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O Ensino de Português para Surdos

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UNIVESIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Departamento de Letras e Artes
LET 290 – Libras
O ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos e os problemas que o cercam
Lorena Machado 
Viçosa – MG
2013
Introdução
	Como sou graduanda em Letras, evidenciarei a importância do aprendizado do português para os surdos e os problemas existentes no exercício de lecionar tal disciplina para o referido público.
Todo surdo tem sua própria cultura, mas a maior parte dos ouvintes não se importa em conhece-la, logo, para tentar se inserir na sociedade, o surdo tem de socializar-se e sabendo ele que o principal instrumento dessa socialização é a comunicação, vemos como o aprendizado do português se faz necessário para o mesmo. Fora isso, em uma escola regular o Português é base para o aprendizado de outras disciplinas, então, se não se tem conhecimento de tal língua o aprendizado do aluno ficará comprometido.
Uma vez alfabetizado na Língua Brasileira de Sinais(Libras), o português passa a ser a segunda língua de um aluno surdo, o que gera um estranhamento e dificuldade de compreensão por parte do mesmo, uma vez que a Libras possui gramática própria e estrutura complexa, sendo diferente em muitos pontos do Português. Problemas com feminino e masculino, regência verbal, são algumas das dificuldades encontradas durante o ensino da Língua Portuguesa para surdos, que serão detalhados ao longo deste artigo.
Objetivo
Objetiva-se com a realização deste artigo:
Mostrar a necessidade do ensino do Português para surdos;
Evidenciar os problemas obtidos na tentativa de lecionar o português nas situações em que as escolas brasileiras da atualidade se encontram;
Encontrar saídas para que os problemas evidenciados ao longo do artigo sejam resolvidos de forma à amparar os surdos que buscam a aprendizagem do Português;
A partir de textos relacionados ao assunto realizarei o presente artigo.
Metodologia
	Com base nos textos lidos e de alguns referenciais teóricos, coletarei dados sobre como é o ensino de Língua Portuguesa para surdos e como esse ensino é tratado.
Tabus envolvendo a surdez
	A língua, em qualquer idioma, é considerada o fator mais importante para que haja comunicação entre pessoas, sendo considerada uma fator social indispensável a qualquer um de nós. Logo, para que qualquer um adquira a língua, basta estar suficientemente exposto ao idioma que o rodeia. 
A aquisição da língua vernácula pela criança independe de qualquer orientação especial. Os pais podem gastar horas, reforçando, toda parcela de atividade verbal reconhecível de seus filhos com um sorriso ou outra recompensa, ou tentando por meio da linguagem infantil transpor a distância entre sua competência linguística amadurecida e a competência incipiente da criança. Mas não há razão especial para crer-se que tal atividade tenha qualquer conexão com o êxito final da criança ao tornar-se falante nativo da língua de seus pais. (Langacker 1975, p. 20)
	Tendo conhecimento sobre a importância da linguagem para o desenvolvimento intelectual e social do ser, nos deparamos com uma condição que há décadas é vista como problema e com preconceito: a surdez.
	Quando uma criança é diagnosticada surda em seus primeiros anos, vemos que a busca por tratamento médico que faça com que ela possa escutar, é incessante. A surdez é vista como uma deficiência que irá apenas atrapalhar o desenvolvimento do indivíduo, fazendo assim, com que os pais busquem meios que possam enquadrar os filhos como “normais” diante de uma seleção feita pela sociedade. Com essa visão depreciativa sobre uma pessoa surda, voltamos ao século IV, onde acreditava-se que a aprendizagem aconteceria apenas através da audição e que com isso os surdos seriam menos aptos a aprender e se desenvolver em relação aos ouvintes.
Não é a surdez que define o destino das pessoas mas o resultado do olhar da sociedade sobre a surdez (Vygotsky).	
Essa visão sobre o desenvolvimento do surdo por causa da sua diferença, ainda está presente nos dias atuais. Durante a busca por uma possível audição, a criança surda é exposta a tratamentos fonoaudiológicos, aparelhos para ampliação, entre outros meios e formas de se “curar” essa deficiência. É comum que todas as pessoas falem e não que façam uso da Língua Brasileira de Sinais, vemos isso inicialmente vindo da família de um surdo, a mesma pensa que pelo surdo estar cercado de pessoas que utilizam a língua portuguesa ele também deveria fazer uso dessa língua, deveria oralizá-la. Quando a comunicação que é cobrada não se estabelece, a frustação é instantânea. 
Podemos, através de um esforço, tornar-nos conscientes do aspecto convencional
da realidade e então escapar de algumas exigências que ela impõe em nossas percepções e pensamentos. Mas nós não podemos libertar-nos sempre de todas as convenções, ou que possamos eliminar todos os preconceitos. (Moscovici, 2009, p.35) 
	O tabu que envolve o fato do surdo aprender Libras devido a necessidade de se comunicar, só é quebrado quando os outros tratamentos buscados para curar a “deficiência” não são eficazes. É necessário entender que o surdo possui sua própria língua e cultura, e que só a partir da vivência delas, poderá construir sua identidade pessoal.
	A Libras será então, a língua materna do surdo. A qual ele usará para se comunicar com outras pessoas e desenvolver capacidades cognitivas. Trato nesse artigo a aprendizagem de uma segunda língua pelo surdo, o português. Ensinado aos surdos não visa unicamente desenvolver sua habilidade de falar, mas o principal, é que o aprendiz desenvolva a leitura e escrita. Tentarei retratar dificuldades e diferenças enfrentadas pela comunidade surda ao tentarei se inserir numa sociedade onde a cultura ouvinte é prioridade.
A língua Portuguesa e seus obstáculos para alunos surdos
Sabemos que a escola é a primeira relação que uma criança tem com a sociedade e, com isso, começa a descobrir as diferenças entre ela e os outros indivíduos. Para a criança surda isso acontece de forma mais impactante, pois tanto na rua quanto no ambiente escolar, ela percebe que é tratada de outra forma e visualiza a sua diferença para com os demais colegas. Mesmo a interação e a inclusão fazendo parte do lema de uma escola que busca a boa educação do aluno com necessidades especiais, observamos que isso na realidade não acontece.
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: 
 	I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
 	II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. 
§ 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo [...] (BRASIL, 2005, CAP. VI).
Segundo o decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10. 436, de 24 de Abril de 2001 e o artigo 18 da Lei no 10.098, de 19 de Dezembro de 2000 citados acima, vemos que a garantia à educação de qualidade para o aluno surdo está prevista em lei. Entretanto, constatamos que a realidade é diferente da que está no papel e que é garantida por lei. Quando o aluno surdo chega à escola para o seu primeiro contato se depara com o despreparo por parte da instituição. 
Muitas vezes o aluno surdo não só chega à escola para aprender o português, mas também para aprender a Libras uma vez que muitos não a dominam. Para os anos iniciais da alfabetização, a falta de conhecimento por parte do aluno, da Libras,que é considerada a língua materna de um surdo acarretará grande dificuldade para que este possa adquirir duas línguas ao mesmo tempo. Essa defasagem no conhecimento de sua língua materna ocasionará certa dificuldade, tanto para o professor responsável quanto para o aluno, no ensino/aprendizagem das línguas.
[...] a aprendizagem de Língua Portuguesa, como primeira ou como segunda língua, é direito de todo cidadão brasileiro e que o ensino desta língua é de responsabilidade da escola. Se o fracasso existe, ele tem que ser enfrentado a partir de uma proposta nova calcada nas reais necessidades do aprendiz surdo, para quem a primeira língua é a Língua de Sinais e para quem a Língua Portuguesa é uma segunda língua com uma função social determinada. (Freire, 1999. p. 26)
A lei entra em contradição com a realidade escolar, uma vez que não oferece condições adequadas para o comprimento da mesma. Em escolas regulares o professor se vê sem condições de lecionar, em uma sala superlotada, e atender de forma diferenciada os alunos especiais. O professor não é preparado adequadamente para lidar com situações como essas. É direito do aluno surdo um intérprete em sala de aula, mas este intérprete acaba muitas vezes por atrapalhar mais do que ajudar o rendimento e aproveitamento nas aulas, pois é de suma importância que a interação professor x intérprete seja de qualidade, mas esse é um problema que se tem QUANDO o aluno surdo consegue um intérprete para seu auxílio em sala de aula.
Como a Libras é complexa e possui gramática própria, o aprendizado do português como segunda língua para os surdos é o mesmo que o aprendizado de uma língua estrangeira por alunos ouvintes com estrutura e gramática distintas. Para o surdo é complicado o aprendizado de substantivos abstratos, uma vez que na sua língua materna não há diferença de gênero masculino/feminino, o que significa que não há um sinal para distinguir bonito e bonita. Quanto à formação de frases, notamos a problemática para criar frases/textos com todos os vocábulos necessários para torna-las compreensíveis para um falante conhecedor somente da língua portuguesa, pois para que haja compreensão na comunicação entre os surdos em sua língua materna, esses vocábulos não se fazem necessários. 
Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela determinado sentido. (Koch, 1997. p. 25)
Considerações Finais
Diante das diferenças entre a Libras e o Português, esta última se faz complicada de ser ensinada/aprendida, pois o professor não recebe o suporte necessário por parte dos órgãos competentes em sala de aula para o auxílio total do aluno surdo; Logo, não há ajuda de intérprete para todos os surdos estudantes muito menos professores bilíngues(Libras+Português) . O pontapé inicial para a solução dos problemas deve vir da percepção do cidadão surdo de que ele deve requerer seus direitos e a aceitação de sua cultura, tendo consciência de que não são inferiores à sociedade em que vivem(sobrevivem). De acordo com Vygotsky (2000, p .25) “eu me relaciono comigo tal como as pessoas relacionam-se comigo” como o outro não se relaciona com um surdo, ele se inferioriza em relação aos demais e não há uma interação sadia. Este pensamento deve ser extinto, pois surdez não é deficiência e sim uma diferença, como cada um de nós somos diferentes uns dos outros, os surdos são diferentes de nós. Nós como ouvintes não devemos ser deficientes a eles.
Referências Bibliográficas
LANGACKER, R.W. A línguagem e sua estrura. Petrópolis: ed. Vozes, 1975
DORNELES, M. V. Família ouvinte: diferentes olhares sobre surdez e educação de surdos. 
CAPOVILLA, F.C. Filosofias educacionais em relação ao surdo: do oralismo à comunicação total ao bilinguismo. 
SANTOS, E.R. O ensino de Língua Portuguesa para surdos: uma análise de materiais didáticos
SILVA, M. P. M. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. Ed. Plexus.

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