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Aconselhamento Psicologico Centrado na Pessoa - Novos Desafios

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Aconselhamento Psicológico
CENTRADO NA PESSOA
- Novos desafios -
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Aconselhamento Psicológico centrado na pessoa : 
novos desafios / organizadora Henriette Tognetti 
Penha Morato. - São Paulo : Casa do Psicólogo, 1999 . 
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 85-85141 -
1. Aconselhamento 2. Psicoterapia centrada no 
cliente I. Morato, Henriette Tognetti Penha .
98-4942 CDD-158.3
índices para catálogo sistemático:
1. Aconselhamento psicológico centrado na pessoa :
Psicologia aplicada 158.3
Editor
Anna Elisa de Villemor Amaral Giintert
Editor assistente 
Sergio Poaco
Preparação de originais 
RuthKluska Rosa
Capa 
Mitla Penha Morato e 
Liana Cardoso Soares
Diagramaçâo e composição 
Helen Winkler
Aconselhamento Psicológico
CENTRADO NA PESSOA
- Novos desafios -
Organizadora
Henriette Tognetti Penha Morato
Autores
• Ana Carolina Carvalho • Ana Maria Frota • André Meller Ordonez de 
Souza • Alexandre Moreira de Souza • Camila Munhoz • Carolina Bacchi
• Clara Paulina Coelho Carvalho • Fernando Milton de Almeida • Heloisa 
Hanada • Henriette Tognetti Penha Morato • Iramaia Pascale Quintino • 
Kelma Assunção Sousa • Lúcia F. Barbanti • Luciana Pires • Luiz Alfredo 
Lilienthal • Luiz Celso Castro de Toledo • Maria Cristina Rocha • Maria 
Gertrudes Vasconcellos Eisenlohr • Maria Júlia Kovács • Maria Luisa 
Sandoval Schmidt • Marina Jordão • Marina Halpern Chalom • MauroS. 
Karp • Miguel Mahfoud • Rebecca Campos • Rosana Frischer • Simone 
Aparecida Ramalho • Vera Helena Ostronoff • Vera Iaconelli • Walter 
Cautella Jr.
Casa do Psicólogo®
© 1999 Casa do Psicólogo® Livraria e Editora Ltda.
Reservados os direitos de publicação em língua portuguesa à 
Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.
Rua Alves Guimarães, 436 - CEP 05410-000 - São Paulo - SP 
Fone (011) 852-4633 Fax (011) 3064-5392
E-mail: Casapsi@uol.com.br 
http://www.casapsicologo.com.br
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade, 
sem autorização por escrito dos editores.
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
mailto:Casapsi@uol.com.br
http://www.casapsicologo.com.br
Sumário
OS AUTORES........................................................................................................................9
Apresentação
Abertura de uma sinfonia para trinta e duas cordas e sessenta 
e quatro mãos ou ...Criação e paixão de ser e pertencer
(Henriette Tognetti Penha Morato) ................................................................................ 13
Parte I — Uma proposta para Aconselhamento Psicológico......................... 25
1. Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP: aprendizagem
SIGNIFICATIVA EM AÇÃO
(Henriette Tognetti Penha Morato).........x...................................................................... 27
2. Aconselhamento psicológico numa visão fenomenológico-existencial;
CUIDAR DE SER
(Fernando Milton de Almeida)....................................................................................... 45
3. Aconselhamento Psicológico: uma passagem para
A TRANSDISCIPLIN ARIEDADE
(Henriette Tognetti Penha Morato)..................................................................................61
4. Aconselhamento psicológico e instituição: algumas considerações sobre 
o serviço de aconselhamento psicológico do IPUSP
(Maria Luisa Sandoval Schmidt)..................................................................................... 91
5. Positivismo lógico e pensamento existencial: a conciliação rogeriana
(Maria Luisa Sandoval Schmidt) .................................................................................. 107
6. Aprendizagem significativa e experiência.- um grupo de encontro
EM INSTITUIÇÃO ACADÊMICA
(Henriette Tognetti Penha Morato, Maria Luisa Sandoval Schmidt)................................ 117
Parte n—Experiências de uma proposta de Aconselhamento
Psicológico................................................................................................... 131
A - Plantão Psicológico ....................................................................................... 133
7. Serviço de aconselhamento psicológico do IPUSP: breve histórico
DE SUA CRIAÇÃO E MUDANÇAS OCORRIDAS NA DÉCADA DE 90
(Maria Gertrudes Vasconcellos Eisenlohr)..................................................................... 135
8. Plantão psicológico na escola; uma experiência
(Miguel Mahfoud)....................................................................................................... 145
9. Plantão psicológico em hospital psiquiátrico
(Walter Cautella Júnior)............................................................................................... 161
6 Aconselhamento Psicológico Centrado no Cliente
10. A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 
no Projeto Esporte-Talento por alunos de graduação do IPUSP 
(Marina Halpem Chalom, Camila Munhoz, Luiz Celso Castro deToledo, 
Simone Aparecida Ramalho, André Meller Ordonez de Souza, Alexandre Moreira,
Kelma Assunção Souza, Rebecca Campos).................................................................. 177
11. Um serviço de plantão psicológico em INSTITUIÇÃO JUDICIÁRIA: 
ILUSTRAÇÃO PRÁTICO'TEÓRICA ■
(Lúcia E Barbanti, Marina Halpem Chalom)............................................................. 187
B- Supervisão de Apoio Psicológico......................................................................... 207
12. Supervisão de apoio psicológico: espaço intersubjetivo de formação e 
capacitação de profissionais de saúde e educação
(Carolina Bacchi) ..................................................................................................... 209
13. Supervisão de Apoio Psicológico: espelho mágico para 
desenvolvimento de educadores de rua
(Henriette Morato, Carolina Bacchi, Luciana Pires, Luiz Alfredo Lilienthal, 
Maria Cristina Rocha, Rosana Frischer, Vera Iaconelli) ................ 223
14. A FORMAÇÃO de psicólogos: um serviço a serviço de alunos
(Ana Carolina Carvalho, Carolina Bacchi, Maria Julia Kovács) .................................. 235
15. Supervisão de Apoio Psicológico como estratégia de aprendizagem 
experiencial na formação de educadores de rua: uma proposta
(Maria Cristina Rocha).................................................................................................251
16. Supervisão de Apoio Psicológico; a gestaltpedagogia no trabalho 
com Educadores de Rua
(Luiz Alfredo Lilienthal).............................................................................................. 263
17. Uma experiência de Supervisão de Apoio Psicológico para 
educadores de rua
fAna Maria Frota, Heloísa Hanada, Maria Cristina Rocha, Rosana Frischer) ............... 305
18. Grupos de Supervisão de Apoio Psicológico com técnicos do Projeto 
ESPORTE'Talento
(LuizAlfredoLilienthal)........................................................................................... 319
C- Oficinas de Criatividade.........................................................................................329
19. Oficinas em Aconselhamento: um processo em andamento
(Marina Pacheco Jordão)...........................................................................................331
20. Oficinas de Criatividade: elementos para a explicitação de propostas 
TEÓRICO-PRÁTICAS
(Maria Luisa Sandoval Schmidt, Vera Helena Ostronoff)............................................335
21. Oficina de Criatividade para a terceira idade: resgate e reapropriação
DA HISTÓRIA PESSOAL
(Iramaia Pascalle Quintino)..........................................................................................345
Sumário 7
22. Oficina de narrativas: mosaico de experiências
(Clara Paulina Coelho Carvalho).................................................................................375
D- Novas Experiências.......................................................................................................38723. Grupos com crianças e adolescentes: uma experiência no CEPEUSP
(Maria Cristina Rocha, Rosana Frischer, Mauro S. Karp)............................................ 389
24. Capacitações teórico-técnicas diversas de educadores de rua: 
diferentes formas de atuação com os meninos
(Rosana Frischer)........................................................................................................... 413
Parte HL Conclusão..................................................................................................425
Um livro pode valer pelo muito que nele não deveu caber
(GuimarãesRosa)....................................................................................................... 427
OS AUTORES
Ana Carolina Carvalho: Psicóloga clínica.
Ana Maria Frota: Psicoterapeuta, docente da UFCE e doutoranda do Instituto 
de Psicologia da USE
André Meller Ordotnez de Souza: Psicoterapeuta, acompanhante terapêutico 
e aprimorando em Saúde Mental no Centro de Atenção Psicossocial Luiz da 
Rocha Cerqueira.
Alexandre Moreira de Souza: Psicólogo formado pela USP Acompanhamento 
Terapêutico e Psicoterapeuta. Atualmente fazendo Aprimoramento em Saúde 
Mental no CAPES - Itapeva.
Camila Munhoz: Psicóloga do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental 
Vila Mariana. Psicoterapeuta. Atualmente fazendo Especialização em Psicanálise 
no Instituto Sedes Sapientiae.
Carolina Bacchi: Psicóloga clínica, professora universitária e mestranda do 
Departamento de Psicologia da Aprendizagem, Escolar e Desenvolvimento 
Humano do Instituto de Psicologia da USP Desenvolve trabalhos de supervisão 
de apoio psicológico para profissionais de saúde e educação, em grupo, tema 
que pesquisa numa linha fenomenologico'existencial.
Clara Paulina Coelho Carvalho: Psicóloga. Formação em Gestalt-Terapia pelo 
Centro de Desenvolvimeto Humano (Fortaleza-Ceará). Formação em Biodança 
pela Escola de Biodança do Ceará. Mestranda em Psicologia Escolar e do 
Desenvolvimento Humano na Universidade de São Paulo. Arte Terapeuta em 
Formação no Instituto Sedes Sapientiae.
Fernando Milton de Almeida: Médico - psiquiatra, mestre em filosofia pela 
PUC-SB psicoterapeuta com abordagem fenomenológico-existencial; atualmente 
comissionado no Serviço de Aconselhamento Psicológico do Instituto de 
Psicologia da USE onde exerce as atividades de Supervisão, auxílio à docência 
e atendimento.
IO Aconselhamento Psicológico Centrado no Cliente
Heloisa Hanada: Psicóloga. Participou como aluna nos Projetos Supervisão a 
Apoio Psicológico e Projeto Esporte-Talento. Atualmente colaborando como 
estagiária de Aperfeiçoamento do Serviço de Aconselhamento Psicológico do 
Instituto de Psicologia da USP
Henriette Tognetti Penha Morato: Professora doutora do Instituto de 
Psicologia da Universidade de São Paulo, nas disciplinas de Aconselhamento 
Psicológico. Coordenadora do Laboratório de Estudos e Prática em Psicologia 
Fenomenológica e Existencial (PSA/IPUSP) nos projetos de Plantão Psicológico 
e Supervisão de Apoio Psicológico à comunidade e no Serviço de Aconselha­
mento Psicológico do IPUSP .
Iramaia Pascale Quintino: Psicóloga Clínica; Facilitadora de Oficinas de 
Criatividade, desenvolvendo oficinas com recursos expressivos e artes plásticas.
Kelma Assunção Sousa: Psicóloga e psicoterapeuta formada pela USP 
Atualmente faz formação em Psicodrama na Sociedade de Psicodrama de São 
Paulo e PUC-SP Mestranda em Psicologia Experimental pela USP
Lúcia F. Barbanti: Psicóloga e mestranda do Depto. de Psicologia da 
Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IPUSP Participou 
do Projeto de criação e implantação do Serviço de Plantão Psicológico em uma 
instituição pública do Poder Judiciário, ocupando as funções de plantonista e 
supervisora.
Luciana Pires: Psicóloga formada pela USP Atualmente fazendo estágio de 
Aperfeiçoamento em escola de crianças com perturbações psicológicas graves 
em clínica inglesa.
Luiz Alfredo Lilienthal: Gestalt-terapeuta e gestalt-pedagogo. Especialista 
em abordagem gestáltica em psicoterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae. Mestre 
e doutorando em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP
Luiz Celso Castro de Toledo: Psicólogo e psicoterapeuta. Atualmente fazendo 
especialização em Psicanálise na Escola Brasileira de Psicanálise e mestrado em 
Psicologia Social pelo IPUSP
Maria Cristina Rocha: Psicóloga do Serviço de Aconselhamento Psicológico 
do IPUSP onde supervisiona alunos da graduação e realiza Supervisão de Apoio 
Psicológico com grupos de educadores. Trabalhou como educadora de rua e 
OS AUTORES 11
supervisora de entidades assistenciais. Mestranda em Psicologia Escolar pela 
USR tendo como área de concentração Psicologia Escolar e do Desenvolvimento 
Humano.
Maria Gertrudes Vasconcellos Eisenlohr: Mestre em Psicologia Escolar e do 
Desenvolvimento Humano pelo IPUSP Psicóloga no Serviço de Aconselhamento 
Psicológico do IPUSP Psicoterapeuta.
Maria Júlia Kovács: Professora Doutora do Instituto de Psicologia da 
Universidade de São Paulo. Consultora do Centro Oncológico de Recuperação 
e Apoio (CORA - São Paulo). Autora do livro Morte e Desenvolvimento Humano.
Maria Luisa Sandoval Schmidt: Professora Doutora do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo.
Marina Jordão: Psicóloga do SAI? e LEP no IPUSP Coordenadora dos cursos 
Corpo e Movimento e Oficinas de Recursos Expressivos no IPUSP Formação em 
Gestalt Terapia, Abordagem Centrada na Pessoa e a Terapia Corporal. 
Doutoranda pelo IPUSP
Marina Halpern Chalom: Psicoterapeuta e Mestranda em Psicologia da 
Aprendizagem e Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP 
Supervisora do Serviço de Plantão Psicológico na Instituição Jurídica. 
Coordenadora e Supervisora do Serviço de Plantão Psicológico no CEPEUSP
Mauro S. Karp: Psicólogo graduado pela PUC-SP Membro da equipe de 
psicologia do Projeto Esporte-Talento do Instituto de Psicologia da USP
Miguel Mahfoud: Professor adjunto do Departamento de Psicologia/Fafich/ 
Universidade Federal de Minas Gerais. Ministra a disciplina “Aconselhamento 
Escolar: Plantão psicológico”, supervisionando estagiários que atendem em 
Plantão Psicológico em uma escola pública de segundo grau em um bairro operário 
de Belo Horizonte.
Rebecca Campos: Psicóloga formada pela USP Psicoterapeuta. Especialização 
em Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina 
da USP Psicóloga do Serviço de Condicionamento Físico do INCOR.
Rosana Frischer: Psicóloga formada pela USP em 1995. Em sua formação 
trabalhou como estagiária da FUNDAIJ bolsista do CNPq e voluntariamente na 
12 Aconselhamento Psicológico Centrado no Cliente
facilitação de grupos de Supervisão de Apoio Psicológico e na coordenação de 
grupos de crianças e adolescentes do CEPEUSP. Atualmente cursando 
especialização em Gestalt'terapia no Instituto Sedes Sapientiae e trabalhando 
num Ambulatório de Saúde Mental do Governo do Estado de São Paulo e em 
consultório particular.
Simone Aparecida Ramalho: Professora da Universidade Metodista de 
Piracicaba. Mestranda em Psicologia Escolar no Instituto de Psicologia da USP 
Psicóloga do Ambulatório de Saúde Mental do Jaçanã, da Secretaria de Estado 
da Saúde de São Paulo.
Vera Helena Ostronoff: Psicóloga do Hospital Emílio Ribas e Pós^graduanda 
do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Vera Iaconelli: Psicóloga e professora da UNIPSP Mestre em Psicologia pelo 
IPUSP Psicoterapeuta especialista em biodinâmica.
Walter Cautella Jr.: Psicólogo, psicoterapeuta; especialista em atendimento 
psicoterápico do adolescente pelo IPUSP Implantou o Serviço de Psicologia da 
Casa de Saúde N. Sra. de Fátima em 1988 e hoje ocupa o cargo de chefe do 
Departamento de Psicologia e Psicoterapia. E também coordenador e supervisor 
do Núcleo de Estágios em Psicologia Clínica Institucional e presidente do Centro 
de Estudos, ambos desta mesma instituição. Faz parte da equipe multidisciplinar 
que acompanhou os residentes em Psiquiatriada Santa Casa de Misericórdia de 
São Paulo até 1998.
Apresentação
Abertura de uma sinfonia para trinta e duas
CORDAS E SESSENTA E QUATRO MÃOS OU ...
Criação e paixão de ser e pertencer
Henriette Tognetti Penha Morato
“Devagar e manso se desata qualquer enliço, esperar vale mais que entender, 
janeiro afofa o que dezembro endurece, as pessoas se encaixam nos veros lugares.” 
Esta é a epígrafe de “Vida ensinada”, conto de GUIMARÃES ROSA (1962,p. 185) 
que chega trazendo eco ao que ainda deseja falar e ouvir.
Escreví anteriormente um texto apresentando Rachel Léa Rosenberg,1 em que 
transitei pelas vias da memória de uma história e de uma amizade. Este texto bem 
caberia na íntegra para dar conta da apresentação deste livro. Afinal, foi por suas 
mãos que a primeira semente, laçada, lançou-se! E, inevitavelmente, devagar e 
manso desatam-se entreliços afofados pela rememoração. Entreliços de trabalho, 
tecidos pelas mãos da convivência, do compartilhamento de segredos e intimida- 
des pessoais e profissionais, no regaço do acolhimento de paixões de ser e pertencer, 
criando uma tecitura original de vi-vendo e conduzindo outras tecituras para 
muitas existências.
1 Este texto é uma versão modificada da apresentação do capítulo 5 - “Envelhecimento e 
morte”, em KOVACS, M.J. (1992) Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 
P- 58-68, de autoria desta mesma autora.
Apresentar significa trazer à presença, tornar presente. Etimologicamente, 
vem do latim prae-sentare (prae ou pre = antes + essere = ser), ou seja, o que 
abre a possibilidade para ser, para ser visto. Como apresentar um outro momento 
de pro-vocação criação-livro sem revelar um pacto que não tem início apenas 
no presente, mas que remonta ao passado, nos quase trinta anos de realidade- 
sonho em forma de um serviço de atendimento psicológico, neste momento 
14 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
evocado. Diz BOSI (1979) que memória não é sonho mas sim trabalho, pois 
recria o passado no eu atual, dando destinação ao presente. Quero falar de 
como fazemos o que fazemos, mas não posso dar-lhe realidade sem história, pois 
“só perde o sentido aquilo que no presente não é percebido como visado pelo 
passado (CHAUÍ, 1979, p.23)2.
2 Marilena Chauí citando Walter Benjamin..
3 Livro organizado por ROSENBERG (1987).
Se quero falar de nosso trabalho, de uma atividade desenvolvida, impossível 
não me envolver nas lembranças de minha história pessoal, das condições dessa 
atividade e de pessoas que compartilharam do lugar onde a ação se desenrola, 
onde umas histórias se entrelaçam com outras, revelando momentos do pacto 
Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: novos desafios, quando 
Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa3 revelou-se como pacto não ori­
ginário, mas sem dúvida como cena de outros momentos de criação, e que, 
agora, se oferecem como bastidores para esta re-criação-livro, na forma desta 
apresentação.
Mas até onde as histórias da Abordagem Centrada na Pessoa, do Aconse­
lhamento Psicológico Centrado na Pessoa e de seus novos desafios não se 
entrecruzam com as histórias de pessoas, como Carl R. Rogers, Oswaldo de 
Barros Santos e Rachel Léa Rosenberg, que partilharam atitudes e valores 
expressos em ações criativas, como um serviço universitário de aconselhamento 
psicológico, gesto público revelador de batalhadores projetos privados...
De qualquer forma, uma apresentação requer um compromisso e uma res­
ponsabilidade que, se a princípio apresenta-se simples, a um olhar mais atento e 
a um coração mais escondido revela-se profundamente intricada, porquanto 
carregada de emoção, sentimentos e afetos rememorados. Compromisso e res­
ponsabilidade do coração, de quem sente presenças-ausentes para tornar público 
sentimento e conhecimento, significativamente privados. Apresentar algo é co­
municar significados que marcaram sua presença nos projetos de vida de muitas 
pessoas, organizações, instituições, grupos, eventos, lutas. Evocação de memória 
e afetos partilhados na convivência que geraram transformações profissionais e 
pessoais profundas.
Não tive outro jeito. Fui buscar em mim mesma, no privado de minha própria 
experiência, uma forma de apresentar pessoas que suavemente me introduziram 
na significação do contato com o si-mesmo, na congruência com a experiência 
interior, para projeto profissional. Encontrei, no toque de suas ausências, ainda 
presentes, um caminho: sua presenças no meu privado. Permítiu-me aceitar o 
desafio pelo resgate na intenção de uma apresentação: criar condições para a 
permanência de pessoas, existências que não têm o privilégio de, no concreto, 
Apresentação 15
permanecer ao longo do tempo, como o tem obras de arte. Condição de se ser 
humano: pessoa e não obra.
Uma forma de permanência pública de pessoas que, através de sua produção 
concreta, como inauguradoras de um serviço universitário de atendimento psi­
cológico, também colaboraram para os ensaios desta sinfônica. Nesse sentido, 
esta apresentação tem uma significação na medida em que revela momentos, 
pensamentos e sentimentos de quem a produziu ou colaborou na produção. 
Principalmente quando se trata de pessoas que não se preocuparam em registrar 
graficamente suas experiências.
É nas experiências em ação que os projetos de vida de uma pessoa conduzem 
adiante sua aprendizagem. Como Rachel Rosenberg e Oswaldo de Barros, que 
preferiram criar situações para expressar por gestos a transmissão das crenças e 
valores pelos quais norteavam suas ações, tanto públicas quanto privadas. Abso­
lutamente coerente com a filosofia que partilhavam: a psicologia humanista. 
Dueto para duas cordas a quatro mãos para.a abertura de um serviço universitário 
de atendimento psicológico à comunidade: maestros no projeto para a composição 
da sinfonia e presentes na regência desta sinfônica. Hoje, “Dueto para um só”4 
a dois, um intróito: uma relação a ser por mim vivida enquanto estagiária da 
primeira turma desse serviço. “Dueto para um só” a dois: iniciada por ambos no 
processo de confrontar-me e compreender minha própria alma e outras almas... 
A orquestra em formação...
4 Expressão cunhada por uma aluna em seu “diário de bordo” da experiência de ser estagiária 
no Serviço.
Nesse ponto, outra indagação: como apresentar um solista, Rachel, a profes­
sora, a especialista, a colega, a companheira, a psicóloga, a cientista, mas, prin­
cipalmente, a amiga, sem um contexto? Um contexto envolve muito mais do 
que a mera contextualização de um trabalho, ou a apresentação de uma especi­
alista por seus caminhos profissionais e obras.
Apresentar em contexto não podería ser somente uma formalidade a fim de 
introduzir o leitor no universo de pensamento c ações, através de sua biografia 
ou de seu curriculum. Além de ser absolutamente monocromática, tal forma não 
poderia jamais expressar verdadeiramente a pessoa, o que ela representou para 
seus amigos e companheiros, para a psicologia no Brasil, para o campo do aconse­
lhamento psicológico, para a expansão da abordagem centrada na pessoa, além 
de, principalmente, não representar o que para ela significava viver, ser e a 
significância que atribuía à experiência humana.
Finalmente, encontrei um significado para uma apresentação de Rachel 
Rosenberg no contexto deste livro — significava introduzir a pessoa com seus 
coloridos, a inventora de várias invenções, como textos, livros, serviços, projetos, 
16 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
grupos e principalmente introduzir a sua própria apresentação na forma de apre­
sentação desta sinfonia a trinta cordas. Porque nada melhor do que participar 
com ela, e assim conhecê-la, do que acompanhá-la no modo como se oferecia 
para ser conhecida, através de sua espontaneidade, sensibilidade, intelectua­
lidade, especialidade competente. Enfim, acompanhar sua sabedoria de vida 
para apresentar-se e apresentá-la através de seu próprio jeito de ser.
É preciso dizer que um Serviço de AconselhamentoPsicológico é mais que umprogra- 
ma, um local, uma divisão burocrática. Tal como um ser humano, ele tem uma 
história que imprime em seu semblante, vive experiências que determinam seus 
caminhos e oculta intrigantes segredos. (...) fruto de conjeturas, personalidades e 
dinâmicas particulares, (...) parte do legado comum e da obra coletiva. (...) uma 
espécie que recria (...) passos de uma jornada que se confunde com a história da 
psicologia nacional, e até, do país. (...) história do Serviço de Aconselhamento 
Psicológico que há muito se intitula SAP (...) (ROSENBERG, 1987, p.l)
Assim inicia “Biografia de um Serviço’’, a introdução de “Aconselhamento 
Psicológico Centrado na Pessoa”, primeiro livro escrito pela equipe do Serviço de 
Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia da Universidade de São 
Paulo. Texto no qual há muito mais do que só idéias. Há uma pessoa apresentando- 
se e dando-se a conhecer, enquanto apresenta um trabalho. Qualquer coisa que 
dela se possa dizer está muito aquém daquilo que ela própria revela de si, do 
tema, de cada um de nós. Uma de suas habilidades — como uma romancista 
moderna — era falar de tudo e de todos ao falar de suas próprias experiências. 
Fenomenologicamente, a artista, transitando pela intersubjetividade. Expressando- 
se, ela comunicava, suavemente, a arte de genuinamente ser, cultivada com 
cuidado por ela e buscada por t^dos nós. Sua própria apresentação revela muito 
mais. Revela a pessoa constantémènte curiosa, preocupada, atormentada, mas 
sempre apaixonada pela investigação dos mistérios da existência humana e seu 
significado para quem vive essa experiência.
Comunicando sua experiência, permite o descortinamento de alguém que 
se arriscava a comunicar o seu mundo privado e oferecê-lo como matéria-prima 
pública para novas criações de experiências no outro, ou outros que se dispu- 
sessem a ouvi-la. Era naturalmente uma facilitadora de aprendizagens 
significativas, além de professora e pesquisadora. Construindo um tema pela 
experiência pessoal e profissional, revela uma atitude clínica fenomenológica. 
Propiciava o despertar do interesse no aluno, criando condições para sua expressão 
pessoal, tanto em conteúdos específicos quanto em questionamentos teórico- 
práticos, e experiências vividas, com sua forma de ser admiravelmente natural e 
brilhante intelectualmente. Não selecionava nem recortava elementos. Pelo 
contrário, estabelecia a possibilidade de ampliação do tema com a simplicidade 
Apresentação 17
e sabedoria de articular e oferecer todos os recursos possíveis para poder transmitir, 
sem arrogância, um conhecimento e criar um clima para aprendizagem signi- 
ficativa. Artesã primorosa.
Por muito ter convivido com ela e conhecê-la, temi que somente a leitura do 
texto pudesse não ser suficientemente expressiva e significativa para quem não 
teve o privilégio de ouvi-la. Dessa forma, optei por introduzir-me ao texto trans­
crito. Buscava perceber se poderia sentir e reconhecer a Rachel que conhecí 
naquilo que lia. E com satisfação constatei ser possível encontrá-la em sua fala. 
Confirmou-se o poder da inventora e não da invenção. O que li era muito mais 
que um texto. A sua pessoa transparece com seu poder pessoal. Ainda que não 
fosse totalmente possível para mim não “ouvi-la” em sua entonação característi- 
ca, dado nosso grande contato, percebi a vantagem da leitura como transcrição 
de uma fala, e não simplesmente a leitura de um texto escrito. O que a princí­
pio poderia ser uma desvantagem aparecia como vantagem sobre um texto cor­
rido. Citação de um trecho de texto como uma fala oferece uma possibilidade 
de sonorização. Dessa forma, descobri ser esse trecho “sonoro” na sua forma de 
ir articulando sentimentos e idéias, cjuebras de pensamento e desvios revelando 
seu processo criativo tão especial e sua marca registrada. A autenticidade de 
sua fala pode ser ouvida por quem a lê; como o contexto de sua. vida — o 
encontro e diálogo entre pessoas com ela.
O mais surpreendente é como ela se deixava conduzir por um fio de sintonia 
que a levava adiante, bem como aos seus ouvintes e leitores, sem contudo diri­
gi-los ou moldá-los a uma perspectiva única. Esplendorosa competência e res­
peito à liberdade e compromisso responsável para com a competência do “ou­
tro” respeitável. Uma presença ética.
Lendo ou ouvindo, evidencia-se sua sensibilidade e capacidade comunicativa 
envolvente, tanto ao ouvinte presente, quanto ao leitor participante. Está sempre 
oferecendo sua narração recordativa para aprendizagens recriativas. Se, como 
aponta Ecléa Bosi (1979), a memória revive um trabalho realizado com paixão, 
sua memória-trabalho, oferecida pelo texto, revela a fusão de sua atitude diante 
da vida com aquilo que faz, ao mesmo tempo que, recordando, “deseja repetir o 
gesto e ensinar a arte” (BOSI,1979, p.399) do que para ela representa o aten­
dimento em aconselhamento psicológico ou em psicoterapia, seja em instituições 
ou em consultório, segundo o enfoque centrado na pessoa e na psicologia huma­
nista. Gestos públicos e ações sempre voltados ao desenvolvimento das pessoas e à 
criação de situações facilitadoras para a sua ocorrência: o consultório, a Universi­
dade, os grupos de trabalho, os encontros de comunidade, as reuniões sociais. 
Tudo o que lhe fosse apresentado era motivo para indagações, questionamentos.
Quer enquanto pessoa ou profissional clínica, apresentava-se uma pesquisadora 
incansável que explorava a vida e suas circunstâncias como um laboratório para 
expandir sua curiosidade sempre em movimento. Era uma aprendiz por excelência.
18 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
Penso no papel cultural do narrador, através de quem se viabiliza a possibilida- 
de de permanência de pessoas, valores, atitudes, memória e tradições, de gestos 
públicos, de existências e culturas. A realidade do narrador, segundo BENJAMIN 
(1985) e REGIS (1988) é a daquele ser “investido com o poder de uma voz que a 
comunidade lhe dá para relatar a evolução de sua aprendizagem, (...) registrar as 
vivências dos seus contemporâneos para que não caiam no esquecimento, apoiados nas 
suas necessidades de mudança, falar pelos que estão emudecidos’ (REGIS, 1988, p.5), 
transmitindo a atualidade dos fatos e a dimensão do vivido e viva da história.
Como uma narradora que lapida suas experiências, para registrar o público e 
algum privado de uma existência emudecida, mas presente na memória, desejo 
partilhar um pouco do privado da Rachel, no meu particular, e de seus gestos 
públicos que através da minha memória-interação, fruto de um trabalho con­
junto, como um jeito de permanência para uma existência. Se é na memória- 
interação com ouvintes/narradores que a lembrança dos velhos se revela e revive 
o colorido de seus projetos de vida (BOSI,1979), resgatando o lugar e a perten­
ça de seu ser, permito-me memorar...
O trabalho de memória-interação descortina um pacto de encontro de his­
tórias pessoais e de histórias de trabalho, partilhado por anos, onde experiências 
se mesclam, mas conduzem adiante para novos caminhos de desenvolvimento, 
quando as pessoas partilham valores e atitudes que possibilitam a realização de 
projetos e atividades, como o SAR e o desenvolvimento da Abordagem Centra­
da na Pessoa no Brasil, experiências profissionais, com profundo cunho pessoal, 
que juntas compartilhamos. Impossível perceber, neste momento, e diferenciar 
o quanto são minhas ou dela as nossas aprendizagens e crescimento. Quem, de 
fato, pertence à memória dos fatos a serem relatados. Numa sinfônica sintonia 
de experiências de anos de amizade e trabalho, onde pessoal e profissional se 
imbricam, onde valores são partilhados, como diferenciar a autoria de pensa­
mentos e sentimentos de significativas presenças ausentes, que possibilitaram a 
substância de nossas vidas? E auxiliada pelo significado de memória-interação 
que prossigo o relato. São fatos coletivos, recordados por um indivíduo, confor­
me impressos em suasubjetividade, que sofre transformações pessoais e outros, 
resultantes da interação com pessoas ou grupos.
Sempre mostrou ser uma imbatível pessoa de risco, aberta a toda e qualquer 
experiência. Pessoa de risco porque jamais desistiu de nortear sua vida pessoal e 
profissional pelos valores e crenças em que confiava, como significantes para sua 
existência e presentes na existência de todo ser humano. Essa vitalidade e disposi­
ção se faziam sentir nos mais variados momentos vividos por ela. Era, se é possível 
dizer, a pessoa plenamente funcionante, tal como ROGERS (1983) apresenta a 
pessoa na ótica da Psicologia Humanista e da Abordagem Centrada na Pessoa.
Apresentação 19
Ao mesmo tempo, criança-adolescente-adulta, insistia em resgatar em cada 
experiência vivida o prazer da descoberta, da novidade, e revelava, assim, a sabe­
doria anciã de crescer e aprender. Os inúmeros projetos em que se envolveu ou 
ajudou a criar expressam seus interesses abrangentes: o grupo de psicologia 
humanista; a abordagem centrada na pessoa; o Serviço de Aconselhamento 
Psicológico; o grupo de executivos do Centro Empresarial de São Paulo; os grupos 
nas escolas Lourenço Castanho e Vera Cruz; a vinda de Rogers e seu grupo em 
1977 ao Brasil em Arcozelo — Rio de Janeiro — e em São Paulo; a Televisão 
Cultura de São Paulo; os grupos de encontro, workshops e grupos de comunidade; 
o Centro de Desenvolvimento da Pessoa no Sedes; os superdotados; os cursos de 
especialização em Aconselhamento Psicológico, pioneiros no IPUSP e em outras 
instituições universitárias; os grupos de espera (sua tese de doutorado); o plantão 
psicológico; o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; os cursos avançados 
de formação de terapeutas na Abordagem Centrada na Pessoa; o Centro de 
Psicologia da Pessoa no Rio de Janeiro; o Centro de Gerontologia do Sedes 
Sapientiae; os I e II Encontros da Abordagem Centrada na Pessoa; o livro A 
pessoa como centro com Rogers; o Encontro com Rogers, em Brasília; o Workshop 
com Rogers na Hungria; os I, II, e III Encontros Latino-Americanos na Abordagem 
Centrada na Pessoa, no Rio, Buenos Aires e São Paulo; os I e II Fóruns Internaci­
onais na Abordagem Centrada na Pessoa, no México e na Inglaterra; os grupos de 
comunidade no Instituto de Psicologia da USP; a Psicologia Transpessoal e Holística; 
o Simpósio: Vivência Acadêmica no IPUSP; os Grupos de Família; o 
Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa, que resultou num livro de uma 
equipe de trabalho; os alunos vários; o consultório e os clientes. Muitos aprendizes...
Nas atividades empreendidas, contudo, jamais deixou de pautar-se em valo­
res os mais significativos: a crença e o profundo respeito pelo ser humano e seu 
potencial de desenvolvimento. Rigorosamente ética, mantinha-se fiel à sua filo­
sofia de vida. Paixão e estética moviam-na em direção às pessoas, ao mundo e à 
vida. Onde pudesse aprender e descobrir mais sobre o fenômeno humano, deixa- 
va-se fascinar e punha seu ser em risco, em movimento. Principalmente, em 
momentos íntimos de relação.
Vivi intensa experiência em nosso contato, num grande grupo de comunida­
de de aprendizagem. Insegura, emocionada e confusa, foi sua presença, cuida­
dosamente acolhedora e compreensiva, que me possibilitou a conquista de uma 
das transformações mais importantes de minha vida, tanto no plano pessoal 
quanto profissional. Numa analogia muito carinhosa, posso dizer que foi facili- 
tadora de um renascimento. Dolorosamente agradável é o privilégio da memória 
de tê-la ao lado e dispor-me a ouvi-la falar para mim, como nunca antes, apesar 
da longa convivência. Intimamente próxima, partilhou suas incertezas, fantasi­
as e inquietações. Uma surpreendendo a outra sem constrangimentos, numa 
20 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
relação de ajuda mútua e comunicação verdadeira. Momento inesquecível, 
contato decisivo e transformador.
E assim que relembro momentos pessoais meus e movimentos pessoais seus, 
deliciosamente partilhados, agora com outra tonalidade de significados. Como 
aquele dia magnífico de julho, em Pirassununga, um sol brilhante apesar do 
intenso frio, quando ela, sorridente e feliz como uma criança marota, comentou 
quão fascinante era a experiência da água escorrendo pelo corpo frio, num 
banho demorado, lavando e, ao mesmo tempo, aquecendo a alma. Desde então, 
quando me sinto extenuada e busco um banho confortante, descobrindo, fasci­
nada e apaixonadamente, a alegria da água quente a escorrer pelo corpo frio. 
Ou, aquele outro dia, quando da sua volta de viagem ao Egito, Israel e Grécia, 
momentos antes da reunião da equipe, relatava as belezas de Luxor e seus templos, 
das pirâmides, do oceanográfico de Israel. Criança deslumbrada, olhos brilhantes, 
revivendo a história dos faraós, nos barcos, através do Nilo. E, no compasso do 
sua narrativa, minha imaginação arrastava-se no ritmo dócil e exausto de es­
cravos e pedras, mas felizes participantes de uma obra com sentido, ou para a 
maravilhosa profundeza do Mar Morto, fantasias de 20.000 léguas submarinas...
Resgatando a impressão da amiga e companheira Maria Luisa Schmidt, tam­
bém participante do delicioso relato, o momento mais intenso da viagem fora 
seu passeio pelas ilhas gregas, seu encontro e risos com uma amiga brasileira 
que encontrara por acaso, tão longe. Especial e indescritível transmissão de 
experiência: momento de prazer, paz, beleza, paixão e liberdade, quando solitária 
estava sentada no terraço de um bar, no alto de uma escarpa que descia ao 
Egeu, tomando uma cerveja; e então, olhando o azul das águas onde brilhava 
um sol magnífico, quis perpetuar a possibilidade daquele cenário deslumbrante 
e perguntou-se “E preciso voltar? Não poderia ficar aqui? O que de fato me 
impede de ficar?”. Sensação única de liberdade, nesse instante, experienciada 
como um voo rasante. Emoção evocada tão pura se descortinou, fazendo eco em 
nós, ouvintes co-participantes do seu relato! Paixão de ser...
Memórias que resgatam os valores por ela preconizados — beleza, paixão, 
despreendimento, liberdade — para emoções e experiências consigo própria, 
com a natureza, com a cultura e a história. Valores que também nortearam sua 
conduta política — “para Yara lavelberg, que queria uma psicologia justa”, é 
epígrafe de seu texto “Biografia de um Serviço". Pessoa engajada e compromissada 
com questões de justiça e processo social, por ideais de poder pessoal e ação 
responsável no mundo. Revolucionária e radical, no sentido originário dos termos, 
batalhou por modificações mais justas para o ser humano, contra situações 
opressoras às liberdades do indivíduo e da sociedade; um serviço universitário 
de aconselhamento psicológico. Seu gesto de humanidade em momento histórico 
onde princípios, valores e instituições se descredibilizam, por gestos públicos 
Apresentação 21
eticamente incongruentes, e tradições são esquecidas pelo poder tecnológico 
cerceador de liberdade e escolha humana. Ao dizer, nesse mesmo texto, que a 
história do SAP confunde-se com a história do país, não estaria se referindo ao 
momento estudantil brasileiro (e mundial) entre 1965 e 1969? Movimento que 
com ideais próximos ao humanismo social da Abordagem Centrada na Pessoa, 
consciente da força de sua participação, buscava mudanças acadêmicas e sociais, 
pertinentes e respeitosas ao modo de ser das pessoas e do país, numa revolução 
não tão silenciosa como a do poder pessoal, mas, sem dúvida, esmagada silenci- 
osamente em celas, porões ou covas desconhecidas.
No SAP ficaram essas suas marcas. Um grupo de trabalho com o qual ela 
mantinha essa mesma relação com que vivia a sua vida, baseada em confiança, 
respeito e amor com envolvimento, como num pacto familiar. Nossa equipe não é 
simplesmente um grupo de trabalho descaracterizado em identidade e mantido 
enquanto grupo somente por necessidades funcionais. Nessa condição há muito 
de sua pessoa. Suas atitudes autênticas, aceitadoras e compreensivas foram pon­
tuando nossocrescimento como pessoas, distintas, ao mesmo tempo em que ia nos 
ajudando a formar a nossa própria identidade, enquanto membros pertencentes a 
um grupo único — a equipe do Serviço de Aconselhamento Psicológico.. Transmi­
tia sua crença e amor a esse nosso lugar partilhado com tanta energia, que nos 
propiciava uma experiência única de aprendizagem: nosso próprio crescimento e 
desenvolvimento enquanto pessoas e enquanto um grupo com atividades comuns 
e individuais, pactuando um conjunto de valores. Simplesmente, oferecia-se e, 
com isso, trocas significativas iam ocorrendo, transformando-nos e expandindo 
nosso empenho e projetos, além de modificar nossa forma de comunicação. Foi e 
vem sendo um processo de anos de mudança, com fusões e desmembramentos, 
com rupturas e encontros, desencontros e re-encontros. Enfim, um processo de 
aprendizagem e de vida que, juntamente com ela, nossa equipe empreendia. Dessa 
convivência e experiência nasceu um livro a seis cabeças e doze mãos. Facilitação 
de processos de criação, pois ao ser expressava o quanto pertencia e permitia a 
ocorrência desse mesmo processo nos que se dispunham a estar com ela e ouvi-la.
Infelizmente, nem todos no Instituto de Psicologia da USP dispuseram-se a 
participar com ela e crescer nos oferecimentos que ela propiciava nas ativida­
des de aprendizagem em comunidade. Opressão, repressão e resistência mar­
cam e entrelaçam-se também com a história do SAP bem como com a história 
de suas primeiras turmas de estagiários, que batalhavam por espaços menos 
tradicionais e autoritários nos cursos de Psicologia. Mas a fidelidade do SAP ao 
valor de respeito pela autonomia e liberdade de subjetividade e alteridade ma- 
nifesta-se, principalmente, por revoluções mais silenciosas: revela-se em reali­
zações, como os ensaios desta sinfônica.
22 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
“Apesar de tudo, ainda se encontram algumas flores tênues por esta aveni­
da”, diria ela em momento de desapontamento esperançoso. Rachel, a dama 
inglesa, pelo porte, postura, austeridade e finesse. A lady belga, que cedo emi­
grou e como tradutora iniciou seus primeiros passos profissionais, depois de ter 
tentado ser vendedora de uma renomada firma de jóias para estrangeiros. Bri­
lhava e buscava preciosidades.
Ironicamente, Rachel morrería alguns meses depois de publicado o primeiro 
livro relatando as experiências do SAP Nem sequer houve uma apresentação 
em lançamento. Tampouco seria mais uma presença concreta inevitável a 
presentear (outro significado para praesentaré) as salas e os corredores do IPUSP 
(e as casas dos amigos), como foi colocado no fim da apresentação de uma de 
suas últimas aulas. Contudo, permanece como inevitável presença ausente em 
cada um de nós...
A jornada continuou... permanecendo a atmosfera... Outros laços e entre - 
íaços, e muitos percalços, possibilitaram o acontecimento que se mostra por esta 
e nesta obra. E, se noutro momento, uma apresentação fez-se difícil por fazer 
vibrar a corda do coração ao toque da memória afetiva, hoje, por desejo, uma 
polifonia emotiva insinua-se no que pretendia apresentar-se como concerto de 
uma sinfônica. Assim, deixando-me conduzir pelas mãos de Themis, apresento 
o ensaio de uma orquestra.
Por isso esta não é uma apresentação de uma pessoa, tampouco a de um 
livro. Se só é possível apresentar, ou tornar presente o que se apresenta, não 
posso torná-los mais presentes do que a mim se apresentam. Assim, ajudada na 
produção por Cristiani Kobayashi e Wagner Peres, só posso introduzi-los, 
considerando que introduzir significa partir de dentro de minha própria 
experiência no contato com eles, a fim de conduzir para diante o que se segue 
— sua própria apresentação em forma de um livro como trabalho de cooperação.
Sinfonia de um serviço de aconselhamento psicológico, iniciada pela maestria 
de Rachel Rosenberg e Oswaldo de Barros Santos, apresentada pela orquestra 
sinfônica do SAP: docentes, psicólogos, doutorandos, mestrandos, psiquiatra 
comissionado, ex-alunos de graduação, aperfeiçoamento e especialização, que 
voluntariamente se dispuseram a formá-la ao longo dos últimos dez anos, quan­
do ainda a sinfonia apenas se esboçava em vários movimentos, na forma de 
projetos de trabalho.
“Falando em categoria, honrados nos sentimos nós”, disseram a Rachel os 
alunos, ao término de uma de suas últimas aulas, após seu agradecimento por 
ter sido convidada para o curso com tantos conferencistas de categoria. E 
nesta situação, diante da escritura de um texto como apresentação da sinfo­
nia intitulada Aconselhamento psicológico centrado na pessoa: novos desafios, 
recorro à paráfrase: honrada sinto-me, eu, por ter tido a oportunidade de 
Apresentação 23
introduzir a vocês a partitura, fruto da inspiração e execução musical, desta 
orquestra sinfônica.
Memoração significativa evoca poesia.
...nenhum tempo da ciência 
é bastante para rever 
o sonho de viver.
O Ser e o Tempo 
de pertencer.
É tempo de ouvir a sinfônica, trinta cordas e sessenta mãos... uma criação 
com paixão de ser e pertencer.
24___________ _ ________________ Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
Referências bibliográficas
Benjamin, W (1985) Magia e técnica, arte e política — ensaios sobre literatura 
E HISTÓRIA DA CULTURA. SÂO PAULO: BrASILIENSE.
Bosi, E. (1979)) Memória e sociedade — lembranças de velhos. São Paulo: TA. 
Queirós.
Chaui M. S. (1979) “Os Trabalhos da memória”. In Bosi E. (1979) Memória e 
SOCIEDADE — LEMBRANÇAS DE VELHOS. SÃO PAULO: TA. QUEIRÓS.
Regis S. (1987) “O ESCRITOR CALA E CONSENTE”. O ESTADO DE S. PAULO— “CULTURA”, 
.7, 366: 5.
Rogers C. R. (1983) Um Jeito de ser. São Paulo: E.PU..
Parte I
Uma proposta para
Aconselhamento Psicológico
1
Serviço de Aconselhamento Psicológico do
IPUSP: APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM AÇÃO1
1 Este texto é parte da comunicação "Experiências do Serviço de Aconselhamento Psicológico 
do IPUSP: aprendizagem significativa em ação”, apresentada em Seminário na Universidade 
Iberoamericana (1996), México, D.E. A publicação correspondente (Morato.HTP, 1997) é 
citada na bibliografia ao final do capítulo.
Henriette Tognetti Penha Mor ato
Nascer é um desgarrar-se de urmtodo, uma sensação de desamparo, de soli­
dão. Como perda de um pertencer. Mas ao abrirmos os olhos, deparamo-nos com 
“coisas” ao redor; indiferenciadas a princípio, aos poucos se delineiam e recuperam 
um pertencer. Ser é ser no mundo, é estar aí no mundo, num interminável 
separar (ser) e pertencer (estar participando).
OTÁVIO PAZ (1987) coloca:
As duas notas, dependência e queda (...) ou participação e separação, estão presentes 
ao longo de nossa vida. Nascem e morrem conosco. Uma vive em função da outra, 
em permanente discórdia e em perpétua busca de reconcialiação. Cada vida humana 
é um contínuo tecer, destecer e voltar a tecer laços do começo. A experiência original, 
separação e participação, aparece em todos os nossos atos através de variações 
inumeráveis, (p.l)
Assim, para PAZ, o pertencer a uma realidade coletiva é anterior ao nome 
ou à idéia de si mesmo. Antes de conhecermos nosso nome, participamos já de 
uma realidade coletiva, de uma família. Depois, aos poucos, conhecemos o nosso 
nome e o nome dessa família, para só mais tarde chegarmos a ter idéia de quem 
somos e o que significa essa família. Dessa forma, a condição de existência não 
é simples, mas dual, diacrítica: fusão e desmembramento. Existir é condição 
para pertencer a uma família; mas a condição de pertencer é que oferece a 
28 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
possibilidade de ser eu mesmo, de perceber-me como consciência de mim mesmo. 
Identidade individual pela diferença na família.
Contudo, juntamente com a consciência de si mesmo, há o sentimento cole­
tivo de pertencer a um grupo, sentimento este compartilhado com maior ou 
menor fervor por todos os membros (semelhanças e diferenças internas). 
Acrescenta-se, em seguida, o sentimento de diferença entre este grupoe outros 
grupos; e é este sentimento desta nova diferenciação que leva o grupo à 
consciência de ser o que é. E tal consciência que se vai expressar no ato de 
nomear, de dar nome ao grupo. Dessa forma, o nome do grupo estaria re-criando, 
novamente, a condição dual da existência. Revela-se, assim, a identidade 
coletiva: através de semelhanças e diferenças internas do grupo, enfrentadas, e 
de diferenças com estranhos, podem agora ter um nome de comunidade.
O nome reforça os vínculos que atam os membros ao grupo, pois justificam as 
suas existências individuais e a grupai, além de lhe conferirem um valor. No 
nome estaria em “questão o destino do grupo, pois designa, simultaneamente, 
uma realidade, uma idéia e um conjunto de valores” (PAZ, 1987, p. 1), portanto 
sua existência: de onde vem, como está e para onde vai. Este nome da comunidade 
não é uma invenção, mas sim um reconhecimento, já que uma comunidade 
existe e é uma realidade antes mesmo de ter um nome.
Um nome, assim como uma constituição, não pode determinar valores, pois 
estes já estão presentes quer no grupo, quer nas sociedades, antes de sua 
normatização. No entanto, o que o nomear favorece é a ruptura desses valores 
inconscientes agora herdados em um ato de consciência coletiva. O nome, 
portanto, seria, ao mesmo tempo, uma ficção e um pacto consagrado. Ficção por 
parecer representar um começo, uma declaração de nascimento que na realidade 
já ocorreu. Mas também é pacto por representar a explicitação dos valores 
voluntários e livremente aceitos pelos membros. Dessa forma, a dualidade original 
— sentimento de separação e participação — ressurge no pacto do nome do 
grupo: não como destino e sim como liberdade. “A fatalidade de nascer se 
transforma em ato livre” (PAZ, 1987, p.l).
Assim, Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa revela um nome 
individual, cuja consciência de si mesmo surgiu do sentimento coletivo de 
pertencer a uma família, a uma comunidade. O nome do grupo, ao qual 
Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa pertence, é Equipe do Serviço 
de Aconselhamento Psicológico, do Departamento de Psicologia da 
Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo (SAP-PSA-IP-USP). É desse lugar-grupo onde 
está situado que o processo de re-criação das condições originais da existência, 
como descritas por Otávio Paz, vem ocorrendo: tecendo e destecendo histórias 
pessoais, entrelaçadas com outras histórias pessoais; “comercializando” idéias, 
Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP 29
opiniões, valores; criando a história do grupo, que por sua vez se enrosca em 
outras histórias de pessoas e grupos.
Nesse sentido, o Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa propõe-se a 
ser uma realidade-sonho e não uma fábrica de ilusões desencarnadas, uma ficção. 
Assentando-se no pacto do grupo-equipe, cuja história se estabelece através de 
um trabalho comum, revela-se como “uma comunidade de destino”, sofrendo de 
modo “irreversível, sem possibilidade de retorno à condição antiga, o destino dos 
sujeitos” do grupo (BOSI, 1979, p.2) e a compreensão de sua condição. Comunidade 
de destino que se reforça na medida em que o pacto revela, também, uma liberdade 
na aceitação dos valores do grupo. Pretendendo ser sujeito de seu discurso no 
mundo, o Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa propõe-se a abrir espaço 
para uma revisão de identidade, pessoal e grupai, e refletir sobre as questões que 
acompanham a sua prática bem como a da comunidade.
Como o ato de nomear é condição de re-criação, o Aconselhamento Psico­
lógico Centrado na Pessoa agora se historiciza, con-sentindo que o grupo fale 
por ele, revelando-o através de suas ações e de todos aqueles que delas 
participam: uma comunidade ampliada por alunos, clientes e instituições.
Em que medida, considerando a perspectiva da Abordagem Centrada na 
Pessoa para as relações de ajuda e formação do profissional, não poderíam ser 
criados espaços para uma prática mais condizente com a ambiência do trabalho 
do psicólogo? Podería a proposta de um serviço de atendimento à comunidade 
numa universidade oferecer tais condições?
Bastidores do Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP)
Este Serviço é um lugar de fronteiras. Desde sua origem, sua história revela 
momentos marcados por transição e transformações fundamentais que se entre­
laçaram e continuam a entrelaçar-se com várias outras histórias de realizações 
de pessoas e grupos.
Entrelaçou-se, em sua origem, com a história da psicologia nacional. Partici­
pou, através do empenho de Oswaldo de Barros Santos, na batalha pela sua 
identidade frente a outros campos profissionais (medicina, educação, filosofia, 
etc.), para o reconhecimento da profissão do psicólogo. Vencida esta etapa, 
outra batalha dentro da psicologia no Brasil. O reconhecimento e a inclusão da 
disciplina e de um Serviço de Aconselhamento Psicológico num curso de 
psicologia garantiram aos psicólogos a possibilidade de nova área de atuação 
profissional como uma alternativa distinta da orientação, da seleção, do 
diagnóstico e da psicoterapia. Mas os desafios não terminaram aí. Através da 
orientação centrada no cliente com que foi idealizado e implantado por Oswaldo 
de Barros e Rachel Rosenberg, assegurou um lugar para a psicologia humanista 
30 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
como mais uma das abordagens representativas no cenário da psicologia brasileira, 
além da psicanálise e do comportamentalismo.
Olhar atentamente para os entrelaçamentos do SAP com o desenvolvimento 
da psicologia no Brasil revela também meandros convergentes com a história da 
Abordagem Centrada na Pessoa no cenário americano e mundial. A biografia 
do SAP cruza-se com retrospectivas apresentadas por ROGERS (1973, 1978, 
1987): a marca de batalhas pela identidade do trabalho do psicólogo junto aos 
psiquiatras, pela instalação da área de Aconselhamento Psicológico como uma 
nova concepção em atendimentos institucionais e cursos universitários, pelo 
surgimento da “terceira força” em psicologia, por desafios interdisciplinares, por 
trabalhos com grupos de comunidade autodirigida.
O SAP originou-se a partir da necessidade de um espaço e lugar para oferecer 
oportunidade de estágio para os alunos de graduação do curso de Psicologia do 
IPUSP nas disciplinas de Aconselhamento Psicológico. Inicialmente, funciona­
va, precariamente (e sem reconhecimento enquanto um serviço de atendimento), 
subordinado à cadeira de Aconselhamento Psicológico ministrada pelo Dr. 
Oswaldo de Banos Santos, tendo como auxiliar a Prof3. Drã. Therezinha Moreira 
Leite, numa sala da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
Universidade de São Paulo no prédio da rua Maria Antônia. Com a interdição 
e desocupação desse prédio, em 1968, transferiu-se para a Clínica Psicológica, 
localizada numa casa na Rua Jaguaribe. Com a transferência para a Cidade 
Universitária de todos os departamentos de Psicologia, abriu-se, assim, em 1969, 
um Serviço gratuito de atendimento Psicológico à comunidade, realizado por 
estagiários supervisionados diretamente pelo docente responsável (que passou 
a contar com a colaboração da então Prof3. Rachel Léa Rosenberg) pelas 
disciplinas as quais se vinculava. Restrito e modesto, a principio, foi passando 
por reestruturações tanto na composição de sua equipe (ampliada por psicólogos/ 
técnicos) quanto por alternativas de atendimento e oferecimento de novas 
disciplinas de graduação e cursos de extensão, acompanhando as mudanças 
acadêmicas e a demanda da comunidade, motivo da discussão de Maria 
Gertrudes Eisenlohr, no capítulo 7.
Em resposta a essas transformações constantes, exigidas no contato e na pers­
pectiva de uma realidade sempre cambiante, foi sendo delineada e firmada 
uma conduta teórica e metodológica para pesquisas; essa conduta era consoante 
com a abordagem que embasa a visão de Aconselhamento Psicológico ministrada 
nas disciplinas — a Abordagem Centradana Pessoa, fundamentada na Psicologia 
Humanista, Fenomenológica e Existencial.
O SAP tem dirigido seus esforços para pesquisas, ensino e atendimento à 
comunidade, enfatizando o significado das experiências humanas e das inter- 
relações que as acompanham. Seu foco de atenção para os fenômenos humanos 
Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP _____ ___________________ 21
procura colocar-se numa perspectiva interdisciplínar, para compreender as mani­
festações desses fenômenos nos vários contextos em que ocorrem. Nessa perspec­
tiva, o campo teórico e prático do Aconselhamento Psicológico para o SAP 
apresenta-se como lugar de fronteira, onde são contemplados entrecruzamentos 
com Antropologia, Artes, Comunicação, Filosofia, Literatura, Psicologia da 
Aprendizagem, do Desenvolvimento, da Personalidade e Social, Sociologia. Dessa 
forma, a equipe do SAP mantém-se atenta para a formação do psicólogo, buscando 
esclarecer e ampliar seu campo de atuação, a fim de oferecer condições de 
ajuda mais pertinentes à demanda da comunidade que procura o Serviço, 
partindo da compreensão da complexidade da experiência humana.
É importante reconhecer e enfatizar que o embasamento na Abordagem Cen­
trada na Pessoa legitima e facilita as transformações nos questionamentos teóri­
cos, bem como nas expansões das atividades práticas do SAP em Aconselhamento 
Psicológico. Ancorando-se na ótica de qualidade e condições das relações inter­
pessoais (autenticidade, aceitação positiva incondicional e compreensão empá- 
tica) como promotoras básicas de mudanças nas pessoas envolvidas, reformulações 
tanto didáticas quanto de atendimento são propiciadas, revelando subsídios 
para novas compreensões sobre o campo teórico da Abordagem Centrada na 
Pessoa, em particular, e das abordagens fenomenológicas e existenciais (mais 
explicitadas por Fernando Almeida, no capítulo 2), além de contribuir para 
modificações e esclarecimentos quanto ao campo do Aconselhamento Psicoló­
gico e da pesquisa qualitativa.
Com isso, o SAP consagrou-se como um espaço acadêmico e institucional 
pioneiro seja na transmissão, quanto na prática do Aconselhamento Psicológico 
na Abordagem Centrada na Pessoa. E ainda permanece como um dos poucos 
serviços de atendimento e formação profissional a possibilitar o contato com 
essa área de conhecimento em sua especificidade, considerando-se as institui­
ções públicas e privadas universitárias brasileiras. Nesse sentido, o SAP se efe­
tiva como um lugar tradicionalmente compromissado com mudanças, inova­
ções e investigações re-criativas. Indubitavelmente, o SAP tem uma origem e 
tradição persistentes, sem contudo restringir-se a elas nem torná-las modelo 
exclusivo para questionamentos e práticas.
Nesse contexto é que se apresenta a preocupação com pesquisas que visem 
fornecer elementos para a consecução da duplicidade de objetivos que marcam 
seu lugar no âmbito da Universidade: oferecer estágio profissionalizante supervi­
sionado aos alunos de Psicologia e atendimento psicológico à comunidade. Ao 
mesmo tempo em que pesquisa novos métodos de intervenção educacional para 
aprimorar o desenvolvimento dos futuros profissionais, revelam-se elementos de 
questionamento às formas de atendimento que estão sendo oferecidas para o trei­
namento dos alunos e para a ajuda psicológica à comunidade. Estariam essas 
formas clássicas e usuais de fato atendendo às demandas de ambas as populações?
51______________________________Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
Surge, nessa dialética de investigação, a exploração de novos métodos de 
intervenção clínica que respondam à demanda da comunidade por alternativas 
mais realistas e com qualidade no trabalho clínico institucional do psicólogo no 
campo do Aconselhamento Psicológico. Nessa perspectiva, a interdisciplinarie- 
dade se apresenta, permitindo um início de compreensão transdisciplinar para a 
atuação do profissional de Psicologia no contexto da demanda atual poT uma 
consideração histórico-sociopsicológica nas áreas de Saúde é Educação. Um 
panorama para tais questionamentos é apresentado no capítulo 3, enquanto 
Maria Luisa Schmidt transita pelas considerações do engendramento teórico 
que o possibilitaram no capítulo 5.
O SAP vem constantemente ampliando e expandindo suas atividades, man' 
tendo-se, contudo, fiel aos objetivos de melhoria das condições de formação 
profissional e atendimento psicológico. Assim, fundamentalmente podemos citar 
duas vertentes de pesquisas básicas realizadas pela equipe do SAP:
1. Atendimento Psicológico — abrangendo levantamento de características 
da população atendida; levantamento de recursos da comunidade para enca­
minhamento de clientes; utilização de grupos de espera, de grupos com duração 
limitada; investigação de fatores que determinam a desistência frente ao 
atendimento; exploração de técnicas de redes sociais para ajuda psicológica 
numa dimensão familiar; investigação para a compreensão do significado do 
que faz sentido na relação terapêutica; a efetividade do plantão psicológico (na 
visão dos clientes do SAFJ em diferentes situações e contextos como em escolas, 
em outros serviços de saúde, em hospitais psiquiátricos, em instituições 
educacionais, assistenciais, comunitárias e trabalhistas); investigação de práticas 
alternativas de atendimento psicológico (supervisão de apoio psicológico, oficinas 
de criatividade).
2. Formação do Psicólogo — abrangendo a utilização de técnicas como as de 
grupos de encontro, com alunos estagiários, para diminuição da ansiedade e 
aumento da eficiência no atendimento; propostas de modificação curricular 
para facilitar a preparação pessoal antes do atendimento; o significado da 
supervisão na formação dos alunos de graduação em Psicologia; situações de 
crise como momentos de aprendizagem significativa na formação de profissionais 
de saúde e educação, através de supervisão de apoio psicológico e oficinas de 
criatividade; necessidade e possibilidade de atendimento ao aluno de Psicologia; 
significado do processo de facilitação e da supervisão para a formação de psicólogos 
como agentes sociais multiplicadores.
Convém ressaltar uma outra característica de como ocorrem os trabalhos de 
pesquisa no SAP e que se apresenta como decorrente da coerência da conduta 
citada. Decorrente do trabalho em equipe, em geral as questões, formas e possi­
bilidades das investigações surgem a partir das discussões conjuntas relacionadas
33Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP
às atividades didáticas e clínicas do SAfJ nas quais todos estão diretamente en­
volvidos. Dessa forma, ao surgir um questionamento e um esboço de projeto de 
pesquisa, há a colaboração direta de alguns e indireta de outros, já que a busca e 
clarificação de compreensão vão interferir diretamente no trabalho de todos, 
implicando em modificações e transformações das atividades do Serviço, que 
procura operar como um único organismo (ROSENBERG et al.,1987).
Nesse contexto, este Serviço preocupa-se com a produção de conhecimento 
científico, por meio de estudos e pesquisas que visam sistematizar e aprofundar, 
essencialmente, as experiências acumuladas ao longo de vinte e sete anos tanto 
de doceMÈte e técnicos quanto de alunos/estagiários (graduandos, aperfeiçoandos 
e pós-gí||*wdos). Privilegiando a prática como o lugar da experiência onde os 
questionamentos se apresentam, novos métodos para aprimoramento e desenvolvi­
mento dç profissionais estão sendo investigados como formas de subsídios para o 
estudo de*práticas preventivas para atendimento psicológico institucional, bem 
como pafa expandir a experiência de profissionais/psicólogos para as necessida­
des sociais demandadas pela situação sociopolítico-econômica do país. Maria 
Luisa Schmidt discute tais questões detalhadamente no capítulo 4-
Práticas tematizadas em pesquisas
Perseguindo essa perspectiva, três modalidades de prática psicológica têm 
contribuído para redimensionar a ocorrência de aprendizagem significativana 
formação do'psicólogo (discutido por Maria Luisa Schmidt no capítulo 6) , através 
do espaço da supervisão: o Plantão Psicológico, a Supervisão de Apoio Psicológico 
e as Oficinas de Criatividade. Considerando a inovação dessas práticas, o enca­
minhamento da apresentação oferece o cenário no qual elas se encenaram.
Plantão psicológico
As políticas públicas de atendimento à saúde, em geral, e à saúde mental, 
em particular, têm sido motivo de aumento dos convênios de saúde com a 
iniciativa privada. A situação da saúde pública tem se revelado tão precária, 
que mesmo instituições e órgãos governamentais têm recorrido, freqüentemente, 
ao expediente privàdo para atender a seus funcionários. Decorrência direta 
desse contexto, a escassez de recursos de assistência à saúde mental e a falta de 
informação de suas finalidades apontam para uma restrita e não-qualificada 
abrangência social.
Como coloca MAHFOUD (1987), o atendimento em Plantão Psicológico surgiu 
como uma tentativa de atingir e beneficiar uma parte da população que necessita 
de ajuda psicológica e que, nem sempre, no momento da emergência da queixa, é 
34 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
por ela contemplada. O Plantão Psicológico numa instituição envolve três realida­
des: a da instituição que o oferece, a do profissional que atende e a do cliente. Em 
outras palavras à instituição compete a sistematização do serviço, enquanto do pro­
fissional espera-se “disponibilidade para defrontar-se com o não planejado e com a 
possibilidade” de ter apenas um encontro com o cliente (MAHFOUD, 1987, p. 75). 
Dessa maneira, ó cliente poderá usufruir do atendimento psicológico como um es­
paço de acolhimento e referência no momento de sua necessidade.
Além disso, para que o Plantão Psicológico possa constituir-se e manter-se 
como tal, é necessário que a instituição garanta a presença de “conselheiros- 
psicólogos”, em lugar e horários pré-determinados, além de manter informações 
e contatos com outros recursos de saúde e educação. O trabalho do “conselhei- 
ro-psicólogo” é o de facilitar ao cliente uma visão mais distinta de si mesmo e de 
sua perspectiva frente à problemática que vive e gerou seu pedido de ajuda. A 
maneira de enfrentar essa dificuldade se definirá no próprio processo do plan­
tão, com a participação efetiva de ambos: cliente e “conselheiro-psicólogo”.
Na constante exploração de novos métodos de intervenção clínica para res­
ponder à demanda da comunidade, e considerando a idéia de ser através da 
experiência, que inclui a teoria e a reflexão, que é possível aprender-se com o 
experenciado, o SAP recentemente aceitou um novo desafio para ampliar seu 
campo de atuação e condições de formação profissional. Dessa forma, buscou- 
se levar a experiência do plantão a novos contextos, partindo das demandas 
que chegavam ao Serviço. Enquanto Maria Gertrudes Eisenlohr retoma a ori­
gem de um serviço universitário de atendimento psicológico no capítulo 7, Miguel 
Mahfoud arriscou o desafio de sua implantação no contexto escolar, como origi­
nário do campo do aconselhamento psicológico e que apresenta no capítulo 8. 
Tendo sido motivo de cursos de aperfeiçoamento e especialização, a experiên­
cia do Plantão foi levada adiante por nossos alunos, como Walter Cautella Júnior, 
que o implantou em hospital psiquiátrico (capítulo 9).
Para ampliar as experiências dos estagiários de graduação em psicologia além 
do contexto de serviço universitário, demandas de outras instituições levaram à 
criação e implantação de serviços de Plantão Psicológico. Lúcia Barbanti e 
Marina Halpern Chalom relatam, no capítulo 11, a experiência realizada em 
instituição judiciária. Quanto a essa prática realizada no Centro de Práticas 
Esportivas da USP para intervenção psicológica em projeto esportivo com ado­
lescentes, é relatada no capítulo 10 pelo grupo de plantonistas e supervisores. 
Os atendimentos, bem como a organização e a estruturação do Serviço, foram 
supervisionados por docentes do SAP e profissionais ligados ao Laboratório da 
Família, da Sexualidade e do Gênero (LEF) do IPUSP que também colaborou 
na prática dentro de instituição judiciária.
Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP 35
Partindo da idéia de que o Plantão Psicológico redimensiona a aprendizagem e 
a compreensão do papel do psicólogo e seu campo de atuação, ao mesmo tempo 
em que favorece a compreensão da importância do acolhimento e da relação de 
ajuda no momento da procura por um atendimento psicológico quando da emer­
gência da demanda, ele contempla os objetivos do SAP de ensino e atendimento 
à comunidade. Simultaneamente, abrindo um espaço para a reflexão crítica de 
características institucionais que emergem dentro do contexto de atendimento 
proposto, institui um espaço para o questionamento de um tema muito atual no 
campo psicológico: como oferecer um serviço psicológico de qualidade no contexto 
institucional. Paralelamente, o inusitado desta inserção dirige um foco de 
questionamento para redimensionar a formação profissional do psicólogo no 
contexto de uma instituição que quase sempre esteve distante às investigações 
da psicologia e que agora parece a ela render-se: uma instituição judiciária.
Durante todo o processo realizado até agora, e a partir da prática, surgiram 
questões que implicam reformulações dos projeto iniciais de atendimento, den­
tro dos moldes oferecidos pelo SAP no IPUSP Como decorrência disto, ocorreram 
adaptações no esquema planejado inicialmente e que confluem para uma in­
vestigação mais específica dada, a multiplicidade de aspectos que começam a 
delinear um perfil. A especificidade do trabalho desenvolvido em instituições 
comportou um outro desafio: o Plantão à Família, uma modalidade inovadora . 
de atendimento psicológico no SAF} surgida na prática em instituição judiciária. 
Criada a necessidade de avaliar a eficácia de sua proposta, iniciou-se essa prática 
como possibilidade também de pesquisa.
A relevância do tema de investigação implica subsidiar, estudos para conhe­
cimento de práticas psicológicas instirucionais a partir de demandas da própria 
comunidade. Pela natureza da intervenção — desenvolver uma atividade clínica 
inserida no contexto institucional — depara-sc, em vários momentos, com “en- 
trecruzamentos” de questões referentes aos atendimentos prestados a funciçT 
nários e dependentes, com questões que supostamente seriam da ofâem.jdó 
imaginário e do conjunto das práticas institucionais. Tal observação remete à 
necessidade de investigar como a inserção do Serviço de Plantão Psicológico na 
proposta de Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa tem-se refletido 
neste mesmo imaginário institucional, até mesmo para que tais entrecruzamentos 
possam ser traduzidos.
Pela pluralidade de aspectos envolvidos a serem tematizados, a fim de contem­
plar as tramas desta prática atualmente desenvolvida, bem como o montante da 
população a ser atendida, há a necessidade de uma equipe de pesquisadores/ 
bolsistas composta por alunos de graduação, pós-graduação e de aperfeiçoamento, 
além dos técnicos e docentes do Serviço. Este novo contexto de equipe propicia 
um intercâmbio de experiências e a possibilidade de facilitar a convivência 
I
36 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
científica entre pesquisadores e estudantes de níveis diversos para um trabalho 
integrado de atendimento prático e de pesquisa.
A supervisão, dentro dessa perspectiva, constitui-se como lugar para a 
ressignificação de uma nova prática e de desafios. Revela-se como aprendizagem 
não de informações e conteúdos somente, mas numa possibilidade para o aprendiz 
ser o verdadeiro sujeito de sua própria experiência e aprendizagem. Resgata, 
assim, seu desejo de aprender a aprender (MORATO, 1989,1993).
Supervisão de apoio psicológico e oficinas de criatividade
A formação de profissionais das áreas de saúde e educação motivou a pro­
posta para um projeto temático de pesquisa (MORATO & SCHMIDT, 1996). 
O aspecto nucleardessa investigação visa a compreensão do fenômeno da 
aprendizagem significativa enquanto dimensão psicológica envolvida no processo 
de conhecimento e no exercício dessas profissões.
Estudos sobre a formação de profissionais de saúde e educadores 
(BLEGER.1977; CHICANDONZ et al., 1986; FIGUEIREDO,1995; 
FREIRE, 1970; ROGERS, 1978,1983) apontam a necessidade de mudanças, não 
somente de conteúdo, mas, principalmente, de forma nas propostas curriculares 
dessas profissões. Dimensões cognitivo-afetivas presentes em processos de 
aprendizagem precisam ser contempladas. Na medida em que o profissional é 
chamado a participar de um processo de relacionamento também humano, a 
experiência para essa formação é francamente complexa. Faz-se premente a 
articulação entre a teoria, a prática e o processo de crescimento pessoal envol­
vidos nesse processo, para que sua atuação possa constituir-se como experiência 
significativamente humana, e não meramente técnica (MORATO.1993). E nesse 
contexto que a aprendizagem significativa impõe-se como experiência nuclear 
em processos de ensino-aprendizagem, condição para a articulação mencionada 
(PICHON-RIVIÈRE, 1988; ROGERS, 1983; WOOD, 1986).
Enquanto ROGERS (1983) articula aprendizagem significativa pela distinção 
de duas categorias de experiência, a saber memória repetida e aprendizagem 
experiential2, GENDLIN (1962, 1973, 1978/79) orienta-se por uma sintonia exis­
tencial. Na concepção de GENDLIN, aprendizagem significativa seria processo 
de compreensão e conhecimento para atribuição de sentido a relações e situações 
experienciadas. Ou seja, aprendizagem significativa é uma ação 
compreensivamente articulada, permitindo ao homem aberturas ou mudanças 
pela experiência de encontro consigo mesmo, com o mundo e com outros homens. 
Uma tal compreensão possibilita que se aprenda nas situações experienciadas, 
2 Vide Capítulo 6, deste livro.
Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP 37
nas quais, podendo “trazer-se de volta” (atualizar o passado) para, lançando-se 
adiante (projetando-se ao futuro), transformar-se. Nesta perspectiva, compre­
ender algo na própria ação propicia, ao mesmo tempo, uma compreensão de si e 
de seu modo de ser humano em meio a outros. Dessa forma, aprendizagem 
significativa é criação de sentido, no qual afeto e cognição articulam-se abrindo 
espaço para aproximações entre pedagógico e psicológico.
Tomando-se por base a condição de indivíduo situado no mundo e trabalhos 
inaugurais de ROGERS (1978), com grupos de encontro e comunidades de 
aprendizagem, e de PICHON-RIVIÈRE (1988), com grupos operativos, a 
aprendizagem significativa seria facilitada em contexto grupai. Facilitadores 
experientes acompanhariam esse processo, promovendo as condições para sua 
ocorrência. A prática fundada nessa metodologia tem sido pesquisada em diversos 
contextos de formação de profissionais de saúde e educação (ANGELO, 1989; 
CHICANDONZ et al, 1986; CUPERTINO, 1995; LIETAER, 1980; MORATO, 
1989, 1993; MAHONEY, 1976).
Inspiradas nestes trabalhos, duas práticas grupais vêm sendo desenvolvidas 
pelo Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSR desde 1990, junto a 
alunos dos cursos de pós-graduação em Psicologia Escolar c Desenvolvimento 
Humano, graduação em Psicologia e de aperfeiçoamento na área de intervenção 
institucional (multiprofissional): a supervisão de apoio psicológico e a oficina 
de criatividade.
A supervisão de apoio psicológico é feita a partir da reflexão sobre questio­
namentos e dificuldades profissionais, visando uma atuação de ajuda mais 
disponível e receptiva por parte dos profissionais. Já a oficina de criatividade é 
um espaço de elaboração da experiência pessoal e coletiva usando recursos 
expressivos (movimento corporal, atividades de expressão plástica e de 
linguagem). Ambas são conduzidas por facilitadores com formação em psicologia. 
A constituição destas práticas implica, também, a criação de espaços de 
supervisão para estes facilitadores. Nenhuma das duas apresenta-se como 
supervisão técnica específica para atuação profissional, mas sim como espaço 
para elaboração da experiência profissional.
As experiências ocorridas com estas práticas no SAP foram, já, objeto de 
análises parciais apresentadas em forma de comunicações em congressos e de 
artigos (JORDÃO,1993; MORATO,1992,1993,1994; MORATO & 
SCHMIDT,1995; SCHMIDT, 1990). Estas análises parciais indicaram a 
necessidade de um projeto de pesquisa capaz de investigar mais amplamente e 
em profundidade a ocorrência do fenômeno da aprendizagem significativa na 
supervisão de apoio psicológico e na oficina de criatividade.
Os objetivos gerais dessa investigação norteam-se por: 1) fornecer subsídios 
para a melhoria das condições de formação de profissionais das áreas de saúde e 
38 Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa
educação; 2) contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos profissionais 
das áreas de saúde e educação; 3)contribuir para a melhoria da qualidade de 
atendimento e serviços prestados à clientela em instituições promotoras de saúde 
e educação; 4) contribuir para o desenvolvimento de práticas psicológicas, em 
instituições, como forma de transferência de tecnologia experiencial, que 
possibilite instrumentalizar agentes sociais multiplicadores (multiprofissionais).
Para contemplados, são enfocados os seguintes objetivos específicos: 1) co- 
nhecer e estudar o fenômeno da aprendizagem significativa no contexto das 
práticas de supervisão de apoio psicológico e de oficina de criatividade; 2) 
conhecer e estudar as relações entre subjetividade, experiência e criatividade 
nas práticas referidas; 3) avaliar as relações entre aprendizagem significativa e 
desempenho profissional; 4) analisar a eficácia das práticas citadas em relação à 
promoção de mudanças no exercício profissional.
Para a supervisão de apoio psicológico, é contemplada a esfera de investigação 
de supervisão como contexto de intersubjetividade, como discutido por Carolina 
Bacchi no capítulo 12, objetivando a formação de profissionais de saúde e educa­
ção. O passo originário dessa compreensão é narrado no capítulo 13, por Carolina 
Bacchi, Luciana Pires, Luiz Lilienthal, Maria Cristina Rocha, Rosana Frischer e 
Vera Iaconelli, a partir das experiências inaugurais com educadores de rua.
As contribuições da supervisão de apoio psicológico para a promoção de apren­
dizagem significativa com esses profissionais da área de educação foram sendo 
conduzidas adiante, possibilitando questionamentos e intervenções como as apre­
sentadas por Maria Cristina Rocha, no capítulo 15, Luiz Lilienthal nos capítulos 
16 e 18, e por Ana Frota, Heloísa Hanada, Maria Cristina Rocha e Rosana Frischer 
no capítulo 17, oferecendo um panorama de diferentes contextos e instituições e 
sua possibilidade como prática para a formação de agentes multiplicadores.
Por ser o SAP o lugar de formação de futuros psicólogos, o contexto da 
supervisão de apoio psicológico para a promoção de aprendizagem significativa 
em profissionais da área de saúde, e especificamente na formação do estudante 
de psicologia, é apresentado por Maria Gertrudes Eisenlohr, no capítulo 7, e por 
Ana Carolina Pereira, Carolina Bacchi e Maria Júlia Kóvacs no capítulol4- 
Parte-se do contexto do fazer específico do psicólogo, relação na região da 
intersubjetividade.
O contexto de relação entre aprendizagem significativa e oficinas de criativi­
dade é apresentado por Marina Jordão no capítulo 19. Na exploração da com­
preensão desse significado, Maria Luisa Schmidt e Vera Ostronoff, no capítulo 
20, discutem temas envolvidos na construção dessas oficinas. A ocorrência desse 
processo de aprendizagem e desenvolvimento são delicadamente apresentados 
por Iramaia Quintino e Clara Carvalho, respectivamente nos capítulos 21 e 22, 
contando oficinas para a terceira idade com materiais plásticos e de narrativas.
Serviço de Aconselhamento Psicológico do IPUSP ________________ 39
Como os projetos e suas práticas foram

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