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PETIÇÃO INICIAL 1. INTRODUÇÃO: - Petição inicial: é a peça escrita que expõe a pretensão concreta do autor ao juiz, requerendo a efetivação do processo até o provimento final, de modo a satisfazer a prestação jurisdicional, solucionando o conflito de interesses por meio da intervenção do Estado. - É também a instrumentalização física da demanda, com dupla função: provocar a instauração do processo e identificar a ação. - Primeira relação jurídica: autor e Estado-Juiz. - Propositura regular é pressuposto processual (partes (capacidade), causa de pedir e pedido). Caracterizado pela presença dos elementos da ação. - Efeitos da petição inicial: 1. determinar os termos e os limites do provimento jurisdicional; 2. determina a litispendência ou a coisa julgada, além da conexão ou continência; 3. determina a competência; 4. determina a carência da ação, quando ausente a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade de parte (extinção: CPC, art. 267, VI), negando-se a apreciação do mérito; 5. determina o procedimento adequado (ordinário, sumário, especial ou cautelar). - A petição inicial deve estar perfeita para a estabilização da ação, porque é por meio dela que se apresentam os limites da demanda, não se admitindo alterações ulteriores, exceto nos casos do art. 284do CPC. 2. REQUISITOS: - Os requisitos estruturais da petição inicial estão no art. 282 do CPC e os formais, que são os pertencentes aos atos processuais, além dos extrínsecos, que não dizem respeito propriamente a ela, mas que fazem parte dela, como os documentos, a procuração, o recolhimento das custas, etc. 3. REQUISITOS FORMAIS: - São aqueles de caráter geral a que a lei submete todos os atos do processo. - Petição escrita: em razão do caráter documental. Seguinte à autuação. - Redigida em vernáculo (CPC, art. 156). Pode conter expressões em latim ou língua estrangeira, mas de modo parcimonioso, ou seja, sem atrapalhar o seu entendimento. - Admite a transmissão via fax, nos termos da Lei nº 9.800/99 (art. 2º, caput e par.), porém deve vir com os documentos, guias e tudo o mais necessário. - Deve ser assinada (sem ela é ato inexistente). Expressão da vontade. Falta: prazo de 10 dias para regularização (CPC, arts. 13 e 294). 4. REQUISITOS ESTRUTURAIS (CPC, ART. 282). - a) art. 282, I: "juiz ou tribunal a que é dirigida". - Indicação do órgão judiciário a ser endereçada. Invocação do órgão, não do seu ocupante. - Normalmente para 1º grau, mas pode ser ao tribunal em caso de competência originária (ex. ação rescisória). - Importante porque tem ligação com a competência para o seu recebimento. O reconhecimento da incompetência impede a apreciação do mérito. Se absoluta nulos serão os atos praticados, embora o CPC (art. 219) minimize erros dessa ordem, dando como válida a citação para efeitos de interromper a prescrição. - b) art. 282, II – partes e sua qualificação. - Inicialmente o processo mantém uma relação bilateral, autor/Estado-Juiz, independente da citação do réu, que citado integrará a lide. - Identificação completa e correta, com dados de qualificação (solteiro, casado, domiciliado, R.G., CPF) do autor e do réu. - litisconsórcio: qualificação de todos os autores e réus. - Autor representado é o seu nome que deve constar (representante não é parte). - O substituto processual é parte (pleiteia direito alheio em nome próprio), portanto deve ser qualificado. - Nomeadas e qualificadas as partes que tenham capacidade (administração pública é mera repartição). - Pessoa jurídica de direito privado deve ser qualificada. Se houver sucessão, deve constar o da sucessora e não a antiga). - Quando não houver prejuízo em razão de grafia errada do nome, pode haver retificação. - Muitos autores, cabe listar em anexo, desde que a lista acompanhe a citação. - Excepcionalmente, nos casos de invasão de terras não se entende necessária a indicação e qualificação de todos os invasores, mas apenas de alguns, caso contrário estaria inviabilizada a ação. - Qualificação são os dados pessoais responsáveis pela identificação da pessoa no meio social (estado civil, profissão, residência, RG, CPF, importantes no ato da distribuição). Vale o critério do prejuízo. - A qualificação é importante em face do ato citatório. Endereço errado pode trazer prejuízo ao processo. - c) art. 282, III – fatos e fundamentos do pedido. - A causa de pedir se constitui: 1. narrativa dos fatos, ordenadamente, que geraram as conseqüências jurídicas pretendidas; 2. proposta de enquadramento na norma de direito material, entendida como fundamento jurídico (ex. responsabilidade contratual, alimentos, etc.). - Não se exige a citação de dispositivo legal. - Fundamento jurídico não é o mesmo que fundamento legal. O fundamento jurídico é proposta de enquadramento do fato ou ato à norma, não vinculando o juiz. - O que vincula o juiz na sentença são os fatos e não a norma mencionada pelo autor (teoria da substanciação). O enquadramento tem efeito para a determinação de competência, que pode ser modificada (exceção de incompetência relativa ou absoluta). - A narrativa dos fatos deve permitir ao juiz entender a demanda. A lógica estabelece-se pela premissa-maior (lei), pela premissa-menor (fatos) e pela conclusão (pedido). - Premissa-maior: ampla e vaga (ex. todo aquele que causa dano tem a obrigação de reparar). - Premissa-menor: fatos narrados de forma precisa, completa e cronológica. Versão verossímil que deve conter os nomes de pessoas, localização no tempo (detalhamento). - d) art. 282, IV – o pedido e sua especificação. - Pedido: é a prestação jurisdicional pretendida pelo autor para atendimento de sua pretensão. - O pedido dá ao juiz o limite da demanda. - Pedido divide-se em imediato e mediato: o imediato consiste numa sentença declaratória (quando há incerteza da existência do direito), constitutiva (quando há alteração de situação jurídica – ex. modifique situação jurídica), ou condenatória (quando há inadimplemento) e o mediato é a utilidade da sentença, a obtenção do bem jurídico pretendido. - Deve haver coerência entre os fatos e o pedido (ex. quem alega que o contrato foi celebrado sob coação pedirá sua anulação e não mera declaração de nulidade), sendo vício grave a incoerência. - O pedido deve obedecer requisitos: ser certo, no sentido de ser expresso, com individualidade específica; determinado, no sentido de definido ou delimitado quanto à qualidade e/ou quantidade; concludente, resultante da causa de pedir; alternativo, excepcional, consiste em pedir uma coisa ou outra, assim como os genéricos ou ilíquidos que deixam de especificar os bens desejados pelo autor. - Embora deva constar expressamente, a pretensão de receber juros legais e correção monetária, independem de pedido, pois decorrem de lei ( pedido implícito). - Cumulação de pedidos: pode o autor reunir dois ou mais pedidos cumulativamente. Será simples a cumulação quando for mera justaposição ou decorrência um do outro (ex. reintegração de posse e indenização; separação e alimentos); alternativo, quando pretender uma coisa ou outra, considerando-se eventual quando manifestar preferência por determinada solução e subsidiariamente pedir outra coisa (ex. nulidade do contrato ou, subsidiariamente, a rescisão por inadimplemento). - Para se admitir a cumulação de pedidos é necessário: 1. compatibilidade entre eles; 2.juízo competente para apreciar a todos (incompetência relativa e absoluta); 3. adequação de procedimento (CPC, art. 292, § 1º, inc. I a III) (ordinário, sumário, especial, execução). - Por ser matéria de ordem pública pode o juiz indeferir certas cumulações, por ter o dever de zelar pela regularidade processual. Pode ser feita em qualquer momento, melhor logo de início, mas pode ser até a sentença. Pode haver desmembramento e não sua extinção, consultando, o juiz, o autor, sobre o pedido que deve prosseguir. (Não há unanimidade nos tribunais quanto à extinção ou exclusão, pois o CPC (art. 295, I, cc § e inc. IV, manda indeferir por inépcia. Aplica-se o princípio da economia processual, aproveitando-se, se possível). - O juiz deve sempre se manifestar sobre os pedidos especificamente, rejeitando ou acolhendo, fundamentadamente. - e) art. 282, V – valor da causa. - Dá-se o valor à causa, em regra, tendo como base o benefício econômico pretendido pelo autor no processo. - Finalidades: 1. caráter tributário, porque é por ele que se calculam as custas e taxas judiciárias; 2. indicação do procedimento, como o sumário (CPC, art. 275, I). - Não deve ser usado como base de cálculo para honorários advocatícios impostos ao vencido (Cândido Dinamarco), mas freqüentemente o é. - Outros feitos: execução fiscal com valor abaixo do mínimo legal ou em seus embargos, não admite apelação, mas só embargos infringentes ao mesmo juízo; juizado especial cível, valor até 40 salários mínimos. - A toda causa deve ser atribuído um valor (CPC, art. 258), mas o próprio código excepciona quando trata das causas de valor inestimável, propiciando ao juiz o uso da equidade (CPC, art. 20, § 4º). - Aplica-se à reconvenção, oposição, denunciação da lide, intervenção litisconsorcial voluntária, etc.. - O CPC, no art. 259, estabelece normas específicas para atribuição do valor da causa, atendendo ao critério econômico. São critérios legais e de natureza objetiva, mas que não atingem todas as hipóteses possíveis, obrigando a utilização de critérios estimativos algumas vezes, trazendo um grau de subjetividade da parte (CPC, art. 258: “não tenha conteúdo econômico imediato”). - Portanto, temos critérios legais (CPC, art. 259) e estimativos (ex. pedido ilíquido). - Casos importantes: pedidos cumulativos, alternativos, de trato sucessivo (CPC, art. 290), alimentos (vencidas mais 12 vincendas, etc. - Ver CPC, art. 259, I – valor do ato jurídico como um todo. Aplica-se às pretensões meramente declaratórias, às sentenças constitutivas (modificação, extinção ou constituição de direitos), às condenatórias destinadas ao cumprimento do próprio ato ou obrigação. - Se o ato tiver que ser cumprido parcialmente, o valor será a dimensão da pretensão e não o ato todo. - Para casos omissos, como causas que tenham por objeto coisas determinadas pelo gênero ou quantidade e obrigações de fazer e não-fazer, vale o critério amplo do art. 258 do CPC. - Deve prevalecer sempre o princípio da razoabilidade para que não se torne impossível o acesso à justiça pela imposição de custas e taxas elevadas e insuportáveis. - Discute-se sobre a possibilidade do controle, pelo juiz, portanto, de ofício, do valor da causa, em face do disposto no art. 261 do CPC, que dá ao réu o direito de impugnação. - A melhor solução é trazida pelo equilíbrio, ou seja, quando o critério for legal (disposto na própria lei), pode o juiz agir de ofício, determinando sua adequação, mas quando o critério for o estimativo, deve o juiz aguardar a impugnação do réu, não devendo alterá-lo, porém se fugir ao equilíbrio, pode o juiz efetivar uma verificação espontânea. - A impugnação do réu tem o prazo da resposta, sob pena de preclusão, mas para o juiz não há preclusão em matéria de ordem pública, por independer de provocação, portanto realizável a qualquer momento do processo. - f) art. 282, VI – protesto por provas. - Mero protesto, não acarretando qualquer preclusão. - O requerimento será feito mais tarde, na fase ordinatória (CPC, art. 324), quando então a não apresentação trará graves conseqüências. - g) art. 282, VII – requerimento de citação do réu. - O requerimento de citação do réu deve ser expresso, porém se a parte não o fizer poderá o juiz, por iniciativa própria, determinar a prática do ato. - Há posição contrária, que considera incapaz de provocar o indeferimento da inicial. - A citação se dará também em relação ao litisdenunciado, ao chamado ao processo, aos opostos, etc. - h) art. 39, I – endereço do patrono do autor. - Indispensável e capaz de provocar a extinção do processo, porque é meio de possível comunicação ou intimação do advogado. - Considera-se suprido quando constar de procuração e até mesmo do cabeçalho do papel da petição. - Hoje as intimações são feitas, normalmente, pelo DO, onde não constam dados pessoais, só o nome do patrono. i) Requisitos adicionais. Documentos e custas. - São requisitos da propositura e não da inicial, tanto os documentos, quanto as custas, são requisitos extrínsecos. - A parte deve recolher as custas para o Estado de modo a ver prosseguir a demanda (CPC, art. 257), sob pena de indeferimento da inicial. - Caso não haja o recolhimento ou seja ele insuficiente, , deve haver a intimação pessoal da parte (CPC, art. 267, par. 3º), não bastando a do advogado, como já decidido pelo STJ. Não basta a intimação pelo DO. - Não se aplica aos dispensados pelo preparo, como os beneficiários da assistência judiciária, Fazenda Pública e Ministério Público. - Quanto aos documentos, temos a procuração e o estatuto social. - A procuração é o instrumento de outorga de poderes de representação do advogado (CPC, art. 37), que tem capacidade postulatória. - Em casos de urgência admite-se a distribuição sem a presença da procuração, sendo concedido prazo de 15 dias para regularização posterior (CPC, art. 37, par.). - Só acarretará extinção se a regularização determinada não for cumprida. O STJ decidiu que só cabe em caso de representação irregular, não inexistente. - Quando se tratar de pessoa jurídica, para demonstrar que o outorgante tem poderes e é o seu representante, há necessidade da juntada da cópia do estatuto ou contrato social, acompanhado do ato pelo qual foi nomeado o signatário para o cargo representativo. - Sendo a autora massa falida ou herança jacente, comprova-se por cópia do ato de nomeação do síndico ou inventariante (CPC, art. 12, inc. III a V). - j) art. 283 – documentos indispensáveis. - Documentos indispensáveis são aqueles sem os quais o mérito da causa não pode ser julgado (ainda que improcedente), portanto depende do tipo de ação (ex. certidão de casamento nas ações de separação judicial; escritura pública e registro nas ações fundadas em direito de propriedade). - Temos os documentos meramente úteis, que poderão ser decisivos para o julgamento da demanda. - Cândido Dinamarco entende que os documentos úteis não precisam vir com a inicial, porque pode o réu não contestar ou impugnar. Não concordo, porque deve prevalecer os princípios da boa-fé e da lealdade processual, que não admitem às partes a ocultação de documentos para apresentação posterior (CPC, art. 396). - Diferentes tratamento deve ser dado aos documentos novos, que são aqueles que surgiram após a propositura da ação ou que tenham sido tardiamente encontrados. Serão analisados sob o crivo do contraditório. -Cabível também o incidente de exibição de documento (CPC, art. 355), quer de documentos indispensáveis, quer de úteis, que estejam em poder da outra parte ou de terceiros. - l) Ajuizamento da petição inicial e seus efeitos. - A petição inicial é documento escrito. - Ajuizamento: ato de apresentar em juízo, formando de imediato o processo. Implanta-se a litispendência. - Efeitos em relação ao réu somente após a citação válida. - Efeito substancial: interrupção da prescrição, embora provisória. - Deve preencher os requisitos do art. 282 e 283 do CPC. - Em ordem, será distribuída. - Distribuição é o ato com que uma repartição judiciária atribui a causa a um dos juízes do foro. - Hoje é feita eletronicamente e de forma aleatória e não alternadamente como prevê o art. 252 do CPC, obedecendo o estabelecido pela organização judiciária. - Supervisiona a distribuição um juiz, chamado de corregedor do distribuidor, podendo, em caso de falha, haver correção pelo juiz da causa (CPC, art. 255), cabendo às partes a fiscalização. - Nos tribunais, a distribuição a distribuição em razão da competência originária obedece o princípio da publicidade, alternatividade e do sorteio (CPC, art. 548). - O distribuidor verificará a existência de prevenção (dependência). CPC, art. 253 (embargos de terceiro). - A reconvenção e as intervenções de terceiro não serão distribuídas, mas apenas anotadas por ordem do juiz. DEFERIMENTO OU INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL - Ao receber a petição inicial, o juiz fará um juízo de admissibilidade, analisando a presença dos requisitos intrínsecos e dos documentos que devem acompanhá-la, quando: a) definindo-a, mandará citar o réu; b) havendo imperfeições sanáveis, determinará que seja suprida, sob pena de indeferimento; c) havendo causa de inadmissibilidade do julgamento de mérito, determinará manifestação do autor e depois deferirá ou indeferirá. - Juízo inicial - pressuposto de admissibilidade do julgamento do mérito: - Verificará a presença das condições da ação e dos pressupostos processuais. - Atividade saneadora antecipada. - Muitas vezes o juiz só poderá ter uma aferição perfeita da inicial após a citação e contestação do réu, o que fará na fase ordinatória. - Deferimento da Petição Inicial: - Presentes os requisitos básicos de admissibilidade, o processo inicia sua trajetória rumo ao julgamento da pretensão formulada, mas sempre sob as condições de análise da futura defesa. - Embora a lei dê a impressão de que não preenchidos os requisitos de admissibilidade a inicial deve ser indeferida de plano (admitida a emenda somente nos casos do art. 284 e 295, V, do CPC), o fato é que devem vigorar os princípios da economia processual, do contraditório e do devido processo legal, concedendo prazo para eventual regularização antes de qualquer rejeição. - Deve o juiz permitir a manifestação e participação das partes, até porque o entendimento mais moderno coloca um juiz mais participativo. - Apresenta-se para mim, porém, em alguns casos a desnecessidade de manifestação da parte, com o reconhecimento da decadência e da prescrição (Cândido Dinamarco acha que sempre deve haver a manifestação das partes). - Indeferimento da inicial: - Ausentes os requisitos, quer pela omissão do autor, quer pela impossibilidade de fazê-lo, o juiz proferirá sentença extintiva do processo sem julgamento do mérito, o que significa que não estão presentes os pressupostos de admissibilidade do julgamento do mérito. - Sanada eventual irregularidade ou omissão, a demanda pode ser reproposta, exceto se a extinção se deu pelo reconhecimento da coisa julgada, litispendência ou perempção (CPC, art. 267,V). - Pode ocorrer o indeferimento parcial, quando atingir algum dos sujeitos , ou fundamentos ou parcela do pedido, prosseguindo quanto ao remanescente. Será decisão interlocutória e não sentença. - Hipóteses de indeferimento da petição inicial e a possibilidade de seu conhecimento: - arts. 284 e 295 CPC – quase todas as hipótese estão incluídas no 267 do CPC. - Cabe o indeferimento: falta de condições da ação; falta de pressupostos processuais; ou presente algum pressuposto negativo de julgamento. a) Indeferimento por carência da ação: - Legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. - Decisão sobre o processo e não de mérito, porque não consiste em negar os fundamentos da demanda. - Causas expressas de indeferimento da inicial, dando-a como inepta (CPC, art. 295). - Normalmente é difícil ao juiz se pronunciar desde logo pela ausência de condições da ação, devendo aguardar a manifestação do réu, exceto se os documentos juntados com a inicial trouxerem dados seguros. b) Indeferimento por falta de pressupostos processuais: - Requisitos necessários ao desenvolvimento válido e regular do processo (CPC, art. 267, VI). - Necessária a configuração da relação jurídica, que é o vínculo entre pessoas. - Instrumento de mandato hábil à validade dos atos praticados pelo advogado. - O juiz deve ser competente, a parte capaz e o objeto lícito. - Dividem-se em subjetivos e objetivos: serão subjetivos quando digam respeito aos sujeitos do processo, juiz e partes e objetivos quando envolvam o próprio processo e seus atos (ex: falta de pagamento de despesas processuais, falta de citação, etc.). c) Inépcia por incorreta propositura da ação: - Não se trata de tipo de demanda ou procedimento. - Será tida como incorreção na propositura da demanda a ausência dos requisitos intrínsecos (CPC, art. 282), inviabilizado o processo e a decisão de mérito. - 295, § único, do CPC: falta de pedido ou causa de pedir; incoerência entre os fatos e fundamentos; incompatibilidade de pedidos cumulados; imperfeita redação da petição inicial, tornando-a ininteligível. - Consideram-se também outros motivos, como a falta de procuração; falta de documentos indispensáveis; falta de recolhimento de custas; não- pagamento de custas e honorários anteriores. d) 295, parágrafo único, do CPC: - Falta de pedido: deixa o processo sem objeto, sendo que o objeto é a pretensão do autor sobre a qual o juiz deve se pronunciar. Se houver pedido incompleto, deduzido pelas razões expostas, a parte será prejudicada porque o juiz só decidirá sobre o que estiver expresso. - Falta de causa de pedir: impede a defesa do réu, porque a narrativa dos fatos é essencial. A falta de fundamento jurídico não é motivo de inépcia. Porém quando faltar fundamento fático em relação a eventuais pedidos, o juiz conhecerá e decidirá apenas aqueles que foram capazes de formar o seu convencimento. - Incoerência lógica entre causa de pedir e pedido: é vício que conduz à inépcia, porque os fatos narrados não conduzem à conclusão do autor. Silogismo imperfeito. e) Procedimento inadequado: - A premissa principal é a indispensabilidade do procedimento, razão de ordem pública que põe acima da vontade das partes a opção por algum deles. - São regidos pela matéria (natureza da causa), ou valor da causa, devendo o autor seguir o procedimento especial ou sumário quando a lei assim determinar. - Deve o juiz mandar emendar a inicial, sob pena de indeferimento. - Muitas vezes o próprio juiz manda adaptar, valendo-se do poder de direção do processo, mas às vezes tem que observar se não haverá prejuízo, como no caso do sumário, em que o rol de testemunhas deve virna inicial. f) Custas e honorários de processo anterior (arts. 28 e 268 do CPC): - A inicial será distribuída e despachada, caso contrário estar-se-ia violando a Constituição Federal que prevê o acesso ao judiciário, mas será submetida ao juiz, que depois de verificada a situação indeferirá. g) Vícios de representação ( art. 13, I, do CPC ): - A capacidade da parte de estar em juízo deve estar presente desde o início da ação, sob pena de falta de pressuposto processual de desenvolvimento válido e regular. Sua ausência ensejará a suspensão do processo até regularização ( participação de representante legal) e posterior extinção se inocorrer. - A falta de capacidade postulatória, ou seja, sendo necessária a regularização dos poderes outorgados ao defensor, o juiz suspenderá o processo e concederá prazo para a regularização. Inocorrendo, extinguirá o processo. h) Falta de capacidade de ser parte: - Tem capacidade as pessoas físicas, as jurídicas e outras entidades às quais a lei processual outorgue essa capacidade. - A falta desse controle poderá acarretar uma sentença endereçada a ninguém. i) Pressupostos negativos do julgamento do mérito: - São aqueles que levam à extinção sem apreciação do mérito. - Embora o art. 295 do CPC arrole apenas a decadência e prescrição, os demais motivos de extinção como litispendência, coisa julgada, perempção, confusão, etc., também o são. - A ocorrência de qualquer deles enseja a extinção, que pode se dar desde o momento inicial. j) Prescrição e decadência: - São causas extintivas do processo com julgamento de mérito. - A prescrição só poderá ser conhecida pelo juiz quando alegada (CC, art. 194 e 219, § 5º do CPC), portanto quando do despacho da inicial o réu ainda não foi citado, seu reconhecimento é posterior. - A decadência é, na verdade, a única hipótese de indeferimento da inicial, apesar de falsa sentença de mérito. - Controle ulterior: - Muitas vezes o juiz recebe a petição inicial e determina o seu prosseguimento porque naquele momento não possuía elementos para determinar uma emenda ou até indeferi-la, embora devesse, na maioria das vezes, ouvir antes a outra parte, de modo a procurar aproveitar ao máximo os atos processuais. - Nada impede o controle posterior, quando pela denúncia do réu na contestação perceba-se a irregularidade, que ainda assim, pode ser suprida, sob pena de indeferimento. - Decisão, recursos e juízo de retratação. - A sentença de extinção comporta apelação. - Porém, se a prolação da sentença se deu sem a intervenção da outra parte, cabe o juízo de retratação (CPC, art. 296), que sendo admitido dará prosseguimento ao feito. Não sendo, fará o processo subir ao Tribunal, sem a exigência de citação do réu para responder ao recurso. - Se o indeferimento da inicial for pleiteado em preliminar de contestação, portanto já constituída a relação processual, cabe o apelo mas sem a possibilidade de retratação, porque o fundamento já será de ausência de pressuposto de constituição ou de desenvolvimento válido e regular do processo (CPC, 267, IV). - No caso de indeferimento parcial, teremos uma decisão interlocutória e não sentença, sendo cabível o recurso de agravo de instrumento. - Do recebimento da inicial, com a determinação de citação do réu, não cabe recurso. - Tutela antecipada: - Visa antecipar a pretensão do direito material. Concedido por meio de liminar fundada na análise sumária das alegações e documentos apresentados (CPC, art. 273). - Característica: provisoriedade porque dura até a sentença ou até a extinção do processo. Pode ser concedida na sentença. Havendo tutela antecipada o recurso será recebido sempre no efeito devolutivo (CPC, art. 520, VII). - Cabe concessão parcial. Recurso: antes da sentença cabe agravo, depois somente apelação. - Requisitos: inequívoca verossimilhança (prova pré-constituída) e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. - Cabe a aplicação dos arts. 461 e 461-A do CPC, com a fixação de multa pelo não-cumprimento. - Cabível o pleito nas ações de natureza condenatória, onde há obrigações de fazer, não-fazer, dar e entrega de coisa , além do pagamento de quantia. DIREITO PROCESSUAL CIVIL TEMA: PETIÇÃO INICIAL QUESTÕES 1. É possível o indeferimento parcial da petição inicial? Sendo possível, qual o recurso cabível para atacar a decisão? 2. Em quais situações se admite o indeferimento, de plano, da petição inicial? À luz dos princípios que informam o Direito Processual Moderno, qual a postura que se deve esperar do Poder Judiciário quanto ao aproveitamento da petição inicial, facultando-se ao autor o saneamento de eventuais defeitos? 3. Nas ações indenizatórias em que se pede a reparação de dano moral, o autor, na petição inicial, deverá formular pedido certo e determinado (com ênfase na sua liquidez)? Na hipótese, qual o valor correto a ser atribuído à causa? 4. É possível ao magistrado indeferir a petição inicial após contestada a demanda, diante, inclusive, de pedido expresso formulado pelo réu? Considerando-se, ainda, que se trata de hipótese justificadora do indeferimento da petição inicial (situação prevista no artigo 295, VI, do CPC, por exemplo), poderá o magistrado, antes de fazê-lo, facultar ao autor emendá-la, nos termos do artigo 284 do CPC, aproveitando-se, assim, o processo? Site: www.professoramorim.com.br DEFERIMENTO OU INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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