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Contextualização 
da Didática
Elaine Silva Mateus
Contextualização da 
Didática
2
Introdução 
Olá! Para o enriquecimento de sua formação, neste estudo, iremos discutir conceitos 
importantes acerca do conteúdo de Didática. Você já pensou em como a didática 
poderá auxiliar no processo educativo e como ela contribuirá para a ressignificação 
do trabalho docente? Pare um momento e reflita. Vamos lá!
Nossa proposta é apresentar o conteúdo em um contexto de relações. Nesse 
sentido, a partir da discussão sobre o conceito de Didática e da compreensão de sua 
contextualização ao longo da história escolar, teremos a possibilidade de refletir sobre 
o seu papel como eixo do trabalho docente, além de conhecermos as competências 
docentes para ensinar.
Para isso, partirmos do entendimento de que “[...] reter a informação não é tão importante 
quanto saber lidar com a mesma e dela fazer um caminho para solucionar problemas” 
(ANTUNES, 2009, p. 22), trabalharemos com questões que possibilitam uma reflexão 
sobre teoria e prática por meio de situações-problema pertinentes à rotina escolar. 
Será um momento rico para o seu desenvolvimento acadêmico. Bons estudos!
Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
• Abordar o conceito de Didática;
• Apresentar o ensino da Didática por meio da contextualização histórica;
• Discutir como a Didática se estabelece como eixo norteador do trabalho do pro-
fessor, além de entender as competências docentes para ensinar.
3
Introdução à Discussão Sobre Didática
Pense no cenário social em que estamos inseridos e nas transformações cotidianas que 
vêm sendo realizadas. Agora, busque analisar de que forma o cenário social influencia 
na composição do sistema educacional. Antes de iniciarmos a discussão sobre o 
conceito da Didática, é necessário compreendermos sua relação com a Pedagogia, 
por isso, devemos entender o significado desta. Essa palavra possui origem grega e, 
na Grécia Antiga, os pedagogos eram os escravos que acompanhavam as crianças na 
escola. Já o conceito moderno de Pedagogia, de acordo com Piletti (1997, p. 40), é 
“[...] a filosofia, a ciência e a técnica da educação”. 
Desse modo, são apresentados três aspectos importantes. Citamos, primeiramente, 
o aspecto filosófico, que compreende os princípios fundamentais da educação. 
Nele, estão os valores e as finalidades do processo educacional. Já o aspecto 
científico é a relação da Pedagogia com os dados oriundos das outras ciências, 
objetivando fundamentar e conceituar o que é educação. A interlocução entre 
as ciências sociológicas, filosóficas, antropológicas, econômicas, políticas e 
psicológicas é extremamente importante para o estudo do comportamento 
humano e, consequentemente, essencial para compreender o processo de ensino e 
aprendizagem. Por fim, o aspecto técnico se refere à técnica educativa, elucidando, 
assim, como acontece a prática educativa. A formação técnica visa à preparação do 
professor nas questões didáticas e metodológicas, procurando articular a teoria com 
a prática pedagógica.
A Didática, do ponto de vista etimológico, deriva da expressão grega didaktiké, que 
significa “arte” ou “técnica de ensinar”. Seja pelo sentido etimológico, seja pelo seu 
aspecto técnico, o objeto da Didática é o processo de ensino, campo principal da 
educação escolar.
O processo de ensino e aprendizagem é estruturado como uma sequência de atividades 
executadas pelos docentes e discentes com o intuito de assimilar e desenvolver o 
conhecimento e aprimorar as capacidades cognitivas. Assim complementa Libâneo 
(2008, p. 14):
Quando mencionamos que a finalidade do processo de ensino é 
proporcionar aos alunos os meios para que assimilem ativamente os 
conhecimentos é porque a natureza do trabalho docente é a mediação da 
relação cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino. Isto quer dizer 
que o ensino não é só transmissão de informações, mas também o meio 
de organizar a atividades de estudo dos alunos. O ensino somente é bem-
sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos 
4
do estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das 
suas forças intelectuais. 
Assim, podemos identificar que, no decorrer da história, o processo de ensinar e 
aprender foi adquirindo maior expressividade. Na perspectiva etimológica, “ensinar” 
(do latim signare) significa “colocar dentro”. Em consonância com o referido conceito, 
ensinar é gravar as ideias na cabeça dos alunos. Já a aprendizagem é um fenômeno 
extremamente complexo, a julgar pelas inúmeras teorias existentes referentes à 
temática. Podemos referenciar a aprendizagem como “um processo de aquisição e 
assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de perceber, 
ser, pensar e agir” (SCHMITZ, 1982, p. 53).
A aprendizagem é a principal finalidade do trabalho docente e dos alunos da instituição 
de ensino. A dinâmica do processo de ensino e aprendizagem, portanto, evidencia-
se como uma relação didática no desenvolvimento pedagógico durante a prática 
educativa. 
A partir da sua vivência no decorrer de sua vida escolar e do que 
discutimos até agora sobre didática, responda: é possível trabalhar 
o ensino separadamente da aprendizagem? Por quê? 
Reflita
Segundo Piletti (1997, p.32), os tipos de aprendizagem podem ser configurados em: 
aprendizagem motora ou motriz, que abrange as habilidades motoras, como, correr, 
andar de bicicleta, entre outras; aprendizagem cognitiva, que consiste na aquisição de 
informações e conhecimentos, como por exemplo, aprender as regras gramaticais; 
aprendizagem afetiva ou emocional, que se refere aos sentimentos e às emoções, 
como as que surgem ao apreciar uma obra de arte.
Na perspectiva de Libâneo (2008, p.45), “[...] ensinar e aprender, pois, são duas facetas 
do mesmo processo e que se realizam em torno das matérias de ensino, sob a direção 
do professor”. Dessa forma, não há ensino sem aprendizagem. Assim, podemos 
destacar que a Didática é um campo da Pedagogia que consiste na materialização 
do processo de ensino e aprendizagem e que visa estudar os objetivos, conteúdos 
e meios, bem como as condições do processo de ensino com vistas a finalidades 
educacionais, que são sempre sociais (LIBÂNEO, 2008).
5
Isso significa que a Didática sempre está associada a uma concepção de homem e 
sociedade, fato que poderá submetê-la aos propósitos políticos, sociais e pedagógicos 
estabelecidos pela sociedade em que esteja inserida, o que poderá tornar a Didática 
um mecanismo para alienação. Podemos ver isso exemplificado com a educação 
tecnicista, em que o foco da Didática está voltado apenas para aspectos como 
objetivos instrucionais, seleção dos conteúdos, estratégias de ensino e avaliação. 
É nítido observarmos que o papel da Didática, nesse viés, está centrado no “como fazer 
a prática pedagógica”, porém dissocia-se do “por que” e “para que”, sendo, geralmente, 
analisado de modo abstrato, o que contribui para a alienação (CANDAU, 2009). Essa 
tendência se afasta de um processo educativo mais atrativo, uma vez que:
[...] a Didática, para desempenhar papel significativo na formação do 
educador, não poderá reduzir-se somente ao ensino de técnicas pelas 
quais se deseja desenvolver um processo de ensino-aprendizagem 
(LIBÂNEO, 2008, p. 25).
Dessa forma, tais situações reforçam intensas discussões sobre o papel da Didática, 
em que ela é exaltada por alguns grupos ou negada por outros. Faz-se necessário 
compreendermos a Didática em um contexto histórico mais amplo, como veremos a 
seguir. 
Breve Discussão Sobre a Trajetória Histórica da 
Didática
A evolução histórica da didática está intrinsecamente relacionada ao surgimento 
do ensino, na sequência do aprimoramento da sociedade e das ciências, como um 
processo organizado e planejado em conformidade com a instrução. 
Desde a antiguidade, existem traços e evidências de diferentes abordagens de instrução 
e aprendizagem. Na Antiguidade Clássicae no período medieval, desenvolveram-se 
práticas pedagógicas, tais como mosteiros, universidades e igrejas. Todavia, vale 
ressaltar que até o século XVII não existia a sistematização do pensamento didático e 
das maneiras e metodologias de ensinar. 
Segundo Libâneo (1991, p. 58), o termo “didática” surgiu quando os adultos começaram 
a intervir na atividade de aprendizagem das crianças, por meio do planejamento 
do processo de ensino, ao contrário das formas de intervenção mais ou menos 
espontâneas de antes. 
6
A concepção da didática como ligação entre ensino e aprendizagem ocorreu no 
século XVII, quando o pastor protestante João Amós Comênio escreveu a primeira 
obra referente à didática, a Didacta Magna, na qual a disciplina era tida como a “arte 
de ensinar tudo a todos”. 
Dentre os princípios de Comênio, em um período em que a língua latina era 
predominante, ele propôs começar o ensino pela língua materna. Dessa maneira, ele 
desenvolveu propostas avançadas para a sua época, as quais contrariavam as ideias 
conservadoras da nobreza e do clero.
Baseado nos pressupostos supracitados, a didática de Comênio estava fundamentada 
nos princípios a seguir no Quadro 1:
1 A finalidade da educação é conduzir à felicidade eterna com Deus. Todos os homens merecem 
a sabedoria, a moralidade e a religião. Nesse contexto, a educação é um direito natural de todos. 
2 
Por ser parte da natureza, o homem deve ser educado de acordo com o seu desenvolvimento 
natural. Portanto, a tarefa principal da didática é compreender as características e os métodos 
do ensino, em conformidade com a ordem natural das coisas 
3 
A assimilação dos conhecimentos não se dá instantaneamente. Os conhecimentos devem ser 
adquiridos a partir da observação das coisas e dos fenômenos, utilizando e desenvolvendo 
sistematicamente os órgãos dos sentidos. 
4 
O método intuitivo consiste na observação direta pelos órgãos dos sentidos, para registro 
na mente do aluno. O planejamento de ensino deve obedecer ao curso da natureza infantil 
e, portanto, cada item deve ser ensinado por vez. Deve-se partir do conhecido para o 
desconhecido. 
Quadro 1 - Princípios de Comênio. 
Fonte: Adaptado Libâneo (1991). 
Essa etapa da didática representou a causa da Reforma Protestante contra a luta do 
tipo de ensino da Igreja Católica Medieval, na qual predominava um ambiente físico 
austero, conservador e cerimonioso. Nesse paradigma, a instituição de ensino é 
considerada o “único local de acesso ao saber, onde predomina uma rígida disciplina 
e o silêncio” (BEHRENS, 2005, p. 41).
Já no Brasil, durante os primeiros séculos da colonização portuguesa, o processo de 
ensino e aprendizagem ficou sob responsabilidade dos padres jesuítas da Companhia 
de Jesus. Portanto, nesse período, os jesuítas eram os professores e ensinavam aos 
índios por meio do plano de instrução Ratio Studiorum. Tratava-se de aulas expositivas, 
desconectadas da realidade, centradas no método e em regras neutras. Em 1759, 
Marquês de Pombal expulsou os jesuítas e repassou para o Estado a responsabilidade 
da educação, o que interferiu no método de ensino que vigorava anteriormente. Dessa 
7
maneira, os colégios da Companhia de Jesus foram substituídos pelas aulas de latim, 
grego e retórica. Posteriormente aos jesuítas, ou seja, nos períodos colonial, Império e 
República, não houve no país grandes movimentos educacionais. 
Em meados de 1870, surgiu o movimento do Iluminismo com a expansão do café 
e a abertura do comércio. Nesse período, foi construída uma postura educacional 
cada vez mais distanciada da influência religiosa. Esse fato resultou na retirada da 
obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas da rede pública. Outra característica 
desse período é que os princípios da educação escolar, e consequentemente a prática 
pedagógica desenvolvida, estavam fundamentados na visão da burguesia. 
A partir disso, criou-se uma escola pública, laica, universal e gratuita (SAVIANI, 1984), 
com uma teoria pedagógica tradicional, em que o processo de ensino e aprendizagem 
estava centrado no professor. A relação pedagógica acontecia de forma hierarquizada, 
fazendo com que o conhecimento fosse “depositado” no estudante (educação 
bancária). O método de ensino era baseado nos passos formais de Herbart: preparação, 
apresentação, comparação, assimilação, generalização e aplicação. 
A inserção da Didática nos programas de formação docente ocorreu em 1934. Em 
meados de 1932, com a reforma Francisco Campos, iniciaram-se os trabalhos na 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, primeira 
universidade brasileira. A partir desse momento, a disciplina de Didática foi criada 
para os cursos de formação de professores. 
Você sabia que outros pensadores que tiveram destaque no campo 
da Didática foram Rousseau (1712-1778), Pestalozzi (1746-1827) 
e Herbart (1776-1841)?
Curiosidade
Em decorrência da crise mundial, a sociedade brasileira passou por mudanças na 
década de 1930, o que representou uma nova fase da República. Nesse período, 
aconteceu a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, um documento 
escrito por 26 educadores. 
Segundo Saviani (1985), o texto representava uma reação à perspectiva tradicional 
de ensino, uma vez que a abordagem escolanovista assumia como característica o 
processo de ensino e aprendizagem centrado no estudante, permitindo uma relação 
8
pedagógica democrática à medida que o conhecimento era construído pelo estudante 
a partir de experiências significativas. Outra característica é quanto aos métodos e às 
técnicas utilizadas, como, centros de interesse, estudo dirigido, unidades didáticas, 
métodos dos projetos, técnica de fichas didáticas, contrato de ensino, entre outros 
(CANDAU, 2009). 
Já em meados da década de 1970, predomina no Brasil a visão tecnicista frente 
à escolanovista, quando a Didática se assentava nos princípios do liberalismo e 
acentuava a tendência renovadora e tecnicista. A prática pedagógica passou a 
depender exclusivamente do conhecimento dos professores, os quais, uma vez 
“[...] dominando os métodos e técnicas desenvolvidas pelas diferentes experiências 
escolanovistas, poderão aplicá-los às diferentes realidades em que se encontrem” 
(CANDAU, 2009, p. 18-19). 
A tendência tecnicista se configura da seguinte forma: o professor é neutro, sendo o 
responsável pela transmissão e reprodução do conhecimento. A relação pedagógica 
está fundamentada em itens como produtividade, eficiência, racionalização, 
operacionalização e controle (CANDAU, 2009), distanciando-se da criticidade. 
Também está apoiada em uma metodologia que valoriza exercícios repetitivos, bem 
como aulas expositivas.
Na década de 1980, a situação econômica do Brasil apresentava um cenário complicado 
devido à elevação inflacionária, ao desemprego e ao aumento da dívida externa.
Na primeira metade da década de 80, instala-se a Nova República, 
iniciando-se, desta forma, uma nova fase na vida do país. A ascensão do 
governo civil da Aliança Democrática assinala o fim da Ditadura Militar, 
porém conserva inúmeros aspectos dela, sob formas e meios diferentes 
(FALCÃO, 1986, p. 27).
A realização da I Conferência Brasileira de Educação foi um marco importante na 
história da educação brasileira, pois constituiu um espaço para se discutir e disseminar 
a concepção crítica de educação. Saviani (1984, p. 24) afirma que “[...] a preocupação 
com a perspectiva dialética ultrapassa, na filosofia da educação, aquele empenho 
individual de sistematização e se torna objeto de um esforço coletivo”.
Assim, o enfoque da Didática, de acordo com os pressupostos de uma pedagogia 
crítica apresentados por Veiga (2012), está em construir um ambiente mais próximo 
às características dos estudantes em que seja desenvolvido um trabalho para além 
de métodos e técnicas, procurando associar escola e sociedade, teoria e prática, 
conteúdo e forma, técnico e político, ensino e pesquisa e professor e aluno. Esses 
9são fatores que possibilitam uma visão crítica e reflexiva sobre a prática pedagógica, 
além de tornarem as aulas mais atrativas ao estudante, uma vez que o conhecimento 
escolar é trabalhado de forma contextualizada, respeitando as diferentes vivências. 
Neste link você poderá acompanhar um pouco da trajetória 
histórica da Didática. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=qrRu29PpUec. Acesso em: 28 out. 2022.
Saiba mais
Agora, chegou o momento de refletirmos sobre a atualidade: qual o papel assumido 
pela Didática nos dias de hoje? Vamos pensar nisso na próxima seção.
Didática e Trabalho Pedagógico no Século XXI
É possível afirmar que há uma discussão intensa quanto ao papel da Didática. Candau 
(2009) estabelece a diferença entre a didática instrumental e a didática fundamental. 
A primeira é caracterizada como um manual de instruções, com foco no “como 
fazer” pedagógico, sem levar em consideração as particularidades dos estudantes 
e a construção social do conhecimento. Já a segunda aponta para a superação 
da perspectiva instrumental do ensino da Didática por partir de uma abordagem 
multidimensional do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, uma abordagem 
que tem por foco articular de forma consistente as dimensões humanas, técnica e 
político-social.
Diante disso, o professor tem duas alternativas. Segundo Candau (2009, p. 22-23): 
[...] ou ele transmite informações técnicas desvinculadas dos seus próprios 
fins ou do contexto concreto em que foram geradas, como um elenco 
de procedimentos pressupostamente neutros e universais ou critica esta 
perspectiva, denuncia seu compromisso ideológico ou nega a Didática 
como necessariamente ligada a uma visão tecnicista da educação.
Na atualidade, a discussão sobre a educação está mais voltada para o desenvolvimento 
do estudante reflexivo e crítico, como mostra a figura a seguir. 
https://www.youtube.com/watch?v=qrRu29PpUec
https://www.youtube.com/watch?v=qrRu29PpUec
10
Figura 1 – Vivência do ensino: atividade prática a partir do conteúdo teórico trabalhado na sala de aula.
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
Nessa perspectiva, o professor se torna um mediador de aprendizagem, e não mais um 
mero detentor e transmissor de conteúdo. Com isso, a relação professor-estudante-
conteúdo forma as categorias da Didática: Para que ensinar? O que ensinar? Quem 
ensina? Para quem se ensina? Como se ensina? Sob que condições se ensina e se 
aprende? (LIBÂNEO, 2008).
Além disso, a construção de novos saberes passa a estar assentada no conhecimento 
que o estudante, em sala de aula, desenvolve a partir dos conteúdos científicos e dos 
métodos de ensino aplicados. Assim, o ato de ensinar deverá estar estruturado em 
quatro eixos: intencionalidade, afetividade, construção do conhecimento metodológico 
e planejamento didático (VEIGA, 2012).
11
Assim, a partir desses aspectos, entendemos que ensinar é um ato social que 
ultrapassa os muros da escola e deve proporcionar múltiplas competências e 
habilidades aos indivíduos. No entanto, cabe destacar que, apesar do questionamento 
ao caráter instrumental da Didática, essa perspectiva não pode ser ignorada, uma vez 
que a competência técnica e a competência política não são aspectos divergentes, 
pois, para Candau (2009, p. 23):
A prática pedagógica, exatamente, por ser política, exige a competência 
técnica. As dimensões política, técnica e humana da prática pedagógica 
se exigem reciprocamente. Mas esta mútua implicação não se dá 
automática e espontaneamente. É necessário que seja conscientemente 
trabalhada. Daí a necessidade de uma didática fundamental. 
Desse modo, 
A perspectiva fundamental da Didática assume a multidimensionalidade 
do processo de ensino-aprendizagem e coloca a articulação das três 
dimensões, técnica, humana e política, no centro configurador de sua 
temática. (CANDAU, 2009, p. 23).
Competências Docentes para Ensinar
Antunes (2009) afirma que não há possibilidade de se ensinar algo desvinculado de 
um determinado conhecimento que se estrutura no que denominamos “conteúdos”. 
Logo, o diferencial está no modo que esse conteúdo é trabalhado. Como o mesmo 
autor destaca:
Não mais basta acumular conhecimentos para depois deles se usufruir. 
É, antes, essencial estar à altura de aproveitar e explorar, pela vida inteira, 
todas as possibilidades do aprendizado, da atualização, do enriquecimento 
para as mudanças que em todos os momentos nos assaltam. (ANTUNES, 
2009, p. 7). 
Nesse sentido, Perrenoud (2000) reforça que, para a articulação com o cotidiano escolar, 
é fundamental que o professor tenha o domínio de competências, como organizar 
e dirigir situações de aprendizagem. Essa competência consiste em: conhecer os 
conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem; trabalhar 
a partir da representação dos alunos e dos erros e obstáculos à aprendizagem, 
entendendo que ambos podem ser utilizados como estratégia pedagógica. Outra 
característica dessa competência é construir e planejar dispositivos e sequências 
12
didáticas, envolvendo os alunos em atividades de pesquisa. A seleção de conteúdos 
parte dos objetivos da aprendizagem.
Exemplificando a situação: no início do ano, ao receber o livro didático, não é 
necessário que o docente faça uso do conteúdo de forma sequencial como está posto 
em capítulos no livro. Mas, diante desse material, o professor, pensando no discente, 
analisa o que e por que ensinar e o que esse estudante realmente necessita aprender. 
Assim, a partir desses pontos, torna-se possível uma seleção mais consciente sobre 
os temas que serão tratados.
Outra competência apontada por Perrenoud (2000) é a administração da progressão 
das aprendizagens. Esta se fundamenta em conceber e administrar situações-problema 
ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos; adquirir uma visão longitudinal dos 
objetivos do ensino; estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de 
aprendizagem; observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem de acordo 
com uma abordagem formativa; fazer balanços periódicos de competências e tomar 
decisões de progressão rumo a ciclos de aprendizagem.
Mais uma das competências destacadas por Perrenoud (2000) é conceber e 
fazer evoluir os dispositivos de diferenciação, abrangendo a administração da 
heterogeneidade no âmbito de uma turma, além de ampliar a gestão de classe para 
um espaço mais vasto, fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de 
grandes dificuldades, desenvolver a cooperação entre eles e certas formas simples de 
ensino mútuo, uma dupla construção.
O autor ainda apresenta mais uma competência, que consiste em envolver os alunos 
em suas aprendizagens e em seu trabalho para suscitar neles o desejo de aprender, 
explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança 
a capacidade de autoavaliação, instituir um conselho de alunos e negociar com eles 
diversos tipos de regras e contratos, oferecer atividades opcionais de formação e 
favorecer a definição de um professor pessoal do aluno.
O trabalho em equipe também é citado como uma competência, segundo Perrenoud 
(2000), que abrange elaborar um projeto em equipe, representações comuns, dirigir 
um grupo de trabalho, conduzir reuniões, formar e renovar uma equipe pedagógica, 
enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas 
profissionais e administrar crises ou conflitos interpessoais.
13
Para compreender a diferenciação entre capacidade, habilidade 
e competência, indicamos o vídeo “Capacidade, habilidades e 
competências”, do teórico Celso Antunes, disponível no link.
Saiba mais
Participar da gestão da escola é uma competência que, segundo Perrenoud (2000), 
consiste em elaborar e negociar um projeto da instituição; administrar seus recursos; 
coordenar e dirigir uma escola com todos os seus parceiros; organizar e fazer evoluir 
no âmbito da escola a participação dos alunos, desenvolvendo competências para se 
trabalharos ciclos de aprendizagem.
Informar e envolver os pais dos discentes é uma competência que está baseada em 
traze-los para a construção dos saberes e dirigir reuniões de informação e de debate. 
Esse momento é reservado para tratar de questões coletivas, e não de situações 
particulares sobre os estudantes. Por isso, o ideal é não marcar esse tipo de reunião 
geral quando as famílias estiverem com preocupações particulares. Desse modo, as 
reuniões gerais poderiam ser organizadas ou no início do ano, caso o objetivo seja 
“determinar as expectativas e apresentar o sistema de trabalho, momento em que a 
maioria dos pais ainda não tem razões para se inquietar com seu filho”, ou no decorrer 
do ano letivo, “[...] quando o professor tiver encontrado os pais individualmente e tiver 
respondido às questões e às preocupações que não dizem respeito à totalidade da 
classe” (PERRENOUD, 2000, p. 115). 
Usar novas tecnologias consiste na utilização da informática na escola, explorando as 
possiblidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino com o uso 
de ferramentas multimídias. Nos dias atuais, com o avanço da tecnologia, podemos 
desfrutar das possibilidades didáticas de outros recursos, como as mídias digitais e 
as mídias sociais, competências fundamentadas em uma cultura tecnológica.
Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão é uma competência 
fundamentada na prevenção à violência na escola e fora dela. Além disso, podemos 
citar a luta contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais; a 
participação na criação de regras da vida comum referentes à disciplina na escola, 
às sanções e à apreciação da conduta; a análise da relação pedagógica; a autoridade 
e a comunicação em aula e o desenvolvimento dos sensos de responsabilidade, 
solidariedade e justiça.
https://goo.gl/Kd8bUQ
14
Por fim, administrar sua formação aponta para a importância de o docente sair de 
sua zona de conforto, libertando-se da rotina e buscando novos caminhos frente 
aos desafios que surgem, sempre incentivando o envolvimento dos demais colegas, 
acolhendo a formação e as experiências deles, para ser agente do sistema de evolução 
contínua. Outro ponto importante é esse professor estabelecer um projeto pessoal de 
formação continuada.
15
Conclusão
À medida que avançamos em sua jornada formativa, as questões abordadas neste 
conteúdo se revelarão como pedras fundamentais para o seu crescimento acadêmico. 
No entanto, a verdadeira consolidação desse aprendizado ocorrerá quando você 
aplicar esses conhecimentos na prática. 
Iniciamos nossa exploração compreendendo os conceitos essenciais da Didática e 
sua relação intrínseca com os processos de ensino e aprendizagem. Ao fazer isso, 
estabelecemos uma base sólida que permitiu a análise profunda dos temas centrais 
apresentados até o momento. Notavelmente, direcionamos nossa atenção para as 
concepções didáticas e o arcabouço histórico que moldou seu desenvolvimento. 
Através dessa análise, estabelecemos uma ligação crucial entre as tendências 
pedagógicas e a dinâmica do ensino e aprendizagem.
Além disso, esperamos que a abordagem crítica e reflexiva adotada até aqui o inspire a 
empreender novas pesquisas, investigando de forma mais profunda e abrangente a evolução 
constante da Didática.
Referências
ANTUNES, C. Como desenvolver as competências em sala de aula. 8. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2009.
BEHRENS, M. Paradigma da complexidade, Metodologia e portfólios. Petrópolis: 
Vozes, 2005. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.190, de 4 de abril de 1939. Dá organização à Faculdade 
Nacional de Filosofia. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
declei/1930-1939/decreto-lei-1190-4-abril-1939-349241-publicacaooriginal-1-pe.
html. Acesso em: 8 ago. 2023.
_______. Decreto-Lei nº 9.053, de 12 de março de 1946. Cria um ginásio de aplicação 
nas Faculdades de Filosofia do País. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/
fed/declei/1940-1949/decreto-lei-9053-12-marco-1946-417016-publicacaooriginal-
1-pe.html. Acesso em: 8 ago. 2023.
_______. Decreto-Lei nº 3.454, de 24 de julho de 1941. Realização simultânea de 
cursos nas faculdades de filosofia, ciências e letras. Disponível em: http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-3454-24-julho-1941-413403-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso: em 8 ago. 2023.
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