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4 Coleção Estudo
ASPECTOS HUMANOS E 
ECONÔMICOS
A região Norte é marcada por uma grande disparidade 
quanto à concentração populacional, como pode ser 
evidenciado na comparação entre o número de habitantes 
do Pará e o de Roraima, por exemplo. O Norte corresponde 
à região de menor densidade demográfica do país, ou seja, 
é um dos espaços menos povoados do Brasil.
Possui o segundo menor grau de urbanização do país, 78% 
(IBGE / 2008), maior apenas do que a da região Nordeste 
(72,4%), embora tenha sido uma das áreas que mais se 
urbanizou nos últimos anos. Atualmente, a população 
nortista tem crescido mais que a média nacional e, 
na economia, também tem se constatado alguns avanços. 
De acordo com dados do IBGE, entre 2002 e 2007, o Norte 
obteve um crescimento de 33,4%. Grande parte dos estados 
constituintes da região enfrentam problemas relativos à falta 
ou à ineficiência das redes de esgoto e até de água tratada, 
o que acaba resultando em uma situação de risco à saúde 
das populações.
A economia regional tem crescido à custa da constante 
degradação ambiental, uma vez que os responsáveis por 
esse avanço têm sido a expansão da pecuária extensiva 
e da agricultura em direção ao sul e ao leste da região e, 
ainda, a intensificação das ações ilegais de madeireiros. 
Isso sem contar que a expansão econômica cria demandas 
cada vez maiores pelo desenvolvimento de infraestruturas, 
o que acaba, muitas vezes, impactando o ambiente de 
forma negativa. Até o fato de a produção de soja ter sido 
bem-sucedida na região Centro-Oeste corrobora para a 
abertura da fronteira agrícola em direção à região Norte, 
o que intensifica, cada vez mais, os desmatamentos e, por 
conseguinte, a degradação ambiental.
Entre os estados da região Norte, o Pará é o que possui 
a economia mais dinâmica e diversificada, destacando-se a 
criação de gado bovino em São Félix do Xingu e a mineração 
em Barcarena e Parauapebas, região do Complexo de 
Carajás. O estado também conta com algumas indústrias 
alimentícias, têxteis, madeireiras e metalúrgicas.
No estado do Amazonas, destaca-se a Zona Franca de 
Manaus, que atraiu empresas pela isenção de impostos 
de importação de componentes para montagem de bens 
de consumo duráveis, benefício que deve durar até 2023. 
Além disso, o estado conta com a exploração petrolífera em 
terra, no município de Coari, e com uma importante reserva 
de gás natural, em Urucu.
Em Rondônia, o setor que mais se destaca é o agropecuário. 
Nos demais estados – Acre, Amapá, Roraima e Tocantins –, 
predomina o setor terciário.
Para alguns pesquisadores, a região Amazônica constitui 
uma riqueza que precisa ser preservada e que deve 
permanecer intacta; porém, o modelo capitalista não permite 
que esse anseio seja realizado. Por esse motivo, um dos 
grandes desafios da atualidade consiste justamente em 
conciliar povoamento, exploração econômica e conservação 
ambiental.
Perfil da região Norte
Participação dos estados no Produto Interno Bruto 
da região Norte* (em %) – 2007
Pará
37,1 Amapá
4,5
Tocantins
8,3
Rondônia
11,2
Acre
4,3Amazonas
31,5
Roraima
3,1
* A região Norte contribui com 5% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Fonte: IBGE
Taxa de crescimento econômico dos estados 
(em %) – 2007
5,2Rondônia
6,5Acre
4,5Amazonas
2,6Roraima
2,3Pará
5,1Amapá
4,7Tocantins
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Fonte: IBGE
Taxa de mortalidade infantil a cada mil nascidos 
vivos (taxa/ano)
45
50
40
35
30
25
37,9
40,9
44,1
35,0
32,3
30,0
28,2
26,6 25,8
19
91
19
93
19
95
19
97
19
99
20
01
20
03
20
05
20
07
20
08
24,2
20
Fonte: IBGE
Alfabetização da população residente acima de 
15 anos (em %) – 2008
Não alfabetizados
10,7
Alfabetizados
89,3
Fonte: IBGE
Frente A Módulo 21
G
EO
G
R
A
FI
A
5Editora Bernoulli
Povoamento
A Amazônia, durante muito tempo, ficou conhecida pelas 
expedições que visavam a aprisionar índios ou a buscar as 
drogas do sertão – especiarias e plantas como castanha, 
cravo, canela, baunilha, madeiras aromáticas, guaraná, 
entre outras – que eram vendidas à Europa e rendiam algum 
dinheiro aos exploradores.
A sua ocupação se deu de diversas maneiras ao longo 
do tempo. No século XVII, a instalação de uma fortificação 
portuguesa na foz do Rio Amazonas, o Forte Presépio, deu 
origem à cidade de Belém. No século XVIII, chegaram as 
missões religiosas, que tinham o objetivo de catequizar 
os índios, e várias expedições militares, organizadas para 
defender o território.
A exploração da borracha começou no fim do século XIX. 
Esse produto passou a ser muito usado na Europa e nos 
Estados Unidos, o que levou a uma grande procura e à sua 
valorização no mercado mundial. Por isso, a extração do látex 
das seringueiras nativas na região amazônica se intensificou.
Já no início do século XX, centenas de imigrantes japoneses 
instalaram-se em núcleos coloniais, principalmente no Pará, 
e introduziram a agricultura comercial da pimenta-do-reino.
Integração regional
Economia rural
Áreas ou reservas ocupadas 
pelos indígenas
Extração da borracha
Predominância de criação 
de gado
Predominância de lavoura
-70° -60° -50°
-10°
0° Equador
DF
GO MG
B AMT
PA
AM
RR AP
MA
PI
TO
AC
RO
O
C
E
A
N
O
P
A
C
Í
F
I
C
O
O C E A N O A T L Â
N
T
I
C
O
BOLÍVIA
PERU
EQUADOOROR
COLÔMBIA
VENEZUELA
GUIANA
ERINAMEESURSUSU
GUIANA GUGU
CESAFRANCNCCCCC
AP
0 600 km
N
Fonte: IBGE
Com a decadência do ciclo da borracha, a população da 
região Norte praticamente se estabilizou. A partir de 1960, 
a integração com o restante do país começou a se intensificar 
por meio de medidas governamentais de caráter econômico 
e infraestrutural. Dentre elas, vale destacar: 
• A criação de órgãos como a Superintendência 
do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a 
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
• O incentivo à concretização de projetos agropecuários, 
como forma de favorecer a expansão da fronteira do 
país e, ainda, estimular a migração para a região.
• O investimento na construção de grandes rodovias, 
como a Transamazônica (BR–230), a Cuiabá–Porto Velho 
(BR–364), a Cuiabá–Santarém (BR–163), a Porto 
Velho–Manaus (BR–319) e, ainda, a Belém–Brasília 
(BR–010).
• A instalação de projetos de exploração mineral, como 
o Grande Carajás, iniciado na década de 1980.
• A colonização empreendida por meio de numerosos 
projetos do Instituto Nacional de Colonização e 
Reforma Agrária (Incra) e de projetos privados, 
política que durou até fins da década de 1970.
• A criação e instalação de projetos militares, como o 
Calha Norte, que objetivavam controlar a fronteira 
norte do país, identificar riquezas minerais e, 
também, favorecer a ocupação de uma região que 
constitui um grande vazio populacional.
Contudo, o Estado, ao instituir essas medidas, não se 
preocupou em atender aos interesses das comunidades 
locais, sobretudo das populações indígenas, voltando-se, 
principalmente, ao atendimento dos interesses de expansão de 
atividades econômicas e de empresas oriundas do Centro-Sul. 
Surgiram na região vários conflitos socioambientais, como 
os que opõem indígenas, fazendeiros, garimpeiros, grileiros 
e posseiros, já que os objetivos e o modo de ocupação 
territorial variam conforme os diferentes interesses em 
questão: desmatar ou não desmatar, represar ou não os rios, 
demarcar ou não demarcar as reservas indígenas.
Como exemplo dessa situação, podem-se citar inúmeras 
tensões, como a ocorrida em maio de 2007. Após terem 
bloqueado a Transamazônica, como forma de protesto para 
obter mais verbas do Governo Federal, os habitantes da 
terra indígena Tenharim do Marmelo, no sul do Amazonas, 
cobraram pedágios de motoristas que trafegavam pelo 
quilômetro 145 da rodovia – se este fosse pago, o tráfego 
na estrada era liberado.
Agricultura 
Nas últimas décadas, a atividade agropecuária tem 
crescido bastante na região Norte, principalmente a 
agricultura comercial monocultora e a pecuária extensiva. 
Essas atividades, no entanto, aindaapresentam baixa 
produtividade se comparada à produção das regiões mais 
desenvolvidas do país. 
O cultivo de produtos voltados para a alimentação 
ocorre principalmente em propriedades de pequeno 
porte, com mão de obra familiar e técnicas agrícolas 
consideradas rudimentares, fato responsável por uma menor 
produtividade.
A pimenta-do-reino, por exemplo, cuja a produção está 
voltada para os mercados nacional e internacional, é uma 
das culturas nortistas mais tradicionais e foi introduzida na 
região de Bragantina, entre Belém e Bragança (Pará), na 
década de 1930, pelos imigrantes japoneses. A juta, plantada 
nas várzeas dos rios, é, assim como a pimenta-do-reino, 
Regionalismo brasileiro: Norte
6 Coleção Estudo
uma cultura introduzida pelos colonos japoneses. Dela, extrai-se uma fibra de grande importância econômica, utilizada como 
matéria-prima para a fabricação de sacaria e cordas. No entanto, a produção de juta, por ter um sistema de cultivo primitivo, 
possui baixo rendimento. Outra fibra bastante utilizada pela indústria é retirada da malva, antes um produto extrativo, mas 
atualmente muito cultivada comercialmente no Amazonas e no Pará. Destaca-se, também, em Tocantins e, mais recentemente 
em Rondônia, o cultivo de arroz, uma das culturas mais próximas ao Rio Amazonas.
Nos últimos anos, tem-se verificado um avanço da plantação de soja em direção à região Norte. Os estados de Tocantins, Pará 
e Rondônia são os maiores produtores de grãos do Norte, cultivando também milho e feijão. Estudos da Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apoiados em dados dos dois últimos censos agropecuários, identificaram que a soja tem sido 
responsável pela intensificação da concentração de terras na região, o que pode agravar ainda mais alguns problemas sociais, 
como o desemprego – já que as plantações dessa oleaginosa são feitas de forma intensiva, ou seja, marcadas pela mecanização 
e automação dos cultivos –, além dos que envolvem indígenas, remanescentes de quilombolas, grileiros, posseiros e madeireiros.
Pecuária
A partir de 1970, a criação de rebanhos bovinos – de leite e de corte –, voltados para o abastecimento do mercado 
regional, começou a se desenvolver. Geralmente, na região, a pecuária se processa de forma extensiva, ou seja, os animais 
são criados soltos, em grandes propriedades rurais. No entanto, em função do tratamento inadequado a que os rebanhos 
são submetidos, essa atividade conta com baixa produtividade.
Esse panorama, entretanto, tem passado por algumas modificações, que podem ser evidenciadas pela instalação recente 
de poderosas empresas agropecuárias na região, o que tem contribuído para um significativo avanço da atividade pecuária. 
Porém, é preciso salientar que esse fato tem contribuído para a intensificação dos desmatamentos, dos atritos com os povos 
indígenas e, ainda, para a diminuição das áreas destinadas às lavouras.
De acordo com um relatório divulgado pelo Banco Mundial, os criadores de gado foram apontados como os responsáveis 
por cerca de 75% da derrubada de árvores na Amazônia – estima-se que, atualmente, cerca de um terço do rebanho do 
país esteja nessa área. Em contrapartida, estudos divulgados por ONGs (2008) indicam o próprio Banco Mundial como um 
dos colaboradores do desmatamento, uma vez que a instituição financia projetos pecuários na região. Em 2009, a Embrapa 
divulgou relatório que afirmava que as áreas com mais de 80% de desmatamento coincidem justamente com aquelas onde 
há maior concentração de rebanhos.
Tem-se verificado um maior crescimento de setor pecuário em áreas localizadas principalmente no leste e no sudeste do 
Pará – Paragominas e Conceição do Araguaia são municípios que têm vivenciado essa situação – e também nos estados de 
Rondônia, do Acre e do Amazonas. Os locais destinados à pecuária leiteira são muito restritos e suas áreas de ocorrência 
estão situadas principalmente nas imediações das capitais, como Belém e Manaus.
Embora o principal rebanho da região seja o de gado bovino, a criação de bufalinos também se destaca. Apesar de os 
búfalos terem sido introduzidos, no início do século XX, nos campos inundados da ilha de Marajó, só recentemente a criação 
se expandiu para outras áreas do estado do Pará. O rebanho de búfalos da região Norte corresponde a mais de 60% do total 
nacional; já os rebanhos suíno e equino são pouco expressivos.
Agropecuária na região Norte
-70° -60° -50°
-10°
0° Equador
MT
PARÁ
AMAZONAS
RORAIMA
AMAPÁ
MA
TOCANTINS
ACRE
RONDÔNIA
GUIANA 
FRANCESASURINAME
GUIANA
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
BOLÍVIA
OCEANO
ATLÂNTICO
N
Rio Amazonas
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
P
MA
A
A
C
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
P
S
S
S
S
C
C
C
C
C
C
L
L
L
L
L
L
L
L
L
L
L
L
L
Lavoura temporária
Banana
Cacau
Café
Abacaxi
Arroz
Cana-de-açúcar
Coco-da-baía Feijão
Dendê Mandioca
Laranja Melancia
Pimenta-do-reino Milho
Soja
Produtos agrícolas
Lavoura permanente
Extrativismo vegetal
A Açaí
C Carvão vegetal
C Castanha-do-pará
L Lenha
M Madeira em tora
P Piaçava
S Silvicultura
Pecuária
Aves
Bovino
Bufalino
Equino
Suíno
 Leite
0 300 km
Fonte: IBGE
Frente A Módulo 21

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