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1 Resumo das Aulas de Pensamento Político Africano, 4º ano, Administração Pública- Laboral1 Aula 1. Contextualização sobre o pensamento político Africano Tópico 1: O que é ser Africano? Esta questão foi respondida em diversas formas, com base nos pensamentos dos filósofos ocidentais e dos próprios africanos. Neste âmbito, Karl Max defende que ser africano esta relacionada com a existência da “consciência de pertença”, ou seja, se assumir como africano significa agir e pensar de acordo com os valores, a cultura, prática defendida pelos povos africanos. Como forma de demonstrar a posição de Karl Max, passamos a citar: “Não é a minha maneira de pensar que determina a minha maneira de ser e estar, mas sim é a minha forma de ser e estar que determina a minha maneira de pensar e agir” (Karl Max apud Jeremias, 2015). Numa outra abordagem, ser africano é definido tendo em conta as questões de natureza geográfica, sendo assim, os conceitos de identidade, fidelidade e solidariedade são chamados para definir quem é o africano, como mostraremos subsequentemente. 1. Identidade: refere-se como um individuo ou povo se vê a si própria e como gostaria de ser vista no exterior, resultante da experiência acumulada desde a sua formação (da sucessão dos sucessos e fracassos), tal como refere Fombrun (2006:45). Em poucas palavras autores como Van Riel & Berens (2001:45); Watson & Kitchen2 (S/d: 382) dizem que Identidade pode ser definida como uma auto- apresentação do individuo. 1 Elaborado por Carlos Luís Mafumissa, Estudante e finalista do curso de graduação em Administração Pública, na Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. Salientar que o resumo foi escrito com base nas aulas de Pensamento político Africano, do Salvador Jeremias, MA. 2 Usando este raciocínio, têm identidade africana, todos aqueles que se assumi publicamente sou africano, tendo ou não o sangue africano. 2. Fidelidade: neste debate filosófico sobre o ser africano, a fidelidade está relacionada com aceitação dos indivíduos das suas origens ou valores de nascença. Neste âmbito, o africano é todos aqueles que, independente das circunstâncias, aceita de forma espontânea a sua origem. A título de exemplo, pode-se dizer é africano quem diz “sem dúvida ou receio”, eu sou moçambicano. Nesta discussão, o filosofo John Mark all considera que o “homem africano é oprimido”. Com esta citação pretende ilustrar, quem não aceita ou assume as suas origens é ser descontente e oprimido, e muitas das vezes os africanos não aceitam a sua proveniência, prefere a dos outros “Ocidente”. Tópico 2. As ideias sobre os Africanos Ao longo da história da humanidade, várias ideias ou pensamentos surgiram sobre os africanos. Estas ideias foram difundidas pelos povos europeus até os próprios povos africanos, como procuramos discutir nas páginas a seguir. 1. Ideias dos africanos para os europeus Os europeus tiveram contacto como os povos africanos a partir do descobrimento (expansão europeia, que ocorreu no século XV) desde então construíram uma visão pessimista sobre o homem africano. Para eles, os africanos são selvagens ou animais, partindo da comparação que fizeram com a sua realidade. Salientar que na altura da expansão europeia, no ocidente já tinha inventado a ciência, que permitiu mas tarde a revolução tecnológica e industrial. Entretanto, o europeu chegado a áfrica observando vida primitiva que levavam, conclui que não tinha ciência, longo não tem racionalidade, sendo assim, não poderia ser nada mais ou nada menos que um animal, como características próximas ao macaco. Acrescentar que, embora o mundo actual seja globalizado, aberto e sem fronteiras, está posição prevalece nos dias de hoje, pode ser ilustrado com casos de racismo dos jogadores 3 africano e negro, Samuel eto’o na Rússia; Daniel alves na espanha (lançaram banana no campo, e comeu); Gomis na Inglaterra (no jogo de primier league 2015, Chelsea vs Swansea, após o golo, andou como um macaco para demonstrar o racismo que sofreu). 2. Ideias dos africanos para os africanos Alguns grandes africanos Haile see da Etiópia, Maurício Macumba, entre outros apresentam uma visão optimista sobre o homem africano. Neste sentido, defendem que ser africano significa vir de africana, sendo assim, tudo e todos que têm ligação ou vem do continente africano, é africano. Com base nesta definição, o presidente do EUA, Barack Obama é africano, tem origem na Quénia; as pessoas que nasceram nas antigas colonias. 3. África das pequenas etnias Nesta perspectiva, a africa é baseada em pequenos grupos de natureza étnica. Sendo assim, o africano é definido com base nas étnicas, ou na ideia do “outro”, ou seja, considera-se como africano todos os que pertence a mesma etnia ou tribo e os restantes são outros povos. Infelizmente nos dias de hoje, esta posição constitui o fundamento para o surgimento de práticas de regionalismo, tribalismo, xenofobia, que enfraquece a união dos africanos e desenvolvimentos dos respectivos países africanos. Na tentativa de solucionar este problema, o Papá Bento XVI, a advertiu os países que foram colonizados, particularmente os africanos que: “Para as nações que sofreram o desgosto da colonização, conflitos armados pós-independência, as soluções para os problemas económicos, sociais, políticos e étnicos, que podem por causa a paz e bem-estar é desenvolvimento económico inclusivo” (Bento XVI, 1990). Com base nesse raciocínio, pode-se salientar os problemas étnicos em áfrica deriva muitas vezes de problemas de natureza política (questões de democracia), económica 4 (redistribuição da renda), religiosa (islamismo vs cristianismo) social (acesso e qualidade de serviços públicos). 4. África definido pelos africanos na diáspora É definido pelo próprio africanos vivendo nos países estrangeiros fora do continente africano. Para estes, os africanos foram de africa estão sujeitos aos mesmos problemas, essencialmente a discriminação política, económica e social. Foi a partir desta realidade vivida, que surgem nos africanos a “consciência da liberdade”, que enfatiza a defesa e reabilitação do homem africano, independentemente da sua origem. No entanto, esta consciência emerge após a escravatura no século XVIII. Os problemas dos africanos são todos iguais, na frança, Inglaterra, EUA, etc. para todos os africanos, é disso que nasce a consciência da liberdade dos africanos ou a mobilização de forças para defesa dos africanos. Para que serve a cadeira de Pensamento Político Africano (PPA)? A PPA serve essencialmente para reflectir sobre as condições políticas, antropológica, histórica, religiosa que visam garantir e buscar a liberdade do homem negro, porque na fase inicial da humanidade, o africano sempre foi considerado de animal, selvagem, por isso não pensa, não tem cultura, não tem historia, não tem ciência, logo não é homem é macaco. Aula 2. Fundamentação da negação da humanidade africana Tópico: Origem do Pensamento Político Africano O PPA tem origem com os africanos na diáspora, pois tiveram a consciência de que os problemas dos africanos dizem respeitos a todos africanos, inspirado do tráfico de escravos para a europa, emergindo assim a consciência africana. No entanto, a fundamentação da negação do homem africano, foi feita por grandes filósofos tais como Aristóteles, Platão, Karl Max, entre outros. 5 Aristóteles na sua obra “A Política” aborda sobre o governo ou poderdespótico, resultante da constituição da família. Para ele, uma família rica é composta por um homem, Mulher, filhos e escravos; e a família pobre é composta por um Homem, Mulher e gados. Para cada um deles, exerce-se um tipo de relação de poder, como mostramos no quadro um seguir: Homem + Mulher= Poder Marital; Pais +Filhos= Poder Paternal Senhor + Escravo= Poder Despótico ou Patriarcal Fonte: elaborado pelo autor com base na aula de PPA Nesta mesma obra, Aristóteles defende a possibilidade da existência da escravatura natural e convencional. Para ele, escravo natural é aquele não têm alma (inteligência e sabedoria; e escravo convencional é aquele que não tem meios para garantir a sua própria sobrevivência. Por isso, Aristóteles acredita que existe uns que nasceram para mandar e outros para obedecer, isso para ordem e bem da humanidade. Aristóteles publica também uma obra de natureza poética “riso é próprio da alma”, na qual defende que todo ser racional é capaz de rir; logo todos que é capaz de rir é homem. Esta posição ou ideia contraria a ideia do homem da idade mediável. Esta definição do homem tida como psico – semântica. Na universidade de Salamandra no século XVII, uma reunião (numa altura que ponto de vista histórico aconteceu o descobrimento, ponto de vista filosófica o humanismo e económico o mercantilismo), onde foram chamados os professores mais importantes daquela altura para debater sobre a situação dos índios na Espanha que morriam devido o trabalho forçados. Neste período que emergem o defensor dos índios, o senhor Bartolomeu de Las Casas, que na mesma universidade, num anfitrião ou sala composto uma plateia cheia pretendia defender que os índios eram homens, logo não merecia a escravidão sujeita. Sendo assim, a Espanha e Rainha (controlava o ocidente do mundo) estava a cometer um crime, genocídio contra os índios e os preceitos morais da igreja católica, convoca para a sala dois índios de natureza simples (roupas de animais, tronco nú, etc.), entrando na sala e vendo os homens 6 ocidentais vestidos de roupas elegantes (casaco, sapatos, vestidos, etc.) começam a rir-se deles, nesse instante Bartolemeu de las casas afirma “eis o homem, é ri como nós”. A rainha da Espanha e demais participantes, inspirados pela ideia de Aristóteles “riso como próprio do homem” tiveram de aceitar que os índios são homens, e não podiam ser escravizados. Perante estão situação, havia necessidade de encontrar um povo que podia exercer o papel de escravos, tal como aconteceu com os índios. Neste sentido, buscaram os negros para a mesmo anfitrião ou sala, por sua natureza mediónia, os negros choraram e não riram, logo não eram homens. Neste sentido, a rainha da Espanha respondeu ao Bartolomeu de las Casas, que pode admitir que os índios são homens porque riram, mas aceitar que os negros são homens colocam em causa a economia da Espanha, começando deste modo a corrida desfreada pelos escravos negros africanos. Tópico: Filósofos Ocidentais e Negação da Humanidade Africana. Como referimos acima, a negação do homem africano foi feita com base em diversos aspectos tais como a ciência, história, raça, teologia e a própria filosofia. Em seguida, falaremos dos pensamentos de alguns africanos sobre a humanidade africana. 1. Pensamento de Immanuel Kant O filósofo Immanuel Kant no seu trajecto filosófico escreve quatro (4) obras, nomeadamente: 1ª Obra: Intitulado “Raças Humanas”, admite que no mundo existe uma única/exclusiva raça, que é a raça branca. No entanto, ele considera que a raça branca é a modelo, por causa de questões climáticas desejara-se em outras raças tais como amarelo, vermelho e negra. É nessa ordem de decrescente que se deve obedecer a racionalidade humana. Sendo assim, a raça branca é a racional e a raça negra é irracional. 7 2ª Obra: Intitulado “Crítica da Razão Pura” discute as condições e possibilidades de conhecimento ou conhecer, através da seguinte pergunta: o que posso saber? Com está questão Kant pretende dizer que existem questões que o homem pode saber ou fazer e outras questões que não podem fazer ou saber. 3ª Obra: Intitulado “Critica de Razão prática”, procura analisar as condições e as possibilidades de agir humano, através da questão: o que devo fazer? 4ª Obra: Intitulado “Critica dos Juízos”, discute sobre a finalidade ou fim do homem, através da seguinte questão: para que serve o homem ou o que posso esperar da vida? Portanto, as três questões levantadas acima por Kant, podem se resumir numa só pergunta: quem é o homem? A partir das questões, Kant chega a conclusão que o africano não é homem, porque não podem se interrogar, através das três perguntas. Pois na sua opinião a condição de ser homem é a capacidade de interrogar sobre si, e o africano não tem isso, logo não é homem. 2. Pensamento de Engels No século XIX, o filósofo alemão Engels publica três (3) grandes obras, onde deixa registado o seu pensamento sobre o homem africano, nomeadamente: 1ª Obra: Intitulado “Introdução à uma filosofia da história” , considera que a historia humana tem um caminho próprio, caracterizado por um principio e fim. Na óptica, a história da humanidade começa no oriente e termina no ocidente, e a história não passa pela áfrica, por isso não tem história. As questões que si colocam são o que é história para Engels? O que o oriente e ocidente deram para história da humanidade? Neste resumo, nos colocamos a disposição para responder a segunda questão. Para Engels, o mundo oriental trouxe para história da humanidade, a criação das religiões que conhecemos tais como o cristianismo, indo, etc., também os grandes mestres orientais, bem 8 como todo de grande no mundo encontra-se no oriente tais como o continente maior do mundo (asiático); o oceano maior do mundo (oceano pacifico). Por sua vez, o mundo ocidental trouxe para história da humanidade, os grandes filósofos que conhecemos tais Sócrates, Platão, Aximandro, etc. E finalmente, no continente africano não encontraram nada de relevante ou importante para história da humanidade. Logo, um individuo ou povo sem história não é homem, logo, o africano por não ter historia não é homem. Aliado a isso, os africanos vivem com base em etnias, e não possui um estado como uma realização histórica da liberdade, pois a liberdade somente é encontrada no estado. 2ª Obra: Intitulado “xxx” na base da ideia de que os africanos não têm consciência da sua própria história e liberdade de Kant e Engels determinaram o nascimento da 1ª Escola Antropológica, denominada de “Escola Evolucionista” defendidos por autores como Edward Taylor (pai da antropologia moderna); Claude Levi-Strauss; Levy Brhul, que publicaram duas (2) chaves: (1ª obra: a mentalidade do homem primitivo). Nesta obra nega possibilidade de desenvolvimento do conhecimento no africano, porque ele é um pré- lógico. O africano não tem lógica, que é a razão. Neste a lógica pode ser definida como a capacidade de discurso, pensar e capacidade critica.
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