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RESUMO CIVIL III - Direito das Obrigações

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1 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Revisão do primeiro e segundo termo 
 Capacidade: 
a) Pessoa absolutamente incapaz: Menores de 16 anos ou aqueles que 
não conseguem exprimir contrato. 
b) Pessoa relativamente incapaz: Maiores de 16 anos e menores de 18 
anos ou aqueles com desenvolvimento cognitivo incompleto. 
c) Plenamente capaz: Maiores de 18 anos. 
O grande pilar do Direito Civil é a vontade. O absolutamente incapaz não 
tem vontade juridicamente protegida, ainda que tenha consciência de seus 
atos. 
 Personalidade jurídica: A partir do nascimento com vida é adquirida. 
 Capacidade de direito: Cada pessoa (que obrigatoriamente possui 
personalidade jurídica) tem capacidade de direito distintas de acordo 
com a sua particularidade. Exemplo: Estatuto da criança, estatuto do 
idoso e etc. 
 Direitos da personalidade: Direitos que a pessoa tem sobre si. 
Exemplo: Direito a honra, a imagem e etc. 
 Bens: Qualificações de bens. Exemplo: Móveis, imóveis, públicos, 
privados, divisíveis, indivisíveis e etc. 
 Negócios jurídicos: Vinculo entre duas ou mais pessoas responsável 
por criar, modificar ou exigir direitos. 
 O Direito Civil regula: 
a) Relação jurídica de uma pessoa com outra pessoa. 
b) Relação jurídica de uma pessoa com ela própria (direitos de 
personalidade). 
c) Reação jurídica de uma pessoa com uma coisa. 
 Negócios jurídicos ⇨ Obrigação ⇨ Contrato. Dentro de um contrato 
necessariamente tem negócios jurídicos e obrigação. 
 
Direito das Obrigações 
Obrigação é o negócio jurídico que tem particularidades obrigacionais, 
toda relação jurídica entre duas pessoas que tenha conteúdo econômico 
imediato. Exemplo: Pagar imposto, dívida, aluguel, compra e venda e etc. 
Relações jurídicas que não tenham conteúdo econômico imediato, como o voto 
que só passa a ter esse conteúdo com a multa, são deveres. 
 
Conceito: Trata-se do vínculo jurídico em que o devedor presta uma 
conduta em prol do credor com conteúdo econômico. 
a) Devedor: Quem presta uma conduta. Tem obrigação de prestar o 
direito de receber. Prepondera para ele a obrigação de entregar, pois 
sem ter feito isso ele não receberá. 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
b) Credor: Quem recebe/contra prestaciona/paga uma conduta. 
Prepondera para ele seu direito, pois ele realizará a contra prestação 
devido ao direito de receber. 
Caso o credor não cumpra a sua parte no vinculo jurídico (não 
cumpra suas obrigações), ele se torna um credor inadimplente. 
Exemplo: Compra e venda de carro, prepondera ao devedor a obrigação 
de entregar o carro (prestar) para então receber e prepondera ao credor o 
direito de receber o carro para então pagar. 
Exemplo 2: Moradores de prédio tem a obrigação de não fazer barulho 
após as 10h. Devedores seriam os moradores e credor o prédio. 
Exemplo 3: Contrato de locação/aluguel. O locatário (quem aluga) é o 
devedor, pois prepondera para ele a obrigação de devolver o bem, e para o 
credor (dono) prepondera o direito de receber a restituição. Observação: 
Anteriormente, quando a casa ainda não foi entregue ao locatário, o dono do 
imóvel era o devedor, visto que ara este preponderava a obrigação de entregar. 
Depois de entregar, sua obrigação acaba, tornando-se credor. 
 
Devedor ⇨ Credor 
Devedor ⇦ Credor 
 
Quando se fala em objeto da obrigação (relação jurídica) nos referimos a 
conduta a ser praticada, diz-se pelo tipo obrigacional descrito no Código Civil, 
ou seja, uma das nove espécies obrigacionais. Quando se fala em objeto da 
conduta nos referimos ao bem físico. Exemplo: Compra e venda de carro, 
objeto da obrigação é dar o carro e o objeto da conduta é o carro. 
Relação sintagmática: Em regra haverá equilíbrio econômico financeiro 
entre a conduta e a contraprestação. Equivalência entre direitos e deveres dos 
sujeitos obrigacionais ou contratuais. 
 
Relação com outros ramos do Direito: 
a) Direito Civil: Como componente da parte especial do código, tem a 
parte geral como base de sua construção teórica. 
b) Direito de Família: As obrigações estão presentes no que tange ao 
aspecto patrimonial destas relações (exemplo: pensão alimentícia, 
regime de bens no casamento). 
c) Direito das Sucessões: As obrigações são transmitidas “post 
mortem”, como componente do patrimônio do “de cujus” (exemplo: 
testamento). 
d) Código de Defesa do Consumidor: O direito material do consumidor é 
uma especialização do direito das obrigações, aplicável às relações 
de consumo. 
e) Direito Público: As obrigações tributárias (Direito Tributário) e os 
contratos administrativos (Direito Administrativo) têm sua base no 
Direito das obrigações. 
Importância: Regula o processo de produção e distribuição de bens e 
serviços. As relações obrigacionais são infinitas, estão presentes desde a 
atividade mais simples até a atividade mais complexa da sociedade. 
Quem tem a última ação é 
o devedor. 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Mutabilidade: É pouco mutável por sofrer influência mínima da 
organização social, política, religiosa e moral local e por prestigiar a segurança 
jurídica das relações econômicas. Quando existente, a mudança está 
relacionada à evolução econômica. 
Evolução histórica: 
a) Direito Grego: Aristóteles dividia as obrigações em voluntárias 
(oriunda do acordo das partes) e involuntárias (decorrentes de um 
fato), sendo que esta subdividida em “ato ilícito cometido às 
escondidas” (ex: furto, adultério) e “ato ilícito cometido com violência” 
(ex: roubo, homicídio). 
b) Direito Romano: Foi criada a figura do nexum (do verbo latino 
“nectere”, que significa ligar, prender), que possibilitava ao credor 
exigir do devedor o cumprimento de determinada obrigação, 
respondendo o seu corpo pelo descumprimento, podendo ser 
reduzido à condição de escravo. Nesta fase não era admitida a 
cessão ou transferência da obrigação, pois o vínculo se relacionava 
à pessoa. 
Posteriormente, trocou-se a responsabilidade corporal do devedor 
para a patrimonial. A ideia de que a obrigação importava no dever de 
dar, fazer ou não fazer algo, concepção que persiste até os dias 
atuais. 
Elementos da obrigação: 
a) Elemento subjetivo (pessoal): Corresponde aos sujeitos da 
obrigação (ativo e passivo). Pessoa capaz, incapaz desde que 
representado ou assistido, emancipado (pois atingiu capacidade civil 
plena), pessoa jurídica regularmente constituída, pessoa jurídica de 
fato/irregular mediante responsabilização do sócio e ente 
despersonalizado (nascituro, espólio, massa falida, condomínio). 
b) Objeto real (bem físico/conduta): Requisitos de validade. Deve ser 
lícito (não pode violar o ordenamento jurídico), determinado ou 
determinável (pelo gênero e quantidade) e possível (não deve existir 
impossibilidade física ou material). 
Observação: Se essas características não existem no momento da 
constituição, essa obrigação é inexistente. Se essas características 
se perdem após a constituição da obrigação, esta é desfeita. 
c) Vínculo jurídico: É o liame que sujeita o devedor a cumprir a 
obrigação em favor do credor, sob pena de determinada sanção. O 
ordenamento jurídico impõe ao obrigado o dever de “quitar” 
espontaneamente o débito e, caso contrário, de se responsabilizar 
patrimonialmente por ele. 
Débito é o dever jurídico imposto ao devedor de cumprir a conduta 
(vínculo espiritual, pessoal ou imaterial) e responsabilidade é a 
possibilidade de ajuizamento de ação para a exigência da conduta 
(vínculo material). 
Excepcionalmente, algum destes elementos não estará presente. A 
responsabilidade de terceiros (fiança) é uma responsabilidade sem 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
débito e a dívida prescrita é um débito sem responsabilidade. É o que 
se chama de obrigação imperfeita. 
Características: 
a) Vínculo jurídico entre os sujeitos obrigacionais, débito recíproco entre 
credor e devedor para fins de cumprimento das suas respectivas 
obrigações. Abrange apenas osrelacionamentos disciplinados pelo 
Direito. 
b) Pluralidade de sujeitos obrigacionais, necessidade de um sujeito 
obrigacional em cada polo, não atingindo terceiros (obrigação é 
sempre bilateral). 
c) Deve ser transitória, não é permanente. Com o cumprimento, 
extingue-se o vínculo jurídico. 
d) Obrigatoriedade de conteúdo econômico imediato, cunho pecuniário 
da prestação. 
Fontes (como a obrigação pode surgir): 
a) Negócio jurídico (bilateral), conjunto de vontades humanas. 
b) Ato unilateral, em sua origem constitui uma única pessoa e em seu 
cumprimento será bilateral. Declarações unilaterais de vontade. 
Exemplo: Promessa de recompensa, quem encontrou o bem pode ou 
não querer a satisfação econômica. 
c) Atos ilícitos (ato que viola o ordenamento e causa um dano). 
Exemplo: Atropelamento de alguém, violou o ordenamento e causou 
dano permanente a essa pessoa, e por isso tem a obrigação de 
pagar pensão a ela. 
d) A lei determina que cumpra determinada obrigação, fonte primária. 
Exemplo: Pagamento de pensão alimentícia. 
Obrigação Natural: Trata-se de uma relação jurídica entre pessoas 
com conteúdo econômico ou não. Tem débito, mas não há responsabilidade. 
Não são judicialmente exigíveis, mas, se forem cumpridas serão tidas por 
válido o pagamento, que não poderá ser repetido (retenção do 
pagamento, soluti retentio). Possui juridicidade limitada, mas situa-se no campo 
do Direito. Embora desprovida de poder coativo, se o devedor 
espontaneamente a cumpre, o pagamento considera-se legal e, por essa 
razão, não se concede ação no caso de se pretender recobrar o que foi pago, 
por isso se trata de uma obrigação imperfeita. 
Obrigação Moral: É mero dever de consciência, o Direito não lhe 
reconhece qualquer prerrogativa. Seu cumprimento constitui uma simples 
questão de princípios (carga valorativa, moralidade), sem qualquer juridicidade, 
e sua consequência será somente social, como no caso de não tirarmos o 
chapéu ao entrarmos em templo religioso, de não levantarmos para um idoso 
ou uma grávida sentar e etc. Embora não tenha natureza jurídica, seus 
princípios inspiram e instruem as normas jurídicas. 
Direito Real: Exercer o domínio direto sobre a coisa que produz eficácia 
para todos os terceiros (erga omnes), toda a coletividade é sujeito passivo. 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Diferente do direito obrigacional, o qual só produz efeitos entre o credor e o 
devedor de forma específica. 
Obrigação com eficácia real: Obrigação de natureza pessoal (direito 
obrigacional, entre duas pessoas) que geram efeitos reais (para terceiros que 
não participam da relação). Para que isso ocorra o terceiro precisa aceitar se 
vincular a relação jurídica que ele não criou originalmente. 
Exemplo: Contrato de locação, com o registro imobiliário, permite que o 
locatário oponha seu direito de preferência erga omnes, isto é, perante 
qualquer pessoa que venha a adquirir a coisa locada. O contrato, portanto, nas 
condições descritas na lei, alcança eficácia real. Desse modo, as obrigações do 
locador podem ser transmitidas ao novo titular do domínio, que deve respeitar o 
contrato de locação, do qual não fez parte. Existe, portanto, uma obrigação que 
emite uma eficácia real. 
Obrigação propter rem: Tem natureza exclusivamente real. Decorre da 
coisa, a própria coisa que responde por essa obrigação que ela mesma gera. 
Ocorre em situações nas quais o proprietário é por vezes sujeito de 
obrigações apenas porque é proprietário (ou possuidor) e qualquer pessoa que 
o suceda na posição de proprietário ou possuidor assumirá tal obrigação. 
Contudo, o proprietário poderá liberar-se da obrigação se se despir da 
condição de proprietário ou possuidor, abandonando a coisa que lhe pertence, 
renunciando à propriedade ou abrindo mão da posse. Desse modo, a pessoa 
do devedor poderá variar, de acordo com a relação de propriedade ou de 
posse existente entre o sujeito e determinada coisa. 
Obrigação de ônus real: Ônus pode significar um peso que incide 
sobre uma pessoa ou coisa, um dever ou um gravame que restringe o direito 
do titular de um direito real. Trata-se de uma limitação do direito de 
propriedade, prestações periódicas que limitam o gozo da coisa e o poder de 
dispor, prevalecendo erga omnes, constituindo-se verdadeiros direitos reais. 
Nesse diapasão, o ônus distingue-se do dever, porque neste, que é 
próprio da obrigação, há o característico da coercibilidade, enquanto tal não 
existe no ônus. A parte onerosa pode não praticar o que determina o ônus, 
sujeitando-se a determinadas consequências. Quem tem um dever pode ser 
obrigado a cumpri-lo. 
Enquanto a responsabilidade pelo ônus real é limitada ao bem onerado, 
ao valor deste, na propter rem o obrigado responde com seu patrimônio, sem 
limite. Ainda, o ônus desaparece, desaparecendo o objeto, enquanto os efeitos 
da obrigação real podem permanecer, ainda que desaparecida a coisa. 
Exemplo: Proprietário do imóvel obrigava-se a pagar prestações 
periódicas de soma determinada e os sucessores continuariam a suportar o 
encargo. 
Obrigação periódica: Também chamada de trato sucessivo ou 
execução diferida, são aquelas cumpridas mediante atos periódicos, obrigação 
composta por vários períodos autônomos e independentes. Acontece 
renovação a cada período, prazos prescricionais próprios. Exemplo: 
Pagamento de aluguel ou financiamento. 
 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 
 
 
Fundo de direito: Nele existe a constituição de um núcleo que cria um 
direito e obrigações verificadas em períodos para uma pessoa em razão da 
modificação da sua qualificação jurídica para com o Estado. Exemplo: 
Aposentadoria. 
 
 
 
 
Exercícios 
1. Explique o que é uma obrigação e porque suas normas são pouco mutáveis. 
Obrigação é o negócio jurídico que tem particularidades obrigacionais, é toda 
relação jurídica entre duas pessoas que tenha conteúdo econômico imediato. Nela 
o credor pode exigir uma prestação de um determinado devedor. 
Suas normas são pouco mutáveis por prestigiar a segurança jurídica das relações 
econômicas (circulação de bens e riquezas). Quando existente, a mudança está 
relacionada à evolução econômica. 
 
2. Explique no que consiste o vinculo jurídico de uma obrigação e sua importância 
prática, fazendo comparação com a obrigação natural e moral. O vínculo jurídico 
de uma obrigação se divide entre débito (referente ao dever, coação jurídica em 
relação ao devedor quanto ao cumprimento da obrigação) e responsabilidade 
(possiblidade de manejo de ação judicial contra o devedor caso ele não cumpra a 
prestação convencionada). 
Sua importância prática é de conferir exigibilidade a essa obrigação, compelir o 
devedor a cumprir obrigação após a sua devida constituição. 
Na obrigação natural há a existência do vinculo entre pessoas, mas não possui o 
efeito jurídico necessário para compelir a parte a cumprir as suas obrigações. Já a 
obrigação moral não tem o vinculo com nenhuma outra pessoa, pois a 
necessidade de cumprir determinada obrigação parte dos valores intrínsecos a 
cada pessoa, não possuindo, portanto, força jurídica para exigir que a obrigação 
seja cumprida. 
 
3. Explique a importância de se reconhecer determinada obrigação como sendo de 
eficácia real. A obrigação de eficácia real é um fenômeno de direito obrigacional 
pessoal que atinge terceiros. Estes precisam aceitar se vincular a essa obrigação 
que não foi criada por eles. 
 
4. Qual é o efeito pratico de se diferenciar, quanto ao exercício do direito pelo sujeito 
ativo, uma obrigação propter rem de uma obrigação pessoal (teoria geral das 
obrigações)? Na obrigação pessoal a exigência da prestação é feita de forma 
direta entre credor e devedor que convergiram vontades para criar aquela 
obrigação. Já na obrigação propter rem o credor se volta contra quem detém a 
coisa, independentemente do momento em que essa obrigação foi constituída, 
 
 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3ºtermo 
pois o que interessa é quem está naquele momento exercendo domínio sobre a 
coisa. 
 
5. Considerando a teoria geral das obrigações assinale a alternativa INCORRETA: 
a) O Brasil adota a teoria dualista obrigacional, isto é, existe diferenciação entre 
débito e responsabilidade; 
b) O sujeito ativo/passivo não pode ser pessoa incapaz; Desde que representado 
ou assistido, ou emancipado, pois atingiu capacidade civil plena. 
c) A pouca mutabilidade das relações econômicas representadas pela 
positivação das normas obrigacionais tem a finalidade de fomentar a 
lucratividade das empresas; Tem a finalidade de garantir a segurança jurídica 
das relações econômicas. 
d) O objeto da obrigação sempre será uma coisa individualizada com conteúdo 
econômico. 
6. Jorge é proprietário de uma casa no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), ele é 
casado com Maria sob o regime de comunhão parcial de bens o que implica dizer 
que a casa é metade dela e metade dele. Jorge não paga o IPTU (imposto sobre a 
propriedade) e ambos são demandados pelo Município. Jorge vende a casa para 
Pedro que ingressa na ação se defendendo falando que a responsabilidade pela 
dívida é de Jorge. O juiz não acolhe a defesa de Pedro, razão pela qual 
permanece na condição de réu. Ato contínuo penhora ações de Pedro para o 
pagamento da dívida e exclui Jorge da ação. O juiz agiu corretamente quanto à 
penhora e exclusão de Jorge da ação? Explique. Sim, o IPTU é uma obrigação 
propter rem, portanto é transferida com a titularidade do bem e qualquer pessoa 
que o suceda na posição de proprietário ou possuidor assumirá tal obrigação ainda 
que não saiba de sua existência. De acordo com o artigo 130 do CNT, “os créditos 
tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil 
ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de 
serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na 
pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua 
quitação”. 
 
Obrigação de dar coisa certa 
Conceito: Trata-se da modalidade de obrigação em que o devedor 
presta uma conduta de entregar ou restituir coisa ao credor com conteúdo 
econômico. 
A coisa certa pode ser definida por três características, sendo elas: 
a) Gênero (o que é, qual bem/objeto); 
b) Quantidade (o quanto do bem será entregue); 
c) Qualidade (qual, permite individualizar a coisa em relação as demais, 
distinguir). 
Exemplo: Entregar um (quantidade) notebook (gênero) LG de 
processador AMD com 4GB de memória (qualidade). 
Quando não há qualidade temos uma coisa incerta. Existem coisas que 
serão mais certas do que outras, tudo depende do que se pretende fazer. 
Modalidades: 
a) Entregar: O devedor é o proprietário da coisa. O credor, querendo a 
coisa, fará a contraprestação para a propriedade ser transferida 
 
8 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
(transferência mediante contraprestação). Pressupõe transferência 
de propriedade. Exemplo: Venda, troca. 
. 
b) Restituir: O credor é o proprietário da coisa. Ele empresta a coisa ao 
devedor que tem a conduta (obrigação) de restitui-la ao proprietário. 
Pressupõe devolução de posse. Exemplo: Empréstimo, depósito, 
crédito. 
Objeto: A obrigação de dar coisa certa é modalidade típica da obrigação 
prevista no Código Civil. No entanto, em que pese ser específica, segue as 
regras da teoria geral, ou seja, precisa respeitar licitude, determinação, 
possibilidade e conteúdo econômico. Somada a essas características tem-se a 
certeza. 
Hipóteses que, juridicamente, o devedor tem para satisfazer a 
entrega ou restituição da coisa certa: 
1. Bem móvel: A transferência de propriedade se dá pela tradição. 
a) Tradição real – Efetivamente entrega o bem para o credor. 
b) Tradição simbólica – Pratica um ato de simbolismo quanto a entrega. 
Exemplo: Entrega das chaves de um carro. 
2. Bem imóvel: A transferência de propriedade se dá pelo registro no cartório 
de imóveis. 
a) Tradição ficta – Ocorrido o fato descrito na lei (registro), admite-se a 
tradição (entrega) presumida. 
- Constituto possessório ou cláusula constituti – A pessoa possuía o 
imóvel em nome próprio e passa em nome alheio. Exemplo: Proprietário 
de um imóvel que vende para outra pessoa, mas se mantém como 
locatário (se mantém possuidor, mas não mais proprietário). 
- Tradição brevi mano – A pessoa possuía o imóvel em nome alheio e 
passa a possuir em nome próprio. Adquirir a propriedade consolida a 
situação que ele tinha sobre a coisa. Exemplo: Locatário que adquire a 
residência. 
- Tradição longa mano – A pessoa não exercia posse nem propriedade 
sobre o bem adquirido. Nunca teve contato com o bem, mas a partir do 
registro entra em contato. Com a relação jurídica, adquire ambos os 
direitos. 
3. Extensão: O que deve ser dado deve ser constado no contrato. O 
acessório segue o principal, com exceção da(s): 
a) Previsão expressa em sentido contrário no contrato. 
b) Circunstâncias do caso concreto. 
4. Premissas: 
a) Na obrigação de entregar o proprietário da coisa é o devedor. 
b) Na obrigação de restituir o proprietário da coisa é o credor. 
c) A coisa sempre perece para o proprietário. 
d) A coisa sempre acresce para o proprietário. 
e) A coisa sempre dá frutos para o proprietário. 
f) O credor não é obrigado a receber coisa diversa da contratada. 
 
9 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
g) O credor não é obrigado a receber de forma parcelada. Vigora o 
princípio da indivisibilidade do objeto, a coisa precisa ser cumprida de 
forma integral. 
h) A culpa é sinônimo de perdas e danos. Responsabilidade, que gera 
indenização no ponto de vista civil. 
i) Ausência de culpa é sinônimo de ausência de responsabilidade 
(desfazimento da relação jurídica). 
j) Em caso de descumprimento obrigacional com culpa, a satisfação da 
obrigação se dá pelo seu conteúdo econômico. É importante definir o 
conteúdo econômico para saber o valor da indenização para 
cumprimento da obrigação. 
 
Responsabilidade do devedor antes de cumprir a tradição 
Tipo de 
obrigação 
Perda com 
culpa 
Perda sem 
culpa 
Deterioração com 
culpa 
Deterioração sem 
culpa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entregar 
Como há culpa, há 
responabilidade. 
Equivalente (valor 
econômico) + 
perdas e danos. 
Exemplo: Sujeito 
tinha a obrigação de 
entregar o celular, 
mas o perdeu com 
culpa. Por conta 
disso, o credor 
perdeu ligações e 
consequentemente 
clientes. O valor 
dessa perda de 
clientes deve ser 
devolvido também. 
h) 
Como não há 
culpa, não há 
responsabilidade. 
Desfaz a obrigação 
(resolve). 
Retorno ao status 
quo ante. Ausência 
de relação jurídica 
entre as partes. 
Exemplo: Sujeito 
tinha a obrigação 
de entregar o 
celular, mas 
roubaram. 
i) 
O bem perde valor 
econômico com a 
deterioração. 
Bem deteriorado + 
perdas e danos + 
valor da deterioração. 
Ou equivalente + 
perdas e danos. 
Exemplo: Sujeito tinha 
a obrigação de 
entregar o celular, 
mas ele o derrubou e 
quebrou. Não teve 
intenção, mas o ato 
partiu dele. 
f) 
Como não há culpa, 
não há 
responsabilidade. 
Desfaz a obrigação. 
Exemplo: Sujeito 
tinha a obrigação 
de entregar o 
celular, mas alguém 
esbarrou nele e 
esse quebrou. 
i) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Restituir 
Como há culpa, há 
responabilidade. 
Equivalente + 
perdas e danos. 
Exemplo: Sujeito fez 
uma ultrapassagem 
errada com o carro 
emprestado e 
capota, causando 
uma perda total do 
bem. 
h) 
Como não há 
culpa, não há 
responsabilidade. 
Desfaz a 
obrigação. 
Exemplo: Sujeito 
usando o carro 
emprestado sofre 
um acidente com o 
carro por culpa de 
um terceiro, 
causando perda 
total do carro. 
i) 
O bem perde valor 
econômico com a 
deterioração. 
Bem deteriorado + 
perdas e danos + 
valor da deterioração. 
Ou equivalente + 
perdas e danos. 
Exemplo: Sujeito fez 
uma ultrapassagem 
errada com o carro 
emprestado e sofre 
acidente causando 
deterioraçãono para-
choque. 
f) 
Como não há culpa, 
não há 
responsabilidade. 
Devolução do bem 
no estado em que 
se encontra. 
Exemplo: Sujeito 
usando o carro 
emprestado sofre 
um acidente com o 
carro por culpa de 
um terceiro que 
ultrapassa errado, 
causando 
deterioração no 
para-choque. 
c) 
 
10 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 
 
 
Acréscimo: A coisa sofre uma incorporação (aumenta de tamanho ou 
valor). Quando ocorre o emprego de ação humana, como da construção ou 
plantação que se faça sobre o solo, é chamado de acréscimo artificial. Quando 
ocorre por evento da natureza é chamado de natural. 
Melhoramento: A coisa é melhorada. As benfeitorias são coisas que 
melhoram o imóvel, podendo ser: necessária quando se destina a manutenção 
do bem ou o seu uso regular (por exemplo, reparos no telhado), útil quando 
agregam uma utilidade que o bem não possuía, otimiza o bem (por exemplo, 
sistema de segurança, piscina) e voluptuária quando embeleza o bem. 
 Acréscimo Melhoramento 
Tipo de 
obrigação 
Natural Artificial (boa-fé) Artificial (má 
fé) 
Boa fé Má fé 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entregar 
O acréscimo 
pertence ao 
devedor 
(proprietário) 
que tem direito 
ao 
complemento 
do preço 
(aumento do 
valor). Caso o 
credor se 
recuse a 
complementar, 
desfaz a 
obrigação. 
O acréscimo 
pertence ao 
devedor que tem 
direito ao 
complemento do 
preço. Caso haja 
recusa do credor, 
desfaz a 
obrigação. 
Exemplo: Pessoa 
vende fazenda e 
entre a venda e a 
entrega constrói 
um depósito para 
feno. O devedor 
tem direito de 
complemento do 
preço 
anteriormente 
exigido. 
Não há. 
Inadimpleme
nto 
especifico. 
Qualquer 
melhoramento 
pode ser 
exigido do 
credor. Caso 
haja recusa no 
complemento 
do preço, 
desfaz a 
obrigação. 
Exemplo: 
Pessoa vende 
casa e entre a 
venda e a 
entrega coloca 
piscina e 
cerca elétrica. 
O devedor 
tem direito de 
complemento 
do preço 
anteriormente 
exigido. 
Não há. 
Inadimplemento 
especifico. 
 
 
 
 
 
Não se analisa intenção na 
culpa, intenção é dolo! 
Devedor está de boa fé no 
imóvel se existe autorização 
de ele estar lá. 
 
11 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 Acréscimo Melhoramento 
Tipo de 
obrigação 
Natural Artificial (boa-
fé) 
Artificial (má fé) Boa fé Má fé 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Restituir 
O acréscimo 
natural pertence 
ao credor 
(proprietário da 
coisa). O 
devedor não 
concorreu com 
nenhum tipo de 
despesa para 
esse acréscimo. 
O acréscimo 
pertence ao 
credor, mas 
deve indenizar 
as despesas 
do devedor. O 
credor não 
pode 
enriquecer 
sem causa. 
Exemplo: 
Sujeito viaja a 
trabalho e 
deixa a posse 
com alguém. 
Para otimizar a 
colheita, essa 
pessoa 
constrói um 
barracão 
(emprego de 
ação humana). 
Não há direito 
sobre acréscimo 
de má-fé. 
Exemplo: Sujeito 
invade a 
propriedade e 
faz um pomar. 
O devedor tem 
direito: 
- Necessária + 
retenção (Dado 
ao possuidor em 
relação ao 
proprietário 
quanto a valores 
que eram 
indispensáveis a 
coisa. Enquanto 
o credor não 
ressarcir o 
devedor, este 
pode reter a 
coisa até o 
momento da 
indenização); 
- Útil; 
- Voluptuária 
(Desde que não 
possa ser 
levantada e haja 
previsão no 
contrato). 
Exenplo: Sujeito 
aluga o imóvel e 
durante o 
aluguel ele refez 
o telhado, 
colocou 
instrumentos de 
segurança e um 
jardim. 
O devedor tem 
direito apenas a 
necessária, já 
que teria ser 
feita pelo 
proprietário de 
qualquer forma, 
mas não terá 
direito de 
retenção 
Exemplo: 
Pessoa mora de 
aluguel, o 
contrato acabou 
e essa continua 
com a posse. 
Nesse tempo 
ela teve que 
consertar o 
sistema 
hidráulico. 
 
Frutos: Utilidades que a coisa principal periodicamente produz cuja 
percepção não desnatura sua substância (inalterabilidade e separabilidade da 
coisa). É um acessório do principal que ao ser separado deste se torna um 
bem principal, sujeito às regras de aquisição de propriedade. Eles são 
classificados, quanto à origem, em: 
a) Naturais: Decorrem de eventos da natureza, sem intervenção 
humana. 
b) Industriais: Decorrem da intervenção humana e manufatura. Pegar 
um produto e transforma-lo. 
c) Civis: Rendimentos. Do aluguel, arrendamento e etc. 
Quanto ao período em que eles se destacam da coisa principal eles são 
classificados como: 
a) Pendentes: Se conservam na coisa até a colheita (após da tradição). 
b) Percebidos: Aqueles destacados da coisa (antes da tradição). 
 
12 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
c) Futuros: Não se consegue determinar o período em que serão 
destacados, mas são após os frutos pendentes. 
A principal diferença entre um fruto e um produto é que, enquanto um 
fruto não desnatura a coisa principal, o produto desnatura. A retirada do 
produto da coisa principal ocasiona a desnaturação e o desaparecimento 
desta. Exemplo: Minas de carvão. 
Fruto 
 
Tipos de obrigação 
Boa-fé Má-fé 
Pendente (pós-
tradição) 
Percebido (pré-
tradição) 
Pendente Percebido 
 
 
 
Entregar 
O credor que está 
comprando ao 
receber a coisa 
(tradição) passa a 
ser proprietário dos 
frutos que serão 
colhidos. 
Os frutos colhidos 
antes da entrega são 
do devedor, já que este 
é proprietário antes da 
entrega. 
Não há. Não há. 
 
 
 
 
 
 
Restituir 
O devedor está com 
a coisa e terá que 
devolver. O fruto é 
colhido após a 
devolução, portanto 
pertence ao credor. 
Quando o devedor 
devolver a coisa, o 
credor vai ter a 
propriedade e a 
posse. 
O devedor está 
possuindo a coisa, e o 
fruto colhido antes da 
restituição pertence a 
ele. Requisitos: Ele tem 
a posse de boa-fé; 
Tradição simbólica de 
boa-fé ao tirar o fruto 
do principal se torna 
sua propriedade; e uma 
espécie de 
remuneração pelo 
exercício da posse. 
O Código 
Civil não 
protege má-
fé, portanto 
os frutos 
pertencem 
sempre ao 
credor 
proprietário. 
* 
O Código 
Civil não 
protege má-
fé, portanto 
os frutos 
pertencem 
sempre ao 
credor 
proprietário. 
* 
* Seja de boa-fé ou de má-fé, o devedor tem direito as despesas de 
produção de custeio desses frutos na propriedade do credor. O credor deverá o 
indenizar. 
Exercícios 
1. João comprou de Guilherme uma moto pelo preço de R$ 2.000,00 (dois mil reais). 
O preço foi pago e a moto terá que ser entregue no dia 23/03/2015. No dia 
22/03/2015 a moto foi roubada de dentro da residência de Guilherme. O que João 
pode exigir de Guilherme? Tratando-se de obrigação de dar coisa certa em que a 
coisa perece antes da tradição sem culpa, resolve a obrigação com o retorno ao 
status quo ante. Pelo fato de já ter sido pago o valor, a resolução da obrigação 
implica em devolução do dinheiro pago. Ausência de relação jurídica entre as 
partes. 
 
2. Pedro emprestou para seu amigo Diego um pomar, pois viajaria ao exterior a 
trabalho. Pedro somente retornará a sua propriedade no dia 05/07/2015. Até a 
data anteriormente mencionada Diego colheu 20 maças e 30 laranjas. No entanto, 
ainda ficaram 30 maças e 10 laranjas a serem colhidas. No dia combinado Diego 
 
13 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
devolveu o Pomar a Pedro. Quais os direitos de Pedro e Diego? Tratando-se de 
obrigação de restituir coisa certa e estando Diego de boa fé na posse do imóvel, os 
frutos colhidos são do possuído (devedor, Diego), e os frutos pendentes que serão 
colhidos após a devolução são do proprietário (credor, Pedro). Serão 20 maçãs e 
30 laranjas para o Diego e 30 maçãs e 10 laranjas para Pedro. 
 
3. Chico invadiu (sem o consentimento) a propriedade de José. Lá construiu uma 
fábrica de botões para desenvolvimento de atividade industrial no valor de R$ 
500.000,000 (quinhentos mil reais). José tomou conhecimento da invasão e 
conseguiu, através do Poder Judiciário, ter sua propriedade de volta. Qual é o 
direito de Chico, ou seja, o que ele pode exigir de José? Tratando-se de uma 
obrigação de restituir coisa certa emque o possuidor está de má fé e tendo 
construído uma acessão no local, não há qualquer tipo d indenização. Chico não 
tem direito a fábrica ou ao dinheiro investido (não há direito sobre acréscimo de 
má-fé). 
 
4. João emprestou seu relógio para Guilherme no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil 
reais), pois este participaria de um evento de grande importância. Guilherme 
ingeriu muito álcool e quebrou o relógio de João, após cair nas escadas do salão 
de festas. Qual o direito de João? O Tratando-se de obrigação de restituir coisa 
certa, a coisa pereceu por culpa do devedor, tendo João o equivalente mais o valor 
das perdas e danos ou o bem deteriorado mais perdas e danos e o valor da 
deterioração. 
 
5. João vê uma casa abandonada no centro da cidade e resolve invadi-la para 
moradia própria. Faz reformas no telhado no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), 
uma piscina no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) e pendura vários quadros 
nas paredes no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Pedro, proprietário da casa 
obtém no Poder Judiciário sua casa de volta. Qual o direito de João? Tratando-se 
de obrigação de restituir coisa certa em que o possuidor está de má fé no imóvel, 
ele só terá direito do valor do telhado por se tratar de uma benfeitoria necessária. 
 
6. José aluga uma casa cujo proprietário é Diego pelo prazo de 12 meses. Um 
vendaval destrói parte do telhado no segundo mês de locação. José refaz o 
telhado no valor de R$ 9.000,00 (nove mil reais). Passados os 12 meses Diego 
exige a casa de volta. Quais são os direitos de José? Tratando-se de obrigação de 
restituir coisa certa em que o possuidor está de boa-fé, ele tem direito de receber o 
valor da benfeitoria necessária e do direito de retenção enquanto não for 
indenizado. 
 
7. Acerca das obrigações de dar assinale a opção correta: 
a) Quando se tem a modalidade restituir, o credor (sujeito ativo) não é o 
proprietário do bem; O credor é o proprietário na obrigação de restituir. 
b) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a obrigação será extinta 
caso a coisa se perca sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante 
condição suspensiva; 
 
14 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
c) As benfeitorias voluptuárias podem sempre serem levantadas, desde que 
esteja o devedor (sujeito passivo) de boa-fé; As benfeitorias voluptuárias não 
podem sempre serem levantadas quando isso implicar em destruição da coisa 
principal, ainda que de boa fé. 
d) A acessão natural gera para o devedor o dever de indenizar o credor na 
obrigação de restituir. Não gera dever de indenizar. 
 Obrigação de dar coisa incerta 
Conceito: Trata-se da modalidade típica da obrigação na qual o 
devedor presta uma conduta de entregar uma coisa, após a sua identificação, 
para o credor, com conteúdo econômico. Só se manifesta pela obrigação de 
entregar. A incerteza é uma característica momentânea. 
O ato de concentração é o fenômeno jurídico pela qual se identifica a 
coisa (retirada da incerteza). 
Conteúdo: Não basta para a individualização da coisa, a mera escolha. 
É preciso que o sujeito obrigacional pratique um ato posterior a escolha, que 
seria o ato de comunicação do sujeito contrário. A concentração é o ato pela 
qual as partes transformam a obrigação de dar coisa incerta em obrigação de 
dar coisa certa. 
A comunicação da escolha da coisa deve ser inequívoca e pessoal. Não 
pode haver dúvidas quanto à ciência sobre a escolha realizada pelos sujeitos 
obrigacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
Direito de escolha: Estabelecer-se-á a quem pertence o direito de 
escolher a coisa que será individualizada. 
a) Titular: Pertence a quem está descrito no título obrigacional. Credor, 
devedor ou terceiro. Em caso de omisso do título obrigacional a regra do 
CC é de que pertence ao devedor. 
b) Prazo: É aquele que estiver descrito no título obrigacional. Na omissão do 
título obrigacional, aplica-se a regra do CPC de prazo de contestação (15 
dias). 
Quando o sujeito obrigacional, titular do direito de escolha, perde o prazo, 
o direito de escolha é transferido ao outro sujeito obrigacional. O prazo 
que ele tem é de 15 dias ou aquele que conste no título, a partir da 
transferência para realizar a escolha. 
Caso haja transferência e o novo titular não exerça a escolha no prazo, a 
consequência jurídica seria reverter novamente para o outro sujeito 
obrigacional ou o juiz decidir sob pena de perpetuação do conflito. 
As obrigações podem se iniciar incertas e tornar-se certas. Exemplo: Nas 
vendas de gados para reprodução as partes geralmente se vinculam antes 
da escolha para deixar determinado que existe uma obrigação entre elas. 
Para ser incerta o credor não pode ter definido as qualidades, apenas o 
gênero e quantidade. Depois da escolha dos gados, a coisa que era 
incerta passa a ser certa e o devedor é obrigado a entrega-los. 
 
15 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
c) Limites da escolha: Art. 244 CC. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a 
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da 
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a 
melhor. 
O devedor pela boa fé deverá escolher a coisa intermediária (mediana). A 
aplicação desses limites possui duas correntes, sendo elas: 
- Legalista. O código menciona somente o devedor, razão pela qual 
referida limitação não se impõe aos demais titulares do direito de escolha. 
- Valorativa. Aplicação do princípio da igualdade. Os limites são para todos 
os titulares do direito de escolha. 
d) Efeito: Ocorrida a concentração a obrigação se transforma em coisa certa. 
A concentração retroage a obrigação desde o momento da constituição, 
como se obrigação fosse de dar coisa certa desde o momento da 
constituição. 
e) Perda ou deterioração da coisa antes da concentração: O gênero 
nunca perece enquanto a obrigação não se transformar em coisa certa. 
Sempre terá alguma coisa para ser concentrada. Exemplo: Obrigação de 
entregar 30 touros, porém raio mata todos eles. Continua a obrigação de 
entrega-los. 
f) Perecimento de gênero limitado: Aquele que sofre limitação por 
questões territoriais e de espaço tempo (geográficas ou paliativas). 
Enquanto perdurar/existir o gênero, aplica-se a regra de que ele nunca 
perece. Se o gênero limitado se perder por completo aplicam-se as regras 
da obrigação de dar coisa certa. Exemplo: Obrigação de entregar touros 
de fazenda específica, obrigação de entregar carro da garagem de um 
famoso. Todos os touros ou todos os carros de perderam por conta de um 
raio, como o sujeito não teve culpa a solução é restituir o dinheiro e 
desfazer a obrigação. 
 
Exercícios 
1. João comprou de Guilherme uma moto sem especificação inicial, pelo preço de R$ 
2.000,00 (dois mil reais). O preço foi pago e a moto terá que ser entregue no dia 
23/03/2015. No dia 22/03/2015 a moto foi roubada de dentro da residência de 
Guilherme. O que João pode exigir de Guilherme? Tratando-se de obrigação de 
dar coisa incerta visto que não tem especificação inicial. João pode exigir de 
Guilherme a moto, o cumprimento da obrigação. 
Se houvesse concentração a obrigação é de dar coisa certa, ocorrendo perda sem 
culpa e desfazendo a obrigação. 
Se a moto pertencesse a gênero limitado e se perdesse por completo a obrigação 
seria desfeita, e se ainda existisse manteria a obrigação de entrega da moto. 
 
2. Explique o fenômeno da concentração. A concentração é o ato pela qual se 
individualiza a coisa, se transforma o regime jurídico da obrigação de dar coisa 
incerta para obrigação de dar coisa certa. A concentração precisa satisfazer dois 
requisitos, da escolha em que efetivamente se identifica qual a coisa a ser 
 
16 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
entregue, e o ato de comunicação em que se dá ciência inequívoca para o sujeito 
obrigacional contrario de qual foi a coisa escolhida para ser entreguepara fins de 
satisfação da obrigação. 
 
3. Explique a importância pratica do efeito da retroatividade da concentração. A 
retroatividade da concentração impõe que a obrigação seja considerada como 
certa desde o momento da constituição da obrigação. 
 
Obrigação de fazer e não fazer 
Obrigação de fazer é aquela na qual o devedor se compromete a 
praticar determinado ato ou atividade em proveito do credor. Pode ser a 
prestação de uma atividade física ou material, como fazer um reparo em 
máquina, pintar casa, levantar muro; uma atividade intelectual, artística ou 
científica como escrever obra literária, partitura musical, ou realizar experiência 
científica; ou até uma atividade cujo conteúdo é essencialmente jurídico, como 
a obrigação de locar ou emprestar imóvel, de realizar outro contrato etc. 
Apesar de semelhante, se difere da obrigação de dar. Se o devedor tem 
que dar ou entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, 
a obrigação é de dar. Todavia, se, primeiramente, tem ele de confeccionar a 
coisa para depois entregá-la, tendo de realizar algum ato, do qual será mero 
corolário o de dar, tecnicamente a obrigação é de fazer. 
Na grande maioria das obrigações de fazer, é costume enfatizar que a 
pessoa do devedor é preponderante no cumprimento da obrigação, o que não 
ocorre nas obrigações de dar. 
Já a obrigação de não fazer é aquela na qual o devedor se obriga a se 
abster da prática de algum ato ou atividade. 
Exemplos: Obrigações de não fazer a obrigação do locador de não 
perturbar o locatário na utilização da coisa locada. Obrigação contraída pelo 
locatário de não sublocar a coisa. Obrigação do artista de não atuar senão para 
determinado empresário, ou para determinada empresa. 
Será lícita sempre que não envolva restrição sensível à liberdade 
individual. 
Exemplo: Obrigação de não casar, de não trabalhar, de não cultuar 
determinada religião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Tipos de 
obrigações 
Conceito Espécies Hipóteses de 
responsabilidade 
Urgência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fazer 
Trata-se da 
obrigação em que 
o devedor pratica 
um ato, atividade 
ou serviço em 
prol do credor. 
 
Ato: Ação 
humana única. 
Exemplo: 
Representar um 
cliente na 
audiência. 
Atividade: 
Conjunto de atos 
praticados pela 
ação humana 
pode ser 
contínuo. 
Exemplo: 
Patrocínio de 
esportistas. 
Serviço: Ação 
humana que 
altera a realidade 
sensível. 
Exemplo: 
Construção de 
muro. 
a) Personalíssima 
(infungível) na qual 
o devedor não pode 
ser modificado 
porque ele tem 
características 
peculiares, somente 
ele pode realizar a 
obrigação. 
 
b) Não 
personalíssima 
(fungível) na qual o 
devedor pode ser 
modificado para 
realizar a obrigação. 
Obrigação 
personalíssima: 
a) Descumprimento 
sem culpa - resolve a 
obrigação. Exemplo: 
Médico deixa de fazer 
cirurgia em paciente 
por ter sofrido acidente 
e quebrado a mão. 
b) Descumprimento 
com culpa: 
- cumprimento forçado 
+ perdas e danos; 
- equivalente + perdas 
e danos. 
Em caso de 
urgência pode o 
credor praticar 
atos 
independentem
ente de 
autorização 
judicial, que o 
devedor deveria 
praticar. Trata-
se de regra de 
preservação de 
direitos 
(autotutela). 
Exemplo: 
Construção de 
muro para o 
cachorro do 
vizinho não 
quebrar. 
Obrigação não 
personalíssima: 
a) Descumprimento 
sem culpa resolve. 
b) Descumprimento 
com culpa: 
- cumprimento forçado 
+ perdas e danos; 
- credor pode exigir o 
ressarcimento 
(devolução do dinheiro 
e pagamento do 
serviço realizado) + 
perdas e danos; 
- credor pode contratar 
outro devedor à custa 
do inadimplente + 
perdas e danos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não fazer 
Trata-se da 
obrigação em que 
o devedor tem o 
dever de se 
abster de praticar 
determinado ato. 
Exemplo: Não 
ligar o som alto 
após as 22 horas. 
Somente existe a 
obrigação 
personalíssima. 
Somente o devedor 
específico tem o 
poder de abstenção, 
e ao não se abster 
(praticar o ato que 
não deveria) ele 
incide ao 
descumprimento 
obrigacional. 
Sempre 
personalíssima. 
a) Descumprimento 
sem culpa - resolve. 
Exemplo: Pessoa tenta 
invadir residência, 
alarme ativa e o dono 
da casa descumpre a 
regra de condomínio de 
não fazer barulho após 
as 22 horas. 
b) Descumprimento 
com culpa - equivalente 
+ perdas e danos. 
Exemplo: Deixou o som 
ligado alto após as 22 
horas, descumprindo a 
regra de condomínio. 
Em caso de 
urgência pode o 
credor praticar 
atos 
independentem
ente de 
autorização 
judicial, que o 
devedor deveria 
praticar. Trata-
se de regra de 
preservação de 
direitos 
(autotutela). 
 
18 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Exercícios 
1. Obrigação de fazer que envolva ato posterior de entrega para fins de cumprimento 
obrigacional, é regida por qual regra? A obrigação continua sendo regida pelas 
regras da obrigação de fazer, pois em que pese o ato posterior de entrega, o fazer 
é a conduta preponderante. Para realizar a entrega, era necessário ato inicial de 
fazer. O ato de entregar é considerado um ato de mero exaurimento da obrigação 
de fazer, ou seja, é seu pressuposto lógico. 
 
2. Na ação de medicamento, qual seria o meio coercitivo adequado para forçar o 
Estado a fornecer o medicamento? Imposição de multa. 
 
3. E se o Estado continua descumprindo? Nomeação de um interventor. Se mesmo 
assim não adiantar, pode o juiz determinar o bloqueio da conta pública. 
 
4. João contratou Diego, artista de qualidades únicas, para pintar um quadro de seu 
filho recém-nascido pagando-lhe o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Diego 
delegou a obrigação a Rafael, seu discípulo. A obra foi entregue. João pode 
reclamar alguma coisa de Diego? Visto que se trata de uma obrigação de fazer 
personalíssima, Diego não poderia ter delegado. João pode exigir o cumprimento 
da obrigação por parte de Diego mais perdas e dano, ou ele pode exigir o 
equivalente mais perdas e danos. 
 
5. Sobre as obrigações de fazer e não fazer assinale a alternativa incorreta. 
a) Impõe uma prestação positiva e um dever de abstenção do sujeito passivo ao 
sujeito ativo, respectivamente. 
b) Nas obrigações de não fazer, não é necessária tradição do conteúdo da 
obrigação. 
c) Ambas as obrigações foram responsáveis por significativas mudanças do 
CPC. 
d) O cumprimento da obrigação de não fazer sempre se dará com a prática do 
ato simples. Existem obrigações de não fazer que o ato é reiterado no tempo, 
mesmo que descumprido é necessário manter o cumprimento durante os 
demais períodos.

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