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Jornal do CAPS - construção de histórias em oficinas terapêuticas-1

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Ψ
v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
ΨPSICOPSICO
Jornal do CAPS: Construção de histórias em 
Oficinas Terapêuticas
Susane Vasconcelos Zanotti
Adélia Augusta Souto de Oliveira
Universidade Federal de Alagoas 
Maceió, AL, Brasil
 Juliano Almeida Bastos 
Centro de Atenção Psicossocial Dr. João Cabral Toledo 
Capela, AL, Brasil
Wanderson Vilton Nunes da Silva
Universidade Federal de Alagoas 
Maceió, AL, Brasil
RESUMO
Este artigo é resultado da intervenção em um Centro de Atenção Psicossocial no âmbito do projeto de extensão 
universitária “Oficinas Terapêuticas em Centros de Atenção Psicossocial”. Seu objetivo é descrever e problematizar 
aspectos relacionados à abordagem metodológica adotada. Para tanto, focaliza a construção de histórias de vida e 
do lugar enquanto instrumento privilegiado na oficina terapêutica. Os subsídios teórico-metodológicos utilizados 
referem-se às contribuições da Psicanálise ao campo da Saúde Mental e às formulações de Freud e Lacan sobre 
construções e histórias. A repercussão evidencia-se na efetivação das dez oficinas, as quais possibilitaram ao grupo a 
construção de histórias e a produção de um jornal por eles intitulado “Jornal do CAPS”. Identifica-se ainda, mudanças 
na comunicação, no ato de contar e construir histórias, e na convivência estabelecida entre os integrantes do grupo.
Palavras-chave: História; Oficinas Terapêuticas; CAPS; psicanálise; saúde mental.
ABSTRACT
Journal CAPS: Construction of stories in Therapeutic Workshops
This article is the outcome of an intervention in a Psychosocial Care Centers under the university extension project 
“Therapeutic Workshops on Psychosocial Care Centers.” Its objective is to describe and discuss aspects related to the 
methodological approach adopted. To do so, we focused on the construction of life stories as the main instrument on 
the therapeutic workshop. The contributions of Psychoanalysis to the field of Mental Health as well as the works of 
Freud and Lacan concerning the build of personal histories were the main theoretical and methodological resources 
used to this investigation. The accomplishment of ten workshops showed an evident repercussion, enabling the group 
to construct histories and to produce a newspaper entitled “Jornal do CAPS”. We also identified communication 
changes, as in the act of tell and construct stories and in friendship set up between the members of the group.
Keywords: History; Therapeutic Workshops; CAPS; psychoanalysis; mental health.
RESUMEN
Diario de CAPS: construcciones de historias en Talleres Terapéuticos
Este artículo resulta de la intervención en un Centro de Atención Psicosocial (CAPS) en el ámbito del proyecto 
de extensión universitaria “Talleres Terapéuticos en Centros de Atención Psicosocial”. Su objetivo es describir y 
problematizar aspectos relacionados al enfoque metodológico adoptado. Para tanto, se centra en la construcción de 
historias de vida y del lugar como instrumento principal en el taller terapéutico. Los recursos teóricos y metodológicos 
se refieren a las aportaciones de la Psicoanálisis al campo de la Salud Mental y a las formulaciones de Freud y Lacan 
acerca de las construcciones e historias. La repercusión es evidente en la efectuación de las diez oficinas, lo que 
posibilitó al grupo la construcción de historias y la producción de un periódico por ellos titulado “Diario de CAPS”. 
También identifica, los cambios en la comunicación, en el acto de contar/construir historias, y en la convivencia 
establecida entre los miembros del grupo.
Palabras clave: Historia; Talleres Terapéuticos; psicoanálisis; salud mental.
Relato de expeRiência
Jornal do CAPS 279
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
InTRODuçãO
no movimento da reforma psiquiátrica no Brasil, 
as oficinas terapêuticas estão previstas como uma das 
principais formas de tratamento oferecido nos Centros 
de Atenção Psicossocial (CAPS). As oficinas ganham 
lugar de destaque tanto no papel terapêutico quanto 
na reinserção social. Suas ações devem envolver o 
trabalho, a criação de um produto, a geração de renda 
e a autonomia do sujeito (Ministério da Saúde, 2004). 
O CAPS tem como característica premente a abertura 
para novas formas de intervenção e tem possibilitado 
às equipes multiprofissionais o desenvolvimento de 
práticas nas quais as oficinas terapêuticas se consolidam 
como importante dispositivo clínico. 
A prática clínica em instituições de saúde mental 
tem sido objeto de investigação e produções teóricas 
de psicanalistas. Alguns exemplos são os trabalhos de 
Viganò (1999), Figueiredo (2004), e Andrade (2005), 
sobre a construção de casos clínicos nesse contexto; e 
os livros, “Psicanálise e saúde mental”, organizado por 
Alberti e Figueiredo (2006) e “Oficinas terapêuticas 
em saúde mental”, organizado por Costa e Figueiredo 
(2008). 
Costa e Figueiredo (2008) ao abordarem a função 
terapêutica das oficinas no campo da Saúde Mental, 
mencionam a base das atuais oficinas – a terapia 
ocupacional – e anunciam a diferença no modo de 
concebê-las. A terapia ocupacional era utilizada nas 
instituições psiquiátricas como um “ocupacionismo”, 
sem que a possibilidade de expressão “fosse de 
fato valorizada como um instrumento terapêutico, 
propiciador de recursos na estabilização da psicose” 
(Costa e Figueiredo, 2008, p. 7). 
Este artigo é fruto da intervenção em CAPS como 
aposta na possibilidade de expressão como instrumento 
terapêutico. Trata-se dos resultados obtidos em um 
CAPS no âmbito do projeto de extensão universitária 
“Oficinas Terapêuticas em Centros de Atenção 
Psicossocial” (PROEX/uFAL), o qual tem como 
objetivos: construir instrumental para intervenção 
com usuários dos CAPS; aprofundar os conhecimentos 
teóricos acerca da saúde mental; intervir junto aos 
usuários dos CAPS valorizando a expressão através da 
criação de espaços de convivência e comunicação; e, 
possibilitar ao estudante de Psicologia prática clínica 
no campo da saúde mental, a partir da investigação/
intervenção em Centros de Atenção Psicossocial no 
Estado de Alagoas.
Consideramos que a escolha por oficinas tera- 
pêuticas na orientação do trabalho em CAPS implica 
em uma forma particular de lidar com a singularidade 
e o sujeito em tratamento. Nesse sentido, as estratégias 
utilizadas no Projeto de Extensão “Oficinas terapêuticas 
em Centros de Atenção Psicossocial”, privilegiam as 
especificidades do grupo e o cotidiano desses sujeitos. 
As oficinas terapêuticas propostas, no âmbito do 
referido projeto, consideraram as particularidades 
dos quatro CAPS nos quais foram realizadas e a 
singularidade dos sujeitos que delas participaram. O 
uso de diferentes instrumentos metodológicos é prova 
disso: pintura a dedo, música, construção de história e 
a fala. Esse resultado só é possível porque as atividades 
do grupo de trabalho são planejadas junto com a equipe 
do CAPS, com a concordância dos participantes das 
oficinas.
A discussão que se segue, sobre a intervenção no 
Centro de Atenção Psicossocial Dr. Cabral Toledo – 
“Espaço nova Vida”, descreve e problematiza aspectos 
relacionados à abordagem metodológica adotada. Para 
tanto, focaliza a construção de histórias de vida e do 
lugar enquanto instrumento privilegiado na oficina 
terapêutica. Os subsídios teórico-metodológicos uti- 
lizados referem-se às contribuições da Psicanálise ao 
campo da Saúde Mental e às formulações de Freud e 
Lacan sobre construções e histórias. 
Este trabalho tem relevância ao comportar as 
histórias de sujeitos em sua singularidade e na partilha do 
cotidiano de suas realidades subjetivas, configurando-
se aqui pela confecção de um jornal: na reflexão de 
como apresentar, escolher, configurar o que fora dito e 
escrito no âmbito de atividades coletivas em torno da 
palavra história. Por fim, suarepercussão evidencia-se 
na efetivação das dez oficinas, as quais possibilitaram 
ao grupo a construção de histórias e a produção de um 
jornal por eles intitulado “Jornal do CAPS”. Identifica-
se ainda, mudanças na comunicação, no ato de contar e 
construir histórias, e na convivência estabelecida entre 
os integrantes do grupo.
O CEnTRO DE ATEnçãO PSICOSSOCIAL 
O CAPS Dr. Cabral Toledo – “Espaço nova Vida” 
iniciou suas atividades em 2005 com uma equipe 
composta por profissionais da Secretaria Municipal 
de Saúde da cidade de Capela. Estes profissionais 
prestavam assistência ambulatorial a sujeitos em 
sofrimento psíquico, e continuaram adotando práticas 
nessa mesma direção, quais sejam, práticas clínicas 
individuais. no início do ano de 2006, a partir de uma 
parceria com a Secretaria Municipal de Educação, 
foram desenvolvidas as primeiras atividades em grupo 
junto aos usuários que consistiam em aulas ministradas 
por professoras do Programa de Educação de Jovens e 
Adultos.
Os grupos desenvolvidos no CAPS sob coordenação 
dos demais técnicos da equipe multiprofissional 
seguiram essa proposta pedagógica na abordagem, isto 
280 Zanotti, S. V. et al.
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
é, tinham como objetivo a transmissão de orientações. 
Desse modo, o facilitador do grupo apresentava algum 
tema e falava para os participantes sobre o mesmo; 
estes demonstravam esforço para compreender as infor- 
mações, mas, na maioria das vezes, dispersavam-se. 
Em maio de 2007 foi proposto um grupo, 
“Construindo Sentidos”, visando possibilitar aos 
participantes a expressão verbal livre e espontânea 
acerca de temas previamente pensados pelo facilitador. 
Intitular o grupo pareceu uma oportunidade a priori de 
informar à equipe e aos usuários qual seria a dinâmica 
desse grupo. Com isso, pretendeu-se evidenciar que 
nesse grupo não se tratava de ouvir as recomendações 
do psicólogo e sim de realizar uma construção 
em conjunto, onde os participantes assumiriam o 
protagonismo do processo. Adotou-se o modelo de 
oficina terapêutica e utilizou-se como referencial 
teórico-metodológico as práticas discursivas à luz da 
perspectiva construcionista (Ibáñez, 1993).
nesse sentido, foram desenvolvidas oficinas 
semanais, com um grupo de aproximadamente 30 
usuários do CAPS, em atendimento intensivo ou semi-
intensivo. A proposta foi possibilitar a verbalização 
livre a partir de palavras, visando estimular a fala 
de referências individuais na construção de sentidos 
e possibilitar re-significação dessas referências. Esse 
procedimento revelou-se um importante canal de 
comunicação para o grupo, favorecendo a expressão 
da subjetividade e o compartilhamento de idéias, 
sentimentos e emoções.
Durante a oficina, todos os presentes eram convidados 
a se expressar e a ouvir. Com o desenvolvimento da 
atividade observou-se uma modificação nos processos 
de interação entre alguns usuários, o desenvolvimento 
da capacidade de expressão verbal e o fortalecimento de 
vínculos entre os participantes de modo geral, advindos 
do compartilhamento das experiências. 
Em 2008, professoras da universidade Federal de 
Alagoas propuseram um projeto de intervenção com 
atividades que também priorizam atendimento em 
grupo com usuários do CAPS.
AS OFICInAS TERAPêuTICAS 
A proposta de intervenção no projeto de extensão 
universitária consistiu em realizar oficinas terapêuticas 
com sujeitos adultos, durante três meses. As oficinas 
foram propostas com a finalidade de criar espaços de 
convivência e comunicação entre os participantes, 
privilegiando a produção dos sujeitos. A respeito 
destas, concordamos com Guerra (2008) de que a 
dimensão essencial das oficinas “refere-se à articulação 
da dimensão sócio-política com a dimensão da 
subjetividade” (p. 55).
O planejamento e execução das oficinas foram 
desenvolvidos por estudantes do curso de Psicologia 
da universidade Federal de Alagoas, por professores-
supervisores da universidade e pelo psicólogo do 
Centro de Atenção Psicossocial. nesse processo de 
planejamento e execução das oficinas, foi preciso 
considerar alguns aspectos. Dentre eles: o trabalho 
“Construindo Sentidos”, previamente desenvolvido 
pelo psicólogo com esse grupo; as falas dos usuários 
sobre o CAPS e o trabalho em grupo; os modos de 
apresentação do sofrimento psíquico; o contexto no 
qual os sujeitos estão inseridos; as possibilidades 
para realização dessa proposta de intervenção e o fato 
dos estudantes conduzirem as oficinas. A supervisão 
semanal com os estudantes mostrou-se fundamental 
na condução do trabalho com o grupo, na reflexão e 
questionamento crítico sobre a intervenção no CAPS e 
na da escuta do estudante em formação (Bastos et al., 
2009).
A proposta inicial da oficina consistiu em 
desenvolver atividades para dar lugar à expressão dos 
participantes, por meio da fala. Como produto das 
oficinas, a sugestão da equipe era a construção de um 
livro com os contos produzidos pelos participantes 
sobre temáticas referentes às suas vidas na cidade 
em que moram. O psicólogo, em colaboração com 
o projeto de intervenção da Universidade, propôs 
iniciar as oficinas com a palavra “história”. A proposta 
foi aceita por entendermos que esta palavra poderia 
configurar-se em um convite aos sujeitos para contar e 
construir histórias, circunscrevendo-as como atividades 
nas quais eles colaborariam espontaneamente. 
A importância do termo construção em psicanálise 
é apresentada por Freud (1937/2001): “Trata-se de 
“construção”, em compensação, quando se apresenta 
ao analisante um fragmento de sua pré-história, que ele 
esqueceu” (p. 262). Assim, Freud localiza inicialmente 
a construção do lado do analista; ela consiste na 
disposição desses fragmentos, a qual é comunicada ao 
sujeito. Em seguida, apresenta a construção do lado 
do analisante quando, a partir da leitura do analista 
e da abertura para a elaboração, ele é convidado ao 
trabalho subjetivo. Assim, ao aceitar esse convite, o 
sujeito começa a contar sua história ao analista. Este 
é um elemento central na teoria e prática psicanalítica, 
como ressalta Lacan, “É justamente essa assunção de 
sua história pelo sujeito, no que ela é constituída pela 
fala endereçada ao outro, que serve de fundamento ao 
novo método a que Freud deu o nome de Psicanálise” 
(Lacan, 1998/1953, p. 258). 
Lacan (idem) aborda a importância do termo 
história no método psicanalítico. neste método, seus 
meios são os da fala, seu campo é o inconsciente e o 
resultado, a rememoração. “não se trata para Freud, 
Jornal do CAPS 281
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
nem de memória biológica, nem de mistificação 
intuicionista, nem de paramnésia do sintoma, mas de 
rememoração, isto é, de história” (p. 257). História de 
um sujeito, sob a qual, segundo Freud (1937/2001) deve 
ser reconhecido, no trabalho terapêutico, seu núcleo de 
verdade, mesmo nas construções delirantes. 
Miller (2005) também ressalta o valor da história 
para o trabalho clínico ao comentar a estratégia de 
Lacan em “Função e campo da fala e da linguagem” 
quando apresenta, em oposição ao conceito de 
desenvolvimento, um outro, “o de história, que não 
é natural, mas humano e opera na ordem do sentido” 
(Miller, 2005, p. 193). Ou seja, um fato só é inscrito na 
ordem do sujeito quando recebe valor significativo. 
Com base nos subsídios teórico-metodológicos 
apresentados, os quais orientaram o trabalho de 
intervenção, propôs-se um cronograma de atividades, 
tendo como perspectiva a construção de dez oficinas 
terapêuticas. A primeira delas, uma visita à Instituição 
durante atividade realizada no cotidiano do CAPS, no 
mesmo horário em que a proposta das oficinas sobre 
história seria realizada.
As anotações efetuadas pelos estudantesdurante 
as oficinas foram utilizadas no trabalho como recursos 
que garantissem o registro das histórias contadas 
e construídas. Deste modo, a cada oficina eram 
realizados registros escritos das histórias, os quais 
eram lidos para o grupo na oficina seguinte. A escolha 
por esse método, de registro e comunicação do que fora 
anotado, decorre da possibilidade dos participantes 
das oficinas recontarem e reconstruírem as histórias, 
sugerindo alterações, incluindo narrativas que ficaram 
de fora do registro e/ou narrativas que precisassem de 
uma modificação em sua redação. Assim, o saber que 
se privilegia é do participante da oficina. 
Do mesmo modo, os estudantes elaboraram diá- 
rios de campo a cada oficina, considerando o funcio- 
namento do grupo, a elaboração das histórias e as 
ações/reações individuais no trabalho. Tais registros 
foram fundamentais para o processo de supervisão e 
avaliação das atividades, o que auxiliou na elaboração 
das propostas para as próximas oficinas.
COnSTRuçãO DE HISTóRIAS 
na primeira oficina, os participantes em resposta ao 
convite para falar sobre a palavra história, atribuíram 
conceitos e temáticas à mesma. Dentre eles: “história 
é começo de vida”, “história é uma lembrança do 
passado”, “história me faz pensar na vida da gente”, 
“história pode ser algo verídico ou história de trancoso 
– mentiroso”. A partir dessas falas e da discussão 
ocasionada por elas, decidiu-se junto aos participantes 
que eles iriam contar no grupo as histórias de trancoso, 
histórias de vida, histórias da cidade em que vivem e 
história do CAPS que frequentam. Assim, as demais 
oficinas funcionaram a partir do material produzido 
nesse primeiro dia e cada um desses sentidos, atribuídos 
por eles à palavra história, foram abordados nos dias 
seguintes. 
A respeito da proposta inicial da equipe, de 
construção de um livro de contos, um dos participantes 
sugeriu que fosse alterada para elaboração de um jornal. 
Justificou para isso que, durante as oficinas, contariam 
muitas histórias, e por esse motivo, considerou mais 
interessante registrá-las por meio de um jornal. 
A emergência desse sujeito serviu como ponto de 
amarração para as oficinas, pois a partir dela construiu-
se a possibilidade de um vínculo que possibilitou 
efeitos terapêuticos relevantes. A sugestão do jornal foi 
aceita por unanimidade no grupo e assim, as oficinas 
terapêuticas realizadas nesse CAPS tiveram como 
objetivo, enquanto produto material, um jornal para 
retratar as histórias contadas por eles nas atividades 
das oficinas. Sobre a importância de ser extraído um 
produto final, concreto, das oficinas concordamos com 
Guerra (2008, p. 51), quando afirma que: “ao criar 
coisas concretas, talvez o psicótico estivesse extraindo 
do ventre do Outro, objetos reais que, permitindo-lhe 
produzir um resto nessa operação – um objeto inédito 
– talvez lhe conferisse uma densidade simbólica sobre 
sua corporalidade real”.
Durante a confecção das histórias e no modo 
como estas foram narradas, ressalta-se as construções 
e reconstruções, as formas como os sujeitos deram 
lugar às palavras e expressaram suas alegrias e seus 
sofrimentos ao contar episódios de suas vidas. As 
histórias compõem um roteiro e um enredo que se 
entrelaça com a vida, com o corriqueiro, com aquilo 
que não se vê ou lembra, mas que persiste para 
aquele sujeito. Assim, em certos momentos, como por 
exemplo, ao contarem um triste episódio da cidade, 
no qual foram acometidos por uma cheia do rio que 
atravessa a mesma, muitos sujeitos se emocionaram ao 
falar das perdas, a morte de parentes e perda de casas, 
tendo que ficar abrigados em uma escola da cidade. 
Aqueles que contaram a história se emocionaram e 
os demais participantes do grupo demonstraram um 
ouvir atento e solidário. Isto é importante à medida que 
permite pensar as possibilidades de laço social, que se 
constitui no ato de fala (Costa-Moura, 2006).
A fala dos participantes apresenta um discurso 
rico em figuras de linguagem. Muitos deles recorrem à 
metáfora como estratégia de comunicar algo que está 
em outro lugar, mas que facilita a fala, e ao mesmo 
tempo, a manutenção e o gerenciamento do sofrimento 
que a fala pode despertar. Falas, que podem a um leigo 
carecer de sentido, as quais estabelecem um lugar 
282 Zanotti, S. V. et al.
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
para estes sujeitos. Outros preferem eufemismos, 
como alternativas de falar daquilo que não pode 
ser diretamente abordado. O uso da linguagem, ao 
contarem suas histórias, também é ampliado por alguns 
deles, os quais criaram palavras novas e se serviram de 
outros recursos além da fala, como mímicas e gestuais. 
Em todo esse processo de narrativa, a construção de 
uma história possibilita circunscrever o lugar de quem 
fala.
Assim, o espaço das oficinas se constituiu enquanto 
um lugar para a produção de histórias que obedeciam a 
um enredo singular, mas que garantiram um processo 
de enlaçamento social significativo. Isto pode ser 
circunscrito por meio da forma como as oficinas 
foram conduzidas: as histórias poderiam ser contadas 
e recontadas, sendo também um espaço para produção 
coletiva. Por exemplo, em uma das oficinas, os sujeitos 
precisaram entrar em acordo para decidir a história que 
contariam e o que seria relatado; e assim, completar as 
frases ditas por outros participantes, considerando uma 
lógica, um tempo e um enredo que garantisse susten- 
tá-la no processo dessa narrativa, eleita por aquele 
grupo.
Em outro dia de oficina, os participantes formaram 
grupos com cinco sujeitos em cada um. Eles puderam 
escolher com quem formariam o grupo e, informou-
se que construiriam histórias para depois narrá-las aos 
demais. nesse processo, em um dos grupos todos os 
integrantes queriam contar suas histórias; os estudantes 
informaram a eles que o combinado era contar uma 
história, assim eles teriam que escolher qual seria. A 
intervenção no grupo, de que teriam que escolher quem 
contaria a história que eles construíram, surtiu efeito. 
Em seguida, os participantes apontaram a pessoa que 
contaria a história e sugeriram que contasse a história 
do sertão, com ênfase no sofrimento das pessoas. A 
supervisão também se constituiu como um espaço 
de construção, na medida em que possibilitou aos 
estudantes a reflexão da condução do trabalho e a 
construção de alternativas pelos participantes, como a 
negociação e o acordo entre os pares.
Nesse sentido, podem-se notar as mudanças de 
alguns sujeitos, que apontaram para um posicionamento 
diferenciado em relação às histórias e à comunicação 
no grupo. A não participação de um dos sujeitos do 
grupo intrigava os estudantes, que em supervisão, 
questionaram essa distância das atividades. Em pouco 
tempo de oficinas, eles se surpreenderam. O sujeito 
que se apresentava afastado, resolve falar, narrar sua 
experiência no CAPS e durante o passeio, conversar 
com os coordenadores do grupo. 
Em relação à terapêutica e construção de vínculo que 
promova esse espaço de contar histórias, consideramos 
relevantes as formas como os sujeitos se referiam uns 
aos outros, o modo que construíram suas histórias e 
ouviram com interesse as histórias dos outros. Com isso, 
configura-se a importância do trabalho de intervenção 
com oficinas terapêuticas, as quais, segundo Guerra 
(2008, p. 53) “permitem a construção de uma outra 
superfície para localização desse gozo [do Outro]”, pois 
garante a construção de algo a partir da singularidade 
com que cada sujeito manifesta-se.
A construção das oficinas e dos recursos temáticos 
contou com a participação dos sujeitos na elaboração 
dos temas, na escolha do que fora escrito no jornal, 
no formato e disposição em que as histórias aparecem 
na edição, e até mesmo na confecção da autoria das 
histórias,circunscrevendo um lugar importante e 
efetivo na confecção do jornal. O aspecto de autoria 
apresentou-se como algo importante para os sujeitos 
ao escolherem as histórias e se inscreverem como 
construtores destas. 
O JORnAL DO CAPS 
A proximidade do fim das oficinas foi um fator 
importante na construção do jornal. Os sujeitos, aos 
poucos, demonstraram insatisfação com esse ponto de 
basta: chegaram calados nas últimas oficinas e tiveram 
dificuldade em iniciar a atividade de nomeação do 
jornal. Por outro lado, quando tinha início, não paravam 
de falar sobre as histórias que estavam construindo. 
Este foi um processo que, certamente, denunciou a 
proximidade do fim das oficinas para os sujeitos e a 
tentativa deles, ao continuar contando suas histórias, 
de adiamento deste fim. Eles sabiam que estas histórias 
não mais entrariam no jornal, uma vez que já estava 
findada a sua elaboração, conforme acordado no início 
das oficinas.
Mesmo assim, os sujeitos foram aos poucos se 
envolvendo no processo de criação do jornal e através 
de uma eleição, escolheram Jornal do CAPS, dentre 
cinco nomes sugeridos pelo grupo: Jornal do CAPS, 
Jornal nacional do CAPS, Jornal das Histórias do 
CAPS, Estrela da Noite e Jornal Alagoano do CAPS. 
nesta oficina, alguns participantes disseram que não 
sabiam ler, mas que consideravam muito importante 
fazer esse jornal, “um jornal bem estudado”. A 
ilustração e edição deste foram decididas a partir das 
discussões decorrentes da montagem de um painel com 
todas as histórias contadas durante as oficinas. O painel 
permitiria visualizar o aspecto performático do jornal, 
com as disposições dos temas. Quais estariam na 
primeira página do jornal? Quais fechariam o jornal? 
Como seria a capa do jornal?
Assim, a elaboração do jornal possibilitou a 
emergência de posições subjetivas na organização 
das narrativas, à medida que os sujeitos escolheram 
Jornal do CAPS 283
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
o que aparece na primeira página, o que compõe o 
jornal, de que forma as histórias foram dispostas no 
jornal, firmando acordos, elegendo as histórias que 
o compuseram, definindo a quantidade de histórias e 
quais ficariam de fora da edição.
Todos participaram com entusiasmo dessa etapa 
de confecção do jornal. Os coordenadores do grupo 
digitalizaram o jornal, o qual foi apresentado aos 
participantes para sua aprovação. Após concordância 
do material produzido, foi entregue uma cópia do 
jornal a cada autor. nesse momento, eles disseram 
que gostariam de presentear algumas pessoas com o 
jornal para mostrar as histórias que haviam construído. 
A esse respeito, concordamos com Guerra (2008) 
quando afirma que ao criar coisas concretas na oficina 
terapêutica “o psicótico seria deslocado ou separando 
dessa posição de objeto do gozo do Outro ao criar um 
objeto externo, endereçado ao social, via oficineiro ou 
qualquer outra pessoa ou instituição” (p. 51).
nesse contexto, vale ressaltar a sugestão de um dos 
participantes da confecção do jornal em detrimento 
de um livro de contos, proposta inicial da equipe. 
um jornal apresenta um uso social mais direto – de 
informação, de narrar fatos e histórias do cotidiano. 
Ao mesmo tempo, um jornal tem legitimidade social 
e a função de aproximar o estranho do comum, do que 
pode ser dito, contado e comentado.
no final dessa última oficina os participantes 
estavam calados, alguns ficaram na sala sentados 
olhando os coordenadores do grupo, em silêncio. 
Chamou a atenção dos estudantes, a ação espontânea 
dos participantes em desfazer o painel que havia sido 
montado durante a confecção do jornal, uma vez que 
no final das outras oficinas eles saiam da sala, ou então, 
se envolviam com outras atividades. E, por meio desse 
ato, os participantes marcaram o término das oficinas 
terapêuticas. 
COnSIDERAçõES FInAIS 
O enfoque dado à construção de histórias de vida e 
do lugar enquanto instrumento privilegiado nas oficinas 
justifica-se por seus resultados, os quais retificam sua 
função terapêutica. O Jornal do CAPS, produzido por 
sujeitos em tratamento no CAPS Dr. Cabral Toledo, 
retratou suas histórias de vida e do cotidiano do lugar 
em que moram.
O processo de confecção desse jornal contou 
com a efetiva participação dos sujeitos que ao narrar 
suas histórias, individuais e coletivas, possibilitou 
a expressão dos mesmos, a qual produz efeitos 
terapêuticos. Estes foram identificados por meio de 
mudanças na comunicação entre os participantes, no 
ato de contar e construir histórias, e na convivência 
entre os integrantes do grupo. Além disso, as oficinas 
possibilitaram a construção e reconstrução de histó- 
rias, às quais os sujeitos atribuíram autoria e impor- 
tância.
Por fim, vale ressaltar que a parceria entre pro- 
fessores do Curso de Psicologia da universidade 
Federal de Alagoas e o Centro de Atenção Psicossocial 
tem contribuído com as possibilidades de intervenção 
em oficinas terapêuticas, como descrito no presente 
artigo. Com isso, visamos destacar a importância 
em considerar a singularidade dos participantes, da 
instituição, dos profissionais e do contexto em que cada 
CAPS está inserido, minimizando o risco em se tratar 
os sujeitos atendidos no CAPS de forma segregado- 
ra e padronizada, apenas reproduzindo modelos já 
existentes. 
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Recebido em: ??/??/2009. Aceito em: ??/??/2010.
284 Zanotti, S. V. et al.
PSiCo, Porto Alegre, PUCRS, v. 41, n. 2, pp. 278-284, abr./jun. 2010
Autores:
Susane Vasconcelos Zanotti – Doutora emPsicologia pela uFRJ com estágio de 
doutorado no Departamento de Psicanálise da universidade Paris 8. Professora 
do curso de Psicologia da universidade Federal de Alagoas. Pesquisadora do 
Grupo de Pesquisa Família, Gênero e Desenvolvimento Humano (uFAL) e 
do Grupo de Pesquisa Clínica Psicanalítica (CLInP) – uFRJ/CnPq. Membro 
do Grupo de Trabalho Psicopatologia e Psicanálise da Associação nacional de 
Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (AnPEPP). Pesquisadora associada ao 
nIPIAC-IP-uFRJ. Tutora da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital 
universitário Professor Alberto Antunes (HuPAA-uFAL).
Adélia Augusta Souto de Oliveira – Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia 
universidade Católica de São Paulo. Professora adjunta e pesquisadora da 
universidade Federal de Alagoas junto ao Grupo de Pesquisa: Família, Gênero 
e Desenvolvimento Humano; líder do Grupo de Pesquisa: Epistemologia e a 
Ciência Psicológica e pesquisadora da Pontifícia universidade Católica de São 
Paulo junto ao núcleo de Pesquisa: Estudos dos processos de exclusão/inclusão 
psicossociais. Membro do Grupo de Trabalho Psicologia Sócio-histórica no 
contexto de desigualdade social da Associação nacional de Pesquisa e Pós-
graduação em Psicologia. E-mail: <adeliasouto@ig.com.br>.
Juliano Almeida Bastos – Psicólogo formado na universidade Federal de 
Alagoas. Coordenador do Centro de Atenção Psicossocial Dr. João Cabral 
Toledo. Psicólogo do Hospital universitário Professor Alberto Antunes. E-mail: 
<juliusbastos@yahoo.com.br>.
Wanderson Vilton nunes da Silva – Estudante do curso de Psicologia. Bolsista do 
Projeto de Extensão “Oficinas Terapêuticas em Centros de Atenção Psicossocial: 
intervenção e formação do estudante de Psicologia” (PROAPEX/2008-uFAL). 
E-mail: <vandersonvilton@uol.com.br>.
Enviar correspondência para:
Susane Vasconcelos Zanotti
universidade Federal de Alagoas – Campus A.C. Simões
Av. Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro do Martins
CEP 57072-970, Maceió, AL, Brasil
E-mail: <susanevz@yahoo.fr>

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