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História da América: Astecas, Maias, Incas e Tupis Muito antes da chegada dos europeus, a América já era habitada por numerosos povos que apresentavam diferentes organizações sociais. Espalhados por extensas regiões, havia aqueles que praticavam a caça, a pesca, a coleta e o plantio de produtos como a mandioca, o milho e a batata. Como exemplos de sociedades de caçadores e coletores, podemos citar os jês e os tupis, do Brasil. Essas populações utilizavam instrumentos de pedra e de madeira e desconheciam os metais. Também existiam as regiões que abrigavam os povos que se caracterizavam por sua alta densidade demográfica e pelo conhecimento de seus habitantes sobre técnicas mais avançadas, como a utilização de processos de irrigação, de construção de aquedutos, diques e templos. Apesar de desconhecerem o ferro, eram muito habilidosos em trabalhar com o cobre, o ouro e a prata, fabricando armas, utensílios, objetos de adorno e ferramentas. Faziam parte deste grupo os astecas, os maias e os incas. Mito e História Para iniciarmos, vamos conhecer como o povo asteca se formou. Existem duas versões que contam o início da história deste povo: uma mitológica e outra histórica. Mito: os astecas viviam no norte da América e por serem nômades, decidiram deixar sua terra natal, Astlán, e caminhar em direção ao sul. Durante a caminhada, avistaram uma águia empoleirada em um cacto, com uma cobra presa em seu bico e em uma de suas patas. Os sacerdotes astecas consideravam que a águia era um sinal do seu deus Huitzilopochtli (deus da guerra, das tempestades e do Sol), de que ali era o local onde o povo deveria viver. A águia pousada sobre um cacto e com uma cobra presa no bico simboliza a ocupação das terras do Vale do México pelos astecas. História: os historiadores consideram que, por volta do século XII, o povo asteca deixou o norte da América para ir em busca de terras férteis. Ocuparam as ilhas ocidentais do Lago Texcoco, onde hoje é o Vale do México. Em 1325, construíram a cidade de Tenochtitlán após dominarem os povos que ali viviam. Você sabia? O nome México foi escolhido para homenagear a primeira tribo asteca, chamada mexica. A imagem da águia pousada em um cacto aparece na atual bandeira do México. Formação do Império Após se estabelecerem no Vale do México, os astecas passaram a construir uma avançada civilização que unia características culturais, de poder e de riqueza dos povos dominados em batalhas e que viviam na região. Constituíram um império que compreendia o atual México, se estendia pelo Oceano Pacífico até o Golfo do México. Como podemos observar no mapa a seguir: Fonte: site Cola da Web (acesso em 28/08/2020). O Império asteca era formado por povos com diferentes graus de subordinação. Alguns pagavam impostos e tinham certa autonomia; outros eram governados pelos astecas e, outros ainda, só pagavam à força, quando eram vítimas de expedições punitivas. Além de pagar os tributos, os povos dominados também tinham a obrigação de cultuar o deus asteca da guerra, das tempestades e do Sol. Os povos dominados reagiam à opressão asteca por meio de revoltas. Uma delas, foi promovida pelo povo da cidade de Cuetlaxtlan, que aprisionou os coletores de impostos astecas e ateou fogo em seus corpos. Dentro do império, a organização política dos astecas caracterizava-se pela participação da população. As famílias eram divididas em clãs. Cada clã possuía certa autonomia, uma divindade própria, um templo, terras e uma administração eleita. O clã enviava um delegado ao conselho superior de Tenochtitlán, que tinha funções administrativas, políticas e jurídicas. Ele elegia os quatro oficiais comandantes do exército, assim como o chefe supremo. Como os clãs recebiam uma atribuição bem delimitada no interior da cidade, as corporações eram divididas em bairros – o dos ourives, o das plumas, o das pedras preciosas, etc. Os clãs também possuíam leis para punir aqueles que atrapalhavam a sua organização social. Como por exemplo, o ladrão devia restituir todo o seu roubo se não quisesse ser condenado à escravidão; os delitos irreparáveis eram punidos com a pena capital: o assassino era enforcado; o traidor, esquartejado. Eram ainda passíveis de pena de morte: o ladrão de milho, de ouro, de prata, de jade e o feiticeiro que houvesse praticado um mal contra alguém; os difamadores tinham as orelhas e lábios cortados. Política, Sociedade e Economia O poder político estava centrado na figura de seu imperador (chefe dos guerreiros), também considerado um semideus. Tinha como funções comandar os exércitos e cuidar da política externa. Tinha sob seu controle povos dominados com diferentes graus de subordinação. Como descrevemos anteriormente. Segundo o historiador: [...] Todos os povos subjugados pelos astecas eram obrigados a pagar-lhes pesados impostos, sob diversas formas: penas raras (do pássaro quetzal, por exemplo), pedras preciosas (como o jade), alimentos (milho, cacau), pessoas para oferecer em sacrifício aos deuses. Consta que, todos os anos, chegavam à capital do império 7 mil toneladas de milho, 4 mil toneladas de feijão e cerca de 2 milhões de peças de algodão [...] KARNAL, Leandro. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996, p. 9). Já a sociedade asteca era estratificada, isto é, dividida em grupos diferenciados. No topo da hierarquia estava o imperador. Abaixo dele vinha a nobreza – que pertenciam a diversas categorias, como sacerdotes, altos funcionários e militares. A seguir, ficavam os comerciantes e os artesãos. A base da escala social era composta pelos agricultores e os soldados, que compunham a maioria da população asteca. Abaixo deles, ficavam os escravos que, podiam ser prisioneiros de guerra ou condenados pela justiça. Representação da sociedade asteca. Fonte: site Apoio escolar 24 horas (acesso em 08/09/2020). Descrição da imagem: da esquerda para a direita, temos: o governante asteca vestindo uma capa azul, nos pés calça sandálias azuis e um adereço na cabeça; ao seu lado, o representante do governo que, veste uma capa com desenhos em preto, branco e marrom, nos pés usa sandálias marrons e na cabeça usa um adereço verde feito de penas de animais; ao seu lado, aparece o sacerdote que tem o corpo pintado, usa um tecido branco amarrado na cintura comprido até os joelhos, tem uma pequena bolsa que usa atravessada em seu ombro e nos pés usa sandálias; depois aparece o nobre vestindo uma túnica branca com barra marrom com comprimento abaixo dos joelhos e sandálias nos pés; ao seu lado, temos o guerreiro que veste um macacão de pele de animais que cobre da cabeça até os pés na cor azul com manchas pretas, em uma das mãos segura um escudo e na outra uma arma de madeira e usa sandálias nos pés; por fim, o camponês, está descalço, usa um tecido branco amarrado na cintura de comprimento até o joelho e segura nas mãos uma enxada de madeira. A economia era baseada na agricultura. Dentre os produtos cultivados estavam, o milho, feijão, abóbora, batata, pimentão, tomate, algodão, mamão, melão, cacau, dentre outros. Uma das técnicas agrícolas empregadas eram as chinampas. Por causa de sua localização, no Vale Texcoco, ser em uma área abundante em águas, o que reduzia as terras para cultivo da agricultura, os astecas adaptaram o modo de cultivar. Por meio das chinampas, que se constituíam em canteiros artificiais ou ilhas construídos com a lama retirada do fundo do rio, eles conseguiam cultivar produtos e aumentar a produtividade, alcançando mais de uma colheita anual. Técnica agrícola das chinampas. Fonte: Google imagens (acesso em 08/09/2020). Descrição da imagem: no primeiro plano da pintura, na esquerda, um homem e uma mulher estão sentados trabalhando na terra. A mulher esta vestindo uma túnica branca e segura nas mãos uma ferramenta de madeira. Ao seu lado,um homem em pé, vestindo uma tanga branca está com uma ferramenta de madeira nas mãos e olhando o solo. Um pouco atrás, temos dois homens agachados em um canteiro flutuante - chinampas- plantando. Na sua frente, em pé, um homem vestindo uma túnica branca e com um adereço na cabeça que prende parte do seu cabelo em um coque, está com o braço erguido apontando um dos dedos das mãos na sua direção. No fundo da pintura, aparecem os canteiros flutuantes em meio ao rio e ao fundo montanhas. Do mesmo modo, o comércio também se destacava na economia. Praticado entre as cidades do império e também com outros povos. Você sabia? A semente do cacau era utilizada como moeda nas trocas comerciais e simbolizava riqueza e poder. Tenochtitlán: o centro do império asteca Vamos conhecer um pouco mais sobre a linda capital do Império asteca! Tenochtitlán era uma grande cidade que encantava pela riqueza de suas edificações, canais, templos, palácios, residências, praças, lojas e que comportava muitos habitantes. Dê uma olhada na imagem a seguir: Mural de Diego Rivera: A grande cidade de Tenochtitlán Descrição da imagem: Em primeiro plano, a esquerda da imagem, temos quatro homens. Ao centro e a direita da pintura, aparecem vários homens e mulheres comprando e vendendo produtos em um mercado. Alguns estão em pé, carregando cestos de vime nas costas ou na cabeça e outros estão sentados mexendo em objetos dispostos no chão. No meio deles aparecem dois cachorros, um de frente para o outro. Mais ao fundo da imagem, temos a representação da cidade de Tenochtitlán. Aparecem canteiros flutuantes - chinampas -, edificações, aquedutos, palácios, pirâmides e ao fundo montanhas. Neste mural do pintor mexicano Diego Rivera, podemos ver em primeiro plano, o mercado asteca e os diversos produtos ali comercializados, como: tecidos, utensílios, joias, e pedras preciosas. Mais ao fundo da pintura, está retratada a cidade de Tenochtitlán, com seus canais, aquedutos e as chinampas (canteiros artificiais criados para cultivar plantas, flores e verduras). Pela pintura, é possível perceber a grandeza da cidade e de suas edificações, como palácios e templos representados. Segundo o escritor Alfredo Boulos Júnior, “no início do século XVI, Tenochtitlán era uma cidade com cerca de 200 mil habitantes, quatro vezes mais do que Londres, a maior capital europeia da época. Era cortada por dezenas de canais, por onde circulavam barcos carregados de mercadorias, e aquedutos, que traziam água doce das montanhas. A capital asteca possuía também templos, ruas retas e amplas e um mercado central rico e movimentado”. (BOULOS JUNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania, 3ª edição, São Paulo: FTD, 2015, p. 228). Por ser uma grande cidade e a capital asteca, Tenochtitlán também era o centro político do império. Cultura e conhecimentos astecas Muitos são os legados deixados pelos astecas em diversas áreas. Vamos apresentar alguns destes aspectos culturais. Em sua religião, o povo asteca era politeísta, isto é, cultuavam vários deuses. Suas divindades representavam elementos da natureza, como o Sol, a chuva, a terra, o dia, à noite, os animais. Mas, também existiam os da sabedoria, de cada profissão, de cada cidade, os protetores das colheitas, dentre outros. Os astecas os homenageavam com sacrifícios humanos, que aconteciam durante os festivais mensais. Acreditavam que se não mantivessem os sacrifícios, o Sol não nasceria. Como descreve o historiador: “o sacrifício humano entre os astecas não era inspirado pela crueldade e pelo ódio. Era sua resposta - a única que podiam conceder – diante da instabilidade do mundo constantemente ameaçado. Para salvar o mundo e a humanidade, precisavam de sangue: o sacrificado não era um inimigo que se eliminava, mas um mensageiro que se envia aos deuses revestido de uma dignidade divina”. (THOMPSON, Eric J. Grandeza e decadência dos maias. México: Fondo de Cultura Econômica, 1988, p. 335). Ilustração de um ritual de sacrifício humano realizado pelos astecas. Fonte: Site Incrível História (acesso em 27/08/2020). Descrição da imagem: um homem está no centro sendo segurado pelos braços por dois homens e mais dois homens seguram suas pernas. Um homem, com o braço erguido, segura o coração retirado do homem preso e na outra mão, tem o objeto que utilizou para cortar e retirar o coração do homem sacrificado. Ao fundo, o desenho do Sol. Outro peculiar aspecto da cultura dos astecas era a prática de esportes. Um de seus preferidos era o Tlachtli. Separamos uma reportagem do site Aventuras na História para sabermos como funcionava este esporte peculiar. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-jogo-da-morte-asteca-histor ia.phtml (acesso em 27/08/2020). Na área da escrita, o povo desenvolveu os códices. Eles consistem em um conjunto de manuscritos (desenhos e escritos) que contam histórias, mitos e tradições do povo. São utilizados como fontes históricas e por meio delas podemos saber um pouco mais sobre a cultura asteca. Observe a imagem para perceber como são ricos em detalhes históricos. Códices astecas. Fonte: Site Mundo Educação (acesso em 27/08/2020). Exímios conhecedores da flora e da fauna locais, os astecas também desenvolveram importantes tratamentos na área da saúde. Aprenderam a curar feridas, fraturas e faziam remédios à base de gordura animal e plantas medicinais. Acreditavam que as doenças, originavam-se pela vontade dos deuses ou devido a feitiços. Para enfrentá-las, usavam a adivinhação e as orações. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-jogo-da-morte-asteca-historia.phtml https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-jogo-da-morte-asteca-historia.phtml Informações sobre a conquista dos astecas Em 1521, Hernán Cortez, oficial espanhol, desembarcou nas terras astecas com 508 soldados, além de cavalos e canhões. O povo asteca provavelmente estranhou aqueles homens brancos, com roupas e armas de ferro e montados em seres estranhos (os astecas desconheciam o cavalo). Os espanhóis, por sua vez, também devem ter estranhado o modo de viver, de se vestir e de falar dos ameríndios. Passado o primeiro momento de estranhamento de lado a lado, os espanhóis descobriram que os povos sob domínio do Império Asteca estavam insatisfeitos com a opressão a que eram submetidos à cobrança violenta de tributos, saque e roubo de seus bens, entre outros. Os espanhóis aliaram-se a eles e seguiram para Tenochtitlán em busca de riquezas. O primeiro contato entre Cortez e o imperador asteca Montezuma foi amistoso; o espanhol foi recebido no palácio e, aproveitando-se disso conheceu um pouco mais sobre as rivalidades existentes no interior do império. Mas, poucos meses depois, não se sabe bem o porque, um oficial espanhol ordenou a invasão de um templo religioso asteca, localizado em Tenochtitlán, ocasionando a morte de muitas pessoas que estavam ali reunidas. Os astecas reagiram contra-atacando. Obrigados a fugir, os espanhóis se refugiaram em Tlaxcala, cidade de seus principais aliados. Lá, eles se reorganizaram, conseguiram reunir milhares de novos aliados indígenas e, depois de um cerco de três meses, invadiram e conquistaram a capital asteca Tenochtitlán. Durante a invasão a capital, o imperador asteca foi morto. A origem maia Coma, coma, enquanto há pão, Beba, beba, enquanto há água, Um dia virá quando o pó escurecerá o ar, Quando uma praga debilitará o solo, Quando uma nuvem surgirá, Quando uma montanha se erguerá, Quando um homem forte apoderar-se-á da cidade, Quando a ruína cairá sobre todas as coisas, Quando a tenra folha será destruída, Quando os olhos se fecharão na morte; Quando aparecerão três sinais numa árvore, Pai, filho e neto pendurados mortos na mesma árvore, Quando a bandeira da batalha será içada, E o povo se espalhará por dentro das florestas. (Canção proféticados maias) Esta canção profética, retrata a cultura de mais uma civilização fascinante que povoou as terras do nosso continente. A cultura maia floresceu entre os séculos IV e X da era cristã. Apesar da grande civilização criada por eles, o conhecimento acerca de suas realizações é limitado. Isto porque, a maioria dos seus registros foram destruídos pelos espanhóis. Além disso, sua escrita, de caracteres hieroglíficos, ainda não foi completamente decifrada. A partir de agora, vamos nos encantar pela riqueza histórica da civilização maia!! Cidades-estado Os maias organizavam-se politicamente, em cidades-estado e não formaram um império. Isto significava que, cada cidade-estado era independente entre si, possuía governo próprio que, auxiliado por funcionários do Estado, dirigia a política interna e externa de sua região. Este poder era transmitido de forma hereditária. Assim, cada cidade- estado tinha sua própria organização administrativa. Mas, relacionava-se com as outras cidades pela prática do comércio. Vamos conhecê-las? Dê uma olhada no mapa! Fonte: Site História do Mundo (acesso em 02/09/2020) A civilização maia se estabeleceu na Península de Yucatán, região que compreende hoje os países da Guatemala, Belize, Honduras e a região sul do México. Nestas cidades maias encontramos edificações grandiosas, como palácios, templos em forma de pirâmide e estradas com até 10 metros de largura. Escolhemos algumas imagens para mostrar estas grandiosas construções! Templo maia nas ruínas da cidade de Tikal, na Guatemala. Fonte: Site Brasil Escola (acesso em 02/09/de 2020) O Templo de Kukulkán ou "El Castillo" foi construído no século XII d.C., na cidade de Chichén Itzá. Fonte: site Super Interessante (acesso em 02/09/2020). Descrição da imagem: pirâmide feita em pedra, com detalhes na frente e na lateral direita, semelhantes a rampas. Próximo ao solo, no início das rampas aparecem, em cada um dos lados, a figura de uma serpente em pedra. No topo, o templo religioso, em formato de uma grande caixa com a entrada em arcos. Observemos a descrição feita pelo pesquisador: Construir monumentos era uma religião para os antigos maias. Estimulado por seus sacerdotes, esse misterioso povo ergueu majestosas cidades de pedra para seus deuses. Pelo menos 80 importantes sítios maias, alguns com templos de mais de 60 metros de altura, pontilham ainda hoje a paisagem da América Central (Mesoamérica). A mais antiga dessas cidades começou a florescer no século III, na densa floresta tropical da Guatemala. As últimas grandes cidades foram construídas nos séculos X e XI, nas planícies do norte de Yucatán. Muitos elementos relacionados com a cultura que representam ainda deixam perplexos os arqueólogos, mas eles constituem hoje um dos mais variados e requintados testemunhos da História. Os maias do sul do México e da América Central eram hábeis artistas e arquitetos, que revelaram, frequentemente, sua paixão pelo estilo vistoso. Quase todas as superfícies expostas de suas cidades-templos eram adornadas de símbolos hieroglíficos e esculturas de monstros mitológicos. (LEONARD, Joathan Norton. América pré-colombiana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p. 43). Você sabia? As pirâmides maias eram construídas como sustentáculos dos templos religiosos, erguidos no seu topo. Os sacerdotes consideravam estar mais próximos dos deuses já que, alguns templos tinham mais de 60 metros de altura. Economia e sociedade maia A agricultura tinha grande importância na vida dos maias. A maioria deles vivia no campo, onde cultivavam produtos como milho, feijão, batata, cacau, abóbora, abacate e algodão. O milho era a base de sua alimentação e tinha grande destaque, pois os maias o relacionavam com a crença da criação do homem. Este é o mito de criação do homem segundo a crença maia: Os deuses desejavam ter adoradores e decidiram, assim, criar o homem. No início, criaram o homem utilizando lama, mas não deu certo, ele se dissolveu. Então, escolheram a madeira para moldá-lo, mas, criaram um homem sem alma. Por fim, os deuses optaram pelo milho e conseguiram criar os homens, como desejavam. Assim, os maias passaram a cultuar o milho, como sendo a matéria-prima de sua formação. Para a prática agrícola, os maias adotaram a técnica da coivara. Essa técnica consiste na derrubada da mata, a queimada da vegetação para o plantio das sementes. E ainda é utilizada por comunidades indígenas no Brasil e por pequenos proprietários de terra. Sociedade Com relação a organização social, os maias estavam divididos da seguinte forma: O governante de cada cidade tinha o título religioso de Hunac Ceel e era considerado um representante dos deuses na terra. Abaixo dele, estavam os nobres: eles ocupavam os cargos administrativos e o exército. Os sacerdotes zelavam pelo culto, cuidavam dos sacrifícios e as oferendas aos deuses e, também, dedicavam-se as artes, a escrita, as adivinhações e a ciência. A maioria da população maia dedicava-se a agricultura e a construção de obras públicas, como templos, palácios, acrópoles. Os camponeses acreditavam que, para conseguir boas colheitas, tinham de pagar impostos a este governo. Os impostos eram pagos com parte do que eles produziam e com trabalhos gratuitos para o governo, como a construção e o reparo de estradas, por exemplo. Por fim, os escravos, constituíam a minoria da sociedade. Eram prisioneiros de guerra ou criminosos. Eram forçados a trabalhar na construção das obras públicas e eram sacrificados em homenagem aos deuses. Cultura e conhecimentos A civilização maia desenvolveu um complexo sistema de escrita em hieróglifos que, ainda não foi completamente decifrado. Conheça um pouco desta escrita a partir da imagem a seguir: Escrita maia por elementos simbólicos que podiam representar uma palavra ou uma sílaba. Fonte: site Toda Matéria (acesso em 02/09/2020). Além da escrita, os maias também criaram um sistema numérico e seu conhecimento matemático permitiu-os realizar cálculos astronômicos com exatidão. Feito admirável dentre os povos de seu tempo histórico. Fonte: site Mundo Educação (acesso 02/09/2020). Como este sistema funcionava? Os maias criaram símbolos para representar os algarismos numéricos. O zero, é representado por uma concha, a quantidade 1 por um ponto e a quantidade 5 por uma barra. Portanto, para representar quantidade 8, por exemplo, eram utilizados três pontos somados a uma barra. Agora é a sua vez!!! Tente representar a sua idade utilizando o sistema numérico maia. Você sabia? Os maias conseguiram desenvolver em seu sistema numérico a noção de zero muito tempo antes de outros povos, como por exemplo os romanos, que não possuíam esta quantidade em seu sistema. Além destes conhecimentos matemáticos e de escrita, os maias também se destacaram na área da Astronomia. Sobre estas habilidades maias, veja o que o pesquisador escreve: os astrônomos conseguiam prever, com grande precisão, os eclipses do Sol, descrever as fases de Vênus e elaborar calendários que facilitavam seu dia a dia. Além disso, conseguiam calcular a duração do ano com bastante precisão. (BOULOS JUNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania, 3ª edição, São Paulo: FTD, 2015, p. 233). Também neste trecho, o escritor explica: Entre os anos 300 e 900, os astrônomos maias estabeleceram uma medida do tempo e calendários mais precisos que qualquer outro disponível no mundo até então. Sem instrumentos de medição do tempo, eles conseguiram calcular os movimentos da Lua, dos planetas do sistema solar e das estrelas fixas, cálculos hoje efetuados com ajuda de telescópios eletrônicos e computadores. Sua inteligência inventou o sistema de contagem longa, de 373, 444 anos. Isso lhes dava a perspectiva do ilimitado,mas também possibilitava determinar o ciclo do planeta Vênus, que eles calculavam ser de 584 dias – os cálculos modernos fixam a duração em 583,92 dias. HISTÓRIA VIVA. São Paulo: Duetto, ano VI, n. 68, p.39. Como observatório astronômico, os maias construíram edificações. Dê uma olhada no exemplo que selecionamos. El Caracol (O Caracol), construído para observar os astros, recebeu esse nome porque tem uma escadaria espiral em seu interior. Sua construção data do ano de 1050, na cidade maia de Chichén-Itzá, no México. Fonte: Google Imagens. (acesso em 02/09/2020). Você também achou, assim como eu, que os maias foram um povo incrível? Fascinante estudá-los, não é mesmo? E, ainda temos mais. Em sua religião, assim como os astecas, os maias eram politeístas. Eles acreditavam que divindades como as da chuva, do trovão e do raio tinham um caráter do bem e que se opunham a uma série de deuses do mal, como os da seca, da tempestade e da guerra. Essa crença religiosa se refletia na arquitetura das cidades, cujos edifícios eram agrupados em centros consagrados ao culto de suas divindades. Como forma de cultuá-los, os maias realizavam sacríficos humanos, assim como os astecas. A pintura maia se destaca com a produção de murais que adornavam as paredes dos palácios e dos templos. Nos murais, os artesãos utilizaram a técnica do afresco, pintando cenas do cotidiano. Já nas esculturas, há representações de figuras humanas e símbolos religiosos. Escultura maia em terracota Fonte: site Toda Matéria (acesso em 08/09/2020). Descrição da imagem: representação de uma pessoa sentada com as pernas dobradas, segurando um vaso nas mãos. Usa adereços na cabeça nas cores azul, verde e vermelho. Usa brincos azuis nas orelhas, pulseiras e tornozeleiras azuis e um colar verde. Tem o cabelo loiro, olhos grandes, nariz mais alargado e está com a boca entreaberta. Pintura maia representando a dança. Fonte: site Aventuras na História (acesso em 08/09/2020) Finalizando... Como um povo tão fascinante e detentor de tantos conhecimentos, poderia ter chegado ao fim? Esta é uma resposta que ainda os historiadores buscam encontrar. Sabe-se que, por volta do ano 900, os maias começaram a abandonar suas cidades e rumarem para outras regiões. Por que teriam feito isso? Os historiadores levantaram algumas hipóteses como o esgotamento da terra, epidemia ou chuvas torrenciais e prolongadas. O que sabemos com certeza, é que os maias nos deixaram legados culturais importantíssimos, não só para os americanos, mas para toda a humanidade. O início Chegamos ao terceiro dos povos pré-colombianos que povoaram a América Latina. Assim como os astecas, os incas possuem versões histórica e mitológica que explicam o início de sua história. Vamos a elas: Mito: Segundo a mitologia, os incas acreditavam possuir origem divina e consideravam-se filhos do Sol. Afirmavam que o Império Inca foi fundado por Manco Cápac e sua esposa e irmã, Mama Ocilla. Para eles, o deus Sol enviou Manco Cápac e Mama Ocilla para levar um pouco de civilidade aos homens que viviam de maneira selvagem e atrasada próximo ao Lago Titicaca. O casal de irmãos recebeu do deus Sol (Inti) um cajado de ouro que deveria ser enterrado na terra, em vários locais, até que ficasse firme. Depois de dias e noites caminhando, o casal finalmente encontrou um lugar em que o cajado se firmou: era o Cuzco, a colina Huanacauri. Eles haviam chegado ao local que seria a capital do grande Império do Sol. Fonte: https://history.uol.com.br/noticias/30-de-julho-dia-da-triplice-deusa-inca (acesso em 03/09/2020). Se você quiser saber um pouco mais sobre os mitos incas, separamos este link acima para você acessar e conhecer. História: já na versão histórica, os estudiosos constataram que, por volta do ano 1400, os incas viviam da agricultura e do pastoreio nas terras próximas a Cuzco, no atual Peru. Próximo do ano 1438, esse grupo conquistou Cuzco e foi expandindo seus domínios por meio da conquista de terras e de povos nas décadas seguintes. A partir destas conquistas, o maior império indígena da América se formou. O primeiro imperador (chamado pelos incas de Sapa Inca) foi Pachakuti. https://history.uol.com.br/noticias/30-de-julho-dia-da-triplice-deusa-inca O território inca Como já mencionamos, os incas formaram o maior império da América Pré-colombiana – esse termo é utilizado como referência aos povos indígenas que viviam na América antes da chegada do colonizador Cristóvão Colombo. Sua chegada, marca o início do processo de colonização espanhola na América. Vamos conferir no mapa a seguir como estava delimitado o Império Inca. O mapa representa a expansão do Império Inca e seus principais governantes entre os séculos XV e XVI. Fonte: site Cola da Web (acesso em 03/09/2020). No mapa, podemos acompanhar a expansão do território inca durante o governo de seus imperadores, especialmente entre os anos de 1438 a 1532. Este império desenvolveu-se na América do Sul, ao longo da Cordilheira dos Andes e ocupou as terras que correspondem aos atuais países do Equador, Peru, parte do Chile, da Bolívia e da Argentina. Estas conquistas cessaram em 1532, com a chegada do conquistador espanhol Francisco Pizarro, em Cajamarca, onde emboscaram e capturaram o imperador Atahualpa. Em seu apogeu, o império chegou a ocupar um território de 5.200 Km e comportava cerca de 8 milhões de habitantes. Para melhor administrar este território tão grande, o império inca foi dividido em quatro províncias ligadas por estradas que interligavam as regiões de seu domínio. Veja o que descreve Norton sobre as estradas incas: À semelhança das estradas romanas, as redes de estradas dos incas se destinavam mais às conquistas e à administração do que ao comércio. Os incas construíram suas estradas a fim de preservar a ordem num Império que se estendia por mais de 4000 quilômetros, de uma extremidade à outra. Corredores de revezamento, bem treinados, usavam essas estradas para transmitir informações acerca de rebeliões que podiam ser rapidamente sufocadas com o envio de grandes exércitos. Nos lugares em que as estradas tinham de atravessar rios ou barrancos nas montanhas, os engenheiros conceberam as primeiras pontes pênseis do Novo Mundo. Suspensas por cordas feitas de cipó, essas passagens com bordas laterais flexíveis balançavam ao vento e estremeciam ao receber pesadas cargas. (LEONARD, Joathan Norton. América pré-colombiana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p. 43). Vista da estrada na cidade inca de Machu Picchu, no Peru. Fonte: site Machu Picchu Brasil (acesso em 03/09/2020). Os pesquisadores que se dedicam ao estudo do Império Inca, reiteram a grandeza deste povo por meio da criatividade empregada para adaptar sua vida a um espaço que apresentava dificuldades para o desenvolvimento de suas atividades. Leia o que o historiador Serge Gruzinski escreve sobre o Império inca. [...] o Império Inca era composto por um mosaico de povos e de paisagens naturais, dispersos num quadro montanhoso [...] A força dos incas é primeiramente o império de uma língua, o quéchua, imposta às populações tributárias e ensinada aos chefes dos grupos derrotados. É também o resultado de um centralismo estatal e de uma política [...] que fixava nas regiões controladas pelo Inca as etnias [...] das regiões insubmissas. É a eficácia de uma rede viária de vinte mil quilômetros que cobria a maior parte do país. Por fim, é um laço [...] religioso, o culto ao Sol Inti, que não parava de reafirmar a superioridade do Inca. (GRUZINSKI, Serge.A passagem do século: 1480-1520: as origens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 77 e 78). Neste trecho descrito acima, podemos perceber a importância e a força que o imperador – chamado de Inca - tinha perante seu povo e, como sua imagem de ser semidivino, o elevava a uma condição de forte influência política e social, colocando-o acima de possíveis questionamentos e revoltas. Sendo totalmente venerado por seus súditos. A vida na Cordilheira dos Andes Os incas precisaram se adaptar para viver em meio ao acidentado espaço geográfico rodeado por montanhas, na Cordilheira dos Andes. Para isso, criaram técnica de plantio, adaptaram suas construções, suas cidades e as estradas para melhor aproveitar as riquezas naturais e desenvolver suas atividades. Sua economia estava baseada na agricultura. Cultivavam produtos como mandioca, milho, abacate, feijão, amendoim, batata e feijão. Para desenvolver a agricultura, os incas utilizavam da adubação da terra e da irrigação com a construção de canais e tanques - sistema de terraços. Sobre este aspecto, acesse o link a seguir e conheça um pouco mais: https://www.brasildefato.com.br/2019/08/23/os-muitos-milhos-do-vale-sagrado-dos-incas (acesso em 03/09/2020). Seguindo neste aspecto econômico, a prática do comércio acontecia pela troca de produtos nos inúmeros mercados locais espalhados pelas cidades incas. Quanto ao pastoreio, os incas domesticaram a lhama que, além de ser utilizada como meio de transporte, fornecia couro, carne e esterco. Os rebanhos pertenciam ao governo inca e eram utilizados para o transporte de provisões do império. Estes animais percorriam até 20 quilômetros por dia. Também auxiliavam o exército, contribuindo no deslocamento https://www.brasildefato.com.br/2019/08/23/os-muitos-milhos-do-vale-sagrado-dos-incas das tropas e seus pertences. Além da lhama, o povo inca criava a alpaca e a vicunha, importantes para obtenção de lã. Quanto a sociedade inca, o povo estava assim dividido: imperador, nobres, sacerdotes, artesãos, camponeses e escravos. O imperador - conhecido como Inca ou Filho do Sol - era visto como semidivino. Abaixo dele estavam os sacerdotes e os chefes militares, todos pertencentes a nobreza. A seguir vinham os artesãos, os soldados, os contabilistas, os projetistas e os funcionários públicos. Esses profissionais viviam nas cidades e eram sustentados pelo governo, que acumulava riquezas por meio dos impostos pagos pelos camponeses e pelos povos sob seu domínio. Os camponeses, por sua vez, compunham a maioria da população inca e viviam em aldeias. Cada uma delas, era formada por um conjunto de famílias unidas por laços de parentesco, chamadas de ayllu – chefiadas pelo kuraka. Cada ayllu, tinha suas terras divididas em três partes: uma para o imperador, uma para os deuses - esta parte era controlada pelos sacerdotes – e uma para os camponeses e suas famílias. Os camponeses trabalhavam em todas as terras e eram obrigados a prestar serviços ao governo, de forma gratuita – a mita. A construção das cidades incas também tiveram que passar por essa adaptação ao espaço geográfico acidentado da Cordilheira dos Andes. Vamos dedicar um espaço do nosso estudo à mais famosa destas cidades, Machu Picchu. A linda cidade de Machu Picchu Uma das principais cidades incas e hoje, uma das mais famosas, é Machu Picchu. Vista da cidade inca de Machu Picchu, no Peru. Fonte: Google Earth- acesso 03/09/2020 Vamos conhecer um pouquinho mais sobre seus encantos a partir da descrição do escritor Boulos: A cidade de Machu Picchu é um exemplo da capacidade arquitetônica dos incas. Erguida nas montanhas, a cerca de 2400 metros de altitude, sua construção ainda intriga arqueólogos, pois os incas dispunham apenas de instrumentos rudimentares, não tinham carroças nem animais capazes de transportar grandes pedras como as que foram usadas na obra. Escadarias foram cavadas na própria montanha, ligando palácios, templos, casas e guarnições. BOULOS JUNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania, 3ª edição, São Paulo: FTD, 2015, p. 236). Outra rica descrição da cidade foi escrita por Rosana Bond: Machu Picchu é uma cidade-fortaleza cujo nome sempre foi sinônimo de força e majestade. é um dos exemplos mais impressionantes da vontade e da fé incaicas, além de ser um dos mais belos trabalhos da arquitetura daquele povo. Trata-se de uma obra que conseguiu incrustar na paisagem andina uma fortaleza voltada para a defesa do império. Nas vertentes da montanha sobre a qual a cidade foi edificada, havia longas escadarias, ao lado de um sistema de terraços muito bem traçados, que permitia a agricultura nas encostas. Machu Picchu, apesar de hoje atrair turistas e estudiosos do mundo inteiro, ficou escondida pela mata durante cerca de quatro séculos e somente foi revelada ao mundo no ano de 1911, pelo explorador estadunidense Hiram Bingham. No dia 24 de julho, a lenda virou realidade: ao chegar ao topo da montanha de Machu Picchu, o explorador viu surgir templos, moradias reais e todos os elementos de uma cidade inca que permanecera intocada sob a vegetação local. Nesse dia, Hiram Bingham realizou uma das maiores descobertas arqueológicas do século XX. (BOND, Rosana. A civilização inca. São Paulo: Ática, 1993, p. 39). Machu Picchu foi uma das poucas cidades incas que sobreviveram à conquista espanhola, provavelmente por não ter sido descoberta na época colonial. Acredita-se que a cidade tenha sido um local de cultos realizados pelas Virgens do Sol - jovens mulheres que viviam enclausuradas em palácios, templos ou cidades sagradas, para dedicar sua aos cultos religiosos -, pois a grande maioria dos restos mortais encontrados ali era de mulheres e crianças. A cultura inca Finalizando nosso estudo sobre os incas, vamos destacar os aspectos culturais e seus legados históricos. Arquitetura: as cidades de Cuzco e Machu Picchu são exemplos da majestosa arquitetura de seu povo. Possuíam grandes pirâmides em degraus, construções de pedra e adobe (tijolo de argila, seco ou cozido ao sol, às vezes acrescido de palha ou capim). Acesse o site para conferir algumas destas construções!! https://www.blogdaarquitetura.com/arquitetura-inca/ (acesso em 03/09/2020). Conhecimentos: os sacerdotes incas conheciam a astronomia e a astrologia. Nesta área do conhecimento, os incas criaram a divisão do ano inca, que correspondia ao ano solar de 365 dias, divididos em 12 meses lunares. Os astrônomos faziam ajustes no calendário para evitar que acontecesse uma diferença entre o número de dias de um ano para o outro, pois queriam evitar que erros no calendário pudessem comprometer as atividades agrícolas e os rituais religiosos. Também construíram o relógio do sol na cidade de Machu Picchu, que indicava os dias do ano, o início e o fim de cada estação e as principais datas do calendário agrícola e do seu calendário religioso. Os incas já conheciam as constelações de Órion, Escorpião e Cruzeiro do Sul. Os sacerdotes se guiavam pelo Solstício de Inverno para realizar uma peregrinação cerimonial anual de Cuzco até La Raya, um lugar onde eles acreditavam que o Sol nascia. Inclusive usavam a astronomia para orientação e para compreender o clima terrestre. Todo esse conhecimento era baseado nas constelações. https://www.blogdaarquitetura.com/arquitetura-inca/ Apesar de serem conhecedores de todos estes aspectos astronômicos, os incas não possuíam escrita. Quem registrou tudo isso, foram os espanhóis por meio de seus cronistas. Matemática: os incas também dominavam conceitos matemáticos e desenvolveram um sistema numérico decimal, por meio da utilização do quipu. Sobre este conhecimento inca, a escritora Rosana Bond descreve: os incas desconheciam as moedas, entretanto, criaram um sistema numérico decimal que permitiamanter uma contabilidade. Eram os chamados quipus que consistiam em um número determinado de cordinhas fixas a um cordão principal. Nessas cordinhas indicavam, segundo a posição e o tipo, as unidades, as dezenas, as centenas ou os milhares. Os quipu camayu, isto é, funcionários encarregados de fazer os quipus, estavam à frente de verdadeiros arquivos e comunicavam ao governo o resultado dos recenseamentos e diferentes estatísticas. (BOND, Rosana. A civilização inca. São Paulo: Ática, 1993, p. 30). Depois de nos debruçarmos sobre todos estes conhecimentos desenvolvidos pelo povo inca, chegamos ao final deste módulo. Quanta riqueza histórica e cultural eles nos deixaram, não é mesmo? Espero que você tenha enriquecido seu conhecimento sobre este povo fascinante que habitou a América do Sul. Tupis-Guaranis Neste último módulo do nosso curso, vamos conhecer sobre os povos ameríndios que habitavam as terras do atual Brasil. Quando os portugueses chegaram à costa do que atualmente conhecemos como Brasil, em abril de 1500, depararam-se com os índios denominados Tupiniquins. Com as novas expedições, verificaram que não era somente eles que ocupavam a costa. Havia uma série de grupos que viviam no litoral do oceano Atlântico, e que pertenciam ao tronco linguístico Tupi: Tupiniquins, Tupinambás, Caetés, Potiguaras, Tamoios, Carijós (Guaranis), entre outros. Muitas vezes esses grupos eram rivais entre si, e logo o colonizador lusitano percebeu isso, aproveitando-se dessa peculiaridade para avançar território adentro nos séculos seguintes à sua chegada. Acredita-se que esses povos tenham uma origem comum: a Amazônia. Não se sabe o porquê migraram, nem o local exato de onde saíram, embora os estudos recentes sugerem dois locais: a bacia do rio Guaporé, no atual estado de Rondônia, ou uma área entre os rios Madeira e Tapajós, entre o Amazonas e o Pará. Teriam iniciado sua migração entre o século V a.C. e o início da Era Comum. Alguns autores defendem a hipótese de duas rotas de migração, uma pela bacia dos rios Paraná e Paraguai, e outra pelo litoral. Mas a teoria mais aceita é a de que desceram pela bacia do Paraná-Paraguai, ingressando no que é atualmente o estado de São Paulo pelo Rio Tietê, e depois se separando, formando dois grupos distintos: os tupis e os guaranis, com a divisão geográfica entre os rios Tietê e Paranapanema. Entre os Tupis, que estavam ao norte dessa linha, havia uma divisão entre os Tupinambá, que eram os descendentes diretos dos Tupi, e os Tupiniquins, que eram os descendentes indiretos dos Tupis. Já os Guaranis, que ocupavam a área ao sul dessa linha, também ocupavam áreas no interior, e não somente no litoral. Figura 1 - Dança do povo tupiniquim, Aracruz/ES. Jan/2008 Fonte: Agência Brasil. Licença Creative Commons CC-BY 3.0 Descrição da imagem: três índias dançando, vestindo saias de palha e biquíni e descalças. No centro, um rapaz, vestindo bermuda estampada, também descalço, segurando nas mãos instrumentos de madeira. Ao fundo, aparecem algumas pessoas observando a dança, uma barraca em lona cor laranja, uma obra em madeira sendo realizada e vegetação. Os povos tupis-guaranis compartilhavam uma série de aspectos comuns entre si: - Viviam em ambientes semelhantes: áreas florestais de grande porte (Mata Atlântica) e em vales de rios com matas. Eram ambientes mais próximos de seu suposto local de origem, a Amazônia. Os Guaranis especializaram-se mais nas áreas às margens dos rios, e por isso também ocupavam áreas ao interior; já os Tupis, especializaram-se nas áreas de florestas. - Organização política e social: viviam em aldeias, que tinham de quatro a oito malocas (ou ocas). As malocas eram casas muito grandes, chegando a medir 40 m x 16 m. Nelas, havia a reunião de famílias extensas, ou seja, um conjunto de famílias ligadas por um ancestral comum. Cada aldeia, poderia ter entre 500 e 2000 pessoas. Em geral, cada aldeia era independente e não tinha um líder fixo. Havia conselhos com os chefes das famílias extensas, que em conjunto tomavam as principais decisões. Em tempos de guerra, as aldeias poderiam estabelecer alianças momentâneas para determinados fins, formando uma espécie de confederação comandada por um líder de guerra (morubixaba). - Sistema agrícola da coivara. A coivara consistia na queimada da mata, para que as cinzas fertilizassem a terra. Isso garantia nutrientes ao solo por um determinado tempo, entre dois e cinco anos. Quando o solo se esgotava, era necessário trocar de área. Por isso, afirma-se que os tupis eram seminômades. A agricultura era a principal fonte de subsistência, com destaque para as plantações de mandioca e milho, além de outras plantas, conforme as regiões ocupadas, como o inhame, o caraá, o algodão e a cabaça. Complementavam sua alimentação com a caça, a pesca e a coleta. - Divisão sexual do trabalho: as mulheres cuidavam das tarefas agrícolas (com exceção da derrubada das matas e sua queima), da coleta, preparação de alimentos e de utensílios; já os homens dedicavam-se à derrubada da mata, à caça, à pesca, à construção das malocas e à guerra. - Utilização da cerâmica para consumo e transformação de alimentos, armazenamento de água e bebidas, e mesmo como urnas funerárias. - Andavam nus e pintavam o corpo. A pintura tinha significados estéticos, podendo se relacionar com o grau de poder que determinada pessoa tinha na comunidade, mas também protegia contra os insetos. O urucum, pigmento natural utilizado nas pinturas, tem propriedades repelentes. - Crença na terra sem males: acreditavam que haveria uma terra onde não haveria fome, guerras ou doenças, mas também onde não se necessitaria mais trabalhar e se alcançaria a imortalidade. Acredita-se que os fluxos migratórios guaranis, ao longo do tempo, tenham essa crença como um de seus elementos principais, já que, diferentemente da doutrina cristã, que associou a terra sem males à ideia do paraíso, a terra sem males existia em um lugar geograficamente determinado e em uma realidade histórica. Algumas estimativas apontam para cerca de 1 milhão de tupis na faixa litorânea (9 hab/km²) e 1,5 milhão de guaranis (4 hab/km²), mas os dados são incertos. Porém, ao final do primeiro século de colonização, no litoral, teria se passado de 1 milhão para apenas 200 mil tupis, fruto das guerras, da escravidão, das doenças e do trabalho missionário. No século XVII, essa mortalidade alcançaria os Guaranis do centro-sul. Tapuias Figura 1 - Índio Pataxó no 1º Encontro Sul-Americano de Culturas Populares. Fonte: Agência Brasil (autor: Fábio Pozzebom) Descrição da imagem: rapaz de pele parda e cabelo preto comprido. Usa diversos colares no pescoço feitos de miçangas coloridas. Nas orelhas, usa brincos compridos feitos com miçangas e também, tem alargadores em formato de cone com pintura na ponta. Abaixo do lábio tem um adereço perfurando o queixo em formato de bolinha. Na cabeça usa um cocar feito de penas amarelas e uma faixa na testa trançada em palha. Podemos perceber algumas características comuns entre esses povos, mas devemos lembrar que também havia grandes diferenças. Por conta de que muitas se opuseram ao avanço português em direção ao interior do território, temos menos informações que em relação aos Tupis. ● em geral, não eram agrícolas. Baseavam sua alimentação na caça e na coleta. Como essas atividades esgotavam os recursos naturais, necessitavam mudar-se constantemente, sendo assim, nômades. Por conta do nomadismo, acabaram não desenvolvendo a cerâmica. ● costumavam se dividir internamente em duas metades tribais; os casamentos deveriam ser entre os membros das duas metades, e o homem que casava passava a fazer parte da metade de sua esposa. Porém, os filhos ingressavam na metade do pai. ● eram liderados por um chefe, que possuía certas obrigações com os membros da tribo e a representava nas relações com os demais grupos.Muitas vezes os grupos locais se uniam em entidades maiores, especialmente quando entravam em guerra. ● eram politeístas, mas acreditavam na ideia de um Ser Supremo, muitas vezes com a característica de um herói civilizador e frequentemente associado ao Sol; há um destaque bastante grande para os espíritos, dos homens, dos animais, das plantas. A resistência dos Tapuias ao avanço lusitano garantiu a sobrevivência de vários grupos até o século XIX, o que não aconteceu com os Tupis. Mas também houve exceções a essa norma geral, como o caso dos cariris. Estes foram dizimados na Guerra dos Bárbaros no século XVII e começo do XVIII, após terem apoiado os holandeses em sua ocupação do Nordeste, o que liberou boa parte do atual interior nordestino à ocupação portuguesa. A antropofagia “Na Europa, a notícia rolava Homem branco se assustava Índio come gente... Quem diria” (Samba Enredo da Imperatriz Leopoldinese, Carnaval do Rio, 2002) Um dos aspectos que mais chamou a atenção dos portugueses, e em especial dos cronistas que passaram pelo litoral brasileiro no século XVI, foi a questão da antropofagia. Entendia-se esse ritual como algo selvagem ou bárbaro, e isso causou estranheza e oposição. Porém, ele fazia parte do sistema de guerra dos grupos indígenas tupis. A guerra entre os tupis não tinha o objetivo de conquistar terras, muito menos de matar inimigos. O objetivo da guerra era a vingança; em especial, vingar ataques cometidos pelo grupo que seria o alvo da investida. Atacando um determinado grupo, buscavam-se prisioneiros que seriam objeto de sacrifício ritual. Figura 1 - Gravura intitulada "Os Filhos de Pindorama", de Theodore de Bry,1562. Baseado nos relatos de Hans Staden. Fonte: Domínio Público Descrição da imagem: no centro uma grande fogueira com um tipo de grelha de madeira com partes do corpo humano em cima. Ao redor da fogueira estão índios e índias. Alguns tem nas mãos partes do corpo humano e outros estão com pedaços de corpo na boca, comendo. Ao fundo aparecem ocas. Também não era qualquer prisioneiro que serviria para o sacrifício. Somente os melhores do grupo atacado eram escolhidos, aqueles que causaram o maior dano ao grupo que atacava é que faria o ritual. Acreditava-se que, com o banquete da carne de uma pessoa, parte de seu espírito guerreiro incorporaria naquele que o comeu, tornando-o mais forte. A execução podia tardar vários meses. Nesse tempo, o cativo vivia na casa de seu captor, que lhe cedia irmã ou filha como esposa. Sua condição só se alterava às vésperas do ritual, quando tornava-se inimigo novamente e era submetido a um rito de captura. Ao fim, era submetido ao rito, morto e devorado. A guerra e a captura de inimigos para serem finalmente mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico eram aspectos integrantes das sociedades tupis, pois dessas atividades viris dependiam a obtenção de status, a escolha de esposas e o progresso ao longo das faixas etárias. A aquisição de status na sociedade dependia do número de prisioneiros que eram feitos nas campanhas militares. Essa necessidade de fazer prisioneiros fazia com que aldeias tupis se mantivessem em constante estado de guerra com seus vizinhos mais próximos. A antropofagia também foi vista em algumas sociedades Tapuias. O relato dos cronistas, porém, foi de que o faziam não com caráter ritual, mas como se fosse um outro alimento qualquer, ou para que, em caso de doenças, morresse e apodrecesse na terra. A Amazônia Quem olha para a floresta amazônica hoje pode pensar: há apenas grupos indígenas, de tamanho reduzido, que sobrevivem da caça e da coleta; são sociedades simples e igualitárias. Para o ano de 1500 e antecedentes, essa é uma visão que não corresponde à realidade. Estudos arqueológicos vêm desvendando o passado da região antes da chegada dos europeus. A Amazônia, segundo trabalhos de arqueólogos, em algumas áreas tem um solo rico, chamado de terra preta de índio, que permitiria plantações em grande escala (sobretudo de mandioca e milho). Uma grande produção possibilitaria crescimento demográfico, o que levaria à competição por espaços e à guerra. Isso propiciaria a consolidação de grandes unidades territoriais comandadas por chefes, por volta do ano 1000 d.C., que chegariam a ter dezenas de milhares de quilômetros quadrados. Um dos locais onde escavações vêm sendo realizadas é a ilha de Marajó, na foz do Rio Amazonas, no Pará. Ali, existe um grande número de aterros, denominados de tesos. Os tesos foram construídos em campos inundáveis, com fins habitacionais, cerimoniais (religiosos) ou funerários. A maioria possui entre 1 e 3 hectares, mas há complexos de tesos com até 50 ha, chegando a ultrapassar 6 metros de altura. Acredita-se que teriam surgido a partir do século IV d.C., sendo construídos até os séculos XIII-XIV. Para haver essas construções, os arqueólogos acreditam que devia haver alguma forma de organização social complexa, para poder coordenar os trabalhos. Ainda não se tem ideia da base alimentar dessa população, embora haja a hipótese de sua dieta ser baseada na rica polpa das palmeiras da ilha; outra hipótese é de que os tesos serviam para a agricultura. Nos tesos foram encontradas cerâmicas de altíssima qualidade, denominada de cerâmica marajoara. Eram peças ricamente decoradas, algumas com aplique em alto relevo com desenhos de humanos e animais. Porém, quando os europeus chegaram à foz do Rio Amazonas, não existiam mais evidências dessas sociedades. Figura 1 - Peça de cerâmica marajoara Fonte: Dornicke. Domínio público Subindo o rio Amazonas, encontravam-se os índios Tapajós, na região de Santarém (Pará). Havia grandes aldeias, com chefes que mobilizavam milhares de guerreiros. Acredita-se que os Tapajós sejam os sucessores da denominada Cultura Santarém, que se destaca pela existência de uma cerâmica constituída por vasos cerimoniais ricamente detalhados, datada entre 800 e 1100. Figura 2 - Vaso cariátide, cerâmica tapajônica. Fonte: Domínio público Descrição da imagem: cerâmica em tom acobreado, em formato arredondado, parecendo um cálice, com ornamentos na parte central, linhas esculpidas na parte do fora do bocal e suporte de sustentação decorado. Podemos pensar um pouco sobre o que seria a Amazônia quando da chegada dos europeus pelos primeiros relatos de expedições realizadas por espanhóis na bacia amazônica no século XVI. Estes relatam que havia uma série de aldeias ao longo do rio Amazonas, de diversos tamanhos, algumas de dimensões consideráveis e com estruturas político-cerimoniais, separadas por grandes áreas não habitadas. Algumas dessas aldeias eram fortificadas com paliçadas, o que demonstra que haviam conflitos entre grupos indígenas. Mas também existem evidências de redes de troca comerciais e culturais entre essas populações. Relatam também a grande capacidade de fornecimento de alimentos, em especial de mandioca e milho, além da abundância de animais, como o peixe-boi e as tartarugas (criadas em lagos artificiais). Algumas estimativas apontam para uma população de 1,5 milhão de pessoas na região amazônica em 1500, que começou a descender quando da chegada dos europeus, trazendo doenças e a guerra. Muitos dos grupos às margens do rio Amazonas foram exterminados por doenças, guerra e escravidão. No século XVIII, essas áreas já estavam bastante esvaziadas, bem diferente dos relatos dos primeiros europeus. Tanto é assim que a maior parte das terras indígenas atuais estão em áreas periféricas, como o alto Rio Negro, o alto Xingu, o Alto Madeira e o planalto das Guianas. Porém, os estudos arqueológicos concentram-se especialmente na área em torno ao rio Amazonas. Pouco se sabe o que se passou em outras áreas adentro. Como no Acre, onde existem os chamados geoglifos, estruturas artificiais feitas de terra, de formas quadrangulares ou circulares, que ainda se desconhece o seu significado, datando do primeiromilênio. O Centro-Oeste A região do Cerrado, em 1500, era caracterizada pelo grande número de aldeias de tipo circular. Já foram encontradas cerca de 150 na região. Cada aldeia era composta por um a três anéis de casas, as quais envolviam uma praça central, que devia ter uma função política e de realização de cerimônias. Acredita-se que cada aldeia poderia abrigar entre 800 e 2000 pessoas. Nessa região, os arqueólogos afirmam existir dois grupos, bem delimitados por sua tradição de produção de cerâmica: - os grupos da chamada Tradição Aratu, que se concentravam nas cabeceiras dos rios Tocantins e Paranaíba. A maioria das aldeias desse grupo está localizada em áreas de florestas e são associadas ao cultivo do milho e da batata-doce. As aldeias em geral tinham em torno de 7 hectares e 300 metros de diâmetro. - os grupos da chamada Tradição Uru, com aldeias localizadas nos campos do cerrado, são associadas ao cultivo da mandioca e têm tamanhos menores, com cerca de 4 hectares e 230 metros de diâmetro. Porém, mesmo tendo essas grandes aldeias, os estudos apontam que os povos do cerrado não eram sedentários, mas sim combinavam momentos de ajuntamento nas aldeias com momentos de dispersão, em grupos menores, em busca de alimento. Acredita-se que tivessem uma organização social complexa, para poder construir aldeias de tal porte; porém, ao que consta, não tinham chefes permanentes. Esses fatos ainda intrigam os arqueólogos, que buscam compreender como isso foi possível. Figura 1 - Aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, no Parque Indígena do Xingu. Fonte: Agência Brasil. Licença Creative Commons CC-BY 3.0 Já na região das cabeceiras do Xingu, no atual Mato Grosso, existem estudos que combinam a etnologia com a arqueologia, aproveitando-se da presença atual na região de muitas populações que viviam por lá nos idos de 1500. Acredita-se que por volta do ano 900, populações de língua arawak chegaram à região, fato marcado pelo surgimento das aldeias em formato circular, típico dessas populações na Amazônia, e a produção de uma cerâmica parecida a de vários grupos atuais que vivem ali. Por volta de 1400, as aldeias se tornam cada vez maiores, chegando a ter entre 20 e 50 hectares, sendo que várias delas são cercadas por fossos largos e profundos. Essas aldeias eram conectadas por caminhos, o que indica trocas econômicas e culturais entre os vários grupos. Calcula-se que as aldeias por volta de 1500, tinham cerca de dez vezes o tamanho das atuais. As populações viviam da agricultura de mandioca e da pesca, ambas abundantes na região. No século XVI contudo, as aldeias fortificadas desaparecem, e as aldeias ganharam as feições atuais. O motivo ainda é incerto, mas especula-se que seja pela ausência de conflitos internos, ou com outros grupos indígenas, e a não incursão dos europeus na região, que só chegam com as expedições em busca de ouro, no século XVIII. Finalizando... Para finalizarmos nosso módulo e também nosso curso, separamos alguns aspectos importantes sobre as influências da cultura indígena na cultura brasileira. Podemos identificar inúmeros traços culturais indígenas preservados na nossa cultura, como: Caça: uso do alçapão, da arupuca, do bodoque ou estilingue; Pesca: uso da rede, do puçá, do anzol, do arpão, do arco e da flecha; Agricultura e artesanato: o fabrico de cestas utilizando palha de bananeira e da palmeira, de canoas e instrumentos musicais; a técnica da coivara na prática agrícola. Mitos, lendas, práticas religiosas, danças e músicas indígenas também continuam fazendo parte do repertório cultural brasileiro - muitas vezes mesclado às influências africanas. Alimentação: a utilização da mandioca e do milho e alguns quitutes, como a moqueca. Outras heranças indígenas na cultura brasileira são o uso do tabaco, o banho de rio, o descansar de cócoras. O uso da rede é também de procedência indígena, assim como inúmeras palavras que fazem parte do nosso vocabulário: Itajubá (ita=pedra, juba=amarelo); Curitiba (curi=pinheiro, tiba=muito); guaraná, jabuticaba, jacarandá, arara, tamanduá, jabuti, siri, sabiá, entre outros. As culturas indígenas foram historicamente incompreendidas pelo homem branco. A particular relação dos índios com a natureza, fonte de sustento da qual dependiam, mas que também respeitavam como parte viva de sua cultura, era estranha à maioria dos europeus. Resultante do descompasso cultural entre os indígenas e os europeus, surgiu o preconceito, que perdura até hoje. Referências: BOULOS JUNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania, 7º ano. 3ª edição, São Paulo: FTD, 2015. CHAUNU, Pierre. História da América Latina. São Paulo: Difel, 1971. GRUPIONI, Luís Donizete Benzi (Org.) Índios no Brasil. 4ª edição. São Paulo: Global; Brasília: MEC, 2005. KARNAL, Leandro. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996. OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (Coord.). História: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 160. (Explorando o ensino, v.21). RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização: processo de formação histórica e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil (1547-1554). São Paulo: Edusp: Belo Horizonte: Itatiaia, 1994. TENÓRIO, Maria Cristina (Org.). Pré-história da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000. VAINFAS, Ronaldo (Org.). América em tempo de conquista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992. WASSERMAN, Claudia (Coord.). História da América Latina: cinco séculos (temas e problemas). 4ª edição, Porto Alegre: UFRGS, 2010. História da América: Astecas, Maias, Incas e Tupis Mito e História Formação do Império Tenochtitlán: o centro do império asteca Cultura e conhecimentos astecas Informações sobre a conquista dos astecas A origem maia Cidades-estado Economia e sociedade maia Cultura e conhecimentos O início O território inca A vida na Cordilheira dos Andes A cultura inca Tapuias A antropofagia A Amazônia O Centro-Oeste Finalizando...