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Nascimento grego - História, Cultura e Sociedade

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Resenha: Nascer, viver e morrer na Grécia antiga – Maria Beatriz Borba Florenzano
Capítulo 2 – O Nascimento
É sempre interessante voltar atrás e conhecer sobre sociedades passadas, principalmente a grega. Em sua obra, Maria Beatriz Florenzano traz uma análise sobre como a cultura dos gregos estava presente durante a vida de seus cidadãos, em todas as suas etapas, desde o nascimento até sua morte.
No capítulo dois, a autora aborda sobre o rito do nascimento, e o identifica como a primeira grande transição na vida do Homem. O fato de ser uma transição causava uma atenção especial pois, uma vez que possuíam medo da mácula, as transições eram vistas como períodos socialmente instáveis, sujeitos a concepção de espíritos indesejados. Para isso, tais momentos precisam de purificação, inclusive o nascimento.
O quarto onde ocorresse o parto deveria ter suas paredes purificadas e o primeiro banho da criança representava uma maneira de comprovar sua resistência à vida. Alguns eram banhados no vinho, como em Esparta, o que acabava por causar a morte dos doentios, em outras regiões usava-se ainda água gelada ou urina. Os gregos demonstravam o sexo do bebê perdurando objetos em cima de suas portas, caso fosse menina, uma fita de lã, para um menino, um ramo de oliveira.
Dado esse processo, Florenzano descreve os eventos pelos quais os bebês passam. O oikos é o nome dado a uma série de ritos realizados para integrar a criança à casa do pai, que aceita o bebê como membro da família assumindo o papel de quírios, o senhor da criança até determinado ponto de sua vida. A Decate é uma cerimônia aberta para toda a família e amigos, com comemorações por meio de danças e muita comida. Outra festa mencionada é a Genetlia, onde a criança recebia seus presentes e, supostamente, seu nome. Ainda, era na festa Apatúria que a criança (nesse caso, os meninos) era apresentada à fátria (grupo que acreditava ser descendente do mesmo ancestral) familiar, tal festa, como pontua a autora, corresponde ao nosso registro de cartório. Aos 3 anos, durante as Antestérias, festas ao deus Dioniso, a criança passava por uma nova apresentação. Era comum nessas festividades que sacrifícios de animais em nome dos deuses ocorressem. 
Apesar da preocupação com a realização desses ritos, nem todas as famílias tinham condições para arcar com todos os banquetes e nem todas as crianças passavam por eles. Havia na Grécia uma legislação limitando que apenas crianças nascidas de cidadãos gregos seriam reconhecidas. Mesmo que com o tempo alguns afrouxamentos ocorresse, a lei esteve sempre presente.
Como exemplificado acima, a aceitação da criança pelo pai é de extrema importância. Caso ela não ocorra, o recém-nascido era posto em um poste de argila e abandonado à morte, enquanto em Esparta era jogada junto ao lixo, num precipício. O fato de não haver um sentimentalismo relacionado a esse abandono está ligado à ideia de que, sem passar pelos ritos já citados, o bebê “não existe”. Por fim, nem todas as crianças abandonadas morriam de fato, pois haviam grupos de mulheres que se empenhavam em encontrar pais para essas crianças. Entretanto, abandonar e assassinar uma criança tinham efeitos diferentes.
Essa questão da exposição despertou o interesse de diversos estudiosos, tendo principalmente como base uma obra de Posidipo, alguns interpretando que expor crianças era algo corriqueiro quando o filho era indesejado, outros defendendo que os gregos desprezavam somente as filhas. Ainda, outros buscaram textos antigos alternativos, além de escavações. Através desse estudo mais amplo, concluiu-se que os casos de abandono eram majoritariamente ligados ao caso de bebês defeituosos. Havia de fato uma preferência pelos meninos, mas não há como comprovar que as meninas fossem por ser meninas abandonadas, principalmente pela necessidade de mulheres graças às mortes durante partos. Nem a condição de pobreza dos pais era motivo para a exposição, uma vez que, sem escravos, necessitavam de braços para o trabalho. Não se deve entender, contudo, que os gregos não ligavam para filhos, pois envelhecer sem tê-los para os cuidados era considerado uma desgraça e inúmeros são os relatos do tamanho amor dos gregos para com seus filhos.

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