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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
Faculdade de Direito da UERJ 
 
Transcrição de Direito Processual Civil I – Aula 4 – 21.08.19 
Professor: André Roque 
 
Transcritores: Marcos Paulo Maia, Alice Alván, Ana Beatriz Torres, Carol 
Santana, Fabienne Louzada, Gabriel Pegoretti, Gabriella Barcelos, Gabriella 
Thomaz, Hállan Fidalgo, Livia Araujo, Maria Eduarda Eiras e Maria Bruna 
 
Revisor: Luiz Felipe Rodrigues 
 
 
Professor: A gente colocou o procedimento todo no quadro, na última 
aula e falta a gente falar alguns detalhes. Detalhes específicos da sessão de 
julgamento. 
Então, aquele momento em que o recurso ou ação de competência 
originaria é julgada pelo colegiado. A primeira coisa que tem que ser dita sobre 
a sessão de julgamento diz respeito ao art.937, que disciplina a questão da 
sustentação oral. 
O que é a sustentação oral? Em alguns recursos, em algumas ações, não 
são todas, quando se inicia o julgamento... [não conclui]. Como que todo 
julgamento se inicia? Se inicia pela a leitura do próprio relatório do relator. Esse 
relator já estava nos autos, já estava no processo, já estava no recurso. As partes 
já conhecem esse relatório. Então, se inicia pela leitura do relatório. 
Então, o que acontece? Isso para todos os julgamentos colegiados. Para 
alguns recursos ou para algumas ações de competência originária, após a leitura 
do relatório, mas antes de qualquer um deles votar, nem o relator, abre-se 
espaço para a chama sustentação oral. O que é a sustentação oral? É a 
possibilidade, que os advogados das partes, de ambas as partes, ou de todas 
as partes, enfim, de apresentar oralmente suas razões perante o colegiado. 
A importância disso, porque se vocês se lembrarem, o relator já teve 
contato com o processo, ele já leu o processo ou, pelo menos, a gente presume 
que ele leu o processo, mas os outros dois, que a gente chama de vogais, eles 
estão conhecendo aquele recurso, aquele processo, na sessão de julgamento. 
Eles não tiveram contato com o processo. Eles não leram o processo. Eles não 
leram o processo. 
Então, esse momento da sustentação oral é para o advogado trazer aquilo 
que lhe parece mais relevante para o processo, alguma circunstância que ele 
acredita que deve ser levada em consideração pelo colegiado. É claro que, como 
o tempo é curto, não é para ele falar tudo do processo, absolutamente todas as 
coisas que estão no processo. Porque não dá tempo, tem que escolher. A 
importância da sustentação oral é essa. 
Qual é o prazo de sustentação oral? Alguém tem ideia? Em regra, 15 
minutos é o tempo de sustentação oral. E há uma ordem para isso. A ordem é 
sempre: primeiro, recorrente, que é quem recorreu, ou o autor da ação de 
competência originária. Depois, é o recorrido, contra quem se recorreu, ou o réu 
da ação de competência originária. Se tiver Ministério Público como custos legis, 
como fiscal do ordenamento jurídico, ele também pode sustentar, mas depois 
das partes, ele fala por último. 
 Agora, podemos ter o problema do litisconsórcio. E se, por exemplo, 
nós tivermos a apelação de um autor contra dois réus? E os dois réus estão 
sendo patrocinados por advogados diferentes, porque se for só um advogado 
ele vai ter 15 minutos para falar. Mas tendo dois réus, então o autor apelou, e 
tem do outro lado dois réus com advogados diferentes. Como que a gente faz 
isso na sustentação? Como a gente resolve esse problema? 
Quando você tem litisconsórcio com escritórios de advocacia diferentes, 
primeiro, você dobra o prazo. Então, não são 15 passam a ser 30 minutos, para 
que aquele polo que tem mais de uma parte. E aí, eles poderão negociar o tempo 
entre eles, “não, eu falo 10, você fala 20”. Mas, se não chegarem a um acordo 
divide-se por igual. Nesse caso, se eles não chegarem a um acordo cada um vai 
falar 15 minutos. E se forem três? Se não chegarem a um acordo cada um vai 
falar 10 minutos. 
 
Aluno: Pergunta inaudível 
 
Professor: É, mas imagina se num caso a gente tem 8 réus. Oito vezes 
15 dá duas horas. Você acha razoável termos 2 horas de sustentação oral? 
 
[Ambos continuam conversa – inaudível] 
 
Não tem como ter uma solução construída a cada caso. A lei resolveu que 
tem uma solução de compromisso. Tem o dobro do tempo, mas divide entre eles. 
Tem um limite. Senão você vai ficar tendo julgamento aí que dura 5 horas. 
Agora, evidentemente, quando a gente fala de litisconsorte aqui, basta 
que sejam patrocinados por escritórios distintos. Aqui, ninguém vai exigir o 
requisito do artigo 229, que sejam processos em autos físicos. Normalmente, se 
afasta esse prazo em dobro do processo eletrônico porque o processo está 
disponível para ambas as partes simultaneamente, mas na sustentação não dá 
para falar os dois ao mesmo tempo. Então, evidentemente que o prazo em dobro 
não tem nenhuma relevância aqui na sustentação oral se o processo é eletrônico 
ou é físico, basta que as duas partes sejam patrocinadas por escritórios 
diferentes. 
O parágrafo 4º do artigo 937, que disciplina aquilo que se chama de 
sustentação oral por videoconferência. E é pensando nos advogados que têm o 
seu escritório longe da sede do Tribunal. Então, vamos supor, eu tenho um 
processo que vai ser julgado no TJ aqui do RJ, lá no centro, só que o advogado 
é de Itatiaia. Para não obrigar esse cara a vir aqui, o código previu a possibilidade 
da sustentação oral por videoconferência, ou, se você quiser pensar no Tribunal 
Regional Federal da 1ª Região, a área de abrangência do TRF1 vai de MG até 
o Acre, e eu não estou exagerando quanto a isso. Então, pode ser muito distante 
para o advogado. 
(conversa aleatória sobre o ar condicionado) 
Então, a ideia da sustentação por videoconferência é permitir a 
sustentação oral do advogado que não tem domicílio, não tem seu escritório ali 
na sede do Tribunal. 
 
§ 4º: É permitido ao advogado com domicílio profissional 
em cidade diversa daquela onde está sediado o tribunal 
[precisa estar sediada em cidade diversa1] realizar 
sustentação oral por meio de videoconferência ou outro 
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em 
tempo real, desde que o requeira até o dia anterior ao da 
sessão. 
 
Porque a videoconferência precisa ser preparada, não dá pra pedir na 
hora. Agora, qual o problema da videoconferência? O problema da 
videoconferência é que é um recurso que depende de ser implantado pelos 
tribunais. E quase nenhum tribunal implantou a videoconferência. Para não dizer 
que nenhum, o TRF-4, da região Sul, implementou. Então esse é um dispositivo 
que ainda não está sendo aplicado na prática pela maioria dos tribunais. Porque 
claro, o código de processo civil é muito novo, né, ele surgiu de uma hora pra 
outra, as pessoas acordaram e no dia seguinte tinha um novo CPC, não teve 
nem vacatio de um ano. Imagina. Então não teve como se preparar pra isso. O 
fato é que isso quase não foi implementado pelos tribunais até o momento. Daqui 
a pouco criam um procedimento no CNJ pra forçar os tribunais. 
Agora, quais casos que vamos ter sustentação oral? Isso a gente vai ver 
a medida em que for examinar cada recurso. Mas, o mais importante por hora, é 
que vocês saibam os casos em que há sustentação oral e os que não há, estão 
relacionados no 937. Aí vai dizer que cabe na apelação, cabe no recurso 
ordinário, enfim, vai ter todos os casos aqui. Só que, esse é o, vamos dizer, os 
casos mínimos. Nada impede que o tribunal crie novas hipóteses de sustentação 
por meio do regimento interno. O tribunal pode tirar uma hipótese legal por 
regimento interno? Não, o regimento interno não pode se sobrepor à lei. Então 
casos em que a lei prevê a sustentação oral, o tribunal não pode tirar. Mas o 
 
1 Comentários do professor 
tribunal pode dar sustentação oral em mais casos do que aqueles que estão no 
CPC. 
Existem alguns negócios jurídicos processuais que envolvem a 
sustentação oral.O primeiro deles eu já falei, pacto de divisão de tempo entre 
os litisconsortes. Você fala 20, eu falo 10. Normalmente isso é ajustado na 
própria sessão de julgamento, ali na hora, sem muita formalidade. Isso é 
admitido. Uma outra coisa que é admitida, isso já é, talvez, um jeitinho, mas um 
jeitinho que pegou. Muitas vezes você vai lá na sessão de julgamento e aí só 
está presente uma das partes, por exemplo, o apelado. E aí no início da sessão 
de julgamento, uma das primeiras coisas que eles perguntam é: ‘tem advogado 
aí?’ E aí o cara levanta ‘tem, tem eu aqui’. ‘Mas você tá pelo apelante ou pelo 
apelado?’ E o cara fala ‘Pelo apelado’. Muitas vezes, há um hábito muito informal 
que se dá dentro da sessão de julgamento. 
Quando só tem uma das partes presentes, o relator propõe o seguinte: 
‘olha só, o meu voto já vai ser favorável ao que você vai falar, então vamos já 
adiantar o julgamento e se tiver alguma dúvida, alguma divergência, algum 
problema, eu vou te dar a palavra depois. Pode ser assim?’ Se o advogado falar: 
‘Pode’, ele abriu mão, de forma condicionada, à sua sustentação oral. Se não 
tiver nenhum problema e o voto for totalmente favorável, acabou o julgamento 
ali. Se tiver alguma divergência, o advogado fala ‘estou com dúvida’, aí deixa o 
advogado falar, que aí também o advogado já vai falar e já tem uma noção do 
problema que surgiu ali e já direciona a sustentação oral dele pro ponto em que 
há alguma divergência ali entre os julgadores. Isso também pode acontecer. 
Agora vamos supor, que eu tenha um contrato firmado com o Yuri e a 
gente fez um negócio jurídico processual. A gente pactuou o seguinte: em todo 
e qualquer processo decorrente desse contrato, quando houver sustentação 
oral, a sustentação oral será pelo prazo de uma hora para cada um de nós. Eu 
pergunto: esse negócio jurídico processual é válido, é permitido ou não? A gente 
ampliou o nosso tempo de sustentação oral de 15 min pra 1 hora pra cada. 
Aluna: Não. Não vai ser só você que vai falar, você não pode determinar 
que vai poder falar por 5 horas. 
Professor: Um discurso né? Então, esse negócio jurídico processual não 
é admitido por uma razão: ele gera aquilo que nós chamamos de uma 
externalidade. Ou seja, é uma consequência, um impacto, para o poder 
judiciário. É um impacto sobre os recursos de tempo que o poder judiciário terá 
que alocar para todos os processos que têm. Então, não é razoável, permitido, 
você chegar e dizer ‘não, o meu julgamento vai ser mais importante do que o 
resto, então o meu julgamento vai ter uma hora de sustentação pra cada’. Se for 
assim acabou, viraria um caos. O próprio judiciário não conseguiria administrar 
esses processos. Então esse tipo de negócio jurídico processual não é admitido. 
Claro que, em tese, poderia ser admitido um negócio jurídico processual 
em que as partes renunciassem antecipadamente a sustentação oral, mas eu 
não vejo grande utilidade nisso. Na verdade, eu nunca vi um negócio jurídico 
processual com esse tipo de conteúdo. Mas, nessa situação, em princípio, não 
haveria um prejuízo para terceiros, seria algo de dentro da esfera das partes. 
Bom, aí após a sustentação oral passa-se, então, ao voto do relator. O 
relator já tem seu voto escrito e irá ler seu voto, e depois os outros terão que 
votar. Os vogais. Eles podem dizer simplesmente “acompanho o relator” ou 
podem divergir. Só que, claro, eles vão ali “de boca”. Depois, se houver alguma 
divergência, a gente já viu, que quando há voto vencido, este tem que ser 
formalizado por escrito. Mas ali é uma sessão de julgamento, é tudo oral. O único 
voto escrito que já vem preparado é o do relator. É claro que a prática – e a 
prática sempre se distancia um pouquinho da teoria, em que a gente fala “o único 
voto é o relator, outros estão conhecendo o processo. Na prática, eles acabam 
trocando votos antes da sessão de julgamento. Ou seja, os outros membros do 
colegiado já deram uma “lidinha” ali, já têm uma ideia do que que é, já têm uma 
ideia se vão divergir ou não divergir. Mas isso não está na lei, isso é o que é feito 
na prática, no dia-a-dia. 
De qualquer forma, o debate na sessão de julgamento é oral. Essa 
discussão, pelo menos, formalmente falando, pode ser já tenha acontecido nos 
bastidores, mas formalmente essa discussão acontece ali na sessão de 
julgamento, na presença dos advogados. E aí, pode ser que um dos julgadores 
fique em dúvida em razão da sustentação oral do advogado. Ele pode chegar à 
conclusão: “poxa, preciso examinar melhor este caso”. Se isso acontecer, 
qualquer um dos julgadores, inclusive o relator, pode fazer o que a gente chama 
de “pedido de vista”. Esse pedido de vista está regulado no artigo 940 do CPP. 
O que é o pedido de vista? Eu, um dos julgadores, quero analisar os autos, 
o julgamento é, então, suspenso para mim, o processo/recurso/ação vai pro 
gabinete do julgamento que pediu vista e será depois marcada nova sessão para 
continuar o julgamento. Então, o pedido de vista sempre implica suspensão do 
julgamento. 
O art. 940 fala: 
 
“O relator ou outro juiz que não se considerar habilitado a 
proferir imediatamente seu voto poderá solicitar vista pelo 
prazo máximo de 10 (dez) dias, após o qual o recurso será 
reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à 
data da devolução.” 
 
Bom, pelo código a coisa parece séria. 
 
“§ 1º Se os autos não forem devolvidos tempestivamente 
ou se não for solicitada pelo juiz prorrogação de prazo de 
no máximo mais 10 (dez) dias o presidente do órgão 
fracionário os requisitará para julgamento do recurso na 
sessão ordinária subsequente, com publicação da pauta 
em que for incluído.” 
 
Ou seja, o presidente vai tomar o processo a força e vai julgar. Parece 
sério o negócio né. 
“§ 2º Quando requisitar os autos na forma do § 1º, se 
aquele que fez o pedido de vista ainda não se sentir 
habilitado a votar, o presidente convocará substituto para 
proferir voto, na forma estabelecida no regimento interno 
do tribunal.” 
 
Quantas vezes vocês já viram os parágrafos 1º e 2º sendo aplicados? Eu 
nunca vi, mas está aqui. É aquela coisa que parece ser séria, mas acaba não 
sendo, sobretudo porque em Tribunal Superior você tem aquele pedido de vista 
a perder de vista. Não é o que o código determina, mas né... Bom, tendo ou não 
vista, você então colhe os votos de cada um dos julgadores, podem ser 3, podem 
ser 5, podem ser 11 como no Supremo, não importa, você vai colher o voto de 
cada um deles. E aí a gente tem que observar como que é feita essa colheita de 
votos no art. 938. O art. 938 então ele fala como são colhidos esses votos. 
 
“Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento 
será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo 
[do mérito2] caso seja incompatível com a decisão 
[preliminar3].” 
 
E aí o parágrafo primeiro fala da vedação à decisão surpresa e tudo mais. 
Então se não houver preliminar você já colhe os votos do mérito, ou seja, acolhe 
a apelação não acolhe a apelação, julga procedente o pedido, não julga. Se tiver 
preliminar você primeiro colhe os votos da preliminar. Então por exemplo, tem 
uma preliminar numa ação de competência originária de ilegitimidade passiva, 
você colhe os votos, e se a preliminar for superada aí você colhe os votos do 
mérito. 
Uma observação que eu já faço aqui é a seguinte: tomem cuidado que 
preliminar do recurso não é igual à preliminar do processo onde foi interposto 
esse recurso. O que eu quero dizer com isso? O mérito do recurso é sempre 
aquilo que foi decidido na decisão que você recorreu. A preliminar do recurso 
tem a ver com os requisitos de admissibilidade desse recurso. Se ele foi 
interposto dentro do prazo, se o recurso era o correto, se as custas foram 
recolhidas - depois a gente vai sistematizar quais são cada um desses requisitos, 
que são chamados de pressupostos recursais. Preliminar de recurso semprese 
refere a pressuposto recursal. 
Porque que eu estou advertindo pra isso? Porque, por exemplo, digamos 
que a decisão do juiz acolheu uma preliminar de ilegitimidade passiva, ok? Aí 
 
2 Comentários do professor 
3 Comentários do professor 
uma das partes não gostou muito disso, o autor, e recorreu. A ilegitimidade 
passiva nesse caso é mérito ou preliminar do recurso? Mérito, porque vai ser 
isso que vai ser analisado a fundo no recurso. Preliminar seria: o recurso foi 
correto? Foi interposto dentro do prazo? Foram recolhidas as custas? A 
ilegitimidade nesse meu exemplo é uma preliminar do processo e não do 
recurso. Porque o objeto do recurso é justamente rever a apreciação dessa 
preliminar no processo. 
Só vai colher votos em separado para a preliminar do recurso. Ah, tem 
uma discussão sobre se o recurso foi interposto dentro do prazo, vamos colher 
os votos dos desembargadores para decidir se o recurso é ou não tempestivo, 
se é um recurso que está dentro ou fora do prazo. E aí caso superada a 
preliminar, vamos julgar o mérito. 
Outra coisa que tem que ser observada: vamos supor que tem uma 
preliminar no recurso, uma discussão se o recurso é tempestivo ou não é 
tempestivo, e foi vencida a preliminar por dois a um. Então um desembargador 
disse que o recurso estava fora do prazo e dois disseram que estava dentro do 
prazo e aí porque foi vencida a preliminar passou-se ao julgamento do mérito 
daquele recurso. O que eu pergunto é o seguinte: aquele que foi vencido, que 
disse que o recurso estava fora do prazo, ele vota no mérito também? Quem 
vota, só os dois que derrubaram a preliminar ou todo mundo? 
Aluno: Deve ser todo mundo. 
Professor: Todo mundo? Por que? 
Aluno: Lógica 
Professor: Lógica? 
Aluno: São questões diferentes. 
Professor: Pois é, isso é o que fala o art. 939: 
“Art. 939. Se a preliminar for rejeitada ou se a apreciação 
do mérito for com ela compatível, seguir-se-ão a discussão 
e o julgamento da matéria principal, sobre a qual deverão 
se pronunciar os juízes vencidos na preliminar.” 
 
Então, todo mundo que votou na preliminar também voto no julgamento 
da questão principal, também vota no julgamento do mérito. 
E aí podemos ter um fenômeno curioso, que é a chamada dispersão de 
votos. Assim, quando todos julgam no mesmo sentido, ninguém tem dúvida: a 
conclusão é aquilo que foi decidido por unanimidade. Quando você tem um 2x1, 
também não tem discussão. O que venceu foi o que aqueles dois votaram. Só 
que as vezes acontece de cada um dos 3 dar um voto diferente. 
Por exemplo, vamos supor que eu tenho uma apelação discutindo dano 
moral. Então, o juiz de primeiro grau deu nada de dano moral, julgou 
improcedente, e aí vai para o tribunal. O tribunal concorda em dar o dano moral, 
todos estão de acordo. Só que o relator acha que tem que dar 10 mil, o primeiro 
vogal acha que tem que dar 80 mil, e o segundo vogal acha que tem que dar 60 
mil. Eu pergunto, quanto o autor vai ganhar de danos morais nesse caso? 
Aluno: 75 
Profesor: Oi? Por que 75? 
Aluno: a média disso 
Outro aluno: 50 
Professor: que média foi essa? 
Aluno: 50, 50. 
Professor: Eu sei que faculdade de Direito exigir matemática é pesado, 
mas a gente precisa saber quanto o cara ganhou aqui no final, se não a gente 
não chega a uma conclusão. E aí, quanto será que esse cara ganhou? Bom, isso 
é matéria que regimento interno vai definir, mas os regimentos internos têm 2 
soluções para esse tipo de situação aqui. A primeira solução é a menos comum: 
é média aritmética. Vai pegar isso tudo aqui e dividir por 3. Vai somar 80 com 60 
com 10, aqui estamos falando de 140, mais 10, 150, divididos por 3 isso daria 
50. Mas isso não é o critério mais comum porque, vejam só que loucura, a gente 
chegou a um valor que nenhum dos três deu. Como é que a gente vai anunciar 
o resultado desse julgamento? “Então, deu-se provimento ao recurso, para fixar 
a indenização em 50, vencido o relator que fixava em 10, vencido o primeiro 
vogal que fixava em 80 e vencido o segundo vogal fixado em 60”. Todo mundo 
foi vencido? Cara, que decisão é essa? 
Nós temos o segundo critério, que é o critério do voto médio. O que é o 
voto médio? O resultado por esse segundo critério daria 60. “Ah, mas é porque 
é o que fica no meio?” É o que fica no meio, mas não é bem assim. Qual é a 
razão da justiça do critério? Agora isso aqui vai virar quase que uma aula de 
matemática. Vamos supor que nós pudéssemos desenhar graficamente isso. 
Então temos aqui o voto do relator, temos aqui o segundo voto do segundo vogal 
e temos um terceiro voto do primeiro vogal. Por que que eu fiz esse conjunto? 
Nesta área aqui, quantos chegaram a essa parte aqui? 
Aluno: um só 
Professor: quantos chegaram a até essa parte aqui? 
Aluno: dois. 
Professor: primeiro e segundo vogal, e eu já tenho maioria. Então 
prevalece o 60 porque dois conseguiram chegar até aqui [indica desenhos no 
quadro]. Então nesse caso o julgamento seria anunciado da seguinte forma: “por 
maioria fixou-se a indenização em 60, vencido o segundo vogal que aumentava 
para 80 e vencido o relator que só fixava em 10”. Pelo menos você garante que 
o resultado final corresponda a algum dos votos que foi dado na sessão de 
julgamento. 
Aluno: Mas nessa lógica os três chegariam a 10. 
Professor: Sim, mas pra você chegar a um resultado você não precisa 
ter três, basta você ter dois. 
Aluno: Mas três é melhor que dois, né 
Professor: Concordo que três é maior que dois, mas, olha só, se dois 
aqui tivessem votado 60, 60 e 10, alguém teria alguma dúvida que seria 60? Não. 
60 por dois a um. “Ah, mas três é maior que dois”, aqui também, né. Você tem 
que buscar até onde você pode ir, preservada a exigência mínima de ter maioria, 
ou seja, dois. Então você consegue ir até aqui [indicando no quadro]. 
Aluna: cara, o desafio aí é fazer o assistido ver esse negócio. Ele vai lá e 
vê o voto do relator “a, mas é 80.000, mas como tá aí 60.000?” aí você tem que 
explicar. [risos da aluna e do professor relatando a situação] 
Aluno: [pergunta não está clara no áudio] isso é só pra critério de valores 
ou também para fundamentação? 
Professor: É pro dispositivo. A fundamentação não precisa ter maioria, a 
gente já comentou sobre isso. Se cada um for pra um lado, mas, no final, eles 
chegam à mesma conclusão é um julgamento unânime. O que acontece, quando 
você tem dispersão de argumento o julgado não forma precedente, foi o que a 
gente já comentou em outra aula. Isso é muito comum de acontecer no Supremo, 
às vezes tem maioria de 6 a 5, de 7 a 4. Mas quando você olha os votos, eles 
vão por caminhos diferentes. Então aquilo não é propriamente um precedente, 
mas você tem um julgamento por maioria aí. Você sempre olha pro dispositivo 
aqui. 
Agora, se você quiser me perguntar: “mas e se a dispersão não for só 
quantitativa, for qualitativa?” Então, por exemplo, numa discussão de direito de 
vizinhança, o relator manda fechar o bar, o outro vogal manda estabelecer uma 
proteção acústica e o terceiro estabelece umas astreinte, sei lá. Se cada um for 
pra um lado, isso é matéria de regimento interno e, normalmente, o que o 
regimento vai prever, o que os tribunais vão prever, é fazer várias simulações. 
“Entre duas opções, qual que você escolheria?” Não tem uniformidade entre os 
tribunais. Aí a situação é muito mais complicada que essa aqui, não tem como a 
gente entrar nessa discussão. Mas, dispersão quantitativa, em sua grande 
maioria, os tribunais usam esse segundo critério, o critério do voto médio. 
Bom, e aí, ao final disso tudo, colhemos os votos, teve pedido de vista, 
não teve. Ao final do julgamento o presidente da turma, da câmara, proclama o 
resultado. É quando ele fala: “por unanimidade deu-se provimento ao recurso/ 
por maioria negou-se provimento ao recurso”. Isso tá regulado, essa conclusão 
do julgamento, né, a proclamação do resultado, no artigo 941. 
Aluno:E se for provimento parcial? 
Professor: Não tem problema. Por exemplo, o apelante pediu para 
aumentar a indenização de danos morais para 100 mil. A câmara deu provimento 
parcial para dar só 60 mil. Então o presidente da câmara anunciará: “por 
unanimidade, deu se o provimento parcial do recurso.” Ai o art.941 fala: 
 
"Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o 
resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão 
o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto 
vencedor.” 
 
A gente já comentou que quem redige o acórdão é sempre o relator, ou, 
se ele ficou vencido, redige quem primeiro votou no sentido vencedor. Agora, 
essa proclamação do resultado tem uma importância no processo, não é só uma 
formalidade. Nesse momento que marca a conclusão do julgamento colegiado. 
O julgamento colegiado se torna um ato jurídico perfeito. Enquanto não ocorre a 
proclamação do julgamento, o julgamento em colegiado é um ato em formação. 
Ele ainda não concluiu sua formação. Isso significa o seguinte: enquanto não é 
proclamado o resultado qualquer um dos julgadores pode mudar seu voto, pode 
voltar atrás, pode pensar melhor. Então, por exemplo, o relator julgou favorável 
para o recorrente. Aí alguém pediu vista. Duas semanas depois, aquele recurso 
volta para julgamento. O relator pode chegar e falar “mudei de ideia, vou 
acompanhar o vogal, e reformulo meu voto.” Pode acontecer? Pode. Mas isso 
não pode acontecer se já estiver proclamado o resultado do julgamento. §1º: 
 
"§ 1º O voto poderá ser alterado até o momento da 
proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já 
proferido por juiz afastado ou substituído. " 
 
A ressalva final é que o julgamento pode se prolongar, e aí você pode ter 
um julgador que se aposentou, julgador que morreu, qualquer razão. Nesse 
caso, se você tiver um julgador que já votou e ficou afastado em definitivo, foi 
substituído ou se aposentou, aquele voto dele fica congelado. Aquele voto já foi 
dado e não pode voltar a atrás. O substituto não pode chegar e alterar o voto. 
Todos os demais votos podem ser alterados até o momento em que ocorre a 
proclamação do resultado. 
E aí por fim o voto válido, com o voto no acórdão, foi concluída a sessão 
de julgamento. O acórdão vai ser formalizado, a gente chama isso de redigir o 
acórdão de lavratura do acórdão. E sobre a lavratura do acórdão a gente tem o 
943 parágrafo 2º: 
 
“Lavrado o acórdão, sua ementa será publicada no órgão 
oficial no prazo de 10 dias.” 
 
A partir do momento em que é publicado no diário oficial, as partes são 
intimadas por meio eletrônico do resultado do julgamento e passa a abrir o prazo 
para eventuais recursos contra esse acórdão. 
E o 944, por fim, ele fala o que acontece se demorar demais a publicar o 
acórdão. O que acontece? É assim: o sujeito ele teria a sessão de julgamento e 
ele sentou em cima, não lavrou o acórdão. É mais um dispositivo que quando 
você lê parece sério. 944: 
 
“Não publicado o acórdão em um prazo de 30 dias da 
sessão de julgamento, as notas taquigráficas o substituirão 
para todos os fins legais independentemente de revisão. 
Parágrafo único. No caso do caput, o presidente do tribunal 
lavrará de imediato as conclusões e a ementa a partir das 
notas taquigráficas e mandará publicar o acórdão sob a 
revelia de quem deveria redigir”. 
 
Parece sério. Já viu isso acontecer? Nunca. Até porque há uma questão. 
Vocês talvez estejam se perguntando “que diabo é isso de notas taquigráficas?”. 
Nota taquigráfica é a transcrição do que foi falado na sessão de audiência. 
Isso tem nos tribunais superiores, no STJ, no Supremo. Mas muitos tribunais não 
tem notas taquigráficas. O TJ do Rio não tem. O TJ de São Paulo também não 
tem. E aí quando o tribunal não tem, já fica inviabilizado de pronto aplicar esse 
artigo. E mesmo que tenha, como nos tribunais superiores têm, eu nunca vi 
presidente intervir em processo e falar “manda pra cá que eu vou publicar”. 
Nunca vi acontecer, mas aqui mais um artigo que parece sério. 
Bom, visto isso, a gente terminou esse ponto da ordem do processo nos 
tribunais, que são artigos para falar como são os julgamentos colegiados em que 
se aplicam tanto a recursos quanto a ações de competência originária. E agora 
a gente entra no tema da Teoria Geral dos Recursos. O que a gente for falar a 
partir de agora só se aplica a recursos. Não se aplica a ações de competência 
originária. Agora nos estamos falando de um assunto um pouco mais restrito. 
Vamos falar só de recursos. 
E aí claro a primeira coisa que a gente tem que saber: afinal, o que é um 
recurso? O que que seria um recurso? 
Aluno: inaudível 
Professor: de uma decisão. Se eu impetro um mandado de segurança 
contra uma decisão judicial, isso cabe lá nos juizados especiais, isso é recurso? 
Aluno: inaudível 
Professor: Ou então, eu vou fazer uma outra pergunta. Habeas Corpus. 
Habeas Corpus é recurso? Juiz decretou a preventiva. Habeas Corpus é 
recurso? 
Aluno: eu acho que não. A não ser que tenha uma definição diferente. 
Professor: bom, vamos por partes. Primeiro: o recurso, assim, pode 
parecer algo óbvio, mas eu vou falar. Vocês concordam comigo que pra ter 
recurso a parte tem que querer recorrer né? Tem uma voluntariedade na coisa. 
Então, o primeiro elemento aqui no nosso conceito é que ele é sempre um meio 
voluntário. 
Aluno: na verdade tem hipótese trabalhista que não depende da vontade, 
né. Sempre vai pro grau superior. 
Professor: então, a gente vai falar disso agora. Olha só. Não só na área 
trabalhista, nós temos ações contra a fazenda pública, nós temos o instituto da 
remessa necessária. Tá lá no art. 441. Qual é a ideia da remessa necessária? 
A Fazenda Pública foi condenada em um valor que supera o permitido, então por 
exemplo a União foi condenada ao valor acima de mil salários mínimos, é isso 
que a lei exige. Mesmo que a União não interponha a apelação, o processo vai 
ser encaminhado à segunda instância para verificar o acerta da sentença. Por 
isso, remessa necessária, necessariamente, o processo será submetido a 
segunda instância. E a razão disso aqui é a proteção do interesse público. 
Para a doutrina amplamente dominante, isso aqui não tem natureza de 
recurso, por que? Porque não há voluntariedade. Recurso a parte tem que 
querer, isso aqui não é. É claro que se a Fazenda Pública foi condenada ela 
pode apelar normalmente, pode se valer do recurso. Isso aqui é apenas uma 
proteção caso ela não recorra. Agora não é pacifico isso, tem alguns autores, o 
próprio Didier, o Araken de Assis, vão dizer que a voluntariedade não é essencial 
para se pedir recurso. Então, que a remessa necessária teria natureza de 
recurso. É minoritário, mas tem gente que fala isso. Por favor, não escrever na 
prova Anakin de Assis. Eu não quero que nasça um Darth Vader na minha prova. 
Então, todo recurso tem algo em comum também, e isso não tem muita 
dificuldade. Ele tem como pressuposto sempre o reexame de uma decisão 
judicial. Então, sempre querendo o reexaminar, rever a decisão de um juiz no 
processo. Mas não é só isso que está no conceito, há uma outra coisa. 
O recurso ele se dá dentro de um processo, ou seja, ele sempre vai se 
dar no mesmo processo. Ele não cria uma nova ação, ele é um prolongamento 
do procedimento, do processo. O processo continua, mas na fase recursal. E aí 
que muita gente diz o recurso é um prolongamento do direito de ação. E isso 
gente, é o que o diferencia do mandado de segurança contra ato judicial, e o que 
diferencia os recursos do habeas corpus. Porque habeas corpus e mandado de 
segurança podem ocorrer de atacar as decisões judiciais. Mas eles são sempre 
novas ações autônomas. Eles criam um novo processo. 
Então, por que mandado de segurança e habeas corpus não são 
recursos? Porque eles criam um novo processo. Isso não é comum, o mais 
comum é uma decisão seja impugnada por meiode recurso. Só que, depois a 
gente vai falar um pouco disso, o ordenamento jurídico prevê que de decisões 
que não caibam recursos, você ainda tem uma última via que é o mandado de 
segurança; e lá no processo penal você tem sempre a via do habeas corpus. 
Fora o recurso que você ainda pode interpor no processo. 
E por fim, o último elemento desse nosso conceito, é que o recurso pode 
visar a reforma, anulação, integração ou esclarecimento de uma decisão. 
Para gente detalhar isso aqui: quando eu peço a reforma, eu peço que 
para que ela seja mudada. Então, o juiz deu uma decisão favorecendo o autor, 
julgando procedente o pedido, o réu pede para que seja reformada, para que o 
pedido seja julgado improcedente. Ou o autor ganha R$10.000,00, mas ele quer 
que seja reformada para que aumente a indenização e ele pede a reforma. 
Na anulação é diferente, eu peço o desfazimento, ela tem algum vício. Por 
exemplo, ela não está fundamentada. Ou houve o que a gente chama de 
cerceamento de defesa. Cerceamento de defesa é um negócio que o réu adora 
alegar. Cerceamento de defesa é assim: o jogo está difícil e chega uma bola na 
área e você se joga esperando o juiz dar o pênalti. O cerceamento de defesa é 
quando você alega que o juiz deu a sentença, mas não permitiu que você 
produzisse todas as provas necessárias para demonstrar as suas alegações. 
Então você pediu uma prova pericial e o juiz não permitiu, e decidiu contra você. 
Então você alega cerceamento de defesa, porque a prova pericial poderia levar 
à outra conclusão. E aí você pede que a sentença seja desfeita porque você está 
alegando que o juiz não poderia ter julgado antes de fazer a perícia. Anulação. 
Na integração eu digo que a decisão judicial padece de um vício 
específico que é a omissão. Faltou alguma coisa na decisão. Por exemplo, você 
pediu dano material e moral, e o juiz apreciou apenas o pedido de dano material. 
Esqueceu de julgar o dano moral. Você quer que a sentença seja integrada, que 
ela seja complementada. 
E no esclarecimento, você imputa também um vício específico, que é a 
obscuridade. Ou seja, você diz que a decisão judicial não é compreensível, que 
ela é ininteligível. Foi escrita de forma ambígua, ou tem duas interpretações. 
Você não entende muito bem o que o juiz quer dizer, ou simplesmente o que ele 
falou não tem nada a ver, viajou na decisão. Sabe um caso que hoje não 
acontece mais, mas que se falava de obscuridade de decisão judicial? Processo 
físico, na época escrito à mão, o juiz dava a decisão à mão. Mas ninguém 
entende o que ele escreveu. Isso era obscuridade. 
Sintetizando tudo: o que é um recurso? É um meio voluntário que busca 
o reexame de uma decisão judicial, no mesmo processo, sempre com vistas à 
sua reforma, anulação, integração ou esclarecimento. Tudo isso compõe o 
conceito do que é um recurso. 
Aluno: Anulação da sentença é sanável? 
Professor: Iremos ver mais a frente que o código sempre busca evitar 
anulação. Então, se por exemplo, o tribunal estiver em condições de julgar o 
mérito e evitar que o processo volte pra trás, ou seja, volte para a primeira 
instância para darem uma nova sentença, ele pode fazer isso. Nós vamos ver 
depois em que situações ele pode fazer isso. 
Aluno: Buscar não anular o processo... – interrompido – 
Professor: Sim, porque 1. É muito ruim isso. Seu processo estava em 
segunda instância, teve uma anulação e vai voltar para a primeira, ou seja, aquilo 
que é processo – andar pra frente – vai retroceder “vamos voltar porque tem um 
vício aqui”. 
Aluno: Você falou “falta de fundamentação”. Isso acontece? 
Outra aluna: Eu já vi, foi até essa semana o processo, exatamente voltou 
só para fundamentar. Era improcedente e voltou só para fundamentar. Só isso. 
A galera faz. 
Professor: Veremos que o Código evita fazer isso, inclusive na falta de 
fundamentação. Mas que pode fazer, pode. 
Uma vez teve um caso em que o cara estava muito “p da vida” com o juiz. 
O processo estava muito lento, já tinha feito um ano no gabinete do juiz para dar 
uma decisão. O quê que o advogado faz? O advogado entra com uma petição, 
desenha um bolo de aniversário com uma velinha de 1 ano e escreve na petição 
“parabéns para você nessa data querida, porque cumprimentando Vossa 
Excelência pelo aniversário de 1 ano que o processo está fazendo na conclusão.” 
Aluno: Não deve ter sido uma boa ideia, não. 
Professor: Não, não foi, o juiz oficiou a OAB. E sabe o que é pior? Isso 
aqui é uma trilogia, tá? Tem três coisas para acontecer: a primeira foi a do bolo. 
Aí, bom, o juiz oficiou para a OAB, claro, aquele barraco todo, e o processo 
seguiu. Aí chegou no Tribunal. Chegou no Tribunal, o quê que você acha que o 
Tribunal fez? Adivinha! Anulou a sentença. Aí o advogado, já bem “p da vida”, 
fez o segundo bolo com uma velinha de 10 anos, cumprimentando o Tribunal de 
que o processo estava completando 10 anos. Enfim, aí deu outra confusão, não 
sei o quê, não sei o quê lá, e aí vem a última petição. Ele gostava de fazer 
desenhos nas petições, né? A última petição é um pouco trágica. É uma petição 
que tem, basicamente, um caixão desenhado informando que a autora morreu e 
que, graças a Deus, ele agora não era advogado do espólio e estava saindo do 
processo. Enfim, é que você falou desse negócio de anulação e eu lembrei dessa 
situação aqui. 
Aluno: Realmente é uma vergonha, né? É um absurdo, cara, 10 anos! 
Professor: Você acha um absurdo? Eu conheço um processo... você 
ainda não viu um inventário litigioso. Eu conheço um inventário litigioso de 100 
anos. Aliás, para a gente não ir para inventário, você não soube do caso lá da 
família real, não? Foi julgado pelo STJ, o processo tem 120 anos. 
Aluno: Mais velho que o próprio Direito no Brasil. 
Professor: O processo discutiu a posse do Palácio Guanabara, se devia 
ser indenizada a família real ou não devia. Ou melhor, os descendentes da 
família real. 
Aluno: Chegou a termo? 
Professor: Então, foi julgado no STJ para julgar improcedente o pedido, 
mas teve embargos de declaração, então, ainda está pendente. (Professor diz 
que não quer que o processo acabe, porque ele sempre usa essa anedota 
quando fala de duração razoável do processo; se o processo acabar, acaba a 
piadinha). 
Bom, só para encerrar, só para dar uma palhinha aqui: fundamentos. Por 
que existem os recursos? Assim, por quê? Por quê que o ordenamento jurídico 
simplesmente não diz “é só uma decisão só, não tem recurso, acabou”? Por que 
recurso? 
Aluno: Falibilidade humana? 
Professor: É, os juízes são falíveis, embora alguns deles achem que não 
são. 
Então, temos aqui o primeiro fundamento: é a falibilidade humana; e, 
claro, o natural inconformismo do vencido. Mas não é só isso. Nós temos pelo 
menos mais três outros fundamentos. 
O terceiro fundamento é que normalmente os julgamentos nos tribunais, 
não sempre, a gente já viu, mas normalmente são colegiados. E, normalmente, 
três cabeças pensam melhor do que uma. Eu estou falando normalmente, 
porque as vezes vem uma sentença maravilhosa e um acórdão porcaria. Mas, 
trabalhando com probabilidade, partindo do pressuposto de haja uma discussão 
do que está sendo julgado, várias cabeças pensam melhor do que uma. Então o 
terceiro fundamento seria a colegialidade. 
O quarto fundamento também é uma tendência. Seria a maior experiência 
dos julgadores das instâncias superiores. “Ah professor, mas tem 
desembargador filha do Ministro fuxlano de tal que subiu sem experiência.” Tá, 
tá, mas são exceções. Normalmente desembargadores são mais experientes 
que juízes e Ministros são mais experientes que desembargadores. Eu falo 
normalmente. 
E o último e quinto fundamento, e talvez o mais importante, é o controle 
do arbítrio judiciário. Quando o juiz sabe que suas decisões estão sujeitas ao 
reexame, é natural que ele seja mais prudente. Agora, se ele não tiver controle 
nenhum sobre suas decisões,bom, você abre espaço para a arbitrariedade. E 
as vezes é uma arbitrariedade que nem é tão intencional assim. 
Psicologicamente ele pensa “sou a última palavra”. Então um exemplo pratico do 
que eu estou falando aqui tem acontecido nas Turmas Recursais dos Juizados 
Especiais. Por que? A gente vai ver que das decisões das Turmas Recursais 
não cabe recurso direto para o STJ. E o que mais se viu foi Turma Recursal 
criando entendimento contra a jurisprudência do STJ, quase que dizendo que o 
STJ não manda neles e que eles vão decidir do jeito deles. E não é isso que se 
busca. Isso não é o desejado pelo ordenamento jurídico. Então os recursos 
existem também para evitar esse tipo de situação. Ou pelo menos diminuir as 
chances de arbítrio judicial. 
Aluno: Os embargos de declaração são considerados recursos? 
Professor: São considerados recursos.

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