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116792-Pontuação

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Pontuação
	Os sinais de pontuação surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453). A maneira como hoje os utilizamos é diferente da usada naquela época. O ponto final servia para separar uma palavra da outra. Os espaços brancos entre palavras só apareceram no século VII, na Europa e foi nessa época que o ponto passou a finalizar a frase. O ponto de interrogação é uma invenção italiana do século XIV; o de exclamação também surgiu no século XIV. Os gráficos italianos também inventaram a vírgula, e o ponto-e-vírgula já era usado pelos antigos gregos, muito antes disso, como sinal de interrogação. No século XVI surgiram os dois pontos e, no século XVII, a aspa.
Vírgula
	A vírgula marca uma pausa curta; separa elementos de uma oração e orações de um período. E tem diferentes funções, como;
separar elementos que exercem a mesma função sintática
Ex.: “Teve um risinho, recostou-se com uma grande satisfação, enrolando deliciosamente o cigarro, regozijando-se no escândalo.
Quando as conjunções e, ou e nem vêm repetidas, como se fizesse uma enumeração, costuma-se separar por vírgula os elementos encadeados.
Ex.: Por aí, pelas ruas, ou cidades, ou campos, tudo faz a vida fluir.
isolar e destacar elemento explicativo.
Ex.: Mariana, a filha de Jonas, é muito bonita.
isolar e destacar palavras e expressões explicativas, retificativas, conclusivas e continuativas, como além disso, aliás, antes, a saber, assim, com efeito, digo, então, isto é, ou seja, ou melhor, outrossim, portanto, por exemplo e outras.
Ex.: Sou nascido no Brasil, portanto, sou sul-americano.
isolar e destacar o vocativo.
Ex.: Tchau, pessoal! Até mais, Ana!
isolar e destacar o adjunto adverbial antecipado.
Ex.: Ontem, tive um sonho.
separar elementos repetidos.
Ex.: Jannine recheou os bolinhos com chocolate, maracujá, amora e hortelã.
Separar orações 
Ex.: Kleber chegou, agradeceu aos presentes, sentou à mesa e iniciou a reunião.
Ponto
O ponto marca uma pausa completa. Serve para indicar o término de uma oração. O ponto marca também a passagem de um grupo a outro grupo de ideias, bem como encerra um enunciado completo.
	Ex.: Quem se dedica a estudar está apostando em um futuro promissor. Acredita que pode mais e que chega lá.
Ponto-e-vírgula
	É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula; marca, portanto, uma pausa média. Usa-se quando a pausa não é tão longa ou a ideia tão conclusiva que mereça um ponto, e nem tão curta para merecer apenas uma vírgula.	
	Serve para:
separar, num período, as orações da mesma natureza que sejam relativamente longas.
		Ex.: “Como é fácil de verificar, os organismos vivos preferem, é claro, as temperaturas brandas e estão mais adaptados às reações delicadas. É por isso que bem compreendemos a importância da atmosfera primitiva, pesada da poeira dos planetesimais; ela como que acobertou a terra (segundo Chamberlin) contra a intensidade da radiação vinda do exterior e as desigualdades da radiação do interior”.
separar os diversos itens que compõem as leis, decretos, portarias, códigos etc
	Ex.:	Código Brasileiro de Trânsito
Capítulo XVI
Das penalidades
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
	I - advertência por escrito;
	II - multa;
Dois pontos
	Os dois-pontos assinalam uma pausa bem definida. Servem para marcar:
uma citação.
Ex.: Em seguida ele declarou: “Diga ao povo que fico!”.
Um esclarecimento
Ex.: Só há uma saída: Estudar muito.
Ponto de Interrogação
O ponto de interrogação indica uma pergunta.
Ex.:	Quem comeu meu bolo?
Ponto de Exclamação
O ponto de exclamação indica uma exclamação, em geral uma expressão de espanto, de surpresa, de alegria, de raiva, de dor, de súplica etc.
Ex.: Nossa! Que coisa!
Reticências
As reticências marcam uma interrupção na frase e indicam que a ideia ficou em suspenso, não foi concluída. Expressam hesitação, dúvida, tristeza, alegria, sarcasmo e outros sentimentos, bem como o corte da frase de um personagem pela interferência de outro.
Ex.: Logo quando eu pensei que as coisas iriam melhorar...
Aspas	
As aspas servem para diversos fins:
marcar uma citação, uma frase dita por alguém.
destacar uma expressão ou palavra estrangeira
indicar títulos de obras
Parênteses 
Serve sobretudo para inserir indicações acessórias
	Ex.: “Espero que uma velhice tranquila –no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios –, me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia me queixar se o seu marido me descesse a mão?)” 
(Rubem Braga, Nascer no Cairo.)
Colchetes
Colchetes servem para intercalar dados ou expressões já separados por parênteses.
Ex.: 	“Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano.”
(Luis Fernando Verissimo, A metamorfose [p.51].)
Travessão
O travessão é basicamente empregado em dois casos: nos diálogos, para indicar as falas dos interlocutores, e num texto, para isolar palavras ou frases.
		Ex.: “– Que é isso?” “– Chouriço!” “– Conta o que é.”
(Mário de Andrade, Macunaíma.)
“Os ingredientes são: uma porção de caos, duas de confusão e uma pobre mãe exausta – tudo misturado com um cão latindo e balões estourando”.
(Luis Fernando Verissimo, Festa de aniversário.)
RESUMO DAS REGRAS
a) sempre colocar ponto no final de um período e das frases, mas apenas quando elas encerram uma ideia completa;
b) colocar vírgulas entre os diversos elementos de uma enumeração;
c) não separar por vírgula o sujeito do seu verbo e o objeto direto do seu verbo;
d) sempre que abrir aspas, parênteses ou colchetes, não esquecer de fechá-los em seguida;
e) sempre colocar entre aspas as citações textuais;
f) não colocar ponto-de-interrogação ao término de uma interrogação indireta, sim ponto-final;
g) sempre isolar termos explicativos por vírgulas;
h) usar apenas as vírgulas necessárias; seu excesso torna o texto truncado e sem ritmo.
Ai, gramática, ai, vida.
[...]
INFÂNCIA: A PERMANENTE EXCLAMAÇÃO
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro, quem não chora não mama!
Me dá! É meu!
[...]
A PUBERDADE: A TRAVESSIA (OU O TRAVESSÃO)
[...]
— O que eu acho, Jorge — não sei se tu também achas — o que eu acho — porque a gente sempre acha muitas coisas — o que eu acho — não sei — tu és irmão dela — mas o que eu estive pensando — pode ser bobagem — mas será que não é de a gente falar — não, de eu falar com a Alice —
— Alice tu sabes — tu me conheces — a gente se dá — a gente conversa — tudo isto Alice — tanto tempo— eu queria te dizer Alice — é difícil — a gente — eu não sei falar direito.
JUVENTUDE — A INTERROGAÇÃO
Mas quem é que eu sou afinal? E o que é que eu quero? E o que é que vai ser de mim?
E Deus, existe? E Deus cuida da gente? E o anjo da guarda, existe? E o diabo? E por que é que a gente se sente tão mal?
[...]
Mas por que é que tem pobres e ricos? Por que é que uns têm tudo e outros não têm nada? Por que é que uns têm auto e outros andam a pé? Por que é que uns vão viajar e outros ficam trabalhando?
[...]
AS PAUSAS RECEOSAS (RECEOSAS, VÍRGULA, CAUTELOSAS) DO JOVEM ADULTO
Estamos, meus colegas, todos nós, hoje, aqui, nesta festa de formatura, nesta festa, que, meus colegas, é não só nossa, colegas, mas também, colegas, de nossos pais, de nossos irmãos, de nossas noivas, enfim, de todos quantos, nas jornadas, penosas embora, mas confiantes sempre, nos acompanharam, estamos, colegas, cônscios de nosso dever, para com a família, para com a comunidade, para com esta Faculdade, tão jovem, tão batalhadora, mas ao mesmo tempo tão, colegas, tão. 
[...]
O HOMEM MADURO. NO PONTO.
Uma cambada de ladrões. Têm de matar.
Matar. Pena de morte.
O Jorge também. Cunhado também. Tem de matar. Esquadrão da morte. E ponto final. No meu filho mando eu. E filho meu estuda o que eu quero. Sai com quem eu quero. 
Lê o que eu quero. Frequenta os clubes que eu mando. 
Tu ouviste bem, Alice. Não quero discutir mais este assunto. E ponto final.
(UM PARÊNTESE)
(Está bem, Luana, eu pago, só não faz escândalo)
O FINAL... RETICENTE...
Sim, o tempo passou... E eu estou feliz... Foi uma vida bem vivida, esta... Aprendi tanta coisa... 
Mas das coisas que aprendi... A que mais me dá alegria... É que hoje eu sei tudo... Sobre pontuação... 
(SCLIAR, Moacyr. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar 
e outras crônicas. Porto Alegre: L&PM, 1995. p. 88-91.)

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