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Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Apresentação Seja bem-vindo! As empresas se estruturam para atender clientes e produtos por meio do consumo de recursos colocados à disposição. Assim, de acordo com Souza e Diehl (2009), ao se ignorar a relação de recursos (custos) fixos com produtos, assume-se a concepção equivocada de que não existe associação entre ambos, o que pode, inclusive, gerar excessos no dimensionamento de custos fixos. Embora questionável, segundo o ponto de vista dos princípios e normas contábeis, o Custeio Variável assume grande importância na análise de decisões relativas a custos e preços. No método do Custeio Variável, apenas gastos variáveis são considerados no processo de formação de custos dos produtos individuais. Custos ou despesas indiretas são lançados de forma global contra os resultados. A Margem de Contribuição assumida no Custeio Variável revela também sua necessidade, pois corresponde ao montante que sobra à empresa para a cobertura dos custos e despesas fixas e o lucro, quando se abatem das receitas os custos e as despesas variáveis. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá identificar as definições de Custeio Variável e Margem de Contribuição, além de conhecer as vantagens da utilização de ambos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relembrar a definição de Custeio Variável.• Identificar a definição de Margem de Contribuição.• Listar as vantagens da utilização do Custeio Variável e da Margem de Contribuição.• Desafio A margem de contribuição é a somatória das receitas subtraindo os custos e despesas variáveis. Desta forma, os produtos ou serviços da empresa colaboram para a realização da análise da margem de contribuição. Trata-se de uma informação importante a margem de contribuição, pois é um passo mais aprofundado na compreensão nos resultados das atividades realizadas pela empresa com seus produtos os serviços prestados. A margem de contribuição é essencial no processo de tomadas de decisões nas corporações. Por meio deste indicador, dá para se verificar se empresa está sendo efetiva e trata-se de uma análise inevitável para a compreensão do lucro da entidade. Vale ressaltar que sua aplicação leva em consideração duas situações: a primeira diz respeito à existência da capacidade de produção ociosa, que permite que uma decisão não leve em consideração os custos e as despesas fixas, dado que nesse contexto eles não sofrem alteração; a outra situação diz respeito à dimensão tempo, pois decisões com uso de Margem de Contribuição se caracterizam por serem de curto prazo, pois durante um curto período não alterarão os custos fixos. Observe a seguinte situação: Você está na função de gerente dessa indústria. E terá que dizer ao dono da empresa o seguinte: Qual modelo de pneu que mais contribuiu com o resultado da formação do lucro da indústria? Justifique sua resposta. Infográfico O método de Custeio Variável, não alocando os custos e despesas fixas aos objetos de custeio, torna-se vantajoso à medida que isenta a informação de possíveis distorções. Esses custos e despesas fixas não alocados aos produtos são destacados nas demonstrações de resultado, facilitando a análise do montante desses e a influência que têm sobre o lucro da empresa. É, também, um instrumento importante para a gestão na função de planejamento de operações, podendo determinar quais produtos cobrem melhor os custos e também avaliar a variabilidade de produtos. O Custeio Variável oferece à gestão de custos informações úteis para a decisão de preço, principalmente por apresentar, de forma clara, a Margem de Contribuição e o ponto de equilíbrio da empresa, que contribuem diretamente para a tomada de decisão. Antes de apurar o custeio variável, precisamos entender que custos são os gastos aplicados a produção dos bens ou serviços que a empresa produz ou comercializa. Enquanto as despesas são se relacionam diretamente a produção, mas relacionam a operação e manutenção do negócio. Devemos ficar atentos para os casos em que o gasto pode ser custo ou despesa. A depreciação por exemplo, pode ser custo, se tiver relação com o processo produtivo dos itens que serão disponibilizados para venda (estoques). Por outro lado, pode ser classificada como despesa, se não tiver relação com o processo produtivo. Ou seja, a depreciação de veículos ou imóveis da empresa, que não sejam utilizados na produção não são custos, são despesas. Para aplicar o método de custeio variável para a apuração dos custos, é preciso classificar os gastos da empresa. Para isso, antes de fazer a classificação de todos gastos da empresa, entre custos e despesas (variáveis e fixos), devemos observamos os seguintes conceitos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/afd625aa-2e9c-41f9-81c3-ceaae8496426/f8e9bcde-ed1c-467a-a136-98e4d7b8b362.jpg Conteúdo do Livro O Custeio Variável (também conhecido como custo direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não haja produção, não são considerados como custo de produção, e sim como despesas do período, sendo encerrados diretamente contra o resultado do período. Acompanhe o capítulo Vantagens do Custeio Variável e o enfoque de Margem de Contribuição, do livro Análise de custo, para compreender melhor o assunto. Boa leitura. Análise de Custo Iraneide Azevedo Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relembrar a definição de custeio variável. Identificar a definição de margem de contribuição. Listar as vantagens da utilização do custeio variável e da margem de contribuição. Introdução As empresas se estruturam para atender clientes e produtos por intermé- dio do consumo de recursos colocados à disposição. Assim, de acordo com Souza e Diehl (2009), ao ignorar a relação de recursos (custos) fixos com produtos, assume-se a concepção equivocada de que não existe associação entre estes, podendo, inclusive, gerar excessos no dimensio- namento de custos fixos. Embora seja questionável, segundo o ponto de vista dos princípios e das normas contábeis, o custeio variável assume grande importância na análise de decisões relativas a custos e preços. No método do custeio variável, apenas gastos variáveis são considera- dos no processo de formação de custos dos produtos individuais. Custos ou despesas indiretas são lançados de forma global contra os resultados. A margem de contribuição assumida no custeio variável revela também sua necessidade, pois corresponde ao montante que sobra à empresa para a cobertura dos custos e das despesas fixas e o lucro depois de abatidos, das receitas, os custos e as despesas variáveis. U N I D A D E 3 Neste capítulo, você irá identificar as definições de custeio variável e a margem de contribuição e vai conhecer as vantagens da utilização de ambos. Método de custeio É o método usado para a apropriação de custos. Custear significa acumular, determinar custos. Custeio ou custeamento são métodos de apuração de custos, são as ma- neiras como procederemos com a acumulação e a apuração dos custos. Existem dois métodos básicos de custeio: custeio por absorção e custeio variável ou direto, e eles podem ser usados com qualquer sistema de acumu- lação de custos. O sistema de acumulação de custos corresponde ao ambiente básico no qual operam os sistemas e as modalidades de custeio. A diferença básica entre os dois métodos está no tratamento dos custos fixos. Por isso, vamos apresentar a classificação dos custos quanto ao volume de produção, dando um maior destaque ao custeio variável. Custeiopor absorção O custeio por absorção é um processo de apuração de custos, cujo objetivo é ratear todos os seus elementos (fi xos ou variáveis) em cada fase da produção. Só é considerado custo a parcela dos materiais que é utilizada na produção. Conforme Bruni e Famá (2004, p. 216 apud VIEIRA; MACIEL; RIBAS, 2009): Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição2 [...] no método de custeio por absorção, os produtos fabricados pela empresa serão apurados, em princípio, a partir da apropriação de todos os custos dos produtos no período, quer sejam de comportamento fixo ou variável. Nesse método os custos dos setores auxiliares ou de suporte, normalmente representativos de custos fixos, serão objeto de rateio, para determinação do custo global dos produtos fabricados. Neste caso, destacam-se, mais especi- ficamente, os valores de custo das áreas de gerência industrial, engenharia industrial, supervisão, planejamento e controle de produção, transportes internos e outros. Custeio variável (direto) Segundo Atkinson (2000, apud CALESSO, 2010, documento on-line): Custeio variável (também conhecido como custo direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não haja produção, não são considerados como custo de produção, mas, sim, como despesas do período, sendo encerrados diretamente contra o resultado do período. Conforme Crepaldi (1998 apud MARQUES, 2007, p. 38): “fundamenta-se, na separação dos gastos, em gastos variáveis e gastos fixos, isto é, em gastos que oscilam proporcionalmente ao volume da produção/venda e gastos que se mantêm estáveis perante volumes de produção/venda oscilantes dentro de certos limites”. Partindo do princípio que os custos da produção são, em geral, apurados men- salmente e que os gastos imputados aos custos devem ser aqueles efetivamente incorridos e registrados contabilmente, esse sistema de apuração de custos depende de um adequado suporte do sistema contábil, na forma de um plano de contas que separe, já no estágio de registro dos gastos, os custos variáveis e os custos fixos de produção com adequado rigor (MARQUES, 2007, p. 38). Conforme Crepaldi (2011, p. 117): O termo gastos variáveis designa os custos que, em valor absoluto, são propor- cionais ao volume da produção, isto é, oscilam na razão direta dos aumentos ou reduções das quantidades produzidas. Assim, teríamos: R$ 100.000,00 para produzir 100 unidades, ou R$ 200.000,00 para produzir 200 unidades. Quando convertido em custos por unidade de produto, o valor desses custos torna-se estável ou fixo, pois redunda no mesmo custo unitário de R$ 1.000,00. 3Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição O termo gastos fixos designa os custos que, em valor absoluto, são estáveis, isto é, não sofrem oscilações proporcionais ao volume da produção, dentro de certos limites. Quando convertido em custos por unidade de produto, o valor desses custos torna-se variável, pois R$ 150.000,00 imputados a 100 unidades dão um custo de R$ 1.500,00 por unidade, e imputados a 200 unidades dão um custo unitário de R$ 750,00. Os custos sofrem uma diluição maior quanto maior for a quantidade pro- duzida (CREPALDI, 2011). Vantagens do custeio variável Os defensores da utilização desse método argumentam, como vantagem, que os custos fi xos existem independentemente da fabricação ou não de um produto, bem como que os custos fi xos podem ser vistos como encargos necessários para que a empresa tenha condições de produzir, e não como encargo de um produto específi co. Os custos são distribuídos aos produtos por rateios, os quais contêm maior ou menor grau de arbitrariedade. Todavia, para a tomada de decisão, o rateio, por melhores que sejam os critérios, pode tornar um produto não rentável e, é claro, isso não é correto. Padoveze (2003, p. 170) descreve: a) Os custos dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos de distribuição dos custos comuns. b) O lucro líquido não é afetado por mudanças de aumento ou diminuição de inventários. c) Os dados são necessários para a análise das relações custo-volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de informação contábil. d) É mais fácil para os gerentes industriais entender o custeamento dos produtos sob o custeio direto, pois os dados são próximos da fábrica e de sua responsabilidade, possibilitando a correta avaliação de desem- penho setorial. e) O custeamento direto é totalmente integrado com o custo padrão e o orçamento flexível, possibilitando o correto controle de custo. Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição4 Desvantagens do custeio variável De acordo com Padoveze (2003, p. 170) a) A exclusão dos custos fixos indiretos para valoração dos estoques causa a sua subavaliação, fere os princípios contábeis e altera o resultado do período. b) Na prática, a separação de custo fixos e variáveis não e tão clara como parece, pois existem custos, semivariáveis e semifixos, podendo o custeamento direto incorrer em problemas semelhantes de identificação dos elementos de custeio. c) O custeamento direto é um conceito de custeamento e análise de custos para decisões de curto prazo, mas subestima os custos fixos, que são ligados à capacidade de produção e de planejamento de longo prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa. Custos semivariáveis são custos que variam com o nível de produção, entretanto, têm uma parcela fixa, mesmo que nada seja produzido. Exemplo: conta de energia elétrica da fábrica, na qual a concessionária cobra uma taxa mínima, mesmo que nada seja gasto no período. Já os custos semifixos são custos que são fixos em uma determinada faixa de pro- dução, mas que variam se houver uma mudança dessa faixa, como, por exemplo, a necessidade de supervisores de produção de uma empresa. Para a diferenciação de custos, observemos a seguinte situação: Uma determinada empresa fabrica um produto que tem a demanda instável de 8.000, 10.000 e 12.000 kg mensais. Custo fixo: R$ 80.000,00/mês Custo variável: R$ 15,00/kg Para os 3 volumes de produção, os dados são os apresentados no Quadro 1. 5Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Produção Custo total Custo unitário por kg Fixo Variável Total Fixo Variável Total 8.000 kg 80.000,00 96.000,00 176.000,00 10,00 15,00 25,00 10.000 kg 80.000,00 120.000,00 200.000,00 8,00 15,00 23,00 12.000 kg 80.000,00 144.000,00 224.000,00 6,67 15,00 21,67 Quadro 1. Resultados obtidos em três volumes de produção. Com os três volumes de produção obtidos, pode-se observar que, para qualquer volume de produção, o custo do produto vendido foi de R$ 15,00. E, ainda, verificou-se que: No custo total, a coluna referente ao custo variável foi modificada, já o custo fixo permaneceu o mesmo. O custo fixo unitário foi modificado porque ele é consequência da divisão de um valor fixo pelo volume produzido. No custo variável unitário não houve modificação porque cada unidade fabricada recebeu o mesmo montante. No custo total unitário somam-se as parcelas de custo fixo e variável unitários, quanto maior a produção, menor será o custo total unitário. Supondo que uma empresa industrial manufature e comercialize um produto cujo preço de venda seja R$ 10,00 e que apresente a seguinte estrutura de custos variáveis: Matéria-prima e materiais secundários: R$ 5,00 ICMS: 18% PIS e COFINS: 9,25% Comissão de vendedores: 5% Nesse caso, o custo unitário do produto vendido obtido pelo método do custeio variável seria o apresentado no Quadro 2. Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição6 Uma característica importante desse método de custeio é a troca do conceito de apuração do lucro bruto pela apuração da margem de contribuição do período contábil.Com a margem de contribuição obtida pela empresa, deverão ser cobertos todos os custos fixos apropriados no período contábil, identificando- -se, assim, o resultado operacional da empresa sem o diferimen to de custos fixos pelos produtos acabados em estoques ou por meio daqueles em processo de fabricação (LEONE, 2000 apud VIEIRA; MACIEL; RIBAS, 2009). A empresa Chapéus Bahia S.A. produziu, durante o mês de janeiro de determinado ano, 35 unidades. Os custos e as despesas para o único modelo de chapéu que produz estão nos Quadros 3 e 4. Variáveis R$ por unidade Matéria-prima R$ 75,00 Mão de obra direta R$ 50,00 Despesas de vendas R$ 25,00 Total R$ 150,00 Quadro 3. Custos e despesas váriaveis. Matéria-prima e materiais secundários R$ 5,00 ICMS 18% x R$ 5,00 = R$ 0,90 PIS e COFINS 9,25% x R$ 10,00 = R$ 0,925 Comissão de vendedores 5%x R$ 10,00 = R$ 0,50 Total = R$ 7,325,00 Quadro 2. Custeios variáveis de produção. 7Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Fixos R$ por mês Depreciação 300,00 Mão de obra indireta 3.000,00 Outros custos fixos 1.250,00 Despesas gerais 1.450,00 Total R$ 6.000,00 Quadro 4. Custos e despesas fixos. O preço de venda é de R$ 450,00/unidade e não havia estoques iniciais. Foram vendidas 25 unidades. Calcula-se então o lucro do mês pelo custeio variável (direto). Solução no Quadro 5. Vendas (25 x R$ 450,00) R$ 11.250,00 (-) Custos variáveis (25 x R$ 125) R$ 3.125,00 (-) Despesas variáveis (25x R$ 25) R$ 625,00 Custos e despesas variáveis R$ 3.750,00 Margem de contribuição R$ 7.500,00 (-) Custos fixos R$ 4.550,00 (-) Despesas gerais fixas R$ 1.450,00 Custos e despesas fixas (gerais) R$ 6.000,00 Lucro R$ 1.500,00 Quadro 5. Lucro do mês pelo custeio variável (direto). No custeio variável, a diferença entre as vendas líquidas e a soma de custo de pro- dutos vendidos (que só contém custos variáveis) e despesas variáveis é chamada de margem de contribuição. Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição8 Margem de contribuição É a diferença entre o preço de venda e o custo e as despesas variáveis de cada produto ou serviço. A margem de contribuição é o valor que cada unidade con- tribui para o pagamento de custos e despesas fi xos e para a formação do lucro. Margem de contribuição unitária Trata-se da contribuição que cada unidade de produto, ao ser vendida, oferece para a empresa compor o montante que deverá cobrir os custos fi xos e as despesas totais e formar o lucro. Fórmula: MCU = RBV – (CV + DV) MCU = margem de contribuição unitária RBV = receita bruta de venda unitária CV = custos variáveis unitários DV = despesas variáveis Suponha que a empresa Bastian compre bermudas por R$ 40,00 e revende a R$ 70,00, pagando 10% de imposto e 3% de comissão para os vendedores, temos: RBV = 70 CV = 40 DV = 0,10 (Imposto) x 70 (RBV) + 0,03 (Comissão) x 70 (RBV) = 7 + 2,10 = 9,10 MCU = RBV – (CV + DV), MCU = 70 – (40 + 9,10) = 70 – 49,10 = 20,90 Isto quer dizer que cada bermuda tem uma margem de contribuição unitária de R$ 20,90. Para saber o percentual da margem de contribuição, basta dividir o valor calculado pelo preço de venda da bermuda e multiplicar por 100. MC% = R$ 20,90 /R$ 70,00 MC% = 0,30 x 100 9Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Nesse exemplo, a margem de contribuição da bermuda é de 30%. Assim, se a empresa vendeu, em um mês, 120 bermudas a R$ 70,00 cada, recebeu um total de: R$ 8.400 (120x70). A margem de contribuição para toda a operação foi, portanto, 30% desse valor, ou seja, R$ 8.400x 30% = R$ 2.520,00. Caso essa empresa tenha apenas esse produto no catálogo, para que ela dê lucro, seu custo fixo deverá ser menor do que R$ 2.520,00. Margem de contribuição total A margem de contribuição total é o montante que resta do preço de venda de um produto depois da redução de seus custos e suas despesas variáveis. A empresa só começa a obter lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos supera as despesas e os custos fi xos do exercício. A margem pode ser entendida como a contribuição dos produtos para cobertura de custos e despesas fi xos e do lucro. Fórmula: MCT = MCU x Volume de vendas Sendo que: MCU = RBV – (CV + DV) MC = margem de contribuição RBV = receita bruta de venda CV = custo variável DV = despesas variáveis A margem de contribuição representa o valor que cobrirá os custos e as despesas fixos da empresa e proporcionará o lucro. Fórmula em porcentagem: MC% = MC/RBV Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição10 Uma empresa tem os seguintes dados: Vendas no período: R$ 100.000,00. Volume de vendas: 25 unidades. Custos das mercadorias vendidas: R$ 50.000,00. Tributos sobre vendas: R$ 30.000,00. Para calcular a margem de contribuição total: MCU = RBV – (CV + DV) MCU = R$ 100.000,00 - (R$ 50.000,00 + R$ 30.000,00) MCU = R$ 20.000,00 MCT = 20.000 x 25 = R$ 500.000 Vantagens da margem de contribuição As vantagens de conhecer as margens de contribuição de cada produto ou linha de produtos podem ser resumidas em: A margem de contribuição ajuda a empresa a decidir que mercadorias merecem maior esforço de venda e qual será o preço mínimo para promoções. As margens de contribuição são essenciais para auxiliar a administração das empresas decidir pela manutenção ou não de determinados produtos; pela manutenção ou não de determinada filial. As margens de contribuição podem ser usadas também para avaliar alternativas de reduzir preços e aumentar o volume de vendas. A margem de contribuição é utilizada também para determinar o ponto de equilíbrio da empresa (CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE MARABÁ, 2014, P. 48). Ponto de equilíbrio é um índice percentual que marca o ponto em que as vendas criam receitas que se igualam às despesas e aos custos de uma operação. 11Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição Margem de contribuição para fins de suporte ao processo decisório Segundo Leone (2001), a utilização dos custos para tomada de decisão determina o rumo de ações que provocarão alterações sobre os lucros da empresa em curto e longo prazo. Megliorini (2003) destaca que é importante para a tomada de decisões saber a maneira de identifi car, mensurar e informar os custos dos produtos ou serviços. Para o autor, a contabilidade de custos tem como objetivo conhecer os custos dos produtos, para avaliar os estoques e apurar o resultado. Nesta perspectiva, Iudícibus (2000) entende que a contabilidade de custos está preocupada com a apuração do resultado, ou seja, identificar o lucro de forma mais adequada. No mesmo sentido, Martins (2003) defende que inde- pendentemente da estratégia de custo adotada pela empresa, o mercado é o grande responsável pela fixação dos preços, e não os custos dos produtos, e por isso a boa gestão de custos tem seu importante objetivo na maximização dos lucros. Para o autor, torna-se essencial conhecer o custo do produto para definir seu preço de venda, mas essa informação por si só não é suficiente. É preciso também estar atento a fatores externos à empresa e que acabam por influenciar sua gestão em termos de custos. Nesse contexto, quando se trata de custos para fins gerenciais, a análise da margem de contribuição é bastante apreciada. Sua abordagem pressupõe a utili- zação do custeio variável, pois o custo variável subtraído da receita proveniente da venda do produto gera uma margem de contribuição. Conforme Bruni e Famá (2004), o custeio variável é sugerido para fins decisórios devido a não haver rateios de custos fixos ou indiretos, o que não provoca distorções no custo dos produtos. A análise da margem de contribuição é relativamente simples, pois visa a identificar o que sobrou da receita de vendas depois de deduzidos os custos e as despesas variáveis de fabricação. O valor resultante contribuirá para a cobertura dos custos fixos e para a formaçãodo lucro. Teoricamente os pro- dutos que gerarem as maiores margens de contribuição são os que propiciam um lucro maior. Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição12 BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. São Paulo: Atlas, 2004. CALESSO, D. B. Análise de custos com foco nos métodos ABC, variável e absorção. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis)-Faculdade de Ci- ências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Dis- ponível em: . Acesso em: 22 abr. 2018. CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE MARABÁ. Custos para a tomada de decisão. 2014. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2018. CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Curso de contabilidade para não contadores. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. LEONE, G. Custos: um enfoque administrativo. 14. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001 LIMA, E. B. Contabilidade de custos. MARQUES, W. L. Formação de preço de vendas para micro e pequena empresa, utilizando análise de custos e método de tempos e movimentos. Cianorte, 2007. MEGLIORINI, E. Análise crítica dos conceitos de mensuração utilizados por empresas brasileiras produtoras de bens de capital sob encomenda. 2003. 213 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 15Vantagens do custeio variável e o enfoque de margem de contribuição PADOVEZE, C.L. Controladoria estratégica e operacional. São Paulo: Thomson, 2003. VIEIRA, E. P.; MACIEL, E. R.; RIBAS, M. A relevância da gestão de custos e sua efetividade no sistema de informações contábil gerencial. ConTexto, v. 9, n. 16, 2009. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2018. Leituras recomendadas CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas,1997. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS, E.; ROCHA, W. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados sob diferentes perspectivas. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9. ed. 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Tanto o Custeio Variável quanto a Margem de Contribuição apresentam algumas vantagens, pois servem de suporte para que decisões gerenciais sejam tomadas de forma mais sensata e planejada. Na Dica do Professor, você irá conhecer as vantagens do método de Custeio Variável e da Margem de Contribuição. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/6121e8b99b7945ce81088f3a2621cf3a Exercícios 1) Um grupo de alunos de determinada Universidade decidiu organizar um jantar dançante para angariar fundos em prol de uma causa social. O comitê responsável pelo evento estimou os custos para a realização do evento conforme apresentado a seguir: - Jantar por pessoa -------------------------------------------- R$ 22,00 - Convites com o programa do evento (por pessoa) --------- R$ 3,00 - Panfletos para a divulgação do evento ------------------- R$ 500,00 - Atração musical ----------------------------------------- R$ 1.100,00 - Aluguel de espaço em um clube local -------------------- R$ 900,00 - Gastos e pessoal de apoio (limpeza, segurança) ----- R$ 1.600,00 - Decoração do local ---------------------------------------- R$ 900,00 O comitê organizador pretende cobrar ingresso de R$ 50,00 por pessoa e estima a adesão de pelo menos 500 pessoas ao evento. Nesse contexto hipotético, assinale a alternativa que apresenta a Margem de Contribuição Unitária que o comitê organizador deve ter para cobrir todos os gastos previstos para a realização da festa: A) R$ 20,00 B) R$ 25,00 C) R$ 15,00 D) R$ 28,00 E) R$ 22,00 A Indústria Chagas S.A. produziu, durante o mês de maio de determinado ano, 50 unidades de chapéus. Os custos e despesas para o único modelo de chapéu que produz são: 2) O preço de venda é de R$ 300,00 por unidade, e não havia estoques iniciais. As vendas foram de 35 unidades. Nesse contexto, assinale a alternativa que mostra o cálculo correto do lucro do mês pelo Custeio Variável (direto). A) R$ 350,00 B) R$ 400,00 C) R$ 380,00 D) R$ 410,00 E) R$ 500,00 3) “No critério de Custeio Variável só são apropriados aos produtos os custos variáveis, ficando os custos fixos separados e _____________” Assinale a alternativa que completa a frase sobre o Custeio Variável: A) alocados aos produtos por um critério de rateio. B) considerados como despesas do período. C) alocados aos produtos através de rastreadores. D) atribuídos aos produtos proporcionalmente. E) mantidos nos estoques de produtos em processo. 4) No Custeio Variável, o cálculo dos custos finais por produto é computado somente dos custos variáveis. Nesse contexto, assinale a alternativa que contenha uma vantagem do Custeio Variável. A) A exclusão dos custos fixos indiretos para valoração dos estoques causa sua subavaliação, fere os princípios contábeis e altera o resultado do período. B) Os custos dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos de distribuição dos custos comuns. C) O lucro líquido é afetado por mudanças de aumento de inventários. D) No Custeio Variável, a separação de custos fixos e variáveis não é tão clara como parece, pois existem custos semivariáveis e semifixos, podendo incorrer em problemas semelhantes de identificação dos elementos de custeio. E) O custeamento variável (direto) é um conceito de custeamento e análise de custos para decisões de curto prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa. 5) Para a empresa, a apuração da Margem de Contribuição é muito importante, pois é por meio dela que a organização sabe o quanto cada produto contribui na formação do lucro. Dentre as alternativas abaixo, qual apresenta a fórmula para o cálculo da Margem de Contribuição? A) Preço de Venda + (Custos Fixos – Despesas Fixas) = Margem de Contribuição. B) Preço de Venda – (Custos Fixos + Despesas Fixas) = Margem de Contribuição. C) Preço de Venda + (Custos Variáveis – Despesas Variáveis) = Margem de Contribuição. D) Preço de Venda + (Custos Variáveis – Despesas Fixas) = Margem de Contribuição. E) Preço de Venda – (Custos Variáveis + Despesas Variáveis) = Margem de Contribuição. Na prática O método de Custeio Variável (também conhecido por método de Custeio Direto) é um dosmétodos de Custeio mais conhecidos e utilizados entre as empresas, principalmente aquelas que trabalham no modelo industrial ou comércio. E um dos principais motivos para isso é sua simplicidade e objetividade. Os custos variáveis (ou custos diretos), como o próprio nome sugere, são aqueles que variam de acordo com o volume de produção e vendas da empresa. Ou seja, seus valores dependem diretamente do volume produzido, que por sua vez vai variar conforme o volume de vendas efetivadas em um determinado período de tempo. Acompanhe o caso de Juscelino, que irá calcular de maneira simples o Custo Variável Total na empresa de chocolates onde trabalha. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/caa95a30-1a2c-4a42-b173-1b05bb2e157f/e67912ec-3278-4572-b9fa-5e13a90f8712.jpg Saiba mais Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O custeio por absorção e o custeio variável: Qual seria o melhor método a ser adotado pela empresa? No artigo a seguir, tem como objetivo evidenciar as principais diferenças entre o custeio por absorção e o custeio variável, relatando as vantagens e desvantagens de cada um para refletir sobre qual seria o melhor método a ser adotado por uma empresa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Margem de Contribuição: o que é Margem de Contribuição? Como calcular a Margem de Contribuição? Este vídeo explica os conceitos utilizados na Margem de Contribuição e no Custeio Variável. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. CUSTEIO VARIÁVEL, MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E PONTO DE EQUILÍBRIO: APLICAÇÃO E ANÁLISE EM UMA UMA MICRO EMPRESA DO RAMO PETSHOP Leia o artigo CUSTEIO VARIÁVEL, MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E PONTO DE EQUILÍBRIO: APLICAÇÃO E ANÁLISE EM UMA UMA MICRO EMPRESA DO RAMO PETSHOP https://pessoas.feb.unesp.br/vagner/files/2009/02/Moura_2005.pdf https://www.youtube.com/embed/Yy6rUeKuAbk Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/185957/001081516.pdf?sequence=1