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Prof. Pedro Taques DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 1 - Introdução: - A CRFB/88 no título IV organiza os poderes. Este título subdivide-se em: - Capítulo I: Legislativo (art. 44); - Capítulo II: Executivo (art. 76); - Capítulo III: Judiciário (art. 92); - Capítulo IV: Funções Essenciais da Justiça (art. 128); RESPOSTA: Antes de responder, devemos analisar a evolução história do . MP - Evolução histórica do Ministério Público nas Constituições: DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 2 - Constituição de 1.824: - não tratou do M.P. em seu texto; - o Código de Processo Criminal do Império, de 1.832 fez referência ao “promotor damacusação”; - Constituição de 1.891: - o Ministério Público se encontrava dentro do judiciário, uma vez que a Constituição dizia que “o procurador geral da república será escolhido entre um dos ministros do STF”; - antes da Constituição, em 1.889, com a proclamação da República, em 1.890 o ministério público foi institucionalizado por meio de um decreto; - Constituição de 1.934: - o Ministério Público estava contido em um capítulo chamado de “atividades de cooperação governamental” junto com o Tribunal de Contas; - nesse momento histórico encontra-se na doutrina quem diga que pela Constituição de 1.934 o Ministério Público estaria contido dentro do Poder Executivo; - Constituição de 1.937: DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 3 - tal Constituição deu início a um “iato autoritário” que se prolongou até 1.945; - tal Constituição não tratou o Ministério Público com a finalidade devida, uma vez que ela não fez referência ao M.P. como instituição, havendo um retrocesso do Ministério Público; - sempre devemos fazer uma conexão entre o M.P. e a democracia, uma vez que nos momentos de democracia no Brasil, o M.P. é independente, já nos momentos de ausência de democracia, o M.P. perde prestígio, não sendo independente; - Constituição de 1.946: - tal Constituição foi a mais democrática de nossa história segundo alguns constitucionalistas, trazendo o M.P. independente; - Constituição de 1.967: - no dia 31 de março de 1.964 há um golpe que inaugura um novo “iato autoritário”, perdendo o M.P. a independência e passando a pertencer ao judiciário; - Constituição de 1.969: - o Ministério Público não era independente e fazia parte do Poder Executivo; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 4 - Constituição de 1.988: - a posição Constitucional do M.P. lhe garantiu ser “uma das funções essenciais à justiça”; - o devido processo legal é um conjunto de regras que garantem um processo justo, assim, para que o processo seja justo, o juiz deve ser imparcial e inerte, não podendo agir de ofício. Assim, a Constituição nos dá exemplo de duas instituições que provocam o judiciário: membros do M.P. (artigo 128 da CRFB/88) e advogados (art. 133 da CRFB/88), sendo estas as duas instituições que possuem poder postulatório; - o professor Hugo Nigro Mazili diz que quando a Constituição disse que o Ministério Público é uma das funções essenciais à justiça, ela disse menos do que deveria, uma vez que o M.P. não é uma função essencial apenas à justiça, mas sim uma função essencial à própria existência do “estado democrático de direito”; - hoje, pela Constituição de 1.988 o Ministério Público é uma instituição “extra-poder”, ou seja, o Ministério Público, sem ser poder, exerce atribuições e possui garantias de Poder; o Ministério Público portanto não é uma 4º Poder, pois nós temos formalmente, 3 órgãos que exercem parcela da Soberania do DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 5 Estado: Legislativo; Executivo; Judiciário e uma instituição “extra- poder”, que é o Ministério Público; - hoje, discutir se o Ministério Público é um poder ou não já está despido de importância: o importante é exercer atribuições e possuir garantias de poder, coisa que o Ministério Público atual faz; - em 1.748 Montesquieu escreveu “O espírito das leis” (que comentava o Estado Francês e o Estado Inglês), não podendo hoje importarmos a realidade de Montesquieu na época para os dias atuais; hoje devemos fazer a divisão orgânica de Montesquieu com base na nossa realidade (é o que o Ministro Gilmar Mendes fala de compreensão constitucionalmente adequada da divisão orgânica de Montesquieu) – devemos entender a teoria de Montesquieu como algo histórico, e não como algo científico; - “Felipe O. Belo”, em 1.301 já institui algumas funções que depois foram dadas ao Ministério Público; - hoje, tecnicamente, não é correto se falar em “divisão tripartite de Montesquieu”, uma vez que o Poder é único e indivisível (§ único do artigo 1º) e recebe o nome de soberania popular. Esse DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 6 poder se revela através de órgãos, portanto, o termo correto a se usar é “divisão orgânica de Montesquieu”, uma vez que temos órgãos que exercem parcela da soberania do Estado: Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público. Hoje existe o que chamamos de atribuições precípuas. - a Constituição de Venezuela de 1.998 fala em 5 poderes; a Constituição do Equador de 2.008 fala em 5 poderes também; - o Professor José Afonso da Silva diz que o Ministério Público, pela Constituição de 1.988, estaria posicionado dentro do Poder Executivo; buscando a natureza jurídica dos atos praticados pelos membros do M.P. não são leis (não tem a abstração e generalidades da lei) nem decisões jurisdicionais (não tem a definitividade das decisões jurisdicionais), portanto eles praticam atos de natureza administrativa, daí, em decorrência disso, ele estaria dentro do Poder Executivo; - - Ministério Público da União; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 7 - Ministério Público dos Estados; - essa divisão existe em razão da nossa forma federativa de estado; - uma das características das pessoas jurídicas com capacidade política é a capacidade de auto-organização dos estados-membros; - o Município é uma pessoa jurídica com capacidade política, por isso temos uma federação tri-dimensional (União, Estados-membros e Municípios); - por opção do legislador, Município não ganhou judiciário próprio nem Ministério Público próprio; - em alguns estados dos Estados Unidos existe judiciário municipal; - o MPU se divide em 4 ramos (ou 4 categorias): - Ministério Público Federal; - Ministério Público do Trabalho; - Ministério Público Militar; - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 8 - o MPDFT faz parte do Ministério Público da União porque o Distrito Federal é uma pessoa jurídica com capacidade política híbrida (possui competência material dos Estados e dos Municípios). Sendo assim, o Distrito Federal possui menos autonomia do que os estados-membros (a exemplo disso, o DF não pode se dividir em Municípios); - a Lei Complementar 75/93 organiza o MPU; - o chefe do M.P.U. é o Procurador Geral da República, sendo escolhido dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos. Surge a dúvida de qual carreira é essa: - 1ª Posição: só pode ser Procurador Geral da República integrantes do Ministério Público Federal (posição majoritária) – a PEC 358/05 está no Congresso (já aprovada no Senado) visa trazer expresso na Constituição que somente integrantes do MPF podem ser PGR; : qualquer integrante do MPU pode ser PGR, uma - 2ª Posição vez que aonde a Constituição não diferencia, não cabe ao intérprete fazê-lo; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 9 - o Presidente escolhe o PGR e indica o nome para o Senado, que deve aprovar por maioria absoluta de votos. O PGR exerce mandato de dois anos, permitindo-se reconduções (quantas o presidente desejar, uma vez que a Constituição não limita o número de reconduções) – não existe lista na escolha do PGR; - todos os ramos do MPU menos o MPF possuem o seu procurador-geral próprio: procurador-geral do MPM; procurador- geral do MPT; procurador-geral do MPDFT. O procurador-geral do MPF é o próprio PGR (Procurador-Geral da República); - Procurador-Geral do MPT: - é escolhido pelo Procurador-Geral da República, que deverá escolher o nome de uma lista de 3 nomes. Tal lista é criada pelos votos dos membros da instituição. - o mandato é de dois anos, permitindo-se uma única recondução; - Procurador-Geral do MPM: - quem escolhe é o PGR de uma lista de 3 nomes fornecida pela própria instituição (MPM); - exerce-mandato de dois anos, permitida uma única recondução; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 10 - Procurador-Geral do MPDFT: - quem escolhe NÃO é o PGR, mas sim o Presidente da República, de uma lista com 3 nomes fornecida pelos membros do MPDFT; - o mandato é de dois anos, permitida uma única recondução; - até a Constituição de 1.988, o PGR poderia ser escolhido fora da carreira; até a Constituição de 1.988 o PGR era demitido ad nutum (a qualquer momento) pelo Presidente, hoje ele já não pode ser demitido pelo Presidente, só podendo ser afastado com a concordância da maioria absoluta do Senado; - o PGR denuncia as mais altas autoridades da República (ele tem assento no STF); se o PGR entende que não é caso de denúncia, mas sim caso de arquivamento do inquérito, o STF mandaria para o 28 do CPP para quem, uma vez que o PGR é a maior autoridade do Ministério Público? Ninguém, uma vez que o PGR é o próprio 28, assim ele pede a “homologação do arquivamento” – em regra o STF nem entra no mérito do arquivamento; - Características peculiares do MPF: DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 11 - membros do MPF são procuradores da república e oficiam em regra perante o juiz federal; - depois de um certo tempo, há promoção para “Procurador Regional da República” que oficia em regra perante um dos cinco Tribunais Regionais Federais; - a próxima promoção é para Sub-Procurador-Geral da República, que oficia perante o STJ; - dentre os Sub-Procuradores-Gerais o Presidente escolhe o PGR que atua perante o STF1; - Características peculiares dos MPE´s: - organizado pela lei 8.625/93. Além dessa lei nacional, cada Estado possui uma lei complementar estadual própria organizando seu Ministério Público; - o chefe do MPE é o Procurado Geral de Justiça (PGJ) que é escolhido pelo governador de uma lista tríplice fornecida pela categoria (também por votação) – o governador está vinculado á esta lista, não estando o governador obrigado a escolher o nome mais votado; - o PGJ exercerá mandato de dois anos permitindo-se uma única recondução; 1 Embora não se encontre na Constituição nada dizendo que o PGR deve ser escolhido entre os Sub- Procuradores-Gerais, esse é o entendimento da doutrina; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 12 - as constituições estaduais podem exigir que o PGJ deva ter o seu nome aprovado pela assembléia legislativa? Não, o STF já disse mais de uma vez que as constituições estaduais não podem exigir que o PGJ tenha seu nome aprovado pelo parlamento estadual; - quem pode concorrer para ser PGJ depende da constituição estadual e da lei complementar estadual (alguns estados permitem que promotores e procuradores de justiça concorram – Mato Grosso, Goiás – e outros estados permitem apenas que procuradores de justiça concorram à PGJ – São Paulo); - lei municipal não pode ofertar atribuição ao Ministério Público, somente podendo ser feito por lei federal e lei estadual; - promotor de justiça em regra oficia perante o juiz de direito; procurador de justiça em regra oficia perante o Tribunal de Justiça; - caso o PGJ venha a pedir o arquivamento de um inquérito, o Tribunal de Justiça não está obrigado a arquivar (art. 12, XI, lei 8.625/93), devendo o Colégio dos Procuradores de Justiça rever o ato do PGJ; - o art. 130 da CRFB/88 diz que “[...] aos membros do MP junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 13 investidura.” O STF já decidiu que o artigo 130 faz referência a um Ministério Público Especial que atua junto ao Tribunal de Contas, que não faz parte do Ministério Público Estadual nem do Ministério Público Federal, encontrando-se na economia doméstica do Tribunal de Contas. A lei 8.443/92 (dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União) regulamentando a atuação do M.P. perante o Tribunal de Contas, lei esta já julgada Constitucional pelo STF. - Cargos do MP junto ao TCU: - Procurador Geral do MP junto ao TCU; - 3 Sub-Procuradores-Gerais do MP junto ao TCU; - 4 Procuradores do MP junto ao TCU; - em sede estadual, o MP que oficia perante o Tribunal de Contas do Estado depende do Estado. Na maioria dos Estados, ainda é o Ministério Público do Estado (ex.: Estado de São Paulo); no entanto, em muitos Estados (ex.: Rondônia; Goiás; Maranhão; Mato Grosso; Rio de Janeiro) já foram realizados concursos para o MP Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado (costuma ser chamado de Ministério Público de Contas); DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 14 - o CNMP editou um ato normativo dando prazo para que os Ministérios Públicos Estaduais saiam dos Tribunais de Contas; - o CNMP fiscaliza o MP do artigo130 da CRFB/88? Não, o CNMP só fiscaliza o MPU e o MPF, não fiscalizando o MP Especial junto ao Tribunal de Contas; - não existe Ministério Público Eleitoral: o que existe é um Ministério Público com funções eleitorais; - Princípios Institucionais do Ministério Público (art. 127, §1º): - Expressos: - Unidade; - só existe um Ministério Público: no instante em que o membro do MP se manifesta, ele está falando em nome da instituição, por isso ele não representa a instituição, mas sim, presenta a instituição; - essa unidade existe dentro de cada ramo, dentro de cada categoria; - o PGR é o chefe administrativo, por isso ele fala em nome do MPU; o PGJ é o chefe administrativo, por isso ele fala em nome do MP Estadual; o membro do MP presenta o MP no DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 15 exercício das atribuições constitucionais (na peça; na audiência pública; etc.); - Indivisibilidade; - é uma conseqüência lógica da unidade; - significa possibilidade de substituição de uns pelos outros na mesma relação processual (dentro da mesma categoria ou do mesmo ramo); - a possibilidade de substituição de um membro do MP por outro dentro da mesma categoria do MP é mais uma demonstração da existência da indivisibilidade; - Independência Funcional; - ausência de subordinação hierárquica no exercício das atribuições constitucionais – no exercício de suas atribuições constitucionais, você só se subordina à constituição e à sua consciência (desde que limitada à constituição); - esse limite que é a Constituição não significa que não se poder ter as chamadas pré-compreensões – pré- compreensões significa que cada um de nós decorrermos do nosso “determinismo histórico”, que forja o que se denomina como “ideologia”. Também somos frutos do nosso inconsciente (força interior que não podemos controlar). O DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 16 determinismo histórico e o nosso inconsciente formam a pré- compreensão. Interpretar era somente retirar sentido, mas atualmente, interpretar é “dar sentido”, e esse sentido é dado levando em conta nosso determinismo histórico e nosso inconsciente, por isso cria-se as pré-compreensões. Montesquieu não era adepto à essa corrente, pois considerava o juiz um ser inanimado, que representava a “boca da lei”. - portanto, a constituição é o limite das pré-compreensões; - o PGR é o chefe administrativo do Ministério Público, mas não é o chefe no exercício das atribuições constitucionais; - o artigo 28 do CPP é uma das demonstrações da independência funcional; - alguns MP estaduais fazem recomendações à seus membros (vindas do Conselho Superior, da Corregedoria): porém, essas recomendações são diretrizes, norte de atuação, não tendo caráter obrigatório; - não se deve confundir independência funcional (art. 127, §1º) com autonomia funcional (art. 127, §2º): a independência funcional é do membro, do presentante, já a autonomia funcional é da instituição frente aos demais órgãos que exerce soberania; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 17 - Implícito: - Princípio do Promotor Natural; - é uma garantia fundamental do cidadão de que ele só se verá processado por membros do MP previamente estabelecidos, ou seja, escolhidos antes do fato; - tal princípio busca evitar “promotores de encomenda”, promotores escolhidos post factum. - esse princípio busca garantir a independência funcional também; - não ofende o princípio do promotor natural a existência de grupos especiais de investigação (ex.: GAECO - Grupo de Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas); - o princípio do promotor natural deve ser respeitado para o oferecimento da denúncia, não devendo ser respeitado na fase inquisitorial; - o promotor natural pode solicitar ao procurador-geral auxílio de outros membros; - fundamentos para o promotor natural: - alguns entendem que decorre do devido processo legal, que garante um processo justo (art. 5º, LIV); - alguns entendem que o fundamento está no artigo 5º, LIII da CRFB/88; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 18 - há também quem entenda que o princípio do promotor natural encontre fundamento no princípio da inamovibilidade; - Legais (estão na LC 75/93): - tais princípios se referem ao MP com função eleitoral; - Princípio da Federalização; - a atribuição eleitoral é o MPF, ou seja, cabe ao Ministério Público Federal exercer as atribuições eleitorais, uma vez que a justiça eleitoral é uma justiça federal especializada; - Princípio da Delegação; - em razão do princípio da delegação, o exercício dessas atribuições que são federais é delegado ao Ministério Público Estadual, por isso o membro do Ministério Público Estadual possui estas atribuições eleitorais; - quem oficia perante a justiça eleitoral em primeiro grau (juiz eleitoral) de jurisdição é o promotor eleitoral; - quem oficia perante o Tribunal Regional Eleitoral é um membro do MPF (Procurador Regional Eleitoral); DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 19 - quem oficia perante o TSE é o Procurador Geral Eleitoral – é o Procurador Geral da República que também exerce o cargo de Procurador Geral Eleitoral – ele faz uma designação de um Vice Procurador Geral Eleitoral para oficiar no TSE; - atribuições genéricas do Ministério Público: - o art. 127 da CRFB/88 nos dá notícia das atribuições genéricas do Ministério Público: tais atribuições serão esclarecidas pelo artigo 129 da carta constitucional; - o rol do artigo 129 traz um rol meramente exemplificativo, não sendo um rol taxativo, uma vez que o inciso IX de tal artigo diz que cabe ao MP exercer outras funções que lhe forem conferidas; - requisitos para que outras atribuições sejam ofertadas ao Ministério Público: - Requisito Formal: - só a lei pode ofertar atribuições ao Ministério Público (lei que não seja Municipal); - Requisito Material: - as atribuições devem ser compatíveis com sua finalidade; - Requisito Negativo: DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 20 - há proibição de representação judicial por parte do Ministério Público; - atribuições genéricas e específicas do Ministério Público (ver art. 127 da CRFB/88): - Art. 127 – O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. - segundo Alexandre de Moraes, seria inconstitucional a emenda constitucional que por ventura tentasse abolir o Ministério Público (uma vez que a instituição é permanente, e se apresenta como instrumento, garantia da concretização dos direitos fundamentais) ou tentasse transferir ele para um dos poderes uma vez que causaria uma hipertrofia do poder; as forças armadas tambémsão permanentes (art. 142 da CRFB/88); - o Ministério Público é essencial à prestação jurisdicional do Estado (princípio da essencialidade) – não existe prestação jurisdicional de ofício. - Nigro Manzili diz que a Constituição disse menos do que deveria, por deveria dizer que o Ministério Público é essencial à DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 21 existência do Estado. Não existe no mundo um Ministério Público estruturado como o nosso, que tem muitos poderes de determinadas áreas e nenhum em outras; - ordem jurídica é a organização, a disciplina da sociedade através de um direito, ou seja, o conjunto de normas de um Estado em um determinado momento histórico. A lei está para o ordenamento jurídico assim como a árvore está para a floresta. O ordenamento jurídico é o conjunto de leis (em sentido amplo); - o MP defende a ordem jurídica como órgão agente: ações penais e ações civis, atuando como parte instrumental na defesa do ordenamento jurídico, portanto, sendo o fiscal da lei e da Constituição (mesmo como órgão agente); - o MP defende a ordem jurídica como órgão interveniente: mesmo sendo órgão interveniente, ele possui poderes de parte; a participação do MP se justifica pela a natureza da parte (presença de menor incapaz) ou pela natureza da relação jurídica processual (questões de Estado; casamento; divórcio; ação penal privada – fiscalizando o princípio da indivisibilidade; habeas corpus – participa uma vez que o princípio da liberdade é indisponível); DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 22 - o MP deve agir na defesa do regime democrático: não se deve restringir tal interpretação a ponto de pensar que o MP age na fiscalização do processo eleitoral; não existe Ministério Público Eleitoral, existe o MP com atribuições eleitorais (que faz sim a defesa do regime democrático – “defesa da verdade das urnas” – ou seja, um processo eleitoral sem vícios e fraudes). Porém, o conceito de democracia é muito mais amplo do que simplesmente o direito de votar e ser votado: é o respeito à liberdade; respeito à igualdade; respeito à dignidade da pessoa humana. - a Constituição exige não só o respeito, mas acima de tudo, a concretização desses valores. A liberdade nesse caso se refere à auto-determinação (escolha de destinos). Portanto, nesse caso a liberdade deve ser vista amplamente: liberdade de crença; liberdade de associação; liberdade de reunião; liberdade de consciência2. A igualdade protegida pelo MP é: exigência de que os concursos reservem vagas para os portadores de deficiências; ações afirmativas ou discriminações positivas (busca a criação de personalidades emblemáticas – exemplos de superação); a igualdade aqui não pode ser vista de forma puramente formal. - dignidade da pessoa humana é um sobre princípio, pré- constitucional ou pré-estatal, uma vez que não é a Constituição 2 Nesse ponto que surge a discussão acerca da presença de imagens religiosas em locais públicos. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 23 que nos dá a dignidade, mas ela apenas a legitima, uma vez que mesmo sem a carta Constitucional nós já temos a dignidade. Nas palavras de Kant: “A dignidade nos separa da coisa, uma vez que o indivíduo é um fim em si mesmo”. A coisa é um meio para se atingir um fim, a coisa não tem dignidade, e sim, preço. A dignidade que o MP protege é a dignidade em sentido moral e a dignidade em sentido material: em sentido moral significa direito de ter direitos (o cidadão não pode ser violado, desrespeitado, menoscabado), e em sentido material significa um piso mínimo de dignidade (mínimo existencial), assim, o MP busca a concretização desse piso mínimo de dignidade (direitos sociais); - defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis: segundo o professor Kazuo Watanabe interesse é sinônimo de direito, é uma posição jurídica necessária à satisfação de uma necessidade. Os interesses sociais devem ser igualados ao “bem-comum”, ou seja, interesse geral, interesse de toda a coletividade, interesses meta- individuais, proteção da coisa pública, proteção dos bens mais elevados de uma sociedade. Interesses individuais indisponíveis se dão em razão de dois motivos: em razão da natureza (qualidade) da parte e em razão da natureza da relação processual; - funções institucionais do Ministério Público (art. 129 da CRFB/88): I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 24 - adoção do sistema processual penal acusatório, havendo separação entre quem acusa e quem julga; o chamado “juizado de instrução” seria inconstitucional no Brasil. O MP é o titular da ação penal pública, cabendo a ele provar os fatos que alegam, não cabendo ao acusado provar sua inocência. II – zelar pelos efetivos respeitos do Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; - no art. 37 temos os princípios que se aplicam à Administração Pública, devendo eles serem respeitados, estando o MP responsável pelo efetivo respeito à esses direitos, promovendo as medidas necessárias à sua garantia. Ex.: ações civis; recomendações; ação penais; ações por improbidade administrativa; III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; - patrimônio público deve ser entendido não só como o patrimônio material, mas também como patrimônio ético e moral da sociedade, é o dever de honestidade, honestidade cívica. As tradições, costumes, são patrimônios públicos que não de ordem material; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 25 IV – promover a ação de inconstitucionalidade por representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; - o MP como fiscal da constituição defende o pacto federativo, defende a Constituição, como no exemplo da Ação Direta por Inconstitucionalidade Interventiva na defesa dos princípios constitucionais sensíveis; - O PGJ promove a ADI estadual para fins de proteção da forma normativa da Constituição; a constituição não é um aviso, é uma norma jurídica diferenciada, que possui imperatividade reforçada, assim, quando o MP ajuíza uma ADI ele deseja que a Constituição seja respeitada; V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; - essa competência não é exclusiva do MP, uma vez que o artigo 232 diz que também são competentes os próprios índios, suas comunidades ou organizações (FUNAI, ONG´s), portanto, a competência para defender os índios judicialmente é concorrente; - o art. 109, XI atribui competência para a justiça federal julgar questões relativas à interesses indígenas, portanto a atribuição DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro TaquesAcesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 26 para tal é do MPF; cabe ao MP Estadual apenas a defesa extrajudicial dos direitos indígenas; VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; - esse inciso foi regulamentado pela resolução 13 do Conselho Nacional do Ministério Público. Existe para o MP um poder-dever de requisição, que nesse caso, não é pedido (pois pedido é requerimento), não é ordem (está ausente a subordinação hierárquica), portanto, trata-se de determinação. Não atendida essa requisição, pode-se configurar o crime do art. 10 da lei da ação civil pública, violando o princípio da legalidade, cabendo ação de improbidade administrativa; VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; - a resolução 20 do CNMP regulamentou o controle externo da atividade policial; - controle externo da atividade policial: com fundamento neste dispositivo o Ministério Público faz a fiscalização, o controle, da atividade finalística (atividade voltada para a segurança pública) DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 27 do aparelho policial. Os aparelhos policiais sujeitos à esse controle estão elencados no artigo 144 da CRFB/88; - exemplos de atividade controladas com fundamento nesse dispositivo: respeito ao prazo para instauração de inquérito; respeito estrito à ordem judicial de interceptação telefônica; cumprimento do alvará de soltura; diligências realizadas para o cumprimento do mandado de prisão; VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; - se a requisição for feita, o Ministério Público deve trazer os fundamentos da requisição, daí estando o delegado obrigado a instaurar o inquérito policial sob pena das sanções legais (improbidade administrativa; prevaricação); - se o inquérito foi requisitado pelo Ministério Público, ele passa a ser a autoridade coatora que estará sujeita ao HC, ficando a competência portanto do Tribunal; - atividades vedadas aos membros do Ministério Público (art. 128, §5º): - é vedado o exercício da advocacia aos membros do Ministério Público (II, “b”). A Advocacia Geral da União foi criada em 1.988, e até aí, quem fazia a defesa da União eram os Procuradores da República DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 28 (pertencentes ao MPF), portanto, os membros do MPF que entraram para o MP até outubro de 1.988 podem advogar até hoje (art. 29, §6º do ADCT); - até a EC/45 de 2.004 a Constituição permitia atividade político partidária por membros do Ministério Público. Porém, a EC/45 mudou o regime, assim atualmente há 3 situações: - membros do MP que entraram na instituição até 5 de outubro de 1.988 podem ser candidatar licenciando-se do Ministério Público (ex.: Fernando Capez; Carlos Sampaio); - membros do MP que ingressaram na instituição de 5 de outubro de 1.988 até a promulgação da EC/45 de 2.004, há duas posições doutrinárias: - 1ª Corrente pode-se candidatar licenciando-se; - 2ª Corrente não pode licenciar-se, uma vez que desejando candidatar, deve-se exonerar do cargo; - TSE adere à segunda corrente, devendo o membro do MP exonerar-se; - STF o tema não é pacífica, mas há uma decisão de 2.009, que por maioria de votos entende pela exoneração; - membro do MP que ingressou no Ministério Público depois da EC/45, deve se exonerar; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 29 - prazo de filiação para o membro do MP é diverso (o mesmo ocorre com o magistrado), uma vez que o prazo é de 6 meses conforme previsto em lei complementar, sendo o prazo comum de 1 ano; - Investigação pelo Ministério Público: - Argumento Contra: - o artigo 144, §1º, IV da CRFB/88 traz a exclusividade da investigação para a polícia; - Argumento Favorável: - o Ministério Público pode investigar, através da Teoria dos Poderes Implícitos: se a Constituição dá a atividade fim (ajuizamento da ação penal), ela dá, implicitamente, os meios e instrumentos para que ele possa ajuizar a ação penal (atividade fim); na doutrina prevalece essa posição; - TRIBUNAIS: - para o STJ, o Ministério Público pode investigar; - para o STF, o pleno ainda não decidiu, embora as turmas tenham proferidos decisões favoráveis e contras; há recente decisão DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 30 (lembrando que apostila foi escrita em 2009) no sentido de permitir a investigação; - Organização dos Poderes: - todas as nossas Consituições (com exceção da Constituição de 1.824) adotaram a divisão orgânica de Montesquieu. A teoria de 1.824 adotou a Teoria do Poder Moderador ou Teoria do 4º Poder (de Benjamim); - em 1.748 Montesquieu escreveu o livro “O Espírito das Leis”, comentando o Estado Francês e o Estado Inglês. Aristóteles, em 340 anos antes de Cristo, já havia identificado as três atribuições do poder: cria a norma geral + aplica a norma geral ao caso concreto + resolve o conflito de interesses porventura surgido da aplicação da norma geral. - Jonh Locke em 1.690, em um livro chamado “O Segundo Tratado do Governo Civil” também identificou atribuições daquele que exercia o poder. O avanço de Montesquieu em relação à esses outros pensadores no livro “O Espírito das Leis” foi de que cada uma das atribuições já identificadas por Aristótales e John Locke deveriam ser desenvolvidas por órgãos independentes, dizendo que “tudo estaria perdido se no mesmo homem ou no mesmo corpo de homens exercerem-se as três atribuições”; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 31 - atualmente, devemos ter uma compreensão constitucionalmente adequada da divisão orgânica de Montesquieu. Devemos ver o poder como órgão que exerce parcela da soberania do Estado: - no Brasil o legislativo exerce precipuamente duas funções (inova no ordenamento jurídico criando leis3 + fiscaliza). A fiscalização pode se dar de duas formas: - fiscalização econômico-financeira (art. 70 à art. 75) o legislativo é, no exercício dessa fiscalização, auxiliado no Tribunal de Contas; - fiscalização político-administrativa (art. 58) é feita através das comissões; - - administração dos órgãos internos (art. 51, IV e art. 52, XIII) administra seus assuntos internos; - julga (art. 52, parágrafo único) ex.: cabe ao senado julgar o presidente da república pela prática de crime de responsabilidade; 3 Originariamente, os parlamentos somente tinham a função de fiscalização, somente depois da Revolução Francesa (1.789) o parlamento europeu passou a exercer a função de inovar no ordenamento jurídico. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse:http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 32 - aplica a lei ao caso concreto (art. 37) administra a coisa pública; - inova a ordem jurídica (art. 62) exemplo claro é a medida provisória. Lei delegada não é exercício de função atípica do executivo, sendo ela exceção ao princípio da indelegabilidade; - julga ex.: processo administrativo tributário; concurso público; licitação. Vale lembrar que esse julgamento não tem caráter definitivo; - Montesquieu dizia que o judiciário é a boca que fala o que está na lei, sendo um ser inanimado, tenho uma atribuição aplicação da lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito com força definitiva; - atualmente o judiciário tem outras funções típicas, inclusive segundo o Luiz Flávio Gomes4: 4 No mesmo sentido, Zilmar Faquim. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 33 - defende a força normativa da Constituição através do controle de constitucionalidade; - garante direitos fundamentais; - resolve os conflitos entre os demais poderes; - é dotado da chamada legislação judicial 5; - administra seus assuntos internos é o chamado “auto- governo dos tribunais”; - inova a ordem jurídica exemplo claro é o regimento interno do Tribunal; - cada órgão exerce funções típicas e outras atípicas para a manutenção da independência e harmonia entre os poderes, uma vez que a ingerência de um poder na atribuição do outro configura violação à cláusula pétrea (art. 60,§4º); - Poder Legislativo: 5 Segundo Gilmar Mendes “[...] é a criatividade dos juízes e dos tribunais, sobretudo das cortes constitucionais.” Exemplos: súmulas vinculantes; sentenças aditivas; normatização em mandado de injunção. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 34 - o poder legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional, sendo ele bicameral, uma vez que possui duas casas no Congresso Nacional: bicameralismo do tipo federativo6. Além disso, adotamos um bicameralismo de equilíbrio ou de equivalência: Câmara dos Deputados e Senado Federal possuem o mesmo grau de importância7. No bicameralimos aristocrático, há uma casa de maior importância que a outra (adotada em alguns países da Europa); - Formas de Manifestação do Legislativo da União8: - somente a Câmara dos Deputados (art. 51): - se dá através de resolução; - somente o Senado Federal (art. 52): - se dá através de resolução também; - Congresso Nacional (art. 49): 6 Há uma Câmara onde estão os representantes do povo (art. 45 – Câmara dos Deputados) e uma Câmara onde estão os representantes dos Estados-membros (art. 46 – Senado). Não existe federação quando os estados- membros não participam na criação da lei: no Brasil, os senadores participam da criação da lei como representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal, portanto essa característica que marca o bicameralismo federativo. 7 O desenho de Oscar Niemayer do Congresso se dá porque o senado é mais fechado, mais conservador (meio círculo voltado para baixo) e a câmara voltada para cima a abertura do círculo (a câmara é mais aberta, menos conservadora, mais moderna). Exemplo claro é a idade necessária para ser membro do senado ou da câmara, uma vez que a idade exigida para ser membro na câmara é de 21 anos, já no senado, a idade mínima é de 35 anos. 8 Os artigos indicados são de leitura obrigatória. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 35 - feito através de decreto legislativo, sem a participação do Presidente; Obs.: não existe diferença entre o termo “privativo” usado nos artigos 51 e 52 com o termo “exclusivo” utilizado no artigo 49, mas apenas nesse caso. - Câmara dos Deputados + Senado Federal/ Senado Federal + Câmara dos Deputados (art. 48): - com a participação do Presidente sancionando ou vetando projeto de lei ordinária ou projeto de lei complementar; - Legislativo da União investido do Poder Constituinte Derivado Reformador (art. 60): - é feito através de Emenda Constitucional; - Presidente não sanciona e não veta Emenda Constitucional; - Definição de alguns institutos: - Legislatura é o lapso temporal de 4 anos (art. 44, parágrafo único); DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 36 - Seção legislativa uma legislatura é correspondente a 4 seções legislativas, estando prevista no art. 57 da CRFB/88. Uma seção legislativa começa dia 02 de fevereiro à 17 de julho, depois de 1º de agosto a 22 de dezembro; - Deputados Federais são representantes do povo (art. 45) e o número de Deputados Federais por estado-membro varia de acordo com a população (número de habitantes); cada estado-membro terá no mínimo 8 Deputados Federais e no máximo 70 Deputados Federais; no caso de territórios, serão 4 Deputados Federais; - atualmente temos 513 Deputados Federais; - o número de Deputados Estaduais é o triplo dos Deputados Federais (ex.: se o Estado tem 10 Deputados Federais, terá 30 Deputados Estaduais); essa regra vale para os Estados-membros que têm no máximo 12 Deputados Federais. Quando se chega ao número de 36 Deputados Estaduais, ou seja, 12 Deputados Federais, soma-se o excedente (ex.: se o Estado tiver 15 Deputados Federais, soma-se 36 + 3, que é o excedente dos 15, chegando-se ao resultado de 39 Deputados Estaduais); FÓRMULA DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 37 - o mandato dos Deputados Federais é de 4 anos; - Povo corresponde aos brasileiros natos e brasileiros naturalizados (art. 12); - População no conceito de população está contido os brasileiros natos, naturalizados, apátridas, estrangeiros; - Senadores são representantes dos Estados-Membros e do DF. As unidades parciais devem participar da vontade geral (ou seja, na formulação). Todas as suas unidades são iguais, em busca de manutenção do pacto federativo. Cada Estado têm 3 senadores, é opção política a partir da emenda constitucional 11/77, onde antes era apenas 2. A CF/88 manteve os três senadores por estado-membro e no DF. Eles são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário (diferentemente dos Deputados Federais, Deputados Estaduais e vereadores – que são eleitos pelo sistema proporcional). O senado se renova a cada eleição de maneira alternada (1/3 em uma eleição e 2/3 em outra). Como o Senado se compõe de 81 senadores, 1/3 = 27 e 2/3 = 54. Na eleição de 2.010 serão eleitos dois senadores por Estado, totalizando 54 senadores. O mandato do senador é de 8 anos, sendo 2 legislaturas. - os senadores têm suplentes, devendo na candidatura registrar dois suplentes; tal instituto (da suplência) não é interessante no DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato:chenqs.hondey@uol.com.br 38 Brasil, uma vez que o suplente é normalmente quem paga a campanha ou até mesmo algum parente do senador; existe uma proposta de emenda na Constituição para abolir essa norma da Constituição; - MESA é órgão de direção de um colegiado, é encarregada da condução dos trabalhos legislativos e administrativos daquela casa; no legislativo da União existem três mesas: mesa da Câmara dos Deputados; mesa do Senado Federal; mesa do Congresso Nacional; - a mesa da Câmara é formada só por Deputados Federais; - a mesa do Senado é formada por Senadores; - a mesa do Congresso é formada por Senadores e Deputados Federais; - Cargos: Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º Secretário, 2º Secretário, 3º Secretário e 4º Secretário quem exerce cargo na mesa exerce mandato de dois anos e a Constituição Federal proíbe a reeleição para o mesmo cargo na mesa. Esta proibição não é uma norma de reprodução obrigatória, assim, as leis orgânicas municipais e as Constituições Estaduais podem estabelecer de forma diversa9. O Presidente do Senado, automaticamente, será o 9 Já houve em nossa história reeleição para mesas do Senado e da Câmara, sob o argumento de que a vedação se dá apenas na mesma legislatura; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 39 Presidente do Congresso Nacional (os demais cargos da mesa do Congresso Nacional será de forma alternada10); Obs.: a CRFB/88 deu às mesas algumas atribuições que são de relevo: - promulgação de emenda (mesa da Câmara e do Senado – art. 60, §3º); - ajuizar ADI (mesa da Câmara e do Senado – art. 10311); - linha sucessória do Presidente da República (o presidente da câmara e o presidente do senado estão na linha sucessória do presidente da república – art. 80); - fazem a pauta de votação (os presidentes decidem qual projeto vai entrar em votação - Atribuições do legislativo da União: - Fiscalização: - a fiscalização se desempenha através de duas espécies: fiscalização econômico-financeira (art.´s 70 até 75) e fiscalização político-administrativa12 (art. 58 da CRFB/88). 10 É formada para um senador, depois um deputado federal, depois um senador, depois um deputado federal – assim, o 1º vice-presidente da câmara exerce o mesmo cargo no Congresso. Assim, o presidente do senado não exerce cargo na mesa do Congresso Nacional. 11 Mesa da Câmara e do Senado Federal podem ajuizar ADI, mas a mesa do Congresso não pode. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 40 - Comissões do artigo 58 da lei fundamental há, segundo tal artigo, três comissões: - comissão temática ou material; - comissão representativa ou de representação; - comissão parlamentar de inquérito; - a todas as comissões aplica-se o princípio da participação proporcional dos partidos políticos (assim, se um partido tem 10% dos Deputados Federais, ele tem 10% de representação nas comissões); - Comissão temática ou material: - a casa legislativa é dividida em comissões temáticas (ou materiais), significando que cada comissão debate um tema, debate uma matéria. É o regimento interno daquela casa legislativa que diz quais são as comissões temáticas e quais são as comissões materiais (ex.: Comissão de Agricultura, Comissão de Saúde, Comissão de Educação – normalmente, existem muitas comissões temáticas que se dão por já existir um Ministério em relação ao tema). 12 Desempenhada pelas Comissões. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 41 - a Comissão Temática/Material mais importante é a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), uma vez que todo projeto de lei obrigatoriamente deve passar por ela, sendo ela a responsável pelo controle preventivo de constitucionalidade. O parecer da CCJ não é meramente opinativo, mas sim terminativo. Todo projeto deve passar por no mínimo duas comissões (primeiro pela CCJ e depois por sua área de atuação – saúde, educação, etc.). - as comissões temáticas realizam audiência pública, convidam professores e universitários, estudiosos e cientistas para debater o projeto e contribuírem em seu aprimoramento. No Brasil, comissão temática/material é dotada da delegação interna ou delegação imprópria (é o que o Ministro Gilmar Mendes denomina de processo legislativo abreviado), que significa que a comissão temática/material tem poder ofertado pela Constituição (art. 58, §2º, “I”) para aprovar projetos de lei independentemente da manifestação do plenário. A delegação própria (ou externa) é a lei delegada, sendo externa pelo fato de se dar do legislativo ao executivo. - Comissão representativa ou de representação: - durante os períodos de recesso do Congresso ele será representado por uma comissão (art. 58, §4º da CRFB/88). Tal DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 42 comissão é mista ou conjunta, formada por deputados federais e por senadores. - Comissão Parlamentar de Inquérito: - até a Revolução Francesa (1.789), os parlamentos europeus tinham a atribuição única de fiscalizar. Com a Revolução Francesa, surge o denominado Estado Liberal, sendo este um Estado garantidor. No estado liberal, as constituições são apenas político- jurídicas. Com a Revolução Francesa, surge o dogma da lei: em 1.804 surge o Código Civil Napoleônico – que trazia o dogma da lei, onde a lei deve ser obedecida, uma vez que o direito é a lei (positivismo), devendo ser cumprido o que foi pactuado. Essa foi a época de maior força do poder legislativo, uma vez que se dava muito valor à lei. Daí surgiram os direitos fundamentais de primeira geração (a lei limitava a atuação do Estado para proteger as liberdades individuais). - No século XX surge o Estado-Social, que passa de um Estado Liberal para um Estado Prestador, uma vez que este tinha de prestar educação, saúde, trabalho (direitos sociais – direitos fundamentais de segunda geração). As Constituições deixam de ser unicamente político-jurídicas passam a ser sociais-econômicas. Essa foi a fase em que o Executivo passou a ter maior força. O DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 43 Executivo passou a ter prerrogativa de inovar na ordem jurídica (decreto-lei, medida provisória); - o Legislativo, se sentindo acanhado, passou a ter outra função (para conquistar espaço): fiscalizar por meio das CPI. - no século XXI, alguns dizem ser o século do Judiciário, porque o Estado além de garantidor e prestador, ele deve ser um Estado- Transformador, que em regra, é feita pelo judiciário (ações afirmativas, judicialização de políticas públicas, ativismo judical); - CPI a CRFB/88 deu força, valorizou a Comissão Parlamentar de Inquérito, de tal forma, que chegoua dizer que a CPI terá “[...] poderes de investigação próprios da autoridade judicial” – art. 58, §3º. No Brasil, o juiz não investiga, em razão de ter-se adotado o sistema processual penal acusatório (art. 129, I) – o STF confirmou tal orientação ao dizer que o dispositivo da lei 9.034/95 que permitia que o juiz investigar era totalmente inconstitucional. O Juiz tem apenas poderes instrutórios – por via de exceção, a LC 35/79 (LOMAN) há previsão de um juiz investigar o outro. A CPI portanto, possui poderes instrutórios do juiz, mas não poderes investigatórios. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 44 - Tendo em conta os poderes instrutórios, o que pode e o que não pode a CPI? Existem duas leis regulamentando o tema: a lei 1.579/52 e a lei 10.001/00, além do CPP e CPC que são aplicados de forma subsidiária (sem prejuízo ainda da aplicação dos regimentos internos); - notificar testemunhas, determinar sua condução coercitiva; - há decisão no STF no sentido de que índio não pode ser conduzido coercitivamente à CPI, pois implicaria em remoção forçada do índio da sua terra, o que é vedado pela Constituição (art. 231); - na CPI, ou você é testemunha, ou investigado/indiciado ou convidado; a testemunha e o investigado pode ser conduzido coercitivamente, ao contrário do convidado; - pode prender em flagrante (mas não pode prender em flagrante o investigado pelo crime de falso testemunho, uma vez que ele não é testemunha). O investigado tem o direito constitucional DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 45 ao silêncio; - membro do MP pode ser convocado para CPI, mas não está obrigado a responder sobre fatos que tenha manifestado no exercício de suas atribuições constitucionais. O mesmo se aplica aos juízes; - por não ser dotada de autoridade própria (precisa da integração do poder judiciário), a CPI não pode: afastar o sigilo das comunicações telefônicas (art. 5º, XII); expedir mandado de prisão; expedir mandado de busca e apreensão13. Essas três exigências, o STF denomina de “reserva constitucional de jurisdição”. - realizar perícias, exames, vistorias; - determinar constrição judicial (arresto, seqüestro, hipoteca legal – ou seja, medidas assecuratórias); - afastar o sigilo bancário e - impedir que o cidadão deixe 13 A casa é asilo inviolável do indivíduo (art. 5º, XI). Casa é todo espaço corporal autônomo e delimitado. Essa noção de casa vem da Carta do Rei João Sem Terra (1.215). Existem duas espécies de casa: casa em sentido restrito e casa por extensão. O art. 150, §4º do CP define casa em sentido restrito como domicílio restrito (local de habitação – permanente ou temporária) e casa por extensão (que é o local onde exerce seu trabalho, ofício ou profissão). DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 46 fiscal (segundo o STF, a CPI é dotada de autoridade própria para afastar o sigilo fiscal e bancário sem se recorrer ao judiciário14); o território nacional; determinar a apreensão de passaporte (não pode pelos mesmos motivos das hipóteses acima – não tem autoridade própria); - oficiar a companhia telefônica requisitando os extratos telefônicos; - requisitos necessários para a constituição da CPI: - 1/3 no mínimo dos deputados federais e/ou15 senadores; CPI Mista é chamada de CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito); - 1/3 dos deputados federais (513 no total) = 171 deputados federais; - 1/3 dos senadores (81 no total) = 27 senadores; 14 CPI criada no parlamento municipal não te essa prerrogativa, uma vez que não há poder judiciário municipal, devendo assim nesse caso, a CPI recorrer ao judiciário. 15 Existem dois tipos de CPI: CPI simples (formada só por deputados ou só por senadores) e CPI mista ou conjunta (formada por deputados federais e senadores). DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 47 - fato determinado a CPI na sua constituição deve especificar (objetivar) o objeto da investigação. Não é qualquer fato determinado que enseja a criação de CPI, mas sim somente fatos que tenham relevância pública. Esse fato determinado deve estar dentre as atribuições da casa legislativa que realiza a CPI. - prazo certo na existe CPI permanente, portanto, toda CPI deve ter um prazo certo, sob pena de se ferir o princípio da segurança jurídica (art. 4º, caput). A Constituição não diz qual é o prazo, dependendo do regimento interno da casa legislativa, podendo variar de 120 a 180 dias, admitindo prorrogação desde que dentro da mesma legislatura. - as Constituições Estaduais podem estabelecer a exigência de outros requisitos? O STF decidiu que CPI é um direito das minorias parlamentares, portanto, se os partidos políticos não indicarem os membros para fazer parte da comissão, o presidente da mesa da casa deve nomear os membros do partido político para compor a comissão. Portanto, a maioria não pode inviabilizar a criação da CPI. O STF entendeu ser inconstitucional a Constituição do Estado de São Paulo por trazer outros requisitos que dificultem a instauração da CPI (exigia a aprovação do plenário para a constituição da CPI), uma DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 48 vez que dificultaria o exercício dos direitos das minorias. Facilitar a criação da CPI (apesar de não haver decisão do STF), em tese, seria possível. - término dos trabalhos da CPI: - a CPI elabora um relatório ao final dos trabalhos que deve ser votado pela CPI (todas as diligências e determinações da CPI devem ser votadas pela CPI, pelo princípio da colegialidade). Este relatório, em sendo o caso, é remetido ao Ministério Público, assim, a CPI não está obrigada a enviar o relatório ao Ministério Público (dependendo de oportunidade e conveniência política). - recebido tal relatório por parte do M.P., deve este promover as ações penais ou cíveis cabíveis, de acordo com o que foi constatado na CPI. A ação civil em regra é de improbidade administrativa (lei 8.429/92). Vale lembrar que os documentos enviados (relatório) não vinculam o membro do Ministério Público, embora, segundo a lei 10.001/00 o MP tenha de dar prioridade aos trabalhos realizados pela CPI. - ao término dos trabalhos, a CPI pode também apresentar projetos de lei (art. 61 da CRFB/88); DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 49 - se constituída uma CPI no âmbito da União, caso lese o direito de alguém, deve este entrar com mandado de segurança ou habeas corpus diretamente no STF; em caso de CPI Estadual, os remédios são os mesmos, mas a competência é do Tribunal de Justiça. Em caso de CPI Municipal, a competência de julgar o mandado de segurançae o habeas corpus é do juiz de direito. - CPI União = STF - CPI Estado = TJ - CPI Município = JUIZ DE DIREITO - pode haver participação de membros do MP no trabalho das CPI, com determinação do PGR (CPI da União) ou o PGJ (CPI´s Estaduais e Municipais); - Teoria das Maiorias: - a maioria vence, mas respeitando o direito da minoria. O art. 1º da CRFB/88 respeita o direito de ser diferente, ou seja, prega a tolerância, devendo respeitar aquele que é diferente. Essa teoria das maiorias surge em razão da democracia (adepto Michel Temer); - maioria simples -> art. 47 -> lei ordinária; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 50 - é variável, não sendo portanto, fixa. É qualquer maioria desde que se faça presente ao menos a maioria absoluta de votos (ex.: 70 pessoas presentes = 36 votos a maioria simples); - ela é a regra. O artigo 47, “primeira parte” da CRFB/88 diz que é a regra. O STF não atende a essa indicação doutrinária em que quando não dizer qual a maioria, será aplicada a regra, ou seja, maioria simples. O STF entendeu que no artigo 53, §2º na parte final da CRFB/88, trata-se de maioria absoluto, e não da regra do artigo 47. - maioria absoluta -> art. 69 -> lei complementar; - é fixa, invariável. É o primeiro número inteiro acima da metade dos membros da casa legislativa (ex.: imaginemos uma casa hipotética com 100 membros = 51 membros a maioria absoluta); - nenhuma deliberação pode ser tomada pelo Congresso sem que ao menos a maioria pelo menos esteja presente; a CRFB/88, em seu artigo 47, “última parte”, exige a maioria absoluta para que haja deliberação; - maioria qualificada -> art. 60 -> emenda complementar; - é especial, sendo uma exceção. É representada por uma fração (ex.: 1/3, 2/3, 3/5). Em regra esta maioria está acima da maioria absoluta de votos. Essa maioria é de difícil alcance; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 51 - essa maioria qualificada para alteração da Constituição revela seu caráter rígido, devida a dificuldade para que se possa alterar o texto Constitucional; - maioria simples e maioria relativa -> não existe diferença entre maioria simples e maioria relativa, a Constituição apenas usa um termo distinto (1ª corrente). Na maioria simples, segundo a 2ª corrente, há dois grupos de parlamentares: os que votaram contra e os que votaram a favor; já na maioria relativa há votos contrários, votos favoráveis e abstenções de votos; Todas as CF adotaram a divisão orgânica dos Poderes, menos a de 1824. O que significa Poder? Poder significa capacidade, a possibilidade, a aptidão de impor vontades sobre vontade de terceiros. O Estado exerce o poder político. Weber conceitua: “Poder político é a imposição da violência legítima”. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 52 Exemplos de utilização da violência legítima: - Você está às 6:00 em sua casa, alguém arromba sua casa, porta um papel dizendo “O Estado-juiz determina a busca e apreensão”. É uma violência legítima. - Interceptação telefônica. Na CF/88, o termo poder possui diferentes acepções: Art. 1º, § único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Aqui, “poder” tem o sentido de soberania popular. Toda soberania popular decorre/emana do povo, por isso vivemos em uma democracia. No art. 1º, I, também se fala de soberania, mas com outro sentido. O que é “democracia” para você? Democracia não é sinônimo de eleição, esta é uma parcela da democracia, que é muito mais do que eleições. Ex.: Alemanha nazista, 1933, Ritler foi eleito, não existia democracia. Democracia significa respeito à liberdade, à igualdade e à dignidade da pessoa humana. Hoje, vivemos uma democracia participativa, dialógica. Dialógica no sentido de diálogo, existe uma conversa entre o administrador e o DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 53 administrado, como audiências pública, conselhos sociais, ação popular. 2º sentido do “poder” na CF: São órgãos da União: Art. 2º São Poderes (órgãos) da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 3º sentido do “poder” na CF: Função PL função legislativa – 44 PE função executiva – 76 PJ função jurisdicional – 92 A soberania popular se exerce por meio de órgãos que exercem funções. Tecnicamente, não é correto falar em divisão tripartite de Montesquieu, porque o poder é uno (art. 1º, p. ún.). O PL hoje, não tem unicamente a função de inovar na ordem jurídica. Funções do PL: DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 54 Inovação da ordem jurídica, criando o que conhecemos tecniamente como lei. Fiscalização – espécies: - Político administrativo (Comissões – 58) - Econômico-financeiro (arts. 70 a 75) Manifestar-se a respeito do orçamento da União (Art. 165) O PL, até a Revolução Francesa (1789), ou melhor, os Parlamentos europeus não criavam leis, apenas fiscalizavam aquele exercia o que chamamos de Poder Executivo. Depois da Revolução Francesa, notadamente no século XIX, surgiu o Estado Liberal, que é um Estado garantidor. Neste Estado liberal, ocorre uma hipertrofia do Poder Legislativo. No século XX, passamos a discutir o estado do bem estar social, Constituição de Weimar (1919). Nesta fase, o Estado, além de garantidor (como no século XIX), é um Estado prestador. Neste Estado prestador, há uma hipertrofia, uma super-força do executivo. Surge o Decreto-lei, a Medida Provisória e o PE vai se assenhoreando de funções do PL. Isso foi chamado de Presidencialismo imperial e o PL vai se enfraquecendo. Hoje, o PL não passa de um carimbador de decisões do PE. Em 110 dias de mandato, o Senado votou apenas 3 MPs. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 55 No Século XXI, o Estado Democrático de Direito, o estado deve ser transformador, com uma hipertrofia do Poder Judiciário. A transformação se dá através das super-cortes constitucionais, como o STF. É o chamado ativismo judicial, a judicialização de políticas públicas, sentenças aditivas. Por que ocorre o enfraquecimento do PL? Vocês viram com Novelino que o processo legislativo é lento, é do início do Séc. XIX, é arcaico, ninguém mais agüenta esperar 12 anos para discutir o Código Florestal na Câmara do Deputados. Na “sociedade de risco”, tudo é muito rápido. 1. Função Executiva: 1.1 O que faz o órgão executivo? O Executivo aplica a lei ao caso concreto (art. 37), administrando a coisa pública. Na República Federativa do Brasil, o Poder Executivo é monocrático, não é um Executivo dual, porque a Função Executiva é exercida por uma única autoridade. Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 56 - o Executivo aplica ao lei ao caso concreto (art. 37), administrando a coisa pública (conseqüentemente, sujeito aos princípios administrativos); - no Brasil, o órgão executivo é exercido por uma única autoridade, assim, nós vivemos um executivo monocrático16, traduzindo no sistema ou regime de governo presidencialista (diferentemente do que ocorre no parlamentarismo, onde há duas ou mais autoridades exercendo a função executiva, havendo um executivo dual); - já tivemos Parlamentarismo, com D. Pedro, no 2º reinado. Também de setembro/1961 a fevereiro/1963. 1º Ministro, Chefe de Governo: Tancredo Neves. Presidente, Chefe de Estado: João Goulart. - Na constituinte de 88, caminhávamos para o Parlamentarismo, mas mudou-se o rumo e a CF foi promulgada com um Estado Presidencialista. - o Presidente exerce duas atribuições ao mesmo tempo, a função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo: No exercício da atribuição de chefe de Estado, o Presidente defende a unidade nacional, o pacto federativo, fala em nome da República Federativa do Brasil, em nome do pacto federativo. No exercício da função de chefe de Governo, o Presidente exerce a chefia superior da administração pública. 16 Confirmando tal orientação, a redação do art. 76 diz que “[...] o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República [...]” DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 57 Ex. de funções de Chefe de Estado: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Ex. de funções de Chefe de Governo: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; - como diferença do parlamentarismo para o presidencialismo, é importante ver de que maneira se relacionam o executivo e o legislativo, verificando qual o grau de dependência do executivo em relação ao legislativo: PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO - uma autoridade exerce a função de chefe de Estado e - a função de chefe de governo é exercida por autoridade diferente DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 58 chefe de Governo (executivo monocrático); (executivo dual); - pode ser: parlamentarismo monárquico constitucional17 e parlamentarismo republicano18; - o Brasil já foi parlamentarista de setembro de 1.961 até fevereiro de 1.963, sendo que o parlamentarismo foi do tipo republicano (Tancredo – chefe de governo e Getúlio Vargas – chefe de estado); - ainda fomos parlamentaristas, no parlamentarismo à brasileira, com Dom Pedro II no segundo reinado; - existe independência do executivo em relação ao legislativo; - há dependência política do executivo em relação ao legislativo19; 17 O rei é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de governo (Inglaterra, Espanha); 18 O Presidente da República é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de Governo (França, Itália, Portugal); 19 Por exemplo, o presidente paga o preço político da rejeição da medida provisória. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 59 - o poder constituído legislativo não pode reduzir o mandato do chefe do executivo; - o parlamento pode reduzir o mandato do chefe do executivo - o sistema ou regime de governo não é uma cláusula pétrea, então, não é núcleo constitucional intangível; 1.2 Requisitos para ser Presidente da República (também se aplica ao vice): - ser brasileiro nato (art. 12, §3º) 20; - idade mínima de 35 anos (art. 14, §3º - capacidade polícia) 21; - filiação partidária -> no Brasil, é uma condição de elegibilidade (art. 14, §3º); - plenitude do exercício dos direitos políticos (não incorrer em nenhuma das causas de perda e suspensão dos direitos políticos previstos no art. 15 da CRFB/88); 20 Tal regra se dá em razão da segurança nacional. 21 Aos 35 anos, o cidadão atinge a capacidade política absoluta, uma vez que ele pode exercer qualquer cargo na administração pública. Presidente, Vice, Ministros de Tribunais Superiores, PGR, Senadores da República. Não existe idade máxima para exercício de cargos eletivos no Brasil. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 60 Art. 12, § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; PE Art. 14, § 3º - São 6 condições de ELEGIBILIDADE, na forma da lei (ordinária): I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) 35 anos para PR, Vice e Senador; Art. 15. , cuja ou só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 61 III - IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Resolução TSE 21.538/2003 V - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, nos termos do art. 37, § 4º. SUSPENSÃO Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. DIREITO CONSTITUCIONAL INTENSIVO II Prof. Pedro Taques Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 62 1.3 Eleição do presidente e vice-presidente: - no Brasil, o Presidente e o vice são eleitos conjuntamente. Ao votar no presidente, automaticamente Você está votando no Vice. A CF/1946 não era assim, você tinha o direito de votar no candidato a Presidente de uma coligação e votar no candidato a vice de outra coligação. - a CRFB/88 trouxe eleições casadas, assim, votando no presidente, automaticamente, estará votando-se no vice com ele registrado, não podendo separar o voto, conforme já previsto em Constituições anteriores; - o presidente e o vice