Buscar

ESTUDO DE CASO (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA X PRECONCEITO LINGUÍSTICO �
MARIA DALVA SOUZA ROSÁRIO�
Júlio Cézar Barbosa�
1. INTRODUÇÃO
A análise da variação linguística relacionada ao preconceito linguístico existente na língua, é um processo que permeia muitas informações, visando compreendê-las e traduzi-las para ser utilizada na linguagem dos falantes. Para melhor compreender esse processo de variação vinculada ao preconceito linguístico, o Estudo de caso tipifica esse tipo de linguagem diferenciada. Visto que, um determinado aluno oriundo de uma região diferente dos demais colegas do terceiro ano do ensino fundamental, ao pronunciar a palavra “oio” no lugar de “olho”, foi criticado pelo colega na presença de todos na sala de aula. Até a professora exigiu da turma o uso das palavras dentro da norma culta, esquecendo-se de que as variações linguísticas também fazem parte da língua portuguesa.
Por assim dizer, percebemos que as línguas são resultados de uma complexa evolução no tempo e no espaço, que vão se diversificando, por vezes rápido ou lentamente, conforme a estrutura da sociedade. Por isso, para a compreensão dos vários falares utilizados em cada região, grupos sociais ou mesmo uma única pessoa, convém ajustá-las a caracteres de estilo e desagregações de épocas. Conforme Neto, (1960, p.15):
	As línguas estão, pois, em perpétua mudança, embora só o repouso seja facilmente perceptível. A evolução explica-se, principalmente, pela descontinuidade da transmissão e pela própria constância do uso. Ao cabo de seu aprendizado, a criança fixa uma língua que não é exatamente a mesma das pessoas que lhe serviram de modelo. Essa diferença, imperceptível numa geração, vai-se acumulando aos poucos.
Assim, para encontrar uma definição coerente sobre língua(gem) precisamos lidar com estruturas linguísticas, que focalizam interrelações históricas, empíricas, gramaticais, científicas, sociolinguística, psicológica e as demais variações tipo: diatópica, diafásica, diacrônica e diastrática, diamésica para termos uma visão ampla de como acontece as variações; e o aparecimento do preconceito linguístico. Pois segundo John Lyons (1981, p.4). Hall define língua(gem) sendo “a instituição pela qual os homens se comunicam e interagem uns com os outros por meio de símbolos arbitrários orais-auditivos habitualmente utilizados”. Isto prova que, a linguística está articulada a outras ciências para poder compreender a língua (gem). 
Partindo dessas premissas, tem sido possível observar em determinados falares de nossos dias, sobretudo na linguagem verbal da vida social, como somos diferentes na maneira de falar e até de compreender as informações que nos chegam pelos meios de comunicações, ou no contato pessoal entre os grupos. Ou seja, cada grupo social ou regional tem um mútuo entendimento, determinado por traços que os identifica ou mesmo intensifica a variação linguística, e que faz parte da Línguística definida como “a ciência da linguagem, ou alternativamente, como estudo científico da linguagem”. (LYONS, 1981). Por isso, quando um cidadão emite alguma informação ou palavra, não faz isso sozinho, mas sim por tudo do que absorveu durante sua aprendizagem do meio que conviveu.
Sobretudo, porque a Língua é uma realidade heterogênea, variável e os falantes percebem claramente quando alguém fala diferente num ambiente restrito. Como foi relatado no evento da escola, causando estranhamento na sala de aula. É através de um fato concreto que percebemos como as Variações Linguísticas e o Preconceito Linguístico estão relacionados com a nossa língua diária. Com efeito, alunos e pessoas de um modo geral, não dominando a norma padrão, falam de maneira diferente dos outros, tornando-se objeto de discriminação entre colegas de classe, amigos e etc.
São dados que convivemos diariamente, seja na escola, trabalho, grupos sociais, pessoas que convivemos e até em ambientes acadêmicos, pois, somos um conjunto de informações diferenciadas, realizando a incursão de novos falares no ambiente em que convivemos.
2. A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO DIA A DIA
Variedade ou variação linguística se define como “é um dos muitos modos de falar”. (BAGNO, 2007). Ou seja, os falantes podem falar do jeito que achar melhor, o importante é que a informação seja entendida por parte de quem escuta. Por isso, os vários falares de uma língua, são produzidos não só pelo fato histórico, como também pelas diferenças regionais, sociais, grau de escolaridade, sexo e, principalmente, pelas categorias profissionais. É essa interação entre pessoas que produzem arranjos lingüísticos de acordo com suas necessidades de adaptações ao meio social. Como afirma Lyons (1981, P. 8):
	Um sistema Linguístico é um fenômeno social, ou instituição que, em si mesma, é puramente abstrata, na medida em que apresenta uma existência física, mas que em determinadas ocasiões é atualizada no comportamento Linguístico dos indivíduos integrantes de uma comunidade Linguística.
Como a variação Linguística não é um sistema fechado e imutável, as pessoas de pequenas ou grandes comunidades acabam criando por repetição de hábitos e tendências, suas próprias características linguísticas, muitas vezes não compreendidas por outras comunidades, mesmo morando na mesma região. Tal comportamento é susceptível à influência do meio, e as pessoas utilizam da variação para construir uma identidade. Isto é, a variedade linguística é um dos muitos modos de falar uma mesma língua, apresentando seu aspecto heterogêneo no dia a dia dos falantes.
 Por isso, é inegável a importância de conhecermos como a variação da Língua se processa, e como está associada às questões da fala e da escrita no meio social. Conforme Paveau (1992, p.161) “A Linguagem deve ser considerada no contexto das relações humanas como um todo”. Ou seja, é através da língua de todos os povos que se constrói a linguagem e também as variações.
Na verdade a língua é dinâmica e sofre transformações com o passar do tempo, em virtude de fatores advindos da própria sociedade, dessa forma, as teorias linguísticas refletem a evolução natural das Variações Línguísticas, procurando entender os fenômenos da linguagem, refletindo conceitos e interpretações diferenciadas, segundo seu modo, natureza e característica. Ajudando-nos na tarefa de analisar e entender a linguagem humana. 
Por conseguinte, homens e mulheres registram no mundo e no meio social suas experiências de erros e acertos referentes à Variação Linguística, uma vez que, a Língua é parte inerente do homem, sendo construída pelos usuários (falantes) de diferentes jeitos de falar, aumentando consideravelmente a variedade linguística com novas gíria, jargões completamente diferentes de seus familiares. Segundo Lyons (1981, p. 143) “Segue-se que, dadas as condições sociais e culturais certas, não apenas indivíduos, mas comunidades inteiras podem adquirir uma Língua ou dialeto que difere da de seus pais”. Sobretudo, quando os pais são analfabetos e seus filhos graduados.
Com efeito, esse processo de variação naturalmente presente no dia a dia dos falantes pode interferir tanto no diálogo verbal como na linguagem escrita, e novas palavras serão incorporadas à língua naturalmente. Sendo assim, a diversidade linguística não pode ser considerada um problema para a Língua, e sim um fenômeno que enriquece o estudo linguístico.
3.PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Devido à complexidade do tema em questão, elaborar um conceito sobre preconceito linguístico ficaria muito limitado, uma vez que, ele está diretamente associado à variedade linguística, ou melhor, ao preconceito sócio-cultural. E nos últimos tempos tem sido feito muitos trabalhos e questionamentos voltados para esse assunto. No entanto, pelo fato de ser um preconceito, tem tudo haver com algo depreciativo incluindo exclusões contra determinadas variedades linguísticas.
A partir dessa afirmação, é preciso compreender que a língua não é homogênea e deve ser entendida a partir dos diversos contatos entre os sereshumanos, tendo cada um sua modalidade e especificidade de língua escrita e oral, uma vez que, “Podemos ser geneticamente programados, enquanto seres humanos, para adquirir a linguagem; mas não somos geneticamente programados para adquirir uma determinada língua”. (LYONS, 1981, P. 143). Isto significa que, para aprender uma língua depende de uma aprendizagem oral e escrita. 
Portanto, a língua considerada padrão que é sempre escolhida para a escrita nas escolas, não pode ser considerada superior a língua oral, como é propagada nos livros didáticos e gramáticas normativas. Porque é esse tipo de regra que gera o chamado preconceito linguístico, excluindo as variedades linguísticas existente na língua; e de alguma forma interfere na aprendizagem escrita e oral de todos aqueles que não conseguem se adequar ao padrão oficial da língua.
Soma-se a isso, o papel das escolas atuais que continuam sendo mera reprodutora de saberes, desvinculados da realidade de seus alunos. Insistindo em ensinar ideologias dominantes, com regras e padrões específicos no falar e escrever. De acordo com Bagno (2007, p. 27) “a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma “certa” de falar a que se parece com a escrita, e o de que a escrita é o espelho da fala”. Isto é, o ensino nas escolas necessita de uma desconstrução em suas práticas pedagógicas.
Outrossim, o preconceito Linguístico geralmente chamados erros gramaticais impostos pelos ensinos tradicionais, na verdade discrimina as pessoa devido ao seu modo de falar, em relação àqueles que tiveram acesso à educação de qualidade. Determinando o falar diferente de fala errada, modificando a identidade social e característica do jeito de se expressar de habitantes de outras regiões.
Não resta dúvida, que o preconceito linguístico é uma atitude absurda, pois, existem inúmeras diferenças regionais e sócio-econômicas, consequentemente é natural que aconteça as variações linguísticas. As pessoas têm o direito de falarem de acordo com suas necessidades, cultura e condições. Classificar como certo ou errado a fala de alguém é querer delimitar a variação linguística, que faz parte da vida humana. De acordo com Lyons (1981, p. 20). “Todo mundo fala num ou noutro dialeto, assim como todo mundo fala com um ou outro sotaque”. Essa é uma realidade em todas as línguas, pois todos são influenciados pela convivência.
O importante é que a língua continue fazendo a sua função de interação, e a crítica feita contra as variedades da língua, mostra o desconhecimento da complexidade dos fenômenos lingüísticos, caminhando em descompasso com o avanço das modernas pesquisas no campo da linguística. Por outro lado, constata-se que o preconceito linguístico se forma ao redor do falante da Língua Portuguesa, induzindo-o a pensar que o português brasileiro é uma língua difícil de falar e pior ainda de escrever, como foi detectado no estudo de caso citado anteriormente na introdução desse trabalho. Configurando a visão de que saber o português corretamente é algo para poucas pessoas, em geral a classe privilegiada da sociedade.
4. O USO DA LÍNGUA NO DIA A DIA
No sentido de compreender e contextualizar a presença do preconceito linguístico no uso da Língua é importante ressaltar que existe no cotidiano das pessoas que utilizam a língua, uma fala própria de se expressar segundo a situação e o ambiente onde se encontra o falante, independente dela conhecer o que a Língua Portuguesa determina como certo ou errado.
 O que interessa ao usuário da língua é ser compreendido e poder se identificar com seu semelhante, para isso não há necessidade de saber ler e escrever corretamente, pois, temos muitas pessoas que nascem, crescem e vivem sem jamais terem sido alfabetizadas. Essa verdade é comprovada no Brasil e até em outros países.
No entanto, não podemos negar que a Língua também tem a função de construir mundos e identificar grupos. Conforme Lyons (1981, p. 143) “A posse de uma língua comum é, e presume-se que sempre tenha sido, um marco importante de identidade cultural e de etnia”. Ou seja, a língua ao mesmo tempo tem características individuais, e os falantes criam novos significados para interagir no convívio diário com outras pessoas. Isso ocorre porque toda variedade linguística preenche os vários tipos de falares usados na linguagem humana.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As modificações ocorridas na linguagem humana através das variações linguísticas são meios de enriquecimento da fala humana, é esse contínuo movimento de mudanças, que caracteriza a vida da Língua e nos identifica no tempo e no espaço geográfico. No entanto, é preciso reavaliar a noção de fala errada ou certa, norma culta e vulgar, bem como ideia de que todo falante com sotaque e termos diferenciados estão cometendo erros gramaticais.
Da mesma forma, o professor deve refletir sobre a realidade linguística dos alunos, adquirindo uma nova postura crítica no momento que perceber a pronuncia de determinadas palavras na sala de aula. Evitando impor e manter a padronização de Língua. Na verdade, ele deve ser um pesquisador interessado em quebrar esse mito de que existe uma linguagem correta e outra errada.
Enfim, os meios oficiais determinam a utilização de uma Língua padrão, porém, a maior parte da população continua falando do jeito mais econômico possível, omitindo várias letras tanto na linguagem orai, como no texto escrito. Ou seja, os falantes são os verdadeiros autores da variedade linguística, pois, a língua não é inerte.
 Quanto ao preconceito linguístico é necessário encontrar um ponto de equilíbrio para saber se realmente determinada palavra não pode ser inserida na Língua culta, ou pronunciada na sala de aula, e saber até que ponto falar diferente deve ser excluído do vocabulário usual das pessoas, em função do preconceito Linguístico. Visto que, a comunicação vai além da capacidade de dominar regras previstas em manuais gramaticais.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Nada na Língua é Por Acaso, por uma pedagogia da variação lingüística. – São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
LYONS, John. Linguagem e Linguística, uma introdução. LTC-Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A. Rio de Janeiro, 1981. 
NETO, Serafim da Silva. História da Língua Portuguesa. 3. ed.- Rio de Janeiro, 1979. (Coleção Linguagem, 11).
PAVEAU, Marie-Anne& Georges- ÉliaSarfati. As grandes Teorias da Linguística. Editora Claraluz. 1992.
�Estudo de Caso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Linguagem e Produção Textual pela Faculdade Dom Pedro II, para cumprimento de crédito do componente curricular Estudos Linguísticos sob orientação do Prof. Me. Júlio Cézar Barbosa. 
�Pós-graduanda em Linguagem e Produção Textual, da Faculdade Dom Pedro II, no semestre 2015.1. E-mail: dalva_yoko51@hotmail.com
�Mestre em Educação e Contemporaneidade, Especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica, Bacharel e Licenciado em Letras Vernáculas, responsável pelo componente curricular Estudos Linguísticos E-mail: jczares@gmail.com

Outros materiais