 
relacionadas ao sofrimento psíquico no trabalho (PORTO, 2000 apud NASCIMENTO et 
al., 2010). 
Segundo Pereira (1995), Rouquayrol e Goldbaum (1999) apud Nascimento et al., 
(2010), o risco ocupacional é definido em termos da probabilidade de que um 
determinado evento venha a ocorrer, estimando se essa ocorrência se efetivará num 
futuro imediato ou remoto, além de analisar os fatores predisponentes a esse suposto 
acontecimento. 
Para Mazet e Guillermain (1997, p. 23) citados por Nouroudine (2004, p. 39) “... 
nas definições habituais, o risco caracteriza a eventualidade de um evento (ou de uma 
situação) não desejada (ou temida) e seus efeitos ou conseqüências”. 
Observa-se que amaioria das conceituações sobre riscos ocupacionais enfoca 
os aspectos da negatividade que estes comportam em relação à saúde dos 
trabalhadores e, também, às organizações, no sentido em que podem acarretar 
diminuição de produtividade e de qualidade. 
Segundo uma perspectiva mais inovadora, Nouroudine (2004) apud Nascimento 
et al., (2010) chama a atenção para o fato de que muito se tem dito sobre o risco como 
sinal de deteriorização mais ou menos grave de umo estado de segurança e saúde. No 
entanto, é preciso que se considere que os trabalhadores, para enfrentarem os riscos, 
usam sua criatividade atrelada aos saberes-fazer de prudência, muito embora esses 
sejam desconsiderados pela gerência. A problematização acerca do risco permanece 
 
25 
 
mal definida e pouco clara. O autor recorre a Jacques Leplat, um dos fundadores da 
Sociedade de Ergonomia de Língua Francesa, para ressaltar a necessidade de 
distinguir-se “risco” de “perigo”, ou seja, mesmo quando vinculados, o risco aponta para 
a possibilidade de que um perigo se atualize, isto é, de que acarrete efetivamente danos, 
em condições determinadas. 
Estamos, portanto, numa visão negativa do risco como fenômenos 
potencialmente perigosos em que é preciso justamente impedir a atualização de 
sua periculosidade. O estudo do risco, desse ponto de vista, conduz à tomada 
de disposições para eliminá-lo, neutralizá-lo e dominá-lo. Os diferentes métodos 
ou abordagens existentes tratam da questão do risco nessa acepção [...] o risco 
a partir [e em torno] do qual as diferentes abordagens convergem é 
exteriorizado, objetivado e qualificado negativamente. (NOUROUDINE, 2004, p. 
39 apud NASCIMENTO et al., 2010) 
Para o autor, as definições sobre riscos ocupacionais carecem ainda de exatidão, 
na medida em que se encontram retidas entre uma hipertrofia das normas de segurança 
pré definidas – sem considerar as atividades e o saber dos sujeitos que as realizam – e 
as estratégias de defesa constituídas pelos trabalhadores na clandestinidade da 
atividade. “A noção de risco, como as de carga e de fadiga, faz parte dessas noções mal 
definidas, de estatuto incerto, mas que retornam freqüentemente na linguagem, mesmo 
quando já percebemos suas insuficiências” (LEPLAT apud NOUROUDINE, 2004, p. 37). 
De acordo com Porto (2000), deve-se adotar uma concepção mais abrangente 
sobre os riscos ocupacionais, levando-se em conta os interesses dos trabalhadores e 
sua efetiva participação na prevenção, análise e tratamento dos mesmos. Assim, os 
riscos devem ser compreendidos como: 
[...] toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou circunstância 
presente num dado processo e ambiente de trabalho possa causar dano à 
saúde, seja através de acidentes, doenças ou sofrimento dos trabalhadores, ou 
ainda através da poluição ambiental (PORTO, 2000, p. 8 apud NASCIMENTO 
et al., 2010). 
É importante salientar que a maioria das definições sobre riscos no trabalho 
prescreve a identificação e o tratamento desses “elementos potencialmente perigosos”, 
a partir de um enfoque exterior àqueles que exercem, na prática, as atividades laborais 
– os trabalhadores – principais vítimas da ineficácia dos métodos de prevenção adotados 
(NASCIMENTO et al., 2010). 
 
26 
 
Apesar de todos os programas de prevenção e controle da saúde dos 
trabalhadores, determinarem a participação destes nos processos de elaboração de 
“mapas de risco”1 através das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA´s), 
a palavra final sobre os riscos ocupacionais e sobre os acidentes de trabalho fica a cargo 
de técnicos qualificados para proceder a tal diagnóstico. Regra geral, técnicos ou 
engenheiros em segurança do trabalho ou médicos do trabalho. 
É nisso que uma lógica de exatidão anima tais abordagens do risco, as quais se 
traduzem na elaboração de dispositivos técnicos, materiais e organizacionais 
que supostamente permitem evitar o perigo, o acidente, visto que, estando a 
causa exatamente definida e os efeitos exatamente conhecidos por antecipação, 
podemos determinar exatamente os meios capazes de impedir a causa de um 
efeito nocivo. Isso implica o sentimento de poder efetivamente ter domínio sobre 
o risco termo a termo no processo de trabalho. (NOUROUDINE, 2004, p. 42 
apud NASCIMENTO et al., 2010) 
Essas abordagens, entretanto, abarcam apenas aquela faceta do trabalho 
passível de antecipação, ou de suposição de antecipação, posto que desprezam a parte 
que não se pode prever, sobre a qual não se pode objetivar, excluindo da sua concepção 
a experiência real do trabalho. É nesse sentido que o autor citado chama a atenção para 
a necessidade de um giro de perspectiva que possa, contrapondo-se à abordagem 
técnica e estatística do risco, levar em consideração a abordagem dos trabalhadores 
sobre os mesmos, a fim de “construir o sentido do risco pela diferença que existe entre 
a abordagem estatística e a dos opera- dores” (NOUROUDINE, 2004, p. 43 
NASCIMENTO et al., 2010). 
Na reflexão deste autor a realização do trabalho no sentido de atividade humana, 
ou seja, pelo engajamento corporal, cognitivo e mental por parte dos atores, é de ponta 
a ponta atravessada pelo risco. Desta forma se descortina uma nova maneira de se 
encarar o risco na busca pelos meios (organizacionais, técnicos e humanos) que 
favoreçam a sua gestão, o que leva a considerá-los positiva- mente, como ocasião de 
expressão da criatividade nas atividades humanas (NASCIMENTO et al., 2010). 
A defasagem existente entre as normas de segurança e o savoir-faire dos 
trabalhadores demanda que seja construída uma noção de risco ocupacional inte- 
gradora. De um lado, que as políticas de prevenção dos riscos ocupacionais sejam 
elaboradas de modo a incorporar as experiências dos trabalhadores e trabalhado- ras – 
principais interessados na promoção e preservação da saúde no trabalho – e, de outro 
 
27 
 
lado, que o saber técnico especializado possa servir como ferramenta de auxílio à 
prevenção, visando à integridade da vida humana (NASCIMENTO et al., 2010). 
Doravante serão apresentadas as concepções mais tradicionais em segurança do 
trabalho relativas à prevenção dos riscos ocupacionais. Optou-se, para os fins deste 
trabalho, por não se fazer limitações dessas abordagens a nenhum setor específico da 
produção para tratar a questão de modo mais abrangente (NASCIMENTO et al., 2010). 
Em seguida, será apresentada especificamente a perspectiva da Psicodinâmica 
do Trabalho especificamente, através das conceituações de “saberes de prudência” e 
de “regras de ofício”, com vistas a contribuir na promoção de um debate que amplie as 
discussões e as ações nessa área, visando uma possibilidade de transformação das 
práticas vigentes em prol da saúde dos trabalhadores (NASCIMENTO et al., 2010). 
10 TÉCNICAS PARA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS 
Conforme diz a norma NBR ISO/IEC 31010, o processo de avaliação de riscos é 
a fase global que envolve as etapas de identificação de riscos, avaliação de riscos e a 
análise dos riscos propriamente dita, decidir se os riscos são aceitáveis ou toleráveis e 
ajudar a entender os riscos, suas causas, consequências e probabilidades. O resultado 
desse processo é a contribuição para a etapa decisória da organização em questões 
como se é conveniente realizar uma atividade ou se é necessário lidar com riscos, sobre 
as opções de tratamento de risco preferidas, sobre a melhor estratégia de tratamento 
que reduzirá os riscos indesejados a um nível aceitável e assim por diante. (Figura 2.1) 
(ABNT, 2012, ABNT, 2018ª apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
 
 
28 
 
 
Figura 2: Fonte: ABNT (2018a adaptado HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021) 
Os dados obtidos na identificação, análise e avaliação dos riscos ocupacionais 
devem ser consolidados em um inventário de riscos ocupacionais (BRASIL, 2020 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021),que deve contemplar, no mínimo, as seguintes 
informações: 
a) caracterização dos processos e ambientes de trabalho; b) caracterização das 
atividades; c) descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde 
dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, descrição 
de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores 
sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas; 
d) dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes 
físicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos 
termos da NR-17. e) avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de 
elaboração do plano de ação; e f) critérios adotados para avaliação dos riscos e 
tomada de decisão (BRASIL, 2020, p.7 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 
2021). 
Na identificação de perigos e riscos, o objetivo é levantar possíveis perigos 
(fontes) e riscos presentes em uma situação de trabalho e as pessoas que estão 
expostas a ele e, para isso pode-se fazer uso de algumas técnicas, como listas de 
verificação (checklists), “What if? / E se?”, “brainstorming”, entre outras (ABNT, 2012). A 
NBR ISO/IEC 31010 afirma ainda que podem ser utilizadas técnicas de raciocínio 
indutivo, como a ferramenta Hazard and Operability Study (HAZOP) (ABNT, 2012 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
 
29 
 
Podemos começar com uma verificação de riscos, que nada mais é do que uma 
busca pelos riscos comuns, descritos na bibliografia, o que facilita a prevenção e 
detecção de acidentes e como encontrar possíveis soluções. relata que dentre esses 
riscos mais frquentes, podemos citar alguns: falta de proteção de máquinas e 
equipamentos, falta de ordem e limpeza, má iluminação e instalação elétrica, falhas nos 
eixos, etc.( RUPPENTHAL, 2013 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
Segundo a NR 1, o importante é que a etapa de identificação inclua: 
a) descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde; b) identificação 
das fontes ou circunstâncias; e c) indicação dos trabalhadores sujeitos aos 
riscos. Além disso, devem ser abordados inclusive os perigos externos 
previsíveis relacionados ao trabalho, que possam afetar a segurança do 
trabalhador (BRASIL, 2020, p. 5 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
De acordo com a NR 1, todos os riscos ocupacionais associados aos perigos 
levantados na fase de identificação devem ser analisados e avaliados, a fim de obter 
informações que auxiliem na tomada de decisões sobre a aplicação das medidas de 
prevenção. Para cada risco identificado, o nível de risco deve ser indicado (BRASIL, 
2020 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
Na análise dos riscos, a determinação do nível de risco ocupacional é dada pela 
combinação da severidade das possíveis lesões ou agravos à saúde do trabalhador 
(consequência) com a probabilidade ou chance de ocorrência; devendo a gradação da 
severidade, levar em consideração a magnitude da consequência e o número de 
trabalhadores afetados. Já a gradação de probabilidade, deve levar em conta os 
requisitos estabelecidos nas NRs, as medidas de controle já implementadas, as 
exigências das atividades de trabalho e ainda a comparação do perfil de exposição 
ocupacional com os valores de referência da NR 9. Destaca-se que em alguns casos, 
como quando as consequências prováveis são insignificantes ou quando a probabilidade 
de ocorrência é muito baixa, uma única estimativa pode ser o suficiente para a tomada 
de decisão (ABNT, 2012; BRASIL, 2019 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
Silva (2019) apud Heidtmann-Bemvenuti et al., (2021) aponta que a análise de 
riscos fornece compreensão dos riscos identificados na etapa anterior, pois analisa as 
causas e fontes e as consequências de cada risco, bem como a probabilidade de 
ocorrência destas consequências; dados que serão importantes para a próxima etapa 
de avaliação dos riscos. O nível de risco estimado na análise, depende da adequação e 
 
30 
 
eficácia dos controles existente, verificando se eles operam da forma pretendida e se 
são realmente capazes de tratar o risco. 
O nível de risco traz parâmetros à organização para apoiar escolhas e a tomada 
de decisão, a própria análise é uma entrada para a etapa de avaliação de riscos, que 
por sua vez auxilia na tomada de decisões como se há necessidade de se lidar com os 
riscos, como serão administrados e ainda sobre as estratégias e os métodos mais 
apropriados para isso (ABNT, 2012; ABNT, 2018ª apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et 
al., 2021). 
A fase de avaliação de risco envolve comparar os resultados da análise de risco 
com os critérios de risco estabelecidos e, em seguida, definir onde é necessário 
tratamento adicional. O objetivo é apoiar decisões como: se tem necessidade ou não de 
tomar alguma atitude em relação à algum risco, considerar opções de tratamento de 
riscos, manter os controles existentes ou se é pertinente realizar uma análise adicional 
para compreender melhor estes riscos (ABNT, 2018ª apud HEIDTMANN-BEMVENUTI 
et al., 2021). 
A avaliação de riscos deve ser um processo contínuo dentro da organização, 
devendo ser revista a cada dois anos (podendo este prazo ser de até 3 (três) anos em 
organizações com certificações em SST), ou então na ocorrência das seguintes 
situações: 
a) após implementação das medidas de prevenção, para avaliação de riscos 
residuais; b) após inovações e modificações nas tecnologias, ambientes, 
processos, condições, procedimentos e organização do trabalho que impliquem 
em novos riscos ou modifiquem os riscos existentes; c) quando identificadas 
inadequações, insuficiências ou ineficácias das medidas de prevenção; d) na 
ocorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho; e) quando houver 
mudança nos requisitos legais aplicáveis (BRASIL, 2020, p. 5 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
A BS 8800 afirma que o processo de avaliação de risco deve ser usado em 
situações em que o perigo parece representar uma ameaça significativa e não se sabe 
se as medidas de controle existentes ou planejadas estão em vigor, verdadeiramente 
completos e, por organizações que buscam melhorar continuamente seus sistemas de 
segurança e saúde ocupacional, além dos requisitos mínimos legais (BSI, 1996 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
A NR 1 dispõe que a organização deve selecionar as técnicas que mais se 
adequem ao risco ou situação avaliada (BRASIL, 2020). A NBR ISO/IEC 31010 
 
31 
 
corrobora esta afirmação, salientando ainda que o grau de detalhe requerido é particular 
da aplicação, dependendo da disponibilidade de informações confiáveis e da 
necessidade de tomada de decisão da organização (ABNT, 2012). 
A NBR ISO/IEC 31010 apresenta várias técnicas que podem ser utilizadas no 
processo de avaliação de riscos, seguido de sua aplicabilidade nas etapas do 
gerenciamento de riscos, onde vamos falar sobre duas dessas técnicas. 
11 BRAINSTORMING 
O “brainstorming”, ou tempestade de ideias, é uma técnica de dinâmica de grupo 
desenvolvida na década de 1950 que incentiva a discussão livre e surgimento de ideias 
dos indivíduos envolvidos. Essa técnica de muito uso tanto para análise, como 
compreensão e resolução do problema. No contexto da gestão de riscos é usada na 
identificação de perigos e riscos (ABNT, 2012; NOGUEIRA et al., 2010 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
O brainstorming é uma técnica de criatividade em grupo, que visa gerar ideias que 
estimulem outras novas ideias e subsídios, que quando isolados ou até mesmo 
conectados, visam à solução parcial ou total de um problema (HEIDTMANN-
BEMVENUTI et al., 2021). 
Neste contexto, é uma técnica simples e de utilização fácil, que incentiva a 
discussão para identificar os perigos e riscos associados, envolvendo pessoas 
conhecedoras da organização, em processos e atividades avaliativas. A técnica apoia-
se em princípios como foco quantitativo e não existircríticas às ideias e combinação de 
ideias. Pode até ser aplicado a outras etapas do gerenciamento de riscos, como a coleta 
de critérios de decisão, opções de tratamento e controle, pois é um meio de creunir um 
amplo conjunto de ideias e opiniões, que podem ser incentivadas através de instruções 
ou por entrevistas estruturadas (HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
À medida que o brainstorming se torna mais difundido, fica mais fácil para os 
funcionários (e os próprios gerentes) antecipar os riscos e perigos do ambiente de 
trabalho por meio da colaboração e da criatividade. (ABNT, 2012 apud HEIDTMANN-
BEMVENUTI et al., 2021). 
 
32 
 
Difere da técnica Delphi, na qual os analistas formulam suas opiniões de forma 
anônima e independente, e ao longo do processo recorrem às perspectivas de outros 
analistas para desenvolver as ideias. (ABNT, 2012 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et 
al., 2021). 
Ainda com Heidtmann-Bemvenuti et al., (2021); 
Com efeito, ao procurar na literatura acadêmica, nota-se que alguns princípios 
fundamentais devem ser seguidos para que a técnica de brainstorming tenha 
maior probabilidade de êxito, sendo eles: agregar grande quantidade de ideias; 
evitar a crítica, pois o objetivo da técnica é estimular todos a participar, sem 
nenhum julgamento; apreciar ideias fora do comum, identificando novas 
abordagens de ideias que fogem dos conceitos conhecidos; combinar e 
melhorar ideias, entendendo a possibilidade de criar novas ideias a partir de 
combinações de várias ideias já propostas; colocar as ideias em ação, 
transformando as ideias e visões propostas em realidade; e por último, a 
evolução dos resultados, onde o líder apresenta aos participantes as ações 
tomadas em andamento com base nas ideias ali propostas e construídas 
(ORESTES-CARDOSO, 2018 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
11.1 Aplicação da técnica de Brainstorming 
As fases da aplicação do brainstorming, são (NOGUEIRA et al., 2010 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021): 
a) Análise do tema: os participantes de uma equipe são encorajados a expor, 
sem censura, as suas ideias. Uma ideia pode levar a outra que, sozinha ou 
combinada, conduz à definição do problema e de suas causas. Não são 
permitidas críticas ou avaliações das ideias expostas. b) Apresentação das 
ideias: os esforços do grupo são direcionados para analisar e criticar o que já foi 
exposto. Cada integrante justifica e defende sua sugestão, tentando convencer 
o grupo de duas vantagens. As ideias e sugestões são filtradas e permanecem 
aquelas que foram bem fundamentadas e aceitas por todos e que serão 
priorizadas por um consenso entre o grupo. c) Para melhoria do problema, a 
equipe lida com os sintomas. Os participantes geram hipóteses para identificar 
as causas com expectativa de que uma ou mais se mostrem corretas. É gerado 
uma lista de hipóteses. d) Após a equipe identificar a solução a ser 
implementada, os obstáculos devem ser reconhecidos e removidos (o 
brainstorming é útil também nessa tarefa) (NOGUEIRA et al., 2010 apud 
HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
12 LISTAS DE VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) 
As listas de verificação são uma forma simples de identificar riscos usando uma 
lista predefinida de incertezas criada a partir de processos semelhantes, levando em 
consideração o perfil e as características da organização analisando diferentes aspectos 
 
33 
 
do sistema. O objetivo é identificar possíveis falhas no processo, não fornece resultados 
quantitativos e apesar de todos os devidos cuidados existe a possibilidade de omissão. 
(ABNT, 2012; ROSA, 2018 apud HEIDTMANN-BEMVENUTI et al., 2021). 
Heidtmann-Bemvenuti et al., (2021) fala que; 
São comumente utilizadas para identificar os riscos associados a um processo, 
bem como assegurar a concordância entre as atividades desenvolvidas e 
procedimentos operacionais padronizados. Representam o método mais 
simples para a etapa de identificação de perigos e é aplicável em qualquer 
atividade ou sistema, incluindo falhas de equipamentos ou por fatores humanos. 
É baseado principalmente por entrevistas, inspeções de campo e análise de 
documentação e pode ser usada para análises mais detalhadas e de alto nível, 
como causa-raiz. Fornece resultados apenas qualitativos e um ponto a ser 
considerado é que, se o desenvolvedor da lista deixar de lado alguma questão 
importante, a análise provavelmente não abordará fragilidades que podem ser 
importantes (MARHAVILAS, KOULOURIOTIS, 2008 apud HEIDTMANN-
BEMVENUTI et al., 2021). 
São listas de perigos, riscos ou falhas de controle que foram desenvolvidas 
normalmente a partir de experiência, como resultado de um processo de uma avaliação 
de riscos anterior ou como um resultado de falhas passadas. São usadas para identificar 
perigos e riscos ou para avaliar a eficácia de controles. Através das checklists, diversos 
aspectos do sistema são analisados, através da comparação com uma lista de itens pré-
estabelecidos, criada com base em informações anteriores e no conhecimento de 
projetos anteriores com processos similares, na tentativa de descobrir e documentar as 
possíveis deficiências do sistema (ABNT, 2012; GUSMÃO, 2007 apud HEIDTMANN-
BEMVENUTI et al., 2021). 
 
13 GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS 
De acordo com Röhm et al (2020): 
O correto gerenciamento da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) reduz riscos 
de acidentes, promove a saúde e a satisfação dos trabalhadores, além de 
melhorar os resultados operacionais e a imagem das empresas. As alterações 
nas Normas regulamentadoras vieram para intensificar a melhoria das 
condições de segurança, exigindo dos empregadores a implantação do 
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Baseado na Norma 
Regulamentadora NR-22, o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) 
contido agora na NR-1 foi definido como artifício utilizado pelas empresas que 
ainda não possuam um Sistema de Gestão em Segurança e Saúde Ocupacional 
(SGSSO) ou uma certificação ISO 45.001. A nova NR-9 trará novas diretrizes 
 
34 
 
quando a identificação e avaliação de riscos que servirá de eixo guia para o PGR 
rumo ao GRO (RÖHM et al., 2020). 
Os próximos tópicos iram demonstrar uma percepção prática e objetiva do GRO e 
PGR referente às mudanças da atualidade, evidenciando a conexão entre as NR 1, 9 e 
22. Com tudo, o material teve o objetivo de demostrar a dimensão do GRO, que propõe 
uma nova abordagem de segurança do trabalho. Esta apostila vai apresentar uma 
análise dos três pilares do GRO, a NR-1, ISO 45.001 o Sistema de Gestão de Segurança 
e Saúde Ocupacional, com o objetivo de mostrar uma integração entre esses três. Sendo 
assim, falamos que o PGR é a “ponte necessária” para se chegar ao GRO (RÖHM et al., 
2020). 
13.1 UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO 
Depois de vários fervorosos debates, a Comissão Tripartite Paritária Permanente 
(CTPP), aprovou na reunião de 17 a 19 de dezembro de 2019 o texto normativo de GRO 
(Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Um passo significativo foi dado em direção a 
uma evolução normativa na área prevencionista, à medida que passará a ser cobrada a 
criação de um PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) englobando todas as 
fontes com capacidade de gerar lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores no 
ambiente laboral, ampliando-se além dos riscos químicos, físicos e biológicos, 
englobando também, riscos ergonômicos e de acidentes. O GRO se consolidou, na 
mesma época em que o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) 
completava 25 anos (RÖHM et al., 2020). 
Com a publicação das Normas Regulamentadoras 1 e 9, trouxeram à tona a 
discussão sobre o gerenciamento de riscos ocupacionais. 
Desta vez, a NR-1 citou em seu item 1.5 o Gerenciamento de Riscos 
Ocupacionais. Em seu texto considera a metodologia PDCA - Planejar (plan), Fazer (do), 
Checar (check) e Agir (act) e está atrelada com as outras normas regulamentadoras, 
além de estar consonância com normas internacionais, comoa ISSO 45001 (Sistema de 
Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional). 
Röhm et al (2020) diz que: 
 
35 
 
O gerenciamento de riscos das empresas passa a ser feito por meio do PGR 
(Programa de Gerenciamento de Riscos), que pode ser implementado por 
unidade operacional, setor ou atividade e deve conter, no mínimo, o Inventário 
de Riscos e Plano de Ação. Vale aqui ressaltar a abrangência do PGR frente ao 
PPRA: este último tratava muito mais da parte de Higiene, enquanto o PGR 
passa a envolver todos os agentes de risco. A NR-9 ficou menor, pois os trechos 
que tratam de gerenciamento de riscos migraram para o GRO. No entanto, o 
número de anexos da norma aumentou para oito, sendo tratados de forma 
detalhada as medidas de prevenção e controle das exposições a cada agente 
físico, químico e biológico, como já ocorre no anexo de calor e vibração. A nova 
NR-9 prevê que para fins de medidas de prevenção, sejam adotados os critérios 
e limites de tolerância na NR-15 (atividades e operações insalubres) e seus 
anexos; como níveis de ação para agentes químicos, a metade dos limites de 
tolerância; como nível de ação para o ruído, a metade da dose (RÖHM et al., 
2020). 
Falando sobre GRO, o inventário de riscos consolidará dados sobre a 
identificação de riscos ocupacionais através de: caracterização de processos, ambientes 
de trabalho e operações; descrição dos possíveis perigos e possíveis lesões ou danos 
à saúde dos trabalhadores, com indicação das fontes ou circunstâncias, descrição dos 
riscos representados pelos perigos, com indicação das fontes ou circunstâncias, 
descrição dos riscos dos perigos, indicação dos grupos de trabalhadores expostos a 
esses riscos e descrição das medidas preventivas tomadas; dados da análise primária 
ou do acompanhamento das exposições a componentes físicos, químicos e biológicos e 
os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17; avaliação dos riscos 
incluindo a classificação para finalidade de elaboração do plano de ação; critérios 
adotados para avaliar riscos e tomada de decisão (RÖHM et al., 2020). 
Em seguida, na segunda etapa, o plano de ação deve especificar as medidas 
preventivas a serem implementadas, aprimoradas ou mantidas, com a definição de um 
cronograma, uma forma de monitoramento e um controle dos resultados. A execução 
das soluções deve incluir a verificação da execução das ações planejadas, inspeções 
de locais de trabalho e equipamentos e acompanhamento das condições ambientais e 
exposição a substâncias nocivas, se houver. (RÖHM et al., 2020). 
 
 
 
 
 
36 
 
13.2 NR-1, ISO 45.001 e SGSSO e suas similaridades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com Röhm et al (2020): 
Os mesmos autores ressaltam que um sistema de gestão da segurança e saúde 
no trabalho é parte integrante do sistema global de gestão da uma organização 
que objetiva o controle dos perigos e riscos em matéria de Segurança e Saúde 
no Trabalho (SST), por meio de abordagem estruturada e planejada, envolvendo 
toda a estrutura da organização e todos os outros que sejam influenciados pelas 
atividades, implementando um processo proativo de melhoria contínua. Cabe 
frisar que este é um processo dinâmico, considerando que está sujeito a 
avaliação periódica, em que são analisados os objetivos propostos, o seu 
cumprimento e a eficácia das ações corretivas implementadas (RÖHM et al., 
2020). 
 
13.3 Relação SGSSO e a ISO 45.001 
A ISO 45.001 é uma norma internacional para o Sistema de Gestão de Saúde e 
Segurança Ocupacional (SGSSO), a qual tem em seu principal objetivo a 
melhoria do desempenho de qualquer corporação em termos de Saúde e 
Segurança do Trabalho (SST). A mesma foi elaborada baseando-se em dados 
coletados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a qual estimou-se 
que 2,3 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças e acidentes de 
trabalho, derivada da aposentada OHSAS 18001 (Occupational Health and 
Safety Assessment Series) (RÖHM et al., 2020). 
A norma diz que, uma corporação é responsável pela saúde e segurança 
ocupacional dos funcionários e outros que podem ser afetados por suas atividades. 
A NR 1, criada em 1978, revisada em 12/03/2020 com nome de 
Disposições Gerais, que entrará em vigor em 09/03/2021, sendo nomeada de 
Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) se 
aproximou de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional 
(SGSSO). RÖHM e TIRELLI (2020, no prelo), afirmam que um sistema pode ser 
definido como um arranjo ordenado de componentes que estão inter-
relacionados e que atuam e interagem com outros sistemas para cumprir um 
determinado objetivo (RÖHM et al., 2020). 
 
 
37 
 
Essa responsabilidade inclui promover e proteger suas organizações de saúde 
física e mental que já utilizam um padrão ISO, como 9001 (gestão de qualidade) e 14001 
(gestão ambiental), devem conter maior facilidade para implementar a ISSO 45.001, de 
acordo que a norma foi feita para se integrar com outros padrões de sistema ISO 
(PROTEÇÃO, 2018 apud RÖHM et al., 2020) 
O objetivo da ISO 45.001 é disponibilizar uma estrutura para gerir os riscos e 
oportunidades identificados na empresa, para que seja possível prevenir lesões e 
problemas de saúde ocupacional e propiciar ambientes de trabalho seguros e saudáveis. 
Podemos enfatizar que apresentamos este tópico após abordarmos Sistema de Gestão 
Integrado devido à necessidade do SGI para o atendimento à norma (RÖHM et al., 
2020). 
A norma destaca a importância de medidas preventivas e mostra que um sistema 
de gestão de SSO pode ser mais eficaz e eficiente se os riscos e oportunidades forem 
abordados precocemente. Desta forma, será possível evitar qualquer evento indesejável 
pela empresa e que exponha os trabalhadores a riscos à sua saúde e integridade 
(RÖHM et al., 2020). 
Röhm et al (2020) exemplificou: 
De acordo com a ISO 45001, como abordado por (SOUZA e ROCHA, 2020 apud 
RÖHM et al., 2020), riscos e oportunidades foram divididos em dois princípios: 
1) Avaliação dos riscos de SSO e de outros riscos para o sistema de gestão de 
SSO (riscos elencados aqui pela já conhecida probabilidade x gravidade); 2) 
Avaliação das oportunidades de SSO e outras oportunidades para o sistema de 
gestão de SSO (as oportunidades de SSO são as possibilidades da organização 
de aperfeiçoar o seu desempenho em SSO, o que pode ser traduzido na 
eliminação dos perigos e redução dos riscos, com a adaptação do ambiente e o 
trabalho aos trabalhadores (RÖHM et al., 2020). 
A partir da vigência da nova NR-1, um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde 
Ocupacional (SGSSO) implantado pode substituir o PGR, que abordaremos à frente, 
desde que atenda às exigências previstas nesta NR e em dispositivos legais de 
segurança e saúde no trabalho (RÖHM et al., 2020). 
A figura ilustra a relação entre as possíveis situações existentes quanto a um 
sistema de gestão, ISO 45.001 e a necessidade de atendimento às normas e legislações. 
Se a empresa possui um sistema de gestão que atende aos requisitos e já possui 
um inventário de riscos e plano de ação implantado, não precisa do PGR para cumprir o 
GRO (RÖHM et al., 2020). 
 
38 
 
 
FIGURA 3. Relação entre as possíveis situações existentes frente às exigências. 
 
Fonte:(RÖHM et al., 2020). 
Mas, caso ela não possua um SGSSO ou, não atenda às exigências legais, ela 
terá que se adequar, realizando o inventário de riscos, onde todos os riscos são 
identificados, classificados e quantificados, e em seguida um plano de ação para 
contemplar o PGR e atender ao GRO (RÖHM et al., 2020). 
 
13.4 PGR - Definições, origem e abrangência. 
De acordo com Röhm et al (2020): 
Um programa é um artifício legal voltado à saúde e segurança do trabalhador 
com medidas educativas, preventivas e de conscientização, que apontam a 
redução, eliminação ou neutralização dos riscos existentes no ambiente de 
trabalho, tais como físicos, químicose biológicos, acidente e ergonômico. As 
Normas Regulamentadoras determinam a obrigatoriedade da elaboração e 
implementação de programas por parte dos empregadores e instituições que 
admitam trabalhadores como empregados. Sell (1995) define a ação de 
gerenciamento como o levantamento, a avaliação e o domínio sistemático de 
condições da empresa, sendo que tal gerenciamento está fundamentado em 
 
39 
 
princípios econômicos e de segurança. Também salienta que o gerenciamento 
em si é tarefa essencial da direção da empresa, sendo que o objetivo primário 
deste é o de garantir a realização das metas almejadas pela empresa, 
minimizando a possibilidade de ocorrência de eventos indesejados que 
prejudiquem o funcionamento normal da mesma. Lapa & Goes (2011) define 
risco como a relação existente entre a probabilidade de ocorrência de um evento, 
associado à sua consequência (RÖHM et al., 2020). 
A sigla PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) já é conhecida, e oriunda 
da NR-22 e ao ser transportada para a NR-1, desvinculou-se das características 
específicas da mineração, tornando-se uma ferramenta que pode ser utilizada para todas 
as áreas e não apenas para mineração. A tabela abaixo apresenta uma comparação 
entre o PGR existente na NR-22 e o exigido pela NR-1 (RÖHM et al., 2020). 
 
Fontes: (RÖHM et al., 2020) 
 
40 
 
A tabela 1 mostra a ligação existente entre os PGRs de ambas as normas, NR-
22 e NR-1, porém com a possibilidade de aplicação para todas as condições de trabalho 
e não apenas para mineração. 
A primeira linha da tabela mostra que a NR-22 apresenta uma abrangência maior 
do que o PPRA, contido na antiga NR-9, que apenas menciona os riscos ambientais 
(químicos, físicos e biológicos). Ainda na primeira linha, vemos que o novo PGR da NR-
1, segue na mesma linha que a NR-22, mesmo que não cite os riscos em si, abrange os 
riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho, tendo a pretensão de ir 
além, pois engloba as questões ergonômicas e de acidentes do trabalho (RÖHM et al., 
2020). 
Röhm et al (2020) explanou da seguinte forma: 
Até então, não havia um normativo que estabelecesse a gestão de todos os 
agentes presentes no ambiente de trabalho. Como o disposto acima, percebe-
se que a ergonomia, antes considerada de maneira separada, passa a compor 
o PGR. A organização deve considerar as condições de trabalho nos termos da 
NR 17, pois a ergonomia, segundo TIRELLI (2014), é uma ciência que procura 
reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, proporcionando segurança, 
satisfação e saúde dos trabalhadores, durante o seu relacionamento com o 
sistema produtivo. Portanto, a NR-1 passa a ter uma nova abordagem em 
relação aos riscos ocupacionais e menciona em seu texto, que os riscos devem 
ser evitados, identificados, avaliados e classificados. Após a classificação de 
riscos, conforme o item 1.4.1 da NR-1, devem-se implementar medidas de 
prevenção de acordo com a seguinte prioridade: “eliminação dos fatores de 
risco, minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de 
proteção coletiva, minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de 
medidas administrativas ou de organização do trabalho e adoção de medidas de 
proteção individual (RÖHM et al., 2020). 
De volta a tabela, depois das medidas de prevenção, a NR-1 citar que os controles 
dos riscos ocupacionais devem ser acompanhados. O Programa de Gerenciamento de 
riscos, de acordo com o item 1.5.7.1 da NR-1, deve ter no mínimo, o Inventário de Riscos 
e um Plano de Ação. Este plano deve identificar as medidas preventivas a serem 
implementadas, melhoradas ou mantidas e determinar seu momento, como serão 
monitoradas e como os resultados serão medidos. O desempenho das soluções deve 
incluir a verificação do projeto das condições ambientais e a exposição a substâncias 
nocivas, se houver. Em suma, para o PGR, precisamos identificar o risco, avaliá-lo, fazer 
uma avaliação preliminar, eliminando o risco quando possível ou implementar medidas 
de controle. Recorde-se que uma avaliação mais aprofundada dos riscos pode ser feita 
 
41 
 
noutros regulamentos específicos como a NR-35 (Trabalho em Altura) e NR-10 
(Eletricidade) por exemplo (RÖHM et al., 2020). 
Segundo a FUNDACENTRO (2019), a proposta de uso do PGR implica a 
separação dos requisitos de prevenção dos critérios que caracterizam atividades ou 
processos insalubres ou perigosos. Todas as atividades da organizacionais e todos os 
tipos de riscos devem ser abrangidos. As ações preventivas podem ser contempladas 
por planos, programas ou sistemas de gestão, observados os requisitos legais. O PGR 
visa a melhoria contínua do desempenho em SST a partir do ciclo PDCA (Planejar, 
Fazer, Verificar e Agir) (RÖHM et al., 2020). 
O PGR também trata do processo de controle de riscos, planejando medidas 
preventivas, revisando as decisões tomadas com os ajustes necessários, a realização 
de inspeções e supervisão de exposições, o controle médico da saúde dos trabalhadores 
e a investigação de doenças e acidentes ligados ao trabalho (RÖHM et al., 2020). 
O Programa de Gerenciamento de Riscos que envolve todos os riscos, reforça a 
quanto é necessário a realização de um inventário de Riscos e um Plano de Ação, que 
integralmente, pode trocar as ações reativas das empresas (após o acidente) para ações 
proativas. Dentro desse contexto, podemos falar do modelo do “Queijo Suíço” proposto 
por James Reason (2000), que diz que acidentes acontecem quando as defesas são 
quebradas entre condições perigosas e danos e quando ocorre um evento adverso, o 
que importa não é quem errou, mas como e por que as defesas falharam. Em outras 
palavras, os acidentes estão relacionados a defeitos latentes escondidos em tudo, desde 
decisões de gerenciamento até projetos e equipamentos, passando por mudanças. Além 
disso, falhas ativas, como a não utilização de dispositivos de segurança ou o não 
cumprimento de um procedimento padrão, podem contribuir para a geração de 
acidentes. Um PGR bem executado significa fechar as preencher e garantir que os 
fatores que possam desencadear um acidente sejam evitados (RÖHM et al., 2020). 
 
 
 
 
 
42 
 
 
FIGURA 4. Modelo do “Queijo Suíço”, mostrando como as defesas, barreiras podem ser penetradas por 
por um perigo ocasionando os acidentes. 
 
Fonte:( RÖHM et al., 2020) 
A nova NR-9 
A NR-9 denominada PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) vai 
deixar de existir e passará a se chamar Avaliação e Controle das Exposições 
ocupacionais a agentes químicos, físicos e biológicos. A Norma passou por revisão total 
que a elevou a outro patamar. A NR 09 (PPRA), de 26 páginas que falava sobre o 
programa de prevenção de riscos ambientais, após reformulada ficou mais simplificada 
(3 páginas), no entanto muito mais exigente e abrangente, se aproximando de uma 
Norma de Higiene (RÖHM et al., 2020). 
Röhm et al (2020) explicou que: 
Ocupacional (NHO), dando subsídios quanto à metodologia, reconhecimento, 
avaliação e quantificação de agentes. A transição rumo ao GRO Quando 
abordamos a transição, o primeiro ponto importante a ser frisado são as datas, 
portanto, precisamos registrar que as mudanças publicadas na NR-1 entram em 
vigor no dia 09/03/2021 e as mudanças da NR-09 no dia seguinte (10/03/2021). 
Pelo marco estipulado pela entrada em vigor de ambas as normas, 
 
43 
 
(março/2021), diversas mudanças são necessárias para que o GRO seja 
implantado nas empresas (RÖHM et al., 2020). 
Uma vez que os dados são tratados, a questão da cultura precisa ser abordada, 
a prática de lidar apenas com a documentação não será mais uma solução válida, pois 
as fiscalizações ocorrerão online via eSocial e este tipo de comportamento não será 
efetivo frente às exigências normativas. Em outros casos, um PGR de "gaveta" nunca 
atenderá às exigências regulatórias,nem a empresa sofrerá penalidades pela 
fiscalização. O cumprimento das NRs e demais normativas legais não pode ser o ponto 
final (finalidade), mas sim um dos meios para atingir os objetivos: ambientes mais 
seguros e saudáveis. Nesta transição, conforme ilustra a figura 5, o PGR torna-se um 
instrumento coerente e uma ferramenta dinâmica para atender o GRO (RÖHM et al., 
2020). 
 
 
 
Figura 5. PGR como instrumento para chegar ao GRO. 
 
Fonte: (RÖHM et al., 2020) 
 
Quando falamos de algum tipo de alteração ou transição, sempre existe a questão 
de adaptação e adequação das pessoas. Bradley (DUPONT, 2020 apud RÖHM et al., 
2020) enfatiza que para questões de mudanças comportamentais ou culturais, 
necessita-se de um tempo até que todos assimilem essas mudanças. Para atingir o 
 
44 
 
“Estágio Independente”, que corresponde ao nível de maturidade da cultura de 
segurança dentro da organização, a meta de “zero acidente” passa a ser uma escolha, 
um valor. Neste estágio é importante manter o controle e a supervisão das equipes de 
trabalho e, também, de outros componentes que comprometem a segurança, como por 
exemplo, falhas nos processos gerenciais, alterações nos processos de trabalho ou a 
implementação de novas tecnologias. 
O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), possui características 
abrangentes e fornecerá as diretrizes e requisitos para que as corporações realizem a 
identificação dos perigos e riscos, avaliação, análise e controle dos riscos, pelos 
programas, como por exemplo o PGR. 
O principal objetivo do GRO, quando entrar em vigor, será orientar as empresas 
na implementação de planos, programas ou sistemas de gestão e certificações que 
visem a melhoria contínua do desempenho em segurança e saúde ocupacional. (SST). 
Desta forma, o GRO é estruturado, implementado e aperfeiçoado por uma equipe 
multidisciplinar, cada qual com suas respectivas responsabilidades profissionais dentro 
dos limites de sua formação profissional e limites legais. A figura 4 ilustra a estruturação 
de um GRO, com os principais atos normativos, programas, riscos, e suas inter-relações 
demonstrando a harmonização entre os conceitos abordados neste artigo (RÖHM et al., 
2020). 
Do ponto de vista dos autores, nesta nova proposta de segurança do trabalho, o 
GRO é uma entidade que engloba todos os outros aspectos e deixa apenas o eSocial 
em uma esfera externa. A investigação de acidentes, embora não faça parte do PGR, 
está incluída no GRO da NR 1, pois retorna informações sobre higiene e segurança do 
trabalho para possibilitar ações corretivas. (RÖHM et al., 2020). 
A gestão documental é um ponto crucial considerando o volume de informações 
que será produzida durante o trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
Figura 4. GRO e seus principais atos normativos, programas, riscos e suas inter-relações. 
 
Fonte: Röhm e Tirelli, (2020) adaptado Röhm et al., (2020). 
 
46 
 
Voltando olhares para o lado que se refere ao PGR na figura 4, temos a ligação 
dele com a NR-9, já considerando esta após sua alteração, que será uma metodologia 
de quantificação para identificação dos riscos ocupacionais (físicos, químicos, 
biológicos, ergonômicos e de acidente), relacionados e também ligados ao PGR. Abaixo 
deste, constam os atores que o compõem e também, a questão cíclica de se revisitar o 
plano de ação, o inventário de riscos, avaliações, dentre outros, sempre que necessário 
(RÖHM et al., 2020). 
14 CONSTATAÇÕES 
Analisando autores como Röhm et al (2020) podemos concluir que; 
 a publicação das normas NR 1 e NR 9 trarão mudanças significativas à cultura 
de segurança e cumprimento de normas das empresas. Conclui-se ainda que 
existe uma forte relação entre a NR-1 que entrará em vigor em 2021 e um 
SGSSO, e ressaltar que empresas que já possuam um sistema de gestão 
(SGSSO) e/ou a certificação ISO 45.001 conseguirão atender às exigências das 
normas com esforços mínimos, frente às que ainda não aderiram a esta 
certificação. Pela primeira vez a nova NR-1, uma norma brasileira traz à tona a 
questão da gestão de segurança do trabalho em si, enaltecendo, e 
demonstrando a importância da área, do trabalho e dos profissionais de 
segurança que atuam de forma correta não apenas cumprindo a questão 
documental, proporcionando assim mais segurança aos trabalhadores. 
Percebe-se ainda que o PGR contido na NR-1, tomou por base o existente na 
NR-22, deixando se ser um programa apenas para mineração e tornando-se um 
programa a ser aplicado em todos as áreas. O PGR é a “ponte necessária” para 
se chegar ao GRO, uma ferramenta dinâmica e abrangente, que permitirá às 
organizações não apenas cumprirem suas obrigações legais, frente às 
exigências das NRs, mas alcançar os objetivos principais que são ambientes de 
trabalho mais seguros e saudáveis (RÖHM et al., 2020). 
Cabe salientar que os valores dispendidos para atualizações tecnológicas com o 
objetivo de atender à nova legislação, devem ser vistos como investimentos e não como 
gastos, pois estes não superam o valor decorrente de um acidente. 
 
 
 
 
 
47 
 
15 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS 
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DUPONT.

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