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TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

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TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
Conceito de obrigação: Obrigação na ideia usual significa dever, mas para o Direito Civil obrigação é uma espécie de relação jurídica que vincula devedor ao credor.
Definição de Flávio Tarturce: “Relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor. ”
O titular do direito está diretamente vinculado ao titular do dever e tal vínculo é a obrigação.
O objeto da relação obrigacional é sempre uma prestação (dar, fazer ou não fazer alguma coisa).
Antigamente, os romanos atribuíam penas e punições de cunho pessoal (corporal) ao devedor, hoje em dia o vínculo é patrimonial, devidamente regido pelo ordenamento jurídico e por princípios delimitadores, nos quais credor e devedor possuem direitos e deveres.
- Princípio da Função Social: No período liberal o Estado não podia interferir nas questões econômicas e muito menos em questões sociais. O titular de um direito poderia usá-lo como bem lhe aprouver (individualismo) e o Estado não podia interferir. Isso caiu por terra, nenhum homem vive sozinho, portanto deve respeitar o corpo social no qual está inserido pois tudo repercute na sociedade. Surge então uma preocupação com a função social que é uma forma de delimitar o exercício do Direito. O homem deve levar em conta os interesses da sociedade e harmonizar os interesses, deve haver um “meio termo”. Hoje em dia existe a função social para qualquer direito para não haver nenhum tipo de abuso (art. 187).
Na relação obrigacional (devedor x credor) as partes quando contraem uma obrigação devem levar em conta os interesses do corpo social.
Eficácia Extrínseca: Via de mão dupla – as partes devem levar em conta o interesse da coletividade e vice-versa.
Ex: Duas empresas se unem para tentar controlar o preço dos produtos que elas produzem (cartel). No Estado Liberal isso era permitido, mas atualmente o Estado intervém.
Ex: Caso do Zeca Pagodinho (houve multa, mas desse jeito há uma banalização da lei).
Eficácia Intrínseca: Diz respeito às partes contratantes. Quando as partes forem executar aquilo que for pactuado, devem sempre levar em consideração os interesses da outra parte. 
O credor tem o direito de cobrar do devedor só que quando ele for exigir o pagamento, ele não pode ignorar os interesses do devedor (Princípio da Solidariedade) – a relação deve ser equilibrada.
- Princípio da Boa-fé Objetiva: Norma de conduta que obriga as partes a um justo proceder, ou seja, a se comportar de uma forma correta, justa e ética.
Estabelece uma série de deveres para ambas as partes: dever de lealdade, de informação e de cooperação. Tais deveres vinculam as partes, ambas são obrigadas a cumpri-los seja no momento em que nasce uma obrigação ou na conclusão e extinção de tal obrigação (art. 422).
- Princípio da dignidade da pessoa humana: Princípio base do ordenamento (art. 1º da CF). Personalização do ordenamento: Proteção à pessoa e não somente ao patrimônio.
Na relação obrigacional o devedor responde com o seu patrimônio, mas existem limitações para proteger sua dignidade. Por exemplo o bem de família e o salário são impenhoráveis.
Resumindo, OBRIGAÇÃO é uma espécie de relação jurídica de cooperação que pressupõe um VÍNCULO patrimonial entre devedor e credor na qual ambos são sujeitos de direitos e de deveres que devem ser exercidos em consonância com a função social, a boa-fé objetiva, assim como a dignidade da pessoa humana, tendo por objeto uma prestação (dar, fazer ou não fazer alguma coisa).
● Elementos da Relação Obrigacional 
- Elemento Subjetivo: Sempre duplo – São os sujeitos da relação obrigacional ( (credor x devedor)
Sujeito Passivo: Devedor – é que assume um dever de um cumprir a obrigação
Sujeito Ativo: Credor – é o beneficiário da obrigação
Sempre são 2 polos = 2 partes – Cada uma das partes pode ter 1 ou mais pessoas
Uma mesma pessoa pode ocupar o polo ativo e o polo passivo de uma mesma relação obrigacional
Ex: Quero comprar um pão de queijo
A lanchonete é credora do preço e devedora do pão de queijo. Eu sou credor do pão de queijo e devedora do preço. Depois que paguei, passo a ser o credor do pão de queijo e a lanchonete credora do preço.
- Elemento Objetivo ou Material: É o objeto da obrigação.
Nunca é um bem corpóreo e sim um comportamento, uma prestação – dar, fazer ou não fazer
Ex: A deu celular para B
A = devedor e B = credor ( o objeto dessa obrigação é a prestação de dar o celular (obrigação positiva)
Alguns doutrinadores dividem entre objeto mediato e objeto imediato.
Objeto mediato: É o bem ou tarefa que será desempenhada na obrigação (Celular).
Objeto imediato: Sempre uma prestação (restituir o celular).
O objeto da obrigação deve ser sempre susceptível do ponto de vista econômico, pois se não for cumprida a prestação, pode ser cabível perdas e danos, avaliando economicamente a prestação/valor do objeto.
- Elemento Imaterial: É o vínculo jurídico existente na relação obrigacional. É incorpóreo/intangível.
É o elo que sujeita o credor à determinada prestação – positiva ou negativa – em favor do credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas.
● Os elos/vínculos são:
( Débito: Dever que tem o devedor de realizar a prestação obrigacional no interesse do credor.
A prestação é de A dar o celular para B, portanto A é o devedor -> débito de A
( Responsabilidade: Visa assegurar o cumprimento do débito de forma patrimonial. É uma sujeição patrimonial para assegurar o cumprimento do débito.
O devedor tem a obrigação de pagar, se ele não pagou, surge a responsabilidade (que ele assumiu como garantia do débito não cumprido). A responsabilidade não atinge todo o patrimônio – existe um mínimo existencial – dignidade da pessoa humana.
Ex: Fiador e credor – só há responsabilidade – o fiador não deve, só é garantidor do pagamento da dívida.
Exceções: Dívidas de jogo e aposta – não há responsabilidade, só o débito (inexigível judicialmente)
● Conceitos
( Direito Potestativo: Poder de interferir na esfera jurídica de outra pessoa sem que ela possa fazer nada a não ser se sujeitar. É um direito que não pode ser violado.
O direito de crédito não é potestativo, é subjetivo, pois pode ser violado – devedor não cumpriu = violou.
Um exemplo de direito potestativo é o direito de desfazer o negócio compra/venda fora do estabelecimento comercial no prazo de sete dias.
( Ônus: É a necessidade de agir de certo modo para atender a interesses próprios. Semelhante ao dever, porém dever é agir de certo modo para atender a interesses alheios.
Ônus da prova: dever de suportar o que está alegando para que seja julgado procedente seu pedido.
Ex: A deve B – B tem o ônus de provar o que está alegando.
Ninguém pode exigir ônus de ninguém. Se eu sou titular de um ônus, a outra parte não pode exigir o cumprimento desse ônus -> interesse meu
Se eu sou titular de um dever, a outra parte pode exigir de mim o cumprimento desse dever -> interesse dela.
Ex: Comprei um carro e tem garantia de 3 anos. Durante os 3 anos tenho que fazer a revisão nas concessionárias mas não sou obrigado, ou seja, não é um dever, é um ônus.
● Fontes das Obrigações
O que dá origem a uma obrigação? 
A fonte mais importante é o contrato – o tempo todo celebramos contratos, ainda que não seja de forma escrita, a maioria é de forma verbal ou tácita.
Desde Roma já admitia-se o Contrato e o Delito.
Delito = ato ilícito contra o ordenamento
Delito também gera obrigação (autor do delito x vítima) – causa do cano -> surge a obrigação
Inicialmente o contrato e o delito eram as duas fontes, porém os próprios romanos acharam insuficiente e criaram o quase contrato e o quase delito
( Quase contrato: Situações em que surgia uma obrigação proveniente deum ato lícito, que não assumia forma de contrato mas gera obrigação.
Gestão de negócios – próximo do mandato mas não se confunde com ele. A gestão de negócios ocorre sempre que alguém, embora não esteja munido de poderes para tanto, assume a defesa de um interesse alheio.
Ex: Vizinho paga conta do outro que foi viajar – não proveniente de acordo de vontades mas é lícito.
( Quase delito: “ato ilícito culposo”- Corresponde aquilo que hoje entendemos como responsabilidade objetiva. Ocorre sempre que é praticado um ato lícito, mas que, por gerar um dano, dará origem ao dever de indenizar.
Ex: Estado de necessidade – que cause dano e gere o dever de indenizar.
(Delito + quase delito = ato ilícito)
Tudo isso serviu de base para o CC de 1916, no qual aboliu-se o quase contrato e substituiu-se por declaração unilateral de vontade.
( Fontes: 
- Contrato: Art. 421 e ss – são tidos como a fonte principal do direito obrigacional.
- Ato ilícito: São fontes importantes, com enorme aplicação direta. Geram deveres de indenizar.
- Declaração unilateral de vontade: Arts. 854 e ss - ato humano simples que gera obrigações, por exemplo a gestão de negócios, enriquecimento sem causa, promessa de recompensa, pagamento indevido, etc.
Obs: Muitas vezes a obrigação não surge dessas 3 fontes – nesse caso a fonte é a lei (mas a lei sozinha não gera obrigação, é preciso que haja uma situação fática para associar a lei o fato e gerar a obrigação).
Outras correntes afirmam que o fato jurídico é uma fonte de obrigação. Fato jurídico é todo acontecimento capaz de produzir efeitos no mundo jurídico (fato jurídico = norma + fato -> não é FJ se for apenas um deles).
A lei por si só como fonte de obrigação só enxerga um lado, já a teoria que vê o fato jurídico como fonte de obrigação é mais ampla e vê os dois lados: fato (acordo de vontades) e norma (que atribui efeitos normativos).
● Responsabilidade pelo não cumprimento da obrigação
Responsabilidade: espécie de sujeição patrimonial que vise assegurar o cumprimento do débito (garantia). Recai exclusivamente no patrimônio do devedor e apenas na parte necessária para quitar o débito, sempre respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana.
Art. 5º inciso 67 – Não há prisão por dívida exceto para o devedor de alimentos ( e a prisão não o exclui de pagar)
( Prisão do depositário infiel
Depositário é aquele que recebe um bem para preservá-lo e posteriormente restituí-lo ao dono. Caso não devolva, é chamado de depositário infiel.
Existem 3 tipos de depósito:
- Depósito Legal: Fixado em lei – a lei atribui a uma pessoa a condição de depositário. Por exemplo no transporte de pessoas, o transportador recebe as bagagens na condição de depositário, condição atribuída pela lei.
- Depósito Judicial: Fixado judicialmente – por exemplo, em uma briga judicial por bens, o juiz nomeia um depositário para zelar e administrar os bens para que não pereçam.
- Deposito Convencional: Fruto de convenção/acordo entre as partes – por exemplo, guardar e conservar o carro em um estacionamento
O depositário tem a obrigação de restituir o bem e caso não devolva, é necessário saber qual tipo de depósito estava estabelecido. Para depósito legal e convencional, é necessário propor uma ação própria para reaver o bem. Já no depósito judicial não é necessário pois já está em uma ação, o próprio juiz executa as medidas legais necessárias.
Em tese, o depositário infiel poderia ser preso (de acordo com o artigo 5º, inciso 67 da CF) porém na prática é diferente. De acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, um pacto internacional, é vedada a prisão cível por dívida, exceto por dívida de alimentos, excluindo a prisão do depositário infiel. O pacto visa principalmente preservar os Direitos Humanos e pode ter status de norma constitucional caso seja ratificado, porém existem controvérsias sobre ter ou não tal status. Enfim, na prática, o depositário infiel não é preso.
● Direito de Crédito
A grande maioria das obrigações pressupõe os elementos imateriais débito e crédito. Débito é o dever do devedor de realizar a prestação obrigacional. Em contrapartida o DIREITO DE CRÉDITO é o direito que o credor tem de exigir o cumprimento do débito por parte do devedor. O objeto do direito de crédito é uma prestação.
( Direitos Reais: São direitos que incidem diretamente sobre determinado bem e que atribui a seu titular algumas prerrogativas, como por exemplo, usar, fruir, dispor e reivindicar o bem. O direito de propriedade é um exemplo de direito real (propriedade do celular). Por exemplo, comprei um celular – inicialmente gerou uma relação obrigacional (débito e direito de crédito), mas ainda não é minha propriedade.
Para gerar uma propriedade é preciso que haja a entrega definitiva. No caso de bens móveis, chama-se TRADIÇÃO e no caso de bens imóveis, é necessário fazer o registro do imóvel. Só após a tradição ou registro é que se torna propriedade. Após o celular tornar-se propriedade, é que surge o direito real.
Nasce o direito de crédito (dar, fazer, não fazer) ( se extingue o direito de crédito (deu, fez, não fez) 
( nasce o direito real (propriedade de um bem, por exemplo)
É preciso saber se a pessoa possui direito de crédito ou direito real.
( Distinções Direitos Reais e Direito de Crédito
1. Existe uma teoria que diferencia levando em conta o objeto do direito. O objeto do Direito de Crédito é uma prestação (comportamento) – dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Já o objeto dos Direitos Reais é um bem móvel ou imóvel.
Ex: Comprei o celular – direito de crédito – o objeto é a prestação.
Me entregaram o celular – direito de crédito se extinguiu, surge meu direito real (propriedade) e o objeto é o celular.
2. Outra diferença é que os Direitos Reais são absolutos, são erga omnes, ou seja, oponíveis em relação a todos. Por exemplo, os direitos de personalidade, como o direito à vida. Já o Direito de Crédito é relativo, oponível apenas interpartes (apenas entre o credor e devedor).
Por serem absolutos, os Direitos Reais pressupõe uma relação entre um sujeito ativo conhecido e um sujeito passivo universal.
- Direitos Reais: Titular do direito ativo
 Toda coletividade passivo ( não pode lesar o titular do direito)
- Direito de Crédito: Sujeito ativo e passivo são determinados, e o sujeito ativo só é oponível ao sujeito passivo determinado.
3. Os Direitos Reais possuem poder de sequela, que é o poder de perseguir e reaver a coisa onde quer que ela esteja, é exercido diretamente sobre o bem.
Ex: Hipoteca (garantia de uma dívida) – a hipoteca não impede o imóvel de ser vendido.
A hipoteca o imóvel para B porque tem uma dívida com B, mas A vende a casa para C, e C vende a casa para D. B pode pegar a casa quando quiser se a hipoteca não for quitada.
Um Direito Real pode surgir sem que haja Direito de Crédito, como no caso de usucapião, por exemplo.
● Classificação das Obrigações
1. Quanto à natureza do vínculo: Obrigação propter rem
Propter: Em razão de + Rem: Coisa = em razão de uma coisa
Obrigação que vincula uma pessoa pelo fato de ela ser titular de alguma coisa. Está sempre vinculada a uma coisa. Por exemplo a obrigação de pagar o IPVA porque sou titular de um carro.
Geralmente as obrigações podem ser transmitidas (o credor pode ceder seu crédito), já na propter rem não pode transferir a um terceiro. Somente com a transferência da coisa, a obrigação propter rem é transferida.
Carro + obrigação de pagar IPVA -> sempre atrelada a coisa
Cuidado: Muitas vezes o bem pode vir com uma dívida atrelada a ele, como no caso de IPVA vencido, mesmo havendo reembolso posteriormente.
- Natureza da obrigação propter rem: alguns afirmam que tem a natureza de um Direito real pois está atrelada a coisa e outros dizem que é de Direito de Crédito pois o objeto é uma prestação. A tese dominante é que existe um meio termo (natureza sui generis).
2. Quanto a exigibilidade da prestação- Obrigação Natural: Se caracteriza pela inexigibilidade da sua prestação – por mais que o devedor tenha um débito, se ele não realizar tal débito, o credor não pode cobrá-lo judicialmente. Não há responsabilidade e pretensão por parte do credor, portanto não obriga o pagamento. Por exemplo, em obrigações decorrentes de dívidas de jogo. Existe o elemento débito, mas não é regulamentado pela lei. Embora haja o débito, o devedor pode pagar, mas sem direito de reembolso.
- A partir do artigo 814.
Existe uma corrente que diz que a obrigação natural é meramente moral e não jurídica. O professor Cimon é contra, pois é regida civilmente e quando ocorre a quitação do débito, quita-se a obrigação. É uma obrigação jurídica imperfeita, já que falta a responsabilidade.
3. Quanto ao objeto
Objeto = Prestação – dar, fazer ou não fazer
a) Obrigação de DAR: Consiste em entregar ou restituir alguma coisa.
Entregar = entrega de um objeto que pertence ao devedor, que em virtude da relação obrigacional se compromete a entregar o objeto ao credor.
Restituir = o objeto não pertence ao devedor, pertence ao credor e o devedor tem o dever de restituí-lo ao credor.
Para que seja de fato propriedade: Bem móvel (tradição) e bem imóvel (registro).
- A obrigação de dar se distingue em duas obrigações distintas:
( Obrigação de dar a coisa certa
É aquela que recai sobre o objeto que já está totalmente individualizado, ou seja, aquele objeto que se distingue de todos os demais por suas características próprias, pode ser móvel ou imóvel. 
Na obrigação de dar coisa certa, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa, conforme consta no art. 313 do CC e não é obrigado a receber por partes, a não ser que isso seja estabelecido (art. 314).
Art. 233: A obrigação de dar a coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do acaso – o bem acessório segue o bem principal.
Tal regra não vale para as pertenças, a não ser que sejam de natureza essencial (art. 94).
-> Perda ou deterioração do objeto da prestação
A perda pressupõe a destruição total da coisa, já a deterioração pressupõe a deterioração parcial. Deve-se analisar se a obrigação é de entregar ou restituir. 
- Obrigação de dar coisa certa:
- Havendo perda da coisa sem culpa do devedor, antes da tradição, resolve-se a obrigação para ambas as partes (ou seja, as partes voltam à sua condição primitiva), sem o pagamento de perdas e danos. Por exemplo, convenciona-se a venda de um cavalo, com pagamento antecipado do preço. No dia anterior à entrega, o cavalo morre atingido por um raio. Nesse caso, o preço pago deverá ser devolvido, sem qualquer indenização.
- Havendo a perda da coisa com culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente à coisa e mais perdas e danos (art. 234). Em suma, haverá resolução da obrigação com perdas e danos. A culpa, nesse e nos casos a seguir, é concebida em sentido amplo, englobando o dolo (intenção de descumprimento) e a culpa (descumprimento por imprudência, negligência ou imperícia). No mesmo exemplo anterior, se o cavalo morrer por um golpe do devedor, que se encontrava em estado de embriaguez, além de devolver o preço recebido deverá indenizar o comprador.
- Havendo a deterioração da coisa sem culpa do devedor, o credor terá duas opções: ou resolver a obrigação, sem o direito a perdas e danos, já que não houve culpa da outra parte ou ficar com a coisa, abatido do preço o valor correspondente ao perecimento parcial (art. 235 do CC). Se o cavalo ficar cego porque foi atingido no seu olho por um inseto, o comprador poderá ficar com o cavalo, abatido no preço o valor da desvalorização; ou exigir a devolução do preço integral, sem perdas e danos.
- Havendo a deterioração da coisa, com culpa do devedor, poderá o credor exigir o valor equivalente à coisa ou ficar com ela no estado em que se encontrar, nos dois casos com perdas e danos (art. 236). Se no exemplo anterior o vendedor cegar o cavalo de forma intencional, o comprador poderá ficar com o animal deteriorado ou exigir o seu equivalente, nos dois casos com direito à indenização suplementar pelos prejuízos suportados.
- Obrigação de restituir coisa certa: 
- Havendo perda da coisa sem culpa do devedor e antes da tradição, aplica-se a máxima pela qual a coisa perece para o dono (res perit domino), suportando o credor o prejuízo, conforme determina o art. 238 do CC. Pelo mesmo dispositivo, o credor, proprietário da coisa que se perdeu, poderá pleitear os direitos que já existiam até o dia da referida perda. A regra é das mais importantes, devendo ser ilustrada. Como primeiro exemplo, imagine-se o caso de uma locação, em que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato. No caso de um incêndio causado por caso fortuito ou força maior e que destrói o apartamento, o locador (credor da coisa) não poderá pleitear um novo imóvel do locatário (devedor da coisa) que estava na posse do bem, ou o seu valor correspondente; mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso. Outro exemplo pode ser visualizado diante da vigência de um comodato, cujo veículo é roubado à mão armada, estando na posse do comodatário (devedor da coisa). A coisa perece para o seu dono (comodante), não respondendo o comodatário sequer pelo valor do automóvel.
- Havendo perda da coisa com culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos (art. 239). Assim, no caso por último descrito, caso o locatário seja responsável pelo incêndio que causou a perda total do apartamento, diga-se provado o seu dolo ou a sua culpa, o locador poderá pleitear o valor correspondente ao bem, sem prejuízo de perdas e danos.
- Havendo deterioração da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir, o credor somente pode exigir a coisa no estado em que se encontrar, sem direito a qualquer indenização (art. 240). Isso porque se a coisa perece para o dono totalmente, por igual perece parcialmente. Ilustrando, se na locação o imóvel for destruído parcialmente por uma enchente, o credor (locador) somente poderá pleitear a coisa, no estado em que se encontrar.
- Havendo deterioração da coisa com culpa do devedor, o credor passa a ter o direito de exigir o valor equivalente à coisa, mais as perdas e danos que o caso determinar (conforme o art. 240, segunda parte, que manda aplicar o art. 239 do CC). Em suma, se o credor quiser, poderá ficar com a coisa no estado em que se encontrar ou exigir o seu equivalente, mais perdas e danos, como consta do art. 236 do CC.
( Melhoramentos e acrescidos
- Quando não advém de obra ou comportamento do proprietário: De início, de acordo com o art. 237 do Código em vigor, até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Como melhoramentos devem ser incluídos os frutos, bens acessórios que são retirados do principal sem lhe diminuir a quantidade. Por exemplo, uma pessoa vende uma vaca e antes da tradição ela fica prenha, obviamente houve um acréscimo.
- Quando decorrer de obra/atividade do proprietário, aplica-se as regras relacionadas às benfeitorias. Desse modo, sendo o devedor possuidor de boa-fé terá direito aos frutos referidos no dispositivo em análise. Porém, se o possuidor tiver agido de má-fé, não haverá qualquer direito, além de responder por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como por aqueles que, por culpa sua, deixou de perceber.
( Obrigação de dar coisa incerta: é aquela que recai sobre o objeto que ainda não está totalmente individualizado, mas é passível de individualização. Se o objeto for indeterminado o negócio é nulo.
O objeto deve ser pelo menos determinável (mínimo gênero e quantidade – Ex: Um boi).
 A obrigação de dar coisa incerta é transitória pois posteriormente ela se tornará obrigação de dar coisa certa para ser cumprida,já que a coisa se especificará. (Ex: um boi preto da raça nelore de 2 anos de idade). Para isso, existe a escolha, que por via de regra cabe ao devedor mas, se estiver determinado o contrário cabe ao credor ou a terceiro.
Porém, para tal escolha, é preciso haver um meio termo: o devedor não pode escolher a pior coisa e não é obrigado a escolher a melhor coisa, podendo ter até uma perícia para saber se foi obedecido esse meio termo.
- Basta a escolha para que a obrigação de dar coisa incerta se torne obrigação de dar coisa certa? Não, é necessário que o credor seja cientificado de tal escolha (art. 245)
- Enquanto a obrigação for de dar coisa incerta, o devedor jamais poderá alegar perdas ou deterioração do bem para justificar o descumprimento da obrigação, pois se a obrigação é de dar coisa incerta, a obrigação é incerta. Portanto quando há a escolha, já ocorre a individualização da coisa e já torna-se certa.
- Quando o gênero é muito limitado, aplicam-se as regras referentes à obrigação de dar coisa certa.
Ex: Garrafa de vinho raríssima, que só existem 5 no mundo – muito restrito.
b) Obrigação de FAZER
- É aquela que impõe ao devedor a realização de um serviço/atividade no interesse do credor.
Ex: Médico contratado para fazer uma cirurgia.
- O objeto da obrigação de fazer é um serviço ou uma atividade. O objeto da obrigação de dar é entregar ou restituir alguma coisa. Algumas vezes o devedor deve fazer alguma coisa para depois entregar, nesse caso, prevalece nas doutrinas que a obrigação é de fazer (ex: carpinteiro faz uma mesa para entregar ao credor – obrigação de fazer).
( Obrigação de fazer FUNGÍVEL: É aquela pode ser cumprida por qualquer pessoa e não apenas pelo devedor da obrigação.
( Obrigação de fazer INFUNGÍVEL: É aquela que somente pode ser cumprida pelo devedor da obrigação.
Como saber se é fungível ou infungível? No contrato está determinado se é fungível ou infungível, mas muitas vezes pelas circunstâncias ou natureza do negócio isso se determina. Por exemplo, uma banda renomada é contratada para fazer um show, mas ela manda outra banda no lugar e não havia isso estabelecido no contrato. Dessa forma, é claro que a obrigação de fazer é infungível pois a banda renomada é insubstituível, não é qualquer uma.
É importante diferenciar para quando houver o descumprimento da obrigação = INADIMPLEMENTO 
-> Sendo a obrigação de fazer FUNGÍVEL, havendo inadimplemento, o credor poderá acionar o devedor, fixando-lhe um prazo para que ele cumpra a obrigação, sob pena de, se ele não cumprir, nomear alguém para responder no lugar dele e às custas dele.
Ex: Contratei um pintor para pintar minha casa e ele não foi pintar. Por via judicial, o aciono em juízo e se ele não cumprir, nomeio alguém para pintar às custas dele.
No caso de urgência, o próprio credor pode executar ou mandar executar a prestação e, posteriormente, exigir um reembolso (art. 249 – parágrafo único) >>>> obrigação de fazer se transforma em obrigação de dar = reembolsar.
Ex: Salgado para festa – melhor já executar porque uma ação ia demorar muito
-> Sendo a obrigação de fazer INFUNGÍVEL, havendo inadimplemento, é necessário observar duas coisas:
- É preciso saber se houve culpa ou não por parte do devedor, havendo a impossibilidade de fazer por caso fortuito ou força maior, por exemplo.
Ex: Banda ia apresentar um show mas teve uma enchente = sem culpa = impossibilidade de prestação
Nesse caso, a obrigação se extingue e as partes voltam ao estado anterior.
Pode haver no contrato uma cláusula de responsabilidade (art. 393)
- No caso de descumprimento culposo da prestação, o devedor poderá responder por perdas e danos. Por exemplo, a banda se recusa a fazer o show.
Nesse caso não é cabível a execução específica (recai especificamente sob a prestação devida) pois é uma obrigação de fazer. Por exemplo, comprei um celular de A e A não me entregou o celular, peço ao juiz um mandato judicial de busca e apreensão do celular -> ação recai especificamente sob o objeto devido. Ou seja, posso obrigar a pessoa a me dar o celular, mas na obrigação de fazer infungível isso não cabe, o credor deve contentar-se com perdas e danos.
Com o artigo 461 do CPC averígua-se uma mudança. Com a tutela específica é possível forçar o cumprimento da obrigação, com a possibilidade de pagamento de multa, por exemplo. 
Ex: banda se recusa a apresentar > juiz fixa uma multa para cada dia de atraso.
Se não for mais de interesse do credor o cumprimento da obrigação, basta então contentar-se com perdas e danos. 
c) Obrigação de NÃO FAZER
Obrigação de caráter negativo -> impõe ao devedor uma abstenção (não realização de uma coisa) e não uma ação.
Ex: Um artista da Globo se obriga a não se apresentar em outra emissora.
Toda obrigação, de certa forma, restringe a liberdade. Quando obriga-se a dar ou fazer algo, restringe-se a liberdade pois impõe uma limitação ao devedor, assim como a obrigação de não fazer algo. Portanto, deve-se observar se tal “não realização” está presente no ordenamento e se é válida. Por exemplo, uma mãe ciumenta oferece 500 mil reais ao filho para ele não se casar. Tal “obrigação” não está sustentada no ordenamento, é inválida, sendo seu objeto ilícito. A CF possui uma lei de liberdade de planejamento familiar.
O inadimplemento ocorre quando a pessoa faz/pratica aquilo que ela se comprometeu a não fazer.
As consequências irão depender se houve culpa ou não. Se o devedor foi obrigado a fazer o ato, se era impossível abster-se de cometê-lo, a obrigação irá se resolver e as partes voltam ao estado anterior.
Se houve simplesmente o descumprimento voluntário, o credor poderá entrar com perdas e danos. Se for possível desfazer o que o devedor fez, o credor pode acioná-lo em juízo, fixando-lhe um prazo para que desfaça o que foi feito, sob pena de, dentro desse prazo, ser nomeado alguém para desfazer no lugar dele, às custas do devedor.
Art. 251, parágrafo único – Em caso de urgência, o próprio devedor pode desfazer, tendo reembolso depois. 
Função social: Abuso de direito – ainda que o credor tenha direito de desfazer ou mandar desfazer sem autorização judicial, esse direito deve ser exercido de acordo com a boa-fé objetiva. Por exemplo, não posso derrubar um prédio de 10 andares porque ele foi construído no meu lote enquanto eu viajava.
4. Quanto à pluralidade de objetos
a) Obrigação Simples: É a obrigação que recai sob uma única prestação.
Ex: Devedor – Credor
Objeto = 1 prestação – dar, fazer ou não fazer – Compra e venda de um bem.
b) Obrigação Cumulativa ou Conjuntiva: É aquela que tem por objeto duas ou mais prestações distintas, que devem ser realizadas integralmente no interesse do credor.
Ex: Devedor se obriga a entregar uma moto e um carro
O credor não é obrigado a receber por partes se assim não foi convencionado (art. 314).
c) Obrigação Alternativa ou Disjuntiva: É aquela que recai sob duas ou mais prestações, porém apenas uma delas deve ser realizada no interesse do credor.
Ex: Obrigação de entregar uma moto ou um carro.

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