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DIVERSIDADE-LINGUÍSTICA-E-COMUNICAÇÃO-2

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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
 
SUMÁRIO 
 LÍNGUA ................................................................................................... 5 
 Linguagem .............................................................................................. 6 
 Linguagem e sociedade ........................................................................ 11 
3.1 Hymes ............................................................................................ 15 
3.2 Labov .............................................................................................. 16 
3.3 A noção de comunidade de fala ..................................................... 17 
 Os condicionamentos sociais e estilísticos' .......................................... 20 
 Variedade linguísticas ........................................................................... 24 
 Tipos de variedades linguísticas ........................................................... 29 
 O ensino das vaRiações linguísticas nos anos iniciais ......................... 31 
 Gêneros textuais ................................................................................... 41 
Exemplos de gêneros textuais ................................................................ 42 
 Tipos e gêneros textuais ....................................................................... 44 
Exemplos de tipos textuais: ..................................................................... 44 
Gêneros textuais pertencentes aos textos narrativos:............................. 45 
Gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos: ........................... 45 
Gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos:........................... 45 
Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos: .................... 45 
Gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos: ............................. 46 
Gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos: .......................... 46 
Gêneros textuais e gêneros literários ...................................................... 46 
Exemplos de gêneros literários: .............................................................. 46 
Texto Narrativo ........................................................................................ 48 
Texto Descritivo ...................................................................................... 48 
Texto Dissertativo-Argumentativo ........................................................... 49 
Texto Expositivo ...................................................................................... 49 
Texto Injuntivo ......................................................................................... 50 
 Redação oficial características e especificidades .............................. 51 
10.1 O que é uma redação oficial? ..................................................... 52 
Formalidade ............................................................................................ 52 
Padronização .......................................................................................... 53 
10.2 Concisão ..................................................................................... 53 
10.3 Clareza ........................................................................................ 53 
10.4 Impessoalidade ........................................................................... 53 
 SINTAXE e SEMÂNTICA .................................................................. 55 
11.1 Funções e Relações sintáticas .................................................... 55 
11.2 Funções sintáticas ...................................................................... 56 
11.3 Relações sintáticas ..................................................................... 56 
 Semântica .......................................................................................... 56 
 Individualidade e Diversidade ............................................................ 60 
 produção de textos ............................................................................ 67 
14.1 Como produzir um texto? ............................................................ 70 
14.2 Tipos de Textos ........................................................................... 72 
14.3 Como Produzir um Bom Texto? .................................................. 73 
14.4 Crie a Estrutura do Texto – Tema e Título .................................. 73 
14.5 Apresentação .............................................................................. 74 
14.6 Desenvolvimento ......................................................................... 74 
14.7 Conclusão ................................................................................... 75 
 Dicas para Produzir um Bom Texto ................................................... 75 
 Produção de texto em diferentes formatos ........................................ 76 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LÍNGUA 
A língua é uma forma de linguagem, é um dos instrumentos de interação 
sociocomunicativa e, assim como as religiões, a culinária, as vestimentas, integra-
se na cultura dos povos. Os idiomas são mecanismos de expressão das 
manifestações culturais e estão a serviço da comunicação social. As aquisições 
culturais são ensinadas e transmitidas, em grande porte, pela língua. 
Existem no mundo pelo menos, 3 mil línguas. Além dessas línguas faladas 
hoje, existem entre 7 a 8 mil dialetos que são variantes de um idioma. Cada língua 
desenvolveu seus próprios padrões de nomeação de experiência perceptivas. 
Não há duas línguas iguais quanto à maneira de dividir a realidade conceitual. 
Os esquimós têm uma serie de palavras para designar diferentes tios de neve, 
enquanto outros povos têm apenas um termo para ‘’neve’’. Existem povos que só 
tem uma palavra para designar o azul e o verde, enquanto nós temos essas duas 
palavras para essas cores. 
Nem todas as línguas em escrita. Todos os países têm sua língua oficial, que 
é aquela em que o governo conduz seus trabalhos e foi adotada com essa finalidade 
por decisão governamental; é a conhecida como língua do país. É a língua de um 
Estado, a qual e obrigatória. Nem sempre ela é a língua materna, ou seja, a língua 
cujos falantes praticam por ser a primeira aprendida, geralmente, em ambiente 
familiar. 
No Brasil, a língua oficial é a língua portuguesa, embora nosso país seja 
multilíngue. Em nosso país, são faladas línguas indígenas, além das origens 
africanas, ainda praticadas nos quilombos, e das línguas dos imigrantes que vieram 
principalmente da Europa e da Ásia. Entre elas, é possível citar o alemão, o árabe, 
o chinês, o coreano, o espanhol, o holandês, o inglês, o italiano e o japonês. Além 
dessas línguas, existem em nosso país, as línguas de fronteiras que são os idiomas 
praticados pelas diferentes etnias índios, espanhóis, árabes, portugueses alemães, 
entre outros – em contato. 
Em todos os países, existe uma variedade da língua de prestigio social, 
denominada língua padrão; é aquela eleita como a mais apropriada nos contextos 
formais e educacionais. A íngua padrão é a variedade da língua que tem um status 
especial na sociedade e é adquirida pelo ensino formal. A maior parte das 
publicações acadêmicas, dos noticiários nacionais é feita em língua padrão. Ela é a 
recomendada para a escrita formal, tem prestigio social e é protegida por lei. 
Podemos conceber língua como um fenômeno natural, um organismo 
dinâmico, que evolui com o passar do tempo; como um sistema formal em 
funcionamento numa comunidade. Pelos usos diferentes no tempo e nos diversos 
agrupamentos sociais, as línguas passam a existir como um conjunto de falares 
diferentes, todos muito semelhantes entre si, mas cada qual apresentando suas 
peculiaridadescom relação a alguns aspectos linguísticos. 
A língua de um povo surge e se constrói junto com seu modo de ver o mundo, 
sua história e sua cultura, e, nessa construção, ela se transforma e deixa que o 
tempo lhe traga novas nuances. 
A língua não é um sistema homogêneo, ela varia no espaço e na hierarquia 
social. Não é um sistema fixo e imutável. Além de evolui no tempo, a língua ainda 
está em evolução, em constante mudança, pela ação dos falantes. Sua história 
ainda não acabou; está sempre se fazendo pela ação dos falantes. 
Como o homem dispõe e inúmeras possibilidades para se comunicar, cada 
língua corresponde à expressão de uma escolha entre essas possibilidades, 
apresentando variações relevantes em função de valores sociais, regionais, de faixa 
etária, de situação, etc., concretizando, dessa forma, a relação entre linguagem, 
língua e cultura.1 
 LINGUAGEM 
Uma língua, seja ela qual for, tem a função de permitir a comunicação entre 
os indivíduos. Essa é sua função primordial. Há uma relação direta e indissolúvel 
 
1 Texto adaptado: www.pt.slideshare.net 
entre sociedade e língua ou língua e sociedade, que não permite que se pense em 
indivíduos vivendo conjuntamente sem o estabelecimento de comunicação entre si 
e, da mesma forma, não é possível a comunicação sem que haja uma convenção 
social a respeito dessa comunicação, o que chamamos de língua. 
Língua nada mais é que um conjunto de convenções sociais historicamente 
constituídas, que permite que os seres humanos se comuniquem entre si. Somente 
os seres humanos têm essa capacidade, uma capacidade relacionada talvez com 
algum dispositivo biológico, que permite que se formule e se entenda um conjunto 
de sons e a eles se associe um sentido. 
É possível que outros seres vivos se comuniquem como é o caso, por 
exemplo, das abelhas, que, com um conjunto de movimentos (danças) são capazes 
de transmitir informações a respeito da localização de alimento ou mesmo do risco 
iminente à colmeia, porém não se pode confundir esse tipo de comunicação, de 
propósito restrito, com linguagem ou mesmo língua. 
 
 
Fonte: www.ericasitta.wordpress.com 
Da mesma forma, observam-se alguns pássaros que são capazes de 
produzir um conjunto de sons muito parecidos com os sons produzidos pelos seres 
humanos, o que não permite às aves, porém, dialogar com seres humanos ou entre 
si, estabelecendo um raciocínio a respeito dos sons produzidos e produzindo, como 
os seres humanos, outros conjuntos de sons, como resposta. 
Os macacos, animais que guardam grande semelhança com o homem, 
também não possuem um mecanismo capaz de estabelecer comunicação por meio 
da língua, ainda que seu raciocínio beire o raciocínio humano. 
As baleias também têm sua ‘’linguagem’’, produzem, ao menos, dois tipos de 
sons: os que intervêm e seu sistema de eco localização, funcionando como uma 
espécie de sonar biológico, e as vocalizações, conhecidas canções das baleias, que 
parecem ser um meio de comunicação entre os membros da mesma espécie. 
Inúmeros estudos com animais em cativeiro e selvagens tem mostrado que esses 
mamíferos marinhos são capazes de comunicação com qualquer ouro usando uma 
‘’linguagem’’. Embora essa forma de linguagem não possa ser comparada com a 
linguagem humana, e um sistema articulado de comunicação, no qual cada som e 
modulado em tons e frequências que são repetidos constantemente durante atos 
específicos e situações particulares. 
Animais domésticos se comunicam com seus donos. Podemos dizer que os 
cachorros emitem sons que nos permitem identificar sentimentos como medo, raiva 
e dor. Um cão abana o rabo, demonstrando satisfação; rosna, expressando 
ameaça. 
Os animais em modos de se expressar; entretanto, a natureza dessa 
comunicação não se compara à utilizada pelo homem. A ‘’linguagem’’ animal possui 
características bem distintas da linguagem humana. Em linhas gerais, trata-se de 
uma forma de adaptação à situação concreta, relacionada a uma forma fixa de 
resposta e determinado estímulo. 
A linguagem está no limiar do universo humano porque caracteriza o homem 
e o distingue do animal. O homem tem a capacidade de ultrapassar os limites da 
vida animal ao entrar no mundo do símbolo. A natureza da comunicação animal não 
se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem 
como o mundo. 
A diferença entre a linguagem humana e a ‘’linguagem’’ do animal está no 
fato de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está 
relacionado com a forma fixa e a única com a coisa a que se refere. Por exemplo, 
as frases com que adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são 
índices, isto é, indicam alguma coisa muito específica. 
A linguagem humana é uma manifestação cultural; relaciona-se com padrões 
de comportamentos, crenças, conhecimentos, realizações, costumes que podem 
ser transmitidos de gerações. O homem imprime sentido às linguagens que cria. Ele 
cria palavras, gestos, símbolos, enfim, formas de expressar suas ideias. 
 
A linguagem é atividade. É forma de ação, ação entre indivíduos, orientada 
para uma finalidade, e lugar de interação que possibilita aos membros de 
uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir 
dos semelhantes reações e/ou comportamentos, levando ao 
estabelecimento de vínculos e compromissos anteriores inexistentes. 
(KOCK, 1997,p.9) 
 
A linguagem humana envolve a representação simbólica de conceitos e 
diversos tipos de relações entre eles. Ela está em toda parte; sem ela, as 
sociedades não seriam o que são. Por meio da apresentação simbólica e abstrata, 
o homem dá sentido ao mundo, distancia-se da experiencia vivida é capaz de 
compreender o mundo e nele agir. 
Desde que nascemos, estamos mergulhados no mundo da linguagem. 
Crescemos imersos em um universo de sons, de gestos e sinais, através dos quais 
passamos a interagir com tudo o que nos cerca. Nosso pensamento, a forma de 
entendermos as coisas, começa, então a ter por primordiais as palavras, a 
linguagem, o nome das coisas existentes no mundo. 
 
A linguagem impregna nossos pensamentos, é intermediária em nossas 
relações com os outros, e se insinua até em nossos sonhos. O volume 
esmagador de conhecimentos humano é guardado e transmitido pela 
linguagem. A linguagem é, de tal modo, onipresente que a aceitamos e 
sabemos que sem ela a sociedade, tal como a conhecemos, seria 
impossível. (LANGACKER,1972, p.11) 
 
A linguagem e o pensamento se misturam à medida que a capacidade da 
comunicação simbólica se desenvolve. Uma criança, com cerca de dois anos de 
idade, começa a usar o idioma para se comunicar. Seu conhecimento sobre o 
mundo, antes baseado em experiências sensoriais e motoras, torna-se lentamente 
mais e mais simbólico. A partir de então, a criança não precisa mais aprender tudo 
através de suas próprias experiências – ela pode aprender através da linguagem. 
O mundo que resulta do pensar e o agir humanos não pode ser chamado de 
natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças 
entre pessoa e animal não são apenas de grau, porque, enquanto o animal 
permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transforma-la, ornando 
possível a cultura. 
 
 
Fonte: www.vitaclinica.com.br 
A linguagem e a comunicação por meio de uma língua são, portanto, 
atividades estritamente humanas. 
A facilidade com que uma criança adquire sua língua materna é algo quase 
inexplicável, levando em consideração a complexidade de uma língua. Em 
aproximadamente três anos, adquire-se um conjunto razoavelmente grande de 
palavras, aliado às regras de uso da língua, as chamadas regras da gramática dos 
usuários de uma língua, algo que permite que se estruturem frases coesas e 
coerentes, ou seja, que permite que se diga “O bebê está com fome” em vez de 
“Fome bebê com está”, uma operaçãoque parece simples, mas que possui uma 
grande complexidade, mesmo para adultos que tentam adquirir uma segunda 
língua. 
Além dessa facilidade na apreensão das estruturas e do léxico (palavras), 
some-se a isso a estruturação, por parte da criança, de frases nunca ouvidas, 
demonstrando sua capacidade criativa e não somente reprodutiva, provando que o 
ser humano possui uma estrutura em seu cérebro capaz de criar e modificar a 
língua. 
É essa capacidade única que coloca o homem como espécie central do 
planeta terra, essa capacidade de se organizar em sociedade e se comunicar que 
faz do ser humano um animal capaz de exercer dominação sobre outras espécies 
e permite-lhe, dentre outras coisas, o desenvolvimento e a manipulação de objetos, 
o que o torna tão diferente das demais espécies. 
O que permite a esse ser alterar seu meio e traçar o seu destino, mas, por 
outro lado, o que lhe permite galgar a própria destruição.2 
A linguagem é um sistema organizado de símbolos a serviço das sociedades 
humanas. Esse sistema é amplo, complexo, extenso e possui propriedades 
particulares que possibilitam a codificação, a estruturação das informações 
sensoriais, a capitação a transmissão de sentidos, que favorecem a interação entre 
os homens. 
 LINGUAGEM E SOCIEDADE 
Os estudos sistemáticos que tratam da relação entre linguagem e sociedade 
começam a se solidificar ao longo de 1960, quando a sociolinguística emerge como 
 
2 Texto extraído: https://www.portaleducacao.com.br 
um campo de saber interdisciplinar, com suas bases fortemente ancoradas na 
linguística, na antropologia e na sociologia. Como se trata de uma relação, duas 
questões antagônicas naturalmente se põem: a linguagem determina a realidade 
social? a sociedade determina a linguagem? Dada a natureza da temática proposta 
neste ensaio, abordo três diferentes perspectivas: de Sapir e Whorf, de Hymes e de 
Labov', examinando a hipótese determinística no que concerne à maneira pela qual 
linguagem e sociedade podem se implicar. Consideramos, então, uma terceira 
questão: em que medida é possível falar em determinismo sob a ótica dos referidos 
autores? Na discussão aqui proposta releva aos seguintes aspectos: a realidade 
social como produto linguístico, segundo Sapir e Whorf o papel do contexto e da 
competência comunicativa no que diz respeito à relação entre linguagem e mundo, 
na visão de Dell Hymes; e a importância do conceito de comunidade de fala e da 
correlação entre fatos linguísticos, estratificação social e estilo, para Labov. Concluo 
que as relações entre linguagem e sociedade são permeadas por um certo 
determinismo (de diferentes tipos e em diferentes graus) nas três perspectivas 
abordadas. 
Inicialmente, chamamos atenção para o fato de que Sapir e Whorf tratam 
explicitamente das relações linguagem/cultura e linguagem/ pensamento. 
Entretanto, considerando-se que "cultura pode ser descrita como conhecimento 
adquirido socialmente, isto é, como o conhecimento que uma pessoa tem em virtude 
de ser membro de determinada sociedade' (Hudson 1980: 74 apudLyons 1987: 274 
grifo meu), pode-se dizer que há uma estreita ligação entre cultura e sociedade. 
Ademais, segundo Sapir, "não há duas línguas que sejam bastante semelhantes 
para que se possa dizer que representam a mesma realidade social' (1969:20 grifo 
meu). Assim, para efeito da discussão proposta nesta seção, tomo o termo 
'sociedade' como equivalente a 'realidade social' e, grosso modo, a 'cultura'. 
De acordo com Sapir, a realidade é produzida pela linguagem, o que significa 
dizer que não há mundos iguais, visto que não há línguas iguais. Para o autor, a 
linguagem possui, sobretudo, o papel de produzir e organizar o mundo mediante o 
processo de simbolização. O caminho para compreensão do(s) mundo(s) se dá pela 
decifração dos símbolos, que referem (produzem) a realidade e remetem a 
conceitos (pensamento). Por exemplo: entender um poema exige a "compreensão 
plena de toda a vida da comunidade, tal como ela se espelha nas palavras ou as 
palavras a sugerem em surdina" (op. cit). 
O processo de simbolização da linguagem exige um sistema fonético que 
articule imagens acústicas "gerando" o símbolo, o qual proporcionará condições 
para a produção de conceitos/pensamentos. Sem os símbolos na matemática, por 
exemplo, um raciocínio matemático não seria possível, o que vale dizer que a 
matemática não existiria e muito menos se expandiria em níveis de complexidade. 
Os símbolos, por sua vez, geram um efeito sobre a linguagem que é o de sua 
ampliação (abstração), mediante um processo de classificação, categorização e 
seriação - característicos do pensamento. É dessa forma que o mundo ao nosso 
redor é possível/ construído, segundo Sapir. 
Uma ilustração clássica da construção da realidade a partir da linguagem é 
apresentada por Whorf em relação à língua hopi, na qual não é possível pensar o 
tempo de forma linear como em outras línguas, pois não há palavras, expressões 
ou formas gramaticais que permitam isso. Ao invés das noções de tempo e espaço 
(passado, presente e futuro), essa língua permite organizar o contraste entre 
partícula e onda 2, obrigando, "ao ser obrigatório pela forma de seus verbos, o povo 
hopi a perceber e observar os fenômenos vibratórios, animando-os além disso a 
encontrar nomes e a classificar esta classe de fenômenos" (1971:72). 
 
 
Fonte: www.atosociologico.blogspot.com 
 
Para o autor, é possível descrever qualquer fenômeno observável no 
universo sem levar em consideração os contrastes entre espaço e tempo, ou seja, 
sem considerar o espaço como algo homogêneo e independente do tempo, mas 
sim levando em conta as inter-relações existentes entre os fenômenos. Segundo 
Whorf, "o ponto de vista da relatividade, pertencente à física moderna, é um desses 
pontos concebidos em termos matemáticos, e a concepção universal do hopi é outra 
muito diferente e que não é matemática, mas sim linguística" (p. 74). 
As ideias desses dois estudiosos costumam ser referidas como a "hipótese 
de Sapir-Whorf", podendo ser assim sintetizadas: a linguagem determina a forma 
de ver o mundo, e consequentemente, de se relacionar com esse mundo (hipótese 
do determinismo linguístico); isso significa que para diferentes línguas há diferentes 
perspectivas e diferentes comportamentos (hipótese do relativismo linguístico). 
 É interessante destacar que, para Sapir, tanto a língua como a cultura 
(realidade social) é passível de modificações: é da natureza da linguagem a 
mudança, visto que "não há nada perfeitamente estático" e a "deriva geral de uma 
língua tem fundo variável" (1969: 137). Entretanto, existe um paradoxo: embora 
ambas estejam sujeitas a mudanças, essas se dão em velocidades diferentes - a 
língua se modifica mais lentamente, pois "um sistema gramatical, no que depende 
dele próprio, tende a persistir indefinidamente. Em outras palavras, a tendência 
conservadora se faz sentir muito mais profundamente nos lineamentos essenciais 
da língua do que da cultura" (p. 61). As consequências disso são que as culturas 
não poderão WORKING PAPERS EM LINGÜÍSTICA, UFSÇ N.8, 2004 130 - Cristine 
Gorski Severo ser sempre simbolizadas pela linguagem, conforme a passagem do 
tempo; e que será muito mais fácil simbolizar a cultura no passado do que no 
momento atual. 
Posto isso, remeto-me às questões colocadas na introdução: para Sapir e 
Whorf, a linguagem determina a realidade social. Todavia, a versão forte da 
hipótese do determinismo linguístico parece se enfraquecer diante do descompasso 
verificado entre as mudanças na língua e na cultura, conforme exposto no parágrafo 
acima. 
3.1 Hymes 
Hymes pauta sua teoria no pressuposto da linguística constituída 
socialmente, o que implica uma relação entre ideologia/cultura e linguagem no que 
diz respeito à utilização da forma linguística motivada pelo usosocial. Esse 
pressuposto estipula que usos linguísticos se diferenciam mediante instituições, 
valores, crenças e diferenças individuais, no sentido de que são as diferenças do 
mundo/ da realidade/ do contexto que causam diferenças linguísticas: "valores 
culturais e crenças são em parte constitutivos da realidade linguística" (Hymes apud 
Figueroa 1994:42). O autor não está preocupado com o sistema gramatical formal, 
mas compreende a linguagem dentro de uma perspectiva comunicativa'', o que 
invoca outras áreas para o seu estudo, uma vez que a linguagem pode ser 
considerada como uma "parte integrada de uma organização sociocultural geral do 
comportamento" (Figueroa 1994:33). Para ele, a definição de língua é complexa e 
deve levar em conta diferentes aspectos, como o histórico, o social, o cultural e as 
particularidades individuais. Com a inserção do contexto histórico e etnográfico há 
a consequente supremacia do aspecto funcional em detrimento do formal. Segundo 
o autor, "não é a forma linguística que cria o padrão social, mas o padrão social 
informa a forma linguística. Nesse caso, a inferência é dos dados etnográficos para 
as funções da língua" (p. 42). Vemos assim que Hymes atribui ao contexto social 
uma propriedade causal - prioritária - em relação ao uso linguístico. Mesmo a 
estrutura formal está subordinada ao contexto que, para ele, é sempre 
comunicativo. 
Dessa forma, o autor subordina a competência gramatical à competência 
comunicativa, que implica "a habilidade de escolher, dentre uma variedade de falas 
possíveis, aquela que é mais apropriada para a situação (...) a competência consiste 
numa variedade de habilidades, incluindo conhecimento gramatical, mas sem se 
reduzir a esse" (op. cit p.53). Ainda na visão do linguista, diferentes línguas refletem 
diferentes mundos e isso implica um certo relativismo linguístico, que, em seu grau 
máximo, nos remete à hipótese de Sapir-Whorf (discutida na seção anterior). Como 
características desse relativismo, destacam-se: que ele se baseia em um princípio 
de diversidade e heterogeneidade ao invés de homogeneidade ou invariância; que 
os aspectos a priori e universais da língua não são suficientes e que não há 
igualdade linguística entre os falantes (devido, por exemplo, à natureza política da 
interação) (cf. Figueroa 1994: 42). Novamente aqui percebemos em evidência o 
caráter heterogêneo da língua permeando a relação linguagem e sociedade. Em 
síntese: ao atribuir relevância ao contexto social/cultural como constitutivo da 
realidade linguística, Hymes não deixa de operar com um certo determinismo. Só 
que, diferentemente de Sapir e Whorf o autor não prevê que a linguagem cria o 
contexto, mas que diferentes contextos motivam diferentes linguagens. Seria um 
tipo de determinismo sócia 
3.2 Labov 
Em relação à teoria laboviana, dois aspectos principais merecerão nossa 
atenção: o contexto social (sociedade) traduzido pela noção de comunidade de fala 
e (os condicionamentos sociais e estilísticos. 
 
 
Fonte: www.opiniaoenoticia.com.br 
 
3.3 A noção de comunidade de fala 
Labov propõe "o estudo da estrutura e da evolução da língua dentro do 
contexto social da comunidade de fala "(1972: 184 grifos meu). Interessa a ele, 
sobretudo, um certo tipo de macro linguística, que "coloca os lócus da linguagem 
em algum tipo de ordem social (a comunidade de fala) ao invés do indivíduo" 
(Figueroa 1994: 70). 
A preocupação de Labov com a fala da comunidade fica patente em sua 
definição de linguagem como "o instrumento de comunicação utilizado por uma 
comunidade de fala, um sistema comumente aceito de associações entre formas 
arbitrárias e seus significados" (Labov 1994: 09). 
Daí a questão: quais os limites que fazem com que um falante pertença a 
uma determinada comunidade de fala e não a outra? Para o socio linguista, os 
limites não estão presentes no fato de um falante se considerar pertencente a uma 
dada comunidade, mas sim nas características essenciais - as regras gramaticais - 
do sistema linguístico abstrato daquele falante, em relação à comunidade a que 
pertence. 
A aquisição desse sistema linguístico não se dá conscientemente, ou seja, 
não diz respeito à vontade do falante de falar de determinada forma; a aquisição da 
gramática ocorre de forma inconsciente, como também são também inconscientes, 
em grande parte, as reações subjetivas s dos falantes em relação à língua. 
 Além disso, para o autor, a característica principal da comunidade de fala 
está no fato de que seus integrantes devem compartilhar as mesmas atitudes e os 
mesmos valores em relação à língua: "atitudes sócias em relação à língua são 
extremamente uniformes numa comunidade de fala" (Labov 1972: 248). Guy (2001), 
com base em Labov, aponta três características essenciais na definição de uma 
comunidade de fala 6: os falantes devem compartilhar traços linguísticos que sejam 
diferentes de outros grupos; devem ter uma frequência de comunicação alta entre 
si; e devem ter as mesmas normas e atitudes em relação ao uso da linguagem. 
Entretanto, a identificação de uma comunidade de fala, ou o estabelecimento 
de seus limites, não é uma tarefa fácil, o que pode ser ilustrado pelo seguinte 
exemplo fornecido pelo autor: há diferenças entre o falar dos nativos de Fortaleza e 
de Florianópolis em relação aos três aspectos colocados acima, o que permite 
distinguir duas comunidades de fala; contudo, ao se considerar Brasil e Portugal, 
provavelmente os nativos de Fortaleza e de Florianópolis integrariam uma mesma 
comunidade de fala. Guy levanta então algumas questões: quais seriam os limites 
internos de uma comunidade? Até que ponto uma comunidade de fala seria 
caracterizada pelo uso linguístico? 
Guy considera aspectos quantitativos e qualitativos para limitar uma 
comunidade de fala. 
Quanto aos primeiros, tem-se como exemplo a frequência com que uma certa 
comunidade apaga o -r final no português brasileiro. Isso teria uma implicação (e 
motivação) social e dialetal, mas, também, poderia ser motivado pelo efeito de 
contexto', havendo uma grande frequência de apagamento do -r final em verbos no 
infinitivo para quase todos os brasileiros, diferentemente do apagamento do -r final 
em outras palavras. 
Avançando em suas reflexões, o linguista aponta duas possibilidades: pode 
haver diferenças de frequência em diferentes comunidades de fala, sendo que o 
efeito de contexto permanece semelhante; ou pode haver diferenças em termos do 
efeito de contexto (peso relativo) entre as comunidades, o que determinaria 
diferenças estruturais ao invés de diferenças simplesmente quantitativas. Assim, a 
sua hipótese é: falantes que variam apenas na frequência possuem a mesma 
gramática e falantes que variam em termos de efeito de contexto possuem 
gramáticas diferentes. 
Daí os limites postos por Guy: as diferenças em uma mesma comunidade de 
fala implicam diferenças em uma mesma gramática (não-gramaticais) enquanto que 
diferentes comunidades de fala fazem uso de diferentes gramáticas. Essa hipótese 
lançada por Guy não só encontra respaldo nos pressupostos labovianos - pois, 
conforme visto acima, Labov considera que os limites de uma comunidade de fala 
devem ser buscados no sistema linguístico abstrato dos falantes, além do 
compartilhamento de atitudes sociais -, como também operacionaliza uma forma de 
medir o partilhamento de traços linguísticos pelos falantes. Diante do exposto 
parece possível falar em um certo determinismo linguístico, uma vez que usos 
linguísticos de uma mesma gramática funcionariam como identificadores de uma 
mesma comunidade de fala, ao passo que usos de gramáticas diferentes 
apontariam para diferentes comunidades de fala. Em outras palavras, a estrutura 
gramatical estaria delineando a comunidade de fala. As bases para a identificação 
de uma comunidade de fala seriam, nesse sentido, de natureza linguística'.Fonte: www.zellacoracao.wordpress.com 
 OS CONDICIONAMENTOS SOCIAIS E ESTILÍSTICOS' 
Weinreich, Labov e Herzog (1968), ao postularem a noção de comunidade 
de fala, a justificam em termos de que "as estruturas variáveis contidas na língua 
são determinadas por funções sociais" (p.188 grifo meu), destacando que "fatores 
linguísticos e sociais estão fortemente inter-relacionados no desenvolvimento de 
uma mudança linguística"(op. dt). Nessa mesma direção, Labov (1972) aponta 
como uma das propriedades de uma variável sociolinguística que a "distribuição do 
traço deve ser altamente estratificado"(p. 08). Observa-se, assim, uma correlação 
sistemática entre a estratificação social e o uso variável da língua. 
Segundo Figueroa, Labov "mantém a posição realista de que o contexto 
social é formado por fatos sociais que atuam sobre o indivíduo, mas que não são 
criados pelo indivíduo", entendendo como fato social "uma forma de 
comportamento, que é geral na sociedade e exerce condicionamento sobre os 
indivíduos; mas esse condicionamento é peculiar em termos de geralmente ser 
inconsciente e, portanto, não poder agir diretamente" (p. 72). 
Nos moldes labovianos, através da linguagem é possível tirar "um retrato" da 
realidade social. Em outras palavras, o indivíduo se identifica ao falar ("função de 
identificação", cf. Labov 1978). Desse modo, o determinismo soda/preconizado por 
Weinreich, Labov e Herzog (1968) estaria mantido. Mas isso deve ser visto com 
reservas diante de indagações como: até que ponto se pode dizer que o uso de 
certa estrutura linguística define o grupo ao qual a pessoa "genuinamente" 
pertenceria? O uso "consciente" do [r] em posição pós-vocálica pelos empregados 
da loja de padrão alto, por exemplo, não identifica necessariamente as 
características sociais "naturais" do falante, podendo esse ser "enquadrado" em um 
grupo social diferente daquele ao qual realmente pertence. 
Assim, através do uso "consciente" de certas formas, o falante" pode mostrar 
características sociais tais que lhe permitam ser "identificado" como pertencendo a 
um grupo X (embora de fato pertença ao grupo Y), e isso romperia com a 
perspectiva determinística de que o contexto social determina a linguagem. Essa 
questão, entretanto, deve ser examinada sob a ótica da variação estilística, o que 
será discutido adiante. 
Por outro lado, Weiner & Labov (1983) mostram, em seu estudo da passiva 
sem agente, que a variação entre o uso da construção passiva e da ativa em inglês 
não é sensível a fatores sociais, sendo condicionado apenas por fatores de natureza 
linguística. Nesse caso, uma das exigências originariamente formuladas para se 
caracterizar uma variável linguística - a de que a mesma fosse estratificada -, deixou 
de ser atendida. Como fica, então, a questão do condicionamento social, nesse 
caso? Para Labov (1972), os indivíduos variam seu modo de falar conforme a 
situação em que se encontram", considerando a relação entre diferentes estilos 
(informal, cuidado, de leitura, etc.) e diferentes usos linguísticos, no que diz respeito 
especialmente à atenção e ao monitoramento 
 Retomando o exemplo anterior, o uso do [r] pelos Working Papear em 
linguística, UFSÇ N.8,2004 136 - Cristine Gorski Severo diferentes grupos sociais 
mostram também a relação entre fatores estilísticos (fala cuidada ou não) e a 
pronúncia ou não da vibrante. Nesse caso, teríamos o que Labov (1978) chama de 
"função de acomodação"" da linguagem, em que o falante se adequa à situação 
comunicativa. Posteriormente, Labov (2003) amplia sua noção de variação 
estilística, postulando que as variações linguísticas no indivíduo de acordo com o 
contexto, são determinadas por três aspectos: as relações entre os interlocutores, 
particularmente as relações de poder e solidariedade entre eles; o contexto social 
mais amplo - escola, trabalho, vizinhança; e o tópico" (p234). Desse modo, a par de 
condicionamentos sociais (normalmente inconscientes), que podem ser observados 
na comunidade de fala, existem também condicionamentos estilísticos, que operam 
no plano individual, no âmbito das escolhas linguísticas conscientes. 
Apesar de a noção de sociedade e suas implicações ser explorada de forma 
diferenciada pelos autores aqui discutidos, com enfoque ora em aspectos 
concernentes à realidade social; ora no contexto histórico social e no conceito de 
competência comunicativa; ora na noção de comunidade de fala, estratificação 
social e estilo, parece possível abstrair as especificidades de enfoque e tecer 
considerações de caráter comparativo mais geral entre os autores e suas 
respectivas visões de linguagem e sociedade, na tentativa de evidenciar qual o tipo 
de relação que permeia o binômio em questão, a partir de uma hipótese 
determinística. 
Na formulação de Sapir-Whorf, a maneira pela qual a linguagem determina 
formas de percepção do mundo e o próprio mundo é identificada na literatura como 
determinismo linguístico. Todavia, o desencontro entre linguagem e cultura em 
termos de evolução (mudança), conforme apontado por Sapir, é um indício de que 
tal determinismo deve ser amenizado. 
Na proposta de Hymes, o papel atribuído à influência do contexto 
social/cultural sobre os usos linguísticos parece apontar para a direção do que se 
poderia chamar de um certo determinismo social- originado pelo contexto. O falante 
seria dotado de competência comunicativa para se adequar linguisticamente a 
diferentes situações comunicativas. Pode-se dizer que esse mesmo tipo de relação 
entre contexto e linguagem sustenta o que Labov chama de condicionamento 
estilístico. Contudo, diferentemente de Hymes, que prioriza o contexto, Labov 
considera a função de "acomodação" como secundária, o que parece colocar em 
segundo plano a importância das interações sociais no uso linguístico. 
 Esse aparente paradoxo deve-se ao fato de que o papel de adequação ao 
contexto cabe ao indivíduo. Na teoria sociolinguística de Labov, percebem-se 
implicações determinísticas de diferentes tipos e em diferentes graus. Ao 
caracterizar a comunidade de fila-os lócus do objeto de estudo variacionista -, o 
autor atribui um importante papel à língua (uma mesma gramática recobrindo usos 
variáveis implica uma mesma comunidade de fala, segundo Guy), de tal modo que 
uma comunidade de fala poderia ser delimitada por certos usos linguísticos, entre 
outras propriedades (um certo determinismo linguístico). 
 
 
Fonte: www.opera10.com.br 
 
Por sua vez, os falantes de uma comunidade operam com regras linguísticas 
variáveis, e a seleção das variantes pode ser socialmente condicionada por fatores 
que dizem respeito à estratificação social (um certo determinismo social). A escolha 
das variantes pode ser também estilisticamente condicionada por fatores de 
natureza contextuai (um certo determinismo linguístico). Concluindo, tento 
responder, em termos amplos, as questões colocadas na introdução do trabalho: a 
sociedade determina a linguagem" - do ponto de vista do contexto e da estratificação 
social e estilo, segundo Hymes e Labov, respectivamente; a linguagem determina a 
sociedade - na produção e representação da realidade social e na delimitação de 
uma comunidade de fala, de acordo com Sapir-Whorf e Labov (Guy), 
respectivamente; as relações entre linguagem e sociedade são permeadas por um 
certo determinismo nas três perspectivas WORICING PAPERs EM LINGÜÍSTICA, 
UFSÇ N.8, 2004 138 - Cristine Gorski Severo aqui analisadas, sendo que há uma 
aproximação maior entre as postulações de Hymes e Labov. Esse determinismo 
parece atuar unilateralmente em Sapir e Whorf (linguagem à realidade social) e em 
Hymes (contexto social à linguagem), mas parece ser bilateral em Labov (fatores 
sociais e estilísticos à linguagem; e linguagem à comunidade de fala). Daí a 
indagação que fica em suspenso: não haveria em Labov uma certa dialética?3 
 VARIEDADE LINGUÍSTICASA língua não é, como muitos acreditam, uma entidade imutável, homogênea, 
que paira por sobre os falantes. Pelo contrário, todas as línguas vivas mudam no 
decorrer do tempo e o processo em si nunca para. Ou seja, a mudança linguística 
é universal, contínua, gradual e dinâmica, embora apresente considerável 
regularidade. 
A crença em uma língua estática e imutável está ligada principalmente à 
normatividade da gramática tradicional, que remota à Grécia Antiga, numa época 
em que os estudiosos estavam interessados principalmente em explicar a 
linguagem usada nos textos dos autores clássicos e em preservar a língua grega 
da "corrupção" e do "mau uso". A língua escrita - especialmente a dos clássicos - 
era tão valorizada que era considerada mais pura, mais bonita e mais correta do 
que qualquer outro tipo de linguagem. 
A linguística moderna, no entanto, prioriza a língua falada em relação à língua 
escrita por vários motivos, dentre eles pelo fato de que todas as sociedades 
 
3 Texto adaptado: www.periodicos.ufsc.br 
 
humanas conhecidas possuem a capacidade da fala, mas nem todas possuem a 
escrita. 
Analisando a nossa própria sociedade, podemos concluir que a escrita 
pertence a poucos, uma vez que grande parte da população brasileira é constituída 
por analfabetos ou semianalfabetos e que mesmo os que tiveram acesso à escola 
não a usam muito. 
Além da língua falada ser mais utilizada do que a escrita e atingir muito mais 
situações, o ser humano a adquire naturalmente, sem precisar de treinamento 
especial. Apenas em contato com o modelo, ou seja, apenas exposta a uma 
determinada língua, qualquer criança normal é capaz de falar essa língua e 
compreendê-la perfeitamente nas mais variadas situações e em um período de 
tempo muito curto. Aos três anos, mais ou menos, uma criança já adquiriu quase 
todas as regras de sua língua, podendo ser considerada um falante competente da 
comunidade linguística da qual faz parte. Mesmo quando parece que ela não 
conhece a sua língua nativa, o dizer, por exemplo, "eu di" ou "eu fazi" no lugar de 
"eu dei" e "eu fiz", a criança está mostrando que sabe muito sobre ela, pois já 
compreendeu que o passado, no português, termina regularmente com "i" e está 
aplicando uma regra geral da língua em vez de aplicar uma particular. 
O processo de aquisição da escrita difere do da fala no sentido de não ser 
natural. Crianças que têm mais contato com a escrita sem dúvida a aprendem mais 
fácil e rapidamente, mas ainda assim necessitam de algum tipo de instrução. 
Quanto à homogeneidade, as pessoas de uma mesma comunidade 
linguística podem até pensar que falam exatamente a mesma língua, mas isso não 
é verdade. As diferenças linguísticas podem ser percebidas em todas as línguas do 
mundo, mesmo em pequenas comunidades de fala, nos níveis fonéticos, fonológico, 
morfológico, sintático ou semântico. Por exemplo, a palavra "porta" pode ser 
pronunciada de várias maneiras, tais como poxta, pota ou pôrta; a palavra "mulher" 
pode ser pronunciada "muié"; as frases "Maria assistiu ao filme" e "faz dois anos 
que parei de fumar" também podem ser ditas "Maria assistiu o filme" e "fazem dois 
anos que parei de fumar", respectivamente. 
Na verdade, toda língua é um conjunto heterogêneo e diversificado porque 
as sociedades humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas 
diferentes e essas experiências se refletirão no comportamento linguístico de seus 
membros. A variação linguística, portanto, é inerente a toda e qualquer língua viva 
do mundo. Isso significa que as línguas variam no tempo, nos espaços geográfico 
e social e também de acordo com a situação em que o falante se encontra. 
Podemos exemplificar a variação temporal com a forma "você", que passou 
por uma grande transformação ao longo do tempo. No século XII, as pessoas diziam 
"vossa mercê" e hoje, na linguagem falada, e mesmo na escrita informal, 
encontramos "cê", que não é a melhor nem a pior que "você" ou "vossa mercê", 
embora entre os não-linguistas a tendência seja a de considerá-la ruim, feira ou 
deteriorada. Isso acontece porque a sociedade normalmente é conservadora e 
demora para aceitar as mudanças, inclusive as linguísticas. 
O espaço linguístico também produz variação em um momento sincrônico de 
uma língua, o que pode ser explicado tanto pela existência de limites físicos como 
montanhas, mares ou rios que separam uma comunidade linguística de outra, como 
pela ideia de "rede de comunicação". Considerando-se uma população espalhada 
em um determinado espaço geográfico, uma pessoa se comunicará mais com 
aqueles que estão mais próximos a ela do que com as que se encontram mais 
distantes. Haverá, assim, um padrão de maior densidade de comunicação entre os 
indivíduos que estão mais próximos e de menor densidade de comunicação entre 
os que se encontram mais distantes. A maior densidade provocará maior interação 
entre as pessoas e, consequentemente, as formas linguísticas de uns se estenderão 
aos membros do grupo mais denso (que estão mais próximos) do que aos membros 
dos agrupamentos mais distantes. Aparecerão, dessa maneira, em cada região, 
diferentes variedades. No Brasil, por exemplo, a fala da região nordestina se 
caracteriza pela abertura das vogais pretônicas "e" e "o", como em "mérgulho" e 
"cólete", normalmente fechadas em outras regiões. Há lugares onde se 
diz ‘’tomati’’, pimênta e kaska. 
As variações também podem ser notadas nas estruturas sintáticas ou no 
nível lexical. Assim, conforme a região, encontramos "nós fomos ir embora" em vez 
de "nós fomos embora" e a banana pode ser "anã", "nanica" ou "d'água". 
 
 
Fonte: www.descomplica.com.br 
 
A densidade de comunicação também pode explicar as variedades 
linguísticas que existem entre os diferentes grupos sociais, uma vez que cada um 
formará a sua própria rede de comunicação. Assim, sociedades rurais e urbanas 
são importantes fatores sociais, bem como sexo, idade, escolaridade, classe 
socioeconômica, dentre outros. Sabemos, por exemplo, que pessoas que vivem nas 
áreas urbanas falam variedades diferentes dos falantes do meio rural, onde são 
comuns formas como "nóis vai" ou "eles prantô" em oposição às formas padrão "nós 
vamos" e "eles plantaram", mais características das regiões urbanas. 
As mulheres, por outro lado, são linguisticamente mais conservadoras e 
geralmente mais sensíveis à norma culta do que os homens, além de usarem 
expressões e até entonações mais associadas à feminilidade, enquanto os homens, 
de modo geral, distanciam-se da norma padrão e usam formas que acentuam sua 
masculinidade. Segundo Possenti, "muitos meninos não podem usar a chamada 
linguagem correta na escola, sob pena de serem marcados pelos colegas, porque 
em nossa sociedade a correção é considerada uma marca feminina". 
Os grupos etários também diferem linguisticamente: os mais jovens, por 
exemplo, tendem a ser menos conservadores que os mais velhos e isso se refletirá 
na sua maneira de falar. 
A escolaridade também é um fator muito relevante na questão da variação 
linguísticas e, em nosso país, está diretamente relacionada à classe 
socioeconômica, porque os que têm acesso à escola pertencem, de modo geral, ao 
grupo socioeconômico mais privilegiado. Dessa maneira, as pessoas pertencentes 
aos estratos sociais mais altos tendem a usar mais as formas padrão do português 
do que aquelas dos grupos menos privilegiados e menos escolarizados. 
A língua varia, ainda, de acordo com a situação em que o falante se encontra. 
Situações formais exigem uma variedade de língua mais cuidada, uma vez que a 
sociedade impõe certas regras sociais - e, consequentemente, linguísticas - que 
espera ver cumpridas, e que qualquer desrespeito a essas regras pode provocar 
não só o constrangimento ao falante como também a sua não-aceitação pelo grupo. 
Linguisticamente, porém, todasas formas associadas a grupos sociais e a 
diferentes situações são igualmente perfeitas. Nenhuma é melhor, ou mais correta 
ou mais bonita que outra, embora umas tenham prestígio social e outras não 
tenham, e embora algumas possam ser mais adequadas a certas situações sociais 
que outras. 
A aceitação ou não de certas formas linguísticas por parte da comunidade 
falante está relacionada com o significado social que lhe é imposto pelo grupo que 
as usam, ou seja, estão relacionadas com o conjunto de valores que simbolizam e 
que se uso comunica. Algumas variedades são estigmatizadas ou ridicularizadas 
não porque são feias, incorretas ou ruins em si, mas porque a sociedade, 
preconceituosamente, associa seu uso a situações e/ou grupos sociais com valores 
negativos. Cientificamente, porém, todas as variedades de uma língua qualquer são 
igualmente consideradas, porque possuem uma gramática, ou seja, todas possuem 
regras, todas têm organização e todas são funcionais. 
A escola, de modo geral e tradicionalmente, tem desconsiderado a questão 
da variação linguística e dos usos das variedades pela comunidade falante, o que 
é bastante grave, já que muito do que é classificado como problema de fala e escrita, 
principalmente na alfabetização, está diretamente relacionado ao fenômeno. 
O professor alfabetizador, geralmente imbuído dos conceitos da gramática 
tradicional, atribui valores de certo e errado aos textos de seus alunos, 
desconsiderando que as crianças, nesta fase, além de não possuir o domínio do 
sistema gráfico e das complexidades que lhe são características, tende a escrever 
conforme o seu dialeto regional e/ou social. 
Mattoso Câmara Jr., em um artigo denominado "Erros de escolares como 
sintomas de tendências linguísticas no português do Rio de Janeiro", apresenta 
resultados parciais de análises de textos em que mostra que a oralidade e a 
percepção fonética estão presentes na produção escrita dos alunos. 
Luiz Carlos Cagliari, em Alfabetização e linguística, afirma que as crianças 
relacionam a fala e a escrita ortográfica a todo momento e que seus erros não são 
frutos de distração, irreflexão ou descuido. Para ele, os alunos aprendem a escrever 
produzindo textos espontâneos, aplicam nessa tarefa um trabalho de reflexão muito 
grande e se apegam a regras que revelam usos possíveis do sistema de escrita do 
português. Essas regras são tiradas dos usos ortográficos que o próprio sistema de 
escrita tem ou de realidades fonéticas, num esforço da criança para aplicar uma 
relação entre letra e som que nem sempre é previsível, mas que também não é 
aleatória.4 
 TIPOS DE VARIEDADES LINGUÍSTICAS 
Variedades geográficas 
 
4 Texto adaptado: www.scielo.br 
Varia conforme o lugar, a região ou pais em que é desenvolvida. As 
mudanças de tipo geográfico se chamam dialetos. Diz-se que uma língua é um 
conjunto de dialetos cujos falantes podem se entender. 
Exemplos: “menino” é dito no Sudeste.” Guri” para os gaúchos e “piá” para 
os paranaenses. 
 
Variedades históricas 
Ela varia com o tempo, com o desenvolvimento da história. Como por 
exemplo, a palavra “Você”, que antes era “vosmecê” e que agora, diante da 
linguagem reduzida no meio eletrônico, é apenas “VC”. 
 
Variedades sociais 
Os fatores podem variar dependendo da classe social, educação 
(alfabetizado e analfabeto), profissão (médico e economista), idade (criança e 
idoso), procedência étnica, etc. É aquela pertencente a um grupo específico de 
pessoas. 
Gírias usadas por grupos como jogadores de “games”, surfistas etc. Temos 
a linguagem coloquial, usada no dia a dia das pessoas; Jargões usados por 
profissionais como médicos, técnicos de informática, advogados e a linguagem 
formal, usada pelas pessoas que tem uma maior classe social. 
Variedades situacionais 
Incluem as modificações na linguagem decorrentes do grau de formalidade 
da situação ou das circunstâncias em que se encontra o falante. Ocorre de acordo 
com o contexto o qual está inserido, por exemplo, as situações formais e informais. 
Exemplo: Conversa em uma rede social será informal. Em uma entrevista de 
emprego será formal 
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posso fazer postagens direcionadas para ele e te ajudar mais. Aproveita também 
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Fonte: www.mscamp.wordpress.com 
 O ENSINO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS NOS ANOS INICIAIS 
As aulas de Língua Portuguesa costumam centrar-se no ensino da 
gramática, ensinando centenas de regras, que muitas vezes se distanciam da 
realidade dos falantes brasileiros. Com isso, causam certa antipatia por parte dos 
estudantes, pois eles se sentem como aprendizes de um idioma estrangeiro que, 
por mais que se esforcem, dificilmente chegarão à fluência. Para Antunes (2003, p. 
40): 
O conhecimento teórico disponível a muitos professores, em geral, se 
limita a noções e regras gramaticais apenas, como se tudo o que é uma 
língua em funcionamento coubesse dentro do que é uma gramática. 
Teorias linguísticas do uso da prosódia, de morfossintaxe, da semântica, 
da pragmática, teorias do texto, concepções de leitura, de escrita, 
 
5 Texto extraído: www.centraldefavoritos.com.br 
concepções, enfim, acerca do uso interativo e funcional das línguas, é o 
que pode embasar um trabalho verdadeiramente eficaz do professor de 
português. 
 
Para Terra (2008), “a gramática normativa apresenta características 
semelhantes aos códigos de natureza ética ou moral, que nos impõem o que 
devemos ou não fazer, o que é permitido e o que é proibido” (Terra, 2008, p 53). 
Sendo assim, parece tornar o ensino autoritário e descontextualizado com a prática 
linguística de muitos estudantes, que têm que decorar as regras para realização de 
uma prova, mas que, na sua vida, muitas delas não serão utilizadas. De que adianta 
ter centenas de regras gramaticais, as quais não representam o modo como a 
grande massa dos falantes brasileiros usa a língua? Muitas dessas regras, no 
entanto, para os dias atuais, são obsoletas. É o que pensa Terra (2008, p. 59) 
quando nos diz que: 
 
Dado o caráter estático da norma e o caráter dinâmico da fala, a distância 
entre ambas é, em cada momento maior. A fala, por ser a realização 
concreta da língua, representando sua diversidade, evolui a cada instante, 
acompanhando as transformações da sociedade. 
 
Ensina-se a língua portuguesa como se fosse só gramática, tudo que uma 
língua tem de riqueza e dinamismo é posto em segundo plano. Alguns professores 
questionam: por que os estudantes não gostam da Língua Portuguesa? “O que a 
escola ensina não é a língua, mas a nomenclatura. As aulas de Língua Portuguesa 
costumam se caracterizar por ensinar o nome das coisas” (Terra, 2008, p 79). 
Pressupõe-se que o mais importante da língua não é ensinado. O seu uso social e 
a funcionalidade entre os homens que a utilizam parecem não ser lembrados 
durante as aulas. 
 Estas mesmas aulas de português, quando dispõem de tempo para o ensino 
das variações linguísticas, o fazem de maneira intolerante, como aponta Bagno 
(2008, p. 16): 
É preciso evitar a prática distorcida de apresentar a variação como se ela 
existisse apenas nos meios rurais ou menos escolarizados, como se 
também não houvesse variação (e mudança) linguística entre os falantes 
urbanos, socialmente prestigiados e altamente escolarizados, inclusive 
nos gêneros escritos mais monitorados. 
 
 
Considerando as variações como algo que compromete a existência da 
Língua Portuguesa, os próprios livros didáticos contribuem para agravar esta 
situação, favorecendo umas variações e criticando outras. Bagno (2008, p. 16) 
defende que: 
 
Todos os aprendizes devem ter acesso às variedades linguísticas urbanas 
de prestígio, não porque sejam as únicas formas “certas”de falar e de 
escrever, mas porque constituem, junto com outros bens sociais, um direito 
do cidadão, de modo que ele possa se inserir plenamente na vida urbana 
contemporânea, ter acesso aos bens culturais mais valorizados e dispor 
dos mesmos recursos de expressão verbal (oral e escrita) dos membros 
das elites socioculturais e socioeconômicas. 
 
O ensino da Língua Portuguesa necessita com urgência de uma 
reorganização, não só no ensino das variações linguísticas, como em todas as 
áreas, como defendem os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua 
Portuguesa (PCNs): 
 
Essas evidências de fracasso escolar apontam à necessidade de 
reestruturação do ensino de Língua Portuguesa, com o objetivo de 
encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura e da 
escrita (Secretaria de Educação Fundamental,1997, p. 19). 
 
A escola não pode discriminar o estudante pelo seu jeito de se comunicar. 
Pois, essa maneira de falar representa muito mais que um processo comunicativo, 
é a identidade do falante. Nela, é possível perceber de onde vem este falante, a que 
classe social pertence, que cultura possui, etc. É de grande relevância para o falante 
do português saber identificar e diferenciar sua variação linguística das demais, não 
para desprestigiar, e sim para respeitar e encantar-se com a riqueza que a língua 
materna possui. É uma das propostas dos PCNs da Língua Portuguesa dos anos 
iniciais: 
(...) conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural 
brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, 
posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças 
culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras 
características individuais e sociais (Secretaria de Educação Fundamental, 
1997, p. 15). 
 
 
O conhecimento das diversas variações linguísticas também possui sua 
finalidade para a compreensão da linguagem do cinema, teatro e telenovelas, para 
a caracterização do modo de falar dos personagens, que muitas vezes o fazem de 
forma exagerada e totalmente diferente da realidade, por falta de informação ou 
intencionalmente. Um bom exemplo disso são os sotaques dos personagens 
nordestinos exibidos nas novelas, que muitas vezes são exagerados e tornam-se 
cômicos, representando quase sempre pessoas de classes populares e 
notadamente com pouco nível de instrução. Segundo Bagno (2008) esse sotaque 
deve ser de um nordestino de marte. 
 
 
Fonte: www.trabalhosparaescola.com.br 
 
 
Por conta desta ação e do ensino discriminatório, é que o preconceito 
linguístico vem se expandindo. Com a mesma importância que o ensino da norma 
padrão representa para qualquer cidadão no seu uso social, as variações não 
padrão também estão presentes. Durante o dia e, dependendo de com quem se 
fala, é necessário mudar o jeito de falar para ser compreendido. É o que acontece 
com os inúmeros gêneros textuais, cada um com sua função para auxiliar a escrita. 
 O direito que é dado para todos aprenderem a norma padrão deve ser o 
mesmo para o ensino das variações. O estudante não pode em momento algum 
sentir-se linguisticamente inferior, nem superior às outras variações, pois “diferença 
não é deficiência nem inferioridade” (Bagno, 2008, p. 29). O autor ainda defende 
que: 
Seria mais justo e democrático explicar ao aluno que ele pode dizer 
“bulacha” ou “bolacha”, mas que só pode escrever bolacha, porque é 
necessária uma ortografia única para toda a língua, para que todos possam 
ler e compreender o que está escrito (Bagno, 2008, p. 69). 
 
 
 
O que se espera da escola e dos docentes é uma mudança nesta concepção 
do que é ensinar uma língua para o próprio falante do idioma. Que deixe de olhar 
para a gramática como se fosse um livro sagrado e olhe mais para os estudantes 
de língua Portuguesa, não como assassinos da língua, mas sim continuadores. A 
falta de conhecimento dos docentes e das escolas de ciências como a Linguística 
e a Sociolinguística deixa o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa intolerante. 
A definição de Linguística, segundo Cagliari (2007. P. 42) é: 
 
 (...) a linguística é o estudo científico da linguagem. Está voltada para a 
explicação de como a linguagem humana funciona e de como são as 
línguas em particular, quer fazendo o trabalho descritivo usando os 
conhecimentos adquiridos para beneficiar outras ciências e artes que usam 
de algum modo, a linguagem falada ou escrita 
 
É imprescindível que os estudantes aprendam seu idioma de forma lúdica 
quando for possível ou de maneira prazerosa. Que não se considerem incapazes 
de falar sua própria língua e que vejam que a comunicação humana é um 
instrumento tão poderoso, que pode até resolver conflitos ideológicos, políticos e 
sociais quando se faz necessário um diálogo. 
É nítido que não só o ensino das variações linguísticas, como o de toda 
Língua Portuguesa está acontecendo de forma descontextualizada, para não dizer 
errada. 
 É o que Cagliari (2007) mostra: 
 
Neste país, o aluno passa 8 anos na escola de 1° grau, 3 anos na de 2° 
grau e pode passar mais 4 anos na faculdade, sem contar o ano de 
cursinho preparatório e as reprovações [...] e, se um especialista em 
problemas relacionados à Língua Portuguesa fizer uma pesquisa séria 
para ver o que esse aluno aprendeu em mais de uma década de estudos, 
sem dúvidas ficará decepcionado. Então o que o aluno faz nesses anos 
todos de escola? Será que o ser humano precisa de tanto tempo para 
aprender tão pouco? O que está errado nesta história? (Cagliari, 2007, p. 
23). 
 
 
Parece que a parte pedagógica do ensino não se importa com a bagagem 
que o estudante tem linguisticamente desde que entra na escola. É como se ele 
tivesse que esquecer tudo que já aprendeu socialmente sobre Língua Portuguesa 
e tenha que aprender outra língua que nada tem a ver com a forma que ele se 
expressa. É fundamental que o docente assuma o papel de estudioso, investigador, 
cientista, buscando construir o próprio conhecimento da língua, assumindo uma 
postura crítica que consequentemente o auxiliará a ressignificar sua prática, pois 
segundo Bagno (2008, p. 115), como docentes devemos: 
 
(...) acionar nosso sendo crítico toda vez que nos depararmos com um 
comando gramatical e saber filtrar as informações realmente úteis, 
deixando de lado (e denunciando, de preferência) as afirmações 
preconceituosas, autoritárias e intolerantes. Da parte do professor em 
geral, (...) essa mudança de atitude deve refletir-se na não-aceitação de 
dogmas, na adoção de uma nova postura (crítica) em relação a seu próprio 
objeto de trabalho: a norma culta. 
 
 
A escola e os docentes, principalmente dos anos iniciais, estão tão incutidas 
da norma padrão, que parecem acreditar que sua principal função é ensinar a 
criança a falar segundo essa norma. É um terrível engano que podemos cometer 
se aderirmos essa ideia, quando sabemos que isso não corresponde ao que nos diz 
os PCNs: 
 
Não é papel da escola ensinar o aluno a falar: isso é algo que a criança 
aprende muito antes da idade escolar. Talvez por isso, a escola não tenha 
tomado para si a tarefa de ensinar quaisquer usos e formas da língua oral. 
Quando o faz, foi de maneira inadequada: tentou corrigir a fala “errada” 
dos alunos – por não ser coincidente com a variação linguística de prestigio 
social, com a esperança de evitar que escrevesse errado. Reforçou assim 
o preconceito contra aqueles que falam diferente da variedade prestigiada. 
(Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 48) 
 
 
Se fosse assim, o estudante chegaria ao ambiente escolar mudo e, com o 
avançar das séries, começaria a falar como o que acontece com quem está 
aprendendo um novo idioma, como aponta Cagliari (2007, p. 83): 
 
Um aluno na escola não pode chegar à conclusão que seus pais são 
“burros” porque falam errado, não pode achar que as pessoas de sua 
comunidade são incapazes porque falam errado, não têm valorporque 
falam errado, ao passo que a cultura só está com quem fala o dialeto 
padrão, que a lógica do raciocínio só pode ser expressa nessa variedade 
linguística, que o bom, belo e perfeito só pode ser expresso através das 
“palavras bonitas” do dialeto-padrão. 
 
 
Não se trata de uma apologia ao falar diferente da norma padrão, mas tão só 
de respeitar as variações que não seguem a normatização. Tendo em vista que toda 
sociedade se constitui da individualidade de cada um “não se trata de ensinar a falar 
ou a fala “correta”, mas sim as falas adequadas ao contexto de uso” (Secretaria de 
Educação Fundamental, 1997 p. 22). 
 
Fonte: www.provafacilnaweb.com.br 
 
Uma união entre um homem e uma mulher ganha mais credibilidade quando 
existe uma certidão de casamento. A escravidão só terminou com a assinatura da 
Lei Áurea. Como se percebe a sociedade dá um status de seriedade para a escrita. 
Por ter um papel muito relevante no mundo letrado, como nos diz Cagliari (2007, p. 
96): “O ensino do português tem sido fortemente dirigido para a escrita, chegando 
mesmo a se preocupar mais com a aparência da escrita do que com o que ela 
realmente faz representar”. Porém, não se pode esquecer que, da mesma forma 
que a escrita tem uma funcionalidade, a fala também tem. É o que afirmam os PCNs: 
 
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação 
social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso 
à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói 
visões de mundo, produz conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola 
tem a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos 
saberes linguísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito 
inalienável de todos (Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 19). 
 
Por isso o ensino da Língua Portuguesa concentra-se na escrita (produção 
textual, resolução de questões, leitura silenciosa). Já a fala raramente é trabalhada 
em sala de aula e quando acontece é de forma errônea, criticando a maneira como 
certo grupo social fala. Da mesma forma que não existe variação superior a outra, 
o mesmo ocorre entre a escrita e a fala durante o ensino; as duas têm que ser 
coniventes no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que “pode-se perceber 
agora que o ensino da Língua Portuguesa não só é problemático pelo que se ensina, 
mas também é falho porque se deixa de ensinar muita coisa” (Cagliari, 2007, 48). 
As aulas de Língua Portuguesa podem dar o direito para o estudante falar, 
discutir seu idioma, brincar com a fonologia das palavras, como acontece com a 
escrita. Diante dos pressupostos, entende-se que as variações linguísticas não são 
muito apreciadas pela escola, por apresentarem características que “promovem” o 
desvio da norma padrão, pois “a escola, como espelho da sociedade, não admite o 
diferente e prefere adotar só as noções de certo e errado, numa falsa visão da 
realidade” (Cagliari, 2007, p. 65). Com essa premissa, como o professor dos anos 
iniciais pode ensinar a Língua Portuguesa, sem desvalorizar as variações 
linguísticas? 
 
Aprender português (...) não é só aprender como a língua (e suas 
variedades) funcionam, mas também estudar ao máximo os usos 
linguísticos; e isso não significa só aprender a ler e escrever, mas inclui 
ainda a formação para aprender e usar as variedades linguísticas 
diferentes, sobretudo o dialeto-padrão. A escola dessa forma não só 
ensinaria português, como desempenharia ainda o papel imprescindível de 
promover socialmente os menos favorecidos pela sociedade (Cagliari, 
2007, p. 83). 
 
Geralmente, as variações linguísticas são alvo de discriminação, 
principalmente, por serem relacionadas à fala de pessoas das camadas sociais 
menos privilegiadas. A escola e o professor precisam demonstrar o respeito pela 
liberdade de expressão dessas pessoas e a língua precisa ser ensinada de forma a 
combater esse preconceito. Os PCNs discutem que a língua deve ser também 
objeto de reflexão, apoiando-se em dois fatores: “a capacidade humana de refletir, 
analisar, pensar sobre os fatos e os fenômenos da linguagem, e a propriedade que 
a linguagem tem de poder referir-se a si mesma, de falar sobre a própria linguagem” 
(Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 53). 
É possível fazer com que o estudante aprenda sobre a linguagem verbal e 
sobre os contextos sociais nos quais ela se aplica. Um dos principais objetivos do 
ensino da Língua Portuguesa nos primeiros ciclos é trabalhar com o estudante a 
capacidade de “participar de diferentes situações de comunicação oral, acolhendo 
e considerando as opiniões alheias e respeitando os diferentes modos de falar” 
(Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 68). 
A formação do sujeito está além da sala de aula, mas é nela que podemos 
intervir nesse processo, pois a partir do momento em que o estudante reflete sobre 
suas atitudes, ele também pode ter uma compreensão ampla dos fatores que 
implicam em determinadas situações que envolvam as variações linguísticas, se 
reconhecendo como agente transformador que pode e deve combater o preconceito 
linguístico. A escola pode e deve formar bons usuários da língua padrão, mas 
fazendo com que possam reconhecer e utilizar as variedades linguísticas, 
respeitando-as como característica de um determinado grupo social, tal como 
aponta Cagliari (2007, p. 84). 
 
Se os alunos aprenderem a verdade linguística das variantes, geração 
após geração, a sociedade mudará seu modo de encarar esse fenômeno 
e passará a ter um comportamento social mais adequado com relação às 
diferenças linguísticas. 
 
Com isso, teremos falantes conscientes da diversidade linguística da Língua 
Portuguesa, abolindo a intolerância e o desrespeito com as variações linguísticas. 
Geraldi (1997) diz que miséria social e miséria de língua confundem-se. Essa frase 
nos faz refletir sobre o que acontece com vários brasileiros que se sentem 
miseráveis, por não ter o básico para sobreviver, e mais ainda, por não falar a língua 
padrão exigida pela gramática, que considera a sua forma de falar errada e que não 
pertence à língua portuguesa. Milhares de pessoas são excluídas socialmente por 
não seguirem a normatização de uma determinada gramática, escolhida há séculos 
numa sociedade totalmente diferente da de hoje. 
 
 
Fonte: www.novosalunos.com.br 
Como nos afirma Bagno (2008, p. 29) “assim, tal como existem milhões de 
brasileiros sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem 
milhões de brasileiros que poderíamos chamar de sem línguas”. Isso nos faz refletir 
sobre o nosso papel de docente e nossa prática em sala de aula e, também, sobre 
a nossa relação com os milhares de estudantes que deverão passar por nós, que 
refletirão nossos pontos de vista e nossas esperanças, pois que é através deles que 
poderemos combater o preconceito linguístico.6 
 GÊNEROS TEXTUAIS 
São textos que exercem uma função social específica, ou seja, ocorrem em 
situações cotidianas de comunicação e apresentam uma intenção comunicativa 
bem definida. 
Os diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. 
Adequam-se, principalmente, ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da 
mensagem e ao contexto em que se realiza. 
Você já se deu conta da infinidade de situações comunicacionais às quais 
somos expostos ao longo de nossa vida? Nem precisa tanto, pois durante um único 
dia podemos estar envolvidos em diferentes contextos e ambientes que exigem de 
nós um comportamento linguístico específico. A linguagem é um dos mais eficientes 
meios de comunicação, pois ela nos permite interagir com pessoas, assim como 
alterar nosso discurso de acordo com as necessidades do momento. 
Dessa constante necessidade que o ser humano tem de interagir e 
comunicar-se com o outro, surgiram os gêneros textuais. Os gêneros textuais não 
podem ser numerados, visto que variam muitoe adaptam-se às necessidades dos 
falantes. Mesmo que não possamos contá-los, é possível observar que eles 
possuem peculiaridades que nos permitem identificá-los e reconhecê-los entre 
tantos outros gêneros. Entre as características dos gêneros textuais estão a 
apresentação de tipos estáveis de enunciados, além de estruturas e conteúdos 
temáticos que facilitam sua definição. 
Diferentemente dos tipos textuais, que apresentam uma estrutura bem 
definida, além de um número limitado de possibilidades (podem variar entre cinco e 
nove tipos), os gêneros textuais são diversos e cumprem uma função social 
 
6 Texto extraído: www.ipv.pt 
específica. Além disso, os gêneros podem sofrer modificações ao longo do tempo, 
embora muitas vezes preservem características preponderantes. Como exemplo 
dessa “evolução”, temos a carta, que depois do advento da tecnologia foi 
transformada no e-mail, meio de comunicação que substituiu o papel, a caneta e a 
necessidade de postagem pelos correios, visto que pode ser recebido 
instantaneamente pelo destinatário. Contudo, alguns elementos linguísticos foram 
preservados, como as saudações, o remetente e, claro, o destinatário. 
Os gêneros são utilizados todas as vezes que os falantes estão inseridos em 
alguma situação comunicativa. Ainda que inconscientemente, selecionamos um 
gênero que melhor se adapta àquilo que desejamos transmitir aos nossos 
interlocutores, sempre com a intenção de sobre ele obter algum efeito. Seja no 
bilhetinho deixado na porta da geladeira, seja nas postagens feitas nas redes sociais 
ou até mesmo nas piadas que contamos para os nossos amigos, os gêneros estão 
lá, trabalhando a serviço da comunicação e da linguagem.7 
Exemplos de gêneros textuais 
 Romance; 
 Conto; 
 Fábula; 
 Lenda; 
 Novela; 
 Crônica; 
 Notícia; 
 Ensaio; 
 Editorial; 
 Resenha; 
 Monografia; 
 Reportagem; 
 
7 Texto adaptado: www.portugues.uol.com.br 
 Relatório científico; 
 Relato histórico; 
 Relato de viagem; 
 Carta; 
 E-mail; 
 Abaixo-assinado; 
 Artigo de opinião; 
 Diário; 
 Biografia; 
 Entrevista; 
 Curriculum vitae; 
 Verbete de dicionário; 
 Receita; 
 Regulamento; 
 Manual de instruções; 
 Bula de medicamento; 
 Regras de um jogo; 
 Lista de compras; 
 Cardápio de restaurante; 
 
Embora os diferentes gêneros textuais apresentem estruturas específicas, 
com características próprias, é importante que os concebamos como flexíveis e 
adaptáveis, ou seja, que não definamos a sua estrutura como fixa. 
Os gêneros textuais possuem transmutabilidade, ou seja, é possível que se 
criem novos gêneros a partir dos gêneros já existentes para responder a novas 
necessidades de comunicação. São adaptáveis e estão em constante evolução. 
 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS 
 
Fonte: www.revistaestante.fnac.pt 
Tipos e gêneros textuais são duas categorias diferentes de classificação 
textual. 
Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos que definem e distinguem 
a estrutura e os aspectos linguísticos de uma narração, descrição, dissertação e 
explicação. 
Exemplos de tipos textuais: 
 Texto narrativo; 
 Texto descritivo; 
 Texto dissertativo expositivo; 
 Texto dissertativo argumentativo; 
 Texto explicativo injuntivo; 
 Texto explicativo prescritivo. 
 
Os aspectos gerais dos tipos de texto concretizam-se em situações 
cotidianas de comunicação nos gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que 
apresentam uma intenção comunicativa bem definida e uma função social 
específica, adequando-se ao uso que se faz deles. 
Gêneros textuais pertencentes aos textos narrativos: 
 romances; 
 contos; 
 fábulas; 
 novelas; 
 crônicas; 
Gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos: 
 diários; 
 relatos de viagens; 
 folhetos turísticos; 
 cardápios de restaurantes; 
 classificados; 
Gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos: 
 jornais; 
 enciclopédias; 
 resumos escolares; 
 verbetes de dicionário; 
Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos: 
 artigos de opinião; 
 abaixo-assinados; 
 manifestos; 
 sermões; 
Gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos: 
 receitas culinárias; 
 manuais de instruções; 
 bula de remédio; 
Gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos: 
 leis; 
 cláusulas contratuais; 
 edital de concursos públicos; 
Gêneros textuais e gêneros literários 
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer 
tipo de texto, enquanto os gêneros literários se referem apenas aos textos literários. 
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais 
comuns em obras literárias, agrupando-as conforme critérios estruturais, 
contextuais e semânticos, entre outros. 
Exemplos de gêneros literários: 
 Gênero lírico; 
 Gênero épico ou narrativo; 
 Gênero dramático. 
 
Os gêneros textuais são classificados conforme as características comuns 
que os textos apresentam em relação à linguagem e ao conteúdo. 
Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação entre os 
interlocutores (emissor e receptor) de determinado discurso. 
São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu 
do restaurante, bilhete ou lista de supermercado. 
É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero 
textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma 
receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o 
modo de preparo (texto injuntivo). 
Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que existem inúmeros 
gêneros textuais dentro das categorias tipológicas de texto. Em outras palavras, 
gêneros textuais são estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos: 
narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e injuntivo. 
 
 
Fonte: www.conceptodefinicion.de 
Texto Narrativo 
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no tempo e no 
espaço. A estrutura da narração é dividida em: apresentação, desenvolvimento, 
clímax e desfecho. 
Alguns exemplos de gêneros textuais narrativos: 
 
 Romance 
 Novela 
 Crônica 
 Contos de Fada 
 Fábula 
 Lendas 
Texto Descritivo 
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor determinada pessoa, 
objeto, lugar, acontecimento. Dessa forma, são textos repletos de adjetivos, os 
quais descrevem ou apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do 
locutor (emissor). 
São exemplos de gêneros textuais descritivos: 
 
 Diário 
 Relatos (viagens, históricos, etc.) 
 Biografia e autobiografia 
 Notícia 
 Currículo 
 Lista de compras 
 Cardápio 
 Anúncios de classificados 
Texto Dissertativo-Argumentativo 
Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor um tema ou 
assunto por meio de argumentações. São marcados pela defesa de um ponto de 
vista, ao mesmo tempo que tentam persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida 
em três partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese 
(conclusão). 
Exemplos de gêneros textuais dissertativos: 
 
 Editorial Jornalístico 
 Carta de opinião 
 Resenha 
 Artigo 
 Ensaio 
 Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado 
Texto Expositivo 
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada ideia, por 
meio de recursos como: definição, conceituação, informação, descrição e 
comparação. 
Alguns exemplos de gêneros textuais expositivos: 
 Seminários 
 Palestras 
 Conferências 
 Entrevistas 
 Trabalhos acadêmicos 
 Enciclopédia 
 Verbetes de dicionários 
Texto Injuntivo 
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é aquele que indica 
uma ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva orientar e persuadir o 
interlocutor (receptor). Por

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