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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO I 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4 
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO TRABALHO ................................................................... 5 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO .................................................................. 6 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA .............................................. 6 
COMPETÊNCIA MATERIAL ................................................................................................ 7 
SISTEMAS JURÍDICOS UNIFICADOS E SISTEMAS JURÍDICOS FRAGMENTADOS...... 7 
REFORMA DO PODER JUDICIÁRIO (EC Nº 45, DE 2004) ............................................... 8 
RELAÇÕES DE TRABALHO ............................................................................................. 10 
DISSÍDIOS COLETIVOS ................................................................................................... 14 
MANDADO DE SEGURANÇA, HABEAS CORPUS E HABEAS DATA ............................. 16 
COMPETÊNCIA TERRITORIAL ........................................................................................ 16 
COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO ............................................................................. 17 
PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA ............................................................................. 17 
COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO ................................................................................ 17 
FORO DE ELEIÇÃO .......................................................................................................... 18 
COMPETÊNCIA TERRITORIAL NOS DISSÍDIOS COLETIVOS ....................................... 18 
COMPETÊNCIA FUNCIONAL ........................................................................................... 18 
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ..................................................................................... 20 
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................ 20 
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA .................................................................................... 21 
SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO .................................................. 23 
SECRETARIA .................................................................................................................... 23 
DISTRIBUIDORES ............................................................................................................ 24 
DO CARTÓRIO DOS JUÍZOS DE DIREITO ...................................................................... 25 
 
 
 
 
DAS SECRETARIAS DOS TRIBUNAIS REGIONAIS........................................................ 25 
DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA E OFICIAIS DE JUSTIÇA AVALIADORES ......................... 26 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................ 27 
PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ..................... 27 
PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE ........................................................................................ 28 
PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE .................................................................................... 28 
PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI................................................................................... 29 
PRINCÍPIO DA ORALIDADE ............................................................................................. 30 
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE ................................................................................. 31 
PRINCÍPIO DA CELERIDADE ........................................................................................... 36 
PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO ......................................................................................... 37 
MAJORAÇÃO DOS PODERES DO JUIZ DO TRABALHO NA DIREÇÃO DO 
PROCESSO..... ................................................................................................................. 38 
PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL ................................................................... 46 
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE ............................................................................... 47 
PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA .................................................................. 48 
PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 ............................................ 49 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
De acordo com Maurício Godinho Delgado (2015), o Direito do Trabalho pode ser 
definido como o “complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação 
empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, 
também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre 
trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações 
coletivas”. O Direito do Trabalho é, portanto, a disciplina jurídica das relações individuais e 
coletivas de trabalho. 
Consiste, basicamente, na melhoria das condições de pactuação de força de 
trabalho na ordem socioeconômica. Note-se que esta função não pode ser vista sob a ótica 
individualista, devendo ser considerado o ser coletivo obreiro, a categoria, o universo global 
de trabalhadores. Além disso, deve-se destacar a função modernizante e progressista do 
Direito do Trabalho, do ponto de vista econômico e social. Pode-se citar, ainda, sua função 
política conservadora, pois o Direito do Trabalho confere legitimidade política e cultural às 
relações de trabalho. 
O processo do trabalho é conceituado por Sérgio Pinto Martins (2021) como o 
conjunto de princípios, regras a instituições que se destinam a regular a atividade dos 
órgãos jurisdicionais na solução dos conflitos individuais ou coletivos, que advém das 
relações trabalhistas em geral. Ressalta-se que por princípios, entende-se que são 
proposições genéricas das quais derivam das demais normas, por regras, a maioria delas 
está contida na CLT e por instituições, vemos que são determinadas pela legislação e que 
resolvem as controvérsias existentes entre as partes, individuais ou coletivas. 
O processo é o complexo de atos e termos por meio dos quais se concretiza a 
prestação jurisdicional, através de um instrumento chamado “ação”, originado de um 
dissidio trabalhista, ou seja, é meio pelo qual o empregado se utiliza para satisfazer um 
prejuízo que eventualmente tenha tido da relação de trabalho. Desse modo, a presente 
disciplina pretende apresentar os aspectos introdutórios do processo trabalhista. 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO TRABALHO 
Por ser o Brasil um país de escala continental, seu Judiciário possui uma 
organização complexa, com ramos federais e locais. A distribuição da Justiça é feita da 
seguinte forma: Justiça Federal (juízes e Tribunais Regionais Federais), Justiça Eleitoral 
(juízes eleitorais – Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunal Superior Eleitoral), Justiça 
Militar (juízes militares/auditorias – Tribunais Militares e Superior Tribunal Militar), Justiça 
do Trabalho (juízes do trabalho – Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do 
Trabalho), Justiça dos Estados (juízes de direito e Tribunais de Justiça) e Justiça dos 
Territórios e do Distrito Federal, conforme quadro demonstrativo anteriormente. 
A Justiça do Trabalho concilia e julga as ações judiciais entre trabalhadores e 
empregadores e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como as 
demandas que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive as 
coletivas. 
Os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os 
Tribunaisque a aplicação da legislação processual trabalhista e sim a 
importância do Direito Processual do Trabalho, como sendo um instrumento célere, 
efetivo, confiável, que garanta, acima de tudo, a efetividade da legislação 
processual trabalhista e a dignidade da pessoa humana”. 
Jorge Luiz Souto Maior (s.d.): 
Dito em outras palavras, mais claras e diretas: quando alguém diz que foram 
formuladas mudanças no Código de Processo Civil, o processualista trabalhista 
deve indagar: – alguma das inovações traz benefício à efetividade do processo do 
trabalho, para fins de melhor fazer valer os direitos trabalhistas? Se a resposta for 
negativa ou, até o contrário, que representa a criação de uma formalidade capaz de 
gerar algum óbice a este propósito, deve-se concluir sem medo de se estar errado: 
– então, não é preciso nem dizer quais foram as tais alterações!”. 
Nessa linha de raciocínio, aduz o Enunciado 66, da 1ª Jornada de Direito Material e 
Processual do Trabalho na Justiça do Trabalho: 
“Enunciado 66. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE NORMAS DO PROCESSO 
COMUM AO PROCESSO TRABALHISTA. OMISSÕES ONTOLÓGICA E 
AXIOLÓGICA. ADMISSIBILIDADE. 
Diante do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade 
de se conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração razoável do 
processo, os artigos 769 e 889 da CLT comportam interpretação conforme a 
Constituição Federal, permitindo a aplicação das normas processuais mais 
adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos princípios da instrumentalidade, 
efetividade e não retrocesso social”. 
Assim, devemos adotar a tríplice classificação das lacunas, considerando não 
apenas as lacunas normativas, mas também as ontológicas e axiológicas. 
A efetividade do processo é assunto da ordem do dia, e deve-se buscar o acesso 
real e efetivo do trabalhador à Justiça do Trabalho com primazia, trazendo o rápido 
recebimento de seu crédito alimentar. 
De outra sorte, a crítica construtiva que faço à Teoria Ampliativa é a aplicação 
subsidiária desmedida, trazendo grande insegurança jurídica aos jurisdicionados e aos 
operadores do Direito, afrontando inexoravelmente o consagrado princípio constitucional 
do devido processo legal, princípio dos princípios da Ciência Processual. A segurança e a 
estabilidade das relações jurídicas e sociais devem ser respeitadas, com base no princípio 
da segurança jurídica. 
 
 
 
 
Concluindo, devemos adotar a aplicação subsidiária do Processo Civil ao Processo 
do Trabalho (diálogo das fontes), com base na efetividade do processo, melhoria do 
Processo Laboral e acesso real e efetivo do trabalhador à Justiça Obreira, sem 
esquecimento dos princípios do devido processo legal e da segurança jurídica. 
Os princípios da ponderação de interesses, da razoabilidade, da proporcionalidade 
e da equidade deverão pautar a atuação do juiz do trabalho na aplicação subsidiária das 
normas do Processo Civil ao Processo do Trabalho. 
Também, os princípios constitucionais do processo e os valores de direitos humanos 
fundamentais deverão ser observados, em uma interpretação sistemática e teleológica dos 
sistemas processuais. 
A nosso ver, o ideal é a reforma da própria CLT, ou melhor, a edição de um Código 
de Processo do Trabalho, trazendo a regulamentação mais completa possível das 
situações processuais trabalhistas e evitando-se ao máximo aplicações subsidiárias. 
Princípio da celeridade 
Este princípio está na pauta do dia, tendo em vista o novo inciso LVIII do art. 5º da 
CF, pautado no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos). Trata-se do princípio da celeridade processual ou da razoável duração do 
processo. 
Corrobora a efetividade processual e o acesso à ordem jurídica justa. 
A busca da celeridade processual, de modo que o processo apresente uma razoável 
duração, é escopo de todos os ramos do Direito. A demora na entrega da prestação 
jurisdicional é um vício extremamente grave para a sociedade, e deve ser combatida com 
veemência. 
O jurisdicionado deve ter a sensação de que o Poder Judiciário é uma instituição 
preocupada com a solução dos conflitos de interesses e a entrega do bem da vida, de forma 
célere, rápida e efetiva. 
No Processo do Trabalho, o princípio da celeridade deve ser observado com 
primazia, tendo em vista o trabalhador ser a parte mais fraca na relação jurídica 
(hipossuficiente), e a natureza alimentar dos créditos trabalhistas. 
 
 
 
 
Princípio da conciliação 
Existem três formas de solução de conflitos de interesses: 
(1ª) Autotutela (autodefesa): significa fazer justiça com as próprias mãos, 
prevalecendo a lei do mais forte e subjugo do mais fraco (força física, econômica, social, 
política etc.). É a forma mais rudimentar de solução de conflitos, devendo ser apenas 
excepcionalmente admitida. Exemplo: legítima defesa. 
(2ª) Autocomposição: inegavelmente, é a melhor forma de solução dos conflitos e 
mundialmente privilegiada. Traduz a solução dos conflitos de forma amigável entre as 
partes envolvidas, sem o emprego da força. Exemplos: Comissão de Conciliação Prévia e 
mediação. 
(3ª) Heterocomposição: é a forma tradicional e mais comum de solução dos conflitos, 
apresentando duas características básicas: 
- a presença de um terceiro; 
- esse terceiro tem poder de decisão sobre as partes. 
São exemplos a jurisdição e a arbitragem. 
Com efeito, deve-se priorizar a autocomposição, representada com primazia pela 
conciliação. 
Nessa linha de raciocínio, aduz o art. 764 da CLT: 
“Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça 
do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. 
§ 1º Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão 
sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória 
dos conflitos. 
§ 2º Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em 
arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título. 
§ 3º É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo 
depois de encerrado o juízo conciliatório”. 
No mesmo sentido, preconiza o art. 3º, caput, do CPC/2015: “O Estado promoverá, 
sempre que possível, a solução consensual dos conflitos”. 
A Justiça do Trabalho sempre preconizou a conciliação dos conflitos de interesses, 
desde as suas origens históricas. 
 
 
 
 
Assim, todos os dissídios individuais e coletivos submetidos à apreciação da Justiça 
do Trabalho serão sujeitos a conciliação, visto que os juízes do trabalho empregarão os 
seus bons ofícios e persuasão nesse sentido. 
Ademais, é lícita a celebração de acordo pelas partes que ponha fim ao processo, 
mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. 
Vale ressaltar que a EC 45/2004 (Reforma do Judiciário) ampliou significativamente 
a competência material da Justiça do Trabalho ao substituir, no caput do art. 114 da CF, o 
termo conciliar por processar. A reforma em nada alterou a grande função da Justiça do 
Trabalho, que é a conciliação das lides trabalhistas. Justifica-se a modificação pelas novas 
ações de competência material da Justiça do Trabalho, que naturalmente não são 
suscetíveis de conciliação, como o mandado de segurança e as ações relativas às 
penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das 
relações de trabalho. 
Bons exemplos que ressaltam a importância da conciliação no Processo do Trabalho 
são as duas tentativas obrigatórias de conciliação no procedimento comum (ordinário): 
(1ª) após a abertura da audiência / antes da apresentação da defesa – art. 846 da 
CLT; 
 
(2ª) após as razões finais / antes da sentença – art. 850 da CLT. 
Majoração dos poderes do juiz do trabalho na direção do processo 
O juiz do trabalho tem amplos poderes na condução do processo, sendo considerado 
seu diretor. 
Assim, os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do 
processo evelarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer 
diligência necessária ao esclarecimento delas (art. 765 da CLT). 
De acordo com a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), a execução será promovida 
pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas 
nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado (jus postulandi – 
 
 
 
 
arts. 791 e 839, “a”, da CLT e Súmula 425 do TST). Portanto, houve mitigação do princípio 
do impulso oficial na execução trabalhista. 
A doutrina moderna estabelece que o magistrado não pode se contentar com a 
verdade formal, que é a aquela que está nos autos, mas deve buscar a verdade real, ou 
seja, procurar verificar o que realmente ocorreu no mundo dos fatos para a prolação de 
uma sentença mais justa e equânime. Assim, exige-se postura mais ativa do juiz (princípio 
inquisitivo ou inquisitório), uma vez que detém ampla liberdade na condução do processo 
para a determinação de qualquer diligência que seja necessária para o esclarecimento do 
conflito de interesses. 
O sistema processual vigente adota o princípio do convencimento motivado ou da 
persuasão racional do juiz, na medida em que o magistrado apreciará livremente a prova, 
atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas 
partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento 
(art. 371 do CPC/2015). 
Protecionismo temperado (mitigado ou relativizado) ao trabalhador/princípio do 
protecionismo processual 
O Princípio da Proteção (tutelar, tuitivo ou protetivo) é o Princípio-Mãe do Direito do 
Trabalho. Como dizem, é o princípio dos princípios. Aliás, todos os demais princípios que 
fundamentam o Direito do Trabalho partem dos ideários do Princípio da Proteção. 
Objetivamente, nele se encontra a premissa de uma clara desigualdade econômica 
entre o empregado e o empregador no plano dos fatos. O trabalhador é considerado 
hipossuficiente, representando a parte mais fraca na relação jurídica. Assim, o escopo do 
Direito do Trabalho é assegurar uma superioridade jurídica ao empregado, traduzindo 
aplicação do princípio da igualdade (isonomia ou paridade de armas). 
A igualdade é traduzida pelo tratamento desigual conferido aos desiguais, na medida 
de suas desigualdades. Uma desigualdade somente é solucionada criando-se outra 
desigualdade. 
Nas palavras do saudoso jurista uruguaio Américo Plá Rodriguez (2000), temos o 
seguinte: 
 
 
 
 
“O princípio da proteção se refere ao critério fundamental que orienta o Direito do 
Trabalho, pois este, ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade, responde 
ao objetivo de estabelecer um amparo preferencial a uma das partes: o trabalhador. 
Enquanto no direito comum uma constante preocupação parece assegurar a 
igualdade jurídica entre os contratantes, no Direito do Trabalho a preocupação 
central parece ser a de proteger uma das partes com o objetivo de, mediante essa 
proteção, alcançar-se uma igualdade substancial e verdadeira entre as partes”. 
O eminente jurista e Ministro do TST Mauricio Godinho Delgado (2010) assim 
preleciona: 
“Informa este princípio que o Direito do Trabalho estrutura em seu interior, com suas 
regras, institutos, princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte 
hipossuficiente na relação empregatícia – o obreiro –, visando retificar (ou atenuar), 
no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho. 
(...) 
Parte importante da doutrina aponta este princípio como o cardeal do Direito do 
Trabalho, por influir em toda a estrutura e características próprias desse ramo 
jurídico especializado. Esta, a propósito, a compreensão do grande jurista uruguaio 
Américo Plá Rodriguez, que considera manifestar-se o princípio protetivo em três 
dimensões distintas: o princípio in dubio pro operario, o princípio da norma mais 
favorável e o princípio da condição mais benéfica. 
(...) Como excluir essa noção do princípio da imperatividade das normas 
trabalhistas? Ou do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas? Ou do 
princípio da inalterabilidade contratual lesiva? Ou da proposição relativa à 
continuidade da relação de emprego? Ou da noção genérica de despersonalização 
da figura do empregador (e suas inúmeras consequências protetivas ao obreiro)? 
Ou do princípio da irretroação das nulidades? E assim sucessivamente. Todos 
esses outros princípios especiais também criam, no âmbito de sua abrangência, 
uma proteção especial aos interesses contratuais obreiros, buscando retificar, 
juridicamente, uma diferença prática de poder e de influência econômica e social 
apreendida entre os sujeitos da relação empregatícia. 
Desse modo, o princípio tutelar não se desdobraria em apenas três outros, mas 
seria inspirador amplo de todo o complexo de regras, princípios e institutos que 
compõem esse ramo jurídico especializado”. 
Diante da grande importância do princípio da proteção para o Direito do Trabalho, 
surge a seguinte indagação: o princípio tuitivo é aplicável ao Processo do Trabalho? 
A doutrina justrabalhista moderna vem sustentando a aplicação do protecionismo 
temperado, mitigado ou relativizado ao trabalhador (princípio da proteção temperada, 
mitigada ou relativizada – princípio do protecionismo processual). 
Assim, no âmbito processual o princípio em análise não é visto com a mesma 
intensidade no Direito do Trabalho, mas deve ser respeitado de forma temperada para 
facilitar o acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho. Isso significa que o obreiro contará 
com algumas prerrogativas processuais que objetivam compensar eventuais dificuldades 
ao procurar a Justiça do Trabalho. Além de, sob o ponto de vista econômico, ser 
 
 
 
 
hipossuficiente, o trabalhador possui grandes dificuldades de provar suas alegações, pois 
os documentos que comprovam a relação de emprego, em sua maioria, ficam na posse do 
empregador. 
Nesse diapasão, ensina Emília Simeão Albino Sako (2008) sobre a inversão do ônus 
da prova e o princípio da aptidão da prova: 
“O estado de miserabilidade, de fraqueza e de vulnerabilidade, em sentido 
econômico, seja do trabalhador ou do consumidor, dificulta a produção da prova e, 
consequentemente, pode obstar ou dificultar as vias de acesso à justiça. A 
desigualdade na produção da prova no processo do trabalho é imensa, pois os 
empregadores geralmente contam com departamentos jurídicos organizados e de 
bom nível técnico, o que facilita a produção de qualquer tipo de prova. Além disso, 
podem pagar a emissão de pareceres e certidões, honorários para que profissionais 
acompanhem as perícias de insalubridade, periculosidade, médicas, com emissão 
de laudos etc., facilidades que, em regra, não tem o trabalhador quando em litígio 
com seu empregador. 
A distribuição do ônus da prova leva em conta as possibilidades de cada litigante 
em demonstrar os fatos alegados, conjugados com o que se extrai da experiência e 
a observação do que ordinariamente acontece. A inversão do ônus da prova é 
cabível quando a posição processual de uma das partes for apenas defensiva em 
relação à outra, porque encontra dificuldades de agir em razão de alguma carência. 
Alegando o réu que a afirmação do autor não é verdadeira ou que carece de 
correção, atrairá para si o ônus de provar tais alegações. O juiz verificará, em cada 
caso, a qual das partes incumbia o ônus da prova, decidindo contra aquela sobre a 
qual recaía esse ônus (ônus objetivo) e dele não se desvencilhou. Pelo princípio da 
aptidão da prova, a parte dotada de maiores condições de produzir em juízo a prova 
exigida deve fazê-lo. 
No processo vigora o princípio segundo o qual aquele que tiver melhores condições 
e/ou facilidades de produzir a prova deverá fazê-lo (princípio da aptidão da prova). 
(...) 
A parte dotada de melhores condições de produzir a prova deverá fazê-lo, 
independente de ser o autor ouo réu. Em se tratando de documentos relativos ao 
contrato de trabalho ou da relação de trabalho, o empregador ou tomador tem o 
dever legal de mantê-los em seus arquivos pelo prazo que a lei determina; o 
empregado e o prestador de serviços, não. Assim, quando demandado, é o 
empregador ou tomador quem deve trazê-los ao processo sempre que forem 
exigidos, pois tem melhores condições e facilidades para assim agir. Sonegando a 
prova com o intuito de prejudicar a parte adversa, ou não a produzindo a contento, 
o juiz poderá declarar provados os fatos cuja prova foi obstada ou dificultada pelo 
réu (CPC [/73], arts. 355 e seguintes [art. 396, CPC/2015]; Súmula n. 338 do TST). 
Esse princípio funda-se no estado de hipossuficiência do trabalhador e do 
consumidor, e orienta o juiz a direcionar o ônus da prova a quem tem melhor 
condição de produzi-la (CDC, art. 6º), que, em regra, é o empregador ou o tomador”. 
São manifestações do protecionismo temperado ao trabalhador no Processo do 
Trabalho: 
- possibilidade de inversão do ônus da prova, a fim de facilitar o acesso real e efetivo 
à Justiça da parte vulnerável da relação jurídica (art. 6º, VIII, da Lei 8.078/90 – Código de 
Defesa do Consumidor); 
 
 
 
 
- ausência do reclamante na audiência trabalhista gera o arquivamento da 
reclamação trabalhista, possibilitando a repropositura da ação; de outra sorte, a ausência 
do reclamado em audiência gera revelia, além da confissão quanto à matéria de fato (art. 
844 da CLT). As consequências processuais são mais graves no caso de ausência do 
reclamado; 
- jus postulandi, que é a possibilidade do trabalhador de postular pessoalmente 
perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final, sem a 
necessidade de advogado (art. 791 da CLT); 
- possibilidade de reclamação trabalhista verbal (art. 840 da CLT); 
- possibilidade de a execução trabalhista ser promovida ex officio pelo juiz do 
trabalho, apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado 
(art. 878 da CLT); 
- exigência de depósito recursal somente ao empregador no caso de interposição de 
recurso (art. 899 da CLT). O depósito recursal tem natureza jurídica híbrida ou mista, pois, 
além de ser um pressuposto recursal objetivo ou extrínseco, serve para a garantia do juízo 
em relação à futura execução trabalhista a ser promovida pelo empregado-reclamante, 
bloqueando recursos meramente protelatórios, que dificultam o célere recebimento dos 
créditos trabalhistas de natureza alimentar pelo trabalhador. 
Vale ressaltar que a observância do princípio da proteção temperada no Processo 
do Trabalho, como o próprio nome sugere, não afasta o respeito ao princípio da paridade 
de armas do Processo do Trabalho, assegurando-se a ambas as partes as mesmas 
oportunidades processuais. 
Função social do processo do trabalho 
De acordo com a doutrina de vanguarda, todos os institutos de Direito Material ou 
Processual devem ser estudados à luz de sua função social, ou seja, com a preocupação 
da supremacia do interesse público em detrimento do interesse de classe ou particular, bem 
como os adequando à sociedade atual, ao contexto social vigente e adotando-se a primazia 
da dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
 
Sobre a função social dos contratos comenta o Professor Flávio Tartuce (2002) que 
“(...) a função social dos contratos é princípio que interessa a toda a coletividade, 
constituindo tanto o art. 421 quanto o art. 2.035, parágrafo único, do Código Civil normas 
de ordem pública, inafastáveis por convenções ou disposição contratual” 
Conceituamos o princípio da função social dos contratos como um regramento 
contratual, de ordem pública (art. 2.035, parágrafo único, do CC), pelo qual o contrato deve 
ser, necessariamente, analisado e interpretado de acordo com o contexto da sociedade. 
Assim, para este autor, a ideia de função está relacionada com o conceito de 
finalidade ou utilidade. No caso, deve-se imaginar que o contrato tem uma finalidade em 
relação ao meio que o cerca e, portanto, com ele deve ser analisado. Se um contrato for 
ruim para as partes, também o será, de forma indireta, ruim para a sociedade, pois não 
atende à sua finalidade social. De forma inversa, um contrato que é ruim para a sociedade 
também o é para as partes contratantes, em regra. Isso porque os elementos parte-
sociedade não podem ser concebidos isoladamente, mas analisados como um todo. Por 
isso é que este autor enxerga na função social dos contratos a sua dupla eficácia. 
Não se pode afastar o fundamento constitucional desse princípio, como vem 
reconhecendo a doutrina, quase que com unanimidade. 
Inicialmente, a função social dos contratos está ligada à proteção dos direitos 
inerentes à dignidade da pessoa humana, amparada no art. 1º, III, da CF/1988. Ademais, 
tendo em vista ser um dos objetivos da República a justiça social (art. 170, caput, do Texto 
Maior), bem como a solidariedade social (art. 3º, III), nesses dispositivos também residiria 
a função social dos pactos. 
Por outro lado, para a valorização da liberdade, tão em crise na esfera dos negócios 
jurídicos, procura-se encampar a igualdade ou isonomia muitas vezes não percebida no 
momento de execução do contrato, buscando-se tratar de maneira igual os iguais e de 
maneira desigual os desiguais, nos termos do art. 5º, caput, da CF/1988. 
Na busca da função social dos contratos, é crescente a valori­zação da pessoa 
humana, seguindo a tendência de personalização do Direito Civil, apresentada por vários 
autores do Direito Privado. Na conceituação do princípio, há uma fusão de preceitos 
 
 
 
 
patrimoniais e existenciais, assegurando-se ao sujeito de direito o mínimo para que viva 
com dignidade. 
A moderna doutrina processual justrabalhista vem sustentando a existência do 
princípio da função social do processo do trabalho. Fundamentos doutrinários: 
- relevante interesse social presente na entrega do crédito trabalhista ao empregado; 
- caráter publicista do Direito Processual do Trabalho. 
São características da função social do Processo do Trabalho: 
- supremacia do interesse público sobre o interesse de classe ou particular; 
- dignidade da pessoa do reclamante e do reclamado; 
- eficácia vertical e horizontal dos direitos humanos fundamentais (dimensões 
objetiva e subjetiva), ou seja, o respeito aos direitos fundamentais nas relações 
Estado/particular e entre particulares; 
- princípio da vedação ao retrocesso social, isto é, o Processo do Trabalho deve estar 
em constante atualização à realidade social, às transformações da sociedade, tendo por 
base a evolução dos direitos fundamentais; 
- princípio da igualdade processual (isonomia ou paridade de armas), garantindo-se 
igualdade de oportunidades às partes litigantes; 
- princípio da igualdade real ou substancial, dando a cada um o que é seu por direito; 
- efetividade processual; 
- celeridade processual (razoável duração do processo); 
- acesso à ordem jurídica justa; 
- prestação jurisdicional confiável; 
- decisões judiciais pautadas na realidade; 
- facilitação do acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho; 
- princípio da melhoria da condição social do trabalhador; 
 
 
 
 
- princípios do devido processo legal e da segurança jurídica, de modo que os atos 
processuais sejam praticados de forma razoável e previsível, sem surpresas ao 
jurisdicionado. 
Assim, a legislação, a doutrina e a jurisprudência processual trabalhista devem ter a 
preocupação constante com a modernização do Direito Processual do Trabalho, 
adaptando-o às transformações da sociedade, antenados na evolução dos direitos 
fundamentais, tendo como focos a dignidade das partes, a melhoria da condição social do 
trabalhador e a efetividade do processo. 
São fundamentos legais do princípio em comento: 
CF: 
 “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e doDistrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III – a dignidade da pessoa humana; 
(...) 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
(...) 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
(...) 
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; 
(...) 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
(...) 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: 
(...) 
III – função social da propriedade”. 
 
CLT 
 
 
 
 
“Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de 
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, 
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, 
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, 
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou 
particular prevaleça sobre o interesse público”. 
 
LINDB 
“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum”. 
 
CC 
“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função 
social do contrato”. 
 
O Professor Carlos Henrique Bezerra Leite (2017) comenta o princípio da seguinte 
forma: 
“A diferença básica entre o princípio da proteção, acima referido, e o princípio da 
finalidade social é que, no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no plano 
processual; no segundo, permite-se que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na 
medida em que auxilia o trabalhador, em busca de uma solução justa, até chegar o 
momento de proferir a sentença. 
Parece-nos, contudo, que os dois princípios – proteção e finalidade social – se 
harmonizam e, pelo menos em nosso ordenamento jurídico, permitem que o juiz, na 
aplicação da lei, possa corrigir uma injustiça da própria lei”. 
Princípio da busca da verdade real 
O princípio da busca da verdade real encontra fundamento no princípio da primazia 
da realidade, que rege o Direito Material do Trabalho. 
O princípio da primazia da realidade sobre a forma estabelece que no confronto entre 
a verdade real e a verdade formal deve prevalecer a verdade real. Assim, a realidade dos 
fatos deverá prevalecer em relação a algum documento não correspondente a essa 
realidade. 
Com base nesse princípio, o contrato de trabalho é conhecido como contrato-
realidade. 
A doutrina e a jurisprudência moderna exigem uma postura mais ativa do magistrado 
(princípio inquisitivo ou inquisitório), isto é, que ele não se contente apenas com a verdade 
formal, aquela contida nos autos. Dessa forma, o juiz da atualidade deve pautar a sua 
 
 
 
 
decisão nos valores da justiça e equidade, necessitando investigar mais profundamente os 
limites objetivos e subjetivos da lide por meio da análise mais apurada da realidade dos 
fatos (busca da verdade real). 
É inegável que a verdade real, na essência, é muito difícil de ser apurada; no entanto, 
o magistrado, na formação do seu livre convencimento motivado, deve buscar a verificação 
do que realmente aconteceu no conflito de interesses, até porque “o papel aceita tudo”, 
evitando, assim, a distorção da realidade. 
Corroborando o que foi dito acima, os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla 
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo 
determinar qualquer diligência necessária ao seu esclarecimento (art. 765 da CLT). 
Ademais, caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas 
necessárias à instrução do processo, bem como indeferir as diligências inúteis ou 
meramente protelatórias (art. 370 do CPC/2015). O juiz apreciará livremente a prova, 
atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas 
partes, mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento 
(art. 371 do CPC/2015). 
Princípio da indisponibilidade 
Este encontra fundamento no princípio da indisponibilidade, irrenunciabilidade ou 
inderrogabilidade dos direitos trabalhistas, estabelecendo que os direitos trabalhistas sejam 
indisponíveis, em regra, não podendo ser objeto de renúncia ou de transação. 
O Estado, para assegurar uma superioridade jurídica ao empregado hipossuficiente, 
atua na relação jurídica empregatícia assegurando direitos trabalhistas mínimos (patamar 
civilizatório mínimo), sendo conhecida essa intervenção como intervencionismo básico do 
Estado ou dirigismo estatal básico. 
Logo, os direitos trabalhistas estão assegurados ao trabalhador mediante normas 
estatais imperativas, cogentes ou de ordem pública, que são de observância obrigatória 
pelas partes. Esse respeito obrigatório às normas trabalhistas acaba produzindo reflexos 
no Direito Processual do Trabalho. Em especial, na entrega da prestação jurisdicional. 
 
 
 
 
Enfim, o Processo do Trabalho tem uma função finalística, qual seja, a prestação 
jurisdicional pautada no efetivo cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores. 
Princípio da normatização coletiva 
O princípio da normatização coletiva encontra fundamento constitucional no art. 114, 
§ 2º, da CF: 
“Art. 114. (...). 
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é 
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza 
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as 
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas 
anteriormente”. 
O comentado princípio é relacionado com o Poder Normativo da Justiça do Trabalho, 
que é a competência constitucionalmente assegurada aos tribunais trabalhistas de criar 
normas e condições gerais e abstratas, sendo uma atividade atípica do Poder Judiciário e 
típica do Poder Legislativo, conhecida como Poder Legiferante da Justiça do Trabalho. 
Com efeito, os dissídios coletivos (de natureza econômica ou jurídica) são de 
competência originária dos tribunais trabalhistas, cujos julgamentos são consubstanciados 
pelas sentenças normativas, com eficácia ultra partes, produzindo efeitos jurídicos nos 
contratos individuais de trabalho dos trabalhadores da categoria profissional envolvida. 
O eminente Professor Amauri Mascaro Nascimento (2009) comenta o Poder 
Normativo da Justiça do Trabalho: 
“Dá-se o nome de poder normativo à competência constitucional dos tribunais do 
trabalho para proferir decisões nos processos de dissídios coletivos econômicos, 
criando condições e normas de trabalho com força obrigatória. Desenvolveu-se uma 
doutrina de suporte ao sistema instituído a partir de 1939, por meio de conceituadas 
opiniões, como as de Geraldo Bezerra de Menezes, para quem não se justificaria 
uma jurisdição especial sem o poder de criar normas nos conflitos coletivos; 
Rezende Puech, que recomendava o poder normativo, tendo em vista a fragilidade 
do sindicalismo; Cotrim Neto, defensor da necessidade de contratos coletivos 
impostos; Cesarino Júnior, que viu no poder normativo a preservação da igualdade 
e da justiça social”. 
Para finalizar, destacamos que o mencionado princípio da normatização coletiva não 
é absoluto, e sim relativo. O Poder Normativo da Justiça do Trabalho atua no vazio da lei, 
no vácuo da lei, encontrando limites na própria Constituição Federal, na legislação 
trabalhistacogente de proteção ao trabalhador e nas condições mínimas de trabalho 
 
 
 
 
definidas nos instrumentos de negociação coletiva (convenções coletivas de trabalho e 
acordos coletivos de trabalho). 
Princípios do Código de Processo Civil de 2015 
Os arts. 1º a 15 do novel estuário processual civil trazem à baila princípios que 
consubstanciam verdadeiros mandamentos de otimização que orientam o operador do 
Direito Processual na visão pós-positivista, a saber: 
(1º) Princípio da interpretação do Processo Civil em conformidade com os valores e 
as normas fundamentais constitucionais (art. 1º): o processo civil será ordenado, 
disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos 
na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste 
Código. 
(2º) Princípio da iniciativa da parte/princípio do impulso oficial (art. 2º): o processo 
começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções 
previstas em lei. 
(3º) Princípio da inafastabilidade da jurisdição ou do amplo acesso ao Poder 
Judiciário/princípio da conciliação/princípio da estimulação das formas alternativas de 
solução dos conflitos (art. 3º): não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão 
a direito. É permitida a arbitragem, na forma da lei. O Estado promoverá, sempre que 
possível, a solução consensual dos conflitos. A conciliação, a mediação e outros métodos 
de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, 
defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo 
judicial. 
(4º) Princípio da celeridade processual e da razoável duração do processo/princípio 
da primazia do julgamento do mérito/princípio do máximo aproveitamento processual (art. 
4º): as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída 
a atividade satisfativa. 
(5º) Princípio da lealdade e da boa-fé processual (art. 5º): aquele que de qualquer 
forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. 
 
 
 
 
(6º) Princípio da cooperação ou da colaboração (art. 6º): todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de 
mérito justa e efetiva. 
(7º) Princípio da paridade de tratamento processual (art. 7º): é assegurada às partes 
paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos 
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo 
ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
(8º) Princípio da dignidade processual da pessoa humana (art. 8º): ao aplicar o 
ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, 
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a 
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
(9º) Princípio do contraditório e da ampla defesa (arts. 9º e 10): não se proferirá 
decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. A aludida regra 
comporta exceções: 
I – à tutela provisória de urgência; 
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, II e III; 
III – à decisão prevista no art. 701. 
Vale ressaltar que o princípio em estudo também deverá ser observado na seara das 
matérias de ordem pública (objeções processuais). Com efeito, o juiz não pode decidir, em 
grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado 
às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva 
decidir de ofício. Trata-se do princípio da primazia do contraditório e mitigação da matéria 
de ordem pública. 
10º) Princípio da necessidade de fundamentação das decisões judiciais (art. 11): 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade. Nos casos de segredo de justiça, pode ser 
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou 
do Ministério Público. 
 
 
 
 
(12º) Princípio da territorialidade (art. 13): a jurisdição civil será regida pelas normas 
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, 
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. 
(13º) Princípio da irretroatividade da lei processual/princípio da imediatidade ou da 
imediaticidade/princípio do isolamento dos atos processuais (art. 14): a norma processual 
não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos 
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma 
revogada. 
(14º) Princípio da aplicação supletiva e subsidiária do Código de Processo Civil aos 
processos trabalhistas, administrativos ou eleitorais (art. 15): na ausência de normas que 
regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código 
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. 
Por fim, os princípios são a base fundante de qualquer ramo, instituto e ciência do 
direito, sendo fundamental seu estudo. 
Entretanto, no processo do trabalho, a peculiaridade de seus princípios são a base 
dos entendimentos sedimentados da Justiça do Trabalho, servindo de base para decisões 
nos processos e interpretando direitos e garantias das partes. 
Com o advento da Lei n. 13.467/2017, a Reforma Trabalhista, entende-se que o 
Processo do Trabalho ganhou maior formalismo, exigindo habilidade técnica mais apurada 
dos operadores do direito na seara justrabalhista. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
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trabalho. São Paulo: Saraiva, 2017. 
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processo do trabalho. Revista LTr, vol. 70, n.08. 
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2007. Rio Grande do Sul: Síntese, 2007. 
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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo: 
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NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 24. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2009. 
NASCIMENTO, Amauri Mascaro: Curso de direito processual do trabalho. 28 ed. São 
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(coords.). Tomo: Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Pedro Paulo Teixeira Manus 
e Suely Gitelman (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/383/edicao-
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SAKO, Emília Simeão Albino. A prova no processo do trabalho: os meios de prova e o 
ônus da prova nas relações de emprego e trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2008. 
SARAIVA, Renato: Curso de Direito Processual do Trabalho. 5 ed. São Paulo: Método, 
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SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 
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TARTUCE, Flavio. Função social dos contratos: do Código de Defesa do Consumidor 
ao Código Civil de 2002. 2. ed. São Paulo: Método, 2007. 
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Processo do trabalho: embargos à execução ou 
impugnação à sentença? (a propósito do art. 475-J do CPC). Revista LTr, vol. 70, n. 10. 
THEODORO JÚNIOR,Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre Melo Franco; 
PEDRON, Flávio Quinaud. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015.Regionais do Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho. Os Juízes do Trabalho 
atuam nas Varas do Trabalho e formam a 1ª instância da Justiça do Trabalho. Os vinte e 
quatro (24) Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por Desembargadores e 
representam a 2ª Instância da Justiça do Trabalho. 
Quanto ao Judiciário Trabalhista, a Emenda Constitucional n. 24, de 9.12.1999, 
extinguiu a representação classista na Justiça do Trabalho. A partir daí, a Justiça do 
Trabalho passou a ser monocrática na 1.ª Instância (Varas do Trabalho), composta apenas 
e tão somente do juiz togado, que presta concurso de provas e títulos. Os tribunais também 
mudaram suas composições porque saíram os classistas e passaram a ser compostos de 
juízes togados, advindos da carreira ou do quinto constitucional (Ministério Público e 
Advocacia). 
Estabelece o art. 111 e seguintes da Constituição Federal quais são os órgãos da 
Justiça do Trabalho: 
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: 
I - o Tribunal Superior do Trabalho; 
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; 
III - Juízes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
Competência é a distribuição interna do exercício da atividade jurisdicional, ou seja, 
é a “medida” da jurisdição. Todo juiz tem jurisdição, entretanto só pode exercitá-la em 
determinadas matérias e em determinados espaços, segundo sua competência, que é a 
determinação do âmbito de atuação dos órgãos encarregados das funções jurisdicionais. 
Por isso, é possível dizer que a jurisdição é inerente à atividade de todo juiz, mas nem todo 
juiz tem poderes para julgar todos os litígios. Só o juiz competente tem legitimidade para 
fazê-lo validamente. 
Competência absoluta e competência relativa 
A competência é considerada absoluta, em princípio, quando fixada em razão da 
matéria, em razão da pessoa ou pelo critério funcional. A competência absoluta é 
inderrogável, não podendo ser modificada. 
 
 
 
 
A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada em 
qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. Em regra, ela é 
arguida como preliminar da contestação. Declarada a incompetência absoluta, os atos 
decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juízo competente. 
Considera-se competência relativa quando fixada em razão do território ou em razão 
do valor da causa. 
A incompetência relativa é arguida por meio de exceção. Caso o réu não o faça, no 
momento oportuno, dar-se-á a prorrogação da competência e o juiz que era incompetente 
passa a ser competente, embora pudesse ter sido afastado. O juiz não pode declarar a 
incompetência relativa de ofício, pois não pode ele conhecer de questões suscitadas, a cujo 
respeito à lei exige a iniciativa da parte. A exceção é um incidente, processado em 
separado, em autos apartados, que serve para acusar a incompetência relativa do juiz, bem 
como sua suspeição ou impedimento. 
Na Justiça do Trabalho, as competências absolutas são a material e a funcional, 
enquanto a competência territorial é relativa. 
Competência material 
Quando à competência material, o tema pode ser analisado sob o ângulo dos setores 
do direito do trabalho, dos tipos de relações jurídicas e dos dissídios individuais e coletivos. 
Sistemas jurídicos unificados e sistemas jurídicos fragmentados 
É necessária, primeiramente, uma distinção entre sistemas jurídicos unificados e 
sistemas jurídicos fragmentados para uma melhor compreensão do tema. 
Sistemas jurídicos unificados são aqueles nos quais a Justiça do Trabalho tem 
competência mais ampla, abrangendo não só o direito do trabalho propriamente dito mas 
também o direito de previdência social e acidentes do trabalho. 
Já nos sistemas jurídicos fragmentados, a competência material para julgar os 
diferentes setores próprios e conexos das questões trabalhistas é distribuída entre 
diferentes órgãos da jurisdição. É o sistema adotado pelo Brasil, onde a matéria trabalhista 
é julgada pela Justiça do Trabalho, a matéria previdenciária é julgada pela Justiça Federal 
e a matéria acidentária é julgada pela Justiça Estadual. 
 
 
 
 
Justamente por isso, há a separação entre competência própria, originária ou 
específica, relativa àquela competência natural, derivada da própria Constituição; e 
competência imprópria, derivada ou decorrente, relativa àquelas competências que foram 
fruto da vontade do legislador ordinário. 
Reforma do Poder Judiciário (EC nº 45, de 2004) 
É fácil ver os inconvenientes da fragmentação. Assim, o aprimoramento da nossa 
organização judiciária exige revisão, em parte feita pela EC nº 45, de 2004. 
A Reforma do Poder Judiciário deu maior projeção à Justiça do Trabalho ao 
transferir, para a sua esfera de competência, ações que vinham sendo julgadas pela justiça 
comum e pela Justiça Federal, e que, pela sua natureza, a sua apreciação, pelo Judiciário 
Trabalhista, é adequada e poderá ser mais célere. 
Em resumo, há modificações ampliativas da competência e outras confirmativas. 
Entre as primeiras estão a sua competência material, agora, para conhecer e decidir: 
1) ações oriundas da relação de trabalho; 
2) ações sobre disputas de representatividade entre sindicatos, entre sindicatos e 
trabalhadores e entre sindicatos e empregadores; 
3) ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos 
órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
4) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o 
disposto no art. 102, I, o, portanto, conflitos de competência de todos os seus tribunais, 
excluídos aqueles entre Tribunais Superiores. 
Entre as segundas, inclui-se a sua competência para: 
1) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e 
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
2) ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de 
trabalho, o que vinha sendo admitido pela jurisprudência; 
3) ações que envolvam exercício do direito de greve, os mandados de segurança, 
habeas corpus, que já vinha apreciando com base em legislação subsidiária e 
 
 
 
 
jurisprudência, e habeas data quando o ato questionado envolver matéria sujeita a sua 
jurisdição. 
O texto da EC n. 45 retira, do plano constitucional, a competência da Justiça do 
Trabalho para conciliar. Antes da alteração, a Constituição de 1988 dispunha que “compete 
à Justiça do Trabalho conciliar e julgar” (art. 114) e, na forma da citada Emenda, de 2004, 
que modifica seu texto, o mesmo art. 114 recebeu outra redação declarando que compete 
à Justiça do Trabalho processar e julgar (art. 114, caput). Todavia, a função conciliatória 
não foi excluída. Foi preservada. Continua com respaldo infraconstitucional (CLT, art. 652, 
a). 
Os processos em curso, na justiça comum, podem ser remetidos para a sua 
continuidade na Justiça do Trabalho? O princípio geral é o seguinte: determina-se a 
competência no momento em que a ação é proposta. A exceção ao princípio também é 
clara: alterada a competência em razão da matéria, o processo deve ser transferido para a 
jurisdição que a adquiriu. 
Como a EC n. 45 modificou a competência da justiça comum e da Justiça Federal, 
os processos nela em trâmite devem ser imediatamente enviados à Justiça do Trabalho, 
perante a qual terão seguimento. 
A doutrina predominante segue as lições de Paul Roubier (Le droit transitoire), a sua 
teoria do efeito imediato sobre as relações jurídicas de trato sucessivo. Efeito imediato não 
se confunde com retroatividade. A lei nova aplica-se imediatamente aos atos jurídicos 
futuros (efeito imediato) da relação jurídica (no caso o processo) em andamento. 
Há decisões judiciais que não seguem essas diretrizes, priorizando imperativos 
práticos. Tomam por base, para definir a competência,a data da sentença proferida em 
primeiro grau. Se a decisão é da justiça comum o processo nela deve continuar até o fim. 
Se não foi proferida decisão de primeiro grau na justiça comum, o processo deve ser 
remetido à Justiça do Trabalho (STF, CC 7.204, MG, rel. Min. Carlos Britto, 20-6-2005, DJ, 
9 dez. 2005). 
A transferência, para a Justiça do Trabalho, de ações movidas originariamente na 
justiça comum pode trazer problemas de competência. Ex.: ação de prestação de serviços 
autônomos movida na justiça comum no último ano do prazo prescricional de cinco anos e 
 
 
 
 
remetida para a Justiça do Trabalho, na qual o prazo de prescrição é de dois anos. Trata-
se de uma questão que deve ser solucionada com base no princípio do efeito imediato da 
lei nova. 
Para o juiz do trabalho, as transformações são da maior importância na medida em 
que o qualificam, bem como ao Judiciário Trabalhista, para decidir conflitos que, 
inicialmente, não estavam sob a sua jurisdição, o que valoriza a instituição. E, para o juiz 
de direito, deixar de julgar essas questões será vantajoso, pois terá maior disponibilidade 
para outras demandas que não se referem a relações de trabalho. 
Relações de trabalho 
Dissídios sobre relações de trabalho abrangem: 
- situações de emprego; 
- algumas formas semelhantes às relações de emprego. 
- contratos de atividade laboral do Código Civil. 
O instrumento pelo qual o conflito é posto perante seus órgãos é denominado 
dissídio. A palavra “conflito” deve ser utilizada para designar a divergência de interesses no 
plano material. 
Uma das modificações introduzidas pela EC n. 45 de 2004, que instituiu a Reforma 
do Poder Judiciário, amplia a competência da Justiça do Trabalho para (art. 114) “processar 
e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho” e “IX – outras controvérsias 
decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”. 
Diferem, portanto, os textos da Constituição de 1988, ao declarar que essa 
competência é para questões entre trabalhadores e empregadores, e o da EC n. 45, 
segundo o qual a competência do Judiciário Trabalhista é definida, em termos mais amplos, 
para julgar ações oriundas ou decorrentes das relações de trabalho. 
Onde a EC n. 45 não restringiu não é dado ao intérprete, celebremente, impor uma 
limitação, de modo que a amplitude do novo conceito realmente alargou a competência do 
Judiciário Trabalhista, que não pode ser alterado por lei infraconstitucional. 
 
 
 
 
Distinguem-se, portanto, dois conceitos, o de relação de trabalho e o de relação de 
emprego, e a EC n. 45/2004, ao atribuir ao Judiciário Trabalhista competência para julgar 
relações de trabalho, sem dúvida modificou as diretrizes constitucionais. 
A nova lei permite concluir que o Judiciário Trabalhista pode julgar toda relação de 
trabalho de pessoa física para pessoa jurídica ou física, uma vez que no plano 
constitucional o sujeito passivo que recebe os serviços de alguém não é mais o 
empregador, mas o tomador de serviço. 
Alguns contratos de trabalho do Código Civil também são abrangidos pelo conceito 
genérico de relação de trabalho, com o que é possível concluir que o seu julgamento, como 
tal, foi transferido do Judiciário comum para o trabalhista. 
O consumidor, como tal, é protegido pelo Código do Consumidor, e essa questão é 
decidida pela justiça comum e pelos Juizados Especiais da justiça comum. O trabalhador, 
quanto ao serviço que prestou para um tomador, pode pleitear perante a Justiça do 
Trabalho. 
A competência da Justiça do Trabalho limita-se às demandas de servidores públicos 
civis regidos pela legislação trabalhista, caso em que há, na verdade, relação de emprego 
no serviço público. Exclui as lides de servidores públicos estatutários, que são os 
funcionários públicos. 
Em conclusão, a competência para decidir relações de trabalho não estatutárias ou 
“celetistas” é da Justiça do Trabalho, enquanto relações de funcionários públicos com a 
administração direta ou de pessoal a eles equiparados por lei cabem à justiça comum ou à 
Federal, conforme o nível estadual ou federal do órgão público questionado. 
A competência para julgar questões sobre contrato a tempo determinado para 
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público da Administração é da 
justiça comum, quando, evidentemente, tratar-se de estatutário. 
Conclui-se, assim, que o inciso I do art. 114 é ampliativo da Justiça do Trabalho e o 
inciso IX dirige-se às controvérsias relacionadas, como ações de acidentes de trabalho, de 
previdência social ou outras, se a lei vier a assim dispor, o que dependeria de uma reforma 
da organização da Justiça do Trabalho. 
 
 
 
 
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar dissídios individuais entre 
empregados e empregadores rurais. Também é competente para apreciar o processo entre 
o empregado doméstico e seu empregador, que será uma pessoa ou família. 
Dá-se o nome de ação de cumprimento ao dissídio individual que legitima, 
concorrentemente, o empregado ou o sindicato a pleitear a condenação da empresa à 
observância e pagamento dos direitos previstos em instrumento coletivo, assim 
considerado aquele que resulta de uma negociação coletiva ou de um dissídio coletivo. 
A ação de cumprimento é um dissídio individual ordinário com rito comum e tem por 
fundamento uma sentença normativa proferida em dissídio coletivo. É prevista na CLT, art. 
872, parágrafo único. Está acoplada ao dissídio coletivo, do qual depende e resulta, de 
modo que, não havendo sentença normativa, a não ser quando proferida em ação coletiva, 
inexistirá ação de cumprimento sem o prévio dissídio coletivo que lhe deu vida. 
A Lei n. 8.984, de 1995, ampliou o âmbito da ação de cumprimento, antes restrito à 
execução das sentenças normativas proferidas nos dissídios coletivos, para autorizar as 
referidas ações também com base em acordos ou convenções coletivas de trabalho. 
Como se vê, a interpretação literal da lei indica que o objeto da ação de cumprimento 
é a cobrança de salários previstos em sentenças normativas; todavia, a prática judicial tem 
admitido uma extensão mais ampla para fazer da ação de cumprimento meio de cobrar 
qualquer cláusula de sentença normativa, posição que, como se vê, ultrapassa os 
parâmetros da lei. 
Estão legitimados, concorrentemente o empregado e o sindicato, na forma prevista 
pela Lei n. 8.984/95, e quando a ação tiver como partes o sindicato e a empresa ou dois 
sindicatos, a competência da Justiça do Trabalho é derivada e não originária ou específica, 
porque nesse caso não estará julgando uma questão entre empregados e empregador. 
A Justiça do Trabalho é competente para decidir questões de trabalho avulso. O 
trabalhador avulso, assim considerado aquele que presta serviços sem relação de emprego 
e com a intermediação do próprio sindicato, inconfundível, embora semelhante, com o 
trabalhador eventual, tem o direito de ação na Justiça do Trabalho. 
Quanto às ações entre empreiteiro operário e empreitador, algumas observações 
podem ser feitas. Empreitada é contrato de direito civil, regido pelas normas próprias desse 
 
 
 
 
setor da ordem jurídica. A empreitada não se confunde com a relação de emprego. Há 
grandes e pequenas empreitadas, conforme o vulto econômico do negócio, e empreiteiras 
pessoas jurídicas ou pessoas físicas. Portanto, há, em consequência, grandes e pequenos 
empreiteiros, e entre estes o empreiteiro operário. Este é um trabalhador. Presta serviços 
pessoalmente. 
A CLT, art. 652, a, III, atribuiu competência à Justiça do Trabalho para decidir as 
questões entre o empreiteiro operário ou artífice e os tomadores dos seus serviços. Não há 
inconstitucionalidade. O art. 114 da Lei Maior prevê a competência do Judiciário Trabalhista 
para relações de trabalho. 
Trabalhador temporário é aquele que presta serviço para empresas cedentes de mão 
de obra, para atendimento de necessidadeseventuais de terceiros que se beneficiam com 
esse trabalho. 
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar as questões entre o trabalhador 
temporário e ambas as empresas, a cedente e a cessionária, por força do disposto no art. 
19 da Lei n. 6.019/74. Porém, para as questões entre ambas as empresas, a cedente e a 
cessionária, a Justiça do Trabalho é incompetente em razão da matéria por se tratar de lide 
de direito civil. 
A prevalecer a interpretação ampla da EC n. 45, a Justiça do Trabalho é competente 
para julgar ações de prestadores de serviços autônomos e de serviços eventuais. É o 
entendimento que mais se coaduna com a citada Emenda quando define a Justiça do 
Trabalho competente para relações de trabalho e porque esses dois tipos de atividades são 
relações de trabalho. 
Certo é que há autônomos nos diferentes níveis de segmento social, porque 
autônomo tanto é o motorista de táxi que, ao receber o pagamento de uma corrida, 
desentende-se com o passageiro e quer solucionar o conflito, como o médico cirurgião que 
não recebeu os honorários da cirurgia, como, ainda, o advogado que quer arbitramento 
judicial do valor dos seus serviços. 
O contrato do advogado é o mandato. Há entendimento segundo o qual o mandato 
é uma relação de trabalho, mas é possível, também, interpretá-lo como uma outorga de 
poderes e não uma relação de trabalho. 
 
 
 
 
Dissídios coletivos 
No Brasil, a Justiça do Trabalho é competente para julgar dissídios coletivos de 
interesse ou econômicos. Os dissídios coletivos econômicos, a partir de 2004 (EC n. 45) 
tornaram-se um sério problema jurídico com a exigência legal da concordância do suscitado 
para a admissibilidade do processo e com a supressão dos vocábulos que constavam da 
Constituição de 1988 pela EC n. 45 e que são “criar normas e condições de trabalho”. Para 
Amauri Mascaro Nascimento, o dissídio coletivo econômico foi transformado em arbitragem 
facultativa. 
Por meio dos dissídios coletivos são estabelecidas regras gerais denominadas 
sentenças normativas, constitutivas de novos direitos, não previstos ainda pelas demais 
normas jurídicas. São da competência originária dos órgãos de segundo grau, os Tribunais 
Regionais do Trabalho. Quando abrange mais de uma Região, passa para a competência 
do Tribunal Superior do Trabalho. Nesse caso, o TST atua como instância recursal para os 
dissídios coletivos da competência originária dos Tribunais Regionais, e como instância 
originária para os dissídios coletivos que interessam e atingem mais de uma Região. 
A competência para julgar dissídios coletivos de natureza econômica envolve 
discussão sobre o modelo adotado para a solução desses conflitos a partir de 2004 (EC nº 
45). É mantida a exigência da tentativa prévia da negociação coletiva para solucionar o 
conflito, como também a possibilidade de arbitragem, como já estabelecia a Constituição 
Federal de 1988, não podendo, desse modo, desde logo ser proposto o dissídio coletivo 
econômico, sob pena de carência da ação, sem que se comprove o exaurimento da via 
consensual ou a recusa de uma das partes em negociar. 
A EC nº 45/2004 dispõe apenas que é facultado às partes, de comum acordo, ajuizar 
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito 
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção do trabalho, bem como as 
convencionadas anteriormente. O número de dissídios coletivos econômicos, que já vem 
caindo, tenderá a diminuir, a negociação coletiva poderá ser fortalecida e há a possibilidade 
de ampliação da greve nos casos de recusa da empresa em negociar ou autocompor-se. 
Os dissídios coletivos jurídicos, assim considerados aqueles nos quais a ação judicial 
se destina à declaração ou interpretação de norma jurídica ou contratual, como uma 
cláusula de contrato coletivo, não sofreram modificação, continuando a possibilidade do 
 
 
 
 
seu ajuizamento unilateral com a finalidade de obter, do Judiciário, a interpretação final e 
definitiva do Direito. 
Quanto à competência para julgar greve em atividade essencial e não essencial, 
quando presente a possibilidade de lesão do interesse público, em nome deste interesse e 
no desempenho das suas atribuições constitucionais, a Procuradoria da Justiça do Trabalho 
pode instaurar dissídio coletivo de greve perante os Tribunais Regionais do Trabalho, e se 
a amplitude da greve ultrapassar o âmbito de um Tribunal Regional, a competência 
originária será do Tribunal Superior do Trabalho. 
A greve em atividade não essencial é judicialmente apreciada como dissídio coletivo 
instaurado pela entidade sindical dos trabalhadores ou pela entidade sindical patronal e/ou 
empresa, seguindo os trâmites do dissídio coletivo econômico. 
A diferença entre dissídios coletivos de greve e ações que envolvam o exercício do 
direito de greve é a mesma que há entre conteúdo e procedimento. Essas ações não se 
referem ao julgamento do pleito ou da licitude ou ilicitude da greve, questão que fica para a 
esfera do dissídio coletivo nos tribunais. Restringem-se à verificação da regularidade ou 
não dos meios que estão sendo adotados pelas partes no procedimento de greve. O mérito, 
isto é, a abusividade ou não da greve e o pleito econômico que a gerou é matéria de dissídio 
coletivo. Os atos sindicais ou patronais que possam ferir o exercício da greve são da 
competência das Varas do Trabalho. 
A greve não se confunde com os pleitos por ela reivindicados pelos trabalhadores. 
O meio não é o mesmo que o fim visado para atingi-lo. Pode haver pleitos coletivos sem 
greve resolvidos, sem as vias judiciais, por negociação coletiva ou pelos meios processuais 
com os dissídios coletivos, igualmente sem greve. Combinam-se, nesse caso, a autotutela, 
permitida pelo direito do trabalho, e o processo judicial, o que leva o Tribunal a dois tipos 
de decisão numa só sentença normativa: o julgamento do mérito da greve para considera-
la abusiva ou não e o julgamento de cada pretensão apresentada pelo sindicato autor na 
inicial, que será acolhida ou rejeitada, terminando assim o conflito. 
 
 
 
 
Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data 
O novo art. 114 da Constituição estabeleceu como competência da Justiça do 
Trabalho processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, 
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. 
Uma das grandes novidades é a possibilidade de impetração de mandado de 
segurança perante a Vara do Trabalho (primeiro grau de jurisdição), evidentemente quando 
o ato questionado envolver matéria sujeita a sua jurisdição. 
O habeas corpus, quando o ato questionado envolver matéria sujeita a jurisdição 
trabalhista, passa a ser julgado pela Justiça do Trabalho. 
Em relação ao habeas data, a Constituição permite o manejo desse remédio na 
justiça trabalhista para possibilitar ao trabalhador o acesso a dados pessoais constantes de 
bancos de dados em poder do Estado e do próprio empregador. Objetiva o habeas data, 
portanto, salvaguardar os direitos da personalidade, por meio da autodeterminação 
informativa, protegendo-se o direito à intimidade e à vida privada. 
Competência territorial 
Denomina-se competência territorial ou de foro aquela determinada com base nos 
espaços geográficos sobre os quais ata o órgão jurisdicional. Trata-se, portanto, de um 
modo de delimitação territorial da jurisdição. 
São três as regas destinadas a definir a Vara perante a qual a questão deve ser 
movida, estabelecidas pelo art. 651 da CLT. 
A primeira, que é geral, é a Vara do loca da prestação de serviços. De acordo com 
o art. 651 da CLT, a competência das Varas do Trabalho é determinada pela localidade 
onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que 
tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. 
A segunda, para viajantes e agentes, tendo em vista que prestam serviços 
movimentando-seem localidades diferentes a Vara da localidade em que prestam contas 
dos seus serviços ao superior hierárquico. 
A terceira, para empresas que promovem atividades em mais de uma localidade, é 
a Vara tanto do local onde o empregador estiver exercendo a atividade como a da sua sede. 
 
 
 
 
As empresas brasileiras podem manter empregados trabalhando em filiais situadas 
em outros países. Prevalece o princípio da territorialidade: o empregado está sujeito às leis 
do país em que trabalha e a sua jurisdição. Porém a nossa legislação processual não 
excluiu a possibilidade da ação no Brasil. Se houve um tratado internacional, prevalecerá o 
local por ele indicado, e não outro (art. 651, § 2º, da CLT). Há, aqui, um foro optativo, de 
modo que a propositura da ação em um local exclui o direito de fazê-lo em outro. 
Competência por distribuição 
Num mesmo território com diversas Varas igualmente competentes, os processos 
serão distribuídos entre elas. É a competência por distribuição. 
Nas localidades em que existir mais de uma Vara, haverá um distribuidor (CLT, art. 
713), cabendo-lhe a distribuição dos processos, pela ordem de entrada, sucessivamente a 
cada Vara na medida em que forem apresentadas as ações. 
Também por distribuição será fixada a competência dos órgãos de segunda 
instância, em decorrência da existência de mais de uma turma em alguns Tribunais 
Regionais e da repartição dos processos entre relatores. 
Prorrogação de competência 
A competência territorial, como é simplesmente relativa, pode ser prorrogada, 
sempre que movido o processo perante Vara não competente e a exceção de 
incompetência não venha a ser suscitada. 
Não pode a Vara, ex officio, declarar-se incompetente ratione loci, mas somente 
mediante provocação do interessado. Há, no entanto, incoerência da lei que se afasta da 
doutrina e é pouco elucidativa quando ordena ao juiz declarar de ofício nulidade decorrente 
de incompetência de foro (CLT, art. 795, § 1º). 
Competência por prevenção 
É o fenômeno processual pelo qual se afirma a competência de um órgão dentre 
mais de um igualmente competente. Aquele que primeiro conhece da lide tem a sua 
competência estabelecida, em razão desse mesmo fato. 
 
 
 
 
Foro de eleição 
O foro de eleição é aquele em que as partes, num contrato, acordam no sentido de 
que qualquer pendência será resolvida em determinado local. É muito comum no Direito 
Civil (art. 78 do Código Civil). 
No processo do trabalho, não se admite o foro de eleição, pois a sua admissibilidade 
redundaria em problemas de difícil solução dada a hipossuficiência do trabalhador. É 
considerada não escrita a cláusula no contrato de trabalho que estabeleça foro de eleição. 
A regra a respeito da competência no processo do trabalho é a estabelecida no art. 651 da 
CLT e seus parágrafos, inexistindo foro de eleição. Não há omissão na CLT para se aplicar 
o CPC. 
Competência territorial nos dissídios coletivos 
Há dissídios coletivos entre sindicatos que têm base territorial limitada a uma Região 
da Justiça do Trabalho. Porém pode haver dissídio coletivo entre sindicatos que têm base 
territorial excedendo uma Região da Justiça do Trabalho. Assim, duas regras são 
necessárias. 
Os dissídios coletivos devem ser propostos perante o TRT onde o sindicato tem base 
territorial. 
No entanto, quando o dissídio coletivo, pela sua amplitude, exceder o âmbito 
jurisdicional de um Tribunal Regional, alcançando mais de uma Região, porque o sindicato 
representa trabalhadores de várias Regiões, será proposto perante o TST (CLT, arts. 677 
e 702, I, b). 
Competência funcional 
A competência funcional é a definida em razão das atribuições das quais se 
desincumbem as pessoas. Refere-se a um aspecto do processo: os atos que cabem aos 
diferentes órgãos e juízes, no mesmo processo. 
No plano horizontal, significa o critério de determinação das funções dos juízes num 
mesmo órgão e, no plano vertical, é determinada em razão das funções dos magistrados 
de diversos órgãos pelos quais o processo, em primeira e segunda instância, tramita. 
 
 
 
 
Compete aos juízes das Varas do Trabalho a prática de atos de audiência e atos fora 
da audiência. 
Atos de audiência: 
- dirigir a audiência; 
- formular perguntas às partes e às testemunhas, tanto as próprias como as dos 
advogados; 
- tomar os esclarecimentos dos peritos; 
- documentar essas provas, ordenando ao datilógrafo de audiência que as anote em 
uma ata; 
- apreciar as petições formuladas pelas partes; 
- tentar a conciliação entre as partes; 
- executar as sentenças transitadas em julgado; 
- cumprir as cartas precatórias que lhe forem deprecadas. 
Os atos fora de audiência que o juiz pratica são, em sua quase totalidade, os 
despachos das petições e processos, inclusive dos recursos interpostos pelas partes. A 
redação das sentenças, ato que também é privativo do juiz, tanto é feita na audiência como 
fora dela, uma vez que a lei concede prazo de 48 horas para tal fim. Atribuições 
administrativas são a posse de funcionários, a assinatura de relatórios dos trabalhos 
mensais e anuais etc. 
O juiz-presidente dos TRTs preside as reuniões e tem voto de desempate. Nas 
sessões administrativas, vota como os demais juízes, além do voto de qualidade. Preside 
as audiências de conciliação dos dissídios coletivos, salvo nos tribunais em que essa 
função é transferida para o vice-presidente. Fora das sessões, as suas atribuições 
principais são os despachos de recursos interpostos pelas partes, a decisão das correições 
parciais a distribuição dos feitos designando os juízes que devem relatar. Além disso, 
possui inúmeras atividades de natureza administrativa. 
Os TRTs podem ser divididos em turmas, grupos e seções especializadas, caso em 
que são escolhidos os presidentes de turmas e de grupos de turmas ou seções 
especializadas que presidem as sessões na forma do regimento interno do Tribunal. Todos 
 
 
 
 
os relatores, revisores e demais juízes votam no julgamento, negando ou dando provimento 
total ou parcial ao recurso. 
Há TRTs não divididos e outros nos quais há uma subdivisão dos órgãos em turmas 
e grupos de turmas. Nos tribunais não divididos, a competência é recursal e originária. Nos 
tribunais divididos, a divisão não é sempre a mesma. 
A competência funcional do TST é definida pela Lei 7.701/88, a qual estabelece a 
competência do Tribunal Pleno, da seção especializada em dissídios coletivos, da seção 
especializada em dissídios individuais e das turmas do TST. O Regimento Interno do TST 
também dispõe sobre a composição e competência do Órgão Especial do Tribunal Superior 
do Trabalho e sobre os temas tratados pela lei mencionada. 
Conflitos de competência 
Dão-se quando dois ou mais juízes se derem por competentes ou incompetentes. 
Na jurisdição trabalhista, os conflitos de competência, previstos do art. 803 ao 812, serão 
resolvidos na forma do art. 808, da CLT. De acordo com o art. 805 da CLT, o conflito pode 
ser suscitado pelo juiz, pelas partes ou pelo Ministério Público. Assim, serão processados 
e julgados pelo Tribunal Superior, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Varas 
do Trabalho e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes; e 
pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Varas do Trabalho e entre Juízos de Direito 
investidos na jurisdição trabalhista, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões. 
Ressalte-se ainda o que dispõe a Súmula 420 do TST: não se configura conflito de 
competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. 
Incompetência da Justiça Do Trabalho 
A CLT, no seu art. 643, § 2º, dispõe que as questões referentes a acidentes de 
trabalho continuam sujeitas à justiça ordinária. A Justiça do Trabalho é incompetente para 
julgar questões de acidentes do trabalho. A EC nº 45, ao dispor que compete à Justiça do 
Trabalho julgar asações oriundas das relações de trabalho, não foi explícita em atribuir-lhe 
competência para decidir sobre acidentes de trabalho. É sustentável concluir que isso 
ocorreu porque a ação judicial não visaria à obtenção de direitos decorrentes do contrato 
de trabalho, mas à concessão de prestação previdenciária por parte do INSS. 
 
 
 
 
As questões de natureza previdenciária, entre o segurado ou seus dependentes e o 
INSS, são decididas, na esfera administrativa, pelos órgãos administrativos da própria 
instituição previdenciária. No plano jurisdicional, são decididas pela Justiça Federal, por se 
tratar de ação contra autarquia federal. A justiça comum, no entanto, decide essas lides 
sempre que a comarca não seja sede de Vara da Justiça Federal. Entretanto as 
reclamações sobre complementação de aposentadoria são de competência da Justiça do 
Trabalho, por se tratar de dissídio entre empregado e empregador. 
A Constituição Federal, no seu art. 109, VI, atribuiu competência aos juízes federais 
para julgar crimes contra a organização do trabalho. A EC nº 45, ao dispor que a Justiça do 
Trabalho é competente para julgar ações oriundas das relações de trabalho, abriu a 
discussão. Para alguns, o Judiciário Trabalhista possui competência para essas ações, pois 
estariam compreendidas no conceito de “relações do trabalho”, além do fato de que os 
maiores conhecimentos do juiz do trabalho sobre irregularidades trabalhistas facilitaria a 
compreensão dos casos. Os argumentos contrários vão no sentido de que isso é matéria 
de direito penal e o princípio do favor laboratoris do direito do trabalho opõe-se ao princípio 
penal do in dubio pro reo. 
Exceção de incompetência 
As exceções são defesas dirigidas contra o processo e não contra o mérito, não 
visam à improcedência do pedido, mas sim a trancar o curso do processo, provocando a 
sua extinção sem resolução do mérito, ou a dilatação do seu curso. Ou seja, exceção é o 
indicativo de um tipo especial de resposta do réu, ao lado da contestação e da reconvenção, 
cabível nas hipóteses em que o sujeito passivo objetive alegar incompetência relativa, 
impedimento ou suspeição. 
A incompetência que deve ser apontada em razão de exceção trata-se da 
incompetência relativa, ou seja, aquela que se dá pelo fato do juízo que está para julgar 
determinada demanda não ser o competente devido aos critérios territoriais ou em virtude 
do valor da causa, conforme especificam os arts. 102 e 111 do CPC. 
A CLT disciplina as exceções no artigo 799 assim redigido: “Nas causas da jurisdição 
da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas com suspensão do feito, as exceções 
 
 
 
 
de suspeição ou incompetência. § 1º. As demais exceções serão alegadas como matéria 
de defesa”. 
Somente a incompetência relativa deve ser arguida por meio de exceção, pois a 
incompetência absoluta deve ser alegada no próprio bojo da contestação, como matéria 
preliminar. 
A competência em razão do lugar é relativa. Por isso, se não for arguida a exceção, 
no prazo para resposta (artigo 847, da CLT), haverá preclusão da matéria, prorrogando-se 
a competência da Vara em que a reclamação foi proposta. 
O Juiz do Trabalho não poderá conhecer, de ofício, da incompetência relativa. 
Embora o artigo 795, § 1º, da CLT assevere que deverá ser declarada de ofício a 
incompetência de foro, esta incompetência é a absoluta e não a relativa. O termo foro deve 
ser interpretado no sentido da Justiça competente em razão da matéria, ou seja: foro civil, 
foro criminal, foro trabalhista, etc. 
Somente o reclamado poderá arguir a exceção de incompetência em razão do lugar, 
pois o reclamante já escolheu a Vara do local em que pretendeu propor a ação, havendo 
preclusão consumativa. 
A CLT disciplina o procedimento da exceção de incompetência nos artigos nos 
artigos 799 e 800, da CLT, não havendo espaço para aplicação do CPC no aspecto. Nos 
termos do artigo 799 da CLT, apresentada a exceção, o juiz suspenderá o feito e abrirá 
vistas do exceto por 24 horas improrrogáveis (artigo 800, da CLT) e proferirá a decisão na 
primeira audiência sessão que se seguir. Se acolher a exceção, remeterá os autos à Vara 
competente, se rejeitar, prosseguirá na instrução do feito. 
No cotidiano das Varas Trabalhistas, o Juiz do Trabalho costuma decidir a exceção 
de incompetência em razão do lugar na própria audiência em que ela foi arguida se o 
reclamante reconhecer que, efetivamente, trabalhou no local de trabalho declinado pela 
excipiente. 
A decisão que aprecia a exceção em razão do lugar é de natureza interlocutória, não 
havendo como se recorrer de plano, restando a possibilidade do reclamado renovar a 
matéria quando do recurso cabível da decisão final (artigo 799, § 2º, da CLT), ou seja em 
sede de Recurso Ordinária (artigo 895, da CLT). 
 
 
 
 
Dispõe o artigo 799, § 2º, da CLT: “Das decisões sobre exceções de suspeição e 
incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, 
podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão 
final”. Embora o referido dispositivo mencione que a exceção de incompetência em razão 
do lugar possa ser terminativa do feito, somente a exceção de incompetência absoluta 
poderá ter esta qualidade, pois o processo será encaminhado para a Justiça competente 
diversa da trabalhista. 
A Súmula 214, alínea c, do TST possibilita o recurso ordinário em face da decisão 
que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal 
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, ou seja, se o Juiz do 
Trabalho, acolhendo a exceção de incompetência territorial, determinar a remessa dos 
autos para outra Vara do Trabalho vinculada a outro Tribunal Regional do Trabalho, 
segundo a citada Súmula há a possibilidade de interposição do Recurso Ordinário, pois a 
decisão é terminativa do feito junto à jurisdição do TRT em que o Juiz prolatou a Decisão. 
Quanto ao aspecto formal, a jurisprudência e a praxe trabalhista têm admitido que a 
exceção de incompetência em razão do lugar seja apresentada no próprio bojo da 
contestação em razão dos princípios da informalidade e simplicidade do Processo do 
Trabalho. Além disso, como a exceção e a defesa podem ser apresentadas num mesmo 
momento em audiência (artigos 846 e 847, da CLT), não há como não admitir que a exceção 
possa ser apresentada na mesma peça da contestação. 
 
 
 
 
SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
Secretaria 
Cada Vara terá 1 (uma) secretaria, sob a direção de funcionário que o Juiz designar, 
para exercer a função de secretário, e que receberá, além dos vencimentos 
correspondentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei (Art. 710). 
 
 
 
 
Compete à secretaria das Varas (Art. 711): 
a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos 
processos e outros papéis que lhe forem encaminhados; 
b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais papéis; 
c) o registro das decisões; 
d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos 
respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará; 
e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria; 
f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos; 
g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento 
da secretaria; 
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais; 
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da 
Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos. 
 
Compete especialmente aos secretários das Varas do Trabalho (Art. 712): 
a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço; 
b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presidente e das autoridades 
superiores; 
c) submeter a despacho e assinatura do Presidenteo expediente e os papéis que 
devam ser por ele despachados e assinados; 
d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu Presidente, a cuja 
deliberação será submetida; 
e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais; 
f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de 
execução, e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas 
autoridades superiores; 
g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas; 
h) subscrever as certidões e os termos processuais; 
i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que 
devam ter conhecimento, assinando as respectivas notificações; 
j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo Presidente da Junta. 
Parágrafo único – Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os 
atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em 
tantos dias quantos os do excesso. 
Distribuidores 
Nas localidades em que existir mais de uma Vara do Trabalho haverá um distribuidor 
(Art. 713). 
Compete ao distribuidor (Art. 714): 
 
 
 
 
a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Junta, 
dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados; 
b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito 
distribuído; 
c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado 
pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem 
alfabética; 
d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de 
informações sobre os feitos distribuídos; 
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos 
Presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, 
cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão 
mencionados em certidões. 
 
Os distribuidores são designados pelo Presidente do Tribunal Regional dentre os 
funcionários das Juntas e do Tribunal Regional, existentes na mesma localidade, e ao 
mesmo Presidente diretamente subordinados, conforme Art. 715 da CLT. 
Do cartório dos Juízos de Direito 
Os cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do 
Trabalho, têm, para esse fim, as mesmas atribuições e obrigações conferidas na Seção I 
às secretarias das Juntas de Conciliação e Julgamento (Art. 716). 
Além disso, segundo parágrafo único, nos Juízos em que houver mais de um 
cartório, far-se-á entre eles a distribuição alternada e sucessiva das reclamações. 
Aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do 
Trabalho, competem especialmente as atribuições e obrigações dos secretários das Varas; 
e aos demais funcionários dos cartórios, as que couberem nas respectivas funções, dentre 
as que competem às secretarias das Varas, enumeradas no art. 711 (Art. 717). 
Das secretarias dos Tribunais Regionais 
Cada Tribunal Regional tem 1 (uma) secretaria, sob a direção do funcionário 
designado para exercer a função de secretário, com a gratificação de função fixada em lei 
(Art. 718). 
Competem à Secretaria dos Conselhos, além das atribuições estabelecidas no art. 
711, para a secretaria das Juntas, mais as seguintes (Art. 719): 
 
 
 
 
a) a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa, depois de 
despachados, aos respectivos relatores; 
b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Conselho, 
para consulta dos interessados. 
Parágrafo único – No regimento interno dos Tribunais Regionais serão 
estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de 
suas secretarias. 
 
Competem aos secretários dos Tribunais Regionais as mesmas atribuições 
conferidas no art. 712 aos secretários das Varas do Trabalho, além das que lhes forem 
fixadas no regimento interno dos Conselhos (Art. 720). 
Dos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores 
Os oficiais de justiça são auxiliares dos juízes, com a função precípua de efetuar 
citações, intimações e outras diligências dentro da respectiva circunscrição judiciária. Na 
Justiça do Trabalho, a essas atribuições acrescenta-se a da penhora e avaliação, na fase 
executória. O artigo 721 da CLT disciplina esse auxiliar. 
Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do 
Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Varas do 
Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem cometidos pelos 
respectivos Juízes (Art. 721). 
Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de 
Justiça Avaliador funcionará perante uma Vara do Trabalho, salvo quando da existência, 
nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de 
mandados judiciais (§ 1º). 
Nas localidades onde houver mais de uma Vara, respeitado o disposto no parágrafo 
anterior, a atribuição para o comprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial 
de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 dias, 
sem razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário 
às penalidades da lei (§ 2º). 
No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cumprimento do ato, 
o prazo previsto no art. 888 (10 dias) (§ 3º). 
 
 
 
 
É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer 
Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das 
decisões desses Tribunais (§ 4º). 
Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Juiz 
da Vara do Trabalho poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário (§ 5º). 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
No Direito, os princípios são regramentos básicos que fundamentam todo o 
ordenamento jurídico, determinado ramo ou área do conhecimento ou um instituto de direito 
material ou processual do trabalho. 
O estudo dos princípios, para qualquer ramo ou instituto jurídico, representa a parte 
mais importante da matéria, servindo de base para a compreensão do conteúdo. 
Representa a parte nuclear da ciência jurídica. 
O eminente jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2001) assim define princípio: 
“É, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, 
disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o 
espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência 
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe 
confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que 
preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por 
nome sistema jurídico positivo. 
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade 
ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque 
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua 
estrutura mestra”. 
Princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho 
O Direito Processual do Trabalho é regido por Princípios Constitucionais do 
Processo, bem como por Princípios do Direito Processual Civil. 
Além disso, é inegável que o Processo Laboral possui princípios peculiares, típicos, 
caracterizando a sua autonomia. 
 
 
 
 
Princípio da simplicidade 
Comparando-se o Processo Civil com o Processo do Trabalho, é inegável afirmar 
que o último é mais simples e menos burocrático do que o primeiro. Na verdade, a CLT 
preocupou-se com o jus postulandi, que é a possibilidade de empregadoe empregador 
postularem pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanharem as suas 
reclamações até o final, sem advogado (art. 791 da CLT), sendo uma exceção do 
ordenamento jurídico vigente da capacidade postulatória privativa de advogado. 
Dessa forma, privilegiou-se a facilitação do acesso do trabalhador ao Judiciário 
Trabalhista, bem como ao trâmite processual simplificado, entregando-se ao jurisdicionado 
as verbas trabalhistas, de natureza alimentar. 
Como observamos, sempre que possível, os excessos do formalismo e da burocracia 
devem ser eliminados, na medida em que a busca da efetiva prestação jurisdicional e do 
acesso à ordem jurídica justa devem ser uma constante. 
Princípio da informalidade 
Processo é o instrumento da jurisdição. É o conjunto de atos processuais 
coordenados que se sucedem no tempo, objetivando a entrega do bem da vida ao 
jurisdicionado com a aplicação do direito objetivo ao caso concreto. 
Já o procedimento é a forma pela qual o processo se desenvolve, de modo mais 
singelo ou mais complexo. 
O Processo do Trabalho apresenta quatro procedimentos: 
I) procedimento comum (ordinário): para as demandas cujo valor da causa seja 
superior a 40 salários mínimos; 
II) procedimento sumário (dissídio de alçada): previsto no art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei 
n. 5.584/70, para os litígios cujo valor da causa não supere dois salários mínimos; 
III) procedimento sumaríssimo: fruto do advento da Lei n. 9.957/2000, que incluiu na 
CLT os arts. 852-A a 852-I, abrange os dissídios individuais cujo valor da causa seja 
superior a dois salários mínimos e limitado até 40 salários mínimos; 
IV) procedimento especial: abrange todas as ações que apresentam regras 
especiais, como o inquérito judicial para apuração de falta grave, o dissídio coletivo, a ação 
 
 
 
 
de cumprimento, a ação rescisória, o mandado de segurança, a ação de consignação em 
pagamento, as ações possessórias, o habeas corpus, o habeas data, a ação de prestação 
de contas etc. Assim, além dos procedimentos especiais tipicamente trabalhistas, temos os 
ritos especiais constitucionais e cíveis admitidos na Justiça do Trabalho. 
Assim, o Processo do Trabalho apresenta basicamente um procedimento mais 
complexo e completo, que é o comum (ordinário), e dois procedimentos céleres (sumário e 
sumaríssimo). Em todos eles, percebemos a preocupação com a informalidade, se 
comparamos com os procedimentos do Processo Civil. 
Todavia, vale ressaltar que essa informalidade não é absoluta, e sim relativa, uma 
vez que dependerá da documentação do procedimento. O procedimento escrito é 
fundamental para a observância do princípio constitucional do devido processo legal (art. 
5º, LIV, da CF), trazendo aos operadores do Direito e ao jurisdicionado maior segurança e 
estabilidade nas relações jurídicas e sociais. 
Na verdade, a mencionada informalidade refere-se ao fato de que o procedimento 
judicial na Justiça do Trabalho não é tão solene e rígido quanto aos demais, justamente 
para garantir o pleno atendimento à justiça, mas sempre conforme os limites da lei. 
Princípio do jus postulandi 
O jus postulandi é uma das principais características do Processo do Trabalho, uma 
vez que traduz a possibilidade de as partes (empregado e empregador) postularem 
pessoalmente na Justiça do Trabalho e acompanharem as suas reclamações até o final, 
sem necessidade de advogado (art. 791 da CLT). 
Consubstancia uma exceção da capacidade postulatória privativa de advogado. 
O jus postulandi é um dos grandes fundamentos dos princípios da simplicidade e 
informalidade supramencionados. 
É oportuno consignar que, em decisão do Pleno do TST (13-10-2009), o jus 
postulandi não é mais admitido no âmbito do TST, havendo a necessidade da figura do 
advogado. Esse novo entendimento é justificado pelo fato de que os recursos trabalhistas 
de natureza extraordinária (recurso de revista e embargos no TST), por não admitirem a 
rediscussão de fatos e provas (Súmula 126 do TST), exigem conhecimento técnico-jurídico 
de um advogado. 
 
 
 
 
Com efeito, à luz da Súmula 425 do Tribunal Superior do Trabalho, o jus postulandi 
das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais 
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de 
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. 
Princípio da oralidade 
Trata-se de um princípio não exclusivo do Processo do Trabalho, também servindo 
de fundamento para o Direito Processual Comum. Entretanto, no Processo do Trabalho, 
ele é observado de forma mais acentuada, tendo em vista os princípios da simplicidade, da 
informalidade e do jus postulandi. 
São características do princípio da oralidade do Processo do Trabalho: 
(a) primazia da palavra: 
• arts. 791 e 839, a, da CLT – apresentação de reclamação trabalhista diretamente 
pelo interessado; 
• art. 840 da CLT – possibilidade de apresentação de reclamação trabalhista oral; 
• arts. 843 e 845 da CLT – as partes deverão comparecer pessoalmente na audiência 
trabalhista, independentemente do comparecimento de seus representantes legais; 
• art. 847 da CLT – apresentação de defesa oral em audiência; 
• art. 848 da CLT – interrogatório e depoimento pessoal das partes em audiência; 
• art. 850 da CLT – razões finais orais em audiência; 
• art. 850, parágrafo único, da CLT – sentença após o término da instrução; 
(b) imediatidade (arts. 843, 845 e 848 da CLT); 
(c) concentração dos atos processuais em audiência (arts. 843 a 852 da CLT); 
(d) identidade física do juiz (vale ressaltar que, embora a identidade física do juiz 
seja uma das grandes características do princípio da oralidade e presente na CLT, fruto da 
concentração dos atos processuais em audiência, o TST, em sua Súmula 136, entendia 
que essa identidade não é aplicável às Varas do Trabalho. Vale ressaltar também que essa 
Súmula foi cancelada pela Resolução 185, de 14 de setembro de 2012, do TST); 
 
 
 
 
(e) irrecorribilidade imediata/direta/em separado/autônoma das decisões 
interlocutórias (art. 893, § 1º, da CLT); 
(f) maiores poderes instrutórios ao juiz (arts. 765, 766, 827 e 848); 
(g) maior interatividade entre o magistrado e as partes, traduzindo o princípio da 
cooperação, que defende um maior diálogo entre o juiz e o jurisdicionado em prol de um 
acesso à ordem jurídica justa (arts. 764, §§ 2º e 3º, 846 e 850 da CLT); 
(h) possibilidade de solução conciliada. 
Com efeito, muitas das lacunas do Processo do Trabalho apresentadas pela doutrina 
e pela jurisprudência são intencionais e decorrem do próprio princípio da oralidade, não 
sendo essencialmente lacunas. 
Por derradeiro, somos adeptos do entendimento que, com o advento da EC n. 24/99 
e a respectiva extinção da representação classista da Justiça do Trabalho em todos os 
graus de jurisdição, o princípio da identidade física do juiz, que estava previsto no art. 132 
do CPC/1973, deve ser aplicado ao Processo do Trabalho. São inegáveis as vantagens da 
adoção do princípio da identidade física no Processo Laboral, uma vez que possibilita 
julgamentos mais justos, representados por decisões prolatadas pelos próprios juízes que 
conduzirem o processo e, especialmente, as audiências. 
Princípio da subsidiariedade 
A CLT e a legislação trabalhista esparsa apresentam lacunas naturais, não 
conseguindo regular todas as situações jurídicas e sociais. 
Assim, na fase de conhecimento, o art. 769 da CLT aduz que o Direito Processual 
Comum será fonte subsidiária do Direito Processual do Trabalho, contanto que preencha 
dois requisitos cumulativos: 
(1º) omissão (lacuna, anomia) da CLT; 
(2º) compatibilidade de princípios e regras. 
Da mesma forma, na fase de execução trabalhista, o art. 889 da CLT estabelece que 
a Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/80) será fonte subsidiária do Processo do Trabalho, 
isto se preencher, a exemploda fase de conhecimento, dois requisitos cumulativos: 
 
 
 
 
(1º) omissão (lacuna, anomia) da CLT; 
(2º) compatibilidade de princípios e regras. 
As lacunas da CLT e a aplicação subsidiária do Direito Processual Civil ao Direito 
Processual do Trabalho 
Este tema é um dos mais importantes, que merece atenção especial em sua 
abordagem. 
O art. 769 da CLT (talvez o mais importante do Diploma Consolidado) trata da 
matéria: “Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária 
do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas 
deste Título”. 
Com fulcro no mencionado dispositivo legal, a aplicação subsidiária do Processo Civil 
ao Processo do Trabalho depende do preenchimento de dois requisitos cumulativos: 
(1º) omissão (lacuna, anomia) da CLT: há omissão tanto no Diploma Consolidado 
quanto na legislação processual trabalhista esparsa (Lei 5.584/1970, 7.701/1988 etc.); 
(2º) compatibilidade principiológica: compatibilidade entre os princípios e regras do 
Direito Processual Civil com os princípios e regras do Direito Processual do Trabalho. 
As lacunas da legislação processual são classificadas em: 
(a) lacunas normativas: são aquelas representadas pela ausência de norma 
reguladora do caso concreto, ou seja, não há regulamentação em lei sobre determinada 
situação processual. As lacunas normativas aproximam-se das lacunas primárias 
(tradicionais); 
(b) lacunas ontológicas: partem da premissa da existência de norma reguladora do 
caso concreto. Todavia, a norma existente está desatualizada, não apresentando mais 
compatibilidade com os fatos sociais e com o progresso técnico. É o que a doutrina chama 
de “ancilosamento da norma positiva”, isto é, o envelhecimento da norma; 
(c) lacunas axiológicas: também partem da premissa da existência da norma 
reguladora do caso concreto; entretanto, a aplicação da norma existente produzirá uma 
solução injusta ou insatisfatória, ou seja, não observará os valores de justiça e equidade, 
que são indispensáveis para a eficácia da norma processual. 
 
 
 
 
Cumpre frisar que o assunto em debate (incompletude do sistema processual em 
decorrência das lacunas existentes no ordenamento processual justrabalhista) gera 
grandes discussões doutrinárias e jurisprudenciais. Assim, há duas correntes sobre a 
interpretação do art. 769 da CLT: 
1ª corrente – Teoria Tradicional, Clássica ou Restritiva: a aplicação subsidiária das 
regras do Direito Processual Civil somente é possível na hipótese de lacuna na legislação 
processual trabalhista. Assim, a existência de omissão é condição indispensável para a 
aplicação subsidiária. Portanto, somente a lacuna normativa, que é a ausência de norma 
reguladora do caso concreto, autoriza a aplicação subsidiária. Fundamentos: 
- respeito ao princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF), 
evitando-se surpresas ao jurisdicionado com a aplicação de outras regras processuais que 
não sejam as previstas na legislação processual trabalhista; 
- princípio da segurança jurídica, assegurando-se estabilidade nas relações jurídicas 
e sociais não somente aos jurisdicionados, mas também aos operadores do Direito. 
São adeptos dessa corrente grandes juristas, como Pedro Paulo Teixeira Manus e 
Manoel Antonio Teixeira Filho (2007): 
“O art. 769 da CLT dispõe que ‘nos casos omissos o direito processual comum será 
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for 
incompatível com as normas deste Título’. Referida regra tem aplicação somente 
na fase de conhecimento ao colocar o CPC como fonte subsidiária primeira do 
processo do trabalho. Já na fase de execução no processo do trabalho, a regra de 
aplicação da lei subsidiária é aquela prescrita no art. 889 da CLT que afirma que 
‘aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que 
não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos 
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida da Fazenda Pública Federal’. 
Desse modo, como sabemos, a lei estabelece a regra específica a se aplicar tanto 
na fase de conhecimento quanto na de execução. E há em comum na aplicação de 
ambas as leis o requisito da omissão pela CLT, o que desde logo exclui aplicação 
de norma subsidiária quando aquela disciplinar a matéria. A regra estabelecida em 
ambos os artigos acima transcritos configura princípio típico do processo do 
trabalho, que garante o respeito ao devido processo legal, na medida em que o 
jurisdicionado tem a segurança de que não será surpreendido pela aplicação de 
norma diversa sempre que houver a solução do texto consolidado. É sob esta ótica 
que devemos examinar, a nosso ver, as modificações que se processam no Código 
de Processo Civil e a possibilidade de sua aplicação ao processo do trabalho”. 
Para Manoel Antonio Teixeira Filho (s.d.): 
“o art. 769, da CLT, permite a adoção supletiva de normas do processo civil desde 
que: a) a CLT seja omissa quanto à matéria; b) a norma do CPC não apresente 
incompatibilidade com a letra ou com o espírito do processo do trabalho. 
 
 
 
 
Não foi por obra do acaso que o legislador trabalhista inseriu o ‘requisito da omissão, 
antes da compatibilidade: foi, isto sim, em decorrência de um proposital critério 
lógico-axiológico. Desta forma, para que se possa cogitar da compatibilidade, ou 
não, de norma do processo civil com a do trabalho é absolutamente necessário, ex 
vi legis, que, antes disso, se verifique, se a CLT se revela omissa a respeito da 
matéria. Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado a perquirir sobre 
a mencionada compatibilidade. Aquela constitui, portanto, pressuposto fundamental 
desta”. 
2ª corrente – Teoria Moderna, Evolutiva, Ampliativa ou Sistemática: a aplicação 
subsidiária do Direito Processual Civil ao Direito Processual do Trabalho é possível não 
somente nos casos de lacunas normativas, mas também nas hipóteses de lacunas 
ontológicas e axiológicas. Para essa linha de entendimento, ainda que a CLT ou legislação 
processual trabalhista extravagante preveja norma específica reguladora do caso concreto, 
é cabível a aplicação subsidiária da norma do Processo Civil se a norma processual 
trabalhista estiver desatualizada ou se a respectiva aplicação se mostrar injusta ou 
insatisfatória. Fundamentos: 
- princípio da efetividade processual; 
- princípio da celeridade processual (razoável duração do processo); 
- princípio do acesso à ordem jurídica justa; 
- caráter instrumental do processo; 
- melhoria da prestação jurisdicional trabalhista; 
- dignidade da pessoa do trabalhador; 
- melhoria da condição social do trabalhador. 
Assim, o trabalhador teria real e efetivo acesso à Justiça do Trabalho. São adeptos 
dessa corrente grandes juristas, como Mauro Schiavi, Carlos Henrique Bezerra Leite e 
Jorge Luiz Souto Maior. 
Mauro Schiavi (2016): 
“Sob outro enfoque, o juiz, como condutor do Processo do Trabalho, encarregado 
de zelar pela dignidade do processo e pela efetividade da jurisdição trabalhista, 
conforme já nos posicionamos, deve ter em mente que o processo deve tramitar em 
prazo compatível com a efetividade do direito de quem postula, uma vez que a 
duração razoável do processo foi erigida a mandamento constitucional, e buscar 
 
 
 
 
novos caminhos e interpretação da lei no sentido de materializar este mandamento 
constitucional. 
(...) a moderna doutrina vem defendendo um diálogo maior entre o Processo do 
Trabalho e o Processo Civil, a fim de buscar, por meio de interpretação sistemática 
e teleológica, os benefícios obtidos na legislação processual civil e aplicá-los ao 
Processo do Trabalho. Não pode o juiz do Trabalho fechar os olhos para normas de 
Direito Processual Civil mais efetivas que a CLT, e se omitir sob o argumento de 
que a legislação processual do trabalho não é omissa, pois estão em jogo interesses 
muito maiores

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