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Salário Preço e Lucro Karl Marx

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“Salário, Preço e Lucro” – Karl Marx, 1865...
Há precisamente 148 anos, Marx proferia, nas sessões do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores, esse texto, que de certa forma é um resumo das análises econômico-políticas de O Capital...
Marx parte de uma crítica a um companheiro, sr. Weston, o qual, para defender a ideia de que a luta por aumento salarial era prejudicial aos próprios trabalhadores 
 Premissa de Weston: o volume a grandeza da produção e dos salários são invariáveis.
Marx vai mostrar o infundado da premissa e, consequentemente, a irrealidade da dedução de Weston, 
a saber, a de que, a um aumento da massa global de salários, aumentam necessariamente os preços das mercadorias
O que Marx desmonta, ainda, é uma noção implícita (e que em Weston tem função de premissa) segundo a qual o aumento dos preços das mercadorias dependeria das vontades individuais dos capitalistas...
Para Weston, um aumento de 4 para 5 corresponderia a um poder de compra de 5 para 4... 
Mas isso só seria possível se a uma tal determinação da diminuição do poder de compra do novo salário dependesse inteiramente da vontade dos capitalistas
Na esteira de Smith e Ricardo, Marx mostrará que é o próprio mercado que se encarrega de determinar os preços das mercadorias, e não os capitalistas
Se a determinação dos preços dependesse das vontades livres dos capitalistas ou dos consumidores, as oscilações cotidianas e históricas dos preços das mercadorias seriam totalmente ininteligíveis... 
 Contudo, podemos perguntar: mas um aumento dos salários em geral não aumentaria a procura por mercadorias, pressionando os seus preços para cima?
Sim, mas Marx trata de botar os pingos nos is.
Primeiro: a elevação geral dos salários faria subir imediatamente apenas os preços das mercadorias consumidas diretamente pelos trabalhadores
Essas mercadorias são, em geral, produtos de primeira necessidade (alimentos, roupas, moradia) 
 Mas, neste caso, o que ocorreria na economia em geral? 
Os outros capitalistas, do outros ramos da indústria – isto é, aqueles responsáveis pela produção de mercadorias de segunda ou terceira necessidade – não conseguiriam compensar uma queda na taxa de lucros
Por que? Porque, em seus ramos, não aumentaria a demanda por mercadorias, ao passo que os salários teriam aumentado (pois a suposição é de um aumento geral nos salários).
Observação: Marx trabalho com o ensinamento de Ricardo, segundo o qual, como vimos na aula anterior, os salários só podem aumentar se os lucros baixarem, e vice-versa.
Qual a consequência? Antes de tudo, não podemos esquecer de também os capitalistas são consumidores de produtos de primeira necessidade...
 Com uma menor renda (lucro), teriam que pagar mais por essas mercadorias de primeiro gênero, com o que sua renda diminuiria ainda mais...
E mais ainda: com essa renda menor, diminuiria a demanda, formada pelos próprios capitalistas, por produtos de luxo, diminuindo-se assim os preços das mercadorias que eles produzem...
Assim, o lucro nos outros setores da indústria diminuiria não por causa do aumento dos salários, mas também por uma depressão nos preços dos artigos mais sofisticados
Só que, neste caso, haveria diferenças consideráveis entre as taxas de lucro nos diferentes ramos da indústria
Smith, porém, havia mostrado que isso não poderia durar muito tempo: os capitalistas tendem a migrar de setor, em busca de lucros maiores... 
 A tendência é sempre uma nivelação nas taxas de lucro (Smith)
Portanto, os preços voltariam ao seu antigo patamar e ao seu antigo equilíbrio
Marx então conclui: um aumento geral dos salários não altera, no médio ou longo prazo, o preço das mercadorias; apenas mudar a forma e o volume da produção 
Mais: no final, o resultado é o mesmo previsto por Ricardo: o que um aumento dos salários gera, imediatamente, é uma baixa dos lucros...
 Importante: o aumento nos preços das mercadorias consumidas pelos trabalhadores que tiveram seus salários alterados será apenas temporário, segundo essa análise de Marx
Em seguida, Marx oferece exemplos históricos que contrariam a tese de Weston;
Estes exemplos dão conta de situações em que a aumentos de salários não se seguiram aumento dos preços das mercadorias, que até abaixaram
A propósito: na página 69, vemos o quanto Marx atribuía importância à lutas pela redução da jornada de trabalho...
 Marx é mais smithiniano do que o “cidadão Weston”: um aumento da procura pode engendrar um aumento da oferta e fazer retornar os preços aos patamares anteriores, e é comum que isso aconteça...
Com as mesmas armas teóricas, Marx refutará Weston no terreno monetário (moeda etc., p. 72-75)
Na sequência, Marx entra na discussão sobre o valor.
Natural: pois, como vimos nas aulas anteriores, sempre que se fala em preços, deve-se falar em “valor”, na economia clássica... 
 Começa refutando Weston, para quem a oferta e a procura eram determinantes do valor.
Marx contesta: determinam o preço, mas não o valor.
E mesmo preço tem por base real o valor
Sendo assim, a clássica questão é como se formam os valores das mercadorias
A consequência da tese de Weston é que os salários regulam os preços das mercadorias
Mas com isso Weston caía num círculo vicioso: os salários regulam os preços das mercadorias, ao mesmo tempo que, o preço delas aumentando, regulavam o valor dos salários, que se mediam por elas... 
É, assim, uma questão importantíssima saber, como se determina o valor de uma mercadoria, para em seguida determinar como se forma o valor dessa mercadoria específica que é a força de trabalho
O primeiro aspecto, mais visível, do valor da mercadoria é seu caráter relativo: ele se mede por sua relação com os outros valores
É que há proporcionalidade entre os valores das mercadorias
A questão é qual é a base dessas proporções de valores...
 Relembremos: as mercadorias têm valor de troca e valor de uso
Os valores de troca das mercadorias são funções sociais delas; não constituem sua natureza
Mas o trabalho humano está ligado a essa natureza: ele extrai desta algo que lhe serve como valor de uso, e que a própria natureza não lhe ofereceu de mão beijada.
Na relação com a natureza, o homem pode produzir um produto que para si tem um certo valor (de uso)
 Neste caso, temos não apenas trabalho humano, mas trabalho social
O trabalho social é aquele que produz valores de troca
O trabalho é portanto a substância social das mercadorias
Toda mercadoria será, assim, trabalho social cristalizado (ou objetivado, como Marx escreverá no Capital)
Logo, a substância de todo valor é o trabalho; só o trabalho gera valor, como dissera Smith e Ricardo
 Se o valor de troca das mercadorias tem como base o trabalho (que é a substância social delas), como as mercadorias se diferenciam e, portanto, como variam os seus preços?
Apenas pela quantidade de trabalho nelas cristalizado
Mas como se distinguem as próprias quantidades de trabalho envolvidas na produção das mercadorias?
Pelo tempo, pela duração. 
Mas Marx falará em tempo médio de trabalho, que é o tempo socialmente necessário de produção.
 Observação: dado esse trabalho médio, o “preguiçoso” e o “lerdo” não fazem aumentar o valor da mercadoria… 
Para cima, o valor da mercadoria “força de trabalho” varia até o ponto do valor da mercadoria produzida por ele – acima disso é impossível.
O valor do produto do trabalho limita, assim, o valor dos salários.
Contudo, não é só o valor do trabalho que é incorporado ao valor do seu produto: entram também os meios de produção e o trabalho neles incorporados, como dissera Ricardo.
 Trabalho humano e meios de produção constituem, portanto, o trabalho socialmente necessário para a produção de uma mercadoria.
Como variam, assim, os valores das mercadorias? Marx responde:
“Se, então, a quantidade de trabalho socialmente necessário, materializado nas mercadorias, é o que determina o valor de troca destas, ao crescer a quantidade de trabalho exigível para produzir uma mercadoria aumenta necessariamente o seu valor e vice-versa,diminuindo aquela, baixa este” (p. 83).
 Mas como variam essas quantidades de trabalho socialmente necessários?
Pelo desenvolvimento das forças produtivas (e aqui é preciso lembrar que a tendência é sempre a diminuição do tempo de trabalho necessário)
Com isso, variam os preços, que são a expressão (nominal, dizia Smith) do valor numa dada moeda.
E é claro que os preços podem variar acima do valor real da mercadoria, ou abaixo dele – Marx, seguindo Smith, não o nega.
 Contudo, ainda seguindo Smith, Marx defende a ideia de que os preços variam em torno do valor real das mercadorias, tendendo sempre para ele, como se este valor real fosse o centro de gravidade dos preços do mercado….
É por isso que a origem do lucro não está na venda da mercadoria acima do seu valor real.
Na média, o valores reais se realizam no mercado
Como, então, explicar o lucro?
Não será por acaso que, aqui, Marx recorre primeiro à análise da força de trabalho (seção VII, p. 86 a 88).
 É preciso se perguntar: qual o valor do trabalho?
Pois o trabalho, como se sabe, é uma mercadoria como outra qualquer, para o capitalismo.
Como então se determina o valor de troca dessa mercadoria?
Primeiro ponto: não se vende o trabalho, mas a força de trabalho – e por tempo limitado (per tempore) 
 Ocorre que o fato mesmo da venda da força de trabalho é um evento social e historicamente determinado. 
Não caiu do céu, nem foi por vontade livre que os trabalhadores se puseram a vender sua força de trabalho…
Ele é antes um fato que está ligado ao processo histórico de acumulação primitiva de capital, à qual Marx sugere chamarmos de “expropriação originária dos meios de produção” – produção da vida, da existência, e sua reprodução.
Esse processo é correlato do desenvolvimento da propriedade privada dos meios de produção
 Marx responde, enfim, como se determina o valor da força de trabalho no início da página 88…
Contudo, o segredo do Capital está na realização do valor de uso da mercadoria força de trabalho.
Enquanto mercadoria, seu valor de troca se realiza como de toda e qualquer mercadoria; 
mas enquanto é usada pelo capitalista, que a compra por tempo determinado, a força de trabalho faz o que nenhum outra mercadoria faz: ela produz valor 
 E todo o segredo está na produção desse valor: 
Pois o capitalista usa de tal forma a força de trabalho, que faz com que o trabalhador não produza apenas o valor equivalente aos bens necessários à sua vida e reprodução, mas sim um valor maior
…um mais-valor, um mais-produto.
De que forma? Pelo tempo de uso da força de trabalho.
Se, em 6h o trabalhador é capaz de produzir um equivalente ao que é necessário para ele viver, o capitalista o paga por isto, mas o operário deve trabalhar 7, 8, 9, 10h etc. 
 O paradoxo: o trabalhador recebe o valor real pela troca da única mercadoria que tem, a força de trabalho!
Só que trabalha mais tempo, para realizar este valor, do que o que é realmente necessário para realizá-lo.
Assim, no capitalismo, nem todo trabalho é trabalho pago.
O valor das mercadorias produzida durante esse tempo não pago constituirá a mais-valia, que é a origem do lucro
 Assim, o conflito entre o capital e o trabalho é intrínseco ao sistema produtivo: não depende da vontade deste ou daquele sujeito…
Estamos numa iron cage, diria Max Weber…
E, no entanto, não parece que estamos numa caverna…
O conflito intrínseco entre capital e trabalho não aparece, como tal, ao trabalhador.
Marx sugere que somos tão servos quanto o eram os camponeses medievais, que também trabalhavam por um tempo não pago pelo senhor das terras. 
 Mas também sugere que, em certo sentido, somos ainda menos livres que o camponês medieval
Porque para este estava claro o tempo de trabalho que dedicava exclusivamente ao senhor, enquanto no sistema capitalista tudo parece camuflado, escondido, velado, já que o proletário trabalha durante uma mesma e única jornada para si e para o outro, recebendo pelo trabalho realizado para si, mas não pelo trabalho realizado para o outro (ver p. 90).
No capitalismo, a relação social essencial é a que se dá entre o capitalista e o operário produtor de mercadorias…
É aí que se origina o lucro; é no trabalho produtivo que se assenta todo o sistema
Por isso mesmo, quanto maior o salário, menor o lucro, como dizia Ricardo
Pois o mais-produto, fruto daquele mais trabalho não pago, só pode ser dividido entre os dois
Note-se: ainda que a mais-valia seja divida para pagar juros e renda terra (p. 92 e 93) 
 Na extração dessa mais-valia, o capitalista procurará sempre elevar a jornada de trabalho, para além dos limites racionalmente aceitáveis.
E uma forma de fazer isso, quando a legislação impede de aumentar a jornada de trabalho, é intensificar o trabalho, condensando uma maior produtividade num mesmo período de tempo.
Donde um maior conflito entre o capital e o trabalho
O valor mínimo da força de trabalho é um tanto rígido; já a extensão da jornada de trabalho tem um máximo que é, no entanto, bastante elástico (p. 101). 
A luta por aumento de salário é, portanto, muito importante, mas ela não altera o essencial do jogo: 
é na verdade uma luta para não ver os salários abaixo do seu valor “racional”
Na velha Europa, qual foi a reação mais ou menos imediata às conquistas salariais dos operários?
Um aumento da presença do capital fixo (sobretudo máquinas) na composição do capital global 
 Mas a presença maior do capital fixo sob a forma de maquinário traz uma consequência de monta para o sistema capitalista e para os trabalhadores:
1. o acumulação de capital aumenta
2. mas a demanda por trabalho torna cada vez menor, proporcionalmente
Eis aqui um problema estrutural do capitalismo atual…

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