Buscar

Atualização Difusos - 2-3ed

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
Prezado Leitor, os trechos em fonte na cor vermelha indicam que houve alteração 
ou acréscimo de texto pelo autor. Os trechos tachados foram excluídos do texto. Os trechos 
em fonte preta já existiam na edição anterior da obra. Para localização do conteúdo, foram 
indicados os números dos itens onde o texto se encontra. Observe que os números das notas 
de rodapé podem divergir do seu livro impresso, atente‐se ao conteúdo do parágrafo ao qual 
a nota está ligada. 
 
 
1.3.6.3.4 Recomendabilidade de tratamento conjunto 
•  facilitação do acesso à Justiça para os sujeitos vulneráveis; 
•  a proteção efetiva do interesse social; 
•  a numerosidade dos membros do grupo; 
•  dificuldade na formação do litisconsórcio; ou 
•  a necessidade de decisões uniformes. 
A propósito desse  requisito, convém citar acórdão em que o STJ não  reconheceu a 
legitimidade de uma associação para propor ação civil pública em prol de consumidores, em 
razão de não haver, no caso em questão, a prova de que existiam vários consumidores lesados 
por um mesmo tipo contrato. Logo, na hipótese, a abrangência dos direitos que se pretendia 
defender  não  era  ampla  o  suficiente  (não  havia,  portanto,  numerosidade  dos membros  do 
grupo)  para  caracterizá‐los  como  coletivos  (em  sentido  amplo).  Assim,  estavam  presentes 
direitos individuais, mas não individuais homogêneos1. 
 
2.2 A Influência Das Class Actions 
Para que uma demanda possa ser processada com o status de class action, precisa 
preencher alguns requisitos previstos na Rule 23, e outros fixados pela jurisprudência. Uma vez 
constatada a presença de todos eles, a ação recebe do  juízo a certificação (certification), que 
consiste  na  sua  admissão  como  class  action.  Caso  tais  pressupostos  de  admissibilidade  não 
sejam preenchidos, a demanda não é admitida como ação coletiva, mas, eventualmente, pode 
ter andamento na forma de ação individual.  
 
 
2.3.1.1.4.2 Repartição de atribuições entre os diversos Ministérios Públicos 
Não obstante tais dificuldades, pode‐se dizer que, a exemplo do que ocorre para se 
definir as competências dos órgãos  jurisdicionais,2 algo parecido  se dá, de modo geral, para 
distribuir as atribuições entre os vários Ministérios Públicos.  
Até a edição anterior, importava principiarmos a análise da repartição de atribuições 
entre os diversos Ministérios Públicos a partir do exame da competência originária do STFF
                                                           
3. 
Isso porque, em  razão do que  rezam os artigos 46 e 37,  I, ambos da LOMPU, a Corte Maior 
entendia que apenas o MPF, por meio do Procurador‐Geral da República, poderia nela atuar 
originariamente.  Logo,  afirmávamos  não  ser  possível  que  outros  Ministérios  Públicos 
 
1 REsp 823.063/PR, 4.ª T., rel. Min. Raul Araújo, j. 14.02.2012, DJe 22.02.2012. 
2  Conforme tratado no item 2.5, as competências das “Justiças” Comuns (federal, distrital e estaduais) e Especiais 
(eleitoral, trabalhista, militar) são residuais em relação às competências dos tribunais de sobreposição (STF e STJ); 
as  competências  das  Justiças  Comuns  são  residuais  em  relação  às  das  Justiças  Especiais;  e,  dentro  das  Justiças 
Comuns,  as  competências  das  Justiças  dos  Estados  e  do Distrito  Federal  são  residuais  em  relação  às  da  Justiça 
Federal.  
3 Ao  contrário do  STF, não  se  vislumbram hipóteses que defiram ao  STJ  competência originária para ações  civis 
públicas. 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
                                                           
pudessem  aforar  ações  civis  públicas  naquele  sodalício.  Assim,  se  a  competência  originária 
para a ação civil pública fosse do STF, necessariamente, a atribuição seria do MPF. 
Ocorre que o entendimento do STF mudou. Com efeito, ao apreciar a Reclamação 
7.538/SP, a Corte Suprema passou a admitir que os Ministérios Públicos Estaduais nela atuem 
originariamente,  quando  estiverem  atuando  no  desempenho  de  suas  prerrogativas 
institucionais e no âmbito dos processos cuja natureza justifique sua participação4.  
A partir de então, a Corte Constitucional limita a aplicação dos citados dispositivos da 
LOMPU aos diversos ramos do Ministério Público da União, não a estendendo MPEs. A partir 
de  tal  revisão  de  entendimento,  nada  obsta,  ao  nosso  aviso,  que,  presente  hipótese  de 
competência originária do STF para a ação civil pública, possa algum MPE ter legitimidade para 
propô‐la. Assim, conforme o caso concreto, a atribuição será do MPF e/ou do MPE, a depender 
da  matéria  em  pauta  se  inserir  dentre  aquelas  compatíveis  com  as  funções  institucionais 
conferidas ao MPF pela LOMPU e/ou ao MPE por sua respectiva Lei Orgânica. 
Em não se tratando de competência originária do STF, deve‐se passar à análise das 
atribuições dos Ministérios Públicos que atuam perante as Justiças especiais. Façamo‐lo. 
 
 
2.6.4 Denunciação da lide 
Apesar da  inexistência de óbice  legal genérico, a denunciação da  lide é defesa em 
ações  (sejam  individuais,  sejam  coletivas)  movidas  em  face  dos  fornecedores,  quando 
fundadas no fato do produto, por conta do que dispõe o art. 88, c.c. o art. 13, parágrafo único, 
do  CDC.  Parte  da  doutrina  sustenta  que  tal  vedação,  a  despeito  de  a  remissão  do  art.  88 
limitar‐se ao art. 13 (que trata do fato do produto), aplicar‐se‐ia, também, ao fato do serviço, 
sob o argumento de que, nas ações de reparação de danos provocados por serviço defeituoso, 
a possibilidade de ingresso em juízo de outros responsáveis, contra a vontade do consumidor‐
‐autor,  poderia  ser‐lhe  igualmente  prejudicial.5  A  divisão  doutrinária  se  reproduz  na 
jurisprudência. No STJ, a 4.ª Turma sustenta que a vedação limita‐se às ações fundadas no fato 
do produto6, ao passo que a 3.ª Turma, alterando seu entendimento anterior (que era idêntico 
ao da 4.ª Turma), agora se posiciona no sentido de que a proibição se estende às hipóteses de 
fato do  serviço7. Nos demais  casos, existe  forte  resistência doutrinária à admissibilidade de 
denunciações em ações  civis públicas,  sob o principal argumento de que elas protelariam a 
tutela  jurisdicional  dos  interesses  lesados,  ao  introduzirem  na  lide  um  elemento  novo  de 
discussão: a responsabilidade do terceiro em face do réu‐denunciante 
 
 
2.7.1.1.3 Prorrogação de competência nas relações entre ações da Justiça Estadual 
e Federal 
II – Destarte, a reunião dos processos por conexão só tem  lugar se o mesmo juízo for 
competente para  julgar ambas ou a diversidade das causas, o que não  se verifica na espécie, 
uma vez que a Caixa Econômica Federal só  integra o polo passivo em uma das ações – na que 
 
4 Tribunal Pleno, rel. Min. Ellen Gracie, DJe 03.06.2011. No mesmo sentido: MS 28.827/SP, 1.ª T., rel. Min. Carmen 
Lúcia, DJe 09.10.2012. 
5  Nesse  sentido, dentre outros: GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor. 
Belo  Horizonte:  Del  Rey,  2001,  p.  84;  OLIVEIRA,  James  Eduardo.  Código  de  Defesa  do  Consumidor:  Anotado  e 
Comentado. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 710; ARAÚJO FILHO, Luiz Paulo da Silva. Comentários ao Código de 
Defesa do Consumidor. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 108.  
6 REsp 439.233/SP, rel. Min. Aldir Passarinho, DJU 22.10.2007. 
7 REsp 1.165.279/SP, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 28.05.2012. 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
tramita perante a 30.ª Vara Federal do Rio de Janeiro – sendo a Justiça Federal absolutamente 
incompetente para conhecer das demais.8 
Ao menos no que diz respeito à continência, a controvérsia no STJ foiresolvida pela 
edição da  Súmula 489, que  afirma que  “Reconhecida  a  continência, devem  ser  reunidas na 
Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual”. Tendo em vista 
que o mesmo óbice que se opunha à reunião das ações na continência é o que se  invoca no 
caso da conexão (competência absoluta), uma vez admitida a possibilidade da reunião no caso 
da continência, a tendência é que se aplique a mesma orientação da Súmula 489 para os casos 
de conexão. 
 
 
2.9.2.1 Liminares: aspectos gerais 
No  que  diz  respeito  às  liminares  satisfativas,  é  amplamente  majoritário  o 
entendimento  doutrinário  e  jurisprudencial  de  não  serem  elas  concebíveis  sem  prévio 
requerimento da parte interessada, em razão da redação do art. 273 do CPC: “o juiz poderá, a 
requerimento da parte, antecipar...”.  
Atenção: dentre os  autores que  esposam o  entendimento minoritário  encontra‐se 
Gregório  Assagra  de  Almeida,  membro  do  Ministério  Público  de  Minas  Gerais,  e  cujo 
pensamento  goza  de  grande  respeito  naquela  instituição.  Para  ele,  “como  está  em  jogo  o 
interesse  social  na  ação  civil  pública,  o  juiz  poderá  conceder  a  liminar  de  ofício  ou  a 
requerimento da parte, seja ela de natureza cautelar (...) seja ela de natureza de antecipação 
dos  efeitos  da  tutela  final  pretendida  (...)”.9  Sua  posição  acerca  do  tema  foi  adotada  no 
concurso de ingresso àquele Ministério Público do ano de 2011.  
 
 
2.11.3.7 Limites territoriais da coisa julgada 
c.2)  Violação ao devido processo legal no aspecto substantivo: o Executivo Federal 
infringiu  os  princípios  da  razoabilidade  e  da  proporcionalidade  e,  portanto,  ao  princípio  do 
devido processo  legal no seu aspecto substantivo. A  irrazoabilidade e a desproporcionalidade 
decorrem  de  que  o  Presidente  da  República,  visando  restringir  a  eficácia  de  ações 
costumeiramente  frequentadas  pela  Fazenda  Pública  e  até  mesmo  por  ele,  deu  azo  a 
sentenças  judiciais  conflitantes,  desprezou,  a  um  só  tempo,  o  princípio  da  igualdade  e  o 
princípio  da  segurança  jurídica,  e,  ao  fragmentar  a  tutela  dos  direitos  transindividuais  em 
várias ações  coletivas, agiu em detrimento do princípio da economia processual, que havia 
sido aprimorado pelo microssistema resultante da integração CDC + LACP. 
No STJ, vinha prevalecendo o entendimento de que a sentença, na ação civil pública, 
nos termos do art 16 da LACP, faz coisa julgada apenas nos limites da competência territorial 
do  órgão  prolator10.  Esse  entendimento  foi  revisto  por  sua  Corte  Especial,  para  afirmar  a 
possibilidade de o beneficiário ajuizar a execução  individual no foro de seu domicílio, diverso 
do foro da sentença coletiva, sob ‐ dentre outros ‐ o argumento de que os efeitos e a eficácia 
da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos 
do  que  foi  decidido,  levando‐se  em  conta,  para  tanto,  sempre  a  extensão  do  dano  e  a 
qualidade dos  interesses metaindividuais postos em  juízo  (arts. 468, 472 e 474, CPC, e 93 e 
                                                            
8  CC 53.435/RJ, 2.ª Seção, rel. Min. Castro Filho, j. 08.11.2006, DJ 29.06.2007. 
9 Manual das Ações Constitucionais. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 182 e 183. 
10 EREsp 293.407/SP, Corte Especial, rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 01.08.2006. No mesmo sentido: EREsp 
399.357/SP, 2.ª Seção, rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 09.09.2009, DJe 14.12.2009. 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
                                                           
103,  CDC).  Em  seu  voto,  o  relator  reconhece  a  confusão  conceitual  do  art.  16  (entre  coisa 
julgada e competência territorial), e observa que restringir os efeitos da coisa julgada ao foro 
do juízo da sentença esvaziaria a utilidade prática da ação coletiva, já que, na hipótese de dano 
nacional  ou  regional,  apenas  os  habitantes  do Distrito  Federal  ou  da  capital  estadual  onde 
ajuizada a ação seriam beneficiados por uma sentença de procedência11. 
Sem embargo, a questão ainda não está pacificada, uma vez que, posteriormente a 
tal julgamento, a 2.ª Turma do STJ, invocando o caput do art. 2.‐A da Lei 9.494/1997, no caso 
de  ações  civis  públicas  movidas  por  associações  (aqui  incluídos  os  sindicatos),  continua 
restringindo os efeitos da  sentença  aos  substituídos que  residam,  à data da propositura da 
ação, nos limites territoriais do órgão prolator12. Apesar disso, a mesma 2.ª Turma, ao menos 
em  relação  aos  sindicatos,  não  tem  condicionado  os  efeitos  subjetivos  da  sentença  à 
apresentação de lista e autorizações de associados, prevista no parágrafo único do mesmo art. 
2.º‐A, já que a legitimidade dos sindicatos para representar a categoria profissional emerge da 
CF, sem limitações13. 
 
 
2.12.2.2 Liquidação e execução coletivas 
Para parte da doutrina e da jurisprudência, a atuação dos colegitimados do art. 82 do 
CDC  na  liquidação  e  execução  coletiva  de  títulos  em  prol  de  interesses  individuais 
homogêneos,  distintamente  de  sua  legitimação  para  propositura  das  ações  coletivas  de 
conhecimento, não configuraria substituição processual (legitimação extraordinária), mas sim 
representação processual (legitimação ordinária), pois, na liquidação e execução (ao contrário 
da fase de conhecimento), é mister individualizar a situação particular de cada vítima.14 Logo, 
esse  cumprimento  coletivo dependeria de prévia autorização das vítimas.15 E, por  já não  se 
tratar mais da defesa de direitos coletivos em sentido amplo (difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos), mas sim da defesa de direitos individuais perfeitamente identificados, os entes 
públicos, em regra, não estariam legitimados a promover a respectiva execução, ressalvado, se 
for o caso, a Defensoria Pública, e, excepcionalmente (se houver relevância social em razão da 
matéria ou do número de  lesados), o Ministério Público16. O STJ e o STF, porém, ao menos 
quanto à  legitimidade dos sindicatos, seja em função do que dispunha o art. 8.º da revogada 
Lei 7.788/1989,17 que falava em substituição processual,18 seja por conta do que proclama o 
art. 8.º,  III, da CF,19 que não exige expressa autorização dos filiados, têm entendido tratar‐se 
 
11 RESP 1.243.887/PR, Corte Especial, rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. 19.10.2011, DJe 12.12.2011. 
12  AgRg  no  REsp  1.279.061/MT,  rel.  Min.  Humberto  Martins,  j.  19.04.2012,  DJe  26.04.2012;  AgRg  no  REsp 
1.338.029/PR, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 13.11.2012, DJe 21.11.2012. 
13 AgRg no AREsp 232.468/DF, rel. Min. Humberto Martins. J. 16.10.2012, DJe 25.10.2012. 
14  GRINOVER, Ada Pellegrini. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 
8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 887 e 890; ZAVASCKI, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de 
direitos coletivos e tutela coletiva de direitos. 4. ed. São Paulo: RT, 2009. p. 185. 
15  Voto do relator Min. Teori Albino Zavascki no REsp 487.202, 1.ª T., j. 06.05.2004, DJ 24.05.2004. 
16 REsp 869.583/DF, 4.ª T., rel. Min. Luis Felipe Salomão,  j. 05.06.2012, DJe 05.09.2012. Apesar de não constar na 
ementa do acórdão, a legitimidade do MP para propor a execução coletiva dos direitos individuais é admitida, em 
caráter excepcional, no voto do relator. 
17  Art. 8.º Nos termos do  inciso III do art. 8.º da Constituição Federal, as entidades sindicais poderão atuar como 
substitutos processuais da categoria, não tendo eficácia a desistência, a renúncia e transação individuais. 
18  EREsp 901.627/RS, Corte Especial, rel. Min. Luiz Fux, j. 17.06.2009, DJe 06.08.2009. 
19  Art.  8.º  (...)  III  –  ao  sindicato  cabe  a  defesa  dos  direitos  e  interesses  coletivos  ou  individuaisda  categoria, 
inclusive em questões judiciais ou administrativas. 
 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
20 
de  hipótese  de  substituição  processual,  de  modo  que  sua  legitimidade  prescindiria  da 
autorização dos ofendidos.
 
 
2.13.3 Fontes de receita 
O  fundo  federal  será  alimentado  principalmente  com  os  valores  decorrentes  de 
condenações  emanadas  da  justiça  federal,  ao  passo  que  os  fundos  estaduais  receberão  os 
recursos provenientes de condenações proferidas pela  respectiva  justiça estadual. Em  regra, 
essas  condenações em dinheiro normalmente  terão  sido voltadas à  reparação de  interesses 
difusos  ou  coletivos.  Os  recursos  oriundos  de  indenizações  de  interesses  individuais 
homogêneos  somente  afluirão  aos  fundos  nos  casos  de  fluid  recovery  do  CDC  ou  da  Lei 
7.913/1989. 
Os  respectivos  regulamentos dos  fundos poderão prever outras  fontes de  receitas, 
além dos valores provenientes de condenações judiciais. A título de exemplo, conforme dispõe 
o  art.  1.º,  §  2.º,  da  sua  lei  de  regência,  o  fundo  federal  também  pode  ser  alimentado  por 
outras  fontes,  como  pelo  produto  da  arrecadação  das  multas  aplicadas  por  infrações 
administrativas à Lei 7.853/1989 (lei de proteção a portadores de deficiências), ao CDC; e à Lei 
8.884/199421, bem como de doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras. 
 
 
3.2.1.2 Legitimidade passiva 
Interessa analisar, outrossim, o § 2.º do art. 6.º, que, ao remeter ao inciso II, item b, 
do art. 4.º, dá a entender, em uma interpretação literal, que, no caso de a lesão ao patrimônio 
da entidade decorrer da avaliação superestimada de um bem a ela entregue por penhor ou 
hipoteca, deverá ser citado para a ação, além da entidade e dos beneficiários do ato, somente 
o avaliador do bem, o que deixaria de  fora do polo passivo as autoridades,  funcionários ou 
administradores porventura responsáveis. Há, na hipótese, uma presunção legal de que esses 
agentes públicos são  induzidos a erro pela credibilidade na expertise  técnica do avaliador. A 
solução legal é infeliz, pois não se afasta a possibilidade de, em um caso concreto, os agentes 
públicos  ou  administradores  terem  consciência  de  que  o  bem  dado  em  garantia  foi  super‐
avaliado e, mesmo assim, autorizarem a operação bancária ou de crédito real, concretizando o 
ato lesivo ao erário, de modo que não haveria 
 
 
4.4.1.1.3 Outros legitimados 
O mesmo raciocínio se aplica com relação aos direitos  transindividuais protegidos 
pelo CDC, em razão de seu art. 83 admitir, em sua defesa, a propositura de todas as espécies 
de ações que assegurem sua adequada e efetiva tutela. E mais: tendo em vista o princípio da 
integração CDC x LACP, é ainda razoável sustentar que os mesmos legitimados à propositura 
da  ação  civil  pública  podem  impetrar  o  writ  coletivo  em  prol  de  quaisquer  direitos 
metaindividuais, desde que presentes os pressupostos constitucionais e infraconstitucionais 
do mandamus.22  
                                                            
20  RE 193.503/SP, Pleno, rel. Min. Carlos Veloso, rel. p/ac. Min. Joaquim Barbosa, j. 12.06.2006, DJe 24.08.2007. 
21 Atualmente substituída, quase que na íntegra, pela Lei 12.529/2011. 
22  Essa, aliás, parece ser a mesma conclusão de Eurico Ferraresi, embora a ampare não no art. 83 do CDC e no 
princípio da integração  CDC x LACP, mas, sim, na necessidade de estender a utilização do writ coletivo previsto no 
ECA a outros temas não necessariamente relacionados à proteção da infância e da juventude, em homenagem ao 
princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (Op. cit., p. 243). Gregório Assagra de Almeida também entende 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
                                                                                                                                                                             
 
 
5.5.9.1 Reparação do dano moral 
•Súmula 388: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”. 
Em vários outros casos, o STJ tem reconhecido a existência de dano moral in re ip‐sa, 
ou seja, dano vinculado à própria existência do fato  ilícito, cujos resultados são presu‐midos. 
Nessas situações, não é necessária a apresentação de provas que demonstrem a ofensa moral 
da pessoa, bastando, para tanto, que se demonstre a ocorrência do fato ilegal.  
Na jurisprudência da Egrégia Corte Superior, encontram‐se os seguintes exemplos de 
dano moral  in  re  ipsa: dano provocado pela  inserção  indevida do nome do  consumidor em 
cadastro  de  inadimplentes  (AgRg  no AREsp  93.883/SC,  3.ª  Turma,  rel. Min.  Paulo  de  Tarso 
Sanseverino,  j. 13.11.2012); dano decorrente de atraso de voo  (REsp 299.532/SP, 4.ª Turma, 
rel. Min. Honildo Amaral, j. 27.10.2009); dano provocado pela falta de comunicação aos alunos 
de curso de graduação acerca do risco (depois concretizado) de impossibilidade de registro do 
diploma quando da conclusão do ensino, por falta de reconhecimento do curso pelo Ministério 
da Educação  (REsp 631.204/RS, 3.ª Turma, rel. Min. Nancy Andrighi,  j. 25.11.2008); cobrança 
indevida  e  corte  ilegal  do  fornecimento  do  serviço  de  água  e  esgoto  (AgRg  no  AREsp 
163.472/RJ, 2.ª Turma, rel. Min. Herman Benjamin, j. 21.06.2012). 
 
 
5.6.2.2.3 Consumidor potencial ou virtual 
Contrato de fiança. Relação entre o franqueador e franqueado. Lei 8.955/94. Código 
de  Defesa  do  Consumidor.  Fiança.  Exoneração.  1.  A  relação  entre  o  franqueador  e  o 
franqueado  não  está  subordinada  ao  Código  de  Defesa  do  Consumidor.  2.  Afastando  o 
acórdão a existência de moratória com base na realidade dos autos e em cláusula contratual, 
não há espaço para acolher a exoneração da  fiança, a  teor das Súmulas n.º 5 e 7 da Corte, 
ademais  da  falta  de  prequestionamento  dos  dispositivos  indicados  no  especial.  3.  Recurso 
especial não conhecido (grifou‐se).23 
Trilhando o mesmo entendimento, o STJ afastou a atividade de factoring do alcance 
do CDC, por não ter evidenciado, na hipótese, a situação de vulnerabilidade da pessoa jurídica 
contratante24.  
 
 
5.8.7.7  A  responsabilidade  das  empresas  de  planos  de  saúde  pelos  serviços 
prestados por médicos e hospitais credenciados 
A  jurisprudência  da  Casa  é  tranquila  em  reconhecer  a  legitimidade  passiva  da 
cooperativa  médica  em  demanda  que  se  discute  responsabilidade  civil  por  suposto  erro 
médico, pois a cooperativa tem por objeto a assistência médica e celebra contrato com seus 
associados, regulamentando a prestação de seus serviços de maneira padronizada, por meio 
 
que os  legitimados dos arts. 5.º da LACP e 82 do CDC podem  impetrar o writ coletivo, sem vislumbrar  limitações 
temáticas,  em  razão  de  o  mandamus  consistir  uma  garantia  constitucional  fundamental,  e  que,  portanto,  não 
comporta interpretação restritiva (Op. cit. p. 605).  
23  REsp 687.322/RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 21.09.2006; no mesmo sentido: REsp 930875/MT, 
3.ª Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 14.06.2011; AgRg no Resp 992528/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 
17.5.2010; REsp 1198176‐DF, Rel. Min. Massami Uyeda, 06.08.2010; REsp 813481, Rel. Min. Massami Uyeda, Dje 
30.06.2008. 
24 REsp 938.979/DF, 4ª Turma, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 19.06.2012.  
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
dos médicos e hospitais a ela filiados.25 
O entendimento,  já manifestado em diversos  julgamentos do  Superior Tribunal de 
Justiça,  foi  reafirmado  pela  Quarta  Turma  ao  dar  provimento  a  recurso  especial  para 
reconhecer  a  responsabilidadeda Unimed  Porto  Alegre  Cooperativa  de  Trabalho Médico  e 
aumentar de R$ 6 mil para R$ 15 mil o valor da indenização por danos morais para cliente que 
teve vários problemas após cirurgia para retirada de cistos no ovário26. Na hipótese,  importa 
destacar  as  ponderações  feitas  pelo  relator,  ministro  Raul  Araújo,  quanto  ao  regime  de 
responsabilização, a partir da distinção entre os contratos de seguro‐saúde e os contratos de 
planos de saúde: 
(i) se  o  contrato  for  fundado  na  livre  escolha  pelo  beneficiário/segurado  de 
médicos e hospitais com reembolso das despesas no  limite da apólice, conforme ocorre, em 
regra, nos chamados seguros‐saúde, não se poderá falar em responsabilidade da seguradora 
pela má prestação do serviço, na medida em que a eleição dos médicos ou hospitais aqui é 
feita pelo  próprio paciente ou por pessoa de  sua  confiança,  sem  indicação  de profissionais 
credenciados ou diretamente vinculados à referida seguradora. A responsabilidade será direta 
do médico e/ou hospital, se for o caso;  
(ii) se  o  contrato  é  fundado  na  prestação  de  serviços  médicos  e  hospitalares 
próprios  e/ou  credenciados,  no  qual  a  operadora  de  plano  de  saúde  mantém  hospitais  e 
emprega médicos ou indica um rol de conveniados, não há como afastar sua responsabilidade 
solidária e objetiva pela má prestação do serviço. 
 
 
5.11.3.2 As práticas abusivas elencadas exemplificativamente no art. 39  
II – recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas 
disponibilidades  de  estoque,  e,  ainda,  de  conformidade  com  os  usos  e  costumes:  o 
fornecedor não pode negar‐se a fornecer os produtos ou serviços próprios da sua atividade, na 
medida  das  disponibilidades  de  estoque  e  conforme  os  usos  e  costumes,  podendo  o 
consumidor  exigir  o  cumprimento  forçado  dessa  obrigação.  Nesse  sentido,  considera‐se 
abusiva, por exemplo, a conduta do taxista que recusa a “corrida” ao consumidor, ao saber da 
pequena  distância  a  ser  percorrida.  O  objetivo  do  Código  é  coibir  a  especulação  e  a 
discriminação. A prática abusiva em análise também pode configurar crime contra as relações 
de consumo, previsto no art. 7.º, VI, da Lei 8.137/1990, com pena de detenção de dois a cinco 
anos, ou multa. 
Em interessante julgado, o STJ considerou ilícita a negativa pura e simples, por parte 
de uma seguradora, de contratar seguro de vida com um jovem que foi portador de leucemia, 
mas apresentava‐se clinicamente curado. Na hipótese, diversas opções poderiam substituir a 
simples negativa, como a formulação de prêmio mais alto ou mesmo a redução da cobertura 
securitária,  excluindo‐se  os  sinistros  relacionados  à  doença  pré‐existente.  Para  a  Corte 
Superior, “rejeitar o consumidor, pura e simplesmente, notadamente em situações em que o 
seguro é oferecido como consectário do contrato de estágio, gera dano moral.”27 
 
 
                                                            
25  AgRg no Resp 1.029.043/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª Turma, DJ 08.06.2009. No mesmo sentido: REsp 
138.059/MG, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 11.06.2001.  
26 REsp 866.371/RS, 4ª Turma, rel. Min. Raul Araújo, DJe 20.08.2012.   
27REsp 1300116/SP, 3ª Turma, rel. Min. Nancy Andrigui, j. 23.10.2012. 
 
 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
                                                           
5.11.5.5.1 Direito à comunicação do assento 
Agora,  uma  vez  quitada  a  dívida,  a  quem  compete  providenciar  o  cancelamento  do 
registro?  Comprovado  o  pagamento  do  débito,  cabe  ao  fornecedor‐credor  providenciar  o 
imediato cancelamento da inscrição negativa, sob pena de responder por perdas e danos. Nesse 
sentido  está  assentada  a  jurisprudência  do  STJ:  “Compete  ao  credor  providenciar  a  imediata 
exclusão do nome do devedor que efetua o pagamento, a  fim de que a entidade mantenedora 
possa proceder a respectiva baixa”.28 Quanto ao prazo para o credor solicitar essa baixa, o STJ29 
definiu‐o em 5 (cinco) dias (aplicação analógica do art. 43, § 3º, do CDC), contados da data em 
que houver o pagamento efetivo, sendo certo que as quitações realizadas mediante cheque, 
boleto bancário, transferência interbancária ou outro meio sujeito a confirmação, dependerão 
do efetivo ingresso do numerário na esfera de disponibilidade do credor. 
 
 
5.12.7.5 Elenco exemplificativo das cláusulas abusivas  
Note‐se que o “sistema” de proteção ao consumidor engloba  todas as normas que 
tutelem  o  consumidor,  mesmo  que  indiretamente,  não  se  restringindo,  portanto,  às 
disposições do CDC. Assim,  também  fazem parte do “sistema de proteção ao consumidor” a 
Lei  de  Economia  Popular  (Lei  1.521/1951),  a  Lei  Delegada  (Lei  04/1962),  a  Lei  dos  Crimes 
contra  a  Ordem  Econômica  (Lei  8.137/1990),  a  Lei  de  Defesa  da  Concorrência  (Lei 
12.529/2011), a  Lei de Plano e de  Seguro‐Saúde  (Lei 9.656/1998), além de outros diplomas 
legais e normas administrativas que tutelem, direta ou indiretamente, os direitos e interesses 
dos consumidores. 
 
 
6.8.2.1 Introdução  
O conceito de patrimônio público é extraído do art. 1.º, § 1.º, da Lei da Ação Popular 
(Lei 4.717/1965),30 e compreende o complexo de bens e direitos de valor econômico, artístico, 
estético,  histórico  ou  turístico  pertencentes  à  União,  ao  Distrito  Federal,  aos  Estados,  aos 
Municípios e aos respectivos órgãos da administração indireta.  
 
 
6.8.4.2 Lei Eleitoral (Lei 9.504/1997) 
Assim, caso as condutas vedadas aos agentes públicos no art. 73 da Lei 9.504/1997 
importem  em  enriquecimento  ilícito  ou  lesão  ao  erário,  deverão  ser  enquadradas, 
respectivamente, nos arts. 9.º e 10 da LIA.31 In casu, o tipo de improbidade previsto no art. 11 
da  LIA  continua  tendo  aplicação  residual,  é  dizer,  somente  incidirá  quando  as  condutas 
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais não se 
amoldarem à tipologia dos arts. 9.º (enriquecimento ilícito) e 10 (lesão ao erário) da LIA. 
 
28  REsp  683.409/RS,  4.ª  Turma,  rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa,  j.  13.02.2007. No mesmo  sentido: AgRg no Ag 
1094459/SP, 3.ª Turma, Min. Sidnei Beneti, j. 19.05.2009.  
29 A propósito: REsp 1149998/RS, 3ª Turma, rel. Min. Nancy Andrigui, j. 07.08.2012. 
30  Art. 1.º, § 1.º, da Lei 4.717/1965: “Consideram‐se patrimônio público, para os fins referidos neste artigo, os bens 
e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico”. 
31  Em sentido contrário, mesmo reconhecendo o equívoco do legislador, Pedro Roberto Decomain advoga a tese de 
que a prática das condutas vedadas a agentes públicos em campanhas eleitorais, por força do disposto no § 7.º do 
art. 73, deve  ser enquadrada na  tipologia do art. 11,  I, da  LIA  (Improbidade administrativa. São Paulo: Dialética, 
2008. p. 182‐183). 
 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
(...) 
Mas atenção: em questões objetivas, recomenda‐se aos candidatos 
a opção pela alternativa que esteja em conformidade com a letra da 
lei, isto é, que enquadre a prática das condutas vedadas aos agentes 
públicos  em  campanha  eleitoral  na  tipologia  do  art.  11,  I,  da  LIA 
(atentado contra os princípios regentes da atividade estatal).  
 
6.8.5 Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010) 
A Lei Complementar 64/1990  (Lei de  Inelegibilidades) regulamentou o art. 14, § 9º, 
da  Constituição,  erigindo  diversas  hipóteses  de  inelegibilidade.  Cerca  de  20  anos  após  sua 
promulgação, essa norma foi alterada pela Lei Complementar 135/2010 – também cha‐mada 
de “Lei de da Ficha Limpa”. 
Não  é  objetivo  deste  trabalho  analisar  todas  as  hipóteses  de  inelegibilidade 
elencadas  na  LC  64/1990,  com  as  alteraçõespromovidas  pela  LC  135/2010.  Na  sequência, 
cuidare‐mos  apenas  das  hipóteses  nas  quais  se  tem  em  mira  a  proteção  da  probidade 
administra‐tiva e a moralidade para o exercício de mandato eletivo em vista da experiência 
pregressa do candidato como agente público.  
6.8.5.1 Rejeição de contas por irregularidade insanável e que configure ato doloso de 
improbidade administrativa 
A primeira hipótese de inelegibilidade a ser destacada é aquela prevista no art. 1.º, I, 
“g”, da LC 64/1990. Confira‐se: 
Art. 1.º São inelegíveis: 
I – para qualquer cargo: 
(...) 
g) os que  tiverem  suas  contas  relativas ao exercício de  cargos ou  funções públicas 
rejeitadas  por  irregularidade  insanável  que  configure  ato  doloso  de  improbidade  adminis‐
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou 
anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, 
contados  a  partir  da  data  da  decisão,  aplicando‐se  o  disposto  no  inciso  II  do  art.  71  da 
Constituição Federal, a  todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que 
houverem agido nessa condição;  (Redação dada pela Lei Complementar n.º 135, de 2010) 
Para a caracterização da inelegibilidade enfocada, requer‐se: a) o julgamento e a re‐
jeição  das  contas  relativas  ao  exercício  de  cargos  ou  funções  públicas;  b)  a  detecção  de 
irregularidade  insanável;  c)  que  essa  irregularidade  caracterize  ato  doloso  de  improbidade 
administrativa; e d) decisão irrecorrível do órgão competente para julgar as contas. 
Para os fins eleitorais, irregularidades insanáveis sãos aquelas graves, decorrentes de 
condutas perpetradas com dolo ou má‐fé, contrárias ao  interesse público. Na  jurispru‐dência 
do  Tribunal  Superior  Eleitoral,  encontramos  os  seguintes  exemplos  de  irregulari‐dades 
consideradas  insanáveis:  descumprimento  da  Lei  de  Licitações  (REsp  33.659/SP  –  PSS 
4.12.2008);  retenção  de  contribuições  previdenciárias  sem  o  indispensável  repasse  à 
Previdência  Social  (AREspe  34.081/PE,  DJe  12.02.2009;  descumprimento  da  Lei  de 
Responsabilidade  Fiscal  (AREsp  32.802/PR,  DJe  02.06.2009);  aplicação  irregular  de  receitas 
repassadas  por meio  de  convênio  (REspe  34.066/SE  –  PSS  071202008);  e  a  prática  de  atos 
geradores de dano ao erário, assim reconhecido pelo Tribunal de Contas (AAREsp 33.806/MG, 
DJe 18.06.2009).          
Além  de  insanável,  a  irregularidade  precisa  configurar  ato  doloso  de  improbidade 
administrativa.  Quanto  ao  ponto,  uma  observação  se  faz  necessária:  não  se  exige  a 
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
condenação do candidato por ato de  improbidade,  tampouco que haja ação de  improbidade 
em curso na  Justiça Comum. Para que a hipótese de  inelegibilidade em exame  incida, basta 
que a Justiça Eleitoral decida que a  irregularidade  insanável apontada também configure ato 
doloso de  improbidade administrativa. Na espécie, como bem observa José Jairo Gomes, não 
se há falar em condenação da Justiça Eleitoral pela prática de ato de improbidade, mas apenas 
em apreciação e qualificação jurídica de fatos e circunstâncias relevantes para a estruturação 
da inelegibilidade em apreço.  
Contudo,  atenção:  se houver  sentença  condenatória definitiva emanada da  Justiça 
Comum, o juízo de improbidade aí firmado vincula a Justiça Eleitoral.   
Por fim, anote‐se que a hipótese de inelegibilidade em apreço também reclama que 
haja  decisão  irrecorrível  do  órgão  competente  para  julgar  as  contas.  Diz‐se  irrecorrível  a 
decisão da qual não  caiba mais nenhum  recurso no  âmbito  administrativo. E é  justamen‐te 
essa decisão final que marca o termo de início do prazo de oito anos de inelegibilidade.  
6.8.5.2 Condenação pela prática de atos dolosos de improbidade administrativa 
A segunda hipótese de inelegibilidade voltada diretamente à defesa da probidade ad‐
ministrativa está prevista no art. 1.º, I, “l”, da LC 64/1990, que assim dispõe:  
Art. 1.º São inelegíveis: 
I – para qualquer cargo: 
(...) 
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada 
em  julgado  ou  preferida  por  órgão  judicial  colegiado,  por  ato  doloso  de  improbidade 
administrativa  que  importe  lesão  ao  patrimônio  público  e  enriquecimento  ilícito,  desde  a 
condenação  ou  o  trânsito  em  julgado  até  o  transcurso  do  prazo  de  8  (oito)  anos  após  o 
cumprimento da pena; (incluído pela Lei Complementar n.º 135, de 2010).   
A configuração da inelegibilidade enfocada requer: a) condenação por ato doloso de 
improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito; 
b) que essa condenação transite em julgado ou seja proferida por órgão judicial colegiado; e c) 
que seja aplicada na sentença condenatória a sanção de suspensão dos direitos políticos. 
Conforme será visto em momento oportuno, a sanção de suspensão dos direitos polí‐
ticos está prevista para as três modalidades de improbidade administrativa (arts. 9.º, 10 e 11), 
mas sua aplicação não é obrigatória. Assim, mesmo que o agente seja condenado pela prática 
de  ato  de  improbidade,  é  possível  que  a  ele  não  se  imponha  a  sanção  de  suspensão  dos 
direitos políticos; neste caso, não terá incidência a hipótese de inelegibilidade em estudo. 
Também é preciso que seja reconhecida a prática de ato doloso de improbidade que 
importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. Logo, conforme já decidido pelo 
TSE, se o candidato for condenado por ato de  improbidade que  importe apenas violação aos 
princípios da Administração Pública (art. 11 da LIA), não terá incidência a inelegibilidade do art. 
1.º, I, l, da LC 64/1990.  
Questão  interessante consiste em  saber  se a  inelegibilidade do art. 1.º,  I, 1, da Lei 
Complementar  64/1990  incide  apenas  nas  hipóteses  de  condenação  por  improbidade  que 
implique, concomitantemente, lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.  
Para  parte  da  doutrina,    a  qual  nos  filiamos,  a  conjuntiva  e  no  texto  deve  ser 
entendida como disjuntiva (ou), pois é possível cogitar de lesão ao patrimônio público por ato 
doloso do agente sem que haja correspondente enriquecimento ilícito, assim como é possível 
cogitar  de  enriquecimento  ilícito  do  agente  sem  que  haja  correspondente  lesão  ao  erário. 
Nesse sentir,  tanto a condenação pela prática de ato doloso  lesivo ao erário  (art. 10 da LIA) 
como a condenação pela prática ato que importe em enriquecimento ilícito são aptas a atrair a 
incidência da hipótese de inelegibilidade em foco.   
 
Série Estudo Esquematizado 
Interesses Difusos e Coletivos 
Cleber Masson, Landolfo Andrade e Adriano Andrade 
2ª para 3ª edição 
 
 
Não é esse, contudo, o entendimento que prevalece na jurisprudência do TSE. Para a 
Corte  Superior  Eleitoral,  a  condenação  pela  prática  de  atos  de  improbidade  administrativa 
somente atrai a inelegibilidade descrita na alínea l do inciso I do art. 1.º da Lei Comple‐mentar 
64/1990 se reconhecer, cumulativamente, a ocorrência de enriquecimento ilícito e de lesão ao 
patrimônio público.

Outros materiais