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RESUMO O capital acumulação primitiva

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O capital – Karl Marx
Mercadoria:
A mercadoria é um objeto produzido pelo trabalho humano, que é trocado por seu produtor em vez de ser por ele consumido e, por suas propriedades, satisfaz às necessidades humanas de qualquer natureza, diretamente como meio de subsistência ou indiretamente como meio de produção.
A utilidade é então a mais importante e indispensável qualidade da mercadoria. A utilidade, que se realiza no consumo ou no uso, confere à mercadoria o seu valor de uso. É justamente por a mercadoria possuir utilidade que ela adquire um valor de troca. Um produto inútil não é permutável.
Os dois fatores da mercadoria são, portanto, o valor de uso e o valor de troca.
Para que duas mercadorias de natureza e proporções diferentes cheguem a valer uma quanto a outra (meio quilo de ouro valem quantos quilos de trigo?) é preciso que ambas contenham em igual quantidade uma substância comum mensurável.
Seria a propriedade natural? Não, pois ela é precisamente o que diferencia as mercadorias.
Seria a utilidade? Não, pois, a produção civilizada tende a trocar objetos de primeira utilidade por objetos de menor utilidade em maior proporção (ouro – utilidade reduzida por cereal – alimentação humana muito mais útil).
O que todas as mercadorias possuem em comum é que todas são produtos do trabalho humano, pois sua criação necessitou de um dispêndio de força humana. A força de trabalho do homem é a única que cria valores, e as mercadorias só são consideradas valores porque contêm trabalho humano. Antes de entrar na troca, a mercadoria já é um valor, isto é, um acumulador de força humana, e ela só trocada porque é um valor.
Exemplo: A água de um rio e o ar atmosférico, ainda que essenciais à vida, não são valores porque não contêm trabalho humano. Mas, incorporando-se trabalho humano ao ar, comprimindo-o, e à água, transportando-a a uma casa, imediatamente a água e o ar se tornam valores e passam a ser permutáveis.
Como se mede o valor?
O tempo de trabalho socialmente necessário à produção das mercadorias é o exigido por qualquer trabalho executado com grau médio de habilidade e de intensidade e em condições normais, relativamente ao meio social considerado. Portanto, é somente o quantum de trabalho ou o tempo de trabalho necessário para produzir um artigo, numa dada sociedade, que determina a quantidade de valor desse artigo. 
As mercadorias que contêm iguais quantidades de trabalho, ou que possam ser produzidas no mesmo tempo, têm, em consequência, igual valor. O valor de uma mercadoria está, para o valor de qualquer outra, na mesma proporção que o tempo de trabalho necessário à produção da primeira está para o tempo de trabalho necessário à produção da segunda. 
Mas esse tempo varia a cada modificação da força produtiva, isto é, da produtividade do trabalho que, por seu lado, depende de vários fatores: (i) da habilidade média dos trabalhadores; (ii) do desenvolvimento da ciência e do grau de sua aplicação tecnológica; (iii) das combinações sociais da produção; (iv) da extensão e eficácia dos meios de produção e, assim como; (v) das condições do meio ambiente.
Quanto maior a produtividade do trabalho, menor será o tempo necessário à produção de um artigo; e quanto menor é a massa de trabalho cristalizada nesse artigo, menor seu valor. A quantidade de valor de uma mercadoria varia, portanto, na razão direta do quantum (o tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la) e na razão inversa da força produtiva do trabalho (a produtividade) que foi aplicada na produção dessa mercadoria.
Conhecemos agora a substância do valor: é o trabalho. Conhecemos a medida de sua magnitude: é a duração do trabalho. Um objeto, uma coisa, pode ser um valor de uso sem por isso ser um valor. Basta, para isso, que seja útil ao homem sem que provenha do seu trabalho. Tais são o ar, as pastagens naturais, um solo virgem etc. Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano sem ser mercadoria. Aquele que produz unicamente para satisfazer suas próprias necessidades só cria valor de uso pessoal.
Para produzir mercadorias, deve-se não somente produzir valores de uso para consumo próprio, mas também valores de uso para outras pessoas, isto é, valores de uso sociais. Enfim, nenhum objeto pode ser valor se não for coisa útil. Se for inútil, o trabalho que encerra é despendido inutilmente e, dessa forma, não cria valor.
Será possível comparar os diferentes gêneros de trabalho entre si para conduzi-los a uma medida comum? (ex.: trabalho do carpinteiro com o do artista?)
Deixando de lado a questão de sua utilidade, qualquer atividade produtiva é um dispêndio de força humana. A força de trabalho de trabalho, cujo movimento muda apenas de forma, nas diversas atividades produtivas, deve certamente ser mais ou menos qualificada para poder ser utilizada desta ou daquela forma. Mas o valor das mercadorias representa pura e simplesmente o trabalho do homem, um dispêndio de força humana em geral.
O trabalho médio simples varia de característica, é verdade, nos diferentes países e segundo as épocas, mas numa dada sociedade ele é sempre determinado. O trabalho complexo (skilled labour – trabalho qualificado) é apenas uma potência do trabalho simples, ou, antes, é apenas o trabalho simples multiplicado, de modo que uma dada quantidade do trabalho complexo corresponde a uma maior quantidade de trabalho simples.
Segue-se daí que, na análise do valor, toda variedade de força de trabalho deve ser tratada como força de trabalho simples. Se, quanto ao valor de uso, o trabalho contido na mercadoria só importa qualitativamente (saber como o trabalho se faz e o que ele produz), em relação à magnitude do valor ele só importa quantitativamente (sua duração).
Como a magnitude do valor de uma mercadoria representa apenas o quantum de trabalho nela contido, segue-se que todas as mercadorias, em certa proporção, devem ter valores iguais. A força produtiva de todos os trabalhos que a produção de uma mercadoria qualquer exige permanece constante?
Exemplo 
1 roupa – x dias de trabalho = Valor y e; 2 roupas – 2x dias de trabalho = valor 2y
Ocorrem as seguintes mudanças:
1 roupa – 2x dias de trabalho = o valor passará a ser 2y
Se 1 roupa – x/2 dias de trabalho = o valor passará a ser y/2, então, 2 roupas = y
Conclusão: Apesar de ter a mesma utilidade e mesma qualidade do trabalho empreendido na produção das duas roupas, houve uma mudança no quantum de trabalho e, por isso, o valor do produto foi alterado. Observe que x, que é o valor do trabalho como substância do valor não mudou. Ou seja, aumentou-se a produtividade, diminuindo o tempo necessário para a produção do produto e aumentando a massa dos valores de uso (utilidade – uma roupa eu visto uma pessoa, duas roupas eu visto duas), mas isso não afetou o valor do trabalho em si, só do produto.
Uma quantidade maior de valores de uso (utilidade) significa, evidentemente, uma maior riqueza material. Entretanto, a um aumento da massa de riqueza material pode corresponder um decréscimo simultâneo do seu valor (em certas situações que veremos a seguir – quanto maior o aumento da massa de riqueza material - mais valor de uso, utilidade, consumo do meu produto – maior a diminuição do valor da minha riqueza material). Por quê?
Duplo caráter do trabalho: 
A eficácia de um trabalho útil depende de sua produtividade (ou força produtiva). O trabalho útil, dependendo do crescimento ou da diminuição de sua força produtiva, é uma fonte de mais ou menos produtos (quanto maior a produtividade do trabalho, menor será o tempo necessário à produção de um artigo e, quanto menor é a massa de trabalho cristalizada nesse artigo, menor o seu valor e vice versa). Ou seja, a variação dessa produtividade jamais atinge diretamente o trabalho representado no valor, ela atinge o valor de uso dos produtos, mas não o valor do trabalho em si (olhar o exemplo na caixa).
Todo trabalho é dispêndio de força humana de trabalho, no sentido fisiológico. As mercadorias possuem o trabalho humano igual como propriedade em comum. Essa propriedadedo trabalho determina o valor das mercadorias. A mercadoria tem que ser útil para ter valor de uso, também o trabalho deve ser, antes de tudo, útil para ser considerado dispêndio de força humana, no sentido abstrato da palavra.
Se abstrairmos a forma útil do trabalho, ou seja, entendendo-o como fisiológico, quaisquer que sejam as variações de produtividade, o mesmo trabalho, exercido durante o mesmo intervalo de tempo, produz sempre a mesma quantidade de valor. Mas, num espaço de tempo determinado, ele fornece mais valores de uso ao produto se sua produtividade aumenta e menos se ela diminui.
Toda mudança na produção que provoque aumento da produtividade do trabalho e, por conseguinte, da massa dos valores de uso produzidos por esse trabalho, também acarretará diminuição do valor total (valor de troca) dessa massa assim aumentada se aquela mudança encurta o tempo total necessário à produção; e vice versa.
Das trocas de mercadoria: nenhuma mercadoria é equivalente geral de outra mercadoria, e o valor relativo das mercadorias não possui nenhuma forma geral sob a qual elas possam ser comparadas como quantidades de valor. Desde que a troca se estabelece no interior das comunidades, a qualidade de equivalente geral liga-se, com exclusividade, a uma espécie particular de mercadorias ou se cristaliza sob a forma de dinheiro.
Como qualquer mercadoria, o dinheiro não pode exprimir sua própria quantidade de valor a não ser relativamente, em outras mercadorias. Seu próprio valor é determinado pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e exprime-se pelo quantum de qualquer outra mercadoria que exigiu um trabalho de mesma duração. O movimento das trocas dá à mercadoria, que ele transforma em dinheiro, não seu valor, mas sua forma específica de valor.
Meios de circulação das mercadorias – metamorfoses: o circuito integral da troca somente se realiza por meio de duas metamorfoses opostas e que se completam mutualmente – a transformação da mercadoria em dinheiro e sua retransformação, de dinheiro em mercadoria. Essas duas metamorfoses da mercadoria representam, ao mesmo tempo, do ponto de vista de seu possuidor, dois atos: venda, troca da mercadoria pelo dinheiro e; compra, troca do dinheiro pela mercadoria. E a unidade desses dois atos é: vender para comprar. 
A forma geral do capital
A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. Ele só aparece no lugar onde a produção mercantil e o comércio já atingiram certo grau de desenvolvimento. A história moderna do capital data da criação do comércio e do mercado dos dois mundos no século XVI.
Forma imediata de circulação de mercadorias é M-D-M (mercadoria-dinheiro-mercadoria) – vender para comprar. Forma distinta de circulação de mercadorias: D-M-D (dinheiro-mercadoria-dinheiro) - comprar para vender.
Dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital só se distinguem à primeira vista por suas diferentes formas de circulação. A circulação simples, imediata, começa pela venda e termina pela compra; a circulação de dinheiro como capital começa pela compra e finaliza pela venda. Lá, a mercadoria constitui o ponto de partida e o ponto de retorno; aqui, é o dinheiro que faz esse ciclo. Na primeira forma, o dinheiro serve de intermediário; na segunda, é a mercadoria.
O círculo M-D-M satisfaz uma necessidade, um valor de uso, tal é, portanto, sua finalidade definitiva. O círculo D-M-D tem como fim determinante o valor de troca. O movimento D-M-D encontra sua razão de ser somente em sua diferença quantitativa: uma maior quantidade de dinheiro é subtraída à circulação do que nela fora jogado.
A forma completa desse movimento, é então, D-M-D’, na qual D’= D + d, isto é, igual à soma primitivamente trocada, mais um excedente. Esse excedente ou acréscimo se chama mais-valia. A circulação do dinheiro como capital possui seu fim em si mesma, porque justamente por esse movimento, sempre renovado, que o valor continua a se expandir. O movimento do capital não tem, portanto, limite algum.
É como representante, como suporte consciente desse movimento, que o possuidor do dinheiro se torna capitalista. Sua pessoa, ou, antes, seu bolso, é o ponto de partida e de retorno do dinheiro. O conteúdo objetivo da circulação D-M-D’, isto é, a mais-valia criada pelo valor, é seu fim subjetivo íntimo.
Compra e venda da força de trabalho
O acréscimo de valor, pelo qual o dinheiro deve se transformar em capital, não pode provir desse próprio dinheiro. Se serve de meio de compra ou de meio de pagamento, somente realiza o preço das mercadorias compradas ou pagas por ele. É preciso, portanto, que a mudança de valor expressa por D-M-D’ provenha da mercadoria. Mas a mudança de valor não pode se efetuar no segundo ato, M-D’, a revenda, em que a mercadoria passa apenas de sua forma natural à sua forma dinheiro.
Se encararmos agora, o primeiro ato, D-M, a compra, veremos que há uma troca entre equivalentes e que, por conseguinte, a mercadoria não tem maior valor permutável que o dinheiro nela convertido. Resta uma última suposição, de que a mudança provém do valor de uso da mercadoria, isto é, de seu uso ou seu consumo.
Trata-se de uma mudança no valor de troca, isto é, de seu acréscimo. Para poder tirar um valor de troca do valor de uso de uma mercadoria, seria preciso que o “homem de negócios” tivesse a felicidade de descobrir, no meio da circulação, no próprio mercado, uma mercadoria cujo valor possuísse a peculiar virtude de ser fonte de valor de troca, de maneira que consumi-la seria realizar trabalho e, por consequência, criar valor.
E o nosso homem acha efetivamente no mercado uma mercadoria dotada dessa virtude específica: a capacidade de trabalho ou força de trabalho (conjunto das faculdades físicas e intelectuais existentes no corpo humano, em sua personalidade viva, e que devem ser postas em movimento para produzir coisas úteis).
Para que o possuidor de dinheiro encontre no mercado a força de trabalho como mercadoria (para a transformação do dinheiro em capital), é preciso, no entanto, que diversas condições sejam preliminarmente satisfeitas:
(i)	Trabalhador livre sob um duplo ponto de vista
Trabalhador como pessoa livre: a força de trabalho não pode se apresentar como mercadoria no mercado, a menos que ela seja oferecida ou vendida pelo seu próprio possuidor, isto é, pelo próprio trabalhador. Ele, por conseguinte, deve poder dispor da sua força de trabalho, ou seja, deve ser livre proprietário da sua capacidade de trabalho, de sua própria pessoa. O possuidor de dinheiro e o possuidor da força de trabalho se encontram no mercado e entram em relação um com o outro na mesma condição de possuidores de mercadorias. Diferem apenas no seguinte: um compra e outro vende e, por isso, ambos são pessoas juridicamente iguais.
Para que essa relação persista, é preciso que o proprietário da força de trabalho venda-a somente por tempo determinado, porque, se ele a vende em bloco e de uma vez por todas, ele se vende a si próprio, e, de livre quer era, se faz escravo, de mercador, mercadoria. Ele não deve colocar senão temporariamente a sua força de trabalho à disposição do comprador, de tal forma, que alienando-a, não renuncie, por isso, à sua propriedade.
Trabalhador livre de tudo - não deve ter outra mercadoria para vender. Deve ser desprovido completamente das coisas necessárias à realização de sua capacidade de trabalho: Para que o “homem dos dinheiros” encontre força de trabalho para comprar é preciso que o possuidor desta última, em vez de poder vender mercadorias nas quais seu trabalho se realizou, seja forçado a oferecer e pôr à venda, como mercadoria, sua própria força de trabalho, a qual reside somente em seu organismo. Quem quiser vender mercadorias distintas de sua própria força de trabalho deve naturalmente possuir meios de produção tais como matérias-primas, ferramentas etc. O homem é obrigado a consumir antes de produzir e enquanto produz.
(ii)	A soma dos meios de subsistência (que determinará o valor da força de trabalho) deve ser suficiente para manter o estado de vida normal dotrabalhador.
O valor da força de trabalho deve ser determinado pelo tempo de trabalho necessário à sua produção. O indivíduo precisa reproduzir-se e conservar-se para produzir força de trabalho, para isso, ele precisa de uma certa soma de meios de subsistência. O tempo de trabalho necessário à produção da força de trabalho, resulta, portanto, no tempo necessário à produção desses meios de subsistência. A força de trabalho tem o valor dos meios de subsistência necessários ao homem que a põe em ação.
Como a força de trabalho equivale a uma soma determinada de meios de subsistência, o seu valor muda, portanto, com o valor desses mesmos meios de subsistência, isto é, proporcionalmente ao tempo de trabalho necessário à sua produção. Apesar das necessidades naturais se diferirem segundo diversas particularidades, para um país e uma época determinados, a medida necessária dos meios de subsistência é também dada. 
Receita diária média da massa de mercadorias exigidas para a subsistência do trabalhador (produção da força de trabalho):
M = 365A + 52B +4C ...
(REVISAR)
O valor dessa massa de mercadorias, necessárias para a jornada média, é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção. Digamos que esse tempo seja de seis horas. Então para produzir diariamente a força de trabalho, são necessárias seis horas de trabalho (metade de uma jornada se ela é de doze horas). 
Eu preciso de M (massa de mercadorias) para produzir força de trabalho diária. O tempo de produção de M é de 6 horas e seu valor, portanto, é equivalente a esse tempo. Eu preciso de 6 horas de trabalho para produzir força de trabalho diário, em uma jornada de 12 horas. Então o valor diário da minha força de trabalho será o equivalente a 6 horas. Se em 6 horas eu produzo mercadoria equivalente a 5 francos, então, 5 francos será o valor de troca diário da minha força de trabalho. Se eu vendo essa força todo dia por 5 francos, vendo por um justo valor. 
Ou seja, o quantum de trabalho que a força de trabalho exige para a sua produção determina o valor diário da minha força de trabalho. 
O contrato entre vendedor e comprador de força de trabalho apresenta uma particularidade: nos países onde reina o mundo de produção capitalista, a força de trabalho só é paga após ter funcionado, no fim do mês, da quinzena ou da semana. Por toda parte, então, ele deixa o comprador consumir o valor de uso de sua força antes de receber o pagamento. O trabalhador dá crédito ao capitalista.
O consumo da força de trabalho é, ao mesmo tempo, produção de mercadorias e produção de mais-valia. O uso ou emprego da força de trabalho é o trabalho. O comprador dessa força consome-a fazendo trabalhar o vendedor. O processo do trabalho, como consumo da força de trabalho pelo capitalista, mostra, apenas, dois fenômenos particulares: o operário trabalha sob controle do capitalista a qual pertence o seu trabalho e; o produto é propriedade do capitalista e não do produtor imediato, do trabalhador.
O uso da mercadoria pertence ao comprador e, dando o seu trabalho, o possuidor da força de trabalho só dá, na realidade, o valor de uso que vendeu. Comprando a força de trabalho, o capitalista incorporou o trabalho como fermento de vida aos elementos passivos do produto, os quais também eram seus. Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da força de trabalho, isto é, da mercadoria que comprou, mas que ele não poderia consumir sem lhe acrescentar meios de produção.
Produção de mais-valia
O produto – propriedade do capitalista – é um valor de uso. Na produção mercantil, o valor de uso não é coisa que se ama por si própria. Trata-se, primeiro, de produzir um objeto útil, que tenha valor de troca, artigo destinado à venda, uma mercadoria. E, em segundo lugar, ele quer que o valor dessa mercadoria seja maior que o das mercadorias necessárias para produzi-la, isto é, a soma de valores dos meios de produção e da força de trabalho pelos quais despendeu dinheiro. Ele quer produzir não somente uma coisa útil, mas um valor, e não somente um valor, mas também a mais-valia.
Se o valor do produto equivale ao capital adiantado, esse valor não criou mais-valia e, o dinheiro, por conseguinte, não se metamorfoseou em capital. A produção de mais-valia não é outra coisa que a produção de valor prolongada além de um certo ponto. Se o processo de trabalho dura apenas o tempo necessário para substituir o valor da força de trabalho pago pelo capital por um equivalente novo, há simplesmente a produção de valor. Quando esse tempo é ultrapassado, se inicia a produção de mais-valia.
Recapitulando: O trabalho tem sua duração estendida para além do ponto em que apenas o simples equivalente do valor da força de trabalho é reproduzido e acrescido ao objeto trabalhado. Em vez de seis horas, que bastariam para isso, a operação dura doze horas ou mais. Portanto, a força de trabalho em atividade não reproduz somente seu próprio valor, mas produz ainda valor a mais. Essa mais-valia forma o excedente do valor do produto em relação a todos os seus fatores consumidos, isto é, os meios de produção mais força de trabalho. Ao expor os diferentes papéis que os fatores do processo de trabalho desemprenham na formação do valor do produto, estávamos expondo, na realidade, as funções dos diversos fatores do capital no processo de produção da mais-valia. O excedente de valor do produto, em relação à soma dos valores de rodos os seus elementos constitutivos – meios de produção mais força de trabalho - é excedente do capital acrescido de sua mais-valia em relação ao capital inicialmente adiantado. Tantos os meios de produção quanto a força de trabalho são apenas as diversas formas de existência revestidas pelo valor capital quando se transformou de dinheiro em fatores do processo de trabalho.
Capital constante x Capital variável
No curso da produção, a parte do capital que se transforma em meios de produção, isto é, em matérias-primas, matérias auxiliares e instrumentos de trabalho, não modifica, então, a magnitude do seu valor. É a razão pela qual a chamamos parte constante do capital ou, mais simplesmente, capital constante.
A parte do capital transformada em força de trabalho, pelo contrário, muda de valor no curso da produção. Ela reproduz o seu próprio equivalente e mais um excedente, uma mais-valia, que também pode variar e ser maior ou menor. Essa parte do capital transforma-se incessantemente de grandeza constante em grandeza variável. É a razão pela qual a denominamos parte variável do capital ou, capital variável.
	Resumo do Capítulo XXIV de “O capital” – A acumulação primitiva:
Viu-se como o dinheiro é transformado em capital, como por meio do capital é produzida a mais-valia e da mais-valia mais capital. A acumulação de capital, porém, pressupõe a mais-valia, a mais-valia a produção capitalista, e esta, por sua vez, a existência de massas relativamente grandes de capital e de força de trabalho nas mãos de produtores de mercadorias. Todo esse movimento parece, portanto, girar num círculo vicioso, do qual só podemos sair supondo uma acumulação “primitiva”, precedente À acumulação capitalista, uma acumulação que não é resultado do modo de produção capitalista, mas sim seu ponto de partida.
Essa acumulação primitiva desempenha na Economia Política um papel análogo ao pecado original na Teologia – história do pecado original econômico – adão condenado a comer seu pão com o suor do seu rosto.
Dinheiro e mercadoria, desde o princípio, são tão poucos capital como os meios de produção e de subsistência. Eles requerem sua transformação em capital. Mas essas transformação só pode realizar-se em determinadas circunstâncias, que se reduzem ao seguinte: Duas espécies bem diferentes de possuidores de mercadorias têm de defrontar-se e entrar em contato; de um lado, possuidores de dinheiro, meios de produção e meios de subsistência, que se propõem a valorizar a soma-valor que possuem mediante compra de força de trabalho alheia; de outro trabalhadores livres, vendedores da própria força detrabalho e, portanto, vendedores de trabalho. Trabalhadores livres no duplo sentido, porque não pertencem diretamente aos meios de produção, como escravos os servos etc., nem os meios de produção lhes pertencem, como, por exemplo, o camponês economicamente autônomo etc., estando, pelo contrário, livres, soltos, desprovidos deles. 
Com essa polarização do mercado estão dadas as condições fundamentais da produção capitalista. A relação-capital pressupõe a separação entre os trabalhadores e a propriedade das condições de realização do trabalho. Tão logo a produção capitalista se apoie sobre seus próprios pés, não apenas conserva aquela separação, mas a reproduz em escala sempre crescente. Portanto, o processo que cria a relação-capital não pode ser outra coisa que o processo de separação de trabalhador da propriedade das condições de trabalho, um processo que transforma, por um lado, produtores diretos em trabalhadores assalariados. A assim chamada acumulação primitiva é, portanto, nada mais que o processo histórico de separação entre produtor e meio de produção. Ele aparece como “primitivo” porque constitui a pré-história do capital e do modo de produção que lhe corresponde.
A estrutura econômica da sociedade capitalista proveio da estrutura econômica da sociedade feudal. A decomposição desta liberou os elementos daquelas. O produtor direto, o trabalhador pôde dispor de sua pessoa que deixou de estar vinculado à gleba e de ser servo ou dependente de outra pessoa.
Assim, o movimento histórico, que transforma os produtores em trabalhadores assalariados, aparece, por um lado, como sua libertação da servidão e da coação corporativa. Esses recém-libertados só se tornam vendedores de si mesmos depois que todos os seus meios de produção e todas as garantias de sua existência, oferecidas pelas velhas instituições feudais, lhes foram roubados. O ponto de partida desse processo foi a servidão do trabalhador. A continuação consistiu numa mudança de forma dessa sujeição, na transformação da exploração feudal em capitalista.
A era capitalista só data no século XVI. Onde ela surge, a servidão já está abolida há muito tempo e a existência de cidades soberanas vigente na Idade Média, há muito começou a empalidecer. A expropriação da base fiduciária do produtor rural, do camponês, forma a base de todo o processo.
1.	Expropriação do povo do campo de sua base fundiária
A produção feudal é caracterizada pela partilha do solo entre o maior número possível de súditos. O poder de um senhor feudal, como o de todo soberano, não se baseava no montante de sua renda, mas no número de seus súditos, e este dependia do número de camponeses economicamente autônomos.
Métodos idílicos de acumulação primitiva: (i) o roubo dos bens da Igreja; (ii) a fraudulenta alienação dos domínios do Estado; (iii) o furto a propriedade comunal, (iv) Inclosure of Commons e; (iv) o Clearing of Estates - limpar as propriedades de seres humanos.
(i)	Na época da Reforma, a Igreja Católica era a proprietária feudal de grande parte da base fundiária inglesa. Os bens da Igreja foram dados a rapaces favoritos reais ou vendidos a preços irrisórios a arrendatários que expulsaram em massa os antigos súditos hereditários. A propriedade legalmente garantida a camponeses empobrecidos de uma parte dos dízimos da Igreja foi tacitamente confiscada.
(ii)	Os proprietários fundiários impuseram legalmente uma usurpação, aboliram a constituição feudal do solo, isto é, jogaram as obrigações que o gravavam sobre o Estado, “indenizaram” o Estado por meio de impostos sobre o campesinato e o resto da massa do povo, vindicaram a moderna propriedade privada dos bens sobre os quais possuíam apenas títulos feudais, e outorgaram, finalmente aquelas leis de assentamento (laws of settlement).
(iii)	A propriedade comunal – inteiramente diferente da propriedade do Estado considerada acima – era uma antiga instituição germânica, que continuou a viver sob a cobertura do feudalismo. Viu-se como violenta usurpação dela, em geral acompanhada pela transformação da terra de lavoura em pastagem. Começa no final do século XV e prossegue no século XVI. A forma parlamentar do roubo é a das Bills for Inclosures of Commons (leis para o cerceamento da terra comunal) – decretos pelos quais os senhores fundiários fazem presente a si mesmos da terra do povo, como propriedade privada. Admitem que era necessário um golpe de Estado parlamentar para a sua transformação em propriedade privada, porém, por outro lado, solicitavam da legislatura uma “indenização” para os pobres expropriados. Esse furto sistematicamente executado da propriedade comunal ajudou a inchar aqueles grandes arrendamento que, no século XVIII, eram chamados de arrendamentos de capital ou arrendamentos do mercado, e a “liberar” o povo rural como proletariado para a indústria.
(iv)	O século XVIII, entretanto, não chegou ainda a compreender, na mesma medida que o século XIX, a identidade entre riqueza nacional e pobreza do povo. Daí, portanto, a mais violenta polêmica na literatura econômica dessa época sobre o inclosure of comuns. Não apenas terra em alqueive, mas a terra cultivada mediante pagamento à comunidade ou em comum, sob o pretexto de cerceamento era anexada pelo landlord vizinho.
(v)	Trata-se de clarear propriedades, de fato, limpá-las de seres humanos de modo que os trabalhadores agrícolas não encontrem o espaço necessário para suas moradias, nem mesmo sobre o solo que lavram.
2.	Legislação sanguinária contra os expropriados desde o final do século XV. Leis para o rebaixamento dos salários.
Os expulsos pela dissolução dos séquitos feudais e pela intermitente e violenta expropriação da base fundiária, não conseguiam enquadrar-se de maneira igualmente súbita na disciplina da nova condição. Eles se convertem em massas de esmoleiros, assaltantes, vagabundos. Dai o surgimento em toda a Europa ocidental, no final do século XV e durante todo o século XVI de uma legislação sanguinária contra a vagabundagem. Estes foram enquadrados por leis grotescas numa disciplina necessária ao sistema de trabalho assalariado, por meio do acoite, do ferro em brasa e da tortura.
Não basta que as condições de trabalho apareçam num polo como capital e no outro polo, pessoas que nada têm para vender a não ser sua força de trabalho. Não basta também forçarem-nas a se venderem voluntariamente. Na evolução da produção capitalista, desenvolve-se uma classe de trabalhadores que, por educação, tradição, costume, reconhece as exigências daquele modo de produção como leis naturais evidentes. 
A organização do processo capitalista de produção plenamente constituído quebra toda a resistência (abolição do direito de associação de trabalhadores e do direito de greve), a constante produção de uma superpopulação mantém a lei da oferta e da procura de trabalho e, portanto, o salário em trilhos adequados às necessidades de valorização do capital, e a muda coação das condições econômicas sela o domínio do capitalista sobre o trabalhador.
A burguesia nascente precisa e emprega a força do Estado para “regular” o salário, isto é, comprimi-lo dentro dos limites convenientes à extração de mais-valia, para prolongar a jornada de trabalho e manter o próprio trabalhador num grau de dependência. Esse é um momento essencial da assim chamada acumulação primitiva.
A expropriação e a expulsão de parte do povo do campo liberam, com os trabalhadores, não apenas seus meios de subsistência e seu material de trabalho para o capital industrial, mas criam também o mercado interno. A família deixa de consumir o que produzia e essas matérias-primas e meios de subsistência tornam-se agora mercadorias. O grande arrendatário as vende e nas manufaturas encontra ele seu mercado. O sistema colonial fez amadurecer o comércio e a navegação.
A que conduz a acumulação primitiva do capital, isto é, sua gênese histórica? A propriedade privada do trabalhador sobre seus meios de produção é a base da pequena empresa, a pequena empresa uma condição necessária para o desenvolvimento da produção sociale da livre individualidade do próprio trabalhador. 
Esse modo de produção pressupõe o parcelamento do solo e dos demais meios de produção Assim como a concentração destes últimos, exclui também a cooperação, divisão do trabalho dentro dos próprios processos de produção, dominação social e regulação da Natureza, livre desenvolvimento das forças sociais produtivas.
O que está agora para ser expropriado já não é o trabalhador economicamente autônomo, mas o capitalista que explora muitos trabalhadores. Com a diminuição constante do número de magnatas do capital, aumenta a extensão da miséria, da opressão, da servidão, da exploração, mas também a revolta da classe trabalhadora, sempre numerosa, educada e unida e organizada pelo próprio mecanismo do processo de produção capitalista. 
Os expropriadores são expropriados. O sistema de apropriação capitalista, ou seja, a propriedade privada capitalista é a negação da propriedade privada individual, baseada no trabalho próprio. Mas a produção capitalista produz sua própria negação. É a negação da negação.

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