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HISTÓRIA 1MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL HISTÓRIA HISTÓRIA 2MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL HISTÓRIA 3MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL TRANSFORMAÇÕES E PERMANÊNCIAS: TEMPO DO INDIVÍDUO E O TEMPO SOCIAL; TEMPO CRONOLÓGICO E TEMPO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS SOCIAIS E CULTURAIS, REGISTRO DE TEMPO AO LONGO DA HISTÓRIA. Tempo do indivíduo e social Não se pode esquecer, os seres humanos são constituídos pela sociedade onde se inserem. A importância desse vínculo é ressaltada na teoria social pela indicação de que a sociedade "fabrica" aqueles que dela participam conformes às significações que a caracterizam, dando-lhe — e a eles — uma identidade. Somente no momento histórico em que as noções de progresso, razão, produção e acumulação adquirem tanta ênfase é que se pode perceber o aparecimento da ideia de que são indivíduos isolados, independentes de seu grupo familiar ou de localidade, os que constroem o mundo. A concepção de indivíduo é, assim, contemporânea do mesmo processo que fez emergir a dupla significação acima apontada. Ao mesmo tempo em que supõe a competência humana para delinear projetos de vida, essa noção sugere capacidade de autocontrole e de autorregulação. Refere-se a alguém cujas potencialidades não estão impedidas de realização por quaisquer espécies de vínculos com o passado, alguém capaz de construir uma história pessoal, independente do grupo ao qual pertença. Ao mesmo tempo, aponta para a possibilidade de auto constituição e de projeção de um futuro, o que requer a crença de que inexiste, para a vida humana, qualquer predeterminação. O que está implícito nesta forma de conceber é que a vida de cada um é sua propriedade e o ser humano será aquilo que fizer de si próprio. Quando se fala de individualidade, está implícita, portanto, a possibilidade de autorreflexão, de crítica, de liberdade. Nesse sentido, o traçado da vida do indivíduo é, ao menos em parte, eleição. Seu destino não está fora dele, não é determinado externamente: é seu destino, no sentido forte. Como consequência, a realização individual exige que cada pessoa deixe marcas de sua passagem, marcas estas que caracterizarão a plenitude ou o vazio de uma existência. Já o tempo social dominante de uma sociedade é aquele que lhe permite cumprir os atos necessários para a produção dos meios que garantem sua sobrevivência, possibilitando a criação, manifestação, realização e atualização de seus valores fundamentais. Os procedimentos envolvidos nesse processo qualificam aqueles que os utilizam, a sociedade em que vigoram e as relações sociais que desencadeiam. Em cada tipo de coletividade, e em todos os níveis, a satisfação das existentes e a criação de novas necessidades, a transmissão à descendência do modo adequado de ser e da maneira desejável de agir, atribui significados, faz nascer valores que passam a ser compartilhados, constituindo modos de vida e tipos de sociabilidade. A forma pela qual uma dada sociedade garante a manutenção da vida, expressa no seu modo de produzir, nas regras que a organizam e nas principais atividades exigidas por essa produção, interfere sobre o seu ritmo temporal e indica qual é o tempo que nela predomina. Como as atividades que são secundárias para a definição desse processo articulam-se em torno dele, os tempos sociais em que essas atividades se desenvolvem: articulam-se em torno do tempo social dominante e submetem-se a seu ritmo. As mais diferentes teorias sociais qualificam a ordem social moderna como “sociedade do trabalho”, exatamente porque reconhecem na categoria trabalho sua dinâmica central. O tempo do trabalho – regular, homogêneo, contínuo, exterior, coercitivo, linear e abstrato – é o tempo social nela dominante. Por conseguinte, qualquer dos outros tempos sociais existentes, referentes a atividades que não são determinantes para sua caracterização, é penetrado por esses traços, que adquirem a conotação de identificadores do tempo. Pessoas e instituições lhe estão submetidos, fazendo com que a própria definição de ser social – individual e coletivo – sofra a mediação dos conceitos de trabalho e tempo de trabalho. Tempo cronológico e tempo histórico Cronológico: é o espaço de tempo em que os acontecimentos desenrolam e os personagens realizam suas ações, no decorrer de um tempo em sequencia. Histórico: escala de tempo usada no estudo da história da humanidade, tendo como unidades o ano, décadas ou séculos. Tempo cronológico é o contado no relógio, horas, dias, anos, numa ordem linear de tempo. Uma sequência em sentido horário. Exemplo: Hoje, acordei, tomei café e me vesti para ir trabalhar. Como peguei um engarrafamento enorme, terminei chegando atrasada.. Em suma: Tempo cronológico = seguindo o relógio, o calendário... sempre para a frente. Presente e futuro (mesmo que comece a narrativa em 1980, por exemplo, daí só poderá ir para frente, como no relógio). Tempo histórico O conceito de tempo histórico pode estar limitado ao estudo do tempo cronológico (calendários e datas), repercutindo em uma compreensão dos acontecimentos como sendo pontuais, uma data, organizados em uma longa e infinita linha numérica. Os acontecimentos, identificados pelas datas, assumem a ideia de uniformidade, de regularidade e, ao mesmo tempo, de sucessão crescente e acumulativa. A sequenciação dos acontecimentos sugere ainda que toda a humanidade seguiu ou deveria seguir o mesmo percurso, criando assim a ideia de povos “atrasados” e “civilizados” e ainda limitando as ações humanas a uma ordem evolutiva, representando o tempo presente um estágio mais avançado da história da humanidade. HISTÓRIA 4MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Características dos sistemas sociais e culturais, registro de tempo ao longo da história A palavra “tempo” divide-se em 3 categorias: - Tempo clima; - Tempo cronológico; - Tempo histórico. -Tempo clima: chuvas, ventos, etc. -Tempo cronológico: segundos, minutos, horas, dias, anos, etc... -Tempo histórico: idade antiga, idade média, pré- história, idade moderna, Brasil colônia, Brasil império, Brasil república. - 4 mil anos - Babilônia (cidade importante da antiguidade) - Observação do ciclo dos astros e do comportamento dos animais - Aplicação de um sistema de contagem de tempo observando especialmente a lua - Por que a semana tem 7 dias? Astrônomos da babilônia observaram que a lua demorava 7 dias para mudar de fase: nova – crescente – cheia – minguante A origem. O comércio interno desenvolveu-se bastante entre 1929 e 1937. Foi favorecido também pela guerra. Transportes e comunicações . Entre 1931 e 1934, foi organizado o Plano Geral de Viação Nacional; em 1937, a Comissão de Estradas de Rodagem Federais passou a denominar- se Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). . A viação aérea comercial iniciou-se com a criação da Viação Aérea Rio-grandense (VARIG), ainda na República Velha. As transformações sociais . A industrialização foi responsável por modificações na estrutura social do Brasil, causando o aumento das cidades e o surgimento do proletariado urbano. . O crescimento das cidades trouxe inúmeros problemas: habitação, saneamento, necessidade de ampliação da rede escolar, criminalidade, etc.. . A imigração foi limitada pelo governo de Vargas. As migrações internas, porém, aumentaram muito. . Fatores das migrações internas: secas na Região Nordeste, industrialização no Sudeste, falta de incentivo à fixação no campo, atrativo representado pela situação do operário urbano. Aspectos culturais . Durante os quinze anos de governo de Vargas, ocorreram modificações no setor cultural. . A legislação educacional tornou-se encargo privativo da União, e o ensino técnico foi incentivado. . Aumentou bastante o número de alunos em todos os graus de ensino. . As ciências foram muito favorecidas com a criação de universidades. . Também a literatura se desenvolveu, destacando-se as obras de Gilberto Freire, Graciliano Ramos, etc.. . Embora limitada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), a imprensa brasileira progrediu. . Durante o período, o rádio se impôs como novo meio eficiente de comunicação de massa, e o cinema, bem como o teatro, tiveram sua primeira fase de desenvolvimento. O período entre Ditaduras: A Redemocratização brasileira Aspectos políticos Política interna . José Linhares limita-se, em seu governo, a manter funcionando a administração e a preparar as eleições. . No governo Dutra, destacamos a promulgação da Constituição, a aproximação com os Estados Unidos, a repressão contra o comunismo e a construção da rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. . Na administração de Vargas, o grande destaque foi a criação da Petrobrás. . O Crime da Rua Toneleros foi o motivo da pressão militar que resultou no suicídio de Getúlio Vargas. . Depois de Vargas, em 17 meses, governaram João Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos. . Destaques no governo Kubitschek foram a Aplicação do Plano de Metas, que resultou na industrialização acelerada, construção de barragens e de Brasília. . Jânio Quadros renunciou depois de exercer política populista em curto tempo de governo. . A adoção do Parlamentarismo foi resultado da oposição à posse de João Goulart. . Os três ministros que governaram o país durante o sistema parlamentar foram: Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. . Em 1961, um plebiscito pôs fim ao sistema parlamentar. . A oposição à política social de João Goulart resultou no movimento militar de 64. . A participação brasileira na Segunda Guerra resultou em aproximação com os Estados Unidos. . O governo Vargas procurou manter política externa independente. . Durante o governo Kubitschek, o Brasil também promoveu aproximação com os Estados Unidos. . A administração de Jânio Quadros procedeu a aproximação com Cuba e China, além de restabelecer relações com a URSS. Aspectos econômicos . As atividades agrícolas, maior riqueza até o período da Segunda Guerra, foram incentivadas pelos governos que se sucederam no poder, a partir da administração de Dutra. . A cafeicultura continuou sendo a mais importante área do setor agrícola. . O Instituto Brasileiro do Café tornou-se o único órgão encarregado da classificação, exame e análise do produto. . A superprodução cafeeira continuou a constituir problemas, mas não graves como os de 1929. . A agricultura brasileira diversificou-se em termos de exportação depois da Segunda Guerra. . A industrialização crescente fez com que o Brasil fosse deixando de ser país eminentemente agrícola. . O aparecimento de projetos de reforma agrária foi resultado da existência de latifúndios improdutivos, enquanto proliferavam agricultores sem terra próprias. . A reforma agrária tentada por João Goulart sofreu grande oposição política. . O surto industrial posterior à Guerra deveu-se à necessidade de substituição de importações, impossibilitadas por causa do conflito. . O governo brasileiro dificultou mais ainda a importação de bens de consumo dispensáveis, ou que tivessem similar produzido no Brasil. . Terminada a Guerra, as exportações são superadas pelas importações, que desgastaram as reservas do país. . A incidência de greves foi crescente no período pós-guerra no Brasil. HISTÓRIA 16MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL . Depois da Guerra, os governos sucessivos tentaram contornar as crises econômicas que afligiram o país. . O Plano Salte foi o primeiro planejamento econômico adotado no Brasil. . O governo Vargas, de caráter político nacionalista, criou a Petrobrás. . Foram também obras do governo Vargas as criações do BNDE, da SPVEA, a instituição do salário mínimo. . O Plano de Metas do governo Kubitschek visava industrializar o Brasil com propostas como as da criação do GEIA e do Geicon. . Durante a administração de Jânio Quadros, foi tentada a abertura de novos mercados com as nações socialistas. . A rodovia Presidente Dutra foi construída durante o governo do presidente de que tomou nome. . A construção da rodovia Belém-Brasília ocorreu durante o governo de Juscelino Kubitschek, que também incrementou a ampliação de ferrovias, construção e pavimentação de rodovias e melhorias nos transportes navais e aéreos. Aspectos sociais . A industrialização colaborou para a concentração urbana no Brasil. . A necessidade de aprimorar a legislação trabalhista, de ampliar o alcance dos serviços públicos à maior parcela da população, de ampliar também a rede escolar, bem como a falta de moradias foram alguns dos resultados da concentração urbana. Cultura . O baixo nível de escolaridade e o analfabetismo são problemas que afligiram o Brasil desde o Império. . O governo Kubitschek promoveu reformas de ensino em todos os graus. . A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional modificou toda a estrutura de ensino do país. . O cientista César Lattes destacou-se nas pesquisas em Física Nuclear. . Na literatura brasileira, destacaram-se Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado e Guimarães Rosa. . Entre os poetas, merecem referência especial Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Morais. . No teatro, foram famosos no período Ariano Suassuna, Dias Gomes, Maria Clara Machado e Jorge Andrade. . O TBC e a Escola de Arte Dramática são fundados em São Paulo, além do Teatro Oficina. . A obra do pintor Cândido Portinari garantiu-lhe renome internacional. . As transmissões de TB tiveram início em 1950. . No cinema, Lima Barreto e Dias Gomes tiveram suas obras premiadas em Cannes. . Na música popular, teve nascimento, no período, a “bossa nova”. O GOLPE POLÍTICO DE 1964: SITUAÇÃO GERAL DO PAÍS; SITUAÇÃO ECONÔMICA PÓS-64. Aspectos políticos . Durante o governo Castelo Branco foram criados dois partidos políticos: a Arena e o MDB. . Foi também instituída a correção monetária e constituídas a Embratel e a Embratur. . Foi posto em prática o PAEG, instituído o FGTS e criado o INPS. . Além dos Atos Institucionais, o governo criou três ministérios: das Comunicações, do Planejamento e Coordenação Geral e o Interior; foi criadoainda o Serviço Nacional de Informações (SNI). . No governo Castelo Branco, ocorreram cassações de mandatos e suspensões de direitos políticos e foi elaborada nova Constituição, que ampliou os poderes do Executivo Federal. . O Ato Institucional nº 5 promulgado no governo Costa e Silva, aumentou ainda mais os poderes do presidente da República. . O Ato Institucional nº 5 puniu inúmeros políticos. . O governo Costa e Silva foi responsável pela criação do Mobral e da reforma universitária de 1968. . Durante o governo Costa e Silva, a Funai substituiu o antigo Serviço de Proteção o Índio. . Impossibilitado de governar por motivo de doença, Costa e Silva foi substituído por uma junta formada pelos ministros das três armas. . Durante o governo da junta militar que substituiu Costa e Silva, foi estabelecida emenda à Constituição de 1967. . No governo Médici, o plano de Metas e Bases de Ação do Governo incluiu a criação do PIN, do PIS e do Proterra, bem como da indústria petroquímica no país. . A ampliação do mar territorial para 200 milhas foi outra determinação do governo Médici, que colocou em ação o Plano Nacional de Desenvolvimento. . A criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, o recesso do Congresso Nacional e a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, marcaram o governo Ernesto Geisel. . O governo Geisel preparou as reformas políticas que resultariam, mais tarde, na redemocratização do país. . A destituição do General Sílvio Frota, que se opunha à escolha do sucessor do Presidente Geisel, foi um dos últimos atos daquele presidente. . Na eleição para Presidência ocorre, pela primeira vez depois de 1964, o surgimento de um candidato de oposição ao candidato oficial: o general reformado Euler Bentes Monteiro. . O início do governo Figueiredo foi marcado pela multiplicidade de greves em vários pontos do país, reprimidas pelo novo presidente. . A Lei da Anistia, em 1979, permitiu o retorno de várias personalidades políticas marginalizadas pelo movimento militar de 1964. . O governo Figueiredo preocupou-se em extinguir a burocratização da estrutura administrativa, criando um ministério extraordinário para esse fim. . O Território de Rondônia foi levado à condição de Estado no governo Figueiredo. . Foram criados, no governo do Presidente Figueiredo, novos partidos políticos depois da extinção da Arena e do MDB. Esses partidos políticos foram o PDS. o PMDB, o PT, o PDT e o PP, que teve curta duração. . Em 1982, são realizadas eleições diretas para provimento dos cargos de governadores de Estados, com vitória das oposições. HISTÓRIA 17MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL . Movimentos em favor da convocação de uma Assembleia Constituinte e da realização de eleições diretas para Presidência da República resultaram da abertura democrática promovida pelo Governo Federal. . No governo Castelo Branco, foi criada a Faibrás, e o Brasil foi visitado pelo presidente da França. . Inúmeros estadistas estrangeiros visitaram o Brasil durante o governo Costa e Silva. . O Presidente Médici visitou os Estados Unidos e Portugal. . O Presidente Geisel estreitou relações como Paraguai, objetivando aproveitamento dos recursos hidrelétricos existentes nas fronteiras dos dois países. . Ainda no governo Geisel, foi realizado o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. . O pragmatismo caracterizou as relações internacionais do Brasil a partir da década de 70, objetivando vantagens comerciais. . Figueiredo foi o presidente do Brasil que mais viagens realizou ao exterior. . A presença de inúmeros chefes de Estado estrangeiros durante o governo Figueiredo retratou o prestígio crescente do Brasil no exterior. Aspectos econômicos Planejamento . O PAEG, no governo Castelo Branco, objetivava recuperar a economia brasileira e promover o desenvolvimento de todas as regiões do país. . O Plano Estratégico de Desenvolvimento, durante a gestão do Presidente Costa e Silva, teve resultados favoráveis. . O PND, durante a administração Médici, resultou na instituição do PIN e do Proterra, na dinamização da Sudene e da Sudam. . O aperfeiçoamento do modelo econômico brasileiro ocorreu durante as gestões dos presidentes Geisel e Figueiredo, e caracterizou-se pela centralização econômica nas mãos do Governo Federal. . Foram retratos do insucesso do “modelo brasileiro” o aumento da inflação, do desemprego e a necessidade de recorrer ao FMI para sanar as finanças do país. Agricultura . A produção de cafés finos e de café solúvel foram solução para a manutenção da posição do Brasil no mercado cafeeiro em crise devido à concorrência internacional. . A reforma agrária, intentada desde o término da Segunda Guerra, foi objeto da criação do IBRA, no governo Castelo Branco e sua substituição pelo Incra. . O governo Figueiredo incrementou a agricultura para conseguir para o país a posição de grande exportador de gêneros, e o resultado foi o crescimento da produção agrícola, a despeito das geadas, das enchentes e da seca. . A soja surgiu no Brasil a partir da década de 70, concorrendo com produtos como a cana-de-açúcar, atualmente plantada também com o objetivo da produção do álcool. Progresso industrial e comercial . A partir de 1964, o governo procurou descentralizar a industrialização estimulando o crescimento industrial do Nordeste e da Amazônia. . A indústria petroquímica foi instalada no Brasil em 1972. . A siderurgia aumentou sua produção graças à ampliação de várias empresas já existentes (Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas, Cosipa, Acesita) e implantação de outras, como a Aços Finos Piratinik no Rio Grande do Sul. . O comércio internacional foi incentivado pelos governos depois de 1964, esforço prejudicado pela crise internacional do petróleo. . A crise do petróleo trouxe prejuízos para a economia brasileira em geral, causando indiretamente déficits na balança comercial, no balaço de pagamentos e causando aumento da inflação. . A criação do Proálcool e o incremento da produção nacional de petróleo não foram suficientes para debelar a crise de energia. . A crise econômica prejudicou também a indústria nacional, devido à diminuição do consumo e trazendo o desemprego. Transportes e comunicações . A Rodovia Transamazônica foi construída no governo Médici, bem como a Rodovia Cuiabá- Santarém. . As ferrovias foram também objeto da preocupação dos governos depois de 1964, sendo algumas construídas, algumas modernizadas (Ferrovia Dona Teresa Cristina). Alguns ramais antieconômicos foram desativados e mais tarde restabelecidos, devido à crise do petróleo. . Nos governos Geisel e Figueiredo, respectivamente, foram inaugurados os metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro. . A indústria naval brasileira progrediu depois de 1964, aumentando nossa Marinha Mercante. . Nas comunicações, ocorreu depois de 1964 a modernização dos serviços de telefonia e telex, graças à atuação da Embratel e da Telebrás. . A reorganização dos serviços postais, feita pela ECT, permitiu a modernização de nossos correios. Aspectos sociais . Algumas medidas de caráter social postas em prática depois de 1964: - criação do FGTS; - criação do PIS; - criação do INPS; - criação do FUNRURAL. . O divórcio foi instituído durante o governo Geisel. . Os fatores econômicos (inflação e desemprego) colaboraram para o aparecimento de problemas sociais de difícil solução. . A crise econômica acentuou a ocorrência do êxodo rural, levando a população urbana a suplantar a população do campo, a partir de 1970. Consolidação da democracia Uma democracia não é uma ditadura da maioria. Também não é um sistema no qual se garantesimplesmente o direito de votar nos chefes do poder executivo e nos membros do poder legislativo e de se candidatar a estes cargos. É muito mais complexo que isso. HISTÓRIA 18MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Em uma democracia, há direitos que são tão fundamentais que devem ser respeitados mesmo que haja oposição por parte da maioria. Estes direitos estão previstos na Constituição brasileira e não podem ser suprimidos nem mesmo por emenda constitucional. É o caso dos direitos à igualdade e à liberdade religiosa. Também não seria nada democrático se, no meio de um campeonato de futebol, a maioria dos clubes se reunisse para alterar as regras de pontuação de forma a impedir que o primeiro colocado se distanciasse dos demais na tabela. Ou, se durante uma eleição presidencial, a maioria do Congresso Nacional decidisse acabar com o segundo turno, de forma a beneficiar um determinado candidato que estivesse à frente das pesquisas, mas que tivesse poucas chances numa eventual aliança no segundo turno entre o segundo e o terceiro colocados. Na democracia as “regras do jogo” devem ser respeitadas enquanto se “joga”. Não se pode admitir mudanças oportunistas nas leis a fim de beneficiar quem quer que seja, ainda que a maioria assim deseje. E é por isso que as normas que criam crimes não podem retroagir e as leis eleitorais só devem valer nas próximas eleições. A vontade da maioria, ao contrário do que se poderia imaginar, não é soberana nas democracias modernas, pois está limitada por uma série de normas constitucionais que visam garantir primordialmente o respeito às “regras do jogo” e aos direitos fundamentais, ainda que contra a vontade expressa da maioria da população. E é fundamental que seja assim, pois a pior das tiranias é a tirania da maioria. Se o opressor é apenas um homem ou um grupo no poder, um dia certamente a maioria se insurgirá contra ele e o derrubará. Se, porém, quem oprime é a maioria, não restará à minoria subjugada sequer uma boa dose de esperanças para acalentá-la. Claro que um estado democrático de direito fundado no tripé soberania popular, direitos fundamentais e respeito à lei não se constrói do dia para a noite. Em 22 anos o Brasil evoluiu muito em direção ao ideal democrático, mas alguns fantasmas da ditadura militar ainda nos assombram. Duração do mandato presidencial e reeleição A duração do mandato presidencial tem sido um elemento de instabilidade democrática desde o início da redemocratização. Inicialmente cogitada em 4 anos pela Assembleia Nacional Constituinte, após intensa disputa política, acabou sendo aprovada em 5 anos, em benefício do então presidente José Sarney. Em 1994, a duração do mandato foi reduzida para 4 anos pela emenda constitucional de revisão nº5 e, em 1997, a emenda constitucional nº16 passou a admitir a reeleição por mais um mandato, em proveito do então presidente Fernando Henrique Cardoso, que pôde se candidatar e acabou se reelegendo. Claro que em uma democracia as regras não poderiam ser alteradas durante o jogo em benefício de um dos jogadores. A emenda da reeleição só deveria ter surtido seus efeitos a partir do mandatário seguinte, mas lamentavelmente não foi este o entendimento que prevaleceu na época. Felizmente, o presidente Lula recusou expressamente as movimentações políticas para aprovar uma nova emenda constitucional (PEC 373/2009) que permitiria a reeleição por dois mandatos subsequentes, e pôs fim ao oportunismo político antidemocrático de mudar as regras do jogo durante o jogo. Além do mais, a impessoalidade no exercício do poder é um importante princípio republicano que nos distingue dos regimes monárquicos, e a alternância da figura do chefe do poder executivo é muito salutar. Liberdade de manifestação de pensamento A liberdade de imprensa no Brasil pode ser constatada em qualquer banca de jornal e é diretamente proporcional à quantidade de manchetes dos principais jornais e revistas do país “denunciando” algum “escândalo” contra o governo federal, ou seja: é quase infinita. E é ótimo que assim o seja, desde que tais “denúncias” estejam fundadas em provas concretas e não em elucubrações irresponsáveis. Uma imprensa democrática, porém, não se resume a uma imprensa livre; é preciso que seja também plural. E infelizmente nossa imprensa é livre, mas não é plural. Não há divergências ideológicas significativas entre os principais jornais e revistas do país e estes acabam funcionando tal como um cartel de notícias, promovendo determinados partidos políticos e achincalhando seus adversários. Esta ausência de pluralismo ideológico é bastante nefasta, pois a maioria dos leitores acaba recebendo sempre a notícia filtrada por um único ponto de vista. Muito se tem escrito e falado sobre as ameaças à liberdade de imprensa por parte de um governo opressor, mas quase nada se tem dito sobre a ameaça do poder econômico à liberdade de informação. Uma informação deturpada, seja por ordens de um governo, seja por ordens do dono de um jornal, fere a liberdade de imprensa de modo muito semelhante. E não será fechando redações que se combaterá este tipo de influência perniciosa, mas criando novos veículos de comunicação nos quais se possam expressar os pontos de vista divergentes, garantindo assim a necessária pluralidade de opiniões no acesso à informação. O problema do pluralismo de imprensa torna-se mais crítico em relação às redes de rádio e TV, que são concessões públicas e, como tais, devem cumprir uma função social, livres de interesses econômicos, religiosos ou quaisquer outros. Diferentemente dos jornais e revistas, que podem ser criados em número ilimitado, os canais de rádio e TV são escassos. Cabe ao Estado, portanto, escolher aqueles dentre a iniciativa privada com os melhores projetos de exploração destes canais. Na prática, porém, a distribuição destas concessões estabeleceu um modelo feudal, no qual o pluralismo ideológico está muito longe de ser a regra. Uma alternativa viável a médio prazo é a consolidação e fortalecimento da Rede Brasil de Televisão com um conselho editorial independente e escolhido de forma democrática. Por outro lado, a internet, por meio de blogues e redes sociais, tem se apresentado a cada dia como uma poderosa alternativa a garantir o necessário pluralismo na divulgação da informação. HISTÓRIA 19MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Para cumprir esta sua função social, porém, é necessário que cada vez mais pessoas tenham acesso à banda larga e que a rede permaneça livre de qualquer tipo de vigilância ou controle estatal, como recentemente cogitou-se criar no Congresso, com base no velho e manjado argumento de combate ao crime. Combate à corrupção Finalmente é preciso que se tenha em mente que o respeito às “regras do jogo” e, portanto, à democracia, só é possível em um Estado onde a corrupção não seja endêmica. A corrupção é antidemocrática por sua própria natureza, pois permite o tratamento desigual em função do maior poder econômico do corruptor. O combate à corrupção nas democracias modernas pressupõe a transparência dos atos da administração pública e a independência do Poder Judiciário. A prestação de contas é corolário do ideal democrático de transparência e hoje pode ser facilmente implementada através da internet. É fundamental que todos os atos e gastos do poder público estejam devidamente documentados e acessíveis na rede para qualquer interessado, pois esta transparênciapermite que cada cidadão possa, da sua casa, fiscalizar a atuação dos seus mandatários. Por fim, faz-se necessária a garantia de independência do Poder Judiciário, do Ministério Público, das polícias, dos Tribunais de Contas e das demais instituições a quem incumbe velar pela legalidade dos atos dos agentes políticos e servidores públicos. Nos últimos anos, o que se tem visto é uma Polícia Federal cada vez mais atuante no combate aos crimes de colarinho branco, com o consequente aumento de denúncias pelo MP e de condenações pelo Judiciário. Brasil e a globalização A Globalização no Brasil perpassa por uma série de fatores históricos e geográficos. Pode-se dizer que desde que os europeus chegaram ao que hoje é chamado de território brasileiro, o Brasil está inserido no processo de Globalização. Entretanto, o consenso é que somente a partir da década de 1990 que a Globalização passou a ter um maior impacto na economia brasileira. A maior influência da Globalização no Brasil demarcou também a adoção de um modelo econômico que visava à mínima intervenção do Estado na economia, chamado de Neoliberalismo. Com isso, intensificou-se o processo de privatizações das empresas estatais e a intensa abertura para o capital externo. O Brasil também deixou de ser denominado como país de terceiro mundo, uma vez que essa divisão deixou de ser adotada. Passou-se a dividir o mundo em países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvolvidos). O que não mudou foi à dependência econômica e a condição de subdesenvolvimento em que o país se encontrava. Com a abertura de capitais, houve maior inserção das indústrias e companhias multinacionais no Brasil. Elas aqui se instalaram para ampliar o seu mercado consumidor e, também, para buscar mão de obra barata e maior acesso às matérias-primas. Isso acarretou uma maior produção de emprego, porém com condições de trabalho mais precarizadas. Além disso, observou-se também a instalação de indústrias denominadas “maquiladoras”, uma vez que todo o processo produtivo se fazia em outros países e apenas a montagem dos produtos era feita nacionalmente. O intuito das empresas era driblar os impostos alfandegários e diminuir os custos de produção, uma vez que a mão de obra em países subdesenvolvidos como o Brasil costuma ser mais barata que nos países desenvolvidos. Em linhas gerais, o que se pôde observar com a Globalização do Brasil foi a construção de uma contradição: de um lado, o aumento de emprego e a produção e venda de maior número de aparelhos tecnológicos, já do outro, o aumento da precarização do trabalho e da concentração de renda, sobretudo nos anos 1990 e início dos anos 2000. Diversidade A escola não está ilesa dos problemas da sociedade, ela representa apenas uma parcela desse todo. Conheça os dados do preconceito e como a valorização da diversidade pode ajudar a reduzi-lo. Educadores, professores e família são as mesmas pessoas que atuam no ambiente social, assim, as dificuldades presentes fora dela, se estendem no meio escolar. O preconceito é um dos problemas mais presentes tanto dentro como fora da escola. Os dados Uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) datada de 2015 aponta que 99,3% dos entrevistados (de 18,5 mil), profissionais e alunos de escolas públicas de todo o país, demonstram algum tipo de preconceito. Entre eles estão o preconceito ético-racial, de gênero, socioeconômico, de geração, orientação sexual, territorial e as pessoas com deficiência, sendo esse último o maior índice, 96,5%. O preconceito e a intolerância não devem ser admitidos e, por isso, a escola deve ter a preocupação com essa questão. Valorização da diversidade É preciso que se desenvolva uma cultura de valorização da diversidade, para exercerem desde cedo a função social e que possibilite a compreensão das semelhanças entre os seres humanos e a diversidade existente em cada um deles. Todos somos semelhantes, mas todos nós somos únicos e por isso, temos as nossas diferenças. Ao trabalhar a diversidade em sala de aula, é preciso desenvolver um olhar empático, em todos os aspectos, do aluno aos colaboradores, entre os educadores e as famílias. É importante que todos estejam envolvidos nessa ação, pois as crianças são observadoras e aprendem com os exemplos que lhes são transmitidos. A escola é um lugar propício para desenvolver uma cultura de valorização a diversidade e é onde os conflitos podem ser resolvidos através da educação. Isso porque o convívio com a diferença é presente na vida dos alunos, é onde se agrupam diversidades em todos os aspectos e assim ter recursos efetivos para o combate ao preconceito. HISTÓRIA 20MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL CONSTRINDO IDENTIDADES NO ESPAÇO ESCOLAR Ao se buscar uma melhor compreensão da construção das identidades em alunos adolescentes, há que se levar em conta os elementos discursivos, a intertextualidade, a ludicidade, a contextualidade e a intersubjetividade, presentes no processo de interação escolar. Para que o simbólico seja reconhecível pelo grupo, a escola se comportaria como uma instituição codificadora. Nela seriam elaborados ou introduzidos valores, ideias, conhecimentos e símbolos presentes na sociedade e indiretamente relacionados à construção das identidades. Cada escola deveria ser considerada como um ecossistema, como uma comunidade de organismos (corpos docente, discente e administrativo), relacionando-se entre si e com o meio social. Diferenças à parte dos “trobriandeses”, estudados por Malinowski (1982), na nossa sociedade o cotidiano dos adolescentes está basicamente marcado por três grupos de referência: a família, os vizinhos e a escola. A diversidade é uma tônica comum a cada um desses mundos, tanto no tocante ao número de pessoas, quanto ao de modelos de tempo, de espaço e de identidades. Comparativamente à família e à vizinhança, o número de relacionamentos tende a ser numericamente maior na escola. Esta última constitui- se num espaço mais populoso e burocrático, em que poucos adultos organizam e continuamente avaliam as atividades de um grande número de adolescentes. Nela, o ritmo de tempo está regulado e controlado: horário de entrada e de saída, horário de aula, semana de provas, atividades extraclasse e um sem número de rituais que caracterizam o cotidiano escolar Diversamente do meio familiar, onde o adolescente pode ter aumentadas sua privacidade e sua individualidade, na escola é impossível escapar à rede social. De um lado, na família, tem-se um lugar privilegiado da interrelação e da aprendizagem social que desempenha uma função psicossocial no desenvolvimento do adolescente e, particularmente, na construção da sua identidade. De outro, na escola, o adolescente observa os outros, adquire o reconhecimento dos seus próprios comportamentos, assim como avalia intenções, valores e normas subjacentes. Segundo Louro (1999), são muitas as identidades que os alunos podem construir no espaço escolar, podendo ser provisórias, descartáveis, rejeitadas e abandonadas. São eles, desse modo, sujeitos de identidades transitórias e contingentes e, “nada proíbe pensar que diferentes quadros identitários se imbricam uns aos outros, a fim de contribuir para o sentimento de identidade”. Dessa forma, e sob uma aparência de neutralidade, a escola acaba por reproduzir e divulgar a ideologia de que as identidades e comportamentos sexuais são definidos, essencialmente, pela “natureza” e que a divisão de gênero é distinta, reforçando a imagem estereotipada de relacionamentos divulgados pela mídia ou pelo mercado. Para Santos (2006), essa visão representa uma estratégiade se tornarem incomunicáveis as identidades e para dificultar a concentração de resistências emancipatórias. Depreende-se disso, que a representação, feita pelos alunos sobre o ensino da sexualidade/afetividade, da ênfase aos aspectos formais trabalhados pelas disciplinas no espaço escolar, da discussão de suas próprias identidades, parece estar, no geral, impregnada da ideia de que a instituição escolar é conservadora e está defasada em relação a outras fontes de divulgação de significados, facilmente encontráveis na internet, na televisão, nas revistas ou na roda de amigos. Autoritarismo e cidadania no Brasil Durante toda a história do Brasil o autoritarismo foi usado de diversas formas para manter a ordem social, vejamos as várias repressões fomentadas pelo governo, a história do Brasil é marcada por lutas e conflitos. Nos primórdios da colônia recém descoberta por Cabral os indígenas que aqui foram cruelmente reprimidos e manipulados para que os Portugueses explora-se o Pau Brasil a primeira forma de economia na terra de vera cruz. Os indígenas foram brutalmente assassinados pelos portugueses, francês entre outros povos que aqui vieram para explorar a terra. Ao passar dos anos a economia e a mão de obra mudam de mãos passando essa economia para a cana de açúcar e a mão de obra de semiescrava para escrava, utilizando agora a mão de obra vinda da África, utilizando para isso um forte autoritarismo fomentados pelos senhores de engenhos e seus capitães do mato. A tortura e o medo eram utilizados para manter o forte autoritarismo e a ordem os negros aqui chegavam e eram tratados como verdadeira mercadorias e eram considerados seres ou animais de segunda classe, utilizando para isso diversos requintes de crueldade. A história do autoritarismo no Brasil ganha formas em toda a sua história como na chegada da família real ao Rio de Janeiro, sendo essa a chegar e a obrigar os moradores do Rio a saírem de suas casas para que a corte portuguesa seja abrigada. A crueldade e o autoritarismo do governo continua na conjuração baiana e mineira ambas cruelmente destroçadas como é o caso de Tiradentes que foi fortemente punido pelo governo da época. Tantas revoltas no Brasil foram reprimidas com força militar como; Sabinada, Balaiada, Praieira e a Guerra dos Farrapos. O autoritarismo foi sendo utilizado pelo governo em toda a sua história e com a chegada de regimes autoritários como o período conhecido como “Era Vargas” esse aumenta ainda mais com sua força política fechou partidos e aumento a repressão social em nome da ordem alinhou-se ao império norte americano em nome do progresso econômico e ainda assim foi aclamado como sendo o “Pai dos Pobres”. A democracia vem e dura pouco e logo chega novamente a força de um regime que duraria mais de duas décadas para chegar ao seu fim o período que se deu em 1964 sendo conhecido como ditadura militar esse governo sendo fomentado pelos americanos como forma de deter a crescente do socialismo da URSS, foi um período que a repressão e o autoritarismo ganha força moral para combater qualquer pessoa em nome da ordem e do progresso, o Brasil ganhava presidentes generais para governarem a terra tão sofrida. HISTÓRIA 21MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Chegado ao seu fim em 1985 a luz da democracia chega e os ideais de liberdade vão nascendo com a constituição cidadã de 1988 o Brasil apesar de ser uma democracia recente ainda sofria o autoritarismo do governo e das ruas violentas cheia de crimes a corrupção toma conta do governo e da vida social. O avanço da cidadania a partir de 1988 é referência a uma prática conflitiva vinculada ao poder, que reflete as lutas acerca de quem pode dizer o que no processo de definir quais são os problemas comuns e como serão abordados e, nesse sentido, tanto a cidadania como os direitos estão sempre em processo de construção e mudança. O princípio básico sobre o qual se assenta a nova cidadania é o direito a ter direitos e a democracia transforma-se numa invenção constante de direitos. Isso porque sempre haverá novos direitos a serem conquistados. AS RELAÇÕES SOCIAIS DE TRABALHO AO LONGO DA HISTÓRIA: IMPACTOS DA TECNOLOGIA NAS TRANSFORMAÇÕES DOS PROCESSOS DE TRABALHO, RELAÇÕES ENTRE TRABALHO E CIDADANIA, TRABALHO URBANO E TRABALHO RURAL; ESCRAVIDÃO E ABOLICIONISMO. O trabalho sempre foi o motor que move todo tipo de sociedade e todo tipo de civilização. Ao longo do tempo, o trabalho mudou e se reformulou de acordo com as necessidades de cada época em cada cultura. Ao longo da história da humanidade, variando com o nível cultural e com o estágio evolutivo de cada sociedade, o trabalho tem sido percebido de forma diferenciada. Como lembra Peter Drucker, o trabalho é tão antigo quanto o ser humano. No ocidente, a dignidade do trabalho foi falsamente louvada por muito tempo. O segundo texto grego mais antigo, cerca de cem anos mais novo que os poemas épicos de Homero, é um poema de Hesíodo (800 a.C.), intitulado "Os Trabalhos e os Dias", que canta o trabalho de um agricultor. Porém, tanto no ocidente como no oriente esses gestos de louvor eram puramente simbólicos. Nem Hesíodo, nem Virgílio, nem ninguém da época, estudou de fato o que um agricultor faz e, menos ainda, como faz. O trabalho não merecia a atenção de pessoas educadas, abastadas ou com autoridade. Trabalho era o que os escravos faziam. Mas o trabalho é mais do que um instrumento criador de riqueza (posição dos economistas clássicos). Além do valor intrínseco, serve também para expressar muito da essência do ser humano (o homo faber). O trabalho está intimamente relacionada à personalidade. (Quando dizemos que fulano é um carpinteiro, um médico ou um mecânico, estamos, de certa forma, definindo um ser a partir do trabalho que ele exerce). No começo dos tempos, o trabalho era a luta constante para sobreviver (acepção bíblica). A necessidade de comer de se abrigar, etc. era que determinava a necessidade de trabalhar. O avanço da agricultura, de seus instrumentos e ferramentas trouxe progressos ao trabalho. O advento do arado representou uma das primeiras revoluções no mundo do trabalho. Mais tarde, a Revolução Industrial viria a afetar também não só o valor e as formas de trabalho, como sua organização e até o aparecimento de políticas sociais. A necessidade de organizar o trabalho, principalmente quando envolve muitas pessoas e ou muitos instrumentos e muitos processos, criou a ideia do "emprego". Nos tempos primitivos, da Babilônia, do Egito, de Israel, etc., havia o trabalho escravo e o trabalho livre; havia até o trabalho de artesãos e o trabalho de um rudimento de ciência, mas não havia o emprego, tal como nós o compreendemos atualmente. Na Antiguidade, não existia a noção de emprego. A relação trabalhista que existia entre as pessoas era a relação escravizador-escravo. Podemos tomar as três civilizações mais influentes de sua época e que influenciaram o Ocidente com sociedades escravistas, a egípcia, a grega e a romana. Nessa época, todo o trabalho era feito por escravos. Havia artesãos, mas estes não tinham patrões definidos, tinham clientes que pagavam por seus serviços. Os artesãos poderiam ser comparados aos profissionais liberais de hoje, já que trabalhavam por conta própria sem ter patrões. Para os artesãos não existe a relação empregador-empregado, portanto não podemos falar que o artesão tinha um emprego, apesar de ter uma profissão. Na Idade Média também não havia a noção de emprego. A relação trabalhista da época era a relação senhor-servo. A servidão é diferente da escravidão, já que os servos são ligeiramente mais livres que os escravos. Um servopodia sair das terras do senhor de terras e ir para onde quisesse, desde que não tivesse dívidas a pagar para o senhor de terras. Na servidão, o servo não trabalha para receber uma remuneração, mas para ter o direito de morar nas terras do seu senhor. Também não existe qualquer vínculo contratual entre os dois, mesmo porque senhor e servo eram analfabetos. Na Idade Moderna as coisas começam a mudar. Nessa época, existiam várias empresas familiares que vendiam uma pequena produção artesanal, todos os membros da família trabalhavam juntos para vender produtos nos mercados; não podemos falar de emprego nesse caso. Além das empresas familiares, havia oficinas com muitos aprendizes que recebiam moradia e alimentação em troca e, ocasionalmente, alguns trocados. É por essa época que começa a se esboçar o conceito de emprego. Com o advento da Revolução Industrial, êxodo rural, concentração dos meios de produção, a maior parte da população não tinha nem ferramentas para trabalhar como artesãos. Sendo assim, restava às pessoas oferecer seu trabalho como moeda de troca. É nessa época que a noção de emprego toma sua forma. O conceito de emprego é característico da Idade Contemporânea. Impactos da tecnologia nas transformações dos processos de trabalho Olhando para trás, especialmente nos séculos 19 e 20, as novas tecnologias exerceram um grande papel de mudança nos negócios e na forma de emprego de inúmeras pessoas. Boa parte delas trabalhavam na lavoura quando algumas máquinas foram introduzidas, forçando-as a se movimentarem em direção ao setor industrial. HISTÓRIA 22MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Não tardou e um novo movimento foi observado nas indústrias quando a automatização delas fez com que os trabalhadores fossem deslocados para o setor de serviços. Como forma de explicitar esse movimento, na década de 50 nos Estados Unidos o setor industrial representava cerca de 40% dos empregos, hoje esse número não supera a marca dos 5%. No Brasil, especialmente na década de 80, grandes transformações tecnológicas foram experimentadas, e um grande exemplo desse movimento foi o setor bancário. Era o setor de serviços experimentando as grandes transformações propagadas pela tecnologia. Isso resultou na implantação de inúmeros caixas eletrônicos, Internet Banking, aplicativos e demais funcionalidades. Mesmo com uma forte expansão que o setor bancário experimentou nesse período, não foi possível conter a redução do quadro de funcionários, que desde então caiu pela metade. Carreira em risco Os avanços da tecnologia estão trazendo grandes inovações e seus impactos já podem ser vistos em inúmeros setores. Por exemplo, no setor de serviços, alguns postos de trabalho estão sendo extintos pelo uso cada vez mais frequente dos softwares, ou seja, profissões estão virando programas de computador. Um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford estudou cerca de 700 ocupações, e metade delas corriam o risco de serem extintas na próxima década devido ao uso da tecnologia. Embora esse estudo não tenha sido desenvolvido no Brasil, devemos nos atentar para essas tendências de funções desenvolvidas dentro de escritórios, como contadores, secretárias, operadores de telemarketing, entre outros. Trabalho e cidadania As mutações no mundo do trabalho geram insatisfação, crise, desconforto, desemprego e essa realidade precisa ser conhecida pela população que está atônita em busca de sua própria identidade, pois o trabalho é a principal via que transporta o indivíduo à condição de gente exercendo o direito à cidadania. Globalização, mudanças rápidas, comunicação instantânea, tecnologia em praticamente todas as áreas do fazer humano estão preocupando os trabalhadores e aqueles que estão em busca de um emprego. Como estar preparado? As exigências do mercado atual são inúmeras e diversificadas: escolaridade, cursos, equilíbrio emocional e prática. E onde vamos encontrar esse profissional? Devemos analisar o trabalho também pela ótica do futuro que passa por todos nós, diariamente, com a velocidade comparada à da luz - é a tecnologia de ponta, em alguns aspectos difícil de entender, mas presente nos setores primário, secundário e terciário da economia e, ao mesmo tempo, o trabalho ainda é manual, braçal, executado com suor, força e muita dignidade. Portanto, o trabalho ligado à cidadania deveria trazer satisfação ao homem, mas nem sempre isso ocorre, talvez por consequência de uma cultura que passou pela marca negativa da escravidão, ainda não totalmente abolida em nosso país e essa ideia de que se trabalha apenas por necessidades financeiras causa fadiga, sofrimento e doenças. O trabalho para o homem deveria ser como a brincadeira para a criança, ou seja, só se brinca do que se gosta, então o relógio deixa de ser um elemento controlador da produção. Nessa época de desemprego e de desespero, pois muitas pessoas que precisam trabalhar dizem o seguinte: "qualquer coisa serve", e esse lamento não condiz com a espécie humana, então surge o desafio deste século - a procura do fazer ligado à personalidade de cada pessoa, ao conhecimento, à vontade de aprender ou de renovar-se. O desafio também se estende à luta contra os seguintes preconceitos da nossa sociedade: "só com experiência" - para os jovens iniciantes e "sinto muito, passou dos trinta" - para os desempregados. Para se chegar próximo ao trabalho ideal são necessários o exercício, as tentativas, os erros, a busca incessante do conhecimento e fazer do emprego real um trampolim para um salto maior, então será possível unir suor, esforço, dignidade, prazer e alegria e o homem verdadeiramente sentir-se-á um cidadão do mundo. Trabalho rural O Brasil é um país extremamente agrícola, quase a metade do território é ocupada por estabelecimentos rurais. As concentrações e as relações estão divididas em estrutura fundiária, latifúndio, minifúndio, expropriação e êxodo rural. - Estrutura fundiária: Corresponde à maneira como as terras estão distribuídas no território. - Latifúndio: São grandes propriedades rurais com aproximadamente 600 hectares. - Minifúndio: São pequenas propriedade rurais com aproximadamente 3 hectares. - Expropriação: É quando um pequeno proprietário rural se encontra endividado e é obrigado a vender sua propriedade para pagar dívidas, geralmente os grandes fazendeiros próximos adquirem essas terras. - Êxodo rural: Corresponde ao deslocamento de trabalhadores rurais que saem do campo com destino aos centros urbanos, isso pode ocorrer por falta de trabalho no campo devido à mecanização ou mesmo para buscar uma vida melhor. No campo existem as relações de trabalho que são diversificadas, como mão-de-obra familiar, posseiros, parceria, arrendatários, trabalhadores assalariados temporários e o trabalho escravo no campo. - Mão-de-obra familiar: É a relação de trabalho entre os entes da família exercendo todas as etapas produtivas. - Posseiros: São trabalhadores rurais que ocupam e/ou cultivam terras devolutas. - Parceria: É a junção entre dois trabalhadores ou produtores rurais, no qual um possui a propriedade da terra e o outro apenas a força de trabalho, esse vai cultivar a terra e depois dividir uma parte da produção com aquele. - Arrendatário: É quando um agricultor não possui terra, mas tem recursos financeiros, então arrenda ou aluga a propriedade por um período pré-determinado. - Trabalhadores assalariados temporários: São trabalhadores rurais que recebem salário, mas que trabalham apenas uma parte do ano, é o que acontece nas colheitas. HISTÓRIA23MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL - Trabalho escravo no campo: É quando o trabalhador não tem direitos trabalhistas, não recebe salário, pois tudo que é utilizado é cobrado, desde a alimentação até as ferramentas de trabalho, esse fica endividado, fato que o impede de ir embora. Em pleno século XXI, esse fato se faz real, principalmente em estados como Pará, Mato Grosso e Goiás, esses não são únicos no país. A reforma agrária é outro problema muito polêmico no país, contudo convém explicitar o significado de tal expressão. A reforma agrária tem a finalidade de promover a distribuição ou reorganização mais justa da terra. A questão agrária provoca uma grande tensão no campo. A fixação do trabalhador rural no campo depende de vários fatores, pois não basta a simples redistribuição de terras para garantir o sucesso da reforma agrária é preciso facilidade na obtenção e pagamentos de créditos financeiros, garantia de preços, condição de transportes, orientação técnica e infraestrutura. Trabalho urbano O trabalho é necessário para nossa sobrevivência. Ele é a forma digna e correta que temos para receber dinheiro em forma de remuneração pelo serviço realizado. Existem vários tipos de trabalhadores, e eles podem ser de empresas públicas ou da iniciativa privada. Vamos entender o que cada um deles realiza como forma de trabalho. Funcionário público No município, todos nós pagamos por diversos serviços públicos. Esses serviços são prestados e executados pelos funcionários públicos. Para ser um deles, é preciso estar apto a concorrer a um cargo público por meio de concurso. Trabalhador urbano Nas zonas urbanas, as pessoas trabalham em indústrias, bancos, escolas, hospitais e no comércio (lojas, supermercados, restaurantes, bares, padaria, e muito outros lugares). O local onde possui maiores oportunidades de trabalho é no centro da cidade. Muitas pessoas se deslocam dos bairros onde moram para outros bairros e cidades em busca de melhores oportunidades de emprego. Alguns profissionais que trabalham na cidade são: Operários: trabalham na construção civil, nas fábricas e nas montadoras de automóveis, por exemplo; Bancários: pessoas que trabalham em agências bancárias; Comerciários: pessoas que trabalham em estabelecimentos comerciais como lojas, supermercados, açougue, padaria, etc; Feirantes: pessoas que trabalham em feiras livres; Outros como mecânicos, jornaleiros, entregadores, advogados, jornalistas, bombeiros, farmacêuticos, e muitos outros. Trabalho na indústria Nas cidades, muitas pessoas trabalham nas fábricas. As indústrias são responsáveis pela maioria dos produtos que usamos em nosso dia a dia. Elas transformam a matéria-prima em produtos industrializados. Os trabalhadores nas indústrias chamam-se operários, já os donos das indústrias são chamados de industriais. Matéria-prima e produto industrializado Matéria-prima é todo o material que geralmente é retirado da zona rural para fabricar diversos produtos como o milho, cana-de-açúcar, soja, tomate, algodão, etc. Produto industrializado é a matéria-prima que passa por processo de transformação em uma indústria para chegar até aos consumidores. Trabalho no comércio O comércio é uma atividade de compra e venda de produtos. São vários os produtos que são comercializados, como calçados, roupas, livros, móveis, imóveis, entre outros. Os locais onde são vendidos e comprados os produtos conhecemos como estabelecimentos comerciais. As pessoas que trabalham no comércio são os comerciários e os donos dos estabelecimentos comerciais são os comerciantes. Os consumidores são as pessoas que compram os produtos assim como você. O consumidor possui alguns direitos que são protegidos por lei por meio do “Código de Defesa do Consumidor”. Os produtos que são vendidos no comércio possuem a procedência das indústrias e do campo. Escravidão e abolicionismo No Brasil, a escravidão teve seu início a partir da produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os escravos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar da região nordeste do Brasil. Os escravos aqui no Brasil eram vendidos como se fossem mercadorias pelos comerciantes de escravos portugueses. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. O transporte destes escravos era feito da África para o Brasil nos porões de navios negreiros. Os escravos vinham amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, e seus corpos eram deixados no mar. Quando chegavam às fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior maneira possível. Trabalhavam excessivamente (de sol a sol), recebiam uma alimentação precária e suas roupas eram trapos. A noite recolhiam-se nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) e eram acorrentados para evitar fugas. Constantemente eram castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no período do Brasil colonial. Os escravos eram proibidos de praticarem a sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Eram obrigados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, e também era exigido adotar a língua portuguesa na sua comunicação. Porém mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se extinguir. HISTÓRIA 24MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, conservaram suas representações artísticas e desenvolveram uma arte marcial disfarçada de dança, a Capoeira. No período conhecido como o Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam a liberdade. Entretanto, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade acabavam fechando as portas para estas pessoas. O negro, porém reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Neste período eram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os quilombos. Estes quilombos eram comunidades organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, os negros africanos podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi. O fim da escravidão Abolicionismo pode ser definido como um movimento político e social, como um conjunto de ideias e ações que defendia e lutava pelo fim da escravidão. No ano de 1788, em Paris, foi criada a Sociedade dos Amigos dos Negros, grupo presidido pelo filósofo, matemático e cientista político francês Condorcet. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em 1789, fez com que a ideia do abolicionismo ganhasse ainda mais relevância e levando o pensamento abolicionista às terras colonizadas pelos franceses naquela época. No continente americano, este movimento deu-se por meio de leis de emancipação em países como a Argentina, Colômbia e México. O abolicionismo no Brasil No Brasil, o movimento abolicionista foi um produto da década de 1880 e contou com a participação de vários setores da sociedade como, por exemplo, políticos, médicos, advogados, jornalistas, artistas, estudantes etc., com exceção dos grandes proprietários de terra, como os cafeicultores paulistas, que perdiam com o fim da mão-de-obra escrava.Até a década de 1880, o que existiam eram tentativas emancipacionistas que queriam a extinção gradual da mão-de-obra escrava; já os abolicionistas aspiravam à abolição total da escravidão. Os adeptos do movimento desenvolveram várias atividades em prol da abolição. Por exemplo, a Sociedade dos Caifazes, de São Paulo, um movimento abolicionista radical, incentivava e organizava fugas de cativos, utilizando as ferrovias. Do Oeste do estado de São Paulo, os escravos eram levados a São Paulo e de lá para Santos, onde organizaram o grande quilombo Jabaquara, com aproximadamente dez mil habitantes. Joaquim Nabuco, diplomata, político e historiador, foi, de 1878 a 1888, o principal representante parlamentar dos abolicionistas, tendo escrito vários libelos antiescravistas. O Brasil foi o último país da América Latina a abolir o regime de escravidão, por motivos como a divisão do território em fazendas, sesmarias, capitanias e o poder econômico concentrado na mão de pequenos grupos. Após a luta de vários grupos e a criação de medidas que iam reduzindo a escravidão aos poucos, foi assinada a Lei 3.353, de 1888, a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel e que aboliu a escravidão no Brasil, libertando cerca de 700 mil escravos que ainda havia no país. As conquistas e os principais representantes no Brasil O movimento abolicionista no Brasil alcançou grandes conquistas, como a Lei do Ventre Livre (1871), Lei dos Sexagenários (1885) e Lei Áurea (1888). Os principais representantes do abolicionismo no Brasil foram Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e José do Patrocínio. RIO DE JANEIRO: ESPAÇO, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO O Rio de Janeiro (RJ) é um estado brasileiro localizado na região Sudeste do país, fazendo divisas com os estados do Espírito Santo, a norte; Minas Gerais, a noroeste; e São Paulo, a sudoeste. Toda a sua costa leste é banhada pelo Oceano Atlântico, o que contribui para o grande número de praias e pontos turísticos. A sua capital é a cidade do Rio de Janeiro, conhecida turisticamente como a “Cidade Maravilhosa” e que já foi a capital do Brasil entre os anos de 1763 e 1960. Em razão de a capital e o estado possuírem o mesmo nome, há uma distinção com relação à naturalidade. Quando se faz referência a alguém do estado do Rio de Janeiro, utiliza-se o adjetivo pátrio fluminense, mas quando a designação é em relação à cidade do Rio de Janeiro, o termo correto é carioca. O estado possui uma população de aproximadamente 16.370.000 pessoas, a terceira maior do país, habitando em uma área de 43.780 km², uma das menores do Brasil. Isso significa dizer que o Rio possui elevadas densidades demográficas, cerca de 366 habitantes por quilômetro quadrado. Há um total de 92 municípios, dos quais podemos destacar as cidades de Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias, Volta Redonda e Nova Iguaçu. 95% da população fluminense habita o meio urbano. Geomorfologicamente, o Rio de Janeiro encontra- se na região dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, segundo a classificação do relevo brasileiro elaborada por Jurandyr Ross. Localmente, há três subdivisões: a região das Terras Altas, com mais de 200 m de altitude; as Terras Baixas, mais conhecidas como Baixada Fluminense, com menos de 200 m de altitude; e os maciços litorâneos, que envolvem toda a fisionomia superficial da costa marítima. O ponto mais alto do estado é o Pico das Agulhas Negras, com 2.791 metros acima do nível do mar. O Rio de Janeiro representa a segunda maior economia do Brasil, com um dos espaços mais industrializados do país. HISTÓRIA 25MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL A capital é, inclusive, uma das duas cidades globais brasileiras, fazendo parte da região que constitui a única megalópole da América do Sul, abarcando uma área que se estende até São Paulo e a Baixada Santista. O parque industrial é diversificado, com empresas no ramo da metalurgia, siderurgia, produção de alimentos e, principalmente, extração e refino do petróleo. Outra significativa fonte de produção de riquezas é a atividade turística, sendo a cidade carioca um dos principais vetores do turismo no Brasil. Composição étnica No censo de 2010, a população do Rio de Janeiro era formada por 3 239 888 brancos (51,26%), 2 318 675 pardos (36,69%), 708 148 pretos (11,2%), 45 913 amarelos e 5 981 indígenas (0,09%), além de 1 842 sem declaração (0,03%). De acordo com estudos genéticos autossômicos recentes, a herança europeia é a dominante tanto entre "brancos" quanto entre "pardos", respondendo, então, pela maior parte da ancestralidade dos habitantes do Rio de Janeiro. A contribuição africana encontra-se presente, em alto grau, sendo maior entre os "negros". Também a ancestralidade ameríndia encontra-se presente, embora em grau menor. Também existem muitos afro-brasileiros desde o período colonial - a maioria descendente de escravos trazidos de Benim, Angola e Moçambique. Com importantes contribuições de seu sincretismo religioso e musical, elementos remanescentes da cultura africana encontram-se hoje emaranhados à cultura brasileira e da cidade. No início do século XIX, o Rio de Janeiro tinha a maior população urbana de escravos nas Américas, superando inclusive Salvador e Nova Orleães. Os africanos provinham de diferentes regiões do continente africano, mas no Rio predominaram os oriundos de Cabinda, do Congo Norte, Benguela, Moçambique, Luanda e de Angola. Os afrodescendentes nascidos no Brasil se diferenciavam dos africanos e poderiam ser divididos em três grupos. O primeiro era de crioulos, negros filhos de pais africanos nascidos no Brasil. Os pardos, já miscigenados, sobretudo com portugueses. Por fim, os cabras, resultado de outras miscigenações, inclusive com índios. Em 1849, 43,51% da população carioca era denominada preta e 80 mil escravos habitavam a cidade. Em 1859, o médico e explorador alemão Robert Christian Avé-Lallemant, após visitar o Rio de Janeiro, fez o seguinte relato: "Se não soubesse que ela fica no Brasil poder-se-ia tomá-la sem muita imaginação como uma capital africana, residência de poderoso príncipe negro, no qual passa inteiramente despercebida uma população de forasteiros brancos puros. Tudo parece negro." Imigração e migração Dentre os fluxos migratórios mais significativos, destacam-se os de portugueses e demais povos europeus, nordestinos e afro-brasileiros. Tal fluxo migratório deflagrou-se no século XVI e atingiu seu auge no início do século XX, constituindo uma das maiores massas de imigrantes já recebidas pelo país. Entretanto, foi particularmente em 1808, com o estabelecimento da Família Real Portuguesa no Rio de Janeiro, e a relativa proximidade das jazidas mineiras (descobertas no século XVIII), que a cidade beneficiou-se da onda lusitana. Somente naquele ano, aportaram em território brasileiro 15 mil nobres e pessoas da alta sociedade portuguesa - a grande maioria, na então capital da Colônia. Após a Independência, os fluxos migratórios apresentaram uma redução paulatina, em razão da lusofobia inerente à época. Porém, com o passar dos anos a carência de mão-de-obra ocasionada pelo fim do tráfico negreiro e os frequentes revezes socioeconômicos enfrentados por Portugal fariam a imigração portuguesa tornar a crescer no Rio e no Brasil. A partir de 1850, a imigração portuguesa tomou caráter quase que exclusivamente urbano e, ao contrário de alemães e italianos que vinham para trabalhar na agricultura, os portugueses rumavam a dois destinos preferenciais: as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Entre 1881 e 1991, mais de 1,5 milhão de pessoas migraram de Portugal para o Brasil. Em1906, 133 393 portugueses viviam no Rio de Janeiro - 16% da população da época. Apesar de as taxas migratórias terem-se reduzido drasticamente a partir da década de 1930 (e, com maior ênfase, após 1960), ainda hoje, a cidade é considerada como tendo a segunda maior população portuguesa do mundo, depois de Lisboa. Em 1920, os portugueses compunham 15% da população da cidade e 71% dos estrangeiros. Em 1950, os lusitanos se reduziram a 10% da população, apesar da presença de 196 mil residentes portugueses, sendo então a terceira cidade do mundo com mais portugueses, atrás somente de Lisboa e do Porto. Mais recentemente, a presença portuguesa na cidade é pouco expressiva, embora ainda seja notável: no censo de 2000, com mais de 5,8 milhões de habitantes, em torno de 1% da população do Rio ainda era nascida em Portugal. Alemães, italianos, russos, suíços, libaneses, espanhóis, franceses, argentinos, chineses e seus respectivos descendentes compõem uma parcela considerável dos povos estrangeiros radicados na cidade. Entre 1920 e 1935, aportaram na cidade dezenas de milhares de imigrantes judeus do Leste Europeu, sobretudo da Ucrânia e da Polônia. É possível notar também um respeitável contingente de pessoas de outros estados, sobretudo nordestinos. Paraibanos e pernambucanos fazem-se bastante presentes. No auge da industrialização, entre as décadas de 1960 e 1980, passaram a migrar para a região Sudeste em busca de melhores condições de vida e trabalho. Com a melhoria estrutural de outras regiões do país, e os problemas resultantes da superpopulação nas grandes cidades, a migração nordestina diminuiu consideravelmente. Embora Rio de Janeiro e São Paulo continuem sendo importantes polos de atração, a migração "polinucleada" ganhou contornos mais acentuados. Problemas socioeconômicos O Rio de Janeiro é uma cidade de fortes contrastes econômicos e sociais, apresentando grandes disparidades entre ricos e pobres. HISTÓRIA 26MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Enquanto muitos bairros ostentam um Índice de Desenvolvimento Humano correspondente ao de países nórdicos (Gávea: 0,970; Leblon: 0,967; Jardim Guanabara: 0,963; Ipanema: 0,962; Barra da Tijuca: 0,959, dados de 2000), em outros, observam-se níveis bem inferiores à média municipal, como é o caso do Complexo do Alemão (0,711) ou da Rocinha (0,732). Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do Rio de Janeiro era considerado "alto" pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cujo valor, de 0,799, era o segundo maior a nível estadual (depois de Niterói) e o 45° a nível federal. Considerando apenas a longevidade o índice é de 0,845, o índice de renda é de 0,840 e o de educação de 0,719. Embora classificada como uma das principais metrópoles do mundo, segundo o censo de 2010 feito pelo IBGE, 1,39 milhão dos 6,29 milhões de habitantes da cidade - o que corresponde a aproximadamente 22% de sua população - vivem em aglomerados subnormais.[98] Essas favelas se instalam principalmente sobre os morros, devido ao relevo mamelonar do Rio de Janeiro, ou em mangues aterrados como no Complexo do Manguinhos, onde as condições de moradia, saúde, educação e segurança são extremamente precárias. Um aspecto original das favelas do Rio é a proximidade aos distritos mais valorizados da cidade, simbolizando a forte desigualdade social, característica do Brasil. Alguns bairros de luxo, como São Conrado, onde se localiza a favela da Rocinha, encontram-se "espremidos" entre a praia e os morros. Nas favelas, ensino público e sistema de saúde deficitários ou inexistentes, aliados à saturação do sistema prisional, contribuem com a intensificação da injustiça social e da pobreza. Política Governo municipal No Rio de Janeiro, o poder executivo é representado pelo prefeito e gabinete de secretários, em conformidade ao modelo proposto pela Constituição Federal. A Lei Orgânica do Município e o atual Plano Diretor, porém, preceituam que a administração pública deve conferir à população ferramentas efetivas ao exercício da democracia participativa. Deste modo, a cidade é dividida em subprefeituras, cada uma delas dirigida por um submandatário nomeado diretamente pelo prefeito. O poder legislativo é constituído à câmara municipal, composta por 51 vereadores eleitos para mandatos de quatro anos (em observância ao disposto no artigo 29 da Constituição, que disciplina um número mínimo de 42 e máximo de 55 para municípios com mais de cinco milhões de habitantes). Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente o orçamento participativo (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Conquanto seja o poder de veto assegurado ao prefeito, o processo de votação das leis que se lhe opõem costuma gerar conflitos entre Executivo e Legislativo. Existem também os conselhos municipais, que atuam em complementação ao processo legislativo e ao trabalho engendrado nas secretarias. Obrigatoriamente formados por representantes de vários setores da sociedade civil organizada, acenam em frentes distintas - embora sua representatividade efetiva seja por vezes questionada. Encontram-se atualmente em atividade: Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural (CMPC), de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMAM), de Saúde (CMS), dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), de Educação (CME), de Assistência Social (CMAS) e Antidrogas. Por ser a capital do estado, a cidade também é sede do Palácio Guanabara (sede do governo estadual) e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), localizada no Palácio Tiradentes - edifício que já foi ocupado pelo Congresso Nacional, entre 1926 e 1960. Governo nacional A cidade do Rio de Janeiro foi, sucessivamente, capital da colônia portuguesa do Estado do Brasil (1621-1815), depois do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), do Império do Brasil (1822-1889) e da República dos Estados Unidos do Brasil (1889-1968) até 1960, quando a sede do governo foi transferida para a então recém- construída Brasília. Apesar da mudança da capital federal, 59% dos servidores civis do Poder Executivo de órgãos federais e empresas públicas permaneceram na cidade. O Rio de Janeiro é também o único estado brasileiro onde o número de servidores federais supera o número dos servidores estaduais. Cerca de um terço de todos os órgãos e empresas públicas federais continua na ex-capital, sendo 50 repartições públicas, entre agências, autarquias, fundações e empresas públicas, como a Biblioteca Nacional, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a Fiocruz, o BNDES, a Petrobras, a Eletrobrás, o IBGE, a Casa da Moeda, o Arquivo Nacional, entre outros. O professor Christian Lynch, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tem proposto que a cidade do Rio e a sua região metropolitana sejam federalizadas, formando uma segunda cidade federal no Brasil. De acordo com Lynch, a mudança da capital teria criado um ciclo de crises no Rio, que não poderia ser solucionado de outra forma, dada a marcada presença da União na cidade. A ideia se inspira em São Petersburgo, que depois de ser capital da Rússia por 200 anos, entrou em decadência com a mudança da capital para Moscou, até ser novamente federalizada em 1997. A proposta incluí também a possibilidade de transferência da sede de algumas funções do governo federal de volta ao Rio, como o Congresso Nacional ou Supremo Tribunal Federal. ESPAÇO RESERVADO PARA ANOTAÇÕES ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________________________________________________dos nomes dos meses do nosso calendário: Janeiro: dedicado ao deus romano Jano, deus dos princípios; Fevereiro: mês dedicado ao deus romano Fébruo, deus dos mortos; Março: dedicado ao deus romano da guerra marte; Abril: da palavra “abrir”, o despertar da vegetação; Maio: dedicado a deusa maia, mãe do deus mercúrio; Junho: dedicado a deusa das mulheres casadas Juno; Julho: dedicado ao imperador romano Júlio césar; Agosto: dedicado ao imperador romano Rômulo augusto; Setembro: 7º mês do ano romano; Outubro: 8º mês do ano romano; Novembro: 9º mês do ano romano; Dezembro: 10º mês do ano romano. Primeiros relógios da humanidade: - relógio de sol – 4 mil anos – egípcios - clepsidra – relógio de água – Grécia - ampulheta – França – ano 750 As formas de se contar o tempo se modificam de acordo com os referenciais adotados. O tempo é uma questão fundamental para a nossa existência. Inicialmente, os primeiros homens a habitarem a terra determinaram a contagem desse item por meio da constante observação dos fenômenos naturais. Dessa forma, as primeiras referências de contagem do tempo estipulavam que o dia e a noite, as fases da lua, a posição de outros astros, a variação das marés ou o crescimento das colheitas pudessem metrificar “o quanto de tempo” se passou. Na verdade, os critérios para essa operação são diversos. ENSINO DE HISTÓRIA E DIREITOS HUMANOS: DIFERENÇAS SOCIOCULTURAIS QUE CARACTERIZAM OS ESPAÇOS SOCIAIS (ESCOLA, A LOCALIDADE, A CIDADE, O PAÍS E O MUNDO), RECONHECIMENTO, VALORIZAÇÃO E RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS E À DIVERSIDADE CULTURAL COMO FUNDAMENTOS DA VIDA SOCIAL; CIDADANIA E TOLERÂNCIA; ENSINO DE HISTÓRIA PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL; A DISCIPLINA ESCOLAR E O SABER HISTÓRICO. O Ensino de História nas Séries Iniciais deve considerar a história de vida do aluno, uma vez que somos seres históricos. Contudo o Ensino de História nas Séries Iniciais, nas palavras de Cruz (2003, p. 2) é de suma importância já que para este autor: Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino Fundamental resulta em uma grande contribuição social. O ensino da História e da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que ele compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está inserido e nela interfira de maneira consciente e propositiva. Sendo assim, o ensino de História nas Séries Iniciais e Educação Infantil devem promover a reflexão e cabe ao professor fazer com que esta reflexão seja efetivada, ainda que de modo tímido. O estudo de História nas Series Iniciais deve partir da própria história de vida do aluno, avançando para o estudo da história local que deve ser apresentada como algo, vivo, vibrante, capaz de despertar paixão e colaborar para a compreensão do mundo. Ressalta-se a importância dos PCNs de História e Geografia para o Ensino Fundamental, estes elucidam que o papel do ensino de História está vinculado à produção da identidade e que: A opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros ciclos do ensino fundamental explicita uma necessidade presente na sociedade brasileira e acompanha o movimento existente em algumas propostas curriculares elaboradas pelos estados. (...) A demanda pela História deve ser entendida como uma questão da sociedade brasileira, ao conquistar a cidadania, assume seu direito de lugar e voz, e busca no conhecimento de sua História o espaço de construção de sua identidade. Neste sentido, o papel do professor é preparar-se para que esta construção da identidade seja estimulada, para que a História enquanto veículo de identidade e de memória jamais seja tido como decorativos e desestimulantes. A proposta de metodologia de Ensino de História que valoriza a problematização, a análise crítica da realidade, concebe alunos e professores como sujeitos que produzem história e conhecimento em sala de aula. Logo, são pessoas, sujeitos históricos, que cotidianamente atuam, transformam, lutam e resistem nos diversos espaços de vivências: em casa, no trabalho, na escola, ... Essa concepção de ensino e aprendizagem facilita a revisão do conceito de cidadania abstrata, pois ela nem é apenas herdada via nacionalidade, nem liga-se a um único caminho de transformação política. Ao contrário de restringir a condição de cidadão a de mero trabalhador e consumidor, a cidadania possui um caráter humano e construtivo, em condições concretas de existência. HISTÓRIA 5MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Assim, o ensino de História nas Séries Iniciais deve ter esse caráter transformador, despertando o aluno para a condição de sujeitos que fazem História ao longo do tempo e dos espaços. A construção de novas formas de intervenção no ato de fazer história precisa perceber a escola como uma instituição social plural, que se educa para a vida e para a cidadania. Diversidade Ao analisarmos etimologicamente a palavra diversidade, podemos constatar que, de acordo com o Minidicionário Aurélio (2004), diversidade significa: “Qualidade ou condição do que é diverso, diferença, dessemelhança. Divergência, contradição (entre ideias, etc). Multiplicidade de coisas diversas: existência de seres e entidades não idênticos, ou dessemelhantes, oposição.”. Quando falamos sobre diversidade em educação nos remetemos a ideia de dar oportunidades a todos os alunos de acesso e permanência na escola, com as mesmas igualdades de condições, respeitando as diferenças. Ao se abordar a questão das diferenças ou diversidades, não se remete somente às minorias ou às crianças com necessidades especiais. É muito mais amplo, pois todos nós seres humanos somos únicos, portanto diferentes uns dos outros. Tal fato trata-se de denominar como diversidade as diferentes condições étnicas e culturais, as desigualdades socioeconômicas, as relações discriminatórias e excludentes presentes em nossas escolas e que compõem os diversos grupos sociais. Pesquisas demonstram que cada vez mais tem aumentado a presença de alunos que historicamente tinham sido excluídos da escola. Esta realidade pode ser vista principalmente nas escolas públicas, por constituir um espaço de grande diversidade, bem quando descrever no seu Projeto Pedagógico o perfil dos alunos que compõem as suas salas de aula, o que demonstra claramente que a educação pública está voltada para a educação de todas as pessoas e não mais para uma minoria como relata a história da Educação, ao descrever que nos primórdios da educação da humanidade ela era totalmente elitista, sendo o seu acesso permitido apenas a uma pequena parcela da população. Atualmente, é grande o acesso da população a escola publica, no entanto o seu desafio é garantir a permanência e o sucesso escolar de todos os alunos, por meio de suas aprendizagens. Este avanço ocorreu devido a Declaração Mundial sobre Educação para todos (1990), no seu Artigo 3º, quando declarou que: é necessário universalizar o acesso à educação e promover a equidade, melhorando sua qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades. Na escola do século XXI, é possível perceber que a heterogeneidade está presente, ou seja, os alunos que lá estão são muito diferentes dos das décadas passadas, pois a escola atualmente é composta por grupos muito diferentes, tais como: sociais, econômicos, religiosos, culturais, de gênero, étnicos, com necessidades especiais, etc. Além desses grupos, ainda encontramos os que apresentam facilidade para aprender e outros que sofrem para assimilar os conceitos mais simples, alguns que apresentam facilidade para aprender; mas não se interessam, pois não querem nada com nada; outros com dificuldades e se mostrammuito interessados; outros com estilos de aprendizagem diferentes; e outros indisciplinados. Todo esse contexto mostra que os alunos que compõem nossas salas de aula não são iguais e que, portanto, não é possível desenvolver uma ação pedagógica única e homogênea. Considerando que a escola pública trabalha com a diversidade e que é necessário respeitar as diferenças existentes em sala de aula e em todo o ambiente escolar, não é possível que o professor continue desenvolvendo o ensino aplicável a todos os alunos. É preciso que se diversifique a prática pedagógica, buscando atender as características e as necessidades de cada aluno, criando contextos educacionais que permitam atender as especificidades de todos. É primordial que o professor se preocupe em desenvolver sua aula reconhecendo as diferenças existentes entre os alunos, senão estará desenvolvendo um ensino igual para todos, valorizando somente a transmissão de conteúdos, sendo um trabalho descontextualizado, que não desafia os alunos, que não os leva a produção de uma verdadeira aprendizagem, fazendo com que o ensino se efetive somente para alguns alunos, não atingindo o todo. DIVERSIDADES RELIGIOSAS O respeito à diversidade é um dos valores de cidadania mais importantes, sendo fundamental valorizar cada pessoa, independente de qual religião pertença, tendo consciência de que cada uma teve e tem sua contribuição ao longo da história. Assim, as diferentes expressões religiosas devem ser consideradas na escola, especialmente na escola pública. A escola precisa valorizar os fenômenos religiosos como patrimônio cultural e histórico, buscando discutir princípios, valores, diferenças, tendo em vista a compreensão do outro. Por isso é importantíssimo que o professor trabalhe com os alunos atitudes de tolerância e respeito às diferenças desenvolvendo um trabalho com a diversidade religiosa. A escola pública deve trabalhar no sentido de ampliar os limites quanto aos vários tipos de culturas religiosas, desmontando os preconceitos, fazendo com que todos sejam ouvidos e respeitados, pois intolerância religiosa é desrespeito aos direitos humanos. DIVERSIDADES DE GÊNERO Vivemos em uma sociedade pluralista, onde o respeito à individualidade e o direito de expressão devem ser considerados. A escola pública deve ser o espaço das liberdades democráticas. Ao se abordar a questão de gênero, logo vem a ideia de gênero ligada aos sexos masculino e feminino, enfatizando a questão da exclusão da mulher, sempre desprivilegiada na sociedade ao longo da história. HISTÓRIA 6MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Essa exclusão é marcada na sociedade em diversas situações, como mercado de trabalho, política etc, privilegiando o homem, e enxergando-o com capacidade de liderança, força física, virilidade, capaz de garantir o sustento da família e atender ao mercado de trabalho, etc, em contraposição a mulher vista como reprodutora, com a responsabilidade por cuidar dos filhos, da família, das atividades domésticas, etc. Muitas transformações vêm ocorrendo nas relações de sexo na sociedade, fazendo com que essa visão sobre a mulher seja desmistificada e dando oportunidades às mulheres para dividirem os mesmos espaços profissionais e pessoais com os homens, apesar de ainda haver uma grande desproporção e divisão de poderes que favorecem mais aos homens, discriminando, por sua vez, o sexo feminino. Mas quando se trata a questão de gênero na sociedade não podemos relacionar somente ao sexo feminino ou masculino, pois atualmente abrange também outras formas culturais de construção de sexualidade humana, vistos muitas vezes com desprezo e com atitudes discriminatórias na sociedade e, mesmo, na escola, como os homossexuais, um grupo que, assim como as mulheres, sofreram e continuam sofrendo discriminações ao longo dos séculos e, tem sofrido com os estigmas, estereótipos e preconceitos. É preciso desconstruir os preconceitos e estereótipos em termos de diferença sexual, possibilitando a inclusão de todas as pessoas, sejam elas do sexo feminino ou masculino e, considerando as múltiplas formas em que estes podem se desdobrar, pois a diferença na orientação sexual e nas formas como as diferenças de gênero se estabelecem, não justificam a exclusão. É preciso enxergar o mundo presente nas relações humanas e aceitar que a diversidade baseada na igualdade e na diferença é possível. A escola precisa levar a reflexão sobre as diferenças e preconceitos de gênero, buscando sensibilizar a todos os envolvidos na educação para as situações que produzem preconceitos e resultam em desigualdades, muito presentes no cotidiano escolar, onde muitas vezes preponderam falas ou situações diversas de distinção de sexo entre os alunos. É preciso ter consciência que o enaltecimento da diferença de gênero traz aspectos negativos, desconsiderando muitas vezes o direito, a habilidade e a capacidade de cada pessoa. DIVERSIDADES DO CAMPO A escola atende em seu cotidiano, muitos alunos advindos de diversos grupos, entre eles, possui os alunos do campo com sua cultura e seus valores que precisam ser reconhecidos e valorizados, pois são muitas as influências e contribuições trazidas por eles, principalmente em relação ao trabalho, a história, o jeito de ser, os conhecimentos e experiências, etc. A LDB 9394/96 (1996), reconhece a diversidade do campo e as suas especificidades, estabelecendo as normas para a educação do campo em seu artigo 28. A escola precisa refletir sobre a educação para as pessoas do campo, que muitas vezes são obrigados a aceitar e desenvolver seu processo educativo dentro de um currículo totalmente urbano, que desconhece a realidade e as necessidades do campo. As pessoas que vivem no campo têm sua cultura, seus saberes de experiência, seu cotidiano, que acabam sendo esquecidos, fazendo com que percam sua identidade, supervalorizando somente o espaço urbano, quando eles têm muitos conhecimentos a serem considerados e aproveitados pela escola. Na maioria das vezes esses alunos advindos do campo precisam deixar seu habitat para irem estudar nas cidades. Os alunos advindos do campo precisam se sentir parte do processo e terem o seu valor reconhecido pela sociedade, a começar pela escola, que trabalha no sentido de desenvolver a humanização e a emancipação dos cidadãos. ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem ser garantidos os mesmos direitos e as mesmas oportunidades dos alunos ditos “normais”, pois a escola é o espaço de formação para todos. Segundo Carvalho (2000, p. 106) “Enquanto espaço de formação, diz respeito ao desenvolvimento, nos educandos, de sua capacidade crítica e reflexiva, do sentimento de solidariedade e de respeito às diferenças, dentre outros valores democráticos.” O movimento pela inclusão oportuniza o direito de todos os alunos de estarem juntos aprendendo, tendo suas especificidades atendidas. Assim, a Lei abre espaço também aos alunos com necessidades educacionais especiais a serem atendidos em escolas especiais ou escolas regulares, de acordo com suas especificidades. A escola, enquanto instituição aberta a todos, precisa superar o sentimento de rejeição que os alunos com necessidades especiais enfrentam e, lutar para que tenham as mesmas oportunidades que são oferecidas aos outros alunos assegurando-lhes o desenvolvimento da aprendizagem. DIVERSIDADE ETNICO-RACIAL E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA A escola é responsável por trabalhar no sentido de promover a inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo tipo de injustiça e discriminação, enxergando osseres humanos dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principalmente dos afrodescendentes, marcados por um histórico triste na educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e preconceito. A escola tem o importante papel de transformação da humanidade e precisa desenvolver seu trabalho de forma democrática, comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e respeitando-o em suas diferenças. De acordo com Ribeiro (2004, p. 7) “[...] a educação é essencial no processo de formação de qualquer sociedade e abre caminhos para a ampliação da cidadania de um povo.” Os afrodescendentes devem ser reconhecidos em nossa sociedade com as mesmas igualdades de oportunidades que são concedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando eliminar todas as formas de desigualdades raciais e resgatar a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira e, assim, valorizar a história e cultura dos afro-brasileiros e africanos. HISTÓRIA 7MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL DIVERSIDADE SÓCIO-ECONÔMICA E CULTURAL A escola pública possui em sua grande maioria alunos provenientes de uma classe socioeconômica cultural desfavorecida, de famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na maioria, possuem dificuldades de aprendizagem. São alunos filhos da classe trabalhadora, cujo pais permanecem a maior parte do dia fora de casa trabalhando como empregados em indústrias, lojas, casas de família, em trabalhos sazonais como boias-frias na zona rural, cortadores de cana, pedreiros, garis, empregadas domésticas, etc. Muitos pais encontram-se até desempregados, realizando um “bico” aqui ou ali. Esses compõem a maioria dos alunos que a escola pública atende e que precisa dar conta, oportunizando condições de aprendizagem, num processo de qualidade. Eles são alunos que estão à margem da sociedade, e que muitas vezes passam por diversas circunstâncias perversas, como a fome, situações de violência, problemas com alcoolismo e drogas, situações de abandono, entre outros. Esses são os verdadeiros excluídos da sociedade que estão na escola clamando por ajuda. E as condições socioeconômicas e culturais é um dos fatores que podem interferir, e muito, no desempenho escolar dos alunos. O desafio da escola é este: possibilitar a essa grande maioria o acesso à escola, mas garantindo- lhes permanecer e ter sucesso no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conhecimento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos, muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comunidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la. Disciplina escolar A disciplina é um conjunto de regras que servem para o bom andamento da aprendizagem escolar, é uma questão de qualidade nos relacionamentos humanos, principalmente entre professor e aluno. Todo professor sabe que uma das suas tarefas mais difíceis é manter a disciplina em sala de aula, pois nem todos os alunos podem estar interessados no conteúdo, perturbando os demais que querem aprender. Ela deve ser construída numa parceria entre professor e aluno, que devem respeitar-se mutuamente. Além disso, é um dos fatores primordiais para que essa relação ocorra dentro de limites estabelecidos, com o objetivo de manter o foco do discente durante o processo de aprendizagem, seja dentro da escola ou em casa, para que ele tenha sucesso nos estudos. O professor possui autoridade, e não deve usá- la de forma abusiva, mas, por meio dela, apresentar suas ideias, conhecimentos e experiências, sem desrespeitar o conhecimento do aluno, encorajando-o à participação e o encarando como sujeito consciente e responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem. O educador deve procurar organizar o ensino a partir de desafios que solicitam a ação dos alunos e as trocas interindividuais com vistas à reflexão, à discussão e à busca das soluções conjuntas. Promove, portanto, o fortalecimento da vivência de relações democráticas asseguradas pela participação responsável e comprometidas do grupo e pelo desenvolvimento do respeito mútuo entre os alunos e entre o educador e o grupo que coordena, como podemos constatar no diálogo de Freire e Shor, “o educador deve estabelecer uma relação dialógica com seu aluno e abrir espaços livres para que participe, pois é impossível ensinar participação sem participação”. É necessário, então, compreender que disciplina não é o mesmo que rigidez forçada, já que, dessa forma, existe a possibilidade de não haver o sucesso no final. É importante ensinar ao aluno que tudo que for apresentado em sala de aula deve ser revisado em casa, para haver uma fixação maior do conteúdo, sempre destacando dúvidas para que possam ser esclarecidas posteriormente. Quando um aluno possui uma boa disciplina, dentro e fora da escola, sabendo organizar seu tempo para estudar e responder as tarefas acontece naturalmente uma melhoria do desempenho escolar. Por ser tão positiva, a disciplina não se restringe somente aos estudos, estando presente por toda a caminhada do indivíduo. A disciplina escolar e o saber histórico O estudo do passado das diferentes sociedades humanas permite o resgate e a compreensão das realizações humanas, de suas causas e consequências, fornecendo-nos parâmetros para o entendimento do nosso presente e permitindo deduções sobre como será o futuro. História é a ciência que estuda o passado, as mudanças nas sociedades ao longo do tempo, a sequência de acontecimentos, de fatos reais, estágios que marcaram a evolução da humanidade, de uma personagem, de um aspecto da atividade humana em um certo lugar e em um certo período. O estudo da História é vinculado, então, a uma pedagogia do exemplo, a partir da qual se pode entender não somente os significados do passado, mas como agir no futuro (KOSELLECK, 1985, p. 21-38). A História é entendida, por meio dessa perspectiva, como uma ciência do passado, a partir da qual se aprende a viver o presente e, principalmente, a transformá-lo. A disciplina assim pensada, em que pese à recusa de uma perspectiva tida como superada, na qual os grandes homens perfilam-se soberanos, em favor de outra, em que a História é percebida como construção de todos, não se distancia de um aporte no qual a narrativa dos fatos do passado permanece como estratégia de ensino. Pois, essa serve ao propósito último de ensinar a intervir no presente por meio de uma crítica moral das ações. HISTÓRIA 8MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL FORMAÇÃO HISTÓRICA BRASILEIRA: O ESTUDO E A ANÁLISE DE SITUAÇÕES HISTÓRICAS - O PERÍODO DA COLONIZAÇÃO, PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA, PERÍODO MONÁRQUICO, A REPÚBLICA, DESENVOLVIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA, INSERÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO - RECONHECIMENTO E VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE, RESPONSÁVEIS PELA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES INDIVIDUAL E COLETIVA; PERSPECTIVAS DA CONSTRUÇÃO DO BRASIL ENTRE A CIDADANIA E O AUTORITARISMO. PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) Os portugueses trataram a nova terra descoberta com descaso em virtude principalmente de três motivos: Ausência de um mercado consumidor, em virtude do estágio de subsistência dos autóctones; da não descoberta inicial do ouro e da maior lucratividade das especiarias da Índia em relação ao pau-brasil. O contato era esporádico e com finalidades bem definidas: 1501 - Expediçãode reconhecimento chefiada por Gaspar Lemos, e provavelmente contando com a participação de Américo Vespúcio; 1503 - Expedição de Exploração chefiada por Gonçalo Coelho: 1516 e 1526 - Expedições de defesa chefiada por Cristóvão Jacques, contra as investidas francesas desde 1504 com a finalidade de contrabando de pau- brasil, para atender o mercantilismo Colbertista de artigos de luxo. Neste período o trabalho indígena era assalariado pois através de escambo (troca natural), se pagava com bugigangas ou quinquilharias (espelhos, panelas, pentes e artefatos em geral). PERÍODO COLONIAL (1530-1815) D. João III, o colonizador, enviou uma expedição colonizadora liderada por Martim Afonso de Sousa com a finalidade de ocupar, reconhecer, explorar e defender o litoral brasileiro. São Vicente foi a primeira região escolhida para fundar a primeira vila populacional e o primeiro engenho (Engenho do Governador, futuro São Jorge dos Erasmos). A cana originária da Índia foi levada para as ilhas atlânticas pelo infante D. Henrique, e no momento da chegada deste produto ao Brasil, a burguesia lusitana já tinha sido superada pela aristocracia burocrática do Estado, e sem mobilidade comercial, precisou do auxílio da burguesia batava que passou a financiar, transportar e distribuir o açúcar no mercado consumidor europeu, com destaque para Johann Van Henilts (João Vanite). AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Este sistema privatizante foi transportado das ilhas atlânticas para o Brasil, em virtude da crise econômica lusitana gerada pela incompetência e corrupção da máquina burocrática do Estado e da queda do preço das especiarias, além da incerteza do retorno lucrativo do açúcar no Brasil. Este sistema surge inserido no contexto do capitalismo, pois visa o processo lucrativo de enriquecimento da metrópole, onde 15 donatarias são distribuídas para 12 donatários, através de dois documentos jurídicos: Carta de doação e Foral. A carta de doação são os direitos dos donatários, entre eles: a transmissão hereditária; a doação de sesmarias (Latifúndios entre 6 e 24 léguas com obrigação de produzir no máximo em cinco anos), formados por 4 unidades: Casa-grande, senzala, engenho (Real - movido à água ou trapiche-tração animal) e engenhoca (Responsável pela produção de aguardente) e capela; A formação de câmara municipal formada pelos “homens bons”, etc. O foral apresentava entre os deveres: o pagamento de 20% da produção e a obrigatoriedade de respeitar as leis portuguesas (Em vigor as ordenações Manuelinas). FIM DO SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: Desde a montagem deste sistema a coroa portuguesa preparava sua derrocada entendendo ser mais lucrativo a intervenção direta do Estado Lusitano, e aguardava apenas a confirmação da compatibilidade da terra com o produto. A falta de cumprimento das obrigações da maioria dos donatários serviu de justificativa para a ocupação direta da coroa. Outros fatores da derrota desta montagem foram: resistência dos índios; falta de unidade entre as capitanias; distância do centro produtor para o consumidor etc. O fim do sistema de capitanias hereditárias não representou o fim das capitanias, estas foram absorvidas pela centralização do Estado, com exceção das capitanias de São Vicente de Martim Afonso de Sousa e de Pernambuco de Duarte Coelho. A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do empreendimento: experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mão-de-obra escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exige grandes fazendas e engenhos e enormes investimentos em equipamentos e escravos. ENTRADAS E BANDEIRAS Expedições de desbravamento no interior do Brasil na época da colônia. Organizadas com maior freqüência no século XVII, seus principais objetivos são o reconhecimento territorial, a captação de mão- de-obra indígena, a submissão ou eliminação de tribos hostis e a procura de metais preciosos. As entradas têm seu centro principal de irradiação no litoral nordestino, saindo da Bahia e de Pernambuco para o interior em missão geralmente oficial de mapeamento do território. São essas expedições que devassam a Amazônia e ali dão início ao extrativismo das “drogas do sertão” (ervas, resinas, condimentos e madeiras nobres). Entram pelo rio São Francisco, abrindo caminho para o gado, chegam às serras mineiras e descobrem ouro e diamante. HISTÓRIA 9MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Os sertanistas também são usados no combate a escravos negros aquilombados e índios que se opõem à colonização branca. É o caso da bandeira de Domingos Jorge Velho, contratada no final do século XVII para destruir o Quilombo dos Palmares e depois liquidar a resistência dos cariris no Nordeste, na chamada “guerra dos bárbaros”, que se estende de 1685 a 1713. A IDADE DO OURO N0 BRASIL Na passagem do século XVII para o XVIII, são descobertas ricas jazidas de ouro no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa volta toda sua atenção para as terras brasileiras. A região das minas espalha- se pelos territórios dos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e torna-se polo de atração de migrantes: portugueses em busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São João Del’Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá. O quinto – A Coroa portuguesa autoriza a livre exportação de ouro mediante o pagamento de um quinto do total explorado. Para administrar e fiscalizar a atividade mineradora, cria a Intendência das Minas, vinculada diretamente à metrópole. Toda descoberta deve ser comunicada. Para garantir o pagamento do quinto, são criadas a partir de 1720 as casas de fundição, que transformam o minério em barras timbradas e quintadas. Em 1765 é instituída a derrama: o confisco dos bens dos moradores para cobrir o valor estipulado para o quinto quando há déficit de produção. MOVIMENTOS DA INDEPENDÊNCIA: A principal articulação ficou com a maçonaria; a divulgação ficou a cargo da imprensa, com destaque para o jornal “O revérbero constitucional” do liberal radical Gonçalves Ledo e a participação do próprio príncipe-regente. Esta combinação serviu aos interesses da classe dominante rural de garantir a velha ordem de funcionamento escravista, latifundiária e monocultura, impedindo a fragmentação do território brasileiro. Os principais movimentos foram: - 9 de janeiro de 1822 - Dia do fico. - Maio de 1822 - cumpra-se. - Junho de 1822 - D. Pedro recebe o título de defensor perpétuo do Brasil pela Maçonaria. - Agosto de 1822 - Início da convocação do anteprojeto constitucional. - 7 de setembro de 1822 - Independência do Brasil. PRIMEIRO REINADO - DE DOM PEDRO I AOS GOVERNOS REGENCIAIS Reconhecimento interno da independência Depois da proclamação da Independência, diversas províncias permaneceram fiéis a Portugal, não aceitando a Independência do Brasil.. No Piauí - As tropas de Fidié, fiéis de Portugal, dominaram São João da Parnaíba, mas em outras localidades não aderiram à sua autoridade. Na Bahia - Antes da Independência já haviam ocorrido choques entre portugueses e brasileiros. Sóror Joana Angélica foi uma das vítimas da luta. Labatut conseguiu vitórias, sendo mais importante a da Batalha da Pirajá. No Maranhão - A junta de governo, favorável a Portugal, rendeu-sea Cochrane, que chegara à província com um só navio. Reconhecimento externo da Independência O reconhecimento externo da Independência era importante, pois, sem ele, o Brasil viveria isolado das demais nações da época.. Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a nossa Independência (1824). Portugal demorava a reconhecer a Independência, e as demais nações esperavam pela definição da antiga Metrópole brasileira. Dom João VI exigiu uma indenização de dois milhões de libras esterlinas e o direito de utilizar o título de imperador do Brasil. A Assembleia Constituinte Reuniu-se em 3 de maio de 1823 para elaborar a primeira Constituição do Brasil. A tarefa da Assembleia foi difícil, pois os deputados se indispuseram com Dom Pedro I. Depois da “Noite da Agonia” (11 para 12 de novembro de 1823), Dom Pedro I dissolveu a Assembleia. A Constituição de 1824 Dom Pedro I nomeou uma comissão que elaborou a Carta Magna do Império, com base no projeto de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. A nova Constituição foi imposta pelo imperador. O texto constitucional regulou a vida do Império, oficializando a monarquia, o catolicismo, os direitos dos cidadãos, a divisão dos poderes, as eleições e a organização militar. Os poderes eram quatro: Executivo, Legislativo, Moderador e Judiciário. O poder Moderador visava à manutenção da independência e ao equilíbrio dos demais poderes políticos. A Confederação do Equador Teve início em Pernambuco, atingindo também a Paraíba, o Rio Grande do Norte e o Ceará. Foi motivada pelo descontentamento popular em relação a Dom Pedro I. John Taylor foi para Pernambuco comandando uma esquadra, sendo nomeado outro presidente para a província. Não conseguindo resultado, Dom Pedro I enviou Cochrane com a esquadra e tropas que derrotaram os revoltosos. O movimento foi sufocado, sendo violenta a repressão contra seus membros. Entre eles, foi fuzilado, por não haver quem o quisesse enforcar, Frei Caneca. ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I Fatores: dissolução da Constituinte, repressão da Confederação do Equador, questão do trono português, exigências do Barão de Roussinn, perda da Cisplatina, gênio de Dom Pedro, pobreza do tesouro, fatos relacionados à vida particular do imperador. A imprensa teve papel de destaque na abdicação, principalmente quando o Rei Carlos X da França foi deposto. HISTÓRIA 10MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Quando D. Pedro retornou ao Rio, aconteceram as “Noites das Garrafadas”, entre brasileiros e portugueses. Em 5 de abril, D. Pedro trocou o ministério composto de brasileiros pelo “Gabinete dos Marqueses”. Não querendo fazer nova substituição exigida pelo povo, D. Pedro resolveu abdicar. José Bonifácio foi escolhido como tutor dos filhos do imperador. D. Pedro I embarcou para a Europa após a abdicação. O PERÍODO REGENCIAL (1831 - 1840) Antecedentes Na época da abdicação de D. Pedro I, seu filho herdeiro D. Pedro tinha apenas cinco anos de idade. O período das regências não foi tranquilo, havendo revoltas que se estenderam até o Segundo Reinado. As regências trinas Regência Trina Provisória A abdicação de D. Pedro I surpreendeu aqueles que a provocaram, que pretendiam apenas a restauração do ministério demitido a 5 de abril de 1831. Foi eleita provisoriamente uma regência, cujos membros eram Francisco de Lima e Silva, José Joaquim Carneiro de Campos e Nicolau de Campos Vergueiro. Regência Trina Permanente Governou mais de quatro anos. Membros: Francisco de Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho. Correntes partidárias da época: liberais moderados, liberais exaltados e restauradores (esta desapareceu com a morte de D. Pedro II). A reforma constitucional de 1834 O Ato Adicional de 1834 criou o município neutro, transformou os conselhos gerais das províncias em Assembleia s Legislativas Provinciais, transformou a regência em una e suprimiu o Conselho de Estado. Feitas as eleições, foi escolhido o Padre Feijó como regente único. As regências unas Regência de Diogo Antônio Feijó (1835 - 1837) O governo de Feijó foi prejudicado pela oposição parlamentar. Teve início , em 1835, a revolta da Cabanagem, no Pará. Dela participaram pessoas humildes que moravam em cabanas.. A Revolução Farroupilha irrompeu em 1835, e teve como fatores as exigências de maior autonomia para a província por parte dos liberais exaltados e o descontentamento pelos pesados impostos cobrados pelo governo sobre os produtos da pecuária gaúcha. Regência de Pedro de Araújo Lima. Foi formado o “Ministério das Capacidades”, foi criado o Colégio de Dom Pedro II; foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Continuou no sul a Guerra dos Farrapos: Davi Canabarro, um dos chefes da revolta, ajudado por José Garibaldi, fundou a República Juliana, em Santa Catarina. A Sabinada, chefiada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, visava à separação do Império até a maioridade de D. Pedro II. A Balaiada foi um movimento contra o Partido Conservador e se espalhou por todo o Maranhão. A regência de Araújo Lima terminou por causa da antecipação da maioridade de D. Pedro II. A questão da maioridade e o início do Governo de D. Pedro II A maioridade foi conseguida pelos liberais que pretendiam subir ao poder. Bernardo Pereira de Vasconcelos adiou as reuniões do Parlamento. A medida não evitou que a Assembleia aprovasse a maioridade, assumindo D. Pedro imediatamente o poder - 23 de julho de 1840. O SEGUNDO REINADO A dissolução da Câmara Com a antecipação da maioridade, os liberais subiram ao poder. Em março de 1841, novamente os conservadores assumem o governo. Os liberais contavam com a maioria na Assembleia que ia ser instalada em 1842, mas o governo a dissolveu em 1º de maio. As revoluções liberais Em São Paulo, a revolta liberal contou com a participação de Rafael Tobias de Aguiar e do Padre Feijó. O movimento foi dominado pelas tropas de Caxias. Em Minas Gerais, a revolução foi chefiada por Teófilo Otoni. Na Batalha de Santa Luzia, os revoltosos foram derrotados. O fim da Guerra dos Farrapos A Guerra durava desde a regência Feijó, fracassando inúmeras tentativas de pacificação por meio das tropas enviadas pelo governo.. Caxias assumiu o comando das tropas imperiais, e conseguiu inúmeras vitórias (Poncho Verde, Pitatini). Em 1845, os revoltosos renderam-se. A Praieira Foi a última revolta interna contra o governo imperial. Fatores da revolução: insatisfação dos liberais com o governo dos conservadores; repercussão das ideias das revoluções liberais que ocorreram na Europa em 1848; revolta contra o sistema latifundiário; ideias antiportuguesas. O Diário do Povo, editado na Rua da Praia, no Recife, teve importante participação na revolta. Guerra contra Oribe, Rosas e Aguirre Fatores principais: interesses brasileiros com respeito à navegação no Prata; atitudes inamistosas dos blancos, que invadiam e saqueavam propriedades no Rio Grande do Sul; intromissão da Argentina na política uruguaia. O Brasil aliou-se ao governo uruguaio e a Justo Urquiza, governo das províncias de Entre Rios e Corrientes. Grenfel e Caxias obrigaram Oribe à rendição. Na luta contra Rosas, a esquadra brasileira venceu a Batalha do Passo de Tonelero; as tropas venceram a Batalha de Monte Caseros. As reclamações brasileiras e as negociações diplomáticas entre o Brasil e o Uruguai não obtiveram êxito. O Brasil deu um ultimato ao governo uruguaio, exigindo reparação dos danos. O ultimato também não foi considerado. Teve início a guerra. Venâncio Flores, inimigo de Aguirre, juntou suas forças às tropas imperiais nas batalhas de Saltoe Paissandu; os brasileiros venceram. Tamandaré cercou Montevidéu por mar, terminando a guerra. HISTÓRIA 11MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Guerra do Paraguai O Paraguai se opôs à intervenção brasileira contra o governo de Aguirre, declarando por isso, guerra do Brasil. O Paraguai tinha grande poderio militar, desenvolvido com objetivos defensivos. A iniciativa da guerra foi tomada pelo Paraguai, que aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda e invadiu o Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Corrientes (Argentina). A reação contra Lopes tomou impulso com a formação da Tríplice Aliança pelo Brasil, Argentina e Uruguai. As forças aliadas, comandadas pelo General Mitre, venceram as batalhas de Riachuelo e Tuiuti; as tropas de Estigarríbia renderam-se em Uruguaiana. Caxias conseguiu vencer as batalhas de Tuiuti, Humaitá e combates da Dezembrada: Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. Em 5 de janeiro de 1869, Caxias entrou em Assunção. A fase final da Guerra do Paraguai foi comandada pelo Conde D’Eu que conseguiu vencer os paraguaios nas batalhas de Peribebuí e Campo Grande. Em 1º de março de 1870, Lopes morreu, depois de cercado pelas tropas do General Câmara, terminando a guerra. O exército paraguaio foi destruído; o país, arrasado. No Brasil, as ideias republicanas e abolicionistas tiveram desenvolvimento; o Império tornou-se a primeira potência da América do Sul. Evolução política: O parlamentarismo Durante o Primeiro Reinado, não havia partidos políticos organizados. Estes começaram a se organizar no período regencial. Os partidos Liberal e Conservador alternaram-se no poder quase todo o Segundo Reinado. Não havia diferenças profundas entre os programas dos dois partidos, pois ambos representavam o interesse da aristocracia rural escravista. O parlamentarismo evolui gradualmente a partir da criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros em 1847. O Brasil adotou o modelo político inglês, mas com modificações. Economia e Finanças A agricultura: o café. A principal atividade do Império foi à cafeicultura. Indústria e finanças: O sistema colonial não permitia qualquer desenvolvimento industrial; mesmo com as medidas liberalizantes tomadas por D. João, os produtos brasileiros não poderiam concorrer com os ingleses, de boa qualidade e preços baixos. Com a abolição do tráfico, os capitais nele empregados foram aplicados no setor industrial. De 1850 a 1860, houve inflação e crises financeiras, que se estenderam até 1864. Para enfrentar a Guerra do Paraguai, o governo teve de apelar para empréstimos no exterior e emissões de moeda. Mauá foi o pioneiro da nossa indústria; desempenhou importante papel também no desenvolvimento dos transportes e das comunicações. Transportes e comunicações No período colonial, os transportes entre núcleos urbanos apresentavam muitas dificuldades. A primeira ferrovia, do litoral à raiz da Serra de Petrópolis, foi seguida de outras: na Bahia, Pernambuco, São Paulo e Paraná. Rodovias: a União e Indústria, do Rio de Janeiro a Juiz de Fora, foi a primeira rodovia pavimentada. Outra importante foi a Estrada da Graciosa, em Santa Catarina. Navegação Fluvial: foi importante o papel de Mauá no setor, com a criação da Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas. Navios a vapor ligavam portos litorâneos e as bacias Amazônica, Platina e do São Francisco. Transportes urbanos: Mauá introduziu os primeiros bondes movidos a tração animal no Rio de Janeiro. Correios e Telégrafos: os correios, existentes desde os tempos de Dom João, tiveram seus serviços ampliados no Segundo Reinado. Foi lançado, por iniciativa de Mauá, o primeiro cabo telegráfico submarino entre o Brasil e a Europa. A escravidão: da cessação do tráfico à abolição gradual O trabalho escravo sustentou a economia colonial. No governo Feijó, foi promulgada uma lei tornando ilegal o tráfico. Depois da extinção do tráfico, várias leis abolicionistas foram promulgadas: Lei Rio Branco, ou Lei do Ventre Livre: os filhos de escravas nascidos em 1871 em diante foram declarados livres. Lei Saraiva-Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários: declarava livres os escravos que completassem sessenta e cinco anos. Lei Áurea: de 13 de maio de 1888 - extinguiu a escravidão no Brasil. Imigração, colonização e trabalho assalariado Com o fim do tráfico negreiro, surgiram crises no setor de mão-de-obra nas áreas tradicionais, como o Vale do Paraíba; porém, alguns fazendeiros, mesmo antes da abolição da escravatura, já estavam se utilizando de trabalhadores imigrantes livres em suas propriedades, particularmente na zona oeste da Província de São Paulo. As Questões Militares O exército brasileiro sempre apoiou a política do Império, mas depois da Guerra do Paraguai retirou seu apoio ao trono. Os fatores que motivaram essa mudança foram: lentidão nas promoções na carreira militar, atrasos de pagamento, desamparo das famílias de militares mortos, propagação de ideias republicanas e abolicionistas, restrições quanto à manifestação de militares pela imprensa. Os conflitos entre a Igreja e o Governo A Igreja Católica era unida ao governo, e seus membros equiparados a funcionários públicos durante o Império. As leis da Igreja seriam obedecidas no Brasil depois se reconhecidas pelo governo imperial, o que causou as crises religiosas durante o Segundo Reinado. Seguindo a orientação de Roma, os bispos Dom Vital (de Olinda) e Dom Macedo Costa (do Pará) exigiram que as irmandades religiosas expulsassem os maçons de seus quadros. HISTÓRIA 12MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL BRASIL REPÚBLICA. A CRISE DO SISTEMA MONÁRQUICO IMPERIAL E A SOLUÇÃO REPUBLICANA; A CONSTITUIÇÃO DE 1891 A crise do Império que levou à Proclamação da República está ligada às transformações sociais, econômicas e políticas que se processaram na segunda metade do século XIX. Essas transformações foram citadas anteriormente, como por exemplo a abolição total da escravatura, os conflitos entre a Igreja e o Governo, o trabalho assalariado entre outros. A PROPAGANDA REPUBLICANA As ideias republicanas foram rapidamente divulgadas e, em várias Províncias, após 1870, surgiram diversos partidos republicanos. O mais importante destes e que terá papel de fundamental importância na proclamação foi o Partido Republicano Paulista (PRP), cujas origens estão ligadas à Convenção de Itu (SP) em 1873. Entre 1870/1889, fase de declínio do Império, surgem as crises que irão abalar o regime monárquico. A propaganda republicana entre os militares foi imensa, destacando-se Benjamin Constant, professor da Escola Militar, que divulgava as ideias de uma República Positivista. Os principais nomes da propaganda republicana foram: Benjamin Constant (principal), Lopes Trovão, Quintino Bocaiúva, Silva Jardim, Saldanha Marinho, etc. O último gabinete da monarquia -Afonso Celso de Assis Figueiredo (Visconde de Ouro Preto)- foi quem chefiou o último gabinete do II Império. Tendo assumido em 1889, tentou realizar reformas econômicas e financeiras para conter a onda “republicana”. Fatos antecedentes ao 15 de novembro: “Último baile do Império” na ilha Fiscal, notícias falsas do Major Solon Ribeiro sobre a prisão de Deodoro e Benjamin Constant e da transferência de unidades militares para pontos distantes. Com o apoio das tropas concentradas no Campo de Santana, Deodoro proclama a República (15 de novembro), derrubando o gabineteOuro Preto. Na Câmara Municipal é lavrada a ata, por José do Patrocínio, “declarando a proclamação da República”. D. Pedro II tenta, sem êxito, formar novo gabinete com Silveira Martins. A CONSTITUIÇÃO DE 1891 A Constituição de 1891 foi a primeira da História do Brasil após a Proclamação da República. Sua elaboração começou em novembro de 1890, com a instalação da Constituinte na cidade do Rio de Janeiro. Ela foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na Constituição da República Argentina, na constituição dos Estados Unidos da América e na Constituição Federal da Suíça, fortemente descentralizadora dos poderes, dando grande autonomia aos municípios e às antigas províncias, que eram chamadas de "estados", cujos dirigentes passaram a ser denominados "presidentes de estado". Foi inspirada no modelo federalista estadunidense, permitindo que se organizassem de acordo com seus peculiares interesses, desde que não contradissessem a Constituição. O regime de governo escolhido foi o presidencialismo. O mandato do presidente da República, eleito pelo voto direto, seria de quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato imediatamente seguinte, sem contudo haver impedimentos para um mandato posterior. Tanto é que Rodrigues Alves foi o primeiro presidente reeleito do Brasil – apesar de não ter assumido por morrer às vésperas da posse por gripe espanhola. O mesmo valia para o vice-presidente. É interessante notar que, à época, o vice-presidente era eleito independentemente do candidato à presidência da República, o que em princípio permitia a escolha do da oposição, o que dificultava o Governo. Também, no caso de morte ou renúncia do Presidente, seu vice assumia apenas até serem realizadas novas votações, não tendo que ficar até ser completado o respectivo quadriênio, como ocorre atualmente. Claro que isso deu margem a alguns vice-presidentes, como Delfim Moreira, para prolongarem seus mandatos, dificultando a promoção de novas eleições presidenciais. Por fim, as eleições para Presidente e vice ocorriam no 1.º de março, tomando-se as posses no 15 de novembro. Quanto às regras eleitorais, determinou-se que o voto no Brasil continuaria "a descoberto" (não-secreto) – a assinatura da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por "universal" entenda-se o fim do voto censitário, que definia o eleitor por sua renda, pois ainda se mantiveram excluídos do direito ao voto os analfabetos, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à obediência eclesiástica e os mendigos. Além disso, reservou-se ao Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos federais, e às assembleias estaduais a regulamentação para as eleições estaduais e municipais, o que mudaria apenas a partir da constituição de 1934, com a criação da Justiça Eleitoral. Ficou mantido o voto distrital, com a eleição de três deputados para cada distrito eleitoral do país. Definiu-se, também, a separação entre a igreja e o Estado: as eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos, diáconos e cardeais, e extinguiu-se a definição de paróquia como unidade administrativa – que antigamente poderia equivaler tanto a um município como também a um distrito, vila, comarca ou mesmo a um bairro (freguesia). Além disso, o País não mais assumiu uma religião oficial, que à altura era a católica, e o monopólio de registros civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios para os registros de nascimento, casamento e morte, bem como os cemitérios públicos, onde qualquer pessoa poderia ser sepultada, independentemente de seu credo. O Estado também assumiu, de forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e intermediário. Essa separação viria a irritar a Igreja, aliada de última hora dos republicanos e que só se reconciliaria HISTÓRIA 13MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL com o Governo durante o Estado Novo, bem como ajudaria a incitar uma série de revoltas, como a Guerra de Canudos. Por derradeiro, extinguiam-se os foros de nobreza, bem como os brasões particulares, não se reconhecendo privilégio aristocrático algum. É certo que alguns poucos, geralmente os mais influentes entre os republicanos, mantiveram seus títulos nobiliárquicos e brasões mesmo em plena República, como o barão de Rio Branco, mas isso mais por respeito e cortesia. Há que se ressaltar que, pela nova constituição, o brasileiro que aceitasse alguma titulação estrangeira que contradissesse os preceitos republicanos da carta de 1891, sem autorização expressa do Congresso, perderia seus direitos políticos. Também, as antigas ordens honoríficas imperiais que ainda remanesciam, a Imperial Ordem do Cruzeiro e da Imperial Ordem de Avis, foram oficialmente extintas, sendo posteriormente substituídas pelas ordens Nacional do Cruzeiro do Sul e do Mérito Militar – que mantiveram muitas das características de suas antecessoras. Essa continuidade simbólica também se fez notar no pavilhão nacional e no hino, cuja música já era considerada, de forma não-oficial, o hino nacional desde o Segundo Reinado. A PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930) E SUA EVOLUÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA A ORGANIZAÇÃO DA REPÚBLICA O início do período republicano . Após a Proclamação da República instalou-se um governo provisório sob a chefia de Deodoro da Fonseca. Durante o governo provisório foram tomadas a primeiras medidas para a institucionalização do regime republicano. Consolidação do regime . A primeira Constituição Republicana do Brasil estabelecia o regime federativo, o sistema presidencialista e a autonomia municipal; além disso, separava a Igreja do Estado e adotava três poderes. . O primeiro presidente eleito foi Deodoro da Fonseca. Ele sofreu oposição por parte do Congresso e resolveu dissolvê-lo, motivando a Primeira Revolta da Armada. O café, base política e econômica da República Velha . A aristocracia cafeeira dominou a vida política do país nesse período, conduzindo-a de modo a defender seus interesses econômicos. Os governadores, deputados e senadores, bem como a maioria dos presidentes da República, eram ligados à monocultura do café. . Em 1906 foi realizado o Convênio de Taubaté, no qual os governadores de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais decidiram adotar medidas de proteção ao café, a chamada política de valorização do café. . A crise econômica de 1929 afetou profundamente a cafeicultura, pois provocou violenta queda de preços do produto, já afetado pela crise de superprodução. Evolução política Prudente de Morais (1894 - 1898) . Seu governo foi marcado por problemas internos (Revolução Federalista e Guerra de Canudos) e externos (ocupação da Ilha da Trindade pelos ingleses). . Em Canudos, no interior da Bahia, o místico Antônio Conselheiro reuniu milhares de sertanejos. Em suas pregações o Conselheiro atacava o regime republicano. A ida de sertanejos para Canudos privava os fazendeiros de mão-de-obra. Por esses motivos, os governos estadual e federal enviaram vários contingentes de soldados, que depois de muita luta conseguiram destruir o arraial. . Prudente de Morais sofreu um atentado, no qual morreu o ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt. Campos Sales (1898 - 1902) . Durante seu governo, o presidente procurou restaurar a situação financeira do país, bastante abalada. Para tanto, negociou o Fundingh Loan. . Campos Sales foi organizador da “política dos governadores”, que era um acordo entre o presidente da república eos governadores dos Estados. Rodrigues Alves (1902 - 1906) . Nesse período o Rio de Janeiro foi saneado por obra de Osvaldo Cruz e urbanizado pelo Prefeito Francisco Pereira Passo; o Acre foi incorporado ao Brasil; foi assinado o Convênio do Taubaté; ocorreu a Revolta da Escola Militar. Afonso Pena (1906 - 1909) . Os principais acontecimentos desse governo foram os melhoramentos na rede ferroviária e a modernização das Forças Armadas. Nilo Peçanha (1909 - 1910) . Nilo Peçanha assumiu a presidência depois da morte de Afonso Penal. Em seu governo foi criado o Serviço de Proteção aos Índios e empreendido o saneamento da baixada fluminense. Hermes da Fonseca (1910 - 1914) . Esse período foi marcado por diversas rebeliões: Revolta da Armada, Questão do Contestado e Sedição de Juazeiro. . A Revolta Armada foi motivada pela existência de castigos físicos na Marinha. . Em Juazeiro, no Ceará, os partidários do Padre Cícero Romão Batista rebelaram-se contra o governador. . A Questão do Contestado teve como motivos o misticismo religioso e as divergências entre Paraná e Santa Catarina quanto aos limites interestaduais. . Esse governo coincidiu com a Primeira Guerra Mundial, da qual o Brasil participou. Merece destaque nesse período a promulgação do Código Civil Brasileiro. . Nas eleições presidenciais de 1918 foi eleito novamente Rodrigues Alves, que faleceu antes de tomar posse. HISTÓRIA 14MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL Epitácio Pessoa (1919 - 1922) . Em sua administração foram realizadas obras contra as secas do Nordeste, reformas no Exército e construção de ferrovias. . Em 1922 ocorreu a Revolta do Forte de Copacabana. Artur Bernardes (1922 - 1926) . Artur Bernardes governou em estado de sítio. Seu mandato foi marcado por diversas revoltas. . A Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, foi pacificada pelo General Setembrino de Carvalho. Em São Paulo, a Revolução de 1924. A Coluna Prestes, formada por rebeldes paulista e gaúchos, percorreu o interior do Brasil por dois anos. Washington Luís (1926 - 1930) . Este presidente procurou melhorar as finanças do país, principalmente pela construção de estradas. . Foi deposto pela Revolução de 1930. Política externa . O Brasil projetou-se no cenário internacional graças à atuação do Barão do Rio Branco. . Os principais problemas externos resolvidos na República Velha foram: ocupação da Ilha de Trindade pelos ingleses; Questão de Palmas, com a Argentina; Questão do Amapá, com a França, para determinar os limites com a Guiana Francesa; Questão do Pirara, para fixação de limites entre o Brasil e a Guiana Inglesa; assinatura do Tratado de Petrópolis, com a Bolívia; questão de limites com o Peru. . Na Primeira Guerra Mundial, o Brasil manteve-se neutro até 1917, quando o afundamento de navios brasileiros levou às declaração de guerra à Alemanha. . A participação brasileira resumiu-se ao envio de um corpo médico para a Europa e ao patrulhamento do Atlântico Sul. A SEGUNDA REPÚBLICA E SUA TRAJETÓRIA POLÍTICO-INSTITUCIONAL; DO ESTADO NOVO AO GOLPE MILITAR DE 1964; A CURTA EXPERIÊNCIA PARLAMENTARISTA; AS CONSTITUIÇÕES DE 1946, 1967 E 1988 A ÉPOCA DE VARGAS Constitucionalização do regime e revoltas internas . Getúlio Vargas assumiu o poder em outubro de 1930 e se manteve à frente do governo durante quinze anos. . Do movimento que levou Getúlio ao poder participaram elementos da classe média e do Exército, sendo importante o papel dos tenentes. . De 1930 a 1937 Getúlio consolidou seu poder, trocando os governadores dos Estados por elementos de sua confiança e subordinando as polícias militares e estaduais ao Exército. . Durante os primeiros anos surgiram movimentos de oposição ao regime de Vargas, como o de 1932, em São Paulo, a Intentona Comunista e a tentativa de golpe integralista. . Com a Revolução Constitucionalista de 1932 foram: o problema da interventoria em São Paulo, perda de poder dos paulistas na nova situação política, o interesse na reconstitucionalização do País. . Elementos de todas as classe sociais de São Paulo contribuíram para o sucesso da revolução, cujo início ocorreu quando da morte de quatro pessoas numa manifestação contra o governo (MMCD). . Os paulistas iniciaram o movimento esperando a adesão de outros Estados e a rendição imediata do governo. Mas apenas parte de Mato Grosso aderiu à revolução. . O movimento revolucionário foi comandado pelos generais Isidoro Dias Lopes e Bertoldo klinger. A indústria de São Paulo foi adaptada para produzir o material necessário à luta. . Mesmo perdendo a luta, os paulistas conseguiram obter resultados, pois em 1933 reuniu-se a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição de 1934. . A Carta de 1934 era liberal e nacionalista; modificava as atribuições do Senado, extinguia o cargo de vice-presidente da República, instituía o salário mínimo, a nacionalização de empresas, criava instituições previdenciárias, estabelecia o mandado de segurança, etc.. . O líder do comunismo no Brasil era Luís Carlos Prestes, que presidia a Aliança Nacional Libertadora. . Em 1935, a Aliança foi fechada pelo governo. . A propagação das ideias comunistas entre elementos das Forças Armadas resultou na Intentona Comunista de 1935. . O integralismo, movimento da base fascista, encontrou apoio em certas camadas da classe média e oposição do operariado. . O Plano Cohen, elaborado por integralistas, foi usado como pretexto pelo governo para o estabelecimento do Estado Novo. O Estado Novo (1937 - 1945) . Depois do movimento de 1935, foi feita uma emenda à Constituição que possibilitou ao presidente assumir poderes extraordinários. . Em 1937, apoiado por militares, Getúlio deu um golpe de estado assumindo poderes ditatoriais. . Todos os obstáculos políticos ao poder pessoal de Vargas foram eliminados, inclusive o integralismo. . No mesmo dia do golpe de estado, Getúlio outorgou a Constituição do Estado Novo. . Pela Constituição, o poder Judiciário ficou limitado e a censura estabelecida. . Em 1942, o Brasil declarou guerra à potências do Eixo. . Desde 1943, Vargas tomou medidas objetivando conseguir o apoio das classe populares. Para tanto, promulgou extensa legislação trabalhista e previdenciária. . Os “queremistas” favoráveis à eleição de uma Constituinte que manteria o ditador no poder, não puderam evitar o golpe militar que extinguiu o Estado Novo. . Após a queda de Getúlio, assumiu o governo, provisoriamente, o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Agricultura . Embora durante o período tenha havido inúmeros incidentes políticos internos e externos, a economia brasileira teve progressos marcantes. . A política do governo com relação ao excesso de produção do café foi resolvida pela destruição de enormes quantidades do produto, que eram jogadas ao mar ou queimadas. HISTÓRIA 15MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL . A intervenção do governo na economia foi marcante, sendo criados o Instituto do Açúcar e do Álcool, o Instituto do Mate e o Instituto do Pinho. Indústria e comércio . As pressões em favor da industrialização partiram dos militares. . A crise de 1929 favoreceu a indústria, pois transferiu para ela os capitais antes empregados na cafeicultura. . A partir de 1940, instalou-se no país a indústria siderúrgica e foi construída a usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Foram construídas ferrovias e rodovias.